Processo Civil

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PROCESSO CIVIL

PROF. LEONARDO FETTER

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PROCESSO CIVIL
PROF. LEONARDO FETTER

SUMÁRIO
01. FUNÇÃO JURISDICIONAL .............................................................................................2
02. SUJETOS DO PROCESSO ........................................................................................... 13
03. ATOS PROCESSUAIS .................................................................................................. 22
04. AÇÃO DE CONHECIMENTO – PROCEDIMENTO COMUM .............................. 30
05. AÇÃO DE EXECUÇÃO ................................................................................................. 55
06. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ....................................................................................... 76

01. FUNÇÃO JURISDICIONAL

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Direito Processual Civil emerge, no mundo jurídico, com uma função
bem específica – regular as formas, meios e maneiras de o cidadão buscar seu
direito material perante o Poder Judiciário.
Aparece, então, como forma de igualdade (já que fixa as mesmas normas
para todos os cidadãos, indistintamente) e instrumental (instrumento para
busca do reconhecimento do direito material pretendido.
Dessa forma e com esse objetivo, existem alguns conceitos básicos que
devem ser entendidos e fixados.

JURISDIÇÃO:
Objetivamente, é o Poder-Dever do Estado de compor/solucionar litígios,
conflitos de interesse.

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Diante das regras inerentes ao Estado Democrático de Direito, necessário
identificar quem tem esse poder, essa responsabilidade (não se pode deixar que
os cidadãos, pelas próprias mãos, busquem soluções para seus conflitos).
Então, como forma de organização, esta função jurisdicional delegada
pelo Estado ao Poder Judiciário (e este Poder não pode transferir para ninguém
mais, é indelegável).
Se diz, então, que o Poder Judiciário é investido em jurisdição.

DICA OLHOS DE TIGRE


O exercício da jurisdição (este poder/dever de compor litígios) é inerte –
ou seja, para ser exercido existe a necessidade de provocação (o juiz não tem
autonomia para agir por conta própria, ou seja, de ofício, deve necessariamente
ser provocado pela parte interessada, conforme o artigo 2º do CPC).
É o chamado de princípio da ação ou da demanda, ou princípio da
iniciativa da parte.

Nesse sentido, surge um segundo conceito de suma importância:

AÇÃO:
O cidadão, para tirar o Poder Judiciário da sua inércia, para provocar tal
poder, tem uma fora específica – A Ação judicial.

Ou seja, a ação é a forma de provocar o Poder Judiciário, de tirá-lo da sua


inércia para que ele exerça o poder ao qual foi investido (a Jurisdição –
poder/dever de solucionar/compor litígios).
O chamado direito de Ação é abstrato (e não concreto), ou seja, para
entrar com uma ação o autor não precisa ter o direito material garantido
(perfeitamente possível, dessa forma, que uma ação seja julgada improcedente
– pensar diferente se chegaria no absurdo de dizer que o autor somente poderia

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entrar com a ação se fosse ganhar – ou seja, o direito de ação para ser exercido
deveria ser concreto).

DICA OLHOS DE TIGRE


O sistema processual brasileiro definiu dois tipos de ação: Ação de
Conhecimento e Ação de Execução.

Apenas essas, então, as ações possíveis de serem apresentadas com o


objetivo de busca a prestação jurisdicional.
Emerge, então, um terceiro conceito clássico e necessário:

RITO OU PROCEDIMENTO:
Frise-se, já de início, que rito ou procedimento são sinônimos.
E, de forma bem objetiva e simples, o rito/procedimento nada mais é do
que a forma (regras) estabelecida pela lei processual para o tramitar da ação
perante o Poder Judiciário.
Ou seja, a lei define a soma de atos processuais que deverão acontecer
entre o início (petição inicial) e o fim da ação (sentença).

CUIDADO CABEÇÃO! Basicamente, se tem a seguinte divisão quanto aos ritos


ou procedimentos: Rito ou Procedimento Comum e Ritos ou Procedimentos
Especiais.

E a forma de identificar o uso de um ou outro é relativamente singela – e


aqui uma

DICA OLHOS DE TIGRE


Identificado o pedido (a pretensão que a parte vai levar ao Poder
Judiciário), será possível identificar o rito pelo qual este pedido vai tramitar
perante o Poder Judiciário.
Mas qual a forma desta identificação?

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A mais singela será simplesmente verificar o índice do CPC – lá consta (a
partir do art. 539) o capítulo dos Procedimentos Especiais. Ou seja: todos os
pedidos que vão tramitar utilizando ou respeitando um rito/procedimento
especial devem ter previsão expressa no CPC (importante: ou em lei especial –
Exemplo: Lei de Alimentos prevê procedimento especial para o pedido de
alimentos).

E o Procedimento Comum?
O uso deste também é definido pelo pedido, mas de uma forma ainda
mais simples: para todos os pedidos que não tiverem previsão de uso do
procedimento especial, será utilizado o procedimento comum (simples assim).

Para encerrar estas considerações iniciais, vale fazer referência a um


último e indispensável conceito:

COMPETÊNCIA:
Todo o órgão do Poder Judiciário (juiz, desembargador, Ministro) tem
jurisdição.

2. COMPETÊNCIA
Apesar de todo o órgão do Poder Judiciário (juiz, desembargador,
Ministro) ter jurisdição, o exercício desta jurisdição é limitado pelas regras de
competência – as quais limitam tal exercício.
Competência é, então, o limite de atuação dos órgãos jurisdicionais.
Dentro de seu campo de atuação é outorgado ao juiz poder para decidir sobre
os conflitos.
A grande divisão diz respeito a competência ESTADUAL e FEDERAL.

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Diante disso, para fixar a competência federal basta verificar o art. 109 da
Constituição Federal – ali ficou definido quais seriam as circunstâncias que
acarretam a competência federal (da Justiça Federal).
Já a competência estadual (Justiça Estadual) é definida de forma residual
– o que não for de competência federal, será de competência estatual.

IMPORTANTE!
As regras de competência fixadas pelo CPC são territoriais, ou seja,
definem o lugar onde deverá ser proposta a ação.
A competência do JEC, JEF e JEFP é definida, também, pelo valor da causa
(no estado causas de valor até 40 Salários-Mínimos e nos juizados federais
causas de até 60 Salários-Mínimos).

A incompetência é dividida em ABSOLUTA e RELATIVA.


* Para todos verem: esquema abaixo.

ABSOLUTA

• pode ser reconhecida de ofício e em qualquer grau de jurisdição


(art. 64, parágrafo primeiro) - a competência absoluta trata dos
casos de interesses públicos.

RELATIVA

• não pode ser reconhecida de ofício (art. 337, parágrafo quinto e


Súmula 33 do STJ) e deve ser alegada em preliminar da
contestação (art. 337, II), sob pena de prorrogação (art. 65) - a
competência relativa disciplina os casos de interesses privados

O reconhecimento da Incompetência (tanto relativa quando absoluta)


gera a remessa dos autos para o juízo competente (e não sua extinção) – art. 64,
parágrafo terceiro.

IMPORTANTE! O reconhecimento da incompetência no JEC acarreta a extinção


do processo sem resolução do mérito (artigo 51, inciso III, da Lei 9.099/95),

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A modificação da competência poderá ocorrer apenas na competência
relativa, não sendo possível na competência absoluta. Está disciplinada nos
artigos 54 a 63 do CPC e tem as seguintes causas de modificação:
* Para todos verem: esquema abaixo.

CONEXÃO

• Está prevista no artigo 55 do CPC e determina que duas ou mais


ações podem se reunir para julgamento conjunto, quando o
pedido e a causa de pedir lhes forem comuns.
Busca evitar que ações iguais tenham julgamentos diferentes.

CONTINÊNCIA

• Está disciplinada no artigo 56 do CPC e determina que para


haver a modificação de competência é necessário que duas ou
mais ações tenham identidade quanto às partes e a causa de
pedir, e que o pedido de uma, por ser mais amplo, abranja o das
PREVENÇÃO
demais.
• Aqui também ocorre
Visa confirmar a reunião
e manter de duas ou
a competência demais
um ações, visando
juiz respectivo
evitar decisões divergentes. As regras aplicadas à
quando houver mais de um juízo competente para o julgamento conexão
aplicam-se
de uma mesmatambém a continência.
causa.
Conforme previsto no artigo 59 do CPC, o que torna o juízo
prevento é o registro ou a distribuição da petição inicial.

3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E PROCESSUAIS


3.1. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O direito ao processo é uma das garantias constitucionais, direito
fundamental previsto no artigo 5º, inciso XXXV, portanto, é um princípio
constitucional e processual.
O devido processo legal está relacionado com o outros princípios, como
contraditório, ampla defesa e duração razoável do processo. A finalidade do
devido processo legal é não permitir o abuso de direito, ou seja, prezar por um
processo justo e equânime.

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3.2. PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Trata-se de um princípio que visa dar tratamento igual às partes,
objetivando um processo justo e equilibrado. Encontra-se presente no artigo 5º,
caput, da Constituição Federal, bem como no artigo 7º do CPC:
Art. 7o . É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

3.3. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL OU DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ


O princípio do juiz natural determina que as partes têm direito a um
julgamento realizado por um juiz competente e imparcial (artigo 5º, LIII e XXXVII,
da CF).
O primeiro inciso dispõe que ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente, e o segundo, que não haverá juízo ou
tribunal de exceção.
Requisitos para caracterização do juiz natural: a) o julgamento deve ser
proferido por alguém investido de jurisdição; b) o órgão deve ser preexistente;
c) a causa deve ser submetida ao juiz competente, de acordo com as regras
postas pela CF e por lei.

3.4. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA


Objetivamente é o direito de reação - garante às partes a oportunidade
de se manifestar em todos os atos do processo, tratamento paritário para
dialogar com o juiz, sob pena de nulidade, não podendo, assim, o juiz julgar
qualquer ação sem que os litigantes tenham tido a oportunidade de se
defender.
Art. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o

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contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
→ Encontra amparo legal no artigo, art. 7º, 9º e 10, do CPC.

Importante, aqui, chamar a atenção para o fato que o juiz não pode
proferir nenhuma decisão sem antes ter ouvido todas as partes, é vedada a
decisão surpresa, nem mesmo quando se tratar de matéria que deva ser
decidida de ofício (arts. 9º e 10).

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Exceção: o art. 9º, parágrafo único, prevê as situações em que o juiz poderá
decidir sem ouvir a outra parte.

ATENÇÃO!
Cabe ao Poder Judiciário fazer com que o devido processo legal e o contraditório
sejam respeitados, na forma da parte final do art. 7º do Código de Processo Civil.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação
ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de
defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

Vale recordar, a respeito, a possibilidade de ampliação do Contraditório


prevista no art. 139 do CPC:
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, incumbindo-lhe:
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção
dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de
modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;

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3.5. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
Este princípio disciplina que todas as decisões judiciais devem
obrigatoriamente ser fundamentadas, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da
Constituição Federal e artigo 11 do CPC:
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade.
Art. 93. (...)
IX. todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação

DICA OLHOS DE TIGRE


O art. 489, parágrafo primeiro, prevê o que não poderá ser considerado
como fundamento de uma decisão judicial.

3.6. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL


De acordo com este princípio as partes do processo devem sempre se
comportar com boa-fé, lealdade e urbanidade, este princípio está intimamente
ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana, pois visa promovê-lo no
ordenamento jurídico, no julgamento da causa (artigo 5º do CPC).
A parte que agir com má-fé pode ser penalizada com multa. As práticas
consideradas má-fé estão previstas no art. 80 do CPC:
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé
como autor, réu ou interveniente.
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

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I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do
processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante
de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e
inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a
parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os
honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz
condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na
causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a
parte contrária.
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa
poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja
possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo
procedimento comum, nos próprios autos.

3.7. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO


O princípio da duração razoável do processo é também conhecido como
princípio da celeridade processual. Não há na lei uma predeterminação de
duração do processo, todavia não se pode tolerar a procrastinação injustificável
do Judiciário e seus serviços.
Está previsto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF (“a todos, no âmbito judicial
e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação”) e nos artigos 4º e 6º do CPC.

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3.8. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Este princípio não se encontra expresso na Constituição Federal, mas
diante de terem sido criados juízos e tribunais, cuja competência é julgar os
recursos contra as decisões de primeiro grau, automaticamente estabeleceu-se
o duplo grau de jurisdição, que busca reanalisar os atos judiciais que geram
inconformismo na parte e estão substanciados por falhas, ilegalidades, provas,
através do julgamento de um órgão superior.

3.9. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE


De acordo com o artigo 8º do CPC o juiz, ao aplicar as normas, deverá
atender os fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade,
a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

DICA OLHOS DE TIGRE


O exemplo clássico de aplicação dos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade emerge com a fixação do quantum (valor) devido na obrigação
alimentar.

3.10. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS


Está previsto nos artigos 5º, LX, 93, X, ambos da CF e artigos 11, caput, e 368
ambos do CPC, impõe que sejam públicos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário, justifica-se no fato de haver interesse público maior que somente das
partes, pois visa a garantia da paz e harmonia social.

IMPORTANTE! Recordar a exceção a este princípio: processos que tramitam


com segredo de justiça (art. 189).

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02. SUJETOS DO PROCESSO

1. ACESSO À JUSTIÇA
1.1. CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS
Foi definido, no art. 82 do CPC, que o autor, ao propor uma ação, deverá
fazer o adiantamento das custas processuais (ou seja, a parte autora deverá
fazer o recolhimento das custas para ter sua ação distribuída).
Objetivamente, o Estado cobra para prestar Jurisdição.

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- O conceito de custas está inserido no art. 84 do CPC;
- A sentença (ao final do processo – quando da sua extinção), condenará a
parte vencida ao pagamento (para a parte vencedora) das custas e despesas
que esta (parte vencedora) antecipou (art. 82, parágrafo segundo).

1.2. JUSTIÇA GRATUITA


O próprio art. 82 prevê que no caso de Justiça Gratuita restará a parte
isenta do pagamento de custas e despesas processuais.
Nesse sentido, o artigo 98 do CPC garante à pessoa natural ou jurídica,
tanto brasileira, quanto estrangeira, que tenha insuficiência de recursos para o
pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios,
o direito à justiça gratuita.
É concedido a qualquer das partes, podendo ser, inclusive, a um terceiro
que interveio no processo, desde que cumpra os requisitos impostos na lei.
O pedido ao benefício poderá ser feito em várias fases do processo, na
inicial, contestação, em recursos ou até mesmo na petição que traz um terceiro
ao processo.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na
petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de
terceiro no processo ou em recurso.

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§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na
instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos
autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.
§ 3o Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural.
§ 4o A assistência do requerente por advogado particular não
impede a concessão de gratuidade da justiça.
§ 5o Na hipótese do § 4o, o recurso que verse exclusivamente sobre
valor de honorários de sucumbência fixados em favor do
advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o
próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.
§ 6o O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo
a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e
deferimento expressos.
§ 7o Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o
recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do
preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o
requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do
recolhimento.

No caso da pessoa natural, basta a alegação de ser hipossuficiente, não


podendo o juiz indeferir o benefício sem que esteja evidenciado no processo o
contrário. Nesse caso, ainda, antes do indeferimento, a parte tem a
oportunidade de provar o contrário (art. 99, parágrafo segundo e terceiro).
Diferentemente é a situação da pessoa jurídica, que para fazer jus à justiça
gratuita deve provar ser financeiramente hipossuficiente.

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2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA
A parte vencida no processo é denominada de sucumbente – e deverá
arcar com os ônus desta derrota (da sucumbência).
Dentre os ônus está o pagamento das custas (art. 82, parágrafo segundo)
para a parte vencedora (como já referido anteriormente).
E, por segundo, será também a parte vencida condenada a pagar os
honorários advocatícios ao ADVOGADO da parte vencedora (conforme previsão
expressa do art. 85).
Tal condenação deverá ser fixada na forma estabelecida no art. 85,
parágrafo segundo do CPC.

3. PARTES, CAPACIDADE PROCESSUAL, DEVERES, LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ E


SUCESSÃO DE PARTES

3.1. DIREITOS DO ADVOGADO – ACESSO AOS AUTOS


O advogado pode ter vista de qualquer processo judicial em tramitação,
mesmo sem procuração, desde que não estejam sob a proteção do segredo de
justiça, caso em que é necessária procuração (art. 107, I).

IMPORTANTE! Este mesmo direito é assegurado aos processos eletrônicos,


conforme previsão do art. 107, parágrafo quinto.

Tem o advogado direito a carga (levar consigo) dos autos do processo em


tramitação, situação em que será necessário apresentar procuração (107, II e III)

DICA OLHOS DE TIGRE


Para que o advogado faça carga dos processos que estão arquivados, não é
necessária procuração (art. 7º, XVI da Lei 8.906/1994 – Estatuto da advocacia e
da OAB), salvo processos em segredo de justiça (art. 7º, parágrafo primeiro,
número um, da mesma lei antes citada).

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3.2. LITISCONSÓRCIO
O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas são partes em um
mesmo processo:
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo,
em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de
pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de
direito.
No caso de haver mais de um autor, o litisconsórcio será chamado de
ativo, havendo mais de um réu, litisconsórcio passivo, e se houver pluralidade
de autores e réus, será chamado de misto.
O litisconsórcio também pode ser obrigatório ou facultativo.
* Para todos verem: esquema abaixo.

Litisconsórcio necessário ou obrigatório

• decorre de expressa previsão legal, como no caso do artigo 73 do


CPC, que exige que ambos os cônjuges ou companheiros figurem
conjuntamente em ações que versem sobre direito real
imobiliário ou, ainda, devido à natureza da relação entre as partes.

Litisconsórcio facultativo

• deriva apenas da vontade da parte autora, que pode optar por


propor uma única ação contra todos os réus que tenham ligação
na demanda.

Ainda, o litisconsórcio poderá ser simples, quando a sentença não tiver


que ser igual para todos os litisconsortes, ou unitário, quando necessariamente
precisar ser igual para todos.

4. ATOS PROCESSUAIS DO JUIZ, SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO


O pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões
interlocutórias e despachos.

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De acordo com art. 203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz extingue a
ação e a execução, com ou sem resolução do mérito (artigos 487 e 485).
Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no
conceito de sentença (§ 2º).
E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo,
de ofício ou a requerimento da parte (§ 3º).

DICA OLHOS DE TIGRE


A extinção do processo vai sempre acontecer por sentença (art. 316).

4.1. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO


O magistrado, como órgão do Poder Judiciário, deve atuar com
imparcialidade.
No entanto, existem circunstâncias que acarretam a sua parcialidade, as
quais são definidas como suspeição e impedimento.
As causas que fundamentam o impedimento estão inseridas no art. 144 e
as de suspeição no art. 145.
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas
funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou
depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido
decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público,
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração
de pessoa jurídica parte no processo;
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VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de
qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual
tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de
prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia
de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo
que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus
advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na
causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar
alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar
meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de
seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta
até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer
das partes.

Os mesmos motivos de impedimento e suspeição vão ser aplicados ao


Ministério Público, auxiliares da justiça e demais sujeitos imparciais do processo
(quando a testemunha, impedimento e suspeição serão alegados através da
contradita).
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.

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§ 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze)
dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada
pelo regimento interno.
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de
impedimento ou de suspeição de testemunha.

Verificada a parcialidade do juiz, através dessas duas hipóteses, não será


declara extinção do processo – deverá o magistrado ser afastado do processo e
os autos encaminhados ao seu substituto legal (sendo que os atos decisórios
praticados até a substituição devem ser invalidados).
No prazo de 15 dias, a contar do conhecimento do fato, a parte deverá
alegar o impedimento ou suspeição, em petição específica, dirigida ao juiz do
processo, na qual deverá ser indicada o fundamento da recusa, podendo instrui-
la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas
(art. 146, CPC).
Se reconhecer o impedimento ou a suspeição, o juiz ordenará
imediatamente remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário (não
reconhecendo sua parcialidade), determinará a autuação em apartado e no
prazo de 15 dias deverá apresentar suas razões, acompanhadas de documentos
e de rol de testemunhas, se houver, ordenando remessa ao tribunal para que
julgue o incidente (§1º, art. 146, CPC).
O juiz poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem
necessidade de declarar suas razões (§1º, art. 145, CPC), protegendo a sua
intimidade.

5. INTERVENÇÃO DO MP NO PROCESSO CIVIL


A atuação do MP pode acontecer como parte ou como fiscal da ordem
jurídica.

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Sua atuação como fiscal da ordem jurídica será emitindo parecer/opinião
– e esta atuação se restringe aos casos definidos no art. 178. Nesses casos
definidos no art. 178, a intimação do MP será obrigatória (179, I), sendo que a falta
de intimação acarretará a nulidade do processo (art. 279)
5.1. NULIDADES DOS ATOS PROCESSUAIS
Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os
requisitos de validade e acarretar algum prejuízo.
Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo, ordenará que seja
corrigida, avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam
também devem ser reparados (artigo 282 do CPC).
A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele
dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes, conforme
disciplina o artigo 281 do CPC.
De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo
juiz, desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo
que tenha sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o
princípio da instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária
apenas para que o ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo
por outro meio não existirá o vício (exemplo: o réu é citado de forma incorreta,
mas comparece à audiência e se defende - o ato que inicialmente era nulo se
tornará válido).

DICA OLHOS DE TIGRE


Identificando que o ato processual, mesmo nulo, não trouxe PREJUÍZO e
alcançou a sua FINALIDADE, não será decretada sua nulidade.

20
6. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
A intervenção de terceiros pode se dar através das seguintes formas:
* Para todos verem: esquema abaixo.
Assistência
• Trata-se de uma intervenção voluntária, em que um terceiro
interessado no conteúdo da sentença intervém no processo a fim
de assistir e ajudar a parte com a qual tenha relação jurídica.

Denunciação da lide
• Aqui a intervenção é originada pela iniciativa de uma das partes,
que será chamado de denunciante, cujo objetivo é garantir o
direito de regresso no caso de improcedência do processo.

Somente acontece nos casos do art. 125 do CPC.


IMPORTANTE! Esse direito de regresso somente será julgado pelo juiz se
o denunciante perder a ação principal.

DICA OLHOS DE TIGRE


Se a denunciação não for feita, ou for indeferida (ou não for permitida), o
direito de regresso pode ser buscado em ação autônoma – art. 124, parágrafo
primeiro.

A) Chamamento ao processo:
Ocorre quando o réu chama a integrar o polo passivo da demanda
(apenas em processos de conhecimento) os demais devedores da mesma
dívida, configurando o litisconsórcio passivo.
B) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica:
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica vem regulado
nos art. 133 a 137 do Código de Processo Civil.
Sua finalidade é a responsabilização das pessoas físicas, sócias de
empresas, pelos atos da pessoa jurídica.

21
Os requisitos para as relações civis são: Abuso de poder, confusão
patrimonial ou desvio de finalidade, conforme art. 50 do Código Civil, bem como
aqueles inseridos no Código de Defesa ao Consumidor (art. 28).
C) Amicus Curie:
O amicus Curie está previsto no art. 138 do Código de Processo Civil e sua
finalidade é auxiliar na formação de convencimento do juiz.
Para que seja admitido o Amicus Curie, deverá ser observada a relevância
da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda e a repercussão social
da controvérsia.

03. ATOS PROCESSUAIS


1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O processo consiste em uma sucessão de atos.
Atos processuais são os atos humanos realizados no processo, os quais
devem ser praticados em conformidade com o que determina a lei. Podem ser
orais ou por escrito, todavia, sempre que forem orais, serão reduzidos a termo
pelo escrivão, para sua documentação nos autos.
Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão
públicos, salvo aqueles cuja ação tramitar em segredo de justiça:
Art. 189 (...)
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças
e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional
à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento
de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na
arbitragem seja comprovada perante o juízo.

É possível a prática de atos processuais também por meio eletrônico.

22
2. TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS
Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas,
conforme o artigo 212 do CPC.
Para efeito processual, além dos declarados em lei, também se
consideram como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja
expediente nos órgãos jurisdicionais (artigo 216 do CPC).
Ou seja, são dias úteis aqueles que não forem considerados feriado.

3. PRAZOS DOS ATOS PROCESSUAIS


Os prazos, no direito processual civil, serão contados apenas em dias úteis
(art. 219).
Para contagem dos prazos, como regra, será identificado o dia do começo
(art. 231), excluindo-se tal dia conforme o art. 224 (exclui-se o dia do começo e
inclui-se o do final).

DICA OLHOS DE TIGRE


Na contagem de prazos quando a intimação acontecer via publicação no Diário
da Justiça Eletrônico, serão levados em consideração os parágrafos segundo e
terceiro do art. 224.

IMPORTANTE!
• Ocorrendo uma causa interruptiva de prazo, terminada a interrupção, o
prazo reiniciará na sua integralidade (terminada a causa interruptiva a parte
tem todo o prazo de volta).
• Emergindo uma causa suspensiva, encerrada a mesma, a parte terá apenas
o que restou (o saldo) do prazo.

São causas que geram a modificação do prazo – contagem em dobro –


aquelas previstas no art. 180 (MP), art. 186 (Fazenda Pública), art. 186 (Defensoria

23
Pública) e art. 186, parágrafo terceiro (escritórios de prática jurídica das
faculdades de direito).
Também incidirá o prazo em dobro no caso do art.229 (litisconsórcio com
diferentes procuradores de escritórios distintos) – IMPORTANTE: segundo o
parágrafo segundo do 229, tal dispositivo não se aplica aos processos em autos
eletrônicos.
4. PARTES
Para as partes, a consequência da não observância dos prazos processuais
é a preclusão temporal, ou seja, a perda do direito de manifestação:
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de
emendar o ato processual, independentemente de declaração
judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o
realizou por justa causa.

Trata-se de um mecanismo que gera a perda da faculdade processual, ou


seja, a parte não poderá mais praticar determinado ato processual, podendo ser
gerada por não ter sido exercida no tempo devido (preclusão temporal)
* Para todos verem: esquema abaixo.

Preclusão lógica

• A parte deixa de ter a possibilidade de praticar algum ato, diante


de já ter realizado ato anterior incompatível com o mesmo.
Exemplo: Artigo 1.000 do CPC.

Preclusão consumativa

• Trata-se da impossibilidade da parte refazer ou aperfeiçoar algum


ato já realizado. Por exemplo: a reconvenção deverá ser
apresentada junto com a contestação, nem antes, nem depois,
junto.

O magistrado também deverá obedecer a prazos processuais, na forma


do art. 226 do CPC:
Art. 226. O juiz proferirá:
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;

24
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria


Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao
Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
injustificadamente exceder os prazos previstos em lei,
regulamento ou regimento interno.
§ 1º Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido
previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será
instaurado procedimento para apuração da responsabilidade,
com intimação do representado por meio eletrônico para,
querendo, apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48
(quarenta e oito) horas após a apresentação ou não da justificativa
de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou o
relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação
do representado por meio eletrônico para que, em 10 (dez) dias,
pratique o ato.
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal
do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão em
10 (dez) dias.

IMPORTANTE! Contra o magistrado não existe preclusão temporal.

4.1. POSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO NO PROCEDIMENTO


Conforme previsão do art. 190, as partes podem estipular, de comum
acordo, mudanças no procedimento:
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da

25
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a
validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes
aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva
em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade.

E, nesse sentido, poderão inclusive criar um calendário processual próprio


(art. 191, CPC).

IMPORTANTE!
O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente
serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados (§1º, art. 191,
CPC).

Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a


realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário (§2º,
art. 191, CPC).

5. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS


5.1. CITAÇÃO
Formas de citação:
Art. 246. A citação será feita:
I – pelo correio;
II – por oficial de justiça;
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer
em cartório;
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.

Segundo o artigo 247, a citação não poderá ser por correio quando:

26
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o;
II - quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega
domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

A chamada citação por hora certa, nada mais é do que após duas
tentativas de citação pelo oficial de justiça, poderá o réu ser citado por hora
certa, desde que seja suspeito de ocultação (art. 252)

CUIDADO! O oficial que vai duas vezes na casa do réu e ele não se encontra
porque está trabalhando, não dá motivos para fazer a citação por hora certa.

A citação por edital ocorrerá nos casos do art. 256.

IMPORTANTE! Para que a parte seja considerada em local incerto e não sabido
são necessárias as diligências do art. 256, parágrafo terceiro.

O Edital será publicado em plataformas digitais, no site do Tribunal de


Justiça (se em âmbito estadual) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), sendo
FACULTATIVA a publicação em jornal local.
Os efeitos da citação estão elencados no artigo 240 do CPC:
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e
constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que
ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente,
retroagirá à data de propositura da ação.
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as
providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não
se aplicar o disposto no § 1o.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário.

27
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à decadência
e aos demais prazos extintivos previstos em lei.

Em se tratando de pessoa jurídica a citação poderá ser do gerente ou até


mesmo do empregado responsável pelo recebimento de correspondência, de
acordo com o §2º, do artigo 248 da CPC.

IMPORTANTE!
O CPC prevê que o comparecimento espontâneo do réu supre a nulidade
da citação:
Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do
réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre
a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo
para apresentação de contestação ou de embargos à execução.

De acordo com o artigo 244 e 245, não poderão ser citados, salvo para
evitar perecimento do direito:
Art. 244.
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em
segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;
IV - de doente, enquanto grave o seu estado.
Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é
mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la.

5.2. INTIMAÇÃO
Forma de dar ciência as partes sobre atos e termos do processo – art. 269

28
Intimação direta – feita pelo advogado de uma das partes para o
advogado da parte adversa, na forma do 269, parágrafo primeiro e segundo.

5.3. CARTAS
Segundo o art. 67, são formas de cooperação entre órgãos jurisdicionais.
O art. 69, parágrafo segundo, elenca alguns atos processuais que poderão
ser produzidos via Cartas.
Os tipos de cartas existentes estão definidos no art. 237: ordem, rogatória,
precatória e arbitral.

IMPORTANTE!
Há dois tipos de carta rogatória: a carta rogatória ativa, que é expedida no
Brasil (no juiz deprecante) e encaminhada para outro país para ser cumprida
pelo juiz deprecado e; a carta rogatória passiva, quando algum país estrangeiro
expede carta rogatória para oitiva de alguma testemunha no Brasil.

Nesses casos compete ao STJ autorizar o cumprimento da carta rogatória


passiva, chamado exequatur (art. 105, I, “i” da CF), mas cuidado, o STJ apenas vai
autorizar a execução da carta rogatória, pois quem vai de fato executar, escutar
a testemunha ou parte, será o juiz federal (art. 109, X da CF).

6. TUTELAS PROVISÓRIAS
As tutelas provisórias são divididas em Evidência e Urgência.
A tutela provisória de evidência somente poderá ser pedida (e
concedida/deferida) nos casos do art. 311 – e sua análise será incidental.
Por outro lado, a tutela de urgência exige, para sua concessão, a presença
dos requisitos do art. 300 (podendo ser requerida e analisada de forma incidente
ou antecedente).
A Tutela de Urgência ainda se subdivide em Antecipada (garantir direitos
materiais) e Cautelar (garantir direitos processuais).

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Especificamente as tutelas de urgência poderão ser requeridas de forma
antecedente – a antecipada antecedente está regulada nos arts. 303 e 304,
enquanto a cautelar antecedente tem sua regulação no art. 305 e seguintes.

DICA OLHOS DE TIGRE


O instituto da Estabilização da Tutela somente será aplicável nos pedidos de
Tutela Provisória de Urgência Antecipada Antecedente (art. 304).

04. AÇÃO DE CONHECIMENTO – PROCEDIMENTO COMUM


1. PETIÇÃO INICIAL
O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa
da parte - a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo
civil, independente do rito.
Tal peça – petição inicial - deve obedecer aos requisitos dos artigos 319 e
320 do CPC.
Importante ressaltar, a respeito:
A petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que lhe seja
designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como, deverá
juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo
(art. 105, §2º).
A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão,
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art.
287, I c/c art. 104).

IMPORTANTE! Se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá


ser indicado a pessoa que o representa ou assiste.

DICA OLHOS DE TIGRE


Toda petição inicial deverá ter, obrigatoriamente, valor da causa. O valor
da causa, como regra, corresponde ao valor do pedido (ou dos pedidos, caso
ocorra a cumulação) – art. 292 do CPC.

30
1.1. EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL
Se a petição inicial estiver irregular, por faltar algum dos requisitos dos
arts. 319/320, ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, o juiz determinará que o autor emende ou a complete,
no prazo de 15 dias (informando, com precisão, o que deve ser corrigido ou
completado - artigo 321, do CPC).
Não cumprida tal diligência, a petição inicial será indeferida (art. 321,
parágrafo único, do CPC) – restando a ação extinta sem resolução do mérito, na
forma do art. 485, I.

1.2. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL


As hipóteses de indeferimento são aquelas previstas no art. 330, CPC.
Identificada pelo magistrado alguma das situações do art. 330, deverá intimar o
autor para emendar/completar a inicial (art. 321, combinado com o art. 317).
A decisão que indefere a inicial, por gerar a extinção sem resolução do
mérito, é uma sentença (recorrível via apelação).
No caso de apelação, segundo o artigo 331, do CPC, o juiz poderá retratar-
se de sua decisão de indeferimento, no prazo de 05 dias, se não se retratar, o réu
será citado para responder ao recurso.

1.3. IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO


Quando o juiz verificar que a inicial preenche os requisitos, determinará a
citação do réu para que possa ser integrado ao processo, mas se verificar uma
das hipóteses do artigo 332, do CPC, estará autorizado a proferir decisão liminar
de total improcedência, sentença com resolução do mérito (art. 487, I).
Para que não viole o princípio da ampla defesa e do contraditório, o juiz
deverá ouvir o autor.
No entanto, não é necessária a oitiva do réu pois as causas de
improcedência liminar não prejudicam o réu, apenas ao autor, ademais, essa
decisão liminar ocorre antes da citação do réu.

31
DICA OLHOS DE TIGRE
Também pode configurar causa/fundamento para a improcedência
liminar dos pedidos a identificação de prescrição ou decadência (art. 332,
parágrafo primeiro) – neste caso, haverá extinção com resolução de mérito
conforme o art. 487, II.

Assim como no indeferimento, a improcedência liminar gera a extinção


(mas com mérito) – dessa forma, tal decisão será classificada como sentença
(art. 316), restando a apelação como recurso adequado (art. 1009).
Vale recordar, ainda, que interposta a apelação o juiz poderá retratar-se
no prazo de cinco dias, se houve a retratação o juiz irá determinar o
prosseguimento do processo, com a citação do réu, contudo se não houver
retratação, determinará que o réu apresente contrarrazões, no prazo de 15 dias.

2. AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU CONCILIAÇÃO – ART. 334


De acordo com o artigo 334 do CPC, o juiz ao receber a petição e não for
caso de improcedência liminar ou indeferimento, deverá designar a audiência
de conciliação ou mediação com antecedência mínima de 30 dias, sendo que o
réu terá que ser citado, pelo menos 20 dias antes da audiência,
Lembrando que, para não ocorrer a audiência ambas as partes deverão
demonstrar desinteresse (o autor deve afirmar na petição inicial e o réu até 10
dias antes da audiência, por simples petição) – art. 334, parágrafo quarto, I.
A audiência também não será realizada se o juiz, ao receber a inicial,
entender que não é o caso de autocomposição – situação em que mandará
citar o réu para contestar.
Ocorrendo a audiência, o comparecimento das partes é obrigatório, sob
pena de ato atentatório contra à dignidade da justiça e sob pena de multa de
2% da vantagem econômica pretendia ou do valor da causa (art. 334, §8º).
As partes devem comparecer e estarem acompanhadas de seus
respectivos advogados ou defensores públicos (art. 334, parágrafo 9º)
32
Contudo, se a parte não puder comparecer, poderá ser representada por
seu advogado, desde que tenha procuração com poderes específicos (art. 334,
§10).
3. CONTESTAÇÃO
Forma processual do réu/demandado apresentar sua defesa. Deverá ser
protocolada no prazo de 15 dias, obedecido o art. 335:
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo
de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última
sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer
a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a
citação, nos demais casos.
§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art.
334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos
réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de
cancelamento da audiência.
§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo
litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu
ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de
intimação da decisão que homologar a desistência.
Em resumo, o prazo para contestação será contado:
• Da audiência (se ocorrer audiência);
• Da citação, se o réu for citado para contestar;
• Da juntada do último comprovante citatório se vários forem os réus e
todos forem citados para contestar;
• Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência do art. 334, caso
ela não ocorra por vontade das partes (sendo que, neste caso, ocorrendo

33
litisconsórcio no polo passivo, o prazo será independente para casa réu, a
partir do respectivo protocolo).

3.1. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE OU DA CONCENTRAÇÃO DE DEFESA


Ao contrário do que ocorrer na petição inicial, a Contestação não possuí
requisitos a serem preenchidos obrigatoriamente.
Cabe ao réu alegar na contestação toda matéria de defesa, de forma
específica, expondo as razões de fato e de direito para impugnar o pedido do
autor (art. 336, do CPC).

3.2. ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA


O Réu não pode apresentar, como regra, contestação genérica, devendo
enfrentar de forma específica tudo aquilo que foi alegado pelo autor, na petição
inicial.
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente
sobre as alegações de fato constantes da petição inicial,
presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que
a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos
não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador
especial (BRASIL, 2015).

E, aqui, fato não contestado será considerado presumidamente


verdadeiro.
Excepcionalmente, conforme previsão do art. 341, parágrafo único, será
autorizada e permitida a contestação genérica.

34
O réu pode então, na contestação, apresentar sua defesa processual (as
denominadas Preliminares, previstas no art. 337) e de mérito (rebatendo de
forma específica os fatos – art. 341 – e os pedidos, art. 336).
Quanto as preliminares, vale recordar algumas situações específicas:
* Para todos verem: esquema abaixo.

Incorreção do valor da causa

• A não impugnação pelo réu, gera a preclusão, isto é, de acordo


com o artigo 293, do CPC, não haverá outro momento para
impugnar o valor da causa.

Ausência de legitimidade ou de interesse processual, artigo


337, inciso XI, do CPC

• Neste caso será permitido ao autor, segundo o art. 338, concordar


com a alegação de ilegitimidade do réu, aceitando a sua exclusão
e redirecionando a ação contra o demandado correto.

Indevida concessão do benefício da gratuidade de justiça,


artigo 337, inciso XIII, do CPC

• Se a gratuidade da justiça for concedida após a petição inicial, o


pedido de revogação será formulado por petição simples, no prazo
de quinze dias (art. 100, caput, CPC).

4. RECONVENÇÃO
Além da contestação, o réu poderá se valer da reconvenção para contra-
atacar o autor, isto é, através da reconvenção o réu poderá formular pretensões,
assim como fez o autor na petição inicial.
Segundo a expressa previsão do art. 343, deverá a reconvenção ser
apresentada na Contestação (entenda-se que não será em peça separada e no
prazo da contestação)
A desistência da ação ou a ocorrência de alguma causa extintiva que
impeça o exame do mérito da petição inicial, não prejudicará o prosseguimento
do processo quanto à reconvenção (§2º, do artigo 343).
35
IMPORTANTE! São devidos honorários na reconvenção.

DICA OLHOS DE TIGRE


Contestação não tem valor da causa, mas reconvenção tem (art. 292).

5. REVELIA
A revelia é configurada pela inércia do réu, que deixa de apresentar defesa
em relação aos fatos narrados na inicial – objetivamente, ocorrerá a revelia
quando o réu não apresentar contestação.
A revelia do réu acarreta na presunção de veracidade dos fatos narrados
na petição inicial (art. 344, segunda parte do CPC) – os chamados efeitos da
revelia; e a desnecessidade de sua intimação para os demais atos do processo
caso não tenha constituído procurador nos autos,
Importante recordar que os do art. 345 são hipóteses que afastam a
aplicação dos efeitos da revelia (o réu permanece revel, mas contra ele não se
aplicam os efeitos, ou seja, a presunção de veracidade dos fatos):
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que
a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante
dos autos.

DICA OLHOS DE TIGRE


O art. 349 permitiu, de forma expressa, que o réu, mesmo sendo revel, possa
produzir prova no processo.

6. JULGAMENTO ANTECIPADO
Se já foram cumpridas as providências preliminares, o juiz procederá ao
julgamento conforme estado do processo, momento em que deverá analisar o

36
destino da relação processual, assim, ocorrendo qualquer hipótese prevista nos
artigos 485 e 487, inciso II e III, o juiz proferirá sentença, conforme artigo 354, do
Código de Processo Civil.

IMPORTANTE! Essa decisão poderá ser apenas uma parcela do processo, caso
em que será impugnável por agravo de instrumento, conforme parágrafo único,
do artigo 354, do CPC.

6.1. JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO - TOTAL


Reconhecendo o magistrado a desnecessidade de produção de mais
provas em audiência de instrução e julgamento (provas orais, periciais e
inspeção judicial), estará autorizado a proferir sentença com resolução de
mérito, segundo artigo 355, do Código de Processo Civil:
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo
sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349.
Essa decisão extinguirá o processo com resolução do mérito, na forma do
487, I do CPC – e será recorrível via apelação (pois é uma sentença – art. 1009 do
CPC).

6.2. JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO


O CPC também contempla a possibilidade de serem proferidas decisões
parciais de mérito, ou seja e objetivamente: alguns pedidos serem terem o
mérito julgado e o processo prosseguir quanto aos demais (produzindo, quanto
a esses, a instrução):
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou
mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos
do art. 355.

37
Da decisão de julgamento antecipado parcial do mérito cabe agravo de
instrumento, como instrumento correto para impugnação, segundo o §5º, do
artigo 356, do Código de Processo Civil.

7. DECISÃO DE ORGANIZAÇÃO E SANEAMENTO DO PROCESSO


Passada a fase de providências preliminar e não sendo o caso de
julgamento antecipado do mérito, o juiz proferirá decisão de organização e
saneamento do processo, conforme art. 357 do CPC:
I – Resolvendo e julgando as questões processuais pendentes;
II – Fixando os fatos controvertidos (os quais serão objeto de
produção probatória);
III – Estabelecendo o ônus (obrigação) de produzir a prova
(respeitado o art. 373);
IV – Definindo os meios de prova;
V – Identificando as questões de direito relevantes (até em
respeito ao art. 10);
VI – Aprazando audiência de instrução e julgamento, caso
necessário.

Havendo necessidade de produção de prova testemunhal, o juiz fixará o


prazo não superior a quinze dias para que as partes apresentem o rol de
testemunhas (parágrafo quarto) - até dez, sendo no máximo três para cada fato,
conforme art. 357, §6º, do CPC – podendo o juiz delimitar o número de
testemunhas levando em conta a complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados.

IMPORTANTE! Pode o juiz, se entender necessário, marcar uma audiência de


saneamento em cooperação, prevista no parágrafo terceiro do art. 357 – com o
objetivo de tomar as decisão referentes ao saneamento nesta audiência.

38
DICA OLHOS DE TIGRE
Caso seja marcada a audiência do art. 357, parágrafo terceiro, o prazo para
arrolar testemunhas muda, devendo o rol de testemunhas ser apresentado na
audiência de saneamento (art. 357, parágrafo quinto).

8. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
A audiência de instrução serve, basicamente, para produzir prova oral –
art. 361 (podendo, ainda, neste ato, serem esclarecidas questões de perícia,
produzir debates orais e decidir a causa)
A audiência é pública, ressalvada algumas exceções legais (art. 368 e 189,
CPC):
Segundo os incisos do art. 361, acontecerá nesta audiência a ouvida do
perito e assistentes técnicos (se existente a prova pericial), os depoimentos
pessoais do autor e do réu (ouvida das partes) e a inquirição de testemunhas.
A possibilidade de adiamento de tal audiência está prevista no artigo 362,
nas hipóteses de:
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
I - Por convenção das partes;
II - Se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer
pessoa que dela deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30
(trinta) minutos do horário marcado.

IMPORTANTE! O Juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela


parte cujo advogado ou defensor público não tenha comparecido e nem tenha
justificado, aplicando a mesma regra ao Ministério Público (§2º, art., 362, CPC).

Finda a instrução, o juiz passará a palavra para o advogado do autor, logo


depois, ao advogado do réu, bem como, ao membro do Ministério Público, se

39
for o caso de sua intervenção. Cada um terá o prazo de vinte minutos, prazo que
poderá ser prorrogado por mais dez minutos, se o juiz achar necessário (art. 364,
CPC).
Quando a causa apresentar complexidade em fatos ou de direito, o
debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas (antigamente
classificados como memoriais), que serão apresentados pelo autor e pelo réu,
bem como, pelo Ministério Público se for o caso de intervenção, em prazos
sucessivos de 15 dias para cada, sendo assegurada vista aos autos (§2º, 364, CPC).
Encerrados os debates orais ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá
sentença em audiência, ou no prazo de 30 dias (art. 366, CPC).

9. TEORIA GERAL DA PROVA


9.1. CONCEITO DE PROVA
A prova é um instrumento ou meio hábil para demonstrar a existência de
um fato (o objeto da prova serão, então, os fatos controvertidos, aqueles que
tem mais de uma versão nos autos).
Os meios legais de prova legais e “moralmente legítimos” (art. 369). São
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, segundo o inciso
LVI, do artigo 5º da Constituição Federal.

Não depende de prova, de acordo com o artigo 374, os fatos:


• Notórios: de conhecimento geral, como datas históricas;
• Afirmados por uma parte e confessados pela outra parte: quando a parte
confirma as alegações da parte contrária;
• Admitidos no processo como incontroversos;
• Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

40
Cabe ao juiz apreciar a prova constante nos autos, independentemente
de quem a tiver promovido e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento (art. 371, CPC).
A quem cabe o requerimento de produção de provas?
As partes, em regra, têm o dever de requer a produção das provas e cabe
ao poder judiciário deferir ou não.
O juiz não pode substituir a vontade de uma das partes determinando a
produção de alguma prova que a parte não produziu ou nem mesmo citou,
exceto quando se tratar de direito indisponível, ocasião em que poderá solicitar
de ofício a produção de provas, tratando-se de uma exceção.

9.2. ÔNUS DA PROVA


Caberá o ônus da prova ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu
direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, essa é a regra geral (art. 373, CPC).
O art. 373, parágrafo primeiro do CPC autoriza o julgador, mediante
decisão fundamentada, a inverter o ônus da prova – é a chamada distribuição
diversa do ônus da prova (ou distribuição dinâmica).
Essa alteração ou inversão do ônus da prova também poderá ser feita,
acertada entre as partes, conforme prevê os parágrafos terceiro e quarto do art.
373.

9.3. PROVA EMPRESTADA


Em nome do princípio da economia processual e da celeridade, o juiz
poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-
lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório (art. 372).

9.4. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS


A prova pode ser antecipada (art. 381, CPC):

41
• Quando exista fundado receio de impossibilidade ou dificuldade de
verificação de certos fatos;
• Com o objetivo de alcançar provas que motivem as partes para
autocomposição;
• Identificar fatos que possam justificar ou evitar o ajuizamento de uma ação.

9.5. PROVA EM ESPÉCIE


9.5.1. Ata notarial
A ata notarial é um documento lavrado pelo tabelião de notas
exclusivamente, Ela tem a finalidade de atestar a existência ou o estado de
coisas.
Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser
atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som
gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.

9.5.2. Depoimento pessoal


Depoimento das partes – autor e réu. Cabe à parte adversa requerer o
depoimento pessoal da outra parte (artigo 385, do CPC).

IMPORTANTE! Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento


pessoal não comparecer, ou se comparecer, recursar-se a depor, aplicar-se-á
pena de confissão (Art. 385, §1º, CPC), desde que advertida da pena de confesso
no ato da intimação (que deve ser pessoal).

Em caso de pessoa jurídica, o depoimento poderá ser prestado por seus


representantes legais ou prepostos indicados pelo contrato social, desde que
tenham poderes para isso e, obviamente, tenham conhecimento dos fatos.

42
As partes serão ouvidas em separado, sendo vedado quem ainda não
depôs, assistir ao interrogatório da outra parte (Art. 385, §2º, CPC).
Somente não será obrigada a prestar depoimento pessoal nas hipóteses
elencadas no artigo 388, do CPC (ou seja, nestes casos a negativa de prestar
depoimento ou de responder as perguntas não acarreterá a pena de confissão):
Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
I - Criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
II - A cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de
seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau
sucessível;
IV - Que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas
referidas no inciso III.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de estado
e de família.
9.5.3. Confissão
Segundo o artigo 389 do Código de Processo Civil, há confissão quando a
parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu próprio interesse e
favorável aos interesses do adversário.

A) Eficácia da confissão por representante (art. 392, §2º, CPC e 213, parágrafo
único, CC): é possível a confissão espontânea feita pelo representante legal,
contudo, quem confessa é o representado, o representante é quem apresentará
a confissão espontânea ao magistrado, ou seja, ele é mero condutor da vontade
declarada pelo real confitente.
B) Para isso serão necessários poderes especiais (Art. 390, §1º, e 105, do CPC).
A confissão, uma vez feita, é irrevogável, salvo se for provado que ela acontece
em decorrência de erro de fato ou coação (art. 393, caput) – nesse caso poderá
ser anulada.

43
9.5.4. Exibição de documento ou coisa:
O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se
encontre em seu poder, sempre que o exame desses bens seja útil ou necessário
para a instrução processual (art. 396, CPC).

Quando o juiz não admitirá a recusa da exibição por parte do demandado?


Conforme artigo 399, o juiz não admitirá a recusa se:
I - O requerido tiver obrigação legal de exibir: obrigação prevista
em lei, como por exemplo, a exibição de livros mercantis (art. 1190
e 1191, do CC).
II - O requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no
processo, com o intuito de constituir prova: o requerido afirmou
durante o processo a existência de tal documento ou coisa.
III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes: como o
recibo, seu conteúdo é comum às partes que litigam sobre
determinado negócio jurídico.
Se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer nenhuma declaração no
prazo de cinco dias, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que a parte
contrária pretendia demonstrar pelo documento ou coisa a ser exibida (art. 400,
I, CPC). Ou, ainda, se a recusa de exibição for ilegítima (art. 400, II, CPC).

9.5.5. Prova documental: conceito e força probante


Documento podem ser públicos ou particulares: desenhos, fotografias, as
gravações sonoras, filmes cinematográficos, etc.

44
* Para todos verem: esquema abaixo.

DOCUMENTOS DOCUMENTOS
PÚBLICOS PARTICULARES

O documento público faz


prova não só da sua
Documentos particulares
formação, mas também dos
são, por óbvio, aqueles que
fatos que o escrivão, o chefe
não ocorrem por
de secretaria, o tabelião ou o
interferência de órgão
servidor declararem que
público em sua elaboração.
ocorreram em sua presença
(Art. 405, CPC).

Segundo o artigo 411, do CPC, os documentos particulares serão


considerados autênticos quando:
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de
certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei;
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzido
o documento.

O documento particular de cuja autenticidade não se dúvida prova que o


seu autor fez a declaração que lhe é atribuída (art. 411, CPC).
O valor do documento particular cessa quando (Art. 428, CPC):
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar
sua veracidade;
II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por
preenchimento abusivo.

45
→ Produção da prova documental
Incumbe à parte instituir a petição inicial ou a contestação com os
documentos destinados a provar suas alegações (art. 434, CPC), cabendo a
parte diversa manifestar-se aos documentos anexados.
Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos,
o juiz ouvirá a outra parte, no prazo de quinze dias, podendo esse prazo ser
dilatado, levando-se em consideração a complexidade da documentação (Art.
437, CPC).

9.5.6. Prova testemunhal: conceito e admissibilidade


A prova testemunhal é um dos meios mais utilizados no processo civil,
consiste na inquirição em audiência de pessoas que não sejam as próprias
partes, que tenham presenciado ou possam contribuir sobre os fatos relevantes
no julgamento.
A prova testemunhal, em regra, será sempre admissível; somente será
indeferida somente quando (Art. 442 e 443, CPC):
I – Se o fato já foi provado por documento ou confissão da parte:
quando o documento é autêntico e não houve impugnação à sua
veracidade, por exemplo.
II – Se o fato só pode ser provado por documento ou perícia.

→ Direitos e deveres da testemunha


Qualquer pessoa poderá depor como testemunhas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas (art. 447).
A pessoa que depõem na condição de testemunha assumirá e prestará o
compromisso de dizer a verdade.
Quando necessário a oitiva de testemunhas impedidas, menores ou
suspeitas (§4º, 447, CPC), os depoimentos destes serão prestados
independentemente de compromisso de dizer a verdade (ou seja, como
informantes) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer (§5º, 447, CPC).

46
→ Produção da prova testemunhal
O momento adequado para requerer a prova testemunhal é a petição
inicial (para o autor), na contestação (para o réu), ou, então, na fase de
especificação da prova, durante as providencias preliminares (fase de
saneamento).
Será na decisão de saneamento que o juiz irá determinar quais provas
serão deferidas, quais testemunhas serão ouvidas, sendo designada audiência
de instrução para sua oitiva.
Cada parte poderá arrolar até 10 testemunhas, 3 para cada fato, podendo
o juiz dispensar as que considerar impertinentes (art. 357, §6º, CPC).

→ Contradita
Tem direito a parte de, caso a testemunha seja impedida, suspeita ou
incapaz de contraditá-la – ou seja, demonstrar que o depoente não pode prestar
depoimento sob o juramento (compromisso de dizer a verdade).
A contradita aceita pelo juiz não impede o depoimento, apenas retira do
depoente a condição de testemunha, passando para informante (o qual
depõem sem o compromisso de dizer a verdade.

→ Intimação da Testemunha
Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele
arrolada, dispensando, assim, a intimação pelo juiz (art. 455, caput, CPC).
A intimação deve ser realizada por carta com aviso de recebimento (AR),
devendo o advogado juntar aos autos, com antecedência de 3 dias da data da
audiência, cópia do AR e do comprovante de recebimento pela testemunha
(Art. 455, §1º, CPC).
Conforme §4º, do artigo 455, a intimação só será feita pela via judicial
quando:
I - For frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;
II - Sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao
juiz;

47
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar,
hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao
comando do corpo em que servir;
IV - A testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou
pela Defensoria Pública;
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
A testemunha que, intimada por AR ou pela via judicial, deixar de
comparecer sem motivo justificado será conduzida e responderá pelas
despesas do adiamento (§5º, Art. 455, CPC).

IMPORTANTE! Quando arrolados como testemunhas as pessoas (autoridades)


elencadas no art. 454, elas terão o direito de prestar o depoimento no seu
domicílio ou local de trabalho.

9.5.7. Prova pericial


A prova pericial é o meio utilizado quando a apuração dos fatos exige
estudos técnicos, conhecimento de profissionais especializados em
determinadas áreas. Nestes casos são nomeados peritos, que realizam exame,
vistoria ou avaliação.
Quando a prova não for complexa, poderá o juiz de ofício ou a
requerimento das partes substituir a perícia por prova técnica simplificada, que
consiste na inquirição de especialista,
O juiz, ao nomear o perito, fixará a data da entrega do laudo e caberá as
partes, dentro de 15 dias contados da intimação do decisão que nomeou o
perito, apresentar, se for o caso, impedimento ou suspeição, indicar assistente
técnico e apresentar quesitos (que poderão ser indeferidos pelo juízo, caso
sejam impertinentes).
Ciente da nomeação o perito apresentará em 05 dias (Art. 465, §2º):
I - proposta de honorários;
- currículo, com comprovação de especialização;

48
- contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para
onde serão dirigidas as intimações pessoais.
Poderá o juiz determinar o pagamento da metade dos honorários do
perito antes dos trabalhos começarem sendo o restante pago posteriormente a
sua conclusão, depois de entregue o laudo e prestados os esclarecimentos
necessários.
As partes podem escolher o perito, a partir do CPC, indicando mediante
requerimento, desde que estejam em comum acordo, sejam capazes e a causa
possa ser resolvida por autocomposição.
E mesmo indicando o perito, poderão indicar também assistente técnico.

10. SUSPENSÃO DO PROCESSO


Das causas de suspensão, elencadas no artigo 313 do CPC, algumas são
aplicáveis a todos os tipos (I, II, III e VI), outras são específicas do processo de
conhecimento (IV e V), já as do processo de execução são tratadas no artigo 921:

Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer
das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas
repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de
existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o
objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de
determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a
outro juízo;
VI - por motivo de força maior;

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VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes
e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.

11. SENTENÇA
A sentença é ato do juiz que extingue o processo (art. 316) com ou sem
resolução do mérito (art. 485 e 487, do CPC).
* Para todos verem: esquema abaixo.

SENTENÇA TERMINATIVA SENTENÇA DE MÉRITO

que põe fim ao processo, são as sentenças que


sem resolver o mérito, decidem o mérito da
conforme o artigo 485, do questão, todo ou em parte,
CPC, o direito a ação decisão com resolução do
permanece, mesmo após mérito, segundo o artigo
proferida a sentença. 487, do CPC.

O magistrado, após a publicação da sentença, não poderá mais alterá-la


(art. 494 e 505, do CPC).

11.1. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – ART. 485


A extinção regulada pelo art. 485 do CPC terá como fundamento as
circunstâncias listadas nos incisos de tal dispositivo.

IMPORTANTE!
• a extinção sem resolução do mérito não gera coisa julgada material (art. 502)
e não impede que o autor entre novamente com a mesma ação (art. 486).
• identificar os conceitos de Perempção (art. 486, §3º), Litispendência (art.337,
parágrafo 1º, 2º e 3º) eCoisa julgada (art. 337, parágrafo 1º e 4º, art. 502).
• A desistência da ação, como causa de extinção sem resolução do mérito, pode
ser apresentada até a sentença (art. 485, §5º) – antes do oferecimento da
contestação sem necessidade de consentimento do réu; se o pedido ocorrer
depois da contestação, será necessário o consentimento do réu (art. 485, §4º).

50
• quando ocorre o falecimento do titular do direito intransmissível, o direito se
extingue com a pessoa do titular, conforme o inciso IX (no entanto, quando o
direito for transmissível aplica-se o art. 110, sem a extinção, mas sim com a
sucessão da parte falecida pelos seus herdeiros ou sucessores).

11.2. EXTINÇÃO DO PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO


No artigo 487, inciso I, encontra-se a forma mais completa de extinção da
causa com resolução do mérito, ocorre quando o juiz acolhe ou rejeita (no todo
ou em parte) o pedido formulado na ação (inicial) ou na reconvenção.
O inciso II traz a resolução do mérito também quando o juiz reconhecer a
prescrição ou a decadência (importante observar que o dispositivo autoriza ao
juízo o reconhecimento da prescrição ou da decadência de ofício).
E, por fim, também haverá resolução do mérito quando o juiz homologar
o reconhecimento do pedido (art. 487, III, a), transação (art. 487, III, b) e a
renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção (Art. 487, III, c).

A FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA
Muito importante observar que não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão que (art. 489, §1º):
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

51
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.

A sentença possui limites que, se não respeitados, provocam sua nulidade,


são as chamadas sentenças ultra petita, citra petita e extra petita.
→ Sentença extra petita é aquela que o juiz julga pedido que não foi
proposto pelo autor.
→ Sentença ultra petita é aquela que o juiz condena o réu em quantidade
superior à pedida
→ A sentença infra ou citra petita é quando o juiz deixa de apreciar algum
pedido da parte, quando houver cumulação de pedidos.

12. REMESSA NECESSÁRIA


Também conhecida como duplo grau obrigatório. Não é recurso, é
condição de eficácia da sentença.
Estarão sujeitos ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença (art. 496):
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução fiscal.
Nestes casos, se não for interposta apelação no prazo legal, o juiz ordenará
a remessa dos autos ao tribunal e se não fizer, deverá o presidente do respectivo
tribunal avocá-los.
Esta regra da remessa necessária comporta duas exceções:
Em primeiro, quanto ao valor (art. 496, parágrafo terceiro) - não se aplicará
a remessa necessária quando a condenação for inferior a mil salários-mínimos
para a União e respectivas autarquias e fundações de direito público;

52
500 salários-mínimos para os Estados, DF e respectivas autarquias e fundações
de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; e
100 salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias
e fundações de direito público.

Em segundo lugar, também não se aplicará o reexame necessário em


casos em que a sentença estiver fundada (art. 496, parágrafo quarto) em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante
firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação,

13. COISA JULGADA


Efeito que atinge a decisão de mérito não mais sujeita a recurso,
tornando-a IMUTÁVEL e INDISCUTÍVEL – art. 502.
A decisão sem mérito (art. 485) não mais sujeita a recurso gera a
denominada coisa julgada formal (a qual permite que se promova uma nova
ação discutindo e buscando os mesmos pedidos – art. 486).

DICA OLHOS DE TIGRE


Nenhum juiz pode decidir questões já decididas anteriormente (efeito da
coisa julgada) – todavia, existe exceções previstas nos incisos do art. 505, I e II.
A coisa julgada não atinge terceiros (que não participaram do processo) –
art. 506.

53
IMPORTANTE! Não é permitido as partes discutirem novamente questões já
decididas e preclusas (art. 507).

14. AÇÃO RESCISÓRIA


• Forma de atacar a coisa julgada – somente ataca decisões de mérito.
• É permitida apenas e tão somente se fundamentada nos casos do art. 966:
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser
rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação,
concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente
incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento
da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as
partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação
rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz,
por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
Excepcionalmente pode ser proposta contra decisões sem mérito, nos
casos do parágrafo segundo do art. 966:
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será rescindível
a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito,
impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.

54
Pode ser proposta no prazo de dois anos a partir do trânsito em julgado
(art. 975).
A competência para julgar a rescisória é do Tribunal – a denominada
competência originária.

05. AÇÃO DE EXECUÇÃO


1. AÇÃO DE EXECUÇÃO
A ação de execução exige a existência de um título ou obrigação
executável.
Este título pode ser judicial (conforme art. 515 CPC) ou extrajudicial
(aqueles elencados art. 784 CPC), a fim de que a atividade executiva seja
exercida.
O legislador resolveu denominar a execução baseada em título judicial de
Cumprimento de sentença (mas não são apenas a sentenças os título
executivos judiciais, mas sim todos aqueles definidos no art. 515).

1.1. REQUISITOS DO TÍTULO EXECUTIVO (JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL)


Os arts. 783 e 785 do CPC dispõem que “A execução para cobrança de
crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”.

55
Ou seja:
* Para todos verem: esquema abaixo.

OBRIGAÇÃO
REPRESENTADA NO
TÍTULO DEVE TER

Certeza: exposição
Exigibilidade: a
Liquidez: exata da obrigação no
obrigação deve
quantidade de título, com exposição
estar apta a ser
obrigação. É o do devedor, qual a
exigida (art. 786,
quantum. obrigação e
CPC)
requisitos da lei.

1.2. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL


Tal princípio pode ser extraído do art. 789 do CPC, que dispõe:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para
o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Ou seja, não existindo o pagamento voluntário, a forma de alcançar a
satisfação do crédito será infletir sobre o patrimônio do devedor.
* Para todos verem: esquema abaixo.

Princípio da disponibilidade da execução

• O exequente tem o direito de desistir da execução ou de parte


dela, conforme disposto no art. 775 do CPC.

1.3. LEGITIMIDADE NA EXECUÇÃO


A LEGITIMIDADE ATIVA para propor a execução está prevista no art. 778
do CPC:

56
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a
lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que,
por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título
executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo
lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do
executado.
Importante realçar o caso da sub-rogação na fiança, pois quando o fiador
paga a dívida pelo afiançado está autorizado a executá-lo nos autos do mesmo
processo. É o que dispõe os arts. 831 do CC e 794 §2º do CPC:
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-
rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada
um dos outros fiadores pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos
outros.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que
primeiro sejam executados os bens do devedor situados na
mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora.
§ 2o O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado
nos autos do mesmo processo.

DICA OLHOS DE TIGRE


Outro legitimado ativo da execução previsto na doutrina é o advogado. O art. 23
da Lei nº 8.906/94 conferiu ao advogado o direito de executar os honorários
advocatícios de sucumbência:
57
Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou
sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para
executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando
necessário, seja expedido em seu favor.

Os LEGITIMADOS DO POLO PASSIVO da execução estão previstos no art.


779 do CPC.
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor,
a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao
pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

O art. 779, II prevê a possibilidade de figurar como executado o espólio, os


herdeiros ou os sucessores do devedor. Importante destacar que a execução
deverá respeitar os limites da herança.
Sobre a legitimidade passiva prevista no art. 779, III, (novo devedor que
assumiu com consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo) é importante destacar a necessidade de concordância prévia do
credor, já que o devedor responde com seus bens pela execução.
O caso do art. 779, IV, do CPC é aquele em que figura no polo passivo da
execução o fiador do débito constante em título extrajudicial. É importante
frisar que o fiador, caso não tenha renunciado, tem direito ao benefício de
ordem (827 CC), podendo requerer que sejam executados primeiramente os
bens do devedor, sitos no mesmo munícipio, livres e desembargados (tantos
quantos bastarem para quitação do débito).

58
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem
direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro
executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que
se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no
mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para
solver o débito.
Quanto a cumulação de dois ou mais títulos na mesma execução não há
nenhum impedimento legal, desde que os títulos apresentem os requisitos de
cumulação previstos no art. 327 §1º e 780 do CPC.

1.4. A PENHORA DE BENS


Uma vez promovida a execução e não quitado o débito voluntariamente,
buscar-se-á a penhora dos bens de propriedade do devedor (seu patrimônio).
Todavia, o legislador resolveu preservar determinados bens, tornando-os
impenhoráveis.
O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC.

IMPORTANTE!
• POUPANÇA: art. 833, X, do CPC: A impenhorabilidade dos bens depositados
na caderneta de poupança é limitada a 40 salários-mínimos.
→ No caso de diversas cadernetas de poupança:
Caso o devedor possua diversas cadernetas de poupança, o limite de
impenhorabilidade deve considerar a soma de todas elas.

• DÍVIDA RELATIVA AO PRÓPRIO BEM: Lembre-se que a impenhorabilidade


não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela
contraída para sua aquisição, na forma do art. 833, §1º.

59
• BOX DE ESTACIONAMENTO: Caso o box do estacionamento tenha matrícula
individualizada poderá ser objeto de penhora (súmula 449 do STJ).
O art. 833, §2º é categórico ao afirmar que a impenhorabilidade prevista
nos incisos IV e X não se aplica aos casos de penhora para pagamento de
prestação alimentícia.
A segunda parte do inciso 2º do art. 833 refere-se à possibilidade de
penhora dos ganhos excedentes a 50 salários-mínimos mensais, seja qual for a
origem da obrigação.

• IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA: Previsão na Lei 8.009/90. O


imóvel residencial familiar é impenhorável por dívidas de qualquer natureza.
EXCEÇÃO: Pode haver penhora do bem de família nos casos previstos no art.
3º da Lei 8.009/90.

SÚMULAS IMPORTANTES
Súmula 364 do STJ: o conceito de impenhorabilidade de bem de família
abrangem também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas ou
divorciadas.
Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem possui matrícula própria no registro de
imóveis e não constitui bem de família, podendo ser penhorada.
Súmula 486 do STJ: é impenhorável o único imóvel do devedor que esteja
locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação se reverta para
subsistência ou moradia da família.

DICA OLHOS DE TIGRE


CADASTRO DE INADIMPLENTES: o exequente poderá requerer, na petição
inicial, a inclusão do executado no cadastro de inadimplentes, conforme
previsão do art. 782, §3º, do CPC. A inscrição no cadastro será imediatamente

60
cancelada no caso do pagamento da dívida, se garantida a execução ou se a
execução for extinta por qualquer outro motivo, na forma do art. 782, §4º.

1.5. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA – TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL


A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor a
pagar determinada quantia em dinheiro.
Ao receber a petição inicial o juiz fixará honorários advocatícios de 10% (art.
827) e determinará a citação do devedor para pagar o débito em três dias, sob
pena de penhora (art. 829).
PENHORA
Não ocorrendo o pagamento em três dias, o oficial de justiça fará a
penhora dos bens indicados pelo credor na petição inicial e caso não haja
indicação, fará a penhora sobre os bens que localizar em diligência, observado
o rol de bens impenhoráveis previsto no art. 833 do CPC e da Lei n. 8.009/90.
Importante referir, ainda, que a penhora de bens que estão em posse de
terceiro é plenamente possível, sendo cabível, neste caso, o terceiro apresentar
embargos de terceiro, conforme art. 674 do CPC.
Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens
que serão afetados pelo pagamento da obrigação.
A penhora seguirá a seguinte ordem do art. 835, do CPC:
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte
ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em
instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito
Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;

61
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda
e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.

§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais


hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as
circunstâncias do caso concreto.

Percebe-se, pela análise do parágrafo primeiro, que EXISTE A


PREFERÊNCIA DE QUE A PENHORA DEVA SER FEITA SOBRE DINHEIRO.
O art. 854, do CPC, na linha desta preferência, regula a PENHORA ON-
LINE, que ocorre quando o juiz determina o bloqueio de valores diretamente da
conta do devedor, através da emissão de comandos às unidades supervisoras
das instituições financeiras.
Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou
em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem
dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições
financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade
supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis
ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se
a indisponibilidade ao valor indicado na execução.
§ 1o No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de
ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual
indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela
instituição financeira em igual prazo.

62
§ 2o Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este
será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo,
pessoalmente.
§ 3o Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar
que:
I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos
financeiros.
§ 4o Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz
determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade
irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em
24 (vinte e quatro) horas.
§ 5o Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado,
converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem necessidade
de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à
instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta
vinculada ao juízo da execução.

A EXPROPRIAÇÃO DOS BENS é o meio pelo qual o credor alcançará a


satisfação de seu crédito na execução por quantia certa e consiste na
adjudicação, alienação ou apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou
estabelecimento e de outros bens.
A ADJUDICAÇÃO ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é
transferido para o credor a fim de satisfazer seu crédito e nunca poderá ocorrer
por valor inferior ao da avaliação.
Caso o valor do crédito seja inferior ao valor da avaliação, o credor deve
depositar a diferença em juízo, na forma do art. 876, §4º, I, do CPC).
Caso o valor do crédito seja superior ao valor da avaliação do bem, após a
adjudicação do bem, o credor poderá seguir com a execução a fim de efetuar a
cobrança, na forma do art. 876, §4º, II do CPC.

63
ALIENAÇÃO DO BEM, que far-se-á por iniciativa particular (art. 866) ou em
leilão judicial eletrônico ou presencial (art. 879, CPC).
Art. 879. A alienação far-se-á:
I - por iniciativa particular;
II - em leilão judicial eletrônico ou presencial.
Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá
requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio
de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão
judiciário.
Na ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR, o juiz fixará as regras para
a venda do bem penhorado, além de fixar a forma de publicidade, preço
mínimo, comissão de corretagem (se for o caso), condições de pagamento e as
garantias que devem ser prestadas pelo adquirente, em caso de pagamento
parcelado,
O LEILÃO JUDICIAL abrange tanto a expropriação de bens imóveis como
os móveis.
Será necessário a publicação do edital do leilão com antecedência de, no
mínimo, cinco dias da data de sua primeira realização, devendo constar no
edital todos os requisitos previstos no art. 886 e 887, do CPC, sob pena de
nulidade da arrematação.
Além da publicação do edital, também é necessária a intimação das
pessoas arroladas no art. 889, do CPC, com antecedência mínima de cinco dias
da data do leilão judicial.
O bem poderá ser alienado por valor abaixo do previsto na avaliação,
desde que não seja por preço vil (preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz
e ao constante no edital e não constando no edital, considera-se vil o preço
inferior a 50% do valor de sua avaliação), conforme art. 891, do CPC.
Quando o bem penhorado pertencer a incapaz e não alcançar em leilão
pelo menos 80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e à

64
administração de depositário idôneo, adiando a alienação pelo prazo de um ano,
conforme art. 896, do CPC.
Efetivada a arrematação será lavrado auto devidamente assinado pelo
leiloeiro, arrematante e juiz, passando a fluir o prazo de dez dias para que se
postule a invalidade, ineficácia ou resolução da arrematação nos casos previstos
no art.903, §1º, do CPC.
Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de arrematação
será expedida e conforme o caso, a ordem de entrega ou mandado de imissão
na posse.

IMPORTANTE! Após a expedição da carta de arrematação, a invalidação


somente poderá ser pedida em ação autônoma (e o arrematante figurará como
litisconsorte necessário – 903, parágrafo quarto).

DICA OLHOS DE TIGRE


Será autorizada a desistência da arrematação pelo arrematante nos casos
do art. 903, §5º, do CPC.

2. EMBARGOS À EXECUÇÃO
A propositura de embargos à execução é a forma que o executado ataca
a ação de execução fundada em título executivo extrajudicial.
Trata-se de uma ação autônoma, mas vinculada à execução (deve ser
proposta no juízo da execução e a distribuição deve ser por dependência com
tramitação em autos apartados).
Tem natureza de ação de conhecimento e se presta para desconstituir ou
declarar a nulidade ou inexistência do crédito.
Importante destacar que o caput do art. 914 previu a possibilidade da
interposição dos embargos independentemente de penhora, depósito ou
caução.

65
O PRAZO para apresentação dos embargos é de quinze dias, conforme
preceitua o art. 915 do CPC e observado o art. 231 do CPC que fixa as regras para
a contagem do prazo.

IMPORTANTE! Não se aplica aos embargos à execução o prazo em dobro para


litisconsortes com advogados distintos, de escritórios diferentes, previsto no art.
229 do CPC – 915, parágrafo terceiro.

DICA OLHOS DE TIGRE


Na contagem do prazo para embargos, havendo litisconsórcio de
devedores na execução, tal prazo será individual e independente (salvo se os
devedores forem casados ou estiverem em União Estável – nesse caso o prazo
será comum, começando a contar a partir da juntada do último comprovante
citatório aos autos) – art. 915, parágrafo primeiro.

Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos


embargos e comprove o depósito de 30% do valor da execução (acrescido de
custas e honorários), poderá requerer o PARCELAMENTO do restante em até 6
parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de um por cento por
mês (art. 916 CPC). Com o deferimento do pedido de parcelamento, a execução
ficará suspensa até a quitação integral do débito.
Importante destacar que o credor não poderá opor-se ao parcelamento,
pois se trata de um direito que a lei confere ao devedor, mas será intimado (art.
916 §1º) para manifestar-se em 5 dias sobre o preenchimento dos pressupostos.
O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento
acarretará no vencimento antecipado das prestações subsequentes e no
prosseguimento do processo com o imediato reinicio dos atos executivos, além
de multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas (parágrafo quinto do
art. 916).

66
DICA OLHOS DE TIGRE
A opção pelo parcelamento acarreta renúncia ao direito de apresentar
embargos (art. 916, parágrafo sexto).
O parcelamento só é aplicável às execuções de título extrajudicial (não
cabe no Cumprimento de Sentença – parágrafo sétimo do art. 916).

IMPORTANTE!
EFEITO SUSPENSIVO
O art. 919 do CPC prevê que os Embargos a Execução não terão efeito
suspensivo (ou seja, prossegue a execução). Como forma de exceção, poderá ser
concedida tal efeito (para suspender a execução, desde que presentes os
requisitos do art. 919, parágrafo primeiro).

IMPUGNAÇÃO AOS EMBARGOS


Conforme art. 920, I, recebidos os embargos, o exequente será intimado
para impugnar em 15 dias.
Esta impugnação tem natureza de contestação – sua falta leva a revelia.
Apresentada a impugnação, o rito será da ação de conhecimento.
Execução de título judicial – Cumprimento de Sentença
O cumprimento de sentença é utilizado quando o credor tem um título
executivo judicial (rol de títulos executivos judiciais no art. 515, CPC).
Para que seja iniciado o cumprimento de sentença é necessário a
presença de três requisitos: a) o título executivo judicial; b) inadimplemento do
devedor; c) iniciativa do exequente (513, §1º, do CPC).
É possível fazer o cumprimento de sentença de decisões interlocutórias
(exemplo: fixação liminar de alimentos), cumprimento de sentença provisório
(quando a decisão exigida ainda pode ser modificada) e, ainda, cumprimento
de sentença definitivo (sentença já transitada em julgado).

67
2.1. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE QUANTIA CERTA
Para que o cumprimento de sentença seja iniciado é necessária a
manifestação do credor, através de petição nos mesmos autos, requerendo a
intimação do devedor para que efetue o pagamento do débito no prazo de
quinze dias – art. 523.
O devedor será intimado na forma do art. 513, parágrafo segundo.
O art. 523 §1º dispõe que: “Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo
do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.”
Em caso de pagamento parcial do débito, aplica-se o §2º: “Efetuado o
pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos
no § 1o incidirão sobre o restante”.

2.2. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


A impugnação é o meio adequado de defesa do devedor no cumprimento
de sentença (título executivo judicial), tratando-se de incidente da fase de
cumprimento de sentença, julgado por intermédio de decisão interlocutória.
O prazo para apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença
é de 15 dias após o decurso do prazo para pagamento voluntário,
independentemente de penhora ou nova intimação, conforme art. 525 do CPC:
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para
que o executado, independentemente de penhora ou nova
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

DICA OLHOS DE TIGRE


PRAZO EM DOBRO: Diferentemente dos embargos, aplica-se na impugnação
o prazo em dobro previsto no art. 229

68
A impugnação ao cumprimento de sentença ocorre por intermédio de
petição direcionada ao juízo da execução, devendo seu mérito basear-se de
acordo com os fundamentos do art. 525, §1º, do CPC.
Além disso, caso o impugnante deseje, deverá formular o pedido do efeito
suspensivo.
Caso a impugnação esteja de acordo com os requisitos legais, o juiz a
receberá e determinará a intimação do impugnado (exequente) para
apresentar sua resposta no prazo de quinze dias.

2.3. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA FAZENDA PÚBLICA


Constituído o título judicial contra a Fazenda Pública, o cumprimento de
sentença deve constar cálculo discriminado do valor do débito de acordo com
os requisitos previstos no art. 534, do CPC.
A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de trinta dias
e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir as matérias
elencadas nos incisos do art. 535, do CPC.
Se a Fazenda Pública não apresentar impugnação, será expedido o
precatório ou requisição de pequeno valor.
Os precatórios referentes à créditos alimentares terão preferência sobre
os demais, conforme súmula n.º 144 do STJ: “Os créditos de natureza alimentícia
gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos
créditos de natureza diversa”.

2.4. EXECUÇÃO CONTRA FAZENDA PÚBLICA


A execução contra fazenda pública fundada em título extrajudicial está
regulada no art. 910, do CPC, que determina sua citação para opor embargos à
execução em trinta dias.

69
Não havendo interposição de embargos ou rejeitados em decisão
transitada em julgado, será expedido precatório ou requisição de pequeno valor
em favor do exequente, observado o disposto no art. 100 da C.F.
Não existe expropriação de bens contra a Fazenda Pública.

IMPORTANTE!
Fraude a Execução x Fraude contra Credores
Tanto a fraude contra execução quanto a fraude contra credores visam
atacar o desfazimento do patrimônio pelo devedor.

A FRAUDE CONTRA CREDORES é um defeito do negócio jurídico previsto


no art. 158 a 165 do Código Civil. Ocorre fraude contra credores quando o
devedor se desfaz do seu patrimônio antes de iniciado o processo judicial (que
não precisa ser necessariamente uma ação de execução) ficando totalmente
insolvente para adimplir as obrigações assumidas.
Para atacar a fraude contra credores é possível valer-se da AÇÃO
PAULIANA ou AÇÃO REVOCATÓRIA com o objetivo de anular o negócio
jurídico viciado pela fraude.
Deve-se provar na ação o consilium fraudis, ou seja, que o devedor e o
terceiro adquirente de seus bens tinham o objetivo de fraudar o adimplemento
do débito. Observa-se, ainda, que a ação deve conter o pedido de nulidade da
transferência dos bens.
A FRAUDE CONTRA EXECUÇÃO atenta contra o credor e contra o Poder
Judiciário, já que a alienação dos bens ocorre somente após a ciência da ação
de execução.
O pedido de reconhecimento de fraude contra a execução poderá ser
feito através de PETIÇÃO e seu reconhecimento poderá ocorrer nos próprios
autos da ação de execução.

ATENÇÃO!

70
Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser poderá opor EMBARGOS DE TERCEIRO, no prazo de
15 dias, conforme art. 792, §4º, do CPC.
O art. 828 permite que o exequente obtenha certidão comprobatória da
admissão da execução a fim de averbar no registro de imóveis, de veículos
ou de outros bens passiveis de penhora. Após a averbação, é considerado
frade à execução à alienação do bem – parágrafo quarto do art. 828.

2.5. PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL


A possibilidade de protesto da decisão judicial transitada em julgado está
prevista no art. 517 do CPC:

Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser


levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo
para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar
certidão de teor da decisão.
§ 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de
3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do
executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de
decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar
a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua
responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem
do título protestado.
§ 4o A requerimento do executado, o protesto será cancelado por
determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório,
no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do
requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da
obrigação.

71
A possibilidade de negativação do nome do devedor
Além do protesto, o CPC prevê a possibilidade da negativação do nome
do executado no cadastro dos inadimplentes até que efetive o pagamento do
valor devido, garanta o cumprimento de sentença ou até que o processo seja
extinto por outro motivo, conforme art. 782, §3º, do CPC.
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará
os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.
§ 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão
do nome do executado em cadastros de inadimplentes.

2.6. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO


A suspensão da execução vem regulada nos arts. 921 a 923 do CPC:
Art. 921. Suspende-se a execução:
I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo
os embargos à execução;
III - quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de
licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a
adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;
V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo
prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2o Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja
localizado o executado ou que sejam encontrados bens
penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3o Os autos serão desarquivados para prosseguimento da
execução se a qualquer tempo forem encontrados bens
penhoráveis.
§ 4o Decorrido o prazo de que trata o § 1o sem manifestação do
exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente.

72
§ 5o O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias,
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição de que trata o § 4o e
extinguir o processo.
IMPORTANTE!
* Para todos verem: esquema abaixo.

EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS

• No caso de concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução ou


a impugnação, a execução ficará suspensa, no todo ou em parte, até o
julgamento dos embargos/impugnação ou revogação do efeito
concedido.

INEXISTÊNCA DE BENS DO DEVEDOR

• A hipótese mais frequente de suspensão da execução é a inexistência de


bens do devedor. Neste caso, a execução ficará suspensa pelo prazo de
um ano, consoante art. 921 §1º. Decorrido o prazo de um ano sem
localização de bens passiveis de penhora, o juiz determinará o
arquivamento dos autos (§2º), nada impedindo seu posterior
desarquivamento se a qualquer tempo forem encontrados bens
penhoráveis (§3º).

PARCELAMENTO DO DÉBITO
• Com o parcelamento do débito (previsto no art. 916 CPC) a execução
também deve ser suspensa até o adimplemento das parcelas.

2.7. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO


Os motivos que levam a extinção da execução estão previstos no art. 924
do CPC, o rol apresentado é exemplificativo, já que existem outras formas que
acarretam na extinção da execução, como por exemplo, o acolhimento dos
embargos.
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
II - a obrigação for satisfeita;
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total
da dívida;
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por
sentença.

73
O art. 925 determina a necessidade de sentença para que a extinção da
execução produza efeitos.

Desistência da ação de execução X Embargos/Impugnação


Se a execução for extinta, os embargos serão extintos? Em caso de
desistência da ação de execução, serão extintas a impugnação e os embargos
que versarem apenas sobre as questões processuais, devendo o exequente
adimplir as custas processuais e honorários advocatícios (art. 775, parágrafo
único, I, do CPC). Neste caso (embargos atacando apenas aspectos processuais)
a extinção da impugnação e dos embargos, independe de concordância do
embargante / impugnante.
Nos demais casos, quando houver a extinção da ação de execução e os
embargos versarem sobre questões de direito material, a extinção dos
embargos dependerá de concordância do embargante/impugnante (art. 775,
parágrafo único, II, do CPC).

Exceção de Pré-Executividade
A exceção de pré-executividade é apresentada através de simples
petição a ser juntada nos autos, alegando a nulidade da execução, conforme
art. 803.

IMPORTANTE! Não é permitida produção probatória na exceção de pré-


executividade.

2.8. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS


A execução de alimentos pode, como toda e qualquer execução, ter como
fundamento título executivo judicial ou extrajudicial.
Todavia, a grande diferença está no fato de que, numa execução de
alimentos, poderá o credor optar pelo procedimento onde, caso não exista o

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pagamento voluntário por parte do devedor (no prazo legal), a consequência
não será a penhora, mas a prisão do devedor.
Assim, a execução de alimentos tem a seguinte divisão:
➢ FUNDAMENTADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
Com pedido de penhora, usará o rito previsto no art. 827 e 829:
apresentada a petição inicial, o juiz fixará honorários de 10% e mandará citar o
devedor para pagar em três dias. Feito o pagamento neste prazo, terá desconto
de cinquenta por cento nos honorário. Não efetuado o pagamento, a execução
prossegue com a penhora e expropriação de bens.
Com pedido de prisão, será usado o rito previsto no art. 911, onde o devedor
será citado para, no prazo de três dias, pagar, provar que já pagou ou justificar a
falta de pagamento. Não efetuado o pagamento (ou não provado ou afastada a
justificativa), será decretada a prisão civil do devedor.

➢ FUNDAMENTADA EM TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL/CUMPRIMENTO


DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Com pedido de penhora, usará o rito previsto no art. 523 e seguintes -
apresentada a petição, o juiz mandará intimar o devedor para pagar em 15 dias.
Feito o pagamento neste prazo, não haverá incidência de honorários. Não
efetuado o pagamento, a execução/cumprimento de sentença prossegue
(incidindo multa de 10% e honorários advocatícios de 10% - art. 523, parágrafo
primeiro) com a penhora e expropriação de bens.
Com pedido de prisão, será usado o rito previsto no art. 528, onde o
devedor será intimado pessoalmente para, no prazo de três dias, pagar, provar
que já pagou ou justificar a falta de pagamento. Não efetuado o pagamento (ou
não provado ou afastada a justificativa), será decretada a prisão civil do devedor
(bem como determinado o protesto judicial da decisão).

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IMPORTANTE!
QUANTO A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS COM PEDIDO DE PRISÃO (tanto
fundamentada em título judicial quanto extrajudicial)
• Conforme previsão do art. 528, parágrafo sétimo, somente podem ser
cobrados com pedido de prisão o atraso de até as três últimas prestações
anteriores ao ajuizamento;
• O cumprimento da pena não gera o pagamento da dívida alimentar (uma vez
cumprida a pena, a dívida ainda existe);
• A prisão por débito alimentar deve ser cumprida em regime fechado;
• Paga a dívida, a ordem de prisão deve ser imediatamente suspensa, com a
soltura do devedor.

06. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


Lei 9099/95 é a base regulamentadora desse sistema normativo –
recordando que os Juizados Especiais Federal e da Fazenda Pública são
regulados pelas leis 10.259/2001 e 12.153/2009 (sempre utilizando a Lei 9099 de
forma subsidiária).

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1. PRINCÍPIO ORIENTADORES
DICA OLHO DE TIGRE: palavra-chave é C E I O S:
* Para todos verem: esquema abaixo.

Princípio da Celeridade

• quanto menor a complexidade da matéria em debate, menos


formal, menor o número de atos processuais e
consequentemente, mais célere o processo, essa é a lógica dos
juizados.

Princípio da Economia Processual

• economia processual é obter o maior resultado com mínimo de


atividade processual possível. Para tanto os atos processuais se
concentram em audiência e tenta-se obter o máximo possível de
proveito deles.

Princípio da Informalidade

• os atos processuais devem ser praticados com o mínimo de


formalidade possível, tornando-os simples, econômicos e
efetivos, sem esquecer que algumas formas são essenciais,
portanto, o princípio de informalidade pode ser definido como a
busca pela eliminação das formas não essenciais do ato.

Princípio da Oralidade

• salvo os atos essenciais (art. 13, §3º, da Lei 9099/95), que serão
reduzidos a termo nos autos do processo, os atos serão
praticados de forma oral.

Princípio da Simplicidade

• todas atividades desenvolvidas nos Juizados Especiais devem


ser de modo que qualquer uma das partes compreenda,
principalmente aquelas desacompanhadas de advogado.

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IMPORTANTE! A GRATUIDADE EM PRIMEIRO GRAU: de acordo com o artigo
54 e 55 da Lei n. 9.099/95, o acesso ao Juizados Especiais independe de
pagamento de custas, taxas ou despesas em primeiro grau de jurisdição,

Em segunda instância haverá o pagamento das despesas dispensadas


de pagamento em primeira instância, salvo se a parte for beneficiária da justiça
gratuita.
A sentença de primeiro grau não condenará o vencido ao pagamento das
custas e honorários de advogado, salvo os casos de litigância de má-fé.

2. COMPETÊNCIA
Nos Juizados Especiais Cível Estadual é facultado para o autor, isto é,
poderá optar pela Justiça Comum se quiser.
Nos Juizados Especiais Federais e da Fazenda Pública a competência
é absoluta (art. 3º, §3º, da Lei n. 10.259/01).
A incompetência territorial poderá ser reconhecida de ofício (enunciado
89, do FONAJE), diferente da ação que tramita na justiça comum (a
competência relativa não for alegada na contestação haverá a prorrogação (art.
65 do CPC) - objetivamente prorrogação não acontece no JEC, podendo o juiz
reconhecer de ofício).
O rol do art. 3º da Lei 9099 é taxativo.

Observação!
JEC – até 40 SM (podendo autor renunciar ao crédito excedente
(parágrafo terceiro)
JEF e JEFP – até 60 SM

DICA OLHOS DE TIGRE


É permitida a execução no JEC dos seus julgados e de título extrajudiciais
até 40 SM.

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O JEC não tem competência (não poderão se propostos no JEC) – art. 3º,
parágrafo segundo:
* Para todos verem: esquema abaixo.

Alimentos Falência Feitos fiscais;

Relacionados a Quanto ao estado


Fazenda Pública Acidente do ou capacidade da
Trabalho pessoa

3. PARTES
Não podem ser parte nos Juizados Especiais (art. 8º):
* Para todos verem: esquema abaixo.

Pessoa jurídica
de direito público
Incapaz Preso
(no JEF e JEFP
pode!)

Empresas
Massa falida Insolvente civil
públicas

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4. LEGITIMIDADE
* Para todos verem: esquema abaixo.

Pessoas naturais (que


não sejam cessionários
de pessoa jurídica);

Pessoa jurídicas – apenas


LEGITIMIDADE
micro empresa
Sociedade de crédito ao (Art. 8º,
individual,
microempreendedor parágrafo
microempresa, empresa
primeiro)
de pequeno porte

OSCIP

Observação!
O pedido contraposto pode ser feito por Pessoa Jurídica.

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5. GENERALIDADES
* Para todos verem: esquema abaixo.

Prazos contados em dias úteis;

Não é permitida intervenção de terceiros (mas desconsideração pode);

Não cabe reconvenção, mas é possível o pedido contraposto;

Não cabem procedimentos especiais no JEC;

Recursos – apenas Embargos de Declaração e Recurso Inominado


(contra a decisão de primeiro grau que extingue o processo – seu prazo
será 10 dias);

• Quem julga os recursos são as Turmas Recursais (e não os Tribunais de


Justiça); contra acórdão da Turma Recursal não cabe Recurso Especial
para o STJ (mas, existindo os requisitos, é possível Recurso
Extraordinário ao STF).

A contestação pode ser escrita ou oral e será apresentada na audiência


de instrução;

O não comparecimento do réu na audiência de conciliação gera revelia


(o não comparecimento do autor gera a extinção do processo);

A execução tem a previsão de audiência de conciliação – e a penhora é


feita antes da audiência.

• Os embargos deverão ser apresentados em audiência e tem como


requisito a penhora; no JEC, sem penhora não é possível apresentar
embargos.

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