Manual Odontologico Controle de Risco

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As  

inovações  tecnológicas  produzidas  pela  inteligência  humana,  embora  

ANVI
signifiquem  avanços,  podem  também  gerar  riscos  à  saúde,  quando  não   3ERVI OS /DONTOLØGICOS
monitoradas  de  maneira  adequada.  Por  isso,  a  qualidade  do  atendimento  
à  população  está  intrinsecamente  relacionada  à  monitoração  desses  riscos.   0REVEN ÎO E #ONTROLE DE 2ISCOS
Cabe   ao   Estado   ser   o   regulador   dessa   relação   por   meio   da   adoção   de  
medidas   de   controle   e   prevenção   e   pela   veiculação   de   informações   à  
sociedade.   Isto   contribui   para   a   efetiva   participação   dos   usuários   no  
processo  de  construção  de  um  sistema  de  saúde  de  qualidade.  

Por   essa   razão,   a   Agência   Nacional   de   Vigilância   Sanitária   (Anvisa)  


publica  esta  série  dedicada  aos  Serviços  de  Saúde  no  intuito  de  levar  aos  
profissionais   da   área   instrumentos   práticos   para   o   gerenciamento   dos  
riscos  sanitários.  Espera,  assim,  por  meio  destas  publicações,  contribuir  
para   o   desenvolvimento   de   ações   seguras,   além   de   disponibilizar  
informações  atualizadas  que  podem  ser  repassadas  ao  público.

0REVEN ÎO E #ONTROLE DE 2ISCOS


3ERVI OS /DONTOLØGICOS

4ECNOLOGIA EM 3ERVI OS DE 3AÞDE


SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:
PREVENÇÃO  E
CONTROLE  DE  RISCOS  

Brasília,  2006
Copyright  ©  2006.  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária.
É  permitida  a  reprodução  total  ou  parcial  desta  obra,  desde  que  citada  a  fonte.
1º  Ed.  1000  exemplares.

Conselho  Editorial  da  Anvisa


Dirceu  Raposo  de  Mello
Cláudio  Maierovitch  Pessanha  Henriques
Franklin  Rubinstein
Victor  Hugo  Travassos  da  Rosa
Maria  Cecília  Martins  Brito
Carlos  Dias  Lopes
Márcia  Helena  Gonçalves  Rollemberg

Núcleo  de  Assessoramento  à  Comunicação  Social  e  Institucional


Assessor-­‐‑Chefe:  Carlos  Dias  Lopes

Editora  Anvisa  
Coordenação
Pablo  Barcellos  

Projeto  Gráfico
João  Carlos  Machado  e  Rogério  Reis  

Diagramação
Rogério  Reis

Revisão
Clara  Martins  e  Dulce  Maria  Bergmann

Capa
Paula  Simões  e  Rogério  Reis  

Brasil.  Ministério  da  Saúde.  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária.


Serviços  Odontológicos:  Prevenção  e  Controle  de  Riscos  /  Ministério  da  
Saúde,  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária.  –  Brasília:  Ministério  da  
Saúde,  2006.
156  p.  –  (Série  A.  Normas  e  Manuais  Técnicos)
ISBN  84-­‐‑334-­‐‑1050-­‐‑6
1.  Odontologia.  2.  Controle  de  risco.  I.  Título.  II.  Série.
NLM  WU  1-­‐‑49

Catalogação  na  fonte  –  Editora  MS


SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:
PREVENÇÃO  E
CONTROLE  DE  RISCOS  
Elaboração
Secretaria  de  Atenção  à  Saúde  (Ministério  da  Saúde)
Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  (Ministério  da  Saúde)

Coordenadores
Gilberto  Alfredo  Pucca  Junior
Coordenador  Nacional  de  Saúde  Bucal  (MS)
Flávia  Freitas  de  Paula  Lopes
Gerente-­‐‑Geral  de  Tecnologia  em  Serviços  de  Saúde  (Anvisa)

Equipe  técnica
Autores
Adélia  Aparecida  Marçal  dos  Santos  (GGTES/Anvisa)  
Andréa  Fátima  Giacomet  (GGTES/Anvisa)  
Anelise  Krause  Guimarães  Costa  (GGTES/Anvisa)  
Cássia  Regina  de  Paula  Paz  (GGTES/Anvisa)  
Eliane  Blanco  Nunes  (GGTES/Anvisa)  
Érica  Lopes  Ferreira  (SMS  Curitiba)
Flávio  de  Castro  Bicalho  (GGTES/Anvisa)
Izabel  do  Rocio  Costa  Ferreira  (SMS/Curitiba)
Javier  Afonso  Sanmartin  (GGTES/Anvisa)
Leandro  Queiroz  Santi  (GGTES/Anvisa)
Léria  Rosane  Holsbach  (ISCMPA-­‐‑RS)
Marcio  Luiz  Varani    (GGTPS/Anvisa)  
Maria  José  Mendonça  do  Amaral  (CVS/SES/MT)  
Mariana  Pastorello  Vero i  (GGTES/Anvisa)
Regina  Maria  Gonçalves  Barcellos  (GGTES/Anvisa)
Sandro  Martins  Dolghi  (GGTES/Anvisa)
Silvia  Lustosa  de  Castro  (GGTPS/Anvisa)
Sinaida  Teixeira  Martins  (GGTES/Anvisa)
Taciana  Ribeiro  Silva  -­‐‑  (GETOR/ANVISA)  
Valéria  Francischini  (CVS/SES/MT)

Colaboradores  
Anaclara  Ferreira  Veiga  Tipple  (FEN/UFG)
Izabeth  Cristina  Campos  da  Silva  Farias  (CNSB/MS)
José  Felipe  Riani  Costa  (CNSB/MS)
Maria  Ângela  de  Avelar  Nogueira  (GGTES/Anvisa)
Rita  de  Cássia  Paranhos  Emmerich  (GGTES/Anvisa)
Terezita  de  Fátima  Fernandes  (SES/MG)

Revisão  técnica
José  Geraldo  Lupato  Conrado  (CVS/SP)
Paulo  Tadeu  Figueiredo  (ABO)
SIGLÁRIO

AAOS   American  Association  of  Orthopedic  Surgeons        


  (Associação  Americana  de  Cirurgiões  Ortopédicos)

ABNT  NBR   Associação  Brasileira  de  Normas  Técnicas  

ACD   Auxiliar  de  consultório  dentário

ADA   American  Dental  Association  (Associação  Dentária  Americana)

Anvisa   Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária

APD   Auxiliar  em  prótese  dentária

CAT   Comunicação  de  Acidente  de  Trabalho

CCIH   Comissão  de  Controle  de  Infecção  Hospitalar

CD   Cirurgião-­‐‑dentista

CDC   Centers  for  Disease  Control  and  Prevention        


  (Centro  de  Controle  e  Prevenção  de  Doença)

CEP   Comitê  de  Ética  em  Pesquisa  

CFO   Conselho  Federal  de  Odontologia

CID   Código  Internacional  de  Doenças

CIPA   Comissão  Interna  de  Prevenção  de  Acidentes

CME   Central  de  material  esterilizado

CNEN   Comissão  Nacional  de  Energia  Nuclear

CONAMA   Conselho  Nacional  do  Meio  Ambiente

CRO   Conselho  Regional  de  Odontologia

DML   Depósito  de  material  de  limpeza

DSTs   Doenças  Sexualmente  Transmissíveis

EAS   Estabelecimentos  assistenciais  de  saúde

EPI   Equipamento  de  Proteção  Individual


FISPQ   Ficha  de  Informações  de  Segurança  de  Produtos  Químicos

GETOR   Gerência  de  Tecidos,  Células  e  Órgãos

GGTES   Gerência  Geral  de  Tecnologia  em  Servicos  de  Saúde

GGTPS   Gerência  Geral  de  Tecnologia  de  Produtos  para  a  Saúde

GIPEIA   Gerência  de  Investigação  e  Prevenção  de  Infeccões  e      


  Eventos  Adversos

PGRSS   Programa  de  Gerenciamento  de  Resíduos  em  Serviços  de  Saúde

Portaria  GM/MS   Portaria  do  Gabinete  do  Ministro/Ministério  da  Saúde

Portaria  MS   Portaria  do  Ministério  da  Saúde

Portaria  SVS/MS   Portaria  da  Secretaria  de  Vigilância  Sanitária/Ministério  da  Saúde

RDC/Anvisa   Resolução  de  Diretoria  Colegiada/        


  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária

RE/Anvisa   Resolução  Especial/Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária

RSS   Resíduos  de  serviços  de  saúde

RT   Responsável  técnico

SESMT   Serviços  Especializados  em  Engenharia  de  Segurança  e      


  Medicina  do  Trabalho

SPR   Supervisor  de  Proteção  Radiológica  de  Radiodiagnóstico

SUS   Sistema  Único  de  Saúde

THD   Técnico  em  higiene  dental  

TPD   Técnico  em  prótese  dentária

VISA   Vigilância  Sanitária

CNSB   Coordenação  Nacional  de  Saúde  Bucal

ISCMPA-­‐‑RS   Irmandade  Santa  Casa  de  Misericórdia  de  Porto  Alegre

CVS   Centro  de  Vigilância  Sanitária

SMS   Secretaria  Municipal  de  Saúde

SES   Secretaria  Estadual  de  Saúde

FEN/UFG   Faculdade  de  Enfermagem  da  Universidade  de  Goiás

UFC   Unidade  Formadora  de  Colônia


SUMÁRIO

1.  INTRODUÇÃO  ________________________________________________15

2.  INFRA-­‐‑ESTRUTURA  FÍSICA  ______________________________________17  


  2.1.     Execução  do  projeto  ___________________________________________________ 17
  2.2.     Aprovação  do  projeto   _________________________________________________ 17
  2.3.     Dimensionamento   ____________________________________________________ 18
  2.4.     Materiais  de  acabamento   ______________________________________________ 19
  2.5.     Instalações  elétricas  e  iluminação   _______________________________________ 21
  2.6.     Sistemas  de  climatização    ______________________________________________ 21
  2.7.     Abastecimento  de  água  ________________________________________________ 23
  2.8.     Instalações  hidrossanitárias   ____________________________________________ 23
  2.9.     Proteção  radiológica   __________________________________________________ 24
  2.10.  Gases  medicinais  _____________________________________________________ 24
  2.11.  Controle  do  ar  e  analgesia  inalatória  ____________________________________ 25
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 27

3.  DOCUMENTAÇÃO  E  CONDIÇÕES  PARA  O  FUNCIONAMENTO                                                        


       DOS  SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS   ________________________________29
  3.1.    Equipe  odontológica   __________________________________________________ 29
    3.2.    Licença  ou  Alvará  de  Funcionamento  ____________________________________ 30
  3.3.    Documentação  odontológica   ___________________________________________ 30
       3.3.1.     Prontuário  clínico  _______________________________________________ 30
       3.3.2.     Atestado  odontológico  ___________________________________________ 32
       3.3.3.     Receitas  ________________________________________________________ 32
  3.4.    Notificação  compulsória     ______________________________________________ 34
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 37

4.  PRECAUÇÕES-­‐‑PADRÃO  E  RISCOS  OCUPACIONAIS   ____________________39


  4.1.    Imunização  dos  profissionais  de  saúde   __________________________________ 40
       4.1.1.     Vacina  contra  hepatite  B   _________________________________________ 40
       4.1.2.     Vacina  contra  febre  amarela   ______________________________________ 41
       4.1.3.     Vacina  SRC  (tríplice  viral)  contra  sarampo,  caxumba  e  rubéola  ________ 41
       4.1.4.     Vacina  BCG  -­‐‑  ID  (contra  tuberculose)  ______________________________ 41
       4.1.5.     Vacina  DT  (dupla  adulto)  contra  di eria  e  tétano  ____________________ 41
       4.1.6.     Vacinas  contra  Influenza  e  contra  Pneumococos  _____________________ 41
  4.2.    Riscos  ocupacionais  ___________________________________________________ 41
       4.2.1.     Risco  físico  _____________________________________________________ 41
       4.2.2.     Risco  químico   __________________________________________________ 42
       4.2.3.     Risco  ergonômico  _______________________________________________ 43
       4.2.4.     Risco  mecânico  ou  de  acidente  ____________________________________ 43
       4.2.5.     Riscos  pela  falta  de  conforto  e  higiene  ______________________________ 44
       4.2.6.     Risco  biológico   _________________________________________________ 44
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 53

5.  ACIDENTE  DE  TRABALHO  E  CONDUTA  APÓS                                                                                                        


       EXPOSIÇÃO  AO  MATERIAL  BIOLÓGICO  _____________________________55
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 58

6.  HIGIENIZAÇÃO  DAS  MÃOS  ______________________________________59


  6.1.    O  papel  das  mãos  na  transmissão  dos  microorganismos   ___________________ 59
  6.2.    Higienização  das  mãos  na  prática  odontológica  ___________________________ 61
  6.3.    Cuidados  na  escolha  de  produtos  para  a  higienização  das  mãos  _____________ 62
  6.4.    Técnicas  para  a  higienização  das  mãos  ___________________________________ 63
       6.4.1.     Lavagem  das  mãos  ______________________________________________ 63
       6.4.2.     Aplicação  de  anti-­‐‑séptico  que  dispensa  enxágüe  (à  base  de  álcool)  _____ 64
       6.4.3.     Anti-­‐‑sepsia  cirúrgica  das  mãos  ____________________________________ 64
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 66

7.  EQUIPAMENTOS  DE  PROTEÇÃO  INDIVIDUAL   _______________________69


  7.1.    Tipos  e  Indicações  de  EPIs  para  os  profissionais  da  equipe  de                                                                      
                           saúde  odontológica  ___________________________________________________ 70
       7.1.1.     EPI  para  proteção  da  cabeça  ______________________________________ 70
       7.1.2.  EPI  para  proteção  dos  olhos  e  da  face  _______________________________ 70
       7.1.3.  EPI  para  proteção  do  tronco  _______________________________________ 71
       7.1.4.  EPI  para  proteção  dos  membros  superiores  __________________________ 72
       7.1.5.  EPI  para  proteção  dos  membros  inferiores   __________________________ 73
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 74

8.  FLUXO  E  PROCESSAMENTO  DE  ARTIGOS  ___________________________75


  8.1.  Limpeza  de  artigos  ____________________________________________________ 76
      8.1.1.     Tipos  de  limpeza  ________________________________________________ 76
  8.2.  Enxágüe   ________________________________________________________ 77
  8.3.  Inspeção  visual  _______________________________________________________ 77
  8.4.  Secagem   ________________________________________________________ 77
  8.5.  Métodos  de  processamento  _____________________________________________ 78
  8.6.  Desinfecção   __________________________________________________________ 78
  8.7.  Empacotamento/seleção  de  embalagens  __________________________________ 78
  8.8.  Esterilização  de  artigos   ________________________________________________ 80
       8.8.1.     Processo  físico  __________________________________________________ 80
       8.8.2.     Processos  químicos  ______________________________________________ 81
  8.9.    Armazenamento  dos  artigos  esterilizados  ________________________________ 82
  8.10.  Validade  de  esterilização  ______________________________________________ 82
  8.11.  Monitoramento  da  esterilização  ________________________________________ 82
         8.11.1.  Monitoramento  físico  ___________________________________________ 83
         8.11.2.  Monitoramento  químico   ________________________________________ 83
         8.11.3.  Monitoramento  biológico   _______________________________________ 84
   8.12.  Manutenção  da  autoclave  _____________________________________________ 85
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 86

9.  PROCESSAMENTO  DE  SUPERFÍCIES,  LINHAS  DE  ÁGUA,                                                                        


       ROUPARIA  E  LIMPEZA  GERAL  ____________________________________89
  9.1.  Superfícies  e  componentes  dos  equipamentos  odontológicos  ________________ 89
  9.2.  Linhas  de  água   _______________________________________________________ 90
  9.3.  Rouparia   ________________________________________________________ 93
  9.4.    Limpeza  geral  ________________________________________________________ 94
       9.4.1.  Recomendações  para  limpeza   _____________________________________ 94
       9.4.2.  Orientações  de  limpeza  e  desinfecção  na  presença  de  matéria  orgânica  __ 95
  Bibliografia  ______________________________________________________________ 97

10.  ANTIBIOTICOPROFILAXIA  EM  ODONTOLOGIA  _____________________99


  10.1.  Indicações  de  antibioticoprofilaxia   ____________________________________ 100
         10.1.1    Prótese  ortopédica   ____________________________________________ 100
         10.1.2.  Procedimentos  de  alto  risco  e  indicação  de  profilaxia   ______________ 101
         10.1.3.  Procedimentos  de  baixo  risco  –  profilaxia  não  indicada  _____________ 101
  10.2.  Endocardites  bacterianas  _____________________________________________ 102
         10.2.1.  Antibioticoprofilaxia  para  a  prevenção  de  endocardites  bacterianas  __ 104
  Bibliografia  _____________________________________________________________ 105

11.  O  ÓRGÃO  DENTAL  E  A  IMPORTÂNCIA  DOS  BANCOS  DE  DENTES  ______107


  11.1.  Banco  de  dentes  _____________________________________________________ 107
         11.1.1.  Manuseio  dos  dentes  doados   ___________________________________ 108
         11.1.2.  Consentimento  livre  e  esclarecido  e  termo  de  doação   ______________ 108
         11.1.3.  Emprego  de  órgãos  dentais  provenientes  de  banco  de  dentes   _______ 108
   11.2.  Comércio  ilegal  _____________________________________________________ 109
   11.3.  Aspectos  legais  _____________________________________________________ 109
12.  GERENCIAMENTO  DE  RESÍDUOS  EM  SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS  ____113
  12.1.  Resíduos  biológicos   _________________________________________________ 113
  12.2.  Resíduos  químicos  __________________________________________________ 115
  12.3.  Resíduos  perfurocortantes  ou  escarificantes   ____________________________ 117
  12.4.  Resíduos  comuns   ___________________________________________________ 117
  12.5.  Plano  de  gerenciamento  de  resíduos  de  serviços  odontológicos   ___________ 118
  Bibliografia  _____________________________________________________________ 119

13.  PROTEÇÃO  RADIOLÓGICA   ____________________________________121


  13.1.  Requisitos  para  o  licenciamento  _______________________________________ 121
  13.2.  Requisitos  para  a  aprovação  do  projeto  de  construção  das  instalações  ______ 121
  13.3.  Requisitos  de  organização  ____________________________________________ 124
  13.4.  Responsabilidades  básicas  ____________________________________________ 125
  13.5.  Registros  e  arquivos  _________________________________________________ 126
  13.6.  Ambientes   _______________________________________________________ 127
  13.7.  Equipamentos  de  raios  X  _____________________________________________ 128
         13.7.1.  Requisitos  básicos  _____________________________________________ 128
         13.7.2.  Características  específicas  ______________________________________ 129
   13.8.  Procedimentos  de  segurança  _________________________________________ 131
   13.9.  Proteção  do  operador  e  equipe   _______________________________________ 132
   13.10.  Processamento  do  filme   ____________________________________________ 133
   13.11.  Dosímetro  individual   ______________________________________________ 134
   13.12.  Controle  de  qualidade  ______________________________________________ 135
  Bibliografia  _____________________________________________________________ 136

14.  MANUTENÇÃO  PREVENTIVA  DE  EQUIPAMENTOS  ODONTOLÓGICOS  ___137


  14.1.  Tipos  de  manutenção  ________________________________________________ 139
  14.2.  Recomendações  para  a  implantação  de  um  programa  de                                                                                    
                               manutenção  preventiva  em  equipamentos  odontológicos   ________________ 139
  14.3.  Equipamentos  ______________________________________________________ 140
  14.4.  Manutenção  externa  _________________________________________________ 141
  14.5.  Recomendações  para  a  descontinuação  de  equipamentos  odontológicos  ____ 141
  14.6.  Alguns  benefícios  da  manutenção  preventiva  ___________________________ 141

GLOSSÁRIO    __________________________________________________149
PREFÁCIO

Com  o  intuito  de  subsidiar  as  equipes  profissionais  no  repensar  de  sua  prática  
na  atenção  à  saúde  bucal  e  de  apoiar  as  vigilâncias  sanitária  e  epidemiológica  em  
suas  ações,  a  Secretaria  de  Atenção  à  Saúde,  do  Ministério  da  Saúde,  e  a  Agên-­‐‑
cia  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  elaboraram  este  livro  com  foco  nas  questões  
mais  emergentes  de  prevenção  e  controle  dos  riscos  em  serviços  odontológicos.
Entendemos  ser  próprio  do  Estado  o  incentivo  para  a  concretização  e  a  difusão  
do  conhecimento  técnico,  fomentando  a  cooperação  e  a  responsabilização  como  
valores  intrínsecos  às  ações  de  controle  e  prevenção  de  riscos.  Esperamos,  com  
esta  publicação,  promover  a  revisão  de  práticas  profissionais,    disponibilizando  
conhecimentos   técnico-­‐‑científicos   atualizados   que   abrangem   temas   relaciona-­‐‑
dos  ao  controle  de  infecção  e  de  doenças  transmissíveis,  bem  como  a  adequa-­‐‑
ções  de  infra-­‐‑estrutura  no  campo  dos  serviços  odontológicos.
A  equipe  interdisciplinar  envolvida  na  construção  deste  livro  destacou  questões  
relacionadas  às  normas  de  biossegurança  e  à  legislação  sanitária,  buscando  con-­‐‑
densar   o   conhecimento   e   a   visão   institucional   acerca   do   tema.  A   iniciativa   foi  
pautada  nas  diretrizes  da  atual  Política  Nacional  de  Saúde  Bucal  e  demonstra  a  
preocupação  com  a  adoção  de  medidas  seguras  para  uma  prática  responsável,  o  
que  contribui  para  a  reorganização  das  ações  e  serviços  de  Odontologia.
Acreditamos  que  esta  publicação  será  um  importante  instrumento  de  apoio  aos  
profissionais  que,  na  realização  das  práticas  ou  na  vigilância  delas,  lidam,  dia-­‐‑
a-­‐‑dia,  com  os  riscos  inerentes  aos  serviços  de  promoção,  proteção  e  assistência  
odontológica  à  população.  

José  Gomes  Temporão  -­‐‑  Secretaria  de  Atenção  à  Saúde/MS


Cláudio  Maierovitch  Pessanha  Henriques  -­‐‑  Anvisa
I
1.  INTRODUÇÃO

A  Odontologia,  como  as  demais  ciências  da  área  da  saúde,  percorreu  várias  etapas  
no  decorrer  de  sua  evolução,  iniciando  com  o  empirismo,  na  Idade  Antiga,  pas-­‐‑
sando  pelo  Pré-­‐‑cientificismo,  nos  séculos  XVI  e  XVII,  até  o  surgimento  de  escolas  
especializadas  na  prática  odontológica,  chegando  assim  à  fase  Científica.  A  his-­‐‑
tória  da  Odontologia,  em  seus  primórdios,  não  pode  ser  traçada  separadamente,  
uma  vez  que  está  interligada  com  o  desenvolvimento  das  ciências  médicas.
Na  Odontologia,  por  suas  particularidades,  intensificou-­‐‑se  a  busca  do  conheci-­‐‑
mento  visando  a  prevenção  da  infecção  cruzada  no  atendimento  ambulatorial.  
O  Conselho  Federal  e  alguns  Conselhos  Regionais  de  Odontologia  da  Federação  
e  Secretarias  Estaduais  e  Municipais  de  Saúde  criaram  manuais  de  controle  de  
infecção  voltados  à  Odontologia.  
Os  gestores  de  saúde  vêm  se  conscientizando  da  importância  da  incorporação  de  
tecnologias  apropriadas  para  o  controle  de  infecção  e  biossegurança,  provendo  
recursos  para  a  melhoria  da  assistência  e  promovendo  a  educação  permanente  
das  equipes  e  da  população.

15

ANVISA
II
2.  INFRA-­‐‑ESTRUTURA  FÍSICA

Flávio  de  Castro  Bicalho  


Regina  Maria  Gonçalves  Barcellos
Sandro  Martins  Dolghi

As  edificações  que  abrigam  a  prestação  de  serviços  odontológicos  se  caracteri-­‐‑


zam  pela  intensa  relação  mantida  entre  suas  funções  e  seus  ambientes,  definin-­‐‑
do,  assim,  a  infra-­‐‑estrutura  necessária  e  adequada  ao  desenvolvimento  de  suas  
atividades.
A  infra-­‐‑estrutura  física  apóia-­‐‑se  em  bases  técnicas,  assumindo  a  conjugação  en-­‐‑
tre   condutas   funcionais   e   soluções   arquitetônicas   e   de   engenharia,   de   modo   a  
minimizar  os  riscos  ou  preveni-­‐‑los,  contribuindo  para  a  qualidade  da  assistência  
prestada.
Para  a  elaboração  do  projeto  físico  do  serviço  odontológico  devem  ser  seguidas  
as  orientações  constantes  na  RDC/Anvisa  n.º  50,  de  21  de  fevereiro  de  2002,  e  suas  
atualizações,  e  legislação  vigente  no  estado  e  município  de  sua  localização.  

2.1.  EXECUÇÃO  DO  PROJETO

Ao  se  projetar  o  ambiente  de  atendimento  odontológico,  é  fundamental  efetuar  


um  estudo  do  espaço  físico,  das  instalações  hidrossanitárias,  elétricas,  de  gases  
medicinais   e   a   distribuição   dos   equipamentos   odontológicos   fixos   e   móveis.  A  
simplificação  obtida  com  a  racionalização  do  espaço  físico  constitui  um  elemento  
importante  na  produtividade,  à  medida  que,  bem  planejada,  permite  a  redução  
de  tempo  e  movimentos  na  execução  das  atividades.

2.2.  APROVAÇÃO  DO  PROJETO

Todo  projeto  arquitetônico  de  um  serviço  odontológico  público  ou  privado  deve  
ser  avaliado  e  aprovado  pela  vigilância  sanitária  local  previamente  à  execução  da  
obra,  assim  como  as  áreas  de  estabelecimentos  já  existentes  e  dos  anteriormente  

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ANVISA
não  destinados  a  serviço  odontológico  a  serem  ampliadas  e/ou  reformadas,  que  
ficam  condicionadas  ao  cumprimento  das  disposições  contidas  na  RDC/Anvisa  
n.º  50,  de  21  de  fevereiro  de  2002,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.        

2.3.  DIMENSIONAMENTO

Conforme  a  RDC/Anvisa  n.º  50/02,  o  consultório  odontológico  individual  deve  


possuir  área  mínima  de  9  m2.  Para  consultórios  coletivos,  a  área  mínima  depende  
do  número  e  da  quantidade  de  equipamentos  utilizados,  devendo  possuir  uma  
distância  mínima  livre  de  0,8  m  na  cabeceira  e  de  1  m  nas  laterais  de  cada  cadeira  
odontológica.  Entre  duas  cadeiras,  a  distância  mínima  deve  ser  de  2  m,  para  per-­‐‑
mitir  a  circulação  dos  profissionais  e  minimizar  a  contaminação  por  aerossóis.  
Devem   dispor   de   instalações   hidráulicas   (água   fria   e   esgoto),   elétricas   (pontos  
de   força   e   iluminação),   iluminação   natural   ou   artificial,   ventilação   natural   ou  
forçada    e,  caso  necessário,  gases  medicinais  (oxigênio,  ar  comprimido  e  vácuo  
medicinal).
Os  consultórios  odontológicos  devem  ainda  possuir  os  seguintes  ambientes  de  
apoio:

a)    Sala  de  espera  para  pacientes  e  acompanhantes  com  área  mínima  de  1,2  
m2  por  pessoa.
b)  Depósito  de  material  de  limpeza  (DML)  com  área  mínima  de  2  m2  e  di-­‐‑
mensão  mínima  de  1  m,  equipado  com  tanque.
c)    Sanitário(s)  para  pacientes  e  público  com  área  mínima  de  1,6  m2  e  dimen-­‐‑
são  mínima  de  1  m.
d)  Central  de  material  esterilizado  (CME)  simplificada  com  dois  ambientes  
contíguos,  a  saber:
•    ambiente  sujo  -­‐‑  sala  de  lavagem  e  descontaminação  de  materiais  com  ban-­‐‑
cada,   pia   e   guichê   para   a   área   limpa   (sala   de   esterilização   de   material),  
com  área  mínima  de  4,8  m2.
•     ambiente   limpo   -­‐‑   sala   de   preparo/esterilização/estocagem   de   material,  
com  bancada  para  equipamentos  de  esterilização,  armários  para  guarda  
de  material  e  guichê  para  distribuição  de  material,  com  área  mínima  de  
4,8  m².  

Deve  ser  observado  o  seguinte  fluxo  de  trabalho  em  CMEs  de  serviços  odonto-­‐‑
lógicos:

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Recebimento  de  material  sujo    >    separação  e  lavagem  de  material    >    
preparo  de  material    >    esterilização    >    armazenamento  e  distribuição

As   atividades   de   recebimento,   limpeza,   lavagem   e   separação   de   materiais   são  


consideradas  “sujas”  e,  portanto,  devem  ser  realizadas  em  ambiente(s)  próprio(s)  
e  exclusivo(s)  e  com  paramentação  adequada,  mediante  a  colocação  dos  seguin-­‐‑
tes  EPIs:  avental  plástico,  máscara,  gorro,  calçados  fechados,  óculos  e  luvas  gros-­‐‑
sas  de  borracha  (não  cirúrgicas).  Entretanto,  deve-­‐‑se  permitir  a  passagem  direta  
dos  materiais  entre  esse(s)  ambiente(s)  e  os  demais  ambientes  “limpos”  através  
de  guichê  ou  similar.
São  considerados  ambientes  opcionais:

a)    Sanitários  para  funcionários  com  área  mínima  de  1,6  m2  e  dimensão  míni-­‐‑
ma  de  1m.
b)  Depósito   de   equipamentos/materiais   com   área   mínima   a   depender   dos  
tipos  de  equipamentos  e  materiais.
c)    Sala  administrativa  com  área  mínima  de  5,5  m2  por  pessoa.
d)  Copa  com  área  mínima  de  2,6  m2  e  dimensão  mínima  de  1,15  m.

Consultórios  odontológicos  individuais  podem  dispensar  a  CME  simplificada  e  


possuir,  no  mesmo  ambiente,  uma  bancada  com  pia  e  equipamentos  de  esterili-­‐‑
zação,  desde  que  sejam  estabelecidas  rotinas  de  assepsia  e  manuseio  de  materiais  
a  serem  esterilizados  (barreira  técnica).  
Nos  consultórios  odontológicos  individuais  instalados  em  edificações  de  uso  co-­‐‑
letivo,  como  edifícios  comerciais,  o  DML  pode  ser  substituído  por  um  carrinho  
de  limpeza,  desde  que  a  edificação  possua  área  específica  onde  seja  realizada  a  
rotina  de  higienização  dos  carrinhos  e  dos  materiais  utilizados.  

2.4.  MATERIAIS  DE  ACABAMENTO

Os  materiais  de  acabamento  para  pisos,  paredes  e  tetos  devem  obedecer  ao  pre-­‐‑
conizado  na  RDC/Anvisa  n.º  50,  de  21  de  fevereiro  de  2002,  Capítulo  6,  Condi-­‐‑
ções  Ambientais  de  Controle  de  Infecção,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.
Os  materiais  para  o  revestimento  de  paredes,  pisos  e  tetos  de  ambientes  de  áreas  
críticas  e  semicríticas  devem  ser  resistentes  à  lavagem  e  ao  uso  de  desinfetantes.  

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ANVISA
Devem  ser  sempre  priorizados  materiais  de  acabamento  que  tornem  as  superfí-­‐‑
cies  monolíticas,  ou  seja,  não  possuam  ranhuras  ou  perfis  estruturais  aparentes,  
mesmo  após  o  uso  e  limpeza  freqüente.
 Os  materiais,  cerâmicos  ou  não,  quando  usados  nas  áreas  críticas,  não  podem  
possuir   índice   de   absorção   de   água   superior   a   4%,   individualmente   ou   depois  
de  instalados  no  ambiente,  além  do  que  o  rejunte  de  suas  peças,  quando  existir,  
também  deve  ser  de  material  com  esse  mesmo  índice  de  absorção.  O  uso  de  ci-­‐‑
mento  sem  qualquer  aditivo  antiabsorvente  para  rejunte  de  peças  cerâmicas  ou  
similares  é  vedado  tanto  nas  paredes  quanto  nos  pisos  das  áreas  críticas.
As  tintas  elaboradas  à  base  de  epóxi,  PVC,  poliuretano  ou  outras  destinadas  a  
áreas  molhadas  podem  ser  utilizadas,  nas  áreas  críticas,  nos  pisos,  paredes  e  te-­‐‑
tos,  desde  que  sejam  resistentes  à  lavagem,  ao  uso  de  desinfetantes  e  não  sejam  
aplicadas  com  pincel.  Quando  utilizadas  no  piso,  devem  resistir  também  à  abra-­‐‑
são  e  aos  impactos.  
O   uso   de   divisórias   removíveis   nas   áreas   críticas   não   é   permitido.   Entretanto,  
paredes  pré-­‐‑fabricadas  podem  ser  usadas,  desde  que,  quando  instaladas,  tenham  
acabamento  monolítico.  Nas  áreas  semicríticas,  as  divisórias  só  podem  ser  uti-­‐‑
lizadas  se  forem,  também,  resistentes  ao  uso  de  desinfetantes  e  à  lavagem  com  
água  e  sabão.  Nas  áreas  críticas  e  semicríticas,  não  deve  haver  tubulações  apa-­‐‑
rentes  nas  paredes  e  tetos.  Quando  estas  não  forem  embutidas,  devem  ser  prote-­‐‑
gidas,  em  toda  sua  extensão,  por  um  material  resistente  a  impactos,  à  lavagem  e  
ao  uso  de  desinfetantes.
A  execução  da  junção  entre  o  rodapé  e  o  piso  deve  ser  de  tal  forma  que  permita  
a  completa  limpeza  do  canto  formado.  Rodapés  com  arredondamento  acentuado  
são  de  difícil  execução  e  em  nada  facilitam  o  processo  de  limpeza  do  local.  Espe-­‐‑
cial  atenção  deve  ser  dada  à  união  do  rodapé  com  a  parede,  de  modo  que  os  dois  
estejam  alinhados,  evitando-­‐‑se  o   tradicional   ressalto   do  rodapé,   que   permite   o  
acúmulo  de  pó.
Os  tetos  em  áreas  críticas  devem  ser  contínuos,  sendo  proibido  o  uso  de  forros  
falsos  removíveis,  do  tipo  que  interfira  na  limpeza  dos  ambientes.  Nas  demais  
áreas,  pode-­‐‑se  utilizar  o  forro  removível,  inclusive  por  razões  ligadas  à  manu-­‐‑
tenção,  desde  que  nas  áreas  semicríticas  eles  sejam  resistentes  aos  processos  de  
limpeza  e  desinfecção.
Para  proteção  contra  o  sol  e  redução  do  acúmulo  de  poeira,  o  uso  de  películas  
protetoras  nos  vidros  ou  brises  soleils  de  fachada  é  o  mais  recomendado.  A  uti-­‐‑
lização  de  persianas  e  cortinas  em  serviços  odontológicos  é  permitida,  porém  a  
limpeza  deve  ser  efetuada  com  maior  rigor  e  rotineiramente.  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


2.5.  INSTALAÇÕES  ELÉTRICAS  E  ILUMINAÇÃO

As   instalações   elétricas   de   equipamentos   associados   à   operação   e/ou   controle  


de   sistemas   de   climatização,   equipamentos   odontológicos   e   as   instalações   elé-­‐‑
tricas  para  os  serviços  odontológicos  devem  ser  projetadas,  executadas,  testadas  
e  mantidas  em  conformidade  com  as  normas  ABNT  NBR  5410  –  Instalações  elé-­‐‑
tricas  de  baixa  tensão  e  NBR  13.534  –  Instalações  elétricas  em  estabelecimentos  
assistenciais  de  saúde  –  Requisitos  de  segurança  e  RDC/Anvisa  n.º  50,  de  21  de  
fevereiro  de  2002.
Os  serviços  odontológicos  devem  ser  providos  de  sistema  de  iluminação  artificial  
que  possibilite  boa  visibilidade,  sem  ofuscamentos  ou  sombras  em  todos  os  am-­‐‑
bientes  onde  os  pacientes  são  atendidos.
Recomenda-­‐‑se   a   utilização   de   lâmpadas   fluorescentes   e   luminárias   dotadas   de  
refletores  para  melhor  distribuição  da  luz,  e  aletas  que  impeçam  a  iluminação  di-­‐‑
reta  excessiva  e  possuam  dispositivos  antiofuscamento,  obtendo-­‐‑se  um  nível  de  
iluminação  de  15.000  lux,  observando-­‐‑se  o  disposto  na  norma  ABNT  NBR  5413  
–  Iluminância  de  interiores.
Os  circuitos  elétricos  de  iluminação  e  de  alimentação  dos  pontos  de  força,  bem  
como   seus   respectivos   dispositivos   de   proteção   e   seccionamento,   devem   ser  
distintos  e  dimensionados  conforme  sua  capacidade  de  condução  de  corrente  
elétrica.  
Devem  ser  instalados  vários  pontos  de  força,  distribuídos  ao  longo  da  bancada,  
em  quantidade  suficiente  para  a  alimentação  elétrica  dos  diversos  equipamentos  
do  consultório,  não  sendo  admitida  a  utilização  de  um  mesmo  ponto  para  ali-­‐‑
mentação  de  diversos  equipamentos  por  meio  de  extensões,  tomadas  múltiplas  
ou  benjamins  (tês).  
Se,   no   levantamento   das   cargas   instaladas,   a   carga   total   for   superior   a   16   mil    
wa s,  deve  ser  providenciada  uma  instalação  trifásica,  devidamente  balanceada.
As  instalações  elétricas  devem  ser  embutidas  ou  protegidas  por  material  resisten-­‐‑
te  a  impactos,  à  lavagem  e  ao  uso  de  desinfetantes,  para  que  não  haja  depósitos  
de  sujidades  em  sua  extensão.

2.6.  SISTEMAS  DE  CLIMATIZAÇÃO

Os  serviços  odontológicos  devem  possuir  ventilação  natural  ou  forçada,  para  evi-­‐‑
tar  o  acúmulo  de  fungos  (bolores),  gases  e  vapores  condensados,  sendo  que  sua  
eliminação  não  deve  causar  danos  ou  prejuízos  às  áreas  próximas.
Os  equipamentos  de  ar  condicionado  de  janela  e  minisplits  apresentam  o  incon-­‐‑

21

ANVISA
veniente  de  não  efetuar  a  renovação  do  ar  necessária  para  a  manutenção  de  uma  
boa  qualidade  do  ar  ambiente  de  interiores,  conforme  preconizado  na  Portaria  
GM/MS  n.º  3.523,  de  28  de  agosto  de  1998,  e  RE/Anvisa  n.º  9,  de  16  de  janeiro  de  
2003,  ou  as  que  vierem  substituí-­‐‑las.  Esses  equipamentos  somente  podem  ser  ins-­‐‑
talados  nos  serviços  odontológicos  acompanhados  por  um  sistema  de  ventilação  
e/ou  exaustão  complementar,  garantindo,  dessa  forma,  a  renovação  de  ar  exterior  
necessária  nesses  ambientes.  
Caso  o  estabelecimento  de  assistência  odontológica  opte  pela  instalação  de  siste-­‐‑
ma  de  climatização,  deverá  seguir  as  seguintes  recomendações:

a)    As  instalações  de  climatização  para  os  serviços  odontológicos  devem  ser  
projetadas,  executadas,  testadas  e  mantidas  conforme  as  recomendações  
das   normas  ABNT   NBR   6401   –   Instalações   centrais   de   ar   condicionado  
para  conforto  –  Parâmetros  básicos  de  projeto  e  NBR  7256  –  Tratamento  
de  ar  em  estabelecimentos  assistenciais  de  saúde  e  da  RDC/Anvisa  n.º  50,  
de  21  de  fevereiro  de  2002.
b)  O  sistema  de  climatização  para  os  serviços  odontológicos  deve  ser  adequa-­‐‑
damente  dimensionado,  por  profissional  especializado,  de  modo  a  prover  
uma  vazão  mínima  de  ar  exterior  de  6  (m3/h)/m2  e  uma  vazão  mínima  de  
ar  total  de  18  (m3/h)/m2.  A  temperatura  ambiente  deve  ser  mantida  entre  
21ºC  e  24ºC,  e  a  umidade  relativa  do  ar  entre  40%  e  60%.  Os  equipamentos  
devem  possuir,  no  mínimo,  filtros  classe  G3  no  insuflamento.
c)    As  tomadas  de  ar  exterior  devem  ser  localizadas  de  forma  a  evitar  a  aspi-­‐‑
ração  de  descargas  de  exaustão  de  cozinhas,  sanitários,  laboratórios,  la-­‐‑
vanderia  e  também  a  evitar  a  proximidade  a  depósitos  de  lixo,  centrais  de  
gás  combustível,  grupos  geradores,  centrais  de  vácuo,  estacionamentos,  
bem  como  de  outros  locais  onde  haja  possibilidade  de  emanação  de  agen-­‐‑
tes  poluidores  ou  gases  nocivos,  estabelecendo  uma  distância  mínima  de  
oito  metros  desses  locais.  As  tomadas  de  ar  exterior  deverão  ser  providas,  
no  mínimo,  de  filtros  classe  G3  e  dotadas  de  telas  de  proteção  de  material  
resistente  à  corrosão.
d)  Os  dutos  de  ar,  quando  utilizados,  devem  ser  unidos  por  meio  de  juntas  
flangeadas,  à  prova  de  vazamentos.  As  dobras,  conexões  e  acessórios  dos  
dutos   também   devem   ser   estanques.   Todo   retorno   de   ar   deve   ser   feito  
através  de  dutos,  sendo  vedado  o  retorno  através  do  forro  (plenum).
e)  A  instalação  e  a  manutenção  de  equipamentos  de  pequeno  porte,  como  
aparelhos  de  janela  e  minisplits,  devem  ser  efetuadas  conforme  preconi-­‐‑
zado   nos   manuais   do   fabricante.   A   manutenção   de   equipamentos   e/ou  
instalações   de   capacidade   igual   ou   superior   a   5   TRs   (15.000   kcal/h   =    
60.000  Btu/h)  deverá  ser  efetuada  sempre  sob  a  supervisão  de  engenheiro  
mecânico  (responsável  técnico)  habilitado  pelo  CREA  para  tal  fim,  obser-­‐‑
vando-­‐‑se   os   critérios   da   Portaria   GM/MS   n.º   3.523,   de   28   de   agosto   de  
1998,  e  RE/Anvisa  n.º  9,  de  16  de  janeiro  de  2003.
22

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


2.7.  ABASTECIMENTO  DE  ÁGUA

Os  serviços  odontológicos  devem  ser  abastecidos  com  água  ligada  à  rede  pública  
ou  possuir  abastecimento  próprio,  com  registro  da  nascente,  suficiente  em  volu-­‐‑
me  ou  pressão  e  sistema  de  cloração.  A  água  deve  possuir  grau  de  potabilidade  
de  acordo  com  a  Portaria  MS  n.º  518,  de  25  de  março  de  2004,  ou  a  que  vier  subs-­‐‑
tituí-­‐‑la.   Todos   os   serviços   devem   ser   providos   de   reservatórios   de   água   (caixa  
d’água)   com   capacidade   mínima   correspondente   ao   consumo   de   dois   dias   ou  
mais,  em  função  da  confiabilidade  do  sistema.  
Os  reservatórios,  quando  subterrâneos,  devem  ser  protegidos  contra  infiltrações  de  
qualquer  natureza  e  dispor  de  tampa  para  facilitar  o  acesso  à  inspeção  e  limpeza.  
Recomenda-­‐‑se  efetuar  a  limpeza  periódica  dos  reservatórios  e  a  análise  da  quali-­‐‑
dade  da  água,  por  firmas  idôneas,  a  cada  seis  meses.
 

2.8.  INSTALAÇÕES  HIDROSSANITÁRIAS

As  instalações  de  água  fria  para  os  serviços  odontológicos  devem  ser  projetadas,  
executadas,  testadas  e  mantidas  em  conformidade  com  a  norma  ABNT  NBR  5626  
–  Instalação  predial  de  água  fria.  Caso  utilizadas,  as  instalações  de  água  quente  
devem  seguir  o  preconizado  na  norma  ABNT  NBR  7198  –  Projeto  e  execução  de  
instalações  prediais  de  água  quente.
As  instalações  sanitárias  devem  ser  providas  de,  no  mínimo,  vaso  sanitário  e  la-­‐‑
vatório.  Junto  aos  lavatórios  deve  existir  sempre  um  recipiente  ou  equipamento  
para   dispensação   de   sabão   líquido,   além   de   recursos   para   secagem   das   mãos  
(porta  papel-­‐‑toalha)  e  lixeira  com  tampa,  acionada  por  pedal.  
Devem  ser  instalados  dentro  do  consultório,  no  mínimo,  um  lavatório  exclusivo  
para  a  lavagem  das  mãos  e  uma  pia  com  bancada  para  a  lavagem  do  instrumental  
com  distância  compatível  entre  elas,  ou  barreira  para  que  respingos  da  pia  para  
lavagem  do  instrumental  não  contamine  a  de  lavagem  de  mãos.  Nos  ambientes  
que  executem  procedimentos,  os  lavatórios  devem  possuir  torneiras  ou  coman-­‐‑
dos  do  tipo  que  dispensem  o  contato  das  mãos  quando  da  abertura  e  fechamento  
da  água,  e  recipiente  com  anti-­‐‑séptico  para  a  higienização  das  mãos.  
As  instalações  para  esgoto  sanitário  devem  ser  projetadas,  executadas,  testadas  
e  mantidas  em  conformidade  com  a  norma  ABNT  NBR  8160  –  Sistemas  prediais  
de  esgoto  sanitário  –  Projeto  e  execução.
Caso  a  região  onde  o  serviço  odontológico  estiver  localizado  tenha  rede  pública  
de  coleta  e  tratamento  de  esgoto,  todo  o  esgoto  pode  ser  lançado  nessa  rede  sem  
qualquer   tratamento.   Não   havendo   rede   de   coleta   e   tratamento,   todo   o   esgoto  
terá  que  receber  tratamento  antes  de  ser  lançado  em  rios,  lagos,  etc.
23

ANVISA
Deve   ser   prevista   a   instalação   de   pontos   de   coleta   dos   efluentes   líquidos   para  
captação  de  detritos  dos  equipamentos,  lavatórios,  pias,  torneiras,  ralos  e  pontos  
de  dreno  para  o  sistema  de  vácuo  do  serviço  odontológico.
O  sistema  de  esgoto  deve  ser  projetado  com  desnível  suficiente  para  escoar  todo  
o  volume  de  detritos  apenas  pela  ação  da  gravidade,  ou  seja,  diferencial  de  altura  
constante  em  todo  o  percurso.  A  tubulação  utilizada  deve  possuir,  no  mínimo,    
40  mm  de  diâmetro.

2.9.  PROTEÇÃO  RADIOLÓGICA

As  instalações  para  as  salas  de  raios  X  de  serviços  odontológicos  devem  ser  exe-­‐‑
cutadas  conforme  as  recomendações  da  Portaria  SVS/MS  n.º  453,  de  01  de  junho  
de  1998,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.  Maiores  informações  estão  descritas  no  capí-­‐‑
tulo  13  deste  manual.

2.10.  GASES  MEDICINAIS

As  instalações  de  gases  medicinais  para  os  serviços  odontológicos  devem  ser  exe-­‐‑
cutadas  conforme  as  recomendações  da  RDC/Anvisa  n.º  50,  de  21  de  fevereiro  
de  2002,  e  da  norma  ABNT  NBR  12.188  –  Sistemas  centralizados  de  oxigênio,  ar  
comprimido,  óxido  nitroso  e  vácuo  para  uso  medicinal  em  estabelecimentos  de  
saúde.
Além  disso,  devem  seguir  as  seguintes  recomendações  referentes  à  utilização  de  
cilindros  de  gases  medicinais:

a)    Os   cilindros   de   gases   medicinais   devem   ser   armazenados   em   um   local  


ventilado  de  forma  natural,  protegidos,  mantidos  na  posição  vertical  e  de-­‐‑
vem  possuir  dispositivos  de  segurança  de  forma  a  evitar  quedas  ou  tomba-­‐‑
mentos.  Os  cilindros  e  as  mangueiras  devem  possuir  cores  diferenciadas  e  
facilmente  identificáveis.  As  conexões  para  as  linhas  dos  diferentes  tipos  
de  gases  não  podem  ser  intercambiáveis,  devendo  possuir  dimensões  di-­‐‑
ferenciadas,  de  forma  a  evitar  trocas  indevidas  dos  cilindros.
b)  Os  cilindros  de  gases  medicinais  devem  ser  transportados  na  posição  ver-­‐‑
tical,    em  carrinhos  específicos  utilizados  para  transporte  de  cilindros  de  
gases  medicinais,  equipados  com  sistemas  de  suporte  e  fixação  do  cilin-­‐‑
dro,  de  forma  a  evitar  quedas.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


O  compressor  de  ar  do  equipo  odontológico  não  deve  ser  instalado  no  banheiro;  
deve   estar   localizado   em   lugar   arejado,   de   preferência   fora   do   consultório.  As  
boas   práticas   de   projeto   recomendam   que   ele   seja   instalado   em   ambiente   com  
tomada  externa  de  ar  e  que  possua  proteção  para  combater  a  repercussão  acústi-­‐‑
ca  causada  pelo  motor.  Atualmente,  existem  compressores  de  ar  silenciosos  que  
podem  permanecer  dentro  da  sala  clínica  e  que  são  providos  de  filtros  de  ar  co-­‐‑
alescentes,  com  maior  capacidade  de  filtração,  fazendo  maior  purificação  do  ar  
comprimido.  
Caso  seja  instalado  em  ambiente  sem  captação  direta  de  ar  externo,  o  compressor  
deverá  estar  acoplado  através  de  duto  à  tomada  direta  de  ar  externo,  caracteri-­‐‑
zando  uma  ventilação  forçada.  A  instalação  de  filtros  de  ar  bactericidas  e  mais  
finos  no  compressor  não  é  recomendada.  O  equipamento  não  possui  capacidade  
para  vencer  a  barreira  que  seria  criada  pela  instalação  dos  filtros  adequados  para  
garantir  as  condições  da  qualidade  do  ar  a  ser  aspirado  nesse  ambiente.

2.11.  CONTROLE  DO  AR  E  ANALGESIA  INALATÓRIA

O  serviço  odontológico  que  realiza  procedimentos  sob  analgesia  inalatória  deve  


possuir  sistema  de  exaustão  para  diluição  de  resíduos  de  gás  anestésico,  dimen-­‐‑
sionado  por  profissional  especializado,  de  modo  a  prover,  no  mínimo,  20  trocas  
de  ar  por  hora.  O  fluxo  de  ar  deve  ser  unidirecional,  partindo  da  zona  respirató-­‐‑
ria  do  paciente  ao  piso,  para,  em  seguida,  ser  exaurido  ao  meio  externo.
O  ar  exaurido  deve  ser  captado  por  grelhas  de  exaustão  situadas  na  periferia  do  
recinto,  a  20  cm  do  piso  e  a  1  m  da  zona  respiratória  do  paciente,  e  não  deve  retor-­‐‑
nar  a  outros  ambientes  do  serviço  odontológico,  sendo  expelido  ao  meio  externo.  
É  essencial  também  que  não  haja  recirculação  do  ar  ambiente  no  local  onde  se  
realiza  o  procedimento  de  analgesia  inalatória.  
Caso  as  unidades  estejam  implantadas  em  pavimentos  térreos,  o  ar  exaurido  não  
deve  ser  lançado  em  áreas  com  fluxo  de  pessoas,  tais  como  pátios,  calçadas  e  ou-­‐‑
tras  áreas  públicas.  Sempre  que  possível,  o  ar  de  exaustão  deve  ser  descarregado  
2  m  acima  do  telhado  e  com  o  jato  na  vertical,  evitando-­‐‑se  risco  ou  incômodo  para  
os  edifícios  vizinhos  ou  para  o  próprio  edifício.  
O  aparelho  de  exaustão  deve  ser  fixado  em  alvenaria,  evitando-­‐‑se  sua  instalação  
em  esquadrias  ou  outras  superfícies  passíveis  de  vibração.  A  vibração  e  o  nível  
de  ruído  gerado  não  devem  exceder  35db.  O  sistema  deve  observar  os  níveis  de  
ruídos  estabelecidos  pela  norma  ABNT  NBR  6401.
Recomenda-­‐‑se  o  insuflamento  de  ar  externo  por  meio  de  grelhas  localizadas  no  
teto  que  direcionam  o  fluxo  de  ar  para  baixo,  garantindo  a  mistura  correta  e  di-­‐‑
luição  do  gás  anestésico  inutilizado.

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ANVISA
Poderá  ser  adotado  o  controle  de  temperatura,  visando  garantir  condições  míni-­‐‑
mas  de  conforto  ao  paciente  e  à  equipe  odontológica.  O  insuflamento  do  ar  condi-­‐‑
cionado  no  ambiente  deve  ser  projetado  de  modo  a  reduzir  ao  máximo  a  indução  
do  ar  ambiente,  possibilitando  que  o  ar  introduzido  na  parte  central  do  recinto  
gere  o  mínimo  de  turbulência.  Não  é  permitida  a  instalação  de  equipamentos  que  
apresentem  insuflamento  e  retorno  de  ar  na  mesma  unidade,  fazendo  circular  o  
ar  pelo  recinto  e  causando  interferências  no  fluxo  unidirecional.
No  caso  de  sistema  central  de  ar  condicionado,  o  ar  dos  consultórios  não  deve,  
em  qualquer  hipótese,  retornar  ao  sistema.  Esse  sistema  deve  considerar  a  carga  
térmica  gerada  no  processo  de  exaustão  e  troca  mínima  de  ar  (20  trocas  por  hora),  
bem  como  as  características  ambientais  locais.
Não  é  permitida  a  instalação  de  equipamentos  que  apresentem  insuflamento  e  
retorno  de  ar  na  mesma  unidade,  fazendo  circular  o  ar  pelo  recinto  e  causando  
interferências  na  direção  do  fluxo.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


BIBLIOGRAFIA

ANVISA.  Resolução  RDC  n0  189  de  18  de  julho  de  2003.  Todos  os  projetos  de  arquitetura  
de  estabelecimentos  de  saúde  públicos  e  privados  devem  ser  avaliados  e  aprovados  pelas  
vigilâncias  sanitárias  estaduais  ou  municipais  previamente  ao  início  da  obra  a  que  se  re-­‐‑
ferem  os  projetos.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  21  de  julho  de  2003.  Disponível  em:  
h p://e-­‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php

ANVISA.  Resolução  RDC  n0  306  de  7  de  dezembro  de  2004.  Dispõe  sobre  o  Regulamen-­‐‑
to   Técnico   para   o   gerenciamento   de   resíduos   de   serviços   de   saúde.   Diário   Oficial   da  
União,  Brasília,  10  de  dezembro  de  2004.    Disponível  em:  h p://e-­‐‑legis.bvs.br/leisref/pu-­‐‑
blic/home.php

ANVISA.  Resolução  RDC  n0  50  de  21  de  fevereiro  de  2002.  Regulamento  técnico  para  pla-­‐‑
nejamento,  programação,  elaboração  e  avaliação  de  projetos  físicos  de  estabelecimentos  
assistenciais  de  saúde.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  20  de  março  de  2002.  Disponível  
em:  h p://e-­‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php

ANVISA.  Resolução  RE  n0  9  de  16  de  janeiro  de  2003.  Orientação  técnica  revisada  conten-­‐‑
do  padrões  referenciais  de  qualidade  de  ar  interior  em  ambientes  de  uso  público  e  coleti-­‐‑
vo,  climatizados  artificialmente.  A  Resolução  recomenda  o  índice  máximo  de  poluentes  de  
contaminação  biológica  e  química,  além  de  parâmetros  físicos  do  ar  interior.  Prevê  ainda  
métodos  analíticos  e  recomendações  para  controle  e  correção,  caso  os  padrões  de  ar  forem  
considerados  regulares  ou  ruins.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  20  de  janeiro  de  2003.  
Disponível  em:  h p://e-­‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php

BRASIL.  Ministério  da  Saúde,  Portaria  n0  518,  de  25  de  março  de  2004.  Estabelece  os  proce-­‐‑
dimentos  e  responsabilidades  relativos  ao  controle  e  vigilância  da  qualidade  da  água  para  
consumo  humano  e  seu  padrão  de  potabilidade,  e  dá  outras  providências.  Diário  Oficial  
da  União,  Brasília,  26  de  março  de  2004.

BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Segurança  no  Ambiente  Hospitalar,  Brasília,  1995.

BRASIL.  Ministério  da  Saúde,  Portaria  GM/MS  n0  3.523  de  28  de  agosto  de  1998.  Aprova  Re-­‐‑
gulamento  Técnico  contendo  medidas  básicas  referentes  aos  procedimentos  de  verificação  
visual  do  estado  de  limpeza,  remoção  de  sujidades  por  métodos  físicos  e  manutenção  do  
estado  de  integridade  e  eficiência  de  todos  os  componentes  dos  sistemas  de  climatização,  
para  garantir  a  Qualidade  do  Ar  de  Interiores  e  prevenção  de  riscos  à  saúde  dos  ocupantes  
de  ambientes  climatizados.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  31  de  agosto  de  1998.

NATIONAL  INSTITUTE  FOR  OCCUPATIONAL  SAFETY  AND  HEALTH  (NIOSH).  Ha-­‐‑


zard  Control  3:  Control  of  Nitrous  Oxide  in  Dental  Operatories.  Cincinnati,  OH:  U.S.  Pu-­‐‑
blication  No.  96-­‐‑107,  1998.

27

ANVISA
III
3.  DOCUMENTAÇÃO  E  CONDIÇÕES  
PARA  O  FUNCIONAMENTO  DOS  
SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS

Anelise  Krause  Guimarães  Costa  


Cássia  Regina  de  Paula  Paz  
Eliane  Blanco  Nunes  
Erica  Lopes  Ferreira

Para  construir  ou  instalar  serviços  odontológicos,  os  estabelecimentos  ou  as  or-­‐‑
ganizações  afins  que  se  dediquem  à  promoção,  proteção  e  recuperação  da  saúde  
devem  possuir  licença  do  órgão  sanitário  competente,  observadas  as  normas  le-­‐‑
gais  e  regulamentares  pertinentes.
Para  executar  as  atividades  de  assistência  odontológica,  o  serviço  deverá  dispor  de:

3.1.  EQUIPE  ODONTOLÓGICA

A  organização  de  um  processo  de  trabalho  em  equipe,  com  cooperação  e  visão  
integrada  do  usuário,  constitui-­‐‑se  numa  tarefa  diária  de  superação  de  desafios.  
O  que  se  pretende  é  alcançar  os  objetivos  na  construção  de  uma  prática  que  vise  
à  melhoria  contínua  da  qualidade,  sem  fragmentação,  possibilitando  um  melhor  
atendimento  ao  usuário,  conferindo  boas  condições  de  trabalho  à  equipe  odon-­‐‑
tológica  e  diminuindo  os  riscos  da  exposição  aos  agentes  inerentes  à  prática  de  
trabalho  em  Odontologia.
A  evolução  da  prática  odontológica  e  os  avanços  tecnológicos  propiciaram  a  for-­‐‑
mação  de  uma  equipe  de  trabalho  composta  pelo  Cirurgião-­‐‑dentista  (CD),  pelo  
Técnico  em  higiene  dental  (THD)  e  pelo  Auxiliar  de  consultório  dentário  (ACD),  
que  desempenham  suas  funções  diretamente  com  o  cirurgião-­‐‑dentista  ou  sob  sua  
supervisão  e  coordenação,  realizando  funções  intra  e  extra-­‐‑orais.  
Complementam  a  equipe,  o  Técnico  em  prótese  dentária  (TPD)  e  o  Auxiliar  em  
prótese   dentária   (APD).   São   esses   profissionais   que   atuam   em   laboratórios,   os  
quais  respondem  pela  confecção  dos  trabalhos  de  prótese  dentária,  em  decorrên-­‐‑

29

ANVISA
cia  da  terapêutica  indicada  pelo  cirurgião-­‐‑dentista,  sendo  vetado  o  atendimento  
direto  ao  paciente.  
As  atividades  profissionais  privativas  do  CD  estão  previstas  na  Lei  n.º  4.324,  de  
14  de  abril  de  1964,  na  Lei  n.º  5.081,  de  24  de  agosto  de  1966,  e  no  Decreto  n.º  
68.704,  de  03  de  junho  de  1971.  Os  direitos  e  deveres  do  cirurgião-­‐‑dentista,  bem  
como  o  que  lhe  é  vedado  encontram-­‐‑se  no  Código  de  Ética  Odontológica  (CEO);  
do  THD  e  ACD  na  Resolução  CFO  n.°  157,  de  31  de  julho  de  1987,  e  do  TPD  e  
APD  na  Lei  n.º  6.710,  de  05  de  novembro  de  1979,  no  Decreto  n.º  87.689,  de  11  de  
outubro  de  1982,  e  na  Consolidação  das  Normas  para  Procedimentos  nos  Conse-­‐‑
lhos  de  Odontologia,  aprovada  pela  Resolução  CFO-­‐‑185/93.

3.2.  LICENÇA  OU  ALVARÁ  DE  FUNCIONAMENTO

A  Licença  ou  Alvará  de  Funcionamento  é  o  documento  expedido  pela  Vigilância  


Sanitária  Estadual  ou  Municipal  que  autoriza  o  funcionamento  dos  serviços.
Esse   documento   deve   ser   solicitado   antes   do   início   das   atividades   ou   quando  
houver  alterações  de  endereço,  da  própria  atividade,  do  processo  produtivo  ou  
da  razão  social  e,  ainda,  quando  tiver  ocorrido  fusão,  cisão  ou  incorporação  so-­‐‑
cietária.
A  emissão  e  renovação  da  Licença  ou  Alvará  de  Funcionamento  é  um  processo  
descentralizado,   realizado   pelos   estados   e   municípios   e,   portanto,   definido   de  
acordo  com  a  legislação  local.  Cada  Estado  define  o  trâmite  legal  e  documental,  
assim  como  a  sua  validade.
Neste   contexto,   o   responsável   técnico   pelo   serviço   odontológico   deve   en-­‐‑
trar   em   contato   com   a   vigilância   sanitária   local   (estadual   ou   municipal)   junto  
à   qual   irá   requerer   a   Licença   ou  Alvará   de   Funcionamento.   Os   endereços   das  
Vigilâncias   Sanitárias   nos   estados   podem   ser   acessados   no   site   da   Anvisa:    
h p://www.anvisa.gov.br  .

3.3.  DOCUMENTAÇÃO  ODONTOLÓGICA

A  documentação  odontológica  referente  ao  atendimento  do  paciente  é  um  ins-­‐‑


trumento  de  garantia  da  qualidade  do  tratamento  e  deve  basear-­‐‑se  em  normas  
legais  e  éticas.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


3.3.1.  PRONTUÁRIO  CLÍNICO
O   prontuário   clínico   é   um   documento   fundamental   e   obrigatório.   É   composto  
de   toda   a   documentação   produzida   em   função   do   tratamento   dentário,   como  
fichas  clínicas,  radiografias,  modelos,  traçados,  cópias  de  receitas,  descrição  dos  
procedimentos,  etc.
O  Conselho  Federal  de  Odontologia  (CFO),  por  meio  do  Parecer  n.°125/92,  apre-­‐‑
senta  as  normas  e  os  padrões  para  elaboração  do  prontuário  clínico  odontológico,  
devendo  ser  usado,  para  identificação  dos  elementos  dentários,  o  Sistema  Deci-­‐‑
mal  da  Federação  Dentária  Internacional.
Segundo  esse  Parecer,  o  prontuário  está  sujeito  a  implicações  legais  e  deve  ser  
corretamente  preenchido  e  arquivado.    Segundo  o  Parecer  CFO  nº.  125/92,  a  pos-­‐‑
se  do  prontuário  é  do  paciente  e  sua  guarda  é  do  profissional,  devendo  ser  arqui-­‐‑
vado,  por  no  mínimo,  dez  anos  após  o  último  atendimento.
O  prontuário  deve  ser  legível,  podendo  ser  manuscrito,  datilografado  ou  digita-­‐‑
do;  além  disso,  deve  conter:

a)    Nome  completo  de  todos  os  cirurgiões-­‐‑dentistas  que  atenderam  o  pacien-­‐‑


te,  com  o  registro  no  Conselho  Regional  de  Odontologia  (CRO)  e  endereço  
comercial.
b)  Identificação  do  paciente:  nome  completo,  naturalidade,  estado  civil,  sexo,  
local  e  data  do  nascimento,  profissão,  endereço  comercial  e  residencial.
c)    História  clínica:  queixa  principal,  hábitos,  história  atual  da  doença  e  ante-­‐‑
cedentes  pessoais  e  familiares.
d)  Exame  clínico:  descrição  do  estado  bucal  e  anotação  dos  procedimentos  
realizados  anteriormente.
e)    Exames  complementares:  radiológicos,  laboratoriais  e  outros  devidamen-­‐‑
te  identificados.
f)     Plano  de  tratamento:  descrição  dos  procedimentos  propostos,  relatando  
os  materiais  a  serem  utilizados,  os  dentes  e  as  áreas  envolvidas.  Deve  ser  
fornecido  ao  paciente  e  ter  uma  cópia  arquivada.
g)  Evolução  do  tratamento:  anotação  dos  procedimentos  realizados.
h)  Orçamento  do  tratamento:  deve  ser  fornecido  ao  paciente  e  ter  uma  cópia  
arquivada.  
i)    Assinaturas  do  paciente  e  do  profissional  atendente:  esse  procedimento  
é   fundamental   a   cada   atendimento,   pois   caracteriza   o   aceite   do   que   foi  
proposto,  ficando  o  registro  com  mútua  responsabilidade.
j)    No  caso  do  atendimento  a  pacientes  menores  de  idade,  deverá  constar  um  
termo  de  autorização  assinado  pelos  pais  ou  responsável  legal.
31

ANVISA
3.3.2.  ATESTADO  ODONTOLÓGICO
O  exercício  das  atividades  profissionais  privativas  do  cirurgião-­‐‑dentista  só  é  per-­‐‑
mitido  com  a  observância  do  disposto  na  Lei  n°  4.324,  de  14.04.64  ,  na  Lei  n°  5.081,  
de   24.08.66,   no   Decreto   nº   68.704,   de   03.06.71;   e   na   Resolução   CFO-­‐‑185/93.   De  
acordo  com  essas  normas,  compete  ao  cirurgião  dentista  atestar,  no  setor  de  sua  
atividade  profissional,  estados  mórbidos  e  outros,  inclusive,  para  justificação  de  
faltas  ao  emprego.  
Cabe  salientar  que,  o  atestado  firmado  sem  a  necessidade  por  qualquer  profis-­‐‑
sional  da  área  da  saúde,  constitui  crime  previsto  no  Código  Penal  Brasileiro  Ca-­‐‑
pítulo  III,  Art.  299;  omitir,  em  documento  público  ou  particular,  declaração  que  
dele  devia  constar,  ou  nele  inserir  ou  fazer  inserir  declaração  falsa  ou  diversa  da  
que  devia  ser  escrita,  com  o  fim  de  prejudicar  direito,  criar  obrigação  ou  alterar  a  
verdade  sobre  fato  juridicamente  relevante.  
Para  os  profissionais  da  área  odontológica,  além  do  disposto  no  Código  Penal,  o  
Código  de  Ética  Odontológica,  em  seu  Artigo  6º  define  como  infração  ética:  for-­‐‑
necer  atestado  que  não  corresponda  à  veracidade  dos  fatos  codificados  (CID)  ou  
dos  que  não  tenha  participado
O   atestado   odontológico   deve   ser   redigido   em   papel   timbrado   ou   receituário,  
contendo  a  identificação  do  paciente,  do  profissional,  com  sua  assinatura,  o  nú-­‐‑
mero  do  seu  registro  profissional  junto  ao  CRO  e  carimbo.  Deve,  ainda,  trazer  
a  data  e  o  horário  do  atendimento,  o  Código  Internacional  da  doença  (CID)  e  o  
período  de  repouso  ou  de  afastamento  das  atividades  rotineiras  que  o  paciente  
necessita.  

3.3.3.  RECEITAS
Podem  ser  manuscritas,  datilografadas  ou  informatizadas,  devendo  ser  escritas  
por  extenso,  em  língua  portuguesa,  e  ser  legíveis,  contendo:

a)  Identificação  do  profissional  prescritor,  com  o  número  da  inscrição  pro-­‐‑


fissional  junto  ao  CRO,  endereço  completo  e  telefone  do  consultório  ou  
instituição  a  que  pertence.
b)  Identificação  do  paciente,  com  nome  completo  e  endereço.  
c)  Prescrição  (uso  interno  ou  externo,  fórmula  ou  nome  do  princípio  ativo  do  
medicamento,   dosagem,   quantidade,   posologia   ou   modo   de   usar),   com  
assinatura  e  carimbo  do  profissional  prescritor.

A  prescrição  de  medicamentos  sujeitos  a  controle  especial  (entorpecentes,  psico-­‐‑


trópicos  e  outros)  deve  seguir  as  disposições  da  Portaria  SVS/MS  n°  344,  de  12  de  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


maio  de  1998  -­‐‑   Regulamento  técnico  sobre  substâncias  e  medicamentos  sujeitos  
a   controle   especial   –   e   suas   atualizações,   devendo   ser   observados   os   seguintes  
critérios:  

a)     Devem   ser   prescritos   com   Notificação   de   Receita   (receituário   especial),  


que  será  retida  quando  de  sua  dispensação,  em  conformidade  com  a  lista  
a  que  pertencem  (A1,  A2,  A3,  B1,  B2,  C1,  C2,  C3).
b)  A  Notificação  de  Receita  deverá  estar  preenchida  de  forma  legível,  sendo  a  
quantidade  em  algarismos  arábicos  e  por  extenso,  sem  emenda  ou  rasura.  
c)    Nos   casos   de   roubo,   furto   ou   extravio   de   parte   ou   de   todo   o   talonário  
da  Notificação  de  Receita,  fica  obrigado  o  responsável  a  informar  o  fato,  
imediatamente,   à   autoridade   sanitária   local,   apresentando   o   respectivo  
Boletim  de  Ocorrência  Policial  (B.O.).  

A  Notificação  de  Receita  deverá  ser  impressa  e  conter  as  seguintes  características:
•    Sigla  da  Unidade  da  Federação.  
•     Identificação   numérica   fornecida   pela   autoridade   sanitária   competente  
dos  Estados,  Municípios  e  Distrito  Federal.  
•     Identificação   do   emitente:   nome   do   profissional,   com   sua   inscrição   no  
Conselho   Regional   com   a   sigla   da   respectiva   Unidade   da   Federação   ou  
nome  da  instituição,  endereço  completo  e  telefone.  
•    Identificação  do  usuário:  nome  e  endereço  completo  do  paciente.  
•    Nome  do  medicamento  ou  da  substância,  prescrito  sob  a  forma  de  Denomi-­‐‑
nação  Comum  Brasileira  (DCB),  dosagem  ou  concentração,  forma  farma-­‐‑
cêutica,  quantidade  (em  algarismos  arábicos  e  por  extenso)  e  posologia.  
•    Data  da  emissão.  
•    Assinatura  do  prescritor:  quando  os  dados  do  profissional  estiverem  de-­‐‑
vidamente  impressos  no  campo  do  emitente,  este  poderá  apenas  assinar  
a  Notificação  de  Receita.  No  caso  de  o  profissional  pertencer  a  uma  insti-­‐‑
tuição  ou  estabelecimento  hospitalar,  deverá  identificar  a  assinatura  com  
carimbo,  constando  a  inscrição  no  Conselho  Regional,  ou  manualmente,  
de  forma  legível.  
•    Identificação  do  comprador:  nome  completo,  número  do  documento  de  
identidade,  endereço  completo  e  telefone.  
•    Identificação  do  fornecedor:  nome  e  endereço  completo,  nome  do  respon-­‐‑
sável  pela  dispensação  e  data  do  atendimento.  

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ANVISA
•    Identificação  da  gráfica:  nome,  endereço  e  CNPJ  impressos  no  rodapé  de  
cada   folha   do   talonário.   Deverá   constar,   também,   a   numeração   inicial   e  
final,  concedidas  ao  profissional  ou  instituição  e  o  número  da  autorização  
para  confecção  de  talonários  emitida  pela  Vigilância  Sanitária  local.  

I  -­‐‑  NOTIFICAÇÃO  DE  RECEITA  B  (RECEITUÁRIO  AZUL)


Segundo  a  Portaria  SVS/MS  n°  344,  de  12  de  maio  de  1998  -­‐‑  Regulamento  técnico  
sobre  substâncias  e  medicamentos  sujeitos  a  controle  especial,  pertencem  a  este  
grupo  os  medicamentos  constantes  nas  listas  B1  (psicotrópicos)  e  B2  (psicotrópi-­‐‑
cos  anorexígenos).  A  notificação  de  receita  B  (talonário)  deverá  ser  impressa  às  
expensas  do  profissional  ou  instituição  interessada.
A  notificação  de  receita  B  poderá  conter  prescrição  de  apenas  uma  substância  e  
terá  validade  por  um  período  de  trinta  dias,  contados  a  partir  de  sua  emissão,  e  
somente  dentro  da  Unidade  Federativa  que  concedeu  a  numeração.  Poderá  con-­‐‑
ter  no  máximo  cinco  ampolas  e,  para  as  demais  formas  farmacêuticas,  a  quanti-­‐‑
dade  para  o  tratamento  correspondente  a  no  máximo  sessenta  dias.  

II  -­‐‑  NOTIFICAÇÃO  DE  RECEITAS  A  (RECEITUÁRIO  AMARELO)  E                                                


C  (RECEITUÁRIO  BRANCO)
As  notificações  de  receitas  A  (receituário  amarelo)  e  C  (receituário  branco),  em  
duas  vias,  devem  seguir  as  orientações  da  Portaria  SVS/MS  n.°  344,  de  12  de  maio  
de  1998  -­‐‑  Regulamento  técnico  sobre  substâncias  e  medicamentos  sujeitos  a  con-­‐‑
trole  especial  e  suas  atualizações,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.  

3.4.  NOTIFICAÇÃO  COMPULSÓRIA  

Reza  o  artigo  8º  da  Lei  n.º  6.259,  de  30  de  outubro  de  1975,  que  é  dever  de  todo  
cidadão  comunicar  à  autoridade  sanitária  local  a  ocorrência  de  fato  comprovado  
ou  presumível  de  casos  de  doença  transmissível,  sendo  obrigatória  a  médicos  e  
outros  profissionais  de  saúde  no  exercício  de  sua  profissão,  bem  como  aos  res-­‐‑
ponsáveis  por  organizações  e  estabelecimentos  públicos  e  particulares  de  saúde  
e  de  ensino,  a  notificação  de  casos  suspeitos  ou  confirmados  das  doenças  de  no-­‐‑
tificação.  (FUNASA,  2002)  
A   Portaria   nº   1943,   de   18   de   outubro   de   2001,   definiu   a   relação   de   doenças   de  
notificação  compulsória  para  todo  o  território  nacional  e  a  Portaria  nº  33,  de  14  
de  julho  de  2005,  incluiu  mais  de  quatro  doenças  à  relação  de  notificação  com-­‐‑
pulsória,  definiu  agravos  de  notificação  imediata  e  a  relacionou  aos  resultados  
laboratoriais  que  devem  ser  notificados  pelos  laboratórios  de  referência  nacional.  
Segue  abaixo,  lista  de  agravos  de  notificação  compulsória:

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


LISTA  NACIONAL  DE  AGRAVOS  DE  NOTIFICAÇÃO  COMPULSÓRIA

•   Botulismo   •  Leishmaniose  Visceral


•   Carbúnculo  ou  “antraz” •  Leptospirose
•   Cólera •  Malária
•   Coqueluche •  Meningite  por  Haemophilus  
Influenzae
•   Dengue
•  Peste
•   Di eria
•  Poliomielite
•   Doença  de  Creutzeld-­‐‑Jacob
•  Paralisia  Flácida  Aguda
•   Doença  de  Chagas                            
(casos  agudos) •  Raiva  Humana
•   Doença  Meningocócica  e   •  Rubéola
outras  meningites
•  Síndrome  da  Rubéola              
•   Esquistossomose                                     Congênita
(em  área  não  endêmica)
•  Sarampo
•   Eventos  Adversos                            
Pós-­‐‑Vacinação •  Sífilis  Congênita

•   Febre  Amarela •  Sífilis  em  gestante

•   Febre  do  Nilo  Ocidental •  Síndrome  Febril  íctero-­‐‑              


hemorrágica  Aguda
•   Febre  Maculosa
•  Síndrome  da  Imunodeficiên-­‐‑
•   Febre  Tifóide cia  Adquirida  (AIDS)
•   Hanseníase •  Síndrome  Respiratória          
Aguda  Grave
•   Hantaviroses
•  Tétano
•   Hepatites  Virais
•  Tularemia
•   Infecção  pelo  vírus  da          
imunodeficiência  huma-­‐‑ •  Tuberculose
na  (HIV)  em  gestantes  e            
crianças  expostas  ao  risco         •  Varíola
de  transmissão  vertical
•   Leishmaniose  Tegumentar  
Americana

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ANVISA
A  ocorrência  de  agravo  inusitado  à  saúde,  independentemente  de  constar  da  Lis-­‐‑
ta  Nacional  de  Agravos  de  Notificação  Compulsória,  deverá  também  ser  notifi-­‐‑
cado  imediatamente  às  autoridades  sanitárias

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


BIBLIOGRAFIA

BRASIL.  Lei  n0  4.324  de  14  de  abril  de  1964.  Institui  o  Conselho  Federal  e  os  Conselhos  
Regionais  de  Odontologia,  e  dá  outras  providências.  [s.i.]

BRASIL.  Lei  n0  5.081  de  24  de  agosto  de  1966.  Regula  o  exercício  da  odontologia.  [s.i.]

BRASIL.  Lei  n0  6.710  de  5  de  novembro  de  1979.  Dispõe  sobre  a  profissão  de  Técnico  em  
Prótese  Dentária  e  determina  outras  providências.  [s.i.]

CFO.  Resolução  n0  185/93.  Aprova  a  Consolidação  das  Normas  para  Procedimentos  nos  
Conselhos  de  Odontologia  e  revoga  a  Resolução  CFO-­‐‑155/84.  [s.i.]

BRASIL.  Decreto  n°  68.704  de  03  de  junho  de  1971.  Regulamenta  a  Lei  4324  de  14  de  abril  
de  1967.  [s.i.]

BRASIL.   Constituição   da   República   Federativa   do   Brasil.   Seção   II.   Da   Saúde.   Brasília:    


Senado,  1988.

BRASIL.  Decreto  n0  20.931  de  11  de  janeiro  de  1932.  Regula  e  fiscaliza  o  exercício  da  Medi-­‐‑
cina,  da  Odontologia,  da  Medicina  Veterinária  e  das  profissões  de  farmacêutico,  parteira  
e  enfermeira,  no  Brasil,  e  estabelece  penas.  Diário  Oficial  da  União,  Rio  de  Janeiro,  15  de  
janeiro  de  1932.

BRASIL  .Decreto  n0  87.689  de  11  de  outubro  de  1982.  Regulamenta  a  Lei  n0  6.710,  de  05  de  
novembro  de  1979,  que  dispõe  sobre  a  profissão  de  Técnico  em  Prótese  Dentária,  e  deter-­‐‑
mina  outras  providências.  [s.i.]

BRASIL.  Decreto-­‐‑lei  n0  2.848  de  07  de  dezembro  1940.  Código  Penal  Brasileiro.  [s.i.]

FUNASA.  Guia  de  vigilância  epidemiológica.  Brasília:  2002.  

BRASIL.  Lei  n0  6.437  de  20  de  agosto  de  1977.  Configura  infrações  à  legislação  sanitária  fe-­‐‑
deral,  estabelece  as  sanções  respectivas  e  dá  outras  providências.  Diário  Oficial  da  União,  
Brasília,  24  de  agosto  de  1977.  

BRASIL.  Lei  n0  6259  de  30  de  outubro  de  1975.  Dispõe  sobre  a  organização  das  ações  de  Vi-­‐‑
gilância  Epidemiológica,  sobre  o  Programa  Nacional  de  Imunizações,  estabelece  normas  
relativas  à  notificação  compulsória  de  doenças,  e  dá  outras  providências.  [s.i.]

BRASIL.  Lei  n0  8.080  de  19  de  setembro  de  1990.  Lei  Orgânica  da  Saúde.  Dispõe  sobre  as  
condições  para  a  promoção,  proteção  e  recuperação  da  saúde,  a  organização  e  o  funciona-­‐‑
mento  dos  serviços  correspondentes  e  dá  outras  providências.  Diário  Oficial  da  União,  
Brasília,  20  de  setembro  de  1990.

BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Portaria  SVS/MS  n0  344  de  12  de  maio  de  1998.  Aprova  o  Re-­‐‑
gulamento  técnico  sobre  substâncias  e  medicamentos  sujeitos  a  controle  especial.  Diário  
Oficial  da  União,  Brasília,  19  de  maio  de  1998.

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ANVISA
BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Portaria  n0  1.943  de  18  de  outubro  de  2001.  Define  a  relação  
de  doenças  de  notificação  compulsória  para  todo  o  território  nacional.  [s.i.]

BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Portaria  n0  33  de  14  de  julho  de  2005.  Inclui  doenças  à  rela-­‐‑
ção  de  notificação  compulsória,  define  agravos  de  notificação  imediata  e  a  relação  de  re-­‐‑
sultados  laboratoriais  que  devem  ser  notificados  pelos  laboratórios  de  referência  nacional.  
Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  seção  1,  n0  135,  15  de  julho  de  2005.
 

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


IV
4.   PRECAUÇÕES-­‐‑PADRÃO  E        
    RISCOS  OCUPACIONAIS

Cássia  Regina  de  Paula  Paz    


Izabel  do  Rocio  Costa  Ferreira
Mariana  Pastorello  Vero i  
Maria  José  Mendonça  do  Amaral    
Valéria  Francischini

O  profissional  de  saúde  encontra-­‐‑se  exposto  a  diversos  riscos  na  sua  prática  di-­‐‑
ária,  sendo  que,  para  minimizar,  prevenir  ou  reduzir  estes  riscos,  é  necessária  a  
adoção  de  medidas  de  precauções-­‐‑padrão.  
Precauções-­‐‑padrão  ou  básicas  são  medidas  de  prevenção  que  devem  ser  utiliza-­‐‑
das  independente  de  diagnóstico  confirmado  ou  presumido  de  doença  infecciosa  
transmissível  no  indivíduo-­‐‑fonte.
As  seguintes  medidas  devem  ser  adotadas  na  assistência  a  todos  os  pacientes:  

a)    Utilizar  Equipamentos  de  Proteção  Individual  –  EPIs.  (BRASIL,1978)


b)  Lavar  as  mãos  antes  e  após  o  contato  com  o  paciente  e  entre  dois  procedi-­‐‑
mentos  realizados  no  mesmo  paciente.  
c)    Manipular  cuidadosamente  o  material  perfuro-­‐‑cortante.
d)  Não  reencapar,  entortar,  quebrar  ou  retirar  as  agulhas  das  seringas.  Se  o  
paciente  precisar  de  complementação  anestésica  de  uma  única  seringa,  a  
agulha  pode  ser  reencapada  pela  técnica  de  deslizar  a  agulha  para  dentro  
da  tampa  deixada  sobre  uma  superfície  (bandeja  do  instrumental  ou  mesa  
auxiliar).
e)     Transferir  os  materiais  e  artigos,  durante  o  trabalho  a  quatro  mãos,  com  
toda  a  atenção  e,  sempre  que  possível,  utilizando-­‐‑se  uma  bandeja.
f)    Manter  as  caixas  de  descarte  dispostas  em  locais  visíveis  e  de  fácil  acesso  
e  não  preenchê-­‐‑las  acima  do  limite  de  2/3  de  sua  capacidade  total.
g)  Efetuar  o  transporte  dos  resíduos  com  cautela  para  evitar  acidentes.

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ANVISA
h)  Não  afixar  papéis  em  murais  utilizando  agulhas.  
i)    Descontaminar  as  superfícies  com  desinfetantes  preconizados  pelo  Con-­‐‑
trole   de   Infecção,   caso   haja   presença   de   sangue   ou   secreções   potencial-­‐‑
mente  infectantes.  
j)    Submeter  os  artigos  utilizados  à  limpeza,  desinfecção  e/ou  esterilização,  
antes  de  serem  utilizados  em  outro  paciente.
k)  Não  tocar  os  olhos,  nariz,  boca,  máscara  ou  cabelo  durante  a  realização  
dos  procedimentos  ou  manipulação  de  materiais  orgânicos,  assim  como  
não  se  alimentar,  beber  ou  fumar  no  consultório.  
l)    Manter  os  cuidados  específicos  na  coleta  e  manipulação  das  amostras  de  
sangue.
m)  Durante  os  procedimentos  (com  luvas),  não  atender  telefones,  abrir  por-­‐‑
tas  usando  a  maçaneta  nem  tocar  com  as  mãos  em  locais  passíveis  de  con-­‐‑
taminação.    

4.1.  IMUNIZAÇÃO  DOS  PROFISSIONAIS  DE  SAÚDE

Os  profissionais  da  área  da  saúde,  por  estarem  mais  expostos,  possuem  um  risco  
elevado  de  aquisição  de  doenças  infecciosas,  devendo  estar  devidamente  imuni-­‐‑
zados.  O  profissional  deve  estar  atento  às  características  da  região  e  da  população  
a  ser  atendida,  pois  diferentes  vacinas  podem  ser  indicadas.  
Caso  haja  alguma  contra-­‐‑indicação  ao  uso  das  vacinas  disponíveis  na  rede  públi-­‐‑
ca,  o  profissional  poderá  recorrer  aos  Centros  de  Referência  em  Imunobiológicos  
Especiais.  (BRASIL,1999)
As  vacinas  mais  importantes  para  os  profissionais  da  Odontologia  são  contra  he-­‐‑
patite  B,  influenza,  tríplice  viral  e  dupla  tipo  adulto.  Essas  vacinas  devem  ser  prefe-­‐‑
rencialmente  administradas  nos  serviços  públicos  de  saúde  ou  na  rede  credenciada  
para  a  garantia  do  esquema  vacinal,  do  lote  e  da  conservação  adequada.

4.1.1.  VACINA  CONTRA  HEPATITE  B


Deve  ser  feita  em  três  doses,  em  períodos  de  zero,  um  e  seis  meses  de  interva-­‐‑
lo;  dois  meses  após  o  esquema  vacinal  completo,  recomenda-­‐‑se  a  realização  de  
testes   sorológicos   para   verificar   a   soroconversão   das   pessoas   vacinadas.   Doses  
de   reforço   não   têm   sido   recomendadas,   sendo   indicada   a   realização   de   testes  
sorológicos   para   avaliar   a   manutenção   da   imunidade.   Os   indivíduos   que   não  
responderem  ao  primeiro  esquema  vacinal  deverão  ser  submetidos  à  revacinação  
com  as  três  doses  da  vacina.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


4.1.2.  VACINA  CONTRA  FEBRE  AMARELA
Deve  ser  efetuada  nos  residentes  e  viajantes  de  áreas  endêmicas  (estados  do  Acre,  
Amapá,  Amazonas,  Distrito  Federal,  Goiás,  Maranhão,  Mato  Grosso,  Mato  Gros-­‐‑
so  do  Sul,  Pará,  Rondônia,  Roraima  e  Tocantins  e  algumas  regiões  dos  estados  
da  Bahia,  Minas  Gerais,  Paraná,  Piauí,  Rio  Grande  do  Sul,  Santa  Catarina  e  São  
Paulo).
Uma  dose  de  reforço  é  necessária  a  cada  dez  anos.  No  caso  de  deslocamento  para  
essas  áreas,  a  vacinação  deve  ser  feita  até  dez  dias  antes  da  viagem.

4.1.3.  VACINA  SRC  (TRÍPLICE  VIRAL)  CONTRA  SARAMPO,  CAXUMBA  E  RUBÉOLA


Deve  ser  feita  em  dose  única.

4.1.4.  VACINA  BCG  -­‐‑  ID  (CONTRA  TUBERCULOSE)


Em  dose  única  para  aqueles  que  não  forem  reagentes  ao  teste  tuberculínico.  

4.1.5.  VACINA  DT  (DUPLA  ADULTO)  CONTRA  DIFTERIA  E  TÉTANO


Em  três  doses  no  esquema  básico.  Requer  uma  dose  de  reforço  a  cada  dez  anos,  
antecipada  para  cinco  anos  em  caso  de  gravidez  ou  acidente  com  lesões  graves.

4.1.6.  VACINAS  CONTRA  INFLUENZA  E  CONTRA  PNEUMOCOCOS


Atuam  contra  gripe  e  pneumonia,  respectivamente,  e  requerem  uma  dose  a  cada  
ano  para  gripe  e  reforço  após  cinco  anos  para  pneumonia.

4.2.  RISCOS  OCUPACIONAIS  

São  considerados  riscos  ocupacionais  a  possibilidade  de  perda  ou  dano  e  a  pro-­‐‑
babilidade   de   que   tal   perda   ou   dano   ocorra.   Implica,   pois,   a   probabilidade   de  
ocorrência  de  um  evento  adverso.  Os  riscos  mais  freqüentes  a  que  estão  sujeitos  
os  profissionais  que  atuam  em  assistência  odontológica  são  os  físicos,  os  quími-­‐‑
cos,  os  ergonômicos,  os  mecânicos  ou  de  acidente,  os  advindos  da  falta  de  con-­‐‑
forto  e  higiene  e  os  biológicos.      

4.2.1.  RISCO  FÍSICO


Exposição  dos  profissionais  a  agentes  físicos  (ruído,  vibração,  radiação  ionizante  
e  não-­‐‑ionizante,  temperaturas  extremas,  iluminação  deficiente  ou  excessiva,  umi-­‐‑
dade  e  outros).
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São  causadores  desses  riscos:  caneta  de  alta  rotação,  compressor  de  ar,  equipa-­‐‑
mento  de  RX,  equipamento  de  laser,  fotopolimerizador,  autoclave,  condiciona-­‐‑
dor  de  ar,  etc.

I  -­‐‑  PROCEDIMENTOS  PARA  MINIMIZAR  O  RISCO  FÍSICO


Os   seguintes   procedimentos   devem   ser   adotados   a   fim   de   minimizar   os   riscos  
físicos  a  que  estão  submetidos  os  profissionais  de  Odontologia:

a)    Utilizar  protetores  auriculares.


b)  Usar  óculos  de  proteção  para  os  procedimentos  odontológicos,  o  manu-­‐‑
seio  de  equipamentos  que  possuem  luz  alógena  e  o  laser.
c)    Utilizar  equipamentos  de  proteção  radiológica,  inclusive  para  os  pacientes.
d)  Manter  o  ambiente  de  trabalho  com  iluminação  eficiente.
e)    Proteger  o  compressor  de  ar  com  caixa  acústica.
f)    Tomar  cuidado  ao  manusear  os  instrumentais  com  temperatura  elevada.
g)  Manter  o  ambiente  arejado  e  ventilado,  proporcionando  bem-­‐‑estar.
 
4.2.2.  RISCO  QUÍMICO
Exposição  dos  profissionais  a  agentes  químicos  (poeiras,  névoas,  vapores,  gases,  
mercúrio,  produtos  químicos  em  geral  e  outros).
Os  principais  causadores  desse  risco  são:  amalgamadores,  desinfetantes  quími-­‐‑
cos  (álcool,  glutaraldeído,  hipoclorito  de  sódio,  ácido  peracético,  clorexidina,  en-­‐‑
tre  outros)  e  os  gases  medicinais  (óxido  nitroso  e  outros).

I  -­‐‑  PROCEDIMENTOS  PARA  MINIMIZAR  O  RISCO  QUÍMICO


O  risco  químico  pode  ser  minimizado  utilizando-­‐‑se  dos  seguintes  procedimentos:

a)  Limpar  a  sujidade  do  chão,  utilizando  pano  umedecido  para  evitar  poei-­‐‑
ras.
b)   Utilizar   Equipamentos   de   Proteção   Individual   –   EPIs   (luvas,   máscaras,  
óculos  e  avental  impermeável)  adequados  para  o  manuseio  de  produtos  
químicos  desinfetantes.
c)  Usar  EPI  completo  durante  o  atendimento  ao  paciente  e  disponibilizar  ócu-­‐‑
los  de  proteção  ao  mesmo  para  evitar  acidentes  com  produtos  químicos.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


d)  Utilizar  somente  amalgamador  de  cápsulas.
e)  Acondicionar  os  resíduos  de  amálgama  em  recipiente  inquebrável,  de  pa-­‐‑
redes   rígidas,   contendo   água   suficiente   para   cobri-­‐‑los,   e   encaminhá-­‐‑los  
para  coleta  especial  de  resíduos  contaminados.
f)  Armazenar  os  produtos  químicos  de  maneira  correta  e  segura,  conforme  
instruções  do  fabricante,  para  evitar  acidentes.  
g)  Fazer  manutenção  preventiva  das  válvulas  dos  recipientes  contendo  gases  
medicinais.

4.2.3.  RISCO  ERGONÔMICO


Causado  por  agentes  ergonômicos  como  postura  incorreta,  ausência  do  profis-­‐‑
sional   auxiliar   e/ou   técnico,   falta   de   capacitação   do   pessoal   auxiliar,   atenção   e  
responsabilidade  constantes,  ausência  de  planejamento,  ritmo  excessivo,  atos  re-­‐‑
petitivos,  entre  outros.

I  -­‐‑  PROCEDIMENTOS  PARA  MINIMIZAR  O  RISCO  ERGONÔMICO


Para  minimizar  o  risco  ergonômico,  devem  ser  observadas  as  seguintes  recomen-­‐‑
dações:

a)    Organizar  o  ambiente  de  trabalho.


b)  Realizar  planejamento  do  atendimento  diário.
c)    Trabalhar  preferencialmente  em  equipe.
d)  Proporcionar  à  equipe  de  trabalho  capacitações  permanentes.  
e)    Incluir  atividades  físicas  diárias  em  sua  rotina.
f)    Realizar  exercícios  de  alongamento  entre  os  atendimentos,  com  a  orienta-­‐‑
ção  de  profissional  da  área.
g)  Valorizar  momentos  de  lazer  com  a  equipe.

4.2.4.  RISCO  MECÂNICO  OU  DE  ACIDENTE


Exposição   da   equipe   odontológica   a   agentes   mecânicos   ou   que   propiciem   aci-­‐‑
dentes.  Entre  os  mais  freqüentes,  podemos  citar:  espaço  físico  subdimensionado;  
arranjo  físico  inadequado;  instrumental  com  defeito  ou  impróprio  para  o  proce-­‐‑
dimento;  perigo  de  incêndio  ou  explosão;  edificação  com  defeitos;  improvisações  
na  instalação  da  rede  hidráulica  e  elétrica;  ausência  de  EPI  e  outros.

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ANVISA
I  -­‐‑  PROCEDIMENTOS  PARA  MINIMIZAR  O  RISCO  MECÂNICO  OU  DE  ACIDENTES

a)    Adquirir   equipamentos   com   registro   no   MS,   preferencialmente   moder-­‐‑


nos,  com  desenhos  respeitando  a  ergonomia.  
b)  Instalar  os  equipamentos  em  área  física  adequada,  de  acordo  com  a  RDC  
50/2002  da  Anvisa.
c)    Utilizar  somente  materiais,  medicamentos  e  produtos  registrados  na  An-­‐‑
visa.
d)  Manter  instrumentais  em  número  suficiente  e  com  qualidade  para  o  aten-­‐‑
dimento  aos  pacientes.
e)     Instalar  extintores  de  incêndio  obedecendo  ao  preconizado  pela  NR-­‐‑23  e  
capacitar  a  equipe  para  sua  utilização.
f)    Realizar  manutenção  preventiva  e  corretiva  da  estrutura  física,  incluindo  
instalações  hidráulicas  e  elétricas.
g)  Em  clínicas  odontológicas  com  aporte  maior  de  funcionários,  implantar  o  
Programa  de  Prevenção  de  Riscos  Ambientais  -­‐‑   PPRA,  de  acordo  com  a  
NR-­‐‑9.  

4.2.5.  RISCOS  PELA  FALTA  DE  CONFORTO  E  HIGIENE


Exposição  do  profissional  a  riscos  por  ausência  de  conforto  no  ambiente  de  traba-­‐‑
lho  e  a  riscos  sanitários.  Podemos  citar  alguns  desses  riscos:  sanitário  em  número  
insuficiente  e  sem  separação  por  sexo;  falta  de  produtos  de  higiene  pessoal,  como  
sabonete   líquido   e   toalha   descartável   nos   lavatórios;   ausência   de   água   potável  
para  consumo;  não  fornecimento  de  uniformes;  ausência  de  ambientes  arejados  
para  lazer  e  confortáveis  para  descanso;  ausência  de  vestiários  com  armários  para  
a  guarda  de  pertences;  falta  de  local  apropriado  para  lanches  ou  refeições;  falta  
de  proteção  contra  chuva,  entre  outros.

I  -­‐‑  PROCEDIMENTOS  PARA  MINIMIZAR  O  RISCO  PELA  FALTA  DE  CONFORTO  E  


HIGIENE
Proporcionar   à   equipe   condições   de   higiene,   de   conforto   e   de   salubridade   no  
ambiente  de  trabalho,  de  acordo  com  a  NR-­‐‑24.

4.2.6.  RISCO  BIOLÓGICO


Considera-­‐‑se  risco  biológico  a  probabilidade  da  ocorrência  de  um  evento  adverso  
em  virtude  da  presença  de  um  agente  biológico.  Sabe-­‐‑se  que  as  exposições  ocu-­‐‑
pacionais   a   materiais   biológicos   potencialmente   contaminados   constituem   um  
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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


sério  risco  aos  profissionais  da  área  da  saúde  nos  seus  locais  de  trabalho.  Estudos  
desenvolvidos  nesta  área  mostram  que  os  acidentes  envolvendo  sangue  e  outros  
fluidos  orgânicos  correspondem  às  exposições  mais  freqüentemente  relatadas.  

I  -­‐‑  VIAS  DE  TRANSMISSÃO

A)  TRANSMISSÃO  POR  VIA  AÉREA


O  ambiente  odontológico,  pelas  suas  particularidades,  possibilita  que  o  ar  seja  
uma  via  potencial  de  transmissão  de  microorganismos,  por  meio  das  gotículas  e  
dos  aerossóis,  que  podem  contaminar  diretamente  o  profissional  ao  atingirem  a  
pele  e  a  mucosa,  por  inalação  e  ingestão,  ou  indiretamente,  quando  contaminam  
as  superfícies.
As   gotículas   e   os   aerossóis   são   gerados   durante   a   tosse,   espirro   e   fala,   ou   são  
provenientes   dos   instrumentos   rotatórios,   seringas   tríplices,   equipamentos   ul-­‐‑
tra-­‐‑sônicos   e   por   jateamento.  As   gotículas   são   consideradas   de   tamanho   gran-­‐‑
de  e  podem  atingir  até  um  metro  de  distância.  Por  serem  pesadas,  rapidamente  
se  depositam  nas  superfícies.  Os  aerossóis  são  partículas  pequenas,  que  podem  
permanecer  suspensas  no  ar  durante  horas  e  ser  dispersas  a  longas  distâncias,  
atingindo  outros  ambientes,  carreadas  por  correntes  de  ar.  

A.1.  PROCEDIMENTOS  PARA  DIMINUIR  O  RISCO  DE  TRANSMISSÃO  AÉREA

•    Usar  dique  de  borracha,  sempre  que  o  procedimento  permitir.  


•    Usar  sugadores  de  alta  potência.
•    Evitar  o  uso  da  seringa  tríplice  na  sua  forma  spray,  acionando  os  dois  bo-­‐‑
tões  ao  mesmo  tempo.
•    Regular  a  saída  de  água  de  refrigeração.
•    Higienizar  previamente  a  boca  do  paciente  mediante  escovação  e/ou  bo-­‐‑
checho  com  anti-­‐‑séptico.
•    Manter  o  ambiente  ventilado.
•    Usar  exaustores  com  filtro  HEPA.
•    Usar  máscaras  de  proteção  respiratórias.
•    Usar  óculos  de  proteção
•     Evitar   contato   dos   profissionais   suscetíveis   com   pacientes   suspeitos   de  
sarampo,  varicela,  rubéola  e  tuberculose.  

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ANVISA
A.2.  PRINCIPAIS  DOENÇAS  TRANSMISSÍVEIS  POR  VIA  AÉREA

•    DOENÇA  MENINGOCÓCICA
Pode  se  apresentar  de  forma  benigna,  caracterizada  por  febre  ou  bacteremia,  si-­‐‑
mulando  uma  infecção  respiratória  ou  virose  exantemática.  Pode  evoluir  para  um  
quadro  mais  grave,  a  exemplo  da  septicemia  (meningococcemia),  caracterizada  
por  mal-­‐‑estar  súbito,  febre  alta,  calafrios,  prostração,  acompanhada  de  manifes-­‐‑
tações  hemorrágicas  (petéquias  e  equimoses),  ou  ainda  sob  a  forma  de  meningite  
com   ou   sem   a   meningococcemia,   de   início   súbito,   com   febre,   cefaléia   intensa,  
náuseas,  vômitos,  sendo  que  o  paciente  pode  apresentar-­‐‑se  consciente,  sonolen-­‐‑
to,  torporoso  ou  em  coma.    O  principal  transmissor  é  o  portador  assintomático  e  
a  transmissão  ocorre  pelas  secreções  da  orofaringe,  por  contaminação  cruzada.

•   GRIPE  OU  INFLUENZA


Doença  contagiosa  aguda  do  trato  respiratório,  de  natureza  viral  e  distribuição  
global.   Classicamente   se   apresenta   com   início   abrupto   de   febre   alta,   em   geral  
acima  de  38ºC,  seguida  de  mialgia,  dor  de  garganta,  prostração,  dor  de  cabeça  e  
tosse  seca.    

•    MONONUCLEOSE
Síndrome  infecciosa  que  acomete  principalmente  indivíduos  de  15  a  25  anos.  Essa  
infecção  pode  ser  assintomática  ou  apresentar-­‐‑se  com  febre  alta,  dor  ao  deglutir,  
tosse,   artralgias,   adenopatia   cervical   posterior   simétrica   que   pode   se   generali-­‐‑
zar,  esplenomegalia,  hepatomegalia  discreta  e  raramente  com  icterícia,  erupção  
cutânea  e  ou  comprometimento  da  orofaringe  sob  a  forma  de  faringo-­‐‑amigdalite  
exudativa.  
Modo  de  transmissão:  contato  com  secreções  orais  (saliva),  sendo  rara  a  trans-­‐‑
missão  por  meio  da  transfusão  sangüínea  ou  contato  sexual.

•    RUBÉOLA  E  SARAMPO
Doenças  virais  exantemáticas  e  agudas,  muito  comuns  na  infância  e  adolescên-­‐‑
cia,  podendo  acometer  os  adultos.  Apresentam  sintomatologias  como  febre,  lin-­‐‑
fadenopatia,   exantema   generalizado,   coriza   e   tosse.   Muitas   vezes   é   necessário  
recorrer  ao  exame  sorológico  para  diferenciá-­‐‑las.  
A  ocorrência  de  rubéola  em  gestantes  pode  ocasionar  complicações  ao  feto,  como  
más-­‐‑formações  ou  óbito  fetal  (síndrome  da  rubéola  congênita).  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Seu   modo   de   transmissão   é   o   contato   com   secreções   nasofaríngeas   de   pessoas  
infectadas.  
A  imunização  é  uma  importante  barreira  para  quebrar  a  cadeia  epidemiológica.

•    TUBERCULOSE
Doença  infecciosa  que  atinge  principalmente  o  pulmão,  causada  por  Mycobac-­‐‑
terium  tuberculosis.  Apresenta  como  principais  sintomas  tosse  persistente,  febre  
vespertina,  emagrecimento,  prostração  e  algumas  vezes  hemoptise,  sendo  trans-­‐‑
mitida  pela  fala,  tosse  e  espirro.  

B)  TRANSMISSÃO  POR  SANGUE  E  OUTROS  FLUIDOS  ORGÂNICOS


Na  prática  odontológica  é  comum  a  manipulação  de  sangue  e  outros  fluidos  or-­‐‑
gânicos,  que  são  as  principais  vias  de  transmissão  do  HIV  e  dos  vírus  das  hepa-­‐‑
tites  B  (HBV)  e  C  (HCV).  
As  exposições  que  podem  trazer  riscos  de  transmissão  são  definidas  como:

•    Percutânea  -­‐‑  lesão  provocada  por  instrumentos  perfurantes  e  cortantes.  


•    Mucosa  -­‐‑  contato  com  respingos  na  face  envolvendo  olhos,  nariz  e  boca.
•    Cutânea  -­‐‑  contato  com  pele  com  dermatite  ou  feridas  abertas.
•    Mordeduras  humanas  -­‐‑  lesão  que  deve  ser  avaliada  tanto  para  o  indivíduo  
que  a  provocou  quanto  para  aquele  que  tenha  sido  exposto  (consideradas  
como  exposição  de  risco  quando  há  presença  de  sangue).

B.1.  PROCEDIMENTOS  PARA  DIMINUIR  O  RISCO  DE  TRANSMISSÃO  POR  


SANGUE  E  OUTROS  FLUIDOS  ORGÂNICOS

•    Ter  a  máxima  atenção  durante  a  realização  dos  procedimentos.


•    Não  utilizar  os  dedos  como  anteparo  durante  a  realização  de  procedimen-­‐‑
tos  que  envolvam  materiais  perfurocortantes.
•    Não  reencapar,  entortar,  quebrar  ou  retirar  as  agulhas  da  seringas  com  as  
mãos.
•    Não  utilizar  agulhas  para  fixar  papéis.
•    Desprezar  todo  material  perfuro  cortante,  mesmo  que  estéril,  em  recipien-­‐‑
te  com  tampa  e  resistente  a  perfuração.  

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ANVISA
•    Colocar  os  coletores  específicos  para  descarte  de  material  perfuro  cortante  
próximo   ao   local   onde   é   realizado   o   procedimento   e   não   ultrapassar   o  
limite  de  dois  terços  de  sua    capacidade  total.
•    Usar  EPI  completo,  conforme  orientação  do  capítulo  7.
•    Seguir  as  orientações  do  PGRSS,  conforme  orientação  do  capítulo  13.

B.2.  PRINCIPAIS  DOENÇAS  TRANSMISSÍVEIS  POR  SANGUE  E  OUTROS  FLUIDOS  


ORGÂNICOS

•    HEPATITES  
As  hepatites  são  infecções  que  acometem  o  fígado  e  podem  ser  causadas  por  pelo  
menos  cinco  tipos  diferentes  de  vírus:  A,  B,  C,  D  e  E,  sendo  mais  comuns  os  três  
primeiros.  Apresenta  um  período  prodrômico,  com  febrículas,  anorexia,  náuseas  
e  às  vezes  vômitos  e  diarréia.  Pode  haver  cefaléia,  mal-­‐‑estar,  astenia  e  fadiga.  Na  
fase  clínica  normalmente  há  uma  redução  dos  sintomas  e  surge  icterícia,  hepato-­‐‑
esplenomegalia  dolorosa  e  discreta.  As  hepatites  podem  ser  também  subclínicas.    
Outros  agentes  virais,  como  o  vírus  da  mononucleose,  o  citomegalovírus,  o  vírus  
da  rubéola  e  do  herpes  também  podem  causar  quadro  clínico  semelhante  ao  das  
hepatites.  

•    HEPATITE  A
A  fonte  de  transmissão  é  o  próprio  homem  e  a  transmissão  é  direta,  pelas  mãos,  
água  ou  alimentos  contaminados.  O  vírus  pode  manter  sua  infectividade  por  al-­‐‑
gumas  semanas  em  temperatura  ambiente.  O  profissional  de  saúde  com  hepatite  
A  deve  ser  afastado  do  trabalho  até  uma  semana  após  a  regressão  da  icterícia.

•    HEPATITE  B
As  principais  vias  de  transmissão  do  vírus  da  hepatite  B  (HBV)  são  a  parenteral,  
a  sexual  e  a  vertical,  em  que  o  vírus  é  transmitido  pela  mãe  ao  recém-­‐‑nascido  no  
momento  do  parto.  O  risco  de  contaminação  pelo  HBV  está  relacionado,  princi-­‐‑
palmente,  ao  grau  de  exposição  ao  sangue  no  ambiente  de  trabalho,  e  também  à  
presença  ou  não  do  antígeno  HBeAg  no  paciente-­‐‑fonte.
Em  exposições  percutâneas,  o  risco  de  contaminação  pelo  HBV  varia  de  6  a  30%,  
sendo   menor   no   contato   com   pele   íntegra   e   maior   nas   exposições   percutâneas  
por  material  contaminado,  cuja  fonte  seja  positiva  para  HBV  e  com  a  presença  
de  HBeAg  (o  que  reflete  uma  alta  taxa  de  replicação  viral  e,  portanto,  uma  maior  
quantidade  de  vírus  circulante).  O  risco  de  hepatite  clínica  varia  de  22  a  31%  e  o  
da  evidência  sorológica  de  infecção  varia  de  37  a  62%.  Quando  o  paciente-­‐‑fonte  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


apresenta  somente  a  presença  de  HBsAg,  o  risco  de  hepatite  clínica  varia  de  1  a  
6%  e  o  de  soroconversão  de  23  a  37%.  O  vírus  da  hepatite  B  tem  sido  encontrado  
também  em  outros  fluidos  corpóreos,  como  leite  materno,  líquido  biliar,  fluido  
cérebro-­‐‑espinhal,  saliva,  sêmen,  suor  e  fluido  sinovial  (intra-­‐‑articular).
A  saliva  é  um  fluido  que  vem  sendo  utilizado  para  o  diagnóstico  e  estudos  epi-­‐‑
demiológicos  das  hepatites,  principalmente  a  do  tipo  B.  Estudos  comprovam  a  
infectividade   da   saliva   e   o   risco   de   transmissão   da   infecção   pelo   fluido   e   pelo  
aerossol  gerado  em  procedimentos  odontológicos.  
Apesar   das   exposições   percutâneas   serem   um   dos   mais   eficientes   modos   de  
transmissão  do  HBV,  elas  são  responsáveis  por  uma  minoria  dos  casos  ocupacio-­‐‑
nais  de  hepatite  B,  provavelmente  pela  adoção  de  medidas  de  precaução-­‐‑padrão  
e  pela  vacinação.
O  HBV,  em  temperatura  ambiente,  pode  sobreviver  em  superfícies  por  períodos  
de  até  uma  semana.  As  infecções  pelo  HBV  em  profissionais  de  saúde,  sem  his-­‐‑
tória  de  exposição  não-­‐‑ocupacional  ou  acidente  percutâneo  ocupacional,  podem  
ser  resultado  de  contato,  direto  ou  indireto,  com  sangue  ou  outros  materiais  bio-­‐‑
lógicos  em  áreas  de  pele  não-­‐‑íntegra,  queimaduras  ou  em  mucosas.

•    HEPATITE  C
O  risco  de  transmissão  do  vírus  da  hepatite  C  (HCV)  está  relacionado  a  exposi-­‐‑
ções   percutâneas   ou   mucosas,   envolvendo   sangue   ou   qualquer   outro   material  
biológico  contendo  sangue.  O  risco  estimado  após  exposições  percutâneas  com  
sangue   sabidamente   infectado   pelo   HCV   é   de   1,8%   (variando   de   0   a   7%).   Um  
estudo   demonstrou   que   os   casos   de   contaminação   só   ocorreram   em   acidentes  
envolvendo  agulhas  com  lúmen.  
O  risco  de  transmissão  em  exposições  a  outros  materiais  biológicos,  que  não  se-­‐‑
jam  o  sangue,  é  considerado  baixo.  A  transmissão  do  HCV  a  partir  de  exposições  
em  mucosas  é  extremamente  rara.  Não  existe  vacina  para  prevenção  desse  tipo  
de  hepatite,  nem  existem  medidas  específicas  eficazes  para  redução  do  risco  de  
transmissão  após  exposição  ao  HCV.  Em  contraste  com  o  HBV,  não  há  risco  sig-­‐‑
nificativo  de  transmissão  ambiental.  

Obs:  Os  vírus  D  e  E  por  não  haver  ainda  estudos  conclusivos,  na  odontologia,  a  respeito  da  forma  de  
transição  não  serão  descritos  neste  trabalho.

•    SÍNDROME  DA  IMUNODEFICIÊNCIA  ADQUIRIDA  (AIDS)


A  Síndrome  da  Imunodeficiência  Adquirida  é  caracterizada  pela  imunodepres-­‐‑
são  e  pela  destruição  de  linfócitos  T4,  que  são  células  que  acompanham  a  respos-­‐‑
ta   imune   do   organismo,   causando   infecções   graves   oportunistas   e   neoplasias.  
Vários  fatores  podem  interferir  no  risco  de  transmissão  do  HIV.  

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ANVISA
Após   a   exposição   ao   vírus   HIV   podem   surgir   sintomas   como   febre   alta,   linfa-­‐‑
denopatia,  mialgia,  artralgia,  dor  de  garganta,  hepatoesplenomegalia,  exantema  
maculopapular  e  meningite  linfocitária  (com  um  período  de  duração  de  sete  a  
catorze   dias,   mesmo   com   sorologia   negativa   –   janela   imunológica   –,   podendo  
manifestar-­‐‑se  até  três  a  seis  meses  após  contato  com  o  vírus).  Alguns  casos  pode-­‐‑
rão  ser  assintomáticos.
Para   causar   infecção,   o   vírus   HIV   requer   transmissão   parenteral,   contato   com  
a  mucosa  ou  lesões  de  pele.  O  vírus  não  sobrevive  por  longos  períodos  fora  do  
corpo  humano,  podendo  ser  transmitido  por  meio  do  vírus  livre,  em  secreções,  
ou  associado  a  células  vivas,  em  sangue  ou  derivados,  leite  ou  sêmen.
No  caso  de  transmissão  do  HIV  por  contato  exclusivo  com  a  saliva,  até  o  momen-­‐‑
to  não  existe  evidência  epidemiológica.  O  vírus  é  encontrado  em  20%  dos  porta-­‐‑
dores  de  HIV  em  concentrações  abaixo  de  uma  partícula  infectante  por  mililitro  
de  saliva,  e  aparentemente  não  guarda  relação  com  a  viremia  do  paciente.  A  bai-­‐‑
xa  concentração  viral  na  saliva,  associada  à  atividade  inibitória  que  essa  secreção  
parece  apresentar  em  relação  ao  HIV,  resulta  em  risco  pequeno.  Entretanto,  as  
precauções  devem  ser  adotadas,  pois  no  tratamento  odontológico  há  possibilida-­‐‑
de  de  contato  com  sangue  e  de  acidentes  com  artigos  perfurocortantes.  Estudos  
realizados  estimam,  em  média,  que  o  risco  de  transmissão  do  HIV  é  de  0,3%  (0,2  
–  0,5%)  em  acidentes  percutâneos  e  de  0,09%  (0,006  –  0,5%)  após  exposições  em  
mucosas.  
O  risco  após  exposições  envolvendo  pele  não-­‐‑íntegra  não  foi  ainda  precisamente  
quantificado,  estimando-­‐‑se  que  ele  seja  inferior  ao  risco  das  exposições  em  mu-­‐‑
cosas.  Casos  de  contaminação  ocupacional  pelo  HIV  podem  ser  caracterizados  
como  comprovados  ou  prováveis.  De  maneira  geral,  casos  comprovados  de  con-­‐‑
taminação  por  acidente  de  trabalho  são  definidos  como  aqueles  em  que  há  evi-­‐‑
dência  documentada  de  soroconversão  e  sua  demonstração  temporal  associada  
à  exposição  ao  vírus.  
No  momento  do  acidente,  os  profissionais  apresentam  sorologia  não-­‐‑reativa,  e  
durante  o  acompanhamento  se  evidencia  sorologia  reativa.  Alguns  casos,  em  que  
a  exposição  é  inferida,  mas  não  documentada,  podem  ser  considerados  como  ca-­‐‑
sos  comprovados  de  contaminação  quando  há  evidência  de  homologia  da  análise  
seqüencial  do  DNA  viral  do  paciente-­‐‑fonte  e  do  profissional  de  saúde.  
Casos  prováveis  de  contaminação  são  aqueles  em  que  a  relação  causal  entre  a  ex-­‐‑
posição  e  a  infecção  não  pode  ser  estabelecida  porque  a  sorologia  do  profissional  
acidentado   não   foi   obtida   no   momento   do   acidente.   Os   profissionais   de   saúde  
apresentam  infecção  e  não  possuem  nenhum  risco  identificado  para  infecção  di-­‐‑
ferente  da  exposição  ocupacional,  mas  não  foi  possível  a  documentação  temporal  
da  soroconversão.
O  risco  de  exposição  varia  segundo  o  tipo  de  atividade  exercida,  do  uso  de  me-­‐‑
didas  preventivas  à  exposição  e  da  prevalência  local  de  doenças.  O  risco  de  aqui-­‐‑
sição   de   doenças   depende   do   tipo   de   exposição,   da   patogenicidade   do   agente  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


infeccioso  e  da  existência  de  profilaxia  pós-­‐‑exposição,  bem  como  da  prevalência  
local  de  doenças  e  da  suscetibilidade  do  profissional  de  saúde.

C)  TRANSMISSÃO  PELO  CONTATO  DIRETO  E  INDIRETO  COM  O  PACIENTE  


A   equipe   odontológica   está   sujeita   a   diversas   doenças   adquiridas   por   meio   do  
contato  direto  (mãos  ou  pele)  ou  indireto  (superfícies  ambientais  ou  itens  de  uso  
do  paciente),  devido  à  proximidade  e  ao  tempo  de  exposição  prolongado  duran-­‐‑
te  a  realização  dos  procedimentos,  devendo  ser  adotadas  medidas  de  precauções  
padrão  para  com  todos  os  pacientes.

C.1.  PROCEDIMENTOS  PARA  DIMINUIR  O  RISCO  DE  TRANSMISSÃO  PELO  


CONTATO  DIRETO  E  INDIRETO  COM  O  PACIENTE

•    Uso  de  EPI,  conforme  capítulo  7.


•    Higienização  das  mãos.
•    Manter  os  cabelos  presos.
•    Desinfecção  concorrente  das  secreções  e  dos  artigos  contaminados.

C.2.  PRINCIPAIS  DOENÇAS  TRANSMISSÍVEIS  PELO  CONTATO  DIRETO  E  


INDIRETO  COM  O  PACIENTE

•    HERPES  SIMPLES
O  herpes  simples  é  causado  pelo  Herpesvirus  hominus  Tipo  I.  É  um  vírus  associa-­‐‑
do  a  lesões  de  membranas  mucosas  e  pele  ao  redor  da  cavidade  oral,  que  pode  
permanecer  em  latência  por  longos  períodos  de  tempo  e  sofrer  reativação  perió-­‐‑
dica,  gerando  doença  clínica  ou  subclínica.  As  manifestações  clínicas  são  distin-­‐‑
tas  e  relacionadas  ao  estado  imunológico  do  hospedeiro.  
Seu   modo   de   transmissão   é   o   contato   íntimo   com   o   indivíduo   transmissor   do  
vírus,  a  partir  de  superfície  mucosa  ou  de  lesão  infectante.  

•    ESCABIOSE  OU  SARNA


É  uma  parasitose  da  pele  causada  por  um  ácaro  cuja  penetração  deixa  lesões  em  
forma  de  vesículas,  pápulas  ou  pequenos  sulcos,  sobre  as  quais  ele  deposita  seus  
ovos.  As  manifestações  clínicas  são  coceira  intensa  e  lesões  de  pele  causadas  pela  
penetração   do   ácaro   e   pelas   coçaduras.  As   áreas   preferenciais   da   pele   onde   se  
visualizam  essas  lesões  são:  região  interdigital,  punhos,  axilas,  barriga,  nádegas,  

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ANVISA
seios  e  órgãos  genitais  masculinos.  Nos  idosos  e  crianças  podem  ocorrer  no  couro  
cabeludo,  palmas  das  mãos  e  plantas  dos  pés.  
O  modo  de  transmissão,  além  das  relações  sexuais,  é  o  contato  direto  com  roupas  
e  doentes.

•    PEDICULOSE  OU  PIOLHO


A  pediculose  da  cabeça  é  uma  doença  parasitária,  causada  pelo  piolho.  Atinge  
principalmente  crianças  em  idade  escolar  e  mulheres  e  é  transmitida  pelo  contato  
direto   interpessoal   ou   pelo   uso   compartilhado   de   bonés,   escovas   de   cabelo   ou  
pentes  de  pessoas  contaminadas.
Sua  principal  manifestação  clínica  é  a  coceira  intensa  no  couro  cabeludo,  prin-­‐‑
cipalmente   na   parte   de   trás   da   cabeça,   podendo   atingir   também   o   pescoço   e   a  
região  superior  do  tronco,  onde  se  observam  pontos  avermelhados  semelhantes  a  
picadas  de  mosquitos.  Com  a  coçadura  das  lesões,  pode  ocorrer  a  infecção  secun-­‐‑
dária  por  bactérias,  levando  inclusive  ao  surgimento  de  gânglios  no  pescoço.  

•    MICOSES
São  infecções  causadas  por  fungos,  que  precisam  de  tratamento  em  praticamente  
todos  os  casos  para  que  se  obtenha  a  cura.  Os  sinais  e  sintomas  são  bastante  des-­‐‑
confortáveis  e  caracterizam-­‐‑se  por  coceiras  e  alterações  na  pele,  gerando  lesões  
que  se  apresentam  de  forma  variada,  de  acordo  com  o  tipo  de  micose  e  extensão  
da  doença.  Além  disso,  a  micose  também  predispõe  o  surgimento  de  outras  do-­‐‑
enças  associadas,  como  infecções  bacterianas.  As  micoses  podem  ocorrer  no  cou-­‐‑
ro  cabeludo,  na  pele  e  nas  unhas.  Algumas  formas  de  micose  que  comprometem  
a   pele   são   a   candidíase   e   a   pitiríase   versicolor.  A   onicomicose   é   a   infecção   das  
unhas,  que  ocorre  com  maior  freqüência  nos  pés,  mas  também  pode  ocorrer  nas  
mãos.  As  unhas  podem  sofrer  espessamento,  ter  sua  forma,  aparência  ou  colora-­‐‑
ção  alteradas,  algumas  vezes  se  tornam  mais  frágeis  e  quebradiças  e,  em  outros  
casos,  ficam  endurecidas.
As  micoses  podem  ser  contraídas  em  lugares  quentes  e  úmidos  como  vestiários,  
boxe  de  banheiro,  alguns  ambientes  profissionais  em  que  prevalece  a  umidade  
ou  ainda  por  questões  higiênicas,  aumento  de  sudorese,  uso  de  tecidos  sintéticos,  
etc.  A  transmissão  direta  pelos  portadores  de  micose  de  unha  não  é  comum.  

•    CONJUNTIVITE
É   uma   doença   ocular   causada   por   vírus   ou   bactérias   do   tipo   staphylococcus,    
streptococcus,  haemophilus,  entre  outros.  A  duração  da  doença  não  tratada  chega  
a   duas   semanas.   Seu   contato   se   dá   por   fômites   inanimados   ou   contato   direto  
pessoa  a  pessoa.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


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BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Recomendações  para  Terapia  ARV  em  adultos  e  adoles-­‐‑
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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


V
5.    ACIDENTE  DE  TRABALHO  E      
    CONDUTA  APÓS  EXPOSIÇÃO  AO    
    MATERIAL  BIOLÓGICO

Cássia  Regina  de  Paula  Paz


Leandro  Queiroz  Santi

Práticas   de   trabalho   seguras   envolvem   a   implementação   e   o   desenvolvimento  


de  uma  política  específica  de  revisão  de  procedimentos  e  alterações  nas  ativida-­‐‑
des  realizadas  pelos  profissionais  de  saúde,  de  forma  a  reduzir  a  probabilidade  
de  acidentes  de  trabalho  envolvendo  a  exposição  a  materiais  biológicos.  Grande  
parte  dessas  ações  refere-­‐‑se  aos  cuidados  específicos  com  materiais  perfurocor-­‐‑
tantes,  à  prevenção  da  contaminação  ambiental  por  material  biológico  e  à  subse-­‐‑
qüente  exposição  de  patógenos  de  transmissão  sangüínea.
Os  diferentes  sistemas  de  vigilância  implantados  em  todo  o  mundo  têm  permi-­‐‑
tido  o  monitoramento  e  a  identificação  das  principais  circunstâncias  e  causas  da  
ocorrência   de   exposições   ao   material   biológico   entre   profissionais   de   saúde.   O  
conhecimento  de  fatores  determinantes  das  situações  de  maior  risco  de  exposi-­‐‑
ção,  por  sua  vez,  tem  possibilitado  a  implementação  de  medidas  de  prevenção  e  
outras  intervenções.

CONDUTA  APÓS  ACIDENTE  COM  MATERIAL  PERFURO  CORTANTE:

1.  Mantenha  a  calma.  Você  tem  cerca  de  duas  horas  para  agir.  Segundo  o  Mi-­‐‑
nistério  da  Saúde  (BRASIL  1996),  as  quimioprofilaxias  contra  HBV  e  HIV  
devem  ser  iniciadas  até  duas  horas  após  o  acidente.  Em  casos  extremos,  
pode  ser  realizada  até  24  a  36  horas  depois.  Após  esse  período  de  tempo,  
sua  eficácia  para  o  HIV  é  discutível.  Nos  acidentes  de  alto  risco  para  HBV,  
a  quimioprofilaxia  pode  ser  iniciada  até  uma  a  duas  semanas  depois.  O  
risco   de   transmissão   ocupacional   do   HIV   para   o   trabalhador   de   saúde  
após  exposição  percutânea  é  estimada  em  0,3%  e  após  exposição  muco-­‐‑
cutânea  em  0,09%.  Para  a  hepatite  B,  o  risco  para  o  profissional  depende  
da  situação  do  paciente  fonte.  Se  a  fonte  for  HBsAg  e  HBeAg  positivos  o  
risco  varia  de    22%  a  31%  para  desenvolver  doença  clínica  e  de  37%  a  62%  

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ANVISA
para   a   conversão   sorológica.   Para   pacientes-­‐‑fonte   com   HBsAg-­‐‑positivo,  
HBeAg-­‐‑negativo  o  risco  de  manifestação  clínica  da  doença  é  de  1%–6%,  e  
de  conversão  sorológica  de  23%–37%  (  CDC/EUA,  2001b).

2.  Lave  exaustivamente  com  água  e  sabão  o  ferimento  ou  a  pele  exposta  ao  
sangue  ou  fluido  orgânico.  Lave  as  mucosas  com  soro  fisiológico  ou  água  
em  abundância;  não  provoque  maior  sangramento  do  local  ferido  e  não  
aumente  a  área  lesada,  a  fim  de  minimizar  a  exposição  ao  material  infec-­‐‑
tante.  O  uso  de  anti-­‐‑sépticos  tópicos  do  tipo  PVPI  ou  álcool  70%  pode  ser  
adotado.  Não  é  recomendada  a  utilização  de  agentes  cáusticos  ou  injeção  
de  anti-­‐‑sépticos.

3.  Dirija-­‐‑se  imediatamente  ao  Centro  de  Referência  no  atendimento  de  aci-­‐‑
dentes   ocupacionais   com   material   biológico   de   sua   região.   Nesse   local,  
deverá  ser  comunicado  o  fato  ao  Técnico  de  Segurança  do  Trabalho,  pre-­‐‑
enchido  o  inquérito  de  notificação  e  emitida  a  Comunicação  de  Acidente  
de  Trabalho  –  CAT.  O  ideal  é  que  o  acidentado  e  as  condições  do  acidente  
sejam  avaliados  por  uma  equipe  multiprofissional.  

Obs.:  Caso  o  profissional  trabalhe  em  um  estabelecimento  hospitalar,  este  deve  dirigir-­‐‑se  ao  Serviço  
de  Controle  de  Infecção  Hospitalar  (SCIH).  O  atendimento  é  considerado  uma  urgência  devido  ao  
pouco   tempo   disponível   para   se   iniciar   a   profilaxia   com   os   medicamentos   antiretrovirais   (2   horas  
após  o  acidente).

4.  Obtenha  do  paciente-­‐‑fonte  uma  anamnese  recente  e  detalhada  sobre  seus  


hábitos  de  vida,  história  de  hemotransfusão,  uso  de  drogas,  vida  sexual,  
uso   de   preservativos,   passado   em   presídios   ou   manicômios,   história   de  
hepatite  e  DSTs  e  sorologias  anteriores,  para  analisar  a  possibilidade  de  
situá-­‐‑lo  numa  possível  janela  imunológica.

5.  Leve  sua  carteira  de  vacinação  ou  informe  sobre  seu  estado  vacinal  e  da-­‐‑
dos  recentes  de  sua  saúde,  sorologias  anteriores,  etc.

6.  Deverá  ser  solicitada  pelo  médico  a  coleta  de  amostras  de  sangue  seu  e  
do  paciente-­‐‑fonte,  em  tubos  de  ensaio,  sem  anticoagulante,  devidamente  
identificados,  que  serão  encaminhados  imediatamente  ao  laboratório  de  
referência  para  serem  centrifugados.

Obs.:  O  paciente-­‐‑fonte  pode  recusar-­‐‑se  a  se  submeter  à  realização  da  sorologia  para  HIV.  Caso  isso  
ocorra,  deve-­‐‑se  considerar  o  paciente  como  sendo  soropositivo  e  com  alto  título  viral.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


7.    Caso  o  quadro  caracterize  situação  de  risco,  as  quimioprofilaxias  contra  o  
HBV  e  o  HIV  serão  iniciadas.

8.    O  médico,  se  necessário,  fará  a  solicitação  para  o  paciente-­‐‑fonte  do  anti-­‐‑


HIV  (Elisa  convencional,  teste  rápido),  Anti-­‐‑HCV  e  HbsAg  (quando  o  pro-­‐‑
fissional  não  foi  imunizado  para  hepatite  B).
8.1   Em   paciente-­‐‑fonte   positivo   para   HIV,   iniciar   com   quimioprofilaxia,  
seguindo   orientações   do   fluxograma   do   Ministério   da   Saúde.   Fazer  
a  coleta  de  sangue  do  funcionário  para  o  seguimento  e  avaliação  da  
quimioprofilaxia,  entre  eles  hemograma,  transaminases  (AST  e  ALT),  
uréia,  creatinina  e  glicemia  basal.
8.2   No  paciente-­‐‑fonte  com  HIV  desconhecido  ou  que  o  resultado  do  tes-­‐‑
te  anti-­‐‑HIV  demorar,  iniciar  com  o  esquema  básico  de  antiretroviral  
(AZT  +  3TC  ou  Lamivudina)  e  procurar  o  serviço  especializado  para  
reavaliar  o  acidente.
8.3   Paciente-­‐‑fonte  positivo  para  hepatite  B  (HbsAg  positivo)  e  funcionário  
não  vacinado,  fazer  imunoglobulina  (Centro  de  Referência  de  Imuno-­‐‑
biológico)  e  iniciar  vacinação.
8.4   O  profissional  só  fará  a  coleta  de  sangue  quando  o  paciente-­‐‑fonte  for  
positivo   ou   desconhecido   para   HIV,   Hepatite   B   e   C.   Se   o   paciente-­‐‑
fonte  for  negativo  não  é  necessário  o  acompanhamento  sorológico  do  
funcionário.

9.    Repetir-­‐‑se-­‐‑ão  as  sorologias  seis  semanas,  três  meses,  seis  meses  e  um  ano  
após  o  acidente  ou  a  critério  do  médico.

10.     O   profissional   acidentado,   em   uso   de   quimioprofilaxia   antiretroviral,  


deverá  retornar  à  consulta  médica  semanalmente,  ou  conforme  protocolo  
do  serviço,  para  acompanhamento  clínico  dos  sinais  de  intolerância  me-­‐‑
dicamentosa.

11.    Se  durante  o  acompanhamento  ocorrer  novo  acidente  com  o  funcionário,  


ele   deverá   submeter-­‐‑se   ao   protocolo   novamente   sendo,   desconsiderado  
todos  os  procedimentos  já  realizados.

12.    Nos  casos  em  que  ocorrer  a  soroconversão  para  HIV  ou  hepatite  o  fun-­‐‑
cionário  será  encaminhado  ao  médico  do  trabalho  para  as  orientações  le-­‐‑
gais   e   a   um   centro   de   referência   para   o   acompanhamento   e   tratamento  
necessário.

57

ANVISA
BIBLIOGRAFIA

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


VI
6.    HIGIENIZAÇÃO  DAS  MÃOS

Adelia  Aparecida  Marçal  dos  Santos  


Mariana  Vero i
Sinaida  Teixeira

A   higienização   das   mãos   é   considerada   a   ação   isolada   mais   importante   para   a  


prevenção  e  o  controle  das  infecções  em  serviços  de  saúde.  O  simples  ato  de  lavar  
as  mãos  com  água  e  sabonete  líquido,  quando  realizado  com  técnica  correta,  pode  
reduzir  a  população  microbiana  das  mãos  e  interromper  a  cadeia  de  transmissão  
de  infecção  entre  pacientes  e  profissionais  da  área  da  saúde.  Essa  ação  também  é  
fundamental  na  prática  assistencial  em  consultórios  odontológicos.
Apesar  das  evidências,  a  conscientização  dos  profissionais  de  saúde  sobre  os  me-­‐‑
canismos  básicos  de  transmissão  das  doenças  infecciosas  e  a  necessidade  da  hi-­‐‑
gienização  das  mãos  ainda  é  baixa,  com  estudos  mostrando  variações  entre  16%  
e  81%  na  adesão,  o  que  favorece  a  transmissão  cruzada  das  infecções.  Segundo  
Pi et  et  al.  (2000a),  quanto  mais  freqüente  a  necessidade  de  higiene  das  mãos,  
durante   um   processo   assistencial,   menor   a   probabilidade   de   sua   execução.   Si-­‐‑
tuações  de  maior  demanda  para  higienização,  ou  seja,  aquelas  em  que  há  maior  
risco  de  contaminação  das  mãos  com  secreções  e  sangue,  como  atendimento  em  
setores  de  urgências,  em  unidades  de  terapia  intensiva  e  em  consultórios  odonto-­‐‑
lógicos,  também  reduzem  a  disponibilidade  do  profissional  para  a  higienização  
oportuna  das  mãos  .
O  grande  desafio  é  adequar  essa  ação  a  real  necessidade  de  cada  instituição,  de  
acordo   com   o   grau   de   complexidade   das   ações   assistenciais   ali   desenvolvidas,  
com  a  higienização  sendo  realizada  no  momento  certo,  com  utilização  de  técnicas  
seguras,  aplicando-­‐‑se  os  produtos  mais  adequados  para  cada  situação  (SANTOS,  
2002).

6.1.  O  PAPEL  DAS  MÃOS  NA  TRANSMISSÃO  DOS  MICROORGANISMOS

No  ambiente  da  assistência  à  saúde,  os  microorganismos  disseminam-­‐‑se,  em  ge-­‐‑


ral,  por  contato  direto  ou  indireto,  por  meio  de  gotículas  de  secreções  respira-­‐‑
tórias  e  pelo  ar,  sendo  o  contato  o  mecanismo  mais  importante  na  dinâmica  de  
transmissão  de  infecções  nesses  ambientes.

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ANVISA
O  papel  das  mãos  na  transmissão  de  microorganismos  por  contato  é  baseado  na  
capacidade   da   pele   de   abrigá-­‐‑los   e   transferi-­‐‑los   de   uma   superfície   para   outra,  
direta  ou  indiretamente.  O  contato  freqüente  das  mãos  com  pacientes,  artigos,  
mobiliário  e  equipamentos,  durante  o  processo  assistencial,  evidencia  a  impor-­‐‑
tância  dessa  forma  de  transmissão  no  processo  assistencial.  
A  microbiota  da  pele  foi  primeiramente  descrita  em  1938,  por  Price,  que  identifi-­‐‑
cou  dois  grupos  distintos:  microbiota  transitória  e  residente.  Esses  conceitos  evo-­‐‑
luíram  e,  além  deles,  mais  dois  termos  são  usados  com  freqüência  atualmente:  
microbiota  transitoriamente  residente  e  microbiota  infectante.
A  microbiota  residente  é  composta  por  elementos  que  estão  freqüentemente  ade-­‐‑
ridos  aos  estratos  mais  profundos  da  camada  córnea,  formando  colônias  de  mi-­‐‑
croorganismos  que  se  multiplicam  e  se  mantêm  em  equilíbrio  com  as  defesas  do  
hospedeiro.  Os  componentes  mais  comuns  dessa  microbiota  são  os  Staphylococcus  
coagulase  negativo,  Micrococcus  e  certas  espécies  de  corinebactérias.    
Esses  microorganismos  são  de  difícil  eliminação  e  as  suas  colônias  possuem  me-­‐‑
canismos  de  defesa  contra  a  remoção  mecânica  ou  por  agentes  químicos.  Entre-­‐‑
tanto,  com  a  descamação  natural  da  pele  e  a  produção  de  suor,  alguns  deles  são  
movidos  para  camadas  mais  superficiais  e  eliminados  no  ambiente.  Dentro  da  
cadeia  de  transmissão  de  infecções  relacionadas  à  assistência,  esses  microorga-­‐‑
nismos  apresentam  menor  importância,  mas  podem,  por  vezes,  se  tornar  inva-­‐‑
sivos   e   causar   infecções   em   pessoas   suscetíveis,   apesar   de   apresentarem   baixa  
patogenicidade.
A  microbiota  transitória  é  composta  por  microorganismos  que  se  depositam  na  
superfície  da  pele,  provenientes  de  fontes  externas,  colonizando  temporariamente  
os  extratos  córneos  mais  superficiais  (Ro er,  1997;  Schimidts,  1998).  Normalmen-­‐‑
te  é  formada  por  bactérias  gram-­‐‑negativas,  como  enterobactérias,  Pseudomonas,  
bactérias  aeróbicas  formadoras  de  esporos,  fungos  e  vírus,  possuindo  maior  po-­‐‑
tencial  patogênico.  Por  serem  mais  facilmente  removidos  da  pele,  por  meio  de  
ação  mecânica,  os  microorganismos  que  compõem  a  flora  transitória  se  espalham  
com  mais  facilidade  pelo  contato,  mas  também  são  eliminados  mais  facilmente  
pela  degermação  com  agentes  anti-­‐‑sépticos.
No   ambiente   assistencial,   os   microorganismos   que   colonizam   transitoriamente  
a  pele  das  mãos  são  adquiridos  durante  o  contato  direto  com  pacientes  ou  com  
superfícies  próximas,  favorecendo  o  predomínio  de  agentes  invasivos  e  mais  re-­‐‑
sistentes  aos  antimicrobianos.  São  freqüentemente  associados  às  infecções  rela-­‐‑
cionadas  à  assistência  à  saúde.
O  termo  “microbiota  temporariamente  residente”  foi  sugerido  diante  da  obser-­‐‑
vação   de   que   alguns   microorganismos   que   compõem   a   microbiota   transitória  
podem  ser  detectados  na  pele  por  períodos  mais  prolongados  e  conseguem  se  
multiplicar  e  formar  colônias,  sem  causar  infecção,  como  no  caso  dos  Staphylococ-­‐‑
cus  aureus  (Schmidts,  1998).  Maiores  estudos  ainda  são  necessários  para  o  enten-­‐‑
dimento  completo  dos  fatores  que  contribuem  para  a  persistência  da  colonização  
das  mãos  por  esse  importante  patógeno.  
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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


A  microbiota  é  composta  pelos  microorganismos  presentes  em  infecções  da  pele,  
como  abscessos,  dermatites  infectadas  e  paroníquia.  Estão  mais  freqüentemen-­‐‑
te   envolvidos   os   Staphylococcus   aureus   e   os   Streptococcus   B   hemolíticos   (Ro er,  
1997).   Nos   processos   infecciosos,   esses   microorganismos   invadem   os   tecidos   e  
não  podem  ser  removidos  por  ação  mecânica,  nem  mesmo  com  a  utilização  de  
anti-­‐‑sépticos.  Ainda   por   ser   mais   virulenta   e   contar   com   população   numerosa  
nos   processos   infecciosos,   a   microbiota   infectante   desempenha   um   importante  
papel  na  cadeia  de  transmissão  de  infecções.  Dessa  forma,  profissionais  de  saúde  
portadores  de  infecções  nas  mãos  só  devem  retomar  suas  atividades  assistenciais  
após  a  cura.  

6.2.  HIGIENIZAÇÃO  DAS  MÃOS  NA  PRÁTICA  ODONTOLÓGICA

A  escolha  entre  os  diferentes  métodos  para  a  higienização  das  mãos  depende  do  
processo  de  trabalho  adotado  e  do  tipo  de  procedimento  realizado,  que  determi-­‐‑
nam  o  tipo  e  a  persistência  da  contaminação  nas  mãos.  O  Quadro  1  apresenta  os  
termos  mais  freqüentemente  utilizados  relacionados  a  essa  higienização.
A  higienização  das  mãos  com  água  e  sabão  deve  ser  escolhida  sempre  que  hou-­‐‑
ver  umidade  ou  sujidade  visível  nas  mãos.  O  álcool  só  deve  ser  aplicado  quando  
as  mãos  estiverem  livres  de  sujidade  ou  umidade  visível.
Na  assistência  à  saúde,  os  procedimentos  e  processos  de  trabalho  adotados  criam  
oportunidades  de  higienização  das  mãos,  com  o  uso  de  produtos  que  dispensam  
enxágüe,  em  até  85%  das  vezes  (Pi et,  1999).  Por  outro  lado,  durante  a  assistência  
odontológica,  são  freqüentes  a  utilização  de  água  e  a  manipulação  de  secreções  
orais   e   sangue,   com   geração   de   aerossóis   e   conseqüente   contaminação   do   am-­‐‑
biente.  Nesse  ambiente  e  nessas  circunstâncias,  o  uso  de  luvas  é  mandatário  e  a  
indicação  de  lavar  as  mãos  predomina,  com  oportunidades  reduzidas  para  apli-­‐‑
cação  de  anti-­‐‑sépticos  em  base  alcoólica.
Ao  se  optar  pela  utilização  de  produtos  à  base  de  álcool,  a  concentração  do  prin-­‐‑
cípio  ativo  deve  estar  entre  60  e  90%  p/p,  de  etanol  ou  isopropanol  (solução  alco-­‐‑
ólica).  A  solução  deve  ter  contato  com  toda  a  superfície  das  mãos,  com  atenção  
especial  aos  locais  mais  freqüentemente  esquecidos,  ou  seja,  as  pontas  dos  dedos,  
os  espaços  interdigitais  e  o  polegar.  A  pele  deve  ser  friccionada  até  que  a  solução  
evapore  e  as  mãos  fiquem  secas.  É  importante  seguir  as  recomendações  do  fabri-­‐‑
cante  quanto  ao  volume  do  produto  necessário  para  alcançar  o  efeito  desejado  
(Boyce,  1999).
Na  rotina  de  consultório,    para  proteção  do  paciente,  o  profissional  de  odonto-­‐‑
logia  deve  higienizar  as  mãos  imediatamente  antes  de  iniciar  qualquer  atendi-­‐‑
mento.   Se   as   mãos   estão   secas   e   limpas,   basta   aplicar   soluções   que   dispensam  
enxágüe.   Após   retirar   as   luvas,   é   necessário   lavar   as   mãos,   devido   a   resíduos  
deixados  pela  cobertura  interna  deste  EPI,  que  podem  causar  irritação  na  pele,  e  

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pela  possibilidade  de  contaminação  da  pele,  mesmo  que  reduzida,  por  secreções  
e  sangue  que  eventualmente  possam  ter  passado  pelas  porosidades  do  material  
(microfuros).
Durante  o  atendimento  a  um  mesmo  paciente,  é  possível  que  seja  necessário  tro-­‐‑
car  as  luvas  e/ou  higienizar  as  mãos  mais  de  uma  vez.    Essa  necessidade  deriva  
do  processo  de  trabalho,  que  prevê  o  acesso  a  vários  equipamentos  e  instrumen-­‐‑
tais,  nem  sempre  à  mão;  do  rompimento  ou  perfuração  das  luvas;  da  interrupção  
do  atendimento  (atender  telefone,  preparar  material,  aguardar  tempo  de  reação  
de  materiais  de  preenchimento  etc.);  dentre  outros.  
Para  minimizar  a  freqüência  de  higienização  das  mãos  e  a  troca  de  luvas,  os  pro-­‐‑
fissionais  devem  desenvolver  processos  de  trabalho  que  reduzam  as  oportunida-­‐‑
des  de  contaminação  das  mãos  e  das  luvas  enquanto  prestam  assistência  a  um  
paciente.  
Durante  os  procedimentos  cirúrgicos,  existe  risco  de  liberação  de  microorganis-­‐‑
mos  no  campo  cirúrgico,  por  microfuros  no  material  das  luvas  ou  perda  acidental  
de  sua  integridade  (perfurações  e  rasgos).  Além  disso,  a  umidade  retida  e  o  calor  
favorecem  a  multiplicação  de  microorganismos  na  pele  de  mãos  enluvadas  por  
períodos  prolongados  (Boyce,  2002;  Ro er,  1999;  Widmer,  2000).
Dessa   forma,   a   higienização   das   mãos,   antecedendo   procedimentos   cirúrgicos,  
deve  ser  sempre  realizada  com  anti-­‐‑sépticos,  preferencialmente  que  apresentem  
efeito  residual,  para  eliminar  a  microbiota  transitória  das  mãos  da  equipe  cirúr-­‐‑
gica,  reduzir  a  microbiota  residente  durante  o  procedimento  e  manter  a  multipli-­‐‑
cação  microbiana  lenta.  (Boyce,  2002;  Widmer,  2000).

6.3.  CUIDADOS  NA  ESCOLHA  DE  PRODUTOS  PARA  A        


HIGIENIZAÇÃO  DAS  MÃOS

A  higienização  das  mãos  tem  sido  amplamente  discutida,  assim  como  as  subs-­‐‑
tâncias  que  devem  ser  usadas  para  a  sua  realização.  Efeitos  nocivos  de  substân-­‐‑
cias  químicas  empregadas,  como  sabões  e  anti-­‐‑sépticos,  têm  sido  relatados  por  
diversos  autores  e  contribuem  para  diminuir  a  adesão  dos  profissionais  a  essa  
prática  (Boyce,  2001;  Pi et,  2000b).  Dessa  forma,  alguns  cuidados  devem  ser  se-­‐‑
guidos  antes  da  adoção  de  determinado  produto  pela  instituição  ou  pelo  profis-­‐‑
sional,  sendo  a  escolha  do  anti-­‐‑séptico  uma  decisão  a  ser  tomada  para  cada  tipo  
de  procedimento  e  cada  instituição  ou  clínica,  respeitando-­‐‑se  as  particularidades  
locais.  
Todos   os   produtos   destinados   à   higienização   das   mãos   devem   ser   registrados  
na  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária,  conforme  as  RDCs  n.º  79,  de  28  de  
agosto  de  2000,  n.º  133,  de  29  de  maio  de  2003,  e  n.º  136,  de  29  de  maio  de  2003,  ou  
as  que  vierem  substituí-­‐‑las.  Essa  é  a  garantia  de  que  o  produto  apresenta,  em  sua  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


composição,  substâncias  seguras  para  a  aplicação  na  pele,  garantida  por  testes  
de  toxicidade  dérmica  e  ocular,  além  de  apresentarem  a  atividade  microbicida  
desejada.
Os  princípios  ativos  aceitos  pelo  Ministério  da  Saúde  para  a  anti-­‐‑sepsia  das  mãos  
são:  álcool  a  70%,  clorhexidina,  compostos  de  iodo,  como  por  exemplo  polivinil  
pirrolidona  iodo  (PVPI)  e  outros  iodóforos  (  BRASIL,  1989)  .
O  sabonete  utilizado  para  a  lavagem  das  mãos  deve  ser  preferencialmente  líqui-­‐‑
do,   para   evitar   a   contaminação   do   produto.   Quando   não   for   possível,   deve-­‐‑se  
procurar  utilizar  sabonete  sólido  em  pedaços  pequenos,  apoiados  em  suportes  
que  não  retêm  água,  com  o  objetivo  de  minimizar  seu  papel  como  reservatório  de  
microorganismos.  Sabonetes  em  pó,  menos  utilizados  na  prática  diária,  também  
devem  estar  disponíveis  em  dispensadores  que  impeçam  a  contaminação  pelas  
mãos  e  a  perda  das  características  originais  por  exposição  à  umidade.  Não  devem  
ser  aplicados  nas  mãos  sabões  e  detergentes  destinados  ao  uso  em  objetos  e  su-­‐‑
perfícies  (registrados  na  Anvisa  como  saneantes  -­‐‑   Portaria  n.º  15/MS/SVS,  DOU  
de  05  de  setembro  de  1988),  pois  podem  provocar  desde  dermatites  superficiais  
até  lesões  graves  na  pele.

6.4.  TÉCNICAS  PARA  A  HIGIENIZAÇÃO  DAS  MÃOS

Estudos  bem  desenhados  têm  demonstrado  o  uso  de  anéis  como  um  fator  isolado  
para  a  persistência  de  patógenos  nas  mãos  de  profissionais  (Salisbury,  1997;  Ica-­‐‑
ac,  2001).  Portanto,  antes  de  iniciar  qualquer  técnica  de  higienização  das  mãos,  o  
profissional  deve  retirar  relógio,  pulseiras  e  anéis,  inclusive  a  aliança.  As  unhas  
devem  ser  mantidas  aparadas  e,  caso  use  esmalte,  este  não  deve  apresentar  fis-­‐‑
suras  ou  descamação.  
O  uso  de  escova  no  preparo  cirúrgico  das  mãos  tem  sido  questionado  por  alguns  
pesquisadores,  como  (Bendig,  1990;  Boyce,  2002)  que  demonstraram  a  ocorrência  
de  microlesões  relacionadas  ao  uso  desses  artigos,  com  possível  favorecimento  
da  multiplicação  de  microorganismos  colonizantes  das  camadas  mais  profundas  
da  pele.  Quando  utilizadas,  as  escovas  devem  ter  cerdas  macias  e  ser  destinadas  
apenas  à  escovação  das  unhas  e  espaços  subungueais.  

6.4.1.  LAVAGEM  DAS  MÃOS

1.    Manter  o  corpo  afastado  da  pia.


2.    Abrir  a  torneira  e  molhar  as  mãos  sem  tocar  na  superfície  da  pia.
3.    Aplicar  a  quantidade  de  produto  recomendada  pelo  fabricante  (3  a  5  ml,  
em  geral),  suficiente  para  cobrir  toda  a  superfície  das  mãos.
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4.     Ensaboar  as  mãos,  friccionando  uma  na  outra  por  aproximadamente  15  
segundos,  com  o  objetivo  de  atingir  toda  a  superfície.
5.     Friccionar,   com   especial   atenção,   os   espaços   interdigitais,   as   unhas   e   as  
pontas  dos  dedos.
6.     Enxaguar  as  mãos  em  água  corrente,  retirando  totalmente  o  resíduo  do  
sabonete,  sem  tocar  na  superfície  da  pia  ou  na  torneira.
7.     Enxugar   as   mãos   com   papel-­‐‑toalha   descartável   (não   utilizar   toalhas   de  
uso  múltiplo).

6.4.2.  APLICAÇÃO  DE  ANTI-­‐‑SÉPTICO  QUE  DISPENSA  ENXÁGÜE  (À  BASE  DE  
ÁLCOOL)

1.    Aplicar  a  quantidade  de  produto  recomendada  pelo  fabricante  (3  a  5  ml,  


em  geral),  suficiente  para  cobrir  toda  a  superfície  das  mãos.
2.    Friccionar  as  mãos  uma  na  outra,  com  o  objetivo  de  aplicar  o  produto  em  
toda  a  superfície.
3.     Friccionar,   com   especial   atenção,   os   espaços   interdigitais,   as   unhas   e   as  
pontas  dos  dedos.
4.    Friccionar  o  produto  até  que  seque  completamente  (não  usar  papel-­‐‑toalha).

6.4.3.  ANTI-­‐‑SEPSIA  CIRÚRGICA  DAS  MÃOS

1.    Aplicar  produto  antimicrobiano  em  quantidade  recomendada  pelo  fabri-­‐‑


cante,  suficiente  para  cobrir  toda  a  superfície  das  mãos  e  antebraço.
2.     Limpar  as  unhas,  friccionando-­‐‑as  contra  a  palma  da  mão  ou  escova  ma-­‐‑
cia.
3.    Utilizar  escova  macia  para  friccionar  a  pele  (opcional).
4.     Efetuar   movimentos   de   fricção   iniciando   pela   extremidade   dos   dedos,  
continuando  pelos  espaços  interdigitais,  faces  das  mãos,  punhos  e  ante-­‐‑
braços,  despendendo  de  dois  a  seis  minutos.
5.     Enxaguar   as  mãos  em  água   corrente,  deixando  escorrer  das  pontas  dos  
dedos  para  o  antebraço,  até  eliminar  completamente  o  produto.
6.    Secar  as  mãos  com  compressa  estéril,  com  movimentos  compressivos,  par-­‐‑
tindo  das  pontas  dos  dedos  e  seguindo  pelas  mãos  até  chegar  ao  cotovelo.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


QUADRO  1  -­‐‑  TERMOS  MAIS  FREQÜENTES  EM  HIGIENIZAÇÃO  DE  MÃOS

•    Higienização  das  mãos:  remoção  ou  redução  de  sujidade  e/ou  de  mi-­‐‑
croorganismos  das  mãos  por  meio  de  lavagem  com  água  e  sabonete  
simples  ou  medicado,  ou  por  aplicação  direta  de  produto  anti-­‐‑sépti-­‐‑
co  que  dispensa  enxágüe.  (LARSON,  1986)
•    Lavagem  simples  das  mãos:  remoção  mecânica  de  sujidade  e  micro-­‐‑
organismos,  com  auxílio  de  água  e  sabonete  não  medicado.
•    Lavagem  das  mãos  com  anti-­‐‑séptico:  remoção  mecânica  de  sujidade  
e  microorganismos,  usando  água  e  sabonete  medicado,  com  ativida-­‐‑
de  microbicida  adicional.
•    Agente  anti-­‐‑séptico:  substância  com  ação  antimicrobiana,  para  apli-­‐‑
cação  em  pele.  Exemplos  incluem:  soluções  alcoólicas,  com  clorhexi-­‐‑
dina  ou  iodo.
•     Agente   anti-­‐‑séptico   que   dispensa   enxágüe:   substância   com   ação  
antimicrobiana  que  não  necessita  água  para  aplicação  e  não  requer  
enxágüe   para   retirada   de   resíduos.   Ex.:   solução   alcoólica   líquida   a  
70%  ou  gel  alcoólico  a  70%.
•    Anti-­‐‑sepsia  das  mãos:  remoção  mecânica  da  sujidade  e  de  microor-­‐‑
ganismos  com  eliminação  química  adicional.
•     Solução   alcoólica   para   fricção   das   mãos:   preparação   contendo   ál-­‐‑
cool   designado   para   aplicação   nas   mãos   para   redução   de   número  
viável   de   microorganismos.   Essas   preparações   usualmente   contêm  
60  a  90%  de  etanol  ou  isopropanol.
•     Sabonete:   produto   que   possui   ação   de   limpeza,   usado   para   lavar  
as  mãos,  com  adição  ou  não  de  anti-­‐‑sépticos.  Composto  por  partes  
hidrofílicas  e  lipofílicas,  possui  quatro  grupos  principais:  aniônicos,  
catiônicos,  anfotéricos  e  não-­‐‑iônicos.
•    Atividade  residual:  aquela  que  se  mantém  mesmo  após  a  remoção  
do   agente   ativo,   caracterizada   pela   inibição   da   proliferação   ou   da  
sobrevivência  de  microorganismos.  
•     Sabonete   medicado:   produto   para   limpeza   da   pele   que   apresenta  
atividade  antimicrobiana.

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ANVISA
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67

ANVISA
VII
7.    EQUIPAMENTOS            
    DE  PROTEÇÃO  INDIVIDUAL

Anelise  Krause  Guimarães  Costa


Cássia  Regina  de  Paula  Paz

O  Equipamento  de  proteção  individual  (EPI)  é  todo  dispositivo  ou  produto  de  
uso  individual  utilizado  pelo  trabalhador,  destinado  à  proteção  de  riscos  suscetí-­‐‑
veis  de  ameaçar  a  segurança  e  a  saúde  no  trabalho.  
A   Norma  Regulamentadora   -­‐‑NR6   do  Ministério  do  Trabalho,   descreve   sobre   a  
obrigatoriedade  do  fornecimento  dos  equipamentos  de  proteção  individual  (EPI)  
aos  empregados,  gratuitamente,  adequado  ao  risco  e  em  perfeito  estado  de  con-­‐‑
servação  e  funcionamento.    (BRASIL,1978)
O  uso  de  EPI  é  indicado  durante  o  atendimento  ao  paciente,  nos  procedimentos  
de  limpeza  do  ambiente  e  no  reprocessamento  dos  artigos.
Todo  EPI  deverá  apresentar  o  nome  comercial,  o  nome  da  empresa  fabricante,  
o  lote  de  fabricação  e  o  número  do  Código  de  Autorização  ou,  no  caso  de  EPI  
importado,  o  nome  do  importador,  o  lote  de  fabricação  e  o  número  do  Código  de  
Autorização,  em  caracteres  indeléveis  e  bem  visíveis,  que  garantam  a  origem  e  a  
qualidade  e  a  rastreabilidade  quando  necessário.
Cabe  ao  responsável  técnico  pelo  serviço  odontológico  providenciar  a  aquisição  
dos   EPIs   e   orientar   a   equipe   quanto   aos   tipos   de   EPIs   e   as   indicações   de   uso,  
devendo:

a)    Adquirir  os  EPIs  adequados  ao  risco  de  cada  atividade.


b)  Exigir  seu  uso.  
c)     Fornecer  ao  trabalhador  somente  aqueles  EPIs  aprovados  pelo  órgão  na-­‐‑
cional  competente  em  matéria  de  segurança  e  saúde  no  trabalho.  
d)  Orientar  e  treinar  o  trabalhador  sobre  o  uso  adequado  e  conservação  dos  
mesmos.
e)    Substituí-­‐‑los  imediatamente,  quando  danificados  ou  extraviados.

69

ANVISA
f)    Orientar  quanto  à  higienização,  manutenção  periódica,  restauração,  lava-­‐‑
gem  e  guarda  correta  do  EPI.
g)  Respeitar  a  sua  indicação  em  relação  ao  local  e  níveis  de  contaminação.

7.1.  TIPOS  E  INDICAÇÕES  DE  EPIS  PARA  OS  PROFISSIONAIS  


DA  EQUIPE  DE  SAÚDE  ODONTOLÓGICA

7.1.1.  EPI  PARA  PROTEÇÃO  DA  CABEÇA

I  -­‐‑  GORRO
É  uma  barreira  mecânica  contra  a  possibilidade  de  contaminação  por  secreções,  
aerossóis  e  produtos,  além  de  prevenir  acidentes  e  evitar  a  queda  de  cabelos  nas  
áreas  de  procedimento.  Deve  ser  preferencialmente  descartável,  cobrir  todo  o  ca-­‐‑
belo  e  as  orelhas  e  ser  trocado  sempre  que  necessário  ou  a  cada  turno  de  trabalho.  
Recomenda-­‐‑se  o  uso  pelo  paciente  em  casos  de  procedimentos  cirúrgicos.  

7.1.2.  EPI  PARA  PROTEÇÃO  DOS  OLHOS  E  DA  FACE

I  -­‐‑  ÓCULOS  DE  PROTEÇÃO


Protegem  os  olhos  das  secreções,  aerossóis  e  produtos  químicos  utilizados  du-­‐‑
rante   os   procedimentos   odontológicos   e   na   limpeza   e   desinfecção   de   artigos,  
equipamentos  ou  ambientes.  Os  óculos  devem  possuir  as  laterais  largas,  ser  con-­‐‑
fortáveis,  com  boa  vedação  lateral,  e  totalmente  transparentes,  permitir  a  lava-­‐‑
gem  com  água  e  sabão,  desinfecção  quando  indicada,  sendo  guardados  em  local  
limpo,  secos  e  embalados.  
Recomenda-­‐‑se  o  uso  também  pelo  paciente  para  evitar  acidentes.  Os  óculos  são  
medidas  de  segurança  que  protegem  os  olhos  contra:

a)  Impactos  de  partículas  volantes.


b)  Luminosidade  intensa.
c)  Radiação  ultravioleta.
d)  Respingos  de  produtos  químicos  e  material  biológico.  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


II  -­‐‑  PROTETORES  FACIAIS
Representam  uma  barreira  física  de  proteção  à  transmissão  aérea  de  infecções  e  
inalação  de  agentes  e  substâncias  químicas,  e,  ainda,  protegem  a  face  contra:

a)  Impactos  físicos
b)  Impactos  de  partículas  volantes.
c)  Respingos  de  produtos  químicos  e  material  biológico.

Os  protetores  faciais  atuam  como  coadjuvantes  na  proteção  respiratória  contra:

a)  Gases  emanados  de  produtos  químicos.


b)  Vapores  orgânicos  ou  gases  ácidos  no  ambiente.
c)  Aerossóis.

Os  protetores  faciais  são  fabricados  em  policarbonato  e  podem  substituir  os  ócu-­‐‑
los  de  proteção,  porém  não  substituem  a  máscara.
 
III  -­‐‑  MÁSCARAS
As  máscaras  devem  ser  descartáveis,  de  filtro  duplo  e  tamanho  suficiente  para  
cobrir   completamente   a   boca   e   o   nariz,   permitindo   a   respiração   normal   e   não  
irritando  a  pele.  Devem  ser  descartadas  após  o  atendimento  a  cada  paciente  ou  
quando  ficarem  umedecidas.  

7.1.3.  EPI  PARA  PROTEÇÃO  DO  TRONCO

Vestimenta  de  segurança  que  oferece  proteção  ao  tronco  contra  riscos  de  origem  
térmica,   mecânica,   química   e   umidade   provenientes   de   operações   com   uso   de  
água.

I  -­‐‑  AVENTAL
Deve  ser  de  mangas  longas,  tecido  claro  e  confortável,  podendo  ser  de  pano  ou  
descartável   para   os   procedimentos   que   envolvam   o   atendimento   a   pacientes   e  
impermeável   nos   procedimentos   de   limpeza   e   desinfecção   de   artigos,   equipa-­‐‑
mentos  ou  ambientes.  Deve  ser  usado  fechado  durante  todos  os  procedimentos.
71

ANVISA
São  equipamentos  de  segurança  aqueles  que  oferecem  proteção  ao  tronco  contra:

a)    Aerossóis  e  respingos  durante  os  procedimentos.


b)  Riscos  de  origem  térmica.
c)    Acidentes  de  origem  mecânica.
d)  Ação  de  produtos  químicos.  
e)    Umidade  proveniente  de  operações  com  uso  de  água.
f)    Contaminação  por  agentes  biológicos.
g)  Exposições  radiológicas  –  vestimenta  plumbífera  que  garante  a  proteção  
do   tronco   dos   pacientes   expostos   a   raios   X   (incluindo   tireóide   e   gôna-­‐‑
das,  com  pelo  menos  o  equivalente  a  0,25  mm  de  chumbo)  e  o  avental  de  
chumbo  para  profissional  (vestimenta  plumbífera  que  garante  a  proteção  
do  tronco,  com  pelo  menos  o  equivalente  a  0,5  mm  de  chumbo).

7.1.4.  EPI  PARA  PROTEÇÃO  DOS  MEMBROS  SUPERIORES

I  -­‐‑  LUVAS
Devem  ser  de  boa  qualidade  e  usadas  em  todos  os  procedimentos.  Constituem  
uma  barreira  física  eficaz  que  previne  a  infecção  cruzada  e  a  contaminação  do  
profissional  de  saúde  e  reduz  os  riscos  de  acidentes.  Atuam  na  proteção  das  mãos  
contra:

a)  Agentes  abrasivos  e  escoriantes.


b)  Agentes  cortantes  e  perfurantes.
c)  Choques  elétricos.
d)  Agentes  térmicos.
e)  Agentes  biológicos.
f)  Agentes  químicos.  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Os  principais  tipos  de  luvas  e  suas  indicações  de  uso  são  as  seguintes:

a)    Luvas  grossas  de  borracha  e  cano  longo  durante  os  processos  de  limpeza  
de  artigos  e  ambientes,  quando  em  contato  com  superfícies,  artigos,  ins-­‐‑
trumentos  e  equipamentos  contaminados.
b)  Luvas   de   látex   de   procedimento   para   atividades   clínicas   e   estéreis   para  
procedimentos  cirúrgicos,  que  devem  ser  descartadas  a  cada  paciente.
c)     Luvas  de  plástico,  usadas  como  sobreluvas,  quando  houver  necessidade  
de  manusear  artigos  fora  do  campo  de  trabalho.
d)  Luvas   de   amianto,   couro   ou   aramida,   usadas   na   CME,   no   manuseio   de  
artigos  esterilizados.

7.1.5.  EPI  PARA  PROTEÇÃO  DOS  MEMBROS  INFERIORES

I  -­‐‑  CALÇADOS
Devem  ser  fechados  e  com  solado  antiderrapante.  Atuam  na  segurança  para  a  
proteção  dos  pés  contra:

a)  Impactos  de  quedas  de  objetos.


b)  Choques  elétricos.
c)  Agentes  térmicos.
d)  Agentes  cortantes  e  escoriantes.
e)  Umidade  proveniente  de  operações  com  uso  de  água.
f)  Respingos  de  produtos  químicos.

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ANVISA
BIBLIOGRAFIA

BRASIL.  Ministério  do  Trabalho.  Portaria  n0    3.214  de  8  de  junho  de  1978.  Aprova  as  Nor-­‐‑
mas   Regulamentadoras   -­‐‑   NRs   -­‐‑   do   Capítulo   V,   Título   II,   da   Consolidação   das   Leis   do  
Trabalho,  relativas  a  Segurança  e  Medicina  do  Trabalho.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  
9  de  junho  de  1978.

BRASIL.    Ministério  da  Saúde.    Controle  de  infecções  e  a  prática  odontológica  em  tempos  
de  AIDS:  manual  de  condutas.  Brasília:  2000.

SECRETARIA   DE   ESTADO   DA   SAÚDE   DE   MINAS   GERAIS.   Manual   de   ergonomia   e  


biossegurança  em  odontologia.  [s.i.]

SECRETARIA  DE  SAÚDE  DO  ESTADO  DO  CEARÁ.  Manual  de  biossegurança  na  prá-­‐‑
tica  odontológica.  2003.

GUIMARÃES  JUNIOR,  J.  Biossegurança  e  controle  de  infecção  cruzada  em  consultórios  
odontológicos.  São  Paulo:  Santos,  2001.

SECRETARIA  DE  ESTADO  DE  SAÚDE  DO  RIO  DE  JANEIRO.  Manual  de  biossegurança  
em  odontologia.  [s.i.]

74

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


VIII
8.    FLUXO  E  PROCESSAMENTO      
    DE  ARTIGOS

Erica  Lopes  Ferreira


Izabel  do  Rocio  Costa  Ferreira  
Javier  Afonso  Sanmartin  
Mariana  Pastorello  Vero i
Sinaida  Teixeira  Martins  

O   processamento   de   artigos   compreende   a   limpeza   e   a   desinfecção   e/ou   este-­‐‑


rilização   de   artigos.   Esses   processos   devem   seguir   o   fluxo   descrito   no   quadro  
abaixo,  de  modo  a  evitar  o  cruzamento  de  artigos  não  processados  (sujos)  com  
artigos  desinfetados  ou  esterilizados  (limpos).  Para  facilitar  a  adequação  dos  pro-­‐‑
cedimentos  e  orientar  o  processamento  dos  artigos,  adota-­‐‑se  a  classificação  que  
leva  em  consideração  o  risco  potencial  de  transmissão  de  infecção.  Os  artigos  são  
classificados  em  críticos,  semicríticos  e  não-­‐‑críticos  (v.  glossário).

ARTIGO  SUJO

EXPOSIÇÃO  AO  AGENTE  DE  LIMPEZA

ENXÁGÜE

SECAGEM

BARREIRA  FÍSICA
(GUICHÊ  OU  SIMILAR)

INSPEÇÃO  VISUAL

PREPARO  E  EMBALAGEM

DESINFECÇÃO  /ESTERILIZAÇÃO

ARMAZENAMENTO

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ANVISA
8.1.  LIMPEZA  DE  ARTIGOS

A  limpeza  é  a  remoção  mecânica  de  sujidades,  com  o  objetivo  de  reduzir  a  carga  
microbiana,   a   matéria   orgânica   e   os   contaminantes   de   natureza   inorgânica,   de  
modo  a  garantir  o  processo  de  desinfecção  e  esterilização  e  a  manutenção  da  vida  
útil  do  artigo.  Deve  ser  realizada  em  todo  artigo  exposto  ao  campo  operatório.
Estudos   têm   demonstrado   que   a   limpeza   reduz,   aproximadamente   105ufc   do  
contingente  microbiano  presente  nos  artigos  e  superfícies  (Rutala,  1996).
Deve  ser  feita  utilizando-­‐‑se  os  EPIs  próprios  para  uso  na  sala  de  utilidades  (luvas  
de  borracha  resistente  e  de  cano  longo,  gorro,  máscara,  óculos  de  proteção,  aven-­‐‑
tal  impermeável  e  calçados  fechados).
O  manuseio  dos  artigos  deve  ser  cuidadoso  para  evitar  acidentes  ocupacionais.  
Os  instrumentos  que  têm  mais  de  uma  parte  devem  ser  desmontados;  as  pinças  e  
tesouras  devem  ser  abertas,  de  modo  a  expor  ao  máximo  suas  reentrâncias.
A  limpeza  deve  ser  realizada  imediatamente  após  o  uso  do  artigo.  Pode-­‐‑se  fazer  
a  imersão  em  solução  aquosa  de  detergente  com  pH  neutro  ou  enzimático,  usan-­‐‑
do  uma  cuba  plástica,  mantendo  os  artigos  totalmente  imersos  para  assegurar  a  
limpeza  adequada.
 O  preparo  da  solução  e  o  tempo  de  permanência  do  material  imerso  devem  se-­‐‑
guir  as  orientações  recomendadas  pelo  fabricante.  

8.1.1.  TIPOS  DE  LIMPEZA

I  -­‐‑  LIMPEZA  MANUAL


É  o  procedimento  realizado  manualmente  para  a  remoção  de  sujidade,  por  meio  
de  ação  física  aplicada  sobre  a  superfície  do  artigo,  usando:

a)    Escova  de  cerdas  macias  e  cabo  longo.


b)  Escova  de  aço  para  brocas.
c)    Escova  para  limpeza  de  lúmen.
d)  Pia   com   cuba   profunda   específica   para   este   fim   e   preferentemente   com  
torneira  com  jato  direcionável.
e)    Detergente  e  água  corrente.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


II  -­‐‑  LIMPEZA  MECÂNICA
 É  o  procedimento  automatizado  para  a  remoção  de  sujidade  por  meio  de  lava-­‐‑
doras  com  jatos  de  água  ou  lavadoras  com  ultra-­‐‑som  de  baixa  freqüência,  que  
operam  em  diferentes  condições  de  temperatura  e  tempo.  Esse  tipo  de  limpeza  
diminui  a  exposição  dos  profissionais  aos  riscos  ocupacionais  de  origem  biológi-­‐‑
ca,  especialmente,  aos  vírus  da  hepatite  e  HIV.  

8.2.  ENXÁGÜE

Deve  ser  realizado  em  água  potável  e  corrente,  garantindo  a  total  retirada  das  
sujidades  e  do  produto  utilizado  na  limpeza.  A  qualidade  da  água  tem  relação  
com  a  durabilidade  do  instrumental,  sendo  recomendado  que  o  último  enxágüe  
seja  feito  com  água  livre  de  metais  pesados.  Os  artigos  que  contêm  lúmen  devem  
ser  enxaguados  com  bicos  de  água  sob  pressão.

8.3.  INSPEÇÃO  VISUAL

Serve  para  verificar  a  eficácia  do  processo  de  limpeza  e  as  condições  de  integri-­‐‑
dade  do  artigo.  Se  necessário,  deve-­‐‑se  proceder  novamente  à  limpeza  ou  à  subs-­‐‑
tituição  do  artigo.
Quando   o   artigo   for   fabricado   em   liga   metálica   sujeita   a   corrosão,   como   o   aço  
carbono,   ou   apresentar   articulações   com   componentes   de   ligas   metálicas   dife-­‐‑
rentes,  há  sempre  a  possibilidade  de  desenvolver  corrosão  quando  o  processo  de  
esterilização  for  realizado  em  autoclave.  Nesses  casos,  pode-­‐‑se  preveni-­‐‑la  com  a  
utilização  de  leite  mineral  hidrossolúvel  ou  de  produtos  similares  como  a  solu-­‐‑
ção  aquosa  de  nitrito  de  sódio  a  1%  (FERREIRA  et  al.,  2001).  Os  artigos  sujeitos  à  
corrosão  deverão,  após  a  limpeza,  ser  imersos  na  solução  pelo  tempo  recomenda-­‐‑
do  pelo  fabricante,  secados  e  embalados  para  serem  esterilizados.
A  corrosão  poderá  ser  removida,  desde  que  não  comprometa  a  utilização  do  ar-­‐‑
tigo,  pela  utilização  de  soluções  ácidas  preaquecidas,  seguindo  as  orientações  do  
fabricante.  Não  devem  ser  utilizados  produtos  e  objetos  abrasivos.

8.4.  SECAGEM

Deve  ser  criteriosa  para  evitar  que  a  umidade  interfira  nos  processos  e  para  dimi-­‐‑
nuir  a  possibilidade  de  corrosão  dos  artigos.  Pode  ser  realizada  com  a  utilização  
de  pano  limpo  e  seco,  exclusivo  para  esta  finalidade,  secadora  de  ar  quente/frio,  
estufa  regulada  para  este  fim  e/ou  ar  comprimido  medicinal.
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ANVISA
8.5.  MÉTODO  DE  PROCESSAMENTO

Os  artigos  utilizados  na  cavidade  bucal  exigem  o  máximo  rigor  no  processamen-­‐‑
to,  recomendando-­‐‑se  a  sua  esterilização  por  autoclave.  Isto  pode  ser  justificado  
pelo  fato  de  que  o  uso  de  desinfetantes  não  assegura  a  eliminação  de  todos  os  
patógenos,  especialmente,  os  esporos  bacterianos.
 

8.6.  DESINFECÇÃO

A  desinfecção  é  definida  como  um  processo  físico  ou  químico  que  elimina  a  maio-­‐‑
ria  dos  microorganismos  patogênicos  de  objetos  inanimados  e  superfícies,  com  
exceção  de  esporos  bacterianos.  Este  processo  deve  definir  a  potência  de  desin-­‐‑
fecção,  de  acordo  com  o  artigo  a  ser  tratado.  Block,  2001  classifica  a  desinfecção  
como  sendo  de  baixo,  médio  e  alto  nível  (v.  glossário).
Existem  diversos  produtos  para  desinfecção  que  devem  possuir  registro  junto  ao  
Ministério  da  Saúde  e  necessitam  ser  avaliados  com  relação  ao  custo  –  benefício,  
à  eficácia  e  ao  artigo  a  ser  processado.
O  quadro  I  relaciona  os  principais  desinfetantes  químicos  utilizados  em  artigos  
odontológicos  (CDC,  1993).

8.7.  EMPACOTAMENTO/SELEÇÃO  DE  EMBALAGENS

A  embalagem  deve  permitir  a  penetração  do  agente  esterilizante  e  proteger  os  


artigos  de  modo  a  assegurar  a  esterilidade  até  a  sua  abertura.
Para  esterilização  em  autoclave,  recomenda-­‐‑se  papel  grau  cirúrgico,  papel  cre-­‐‑
pado,   tecido   não-­‐‑tecido,   tecido   de   algodão   cru   (campo   duplo),   vidro   e   nylon,  
cassetes  e  caixas  metálicas  perfuradas.  
Embalagens  compostas  de  papel  grau  cirúrgico  e/ou  filme  plástico  polipropile-­‐‑
no-­‐‑polietileno  e  nylon  devem  ter  o  ar  removido  antes  da  selagem,  pois  o  ar  atua  
como  um  obstáculo  na  transmissão  de  calor  e  de  umidade.  Pinças  e  tesouras  de-­‐‑
vem  ser  esterilizadas  com  suas  articulações  abertas.  
O  fechamento  do  papel  grau  cirúrgico  e  filme  plástico  ou  do  nylon  deve  promo-­‐‑
ver  o  selamento  hermético  da  embalagem  e  garantir  sua  integridade.  A  faixa  de  
selagem  deve  ser  ampla,  preferencialmente,  de  1  cm  ou  reforçada  por  duas  ou  
três  faixas  menores.  Recomenda-­‐‑se  promover  o  selamento  deixando  uma  borda  
de  3  cm,  o  que  facilitará  a  abertura  asséptica  do  pacote.  

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Produto Concentração Modo  de  Aplicação Nível Espectro Vantagens Desvantagens

Álcool Ótima  ação   Fricção,  em  três  etapas   Médio Tuberculicida,  bacterici-­‐‑ Fácil  aplicação,  ação   Volátil,  inativado  por  
germicida  a   intercaladas  pelo  tempo   da,  fungicida  e  virusci-­‐‑ rápida,  compatível   matéria  orgânica,  infla-­‐‑
70%. de  secagem  natural,   da;  não  é  esporicida. com  artigos  metálicos,   mável,  opacifica  acrílico,  
totalizando  10  minutos. superfícies  e  tubetes  de   resseca  plásticos  e  pode  
anestésicos. danificar  o  cimento  das  
lentes  dos  equipamen-­‐‑
tos  ópticos;  deve  ser  
armazenado  em  áreas  
ventiladas.

Glutaraldeído 2% Imersão,  durante  30   Alto  nível Bactericida,  fungicida,   Não  é  corrosivo,  ação   Irritante  para  pele  e  
minutos. viruscida,  micobacterici-­‐‑ rápida,  atividade   mucosas,  vida  útil  dimi-­‐‑
da  e  esporicida. germicida,  mesmo  em   nuída  quando  diluído  
presença  de  matéria   (efetivo  por  14  a  28  dias,  
orgânica. dependendo  da  formu-­‐‑
lação).

Hipoclorito  de   1% Imersão,  durante  30  mi-­‐‑ Médio Bactericida,  fungicida,   Ação  rápida,  indica-­‐‑ Instável,  corrosivo,  
sódio nutos.    Superfícies  com   viruscida  e  esporicida. do  para  superfícies  e   inativado  na  presença  de  
matéria  orgânica,  apli-­‐‑ artigos  não  metálicos   matéria  orgânica.
car  por  2  a  5  minutos  e   e  materiais  termossen-­‐‑
proceder  à  limpeza. síveis.

Ácido  Pera-­‐‑ 0,001  a  0,2% Imersão,  durante  10   Alto Bactericida,  fungicida,   Não  forma  resíduos  tó-­‐‑ Instável  quando  diluído.  
cético minutos. viruscida  e  esporicida. xicos,  efetivo  na  presen-­‐‑ Corrosivo  para  alguns  
ça  de  matéria  orgânica,   tipos  de  metais,  ação  que  
rápida  ação  em  baixa   pode  ser  reduzida  pela  

ANVISA
temperatura. modificação  do  pH.

79
As   embalagens   devem   ser   identificadas   antes   da   esterilização.   A   identificação  
deve  ser  feita  em  fita  ou  etiqueta  adesiva  e  deve  conter  a  descrição  do  conteúdo,  
quando  necessário,  data  e  validade  da  esterilização  e  nome  do  funcionário  res-­‐‑
ponsável  pelo  processamento  do  artigo.  
A  improvisação  de  embalagens  para  o  processamento  de  artigos  odontológicos  
é  contra-­‐‑indicada.

8.8.  ESTERILIZAÇÃO  DE  ARTIGOS

A  esterilização  é  o  processo  que  visa  destruir  ou  eliminar  todas  as  formas  de  vida  
microbiana  presentes,  por  meio  de  processos  físicos  ou  químicos.  Para  garantir  a  
esterilização,  é  fundamental  que  os  passos  já  citados  do  processamento  de  artigos  
sejam  seguidos  corretamente.  
Na  Odontologia,  os  processos  de  esterilização  indicados  são:

a)    Físicos:  utilizando-­‐‑se  o  vapor  saturado  sob  pressão  (autoclave).


b)  Químicos:  utilizando-­‐‑se  soluções  de  glutaraldeído  a  2%  e  de  ácido  peracé-­‐‑
tico  a  0,2%.

Destaca-­‐‑se  que  os  artigos  metálicos  deverão  ser  esterilizados  por  processo  físico  
visto  serem  termorresistentes.  A  esterilização  química  deve  ser  utilizada  em  ar-­‐‑
tigos  termossensíveis  apenas  quando  não  houver  outro  método  que  a  substitua.  
Ressalta-­‐‑se  que  os  artigos  termossensíveis  devem  ser  prioritariamente  esteriliza-­‐‑
dos  por  meio  de  processo  físico.

8.8.1.  PROCESSO  FÍSICO

I  -­‐‑  VAPOR  SATURADO  SOB  PRESSÃO


Realizado  em  autoclave,  onde  os  microorganismos  são  destruídos  pela  ação  com-­‐‑
binada  da  temperatura,  pressão  e  umidade,  que  promove  a  termocoagulação  e  
a  desnaturação  das  proteínas  da  estrutura  genética  celular.  Atualmente,  existem  
três  tipos  de  autoclave  disponíveis  no  mercado:
   
•    gravitacional:  o  ar  é  removido  por  gravidade,  sendo  que  o  ar  frio,  mais  
denso,   tende   a   sair   por   um   ralo   colocado   na   parte   inferior   da   câmara,  
quando  o  vapor  é  admitido.  No  Brasil,  as  autoclaves  destinadas  à  Odon-­‐‑
tologia  funcionam,  em  quase  sua  totalidade,  pela  forma  de  deslocamento  
por  gravidade;
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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


•    pré-­‐‑vácuo:  o  ar  é  removido  com  o  uso  de  bombas  de  vácuo,  podendo  ser  
um  único  pulso  (alto  vácuo)  ou  seguidas  injeções  e  retiradas  rápidas  de  
vapor  (pulsos  de  pressurização).
•    ciclo   flash:   recomendado   para   esterilização   apenas   em   situações   de   uso  
imediato  do  artigo,  seja  acidentalmente  contaminado  durante  um  proce-­‐‑
dimento  ou  na  ausência  de  artigo  de  reposição.  

Os  padrões  de  tempo,  temperatura  e  pressão  para  esterilização  pelo  vapor  va-­‐‑
riam  de  acordo  com  o  aparelho  e  encontram-­‐‑se  dentro  de:  121°  C  a  127°  C  (1  atm  
pressão)  por  15  a  30  minutos  e  132°  C  a  134°  C  (2  atm  pressão)  por  quatro  a  sete  
minutos  de  esterilização.
O  material,  devidamente  embalado,  deve  ser  colocado  na  câmara  da  autoclave  
desligada,   não   ultrapassando   2/3   de   sua   capacidade   total   e   sem   encostar-­‐‑se   às  
laterais,  dispondo-­‐‑se  os  pacotes  de  modo  que  o  vapor  possa  circular  livremente  e  
atinja  todas  as  superfícies  do  material.  Embalagens  compostas  por  papel  e  filme  
devem  ser  colocadas  com  o  papel  para  baixo.  Deve-­‐‑se  fechar  o  equipamento  e  
selecionar  o  ciclo  desejado,  caso  seja  possível.  Após  a  conclusão  do  ciclo,  deve-­‐‑se  
abrir  o  equipamento  e  aguardar  que  a  temperatura  caia  a  60º  C  para  a  retirada  do  
material.  Nesta  etapa,  o  profissional  deve  utilizar  todos  os  EPIs.
Atualmente,  a  esterilização  em  estufas  (calor  seco)  é  recomendada  por  organis-­‐‑
mos   nacionais   e   internacionais   apenas   para   óleos   e   pós   na   área   médica   e   para  
alguns  tipos  de  brocas  e  alicates  ortodônticos  na  Odontologia  (CDC,  2003).  Estas  
indicações  se  justificam  pelo  fato  de  o  processo  exigir  longo  período  de  tempo  
e   altas   temperaturas,   podendo   ocorrer   falhas   no   processo   de   esterilização.   Os  
equipamentos  utilizados  atualmente  nos  serviços  odontológicos  não  são  automa-­‐‑
tizados,  não  permitem  registros  confiáveis  dos  parâmetros  físicos  do  processo,  
permitem  a  interrupção  do  processo  e  o  monitoramento  biológico  é  complexo.

8.8.2.  PROCESSOS  QUÍMICOS

I  -­‐‑  GLUTARALDEÍDO  A  2%


Sua  ação  germicida  se  dá  pela  alquilação  de  grupos  sulfidril,  hidroxil,  carboxil  e  
amino,  grupos  de  componentes  celulares,  alterando  o  RNA,  DNA  e  as  sínteses  
protéicas.
Após   a   realização   da   limpeza   e   secagem   do   artigo,   este   deve   ser   imerso   total-­‐‑
mente  na  solução  de  glutaraldeído  a  2%,  em  recipiente  de  plástico  e  com  tampa,  
por  10  horas.  O  profissional  deve  fazer  uso  de  EPIs  durante  a  manipulação,  tais  
como  avental,  luvas  de  borracha  (butílica/viton),  óculos  e  máscaras  próprias  para  
vapores  orgânicos.  

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ANVISA
O  enxágüe  final  deve  ser  rigoroso,  em  água  estéril,  e  a  secagem,  com  compressas  
esterilizadas,  é  obrigatória,  devendo  o  artigo  ser  utilizado  imediatamente.  É  re-­‐‑
comendado  que  o  manuseio  desta  solução  seja  realizado  em  ambiente  com  boa  
ventilação.  

II  -­‐‑  ÁCIDO  PERACÉTICO  A  0,2%


O  ácido  peracético  a  0,2%  promove  desnaturação  de  proteínas,  alteração  na  per-­‐‑
meabilidade  da  parede  celular,  oxidação  de  ligações  sulfidril  e  sulfúricas  em  pro-­‐‑
teínas,  enzimas  e  outros  componentes  básicos.
Deve-­‐‑se  salientar  que  a  esterilização  química  deve  ser  utilizada  somente  nas  situ-­‐‑
ações  em  que  não  há  outro  recurso  disponível.

8.9.  ARMAZENAMENTO  DOS  ARTIGOS  ESTERILIZADOS

O  instrumental  deve  ser  armazenado  em  local  exclusivo,  separado  dos  demais,  
em  armários  fechados,  protegido  de  poeira,  umidade  e  insetos,  e  a  uma  distância  
mínima  de  20  cm  do  chão,  50  cm  do  teto  e  5  cm  da  parede,  respeitando-­‐‑se  o  prazo  
de  validade  da  esterilização.
O  local  de  armazenamento  deve  ser  limpo  e  organizado  periodicamente,  sendo  
verificados  sinais  de  infiltração,  presença  de  insetos,  retirando-­‐‑se  os  pacotes  da-­‐‑
nificados,  com  sinais  de  umidade,  prazo  de  validade  da  esterilização  vencido,  etc.  
Estes  artigos  devem  ser  reprocessados  novamente.
Na  distribuição,  os  pacotes  esterilizados  devem  ser  manipulados  o  mínimo  pos-­‐‑
sível  e  com  cuidado.

8.10.  VALIDADE  DE  ESTERILIZAÇÃO

Cada  serviço  deve  realizar  a  validação  do  prazo  de  esterilização  dos  artigos,  re-­‐‑
correndo  a  testes  laboratoriais  de  esterilidade,  considerando  os  tipos  de  embala-­‐‑
gem  utilizados,  os  métodos  de  esterilização,  as  condições  de  manuseio  e  os  locais  
de  armazenamento.
 

8.11.  MONITORAMENTO  DA  ESTERILIZAÇÃO

O  processo  de  esterilização  deve  ser  comprovado  por  meio  de  monitoramento  
físico,  químico  e  biológico.  O  monitoramento  biológico  deve  ser  registrado,  jun-­‐‑
tamente  com  a  data  da  esterilização,  lote,  validade  e  equipamento  utilizado.
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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


8.11.1.  MONITORAMENTO  FÍSICO
Consiste  na  observação  e  registro  dos  dados  colhidos  nos  mostradores  dos  equi-­‐‑
pamentos,  como  a  leitura  da  temperatura,  da  pressão  e  do  tempo  em  todos  os  
ciclos  de  esterilização.

8.11.2.  MONITORAMENTO  QUÍMICO


É  realizado  com  o  uso  de  indicadores  químicos  que  avaliam  o  ciclo  de  esteriliza-­‐‑
ção,  pela  mudança  de  cor,  na  presença  da  temperatura,  tempo  e  vapor  saturado,  
conforme  o  indicador  utilizado.  Podem  ser  usados  indicadores  de  processo,  teste  
Bowie-­‐‑Dick,  de  parâmetro  simples,  multiparamétrico,  integrador  e  emuladores.

I  -­‐‑  INDICADOR  DE  PROCESSO  -­‐‑  CLASSE  I  


Os  indicadores  químicos  de  processos  podem  vir  na  própria  embalagem  ou  na  
forma  de  fita  adesiva.  As  fitas  adesivas  para  autoclave  apresentam  listas  brancas  
diagonais  que  se  tornam  pretas  após  a  esterilização.  
Os  indicadores  químicos  devem  ser  usados  externamente  em  todas  as  embala-­‐‑
gens  a  serem  esterilizadas  e  indicam  que  a  temperatura  selecionada  para  a  esteri-­‐‑
lização  foi  atingida  em  um  determinado  momento.  Permitem  identificar  o  pacote  
que  foi  processado  (Apecih,  2000;  Sobecc.  2001).

II  -­‐‑  TESTE  BOWIE  E  DICK  -­‐‑  CLASSE  II


O  teste  Bowie  e  Dick  é  específico  para  detectar  a  presença  do  ar  residual  no  in-­‐‑
terior  de  autoclaves  com  bomba  de  vácuo.  O  ar  entre  os  pacotes  ou  no  interior  
deles  dificulta  a  penetração  do  vapor  saturado.  Este  teste  deve  ser  realizado  no  
primeiro  ciclo  de  esterilização  do  dia  (antes  da  primeira  carga  processada).
Apresenta-­‐‑se  como  uma  folha  única  impregnada  com  tinta  termoquímica.  Esta  
folha  deve  ser  colocada  no  meio  de  um  pacote  teste,  que  é  preparado  com  cam-­‐‑
pos  cirúrgicos,  dobrados  em  camadas  uniformes,  um  em  cima  do  outro,  de  modo  
a   formar   uma   pilha   de   25   a   28   cm   de   altura,   30   cm   de   comprimento   e   23   cm  
de  largura.  O  pacote-­‐‑teste  é  colocado  na  porção  mais  fria  da  autoclave,  ou  seja,  
próxima  ao  dreno.  Para  confirmar  o  adequado  funcionamento  da  bomba  de  vá-­‐‑
cuo,  a  mudança  de  cor  deverá  ser  uniforme.  Alterações  na  coloração  indicam  a  
existência  de  ar  residual  e  o  equipamento  deve  ser  interditado.  Existem  ainda,  
pacotes-­‐‑teste  Bowie  e  Dick  prontos  e  que  se  adaptam  melhor  nas  autoclaves  com  
câmaras  menores.

83

ANVISA
III  -­‐‑  INDICADOR  DE  PARÂMETROS  SIMPLES  –  CLASSE  III
Este  indicador  responde  a  um  único  parâmetro  –  temperatura.  Não  é  indicado  na  
atualidade  em  virtude  da  existência  de  indicadores  mais  precisos.

IV  -­‐‑    INDICADOR  MULTIPARAMÉTRICO  –  CLASSE  IV


Os  indicadores  químicos  multiparamétricos  são  tiras  de  papel  impregnadas  por  
tinta  termoquímica  que  muda  de  cor  como  as  fitas  adesivas.  Devem  ser  coloca-­‐‑
dos  no  interior  dos  pacotes  e  indicam  que  a  embalagem  foi  permeável  ao  agente  
esterilizante  e  também  que  o  tempo  e  a  temperatura  padronizados  para  a  esteri-­‐‑
lização  foram  atingidos  em  um  determinado  momento.  

V  -­‐‑    INDICADOR  INTEGRADOR  –  CLASSE  V


Os  integradores  são  indicadores  designados  para  reagir  a  todos  os  parâmetros  
críticos  do  processo  de  esterilização  a  vapor  (tempo,  temperatura  e  qualidade  do  
vapor),  dentro  de  um  intervalo  específico  de  ciclos  de  esterilização.  Devem  ser  
colocados  no  interior  de  cada  pacote,  no  local  de  maior  dificuldade  de  penetração  
do  agente  esterilizante.

VI  -­‐‑    EMULADORES  –  CLASSE  VI


São  indicadores  de  verificação  de  ciclos  designados  para  reagir  a  todos  os  parâ-­‐‑
metros  da  esterilização  quando  95%  do  ciclo  estiver  concluído.

8.11.3.  MONITORAMENTO  BIOLÓGICO


O  monitoramento  biológico  é  realizado  utilizando-­‐‑se  tiras  de  papel  impregnadas  
por  esporos  bacterianos  do  gênero  Bacillus,  de  bactérias  termofílicas  formadoras  
de  esporos,  capazes  de  crescer  em  temperaturas  nas  quais  as  proteínas  são  des-­‐‑
naturadas.
Os  pacotes  contendo  os  indicadores  devem  ser  colocados  em  locais  onde  o  agente  
esterilizante  chega  com  maior  dificuldade,  como  próximo  à  porta,  junto  ao  dreno  
e  no  meio  da  câmara.  Tal  procedimento  deve  ser  realizado  semanalmente.
Para  a  autoclave  utiliza-­‐‑se  o  geobacilo  esporulado  Stearothermophillus,  disponível  
em   sistemas   autocontidos   de   2a   e   3a   gerações,   os   quais   apresentam   seus   resul-­‐‑
tados   após   48   horas   e   três   horas   respectivamente.   Para   estes   sistemas   existem  
estufas  incubadoras  próprias.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


8.12.  MANUTENÇÃO  DA  AUTOCLAVE

Deve-­‐‑se  limpar  as  superfícies  internas  e  externas  da  autoclave  com  esponja  ma-­‐‑
cia,  água  e  sabão  neutro,  semanalmente  ou  sempre  que  apresentarem  sujidade  
visível,  e,  em  seguida,  remover  o  sabão  com  um  pano  umedecido  e  secar  com  um  
pano  limpo.
A  troca  da  água,  quando  requerida  pelo  equipamento,  e  a  limpeza  das  tubulações  
internas   devem   ser   realizadas   por   técnico   especializado,   com   a   periodicidade  
preconizada  pelo  fabricante  do  equipamento.

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ANVISA
BIBLIOGRAFIA  

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87

ANVISA
IX
9.    PROCESSAMENTO  DE          
    SUPERFÍCIES,  LINHAS  DE  ÁGUA,    
    ROUPARIA  E  LIMPEZA  GERAL

Sinaida  Teixeira  Martins  


Erica  Lopes  Ferreira  
Izabel  do  Rocio  Costa  Ferreira  

O  equipamento  odontológico  e  os  periféricos,  utilizados  na  Odontologia,  estão  


sujeitos  à  contaminação  por  microorganismos  patogênicos  provenientes  da  cavi-­‐‑
dade  bucal  do  paciente  por  meio  do  contato  direto,  do  toque  das  mãos  enluva-­‐‑
das  do  profissional  e  do  pessoal  auxiliar,  de  respingos  de  sangue  ou  saliva  e  do  
aerossol  que  neles  se  depositam.  Além  destas  fontes  de  contaminação,  deve  ser  
considerada,  na  elaboração  de  um  programa  de  controle  de  infecção,  a  qualidade  
da  água  utilizada  nos  equipamentos  odontológicos.

9.1.  SUPERFÍCIES  E  COMPONENTES  DOS  EQUIPAMENTOS  


ODONTOLÓGICOS  

O  desenho  e  os  materiais  utilizados  na  fabricação  de  equipamentos  odontológi-­‐‑


cos  e  periféricos  vêm  sendo  estudados  e  modificados  pela  indústria,  o  que  tem  
possibilitado  a  introdução,  no  mercado,  de  produtos  melhores  e  mais  adequados  
para  facilitar  os  procedimentos  de  limpeza  e  desinfecção  ou  esterilização.  As  ca-­‐‑
deiras   e   mochos   odontológicos   são   fabricados   com   revestimentos   de   materiais  
impermeáveis,  laváveis  e  sem  costuras.  As  mangueiras  são  lisas,  as  cuspideiras  
podem  ser  retiradas  para  lavagem,  as  pontas  dos  equipos  são  autoclaváveis  e,  em  
geral,  apresentam  superfície  lisa  ou  com  poucas  ranhuras.  
Muitos   comandos   elétricos   são   operados   pelos   pés   ou   por   meio   de   células   fo-­‐‑
toelétricas,   o   que   minimiza   a   necessidade   de   contato   manual.   Equipamentos  
periféricos  que  necessariamente  devem  ser  manipulados  pelo  CD,  como  bisturi  
elétrico,  aparelhos  de  ultra-­‐‑som,  motores  elétricos,  laser  terapêutico  ou  cirúrgico,  
aparelho  de  raios  X,  aparelho  eletrônico  para  odontometria,  equipamentos  para  
obturação   endodôntica,   fotopolimerizador,   microscópio   odontológico,   câmara  

89

ANVISA
intra-­‐‑oral,  entre  outros,  geralmente  possuem  partes  removíveis  esterilizáveis  ou  
passíveis  de  limpeza  e  desinfecção.
A  limpeza  deve  ser  realizada  com  água  e  sabão  neutro  e  a  desinfecção  com  álcool  
a  70%.  Para  minimizar  a  contaminação  nas  superfícies  e  em  áreas  vulneráveis,  
como  os  botões  de  acionamento  dos  diferentes  equipamentos,  sujeitos  a  danos  
elétricos,  as  recomendações  revisadas  do  CDC  e  de  diversos  autores  sugerem  o  
recobrimento  destas  superfícies  com  campos  de  algodão  esterilizados,  para  pro-­‐‑
cedimentos  cirúrgicos,  e  a  aplicação  de  barreiras  impermeáveis  durante  a  reali-­‐‑
zação  de  procedimentos  clínicos.  
A   utilização   de   campos   de   algodão   esterilizados   sobre   mesas   auxiliares,   man-­‐‑
gueiras  dos  equipamentos,  alças  do  refletor  e  sobre  o  paciente  não  requer  con-­‐‑
siderações   adicionais.   É   necessária   para   a   manutenção   da   cadeia   asséptica   a  
esterilização  das  partes  removíveis  do  equipamento  que  são  utilizadas  nos  pro-­‐‑
cedimentos   cirúrgicos,   como   as   turbinas   de   alta   rotação,   os   micromotores   a   ar  
comprimido  ou  elétrico,  entre  outros.  
As  barreiras  físicas  de  tecido  ou  as  plásticas  impermeáveis  devem  ser  trocadas  
a  cada  paciente.  O  responsável  técnico  pelo  estabelecimento  ou  a  Comissão  de  
Controle  de  Infecção  em  Odontologia  deve  avaliar  as  condições  de  uso  dos  equi-­‐‑
pamentos  e  periféricos  e  padronizar  a  melhor  conduta  em  relação  à  atividade  de-­‐‑
senvolvida,  tendo  como  focos  a  área  de  abrangência  de  gotículas  e  aerossóis  e  o  
treinamento  das  equipes,  buscando  reduzir  ao  máximo  o  contato  com  superfícies  
de  equipamentos,  especialmente,  pelo  operador.

9.2.  LINHAS  DE  ÁGUA  

A  qualidade  da  água  utilizada  nos  equipamentos  odontológicos  e  periféricos  tem  


sido  alvo  de  muitos  estudos  e  a  maioria  destes  indica  a  falta  de  potabilidade.  A  
água  tem  sua  qualidade  determinada  por  fatores  físicos,  químicos  e  biológicos.  
Seu  “status  de  higiene”  está  diretamente  relacionado  à  sua  condição  biológica  e  
às  características  dos  poluentes  presentes  que  influem  na  diversidade  e  na  ativi-­‐‑
dade  do  ecossistema  existente.
A   utilização   de   água   de   boa   qualidade   nos   serviços   odontológicos   é   essencial  
para  atender  princípios  de  assepsia  e  possibilitar  a  implantação  de  um  Programa  
de  Controle  de  Infecção  eficaz.  
Na  maioria  dos  países,  os  padrões  de  potabilidade  da  água  são  estabelecidos  por  
órgãos  oficiais.  No  Brasil,  a  Portaria  MS  n.º  518,  de  25  de  março  de  2004,  apre-­‐‑
senta,  entre  outras  determinações,  as  normas  e  o  padrão  de  potabilidade  da  água  
destinada  ao  consumo  humano.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


A  água  da  refrigeração  dos  instrumentos  rotatórios,  utilizada  nas  turbinas  e  mi-­‐‑
cromotores,  está  sujeita  à  contaminação  decorrente  do  refluxo  de  material  orgâni-­‐‑
co  para  o  interior  destas  peças.  Este  fato  foi  confirmado  por  trabalhos  destinados  
a   avaliar   se   o   material   orgânico   pode   entrar   e   sair   das   peças   de   mão   durante  
procedimentos   odontológicos   e   se   pode   haver   a   sobrevivência   de   vírus   dentro  
das   mesmas.   A   conclusão   desses   trabalhos   foi   a   de   que   há   a   possibilidade   de  
contaminação,  sendo  preconizada  a  reutilização  de  peças  de  mão  somente  após  
procedimentos  de  limpeza  e  esterilização,  a  cada  uso.
Em  1993,  o  CDC  publicou  recomendações  para  o  controle  de  infecção  em  Odon-­‐‑
tologia,  entre  elas,  a  autoclavagem  das  peças  de  mão.  Destacou  a  importância  das  
válvulas  anti-­‐‑refluxo  para  prevenir  a  aspiração  de  material  orgânico  e  recomen-­‐‑
dou  o  acionamento  do  sistema  para  liberação  de  água  após  o  uso.  Em  2003,  essas  
recomendações  foram  atualizadas,  enfatizando-­‐‑se  a  necessidade  da  esterilização  
das  peças  de  mão  em  autoclave.
A  indústria  de  equipamentos  odontológicos,  atenta  aos  pontos  levantados,  lan-­‐‑
çou  no  mercado  equipamentos  com  sistema  de  assepsia  das  tubulações  de  água,  
peças   de   mão   autoclaváveis   e   válvulas   anti-­‐‑refluxo.   Estudos   avaliam   a   eficácia  
dessas  válvulas,  concluindo  pela  sua  efetividade  na  prevenção  da  contaminação  
da  área  interna.
Os  equipamentos  odontológicos  dotados  de  sistemas  de  desinfecção  das  tubula-­‐‑
ções  são  caracterizados  por  apresentarem  dois  reservatórios  que  funcionam  em  
paralelo.   Segundo   o   fabricante,   no   principal,   que   se   destina   à   refrigeração   dos  
instrumentos  rotatórios,  deve-­‐‑se  adicionar  0,3  ml  de  hipoclorito  de  sódio  a  1%  em  
500  ml  de  água,  para  assegurar  a  cloração.  O  segundo  frasco,  destinado  à  assepsia  
da  tubulação,  recebe  25  ml  de  hipoclorito  de  sódio  a  1%  em  475  ml  de  água.  Para  
o  uso  adequado  do  sistema,  recomenda-­‐‑se  o  acionamento  imediato,  logo  após  a  
conclusão  de  cada  atendimento,  bem  como  o  esgotamento  do  sistema  ao  final  do  
dia.  As  soluções  devem  ser  renovadas  diariamente,  visto  que  os  frascos  são  trans-­‐‑
parentes  e  as  soluções  cloradas  após  diluição  não  apresentam  estabilidade.
A  estrutura  do  biofilme  formado  nas  tubulações  foi  descrita  em  1995,  sendo  iden-­‐‑
tificadas  as  bactérias  envolvidas,  estimado  o  grau  de  contaminação  e  revisados  os  
métodos  para  o  seu  controle.  Segundo  o  CDC,  biofilmes  são  formados  por  micro-­‐‑
organismos,  incluindo  bactérias,  fungos  e  protozoários,  que  colonizam  e  repli-­‐‑
cam  sobre  a  superfície  interna  das  tubulações  de  água,  freqüentemente  formando  
uma  camada  protetora  de  substância  viscosa  (limo/muco)  conhecida  como  glico-­‐‑
calix.  Uma  vez  estruturado,  este  biofilme  funciona  como  reservatório,  ampliando  
significativamente  o  número  de  microorganismos  existentes  nas  linhas  de  água.
A  American  Dental  Association  (ADA),  também  em  1995,  salienta  que  a  qualida-­‐‑
de  da  água  utilizada  no  tratamento  odontológico  é  pobre  e  padrões  devem  ser  
assegurados.  Assim,  ficou  estabelecido  que,  a  partir  do  ano  2000,  a  água  liberada  
pelos  equipamentos  odontológicos,  em  procedimentos  não-­‐‑cirúrgicos,  não  deve-­‐‑
ria  conter  mais  que  200  ufc/ml  de  bactérias  heterotróficas.

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ANVISA
Múltiplos  tratamentos  reduzem  o  número  de  bactérias  recuperáveis,  porém  não  
destroem  o  biofilme.  Estudos  evidenciam,  especialmente,  a  necessidade  de  ga-­‐‑
rantir  qualidade  à  água  utilizada  nos  procedimentos  cirúrgicos.  
Em  relação  ao  biofilme,  tanto  a  ADA  quanto  o  CDC  afirmam  que  as  estratégias  de  
acionamento  e  liberação  de  água  no  início  do  dia  e  nos  intervalos  entre  pacientes  
não  controlam  a  formação  do  biofilme  ou  reduzem  sua  aderência  na  tubulação.  
O  mesmo  se  pode  afirmar  em  relação  aos  lipopolissacarídeos.
 Com  relação  a  efeitos  adversos  à  saúde  de  pacientes  imunocompetentes  e  à  saúde  
ocupacional,  o  CDC  afirma  não  haver  dados  consistentes  diretamente  relaciona-­‐‑
dos  à  água  dos  equipamentos  odontológicos.  Poucos  estudos  apontam  para  uma  
maior  titularidade  de  anticorpos  contra  Legionella  em  pessoas  ocupacionalmen-­‐‑
te  expostas,  em  comparação  com  a  população.  Na  Inglaterra,  há  relatos  de  que  
a  água  de  procedimentos  odontológicos  pode  ter  sido  a  origem  de  infecções  por  
Pseudomonas  em  dois  pacientes  imunocomprometidos.  Independentemente  da  
ausência  de  comprovação  de  efeitos  adversos  à  saúde  e  objetivando  a  adoção  de  
princípios  consistentes  para  o  controle  de  infecção,  torna-­‐‑se  imperativa  a  adoção  
de  parâmetros  e  métodos  adequados  e  econômicos  para  monitorar  a  qualidade  
da  água  empregada  na  Odontologia.
Assim   sendo,   estratégias   para   assegurar   qualidade   à   água   dos   equipamentos  
odontológicos  e  alguns  periféricos  que  a  empregam  incluem  a  utilização  de  re-­‐‑
servatório  de  água  independente  da  rede  de  abastecimento,  desinfecção  química  
das  linhas  de  água,  drenagem  diária,  manutenção  a  seco  durante  a  noite  e  finais  
de  semana,  e  filtros  de  água  nas  linhas.    Peças  de  mão  esterilizáveis  com  válvulas  
anti-­‐‑refluxo  também  podem  contribuir.
Estudos  indicam  que  desinfetantes  à  base  de  peróxido  de  hidrogênio  têm  apre-­‐‑
sentado  bons  resultados  na  prevenção  e/ou  na  eliminação  de  biofilmes  já  instala-­‐‑
dos  nas  linhas  de  água  dos  equipamentos  odontológicos,  sendo  que  protocolos  
semanais  devem  ser  estabelecidos.  
Os  resultados  dos  trabalhos  confluem  para  o  estabelecimento  de  um  protocolo  
que  visa  à  eliminação  do  biofilme,  por  meio  da  aplicação  de  desinfetantes  à  base  
de   peróxido   de   hidrogênio,   destinados   às   linhas   de   água.   O   produto   deve   ser  
diluído  de  acordo  com  as  orientações  técnicas  do  fabricante  e  deve-­‐‑se  proceder  a  
aplicações  repetidas,  por  cinco  noites,  de  modo  a  eliminar  o  biofilme  já  instalado.  
Para  a  manutenção  do  padrão  de  qualidade  da  água  estabelecido  pela  ADA  (<  
200  ufc/ml),    deve-­‐‑se  manter  o  procedimento,  aplicando  o  desinfetante  uma  vez  
por  semana.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


9.3.  ROUPARIA

Muitas  doenças  que  afetam  a  saúde  do  homem  são  provocadas  por  microorga-­‐‑
nismos  que  se  desenvolvem  na  sujidade.  A  lavagem  da  roupa  tem  a  finalidade  
primordial  de  praticar  a  mais  completa  higiene,  eliminando  a  sujeira  fixada  na  
roupa,  deixando-­‐‑a  com  aspecto  e  cheiro  agradáveis,  confortável  para  o  uso  e  com  
níveis  microbiológicos  reduzidos  aos  limites  aceitáveis,  ou  seja,  livre  de  patóge-­‐‑
nos   em   quantidade   e   qualidade   suficientes   para   transmitir   doenças   (Pugliese,  
Hunstiger,  1992;  Martin,  1993;  Barrie,  1994;  Gervini,  1995;  Bartolomeu,  1998).  Este  
processo   é   extremamente   importante   para   o   bom   funcionamento   dos   serviços  
odontológicos  em  relação  à  assistência  prestada  ao  paciente.
Embora  as  roupas  sujas  possam  estar  contaminadas  com  microorganismos  pa-­‐‑
togênicos,   o   risco   de   transmissão   de   doenças   para   os   profissionais   e   para   os  
pacientes  que  mantém  contato  direto  com  a  roupa  é  desprezível  desde  que  ade-­‐‑
quadamente  manuseadas  e  processadas  (Pugliese,  Hunstiger,  1992;  Martin,  1993;  
Barrie,  1994;  Santos,  1997).
A  roupa  suja  deve  ser  manuseada  e  sacudida  o  mínimo  possível,  para  evitar  a  
contaminação  microbiana  do  ar  e  das  pessoas  que  a  manipulam  (MS,  1986).  Deve  
ser  embalada  no  local  onde  foi  usada  e  transportada  em  sacos  resistentes  e  bem  
vedados  para  impedir  vazamentos.  
Na   separação,   é   indispensável   que   todas   as   peças   de   roupa   sejam,   cuidadosa-­‐‑
mente  abertas,  para  a  retirada  de  quaisquer  objetos  que  por  ventura  estejam  em  
meio  às  roupas.  A  roupa  contaminada  deve  ser  lavada  separadamente  das  rou-­‐‑
pas  de  uso  pessoal  e  o  seu  tecido  deve  permitir  o  uso  de  detergente  para  roupas,  
água   quente   e/ou   agente   químico   desinfetante   como   os   alvejantes   (MS,   1996).  
Sendo  indispensável  para  os  profissionais  envolvidos  na  lavagem  de  roupas  con-­‐‑
taminadas  o  uso  de  luvas  de  borracha,  avental  impermeável  e  sapatos  fechados,  
com  os  solados  antiderrapantes  e  impermeáveis.  Após  a  lavagem  e  secagem,  os  
campos  e  aventais  cirúrgicos  devem  ser  embalados  e  autoclavados.
Recomenda-­‐‑se   que   campos   e   aventais   cirúrgicos   utilizados   em   procedimentos  
odontológicos  sejam  encaminhados  a  uma  lavanderia  hospitalar,  com  intuito  de  
assegurar  melhor  qualidade  no  processamento  da  roupa,  ou  ainda,  a  utilização  
dos  campos  e  aventais  cirúrgicos  descartáveis  face  a  complexidade  da  infra-­‐‑es-­‐‑
trutura  física  de  uma  lavanderia  hospitalar.
 

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ANVISA
9.4.  LIMPEZA  GERAL

Os  procedimentos  de  limpeza  consistem  na  remoção  da  sujidade  mediante  o  uso  
de  água  e  sabão.  
Paredes,  janelas,  portas,  tetos  e  pisos  não  constituem  risco  de  infecção,  desde  que  
mantidos  limpos.  Deve-­‐‑se  estabelecer  uma  rotina  de  limpeza  periódica,  de  acor-­‐‑
do  com  a  área  ou  quando  houver  sujidade  visível.  
Os  pisos  devem  ser  limpos  diariamente  e  as  demais  superfícies,  gavetas,  mobili-­‐‑
ários,  etc.  no  mínimo  semanalmente  ou  quando  necessário.
O  responsável  da  limpeza  deve  ser  orientado  quanto  aos  seguintes  aspectos:

a)    Riscos  de  infecção.


b)  Uso   de   EPIs   (luvas   de   borracha,   avental   impermeável   e   sapatos   fecha-­‐‑
dos).
c)     Técnicas  de  limpeza.
d)  Higienização  dos  materiais  de  limpeza.

9.4.1.  RECOMENDAÇÕES  PARA  LIMPEZA

a)    Iniciar  da  área  menos  contaminada  para  a  mais  contaminada.


b)  Limpar  as  paredes  de  cima  para  baixo,  em  sentido  único.
c)     Esfregar  as  paredes  com  água  e  sabão,  utilizando  esponja  ou  pano.
d)  Enxaguar  com  pano  umedecido  em  um  balde  com  água  limpa.
e)     Secar  com  pano  limpo.
f)     Limpar  os  pisos  do  fundo  para  a  porta.
g)  Utilizar  um  rodo,  dois  baldes,  panos  limpos  ou  carrinhos  próprios  para  
limpeza,  e  água  e  sabão.
h)  Colocar  água  e  sabão  em  um  dos  baldes  e  água  limpa  no  outro.
i)    Afastar  os  móveis  e  equipamentos.
j)    Esfregar  os  pisos  com  rodo  e  pano  umedecido  em  água  e  sabão.
k)  Enxaguar  com  pano  umedecido  em  um  balde  com  água  limpa.
l)    Secar  com  um  pano  limpo  envolto  no  rodo.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


m)   Lavar  os  panos  de  limpeza,  esfregões,  baldes  e  luvas  de  borracha  após  o  
uso,  no  DML.

9.4.2.  ORIENTAÇÕES  DE  LIMPEZA  E  DESINFECÇÃO  NA  PRESENÇA  DE  MATÉRIA  


ORGÂNICA  

a)  Aplicar  solução  de  hipoclorito  de  sódio  a  1%  sobre  a  matéria  orgânica  e  
aguardar  cinco  minutos.
b)  Remover  com  auxílio  de  papel-­‐‑toalha  ou  pano,  que  deve  ser  descartado.
c)     Proceder  à  limpeza  com  água  e  sabão

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98

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


X
10.    ANTIBIOTICOPROFILAXIA      
     EM  ODONTOLOGIA

Leandro  Queiroz  Santi  

Para  leitura  deste  capítulo  é  importante  saber  que  existem  controvérsias  a  res-­‐‑
peito   da   necessidade   de   se   realizar   profilaxia   em   odontologia,   entretanto,   as  
associações  americanas  de  odontologia,  cardiologia  e  ortopedia  publicam,  perio-­‐‑
dicamente,  recomendações  que  são  seguidas  por  profissionais  de  todo  o  mundo,  
ocorrendo  pequenas  alterações  de  acordo  com  a  realidade  de  cada  país.    
A  profilaxia  com  antibiótico  é  recomendada  para  prevenção  de  infecções  nos  pa-­‐‑
cientes  de  alto  e  médio  risco  para  desenvolver  endocardites  bacterianas  e  naque-­‐‑
les  que  foram  submetidos  à  artroplastia  com  colocação  de  prótese  total.
Para  a  apropriada  indicação  de  antibióticos  profiláticos  os  profissionais  devem  
avaliar   seus   pacientes   quanto   suas   condições   clínicas   atuais   e   pregressas.     Isto  
os  ajudará  na  decisão,  sendo,  algumas  vezes,  necessário  recorrer  ao  médico  do  
paciente  para  maiores  informações  e  discutir  o  tratamento  a  ser  instituído.
Um  dos  princípios  mais  importante  no  uso  de  antibiótico  profilático  diz  respeito  
ao  momento  ideal  da  administração.  Para  que  o  antibiótico  eleito  atue  na  elimi-­‐‑
nação  de  bactérias  circulantes  na  corrente  sanguínea,  decorrente  de  manipulação  
da  cavidade  oral,  ele  deve  ser  administrado  pelo  menos  uma  hora,  por  via  oral,  
ou   30   minutos,   por   via   intravenosa,   antes   do   início   do   procedimento.  Apenas  
nos  casos  de  emergência,  a  administração  pode  ser  realizada  em  tempo  inferior  
a  esses.
Outro  princípio  a  ser  considerado  diante  da  indicação  de  antibióticoprofilaxia  diz  
respeito  ao  custo-­‐‑benefício,  incluindo  os  potenciais  efeitos  adversos,  tabela  1.  
Sempre  que  for  prescrito  um  antibiótico  profilático  o  profissional  deve  estar  cien-­‐‑
te  que  o  desenvolvimento  de  resistência  bacteriana  poderá  ocorrer,  e  sendo  assim,  
terapêuticas  ou  profilaxias  de  procedimentos  subseqüentes  ao  antimicrobiano  já  
usado  poderão  não  apresentar  a  eficácia  desejada.

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ANVISA
Tabela  1:  As  complicações  mais  comuns  da  antibióticoterapia  são:

Tóxicas

Gastrointestinal  (náuseas,  vômitos,  diarréia,  dor  abdominal,  colite  pseudomembranosa)

Hematológico  (neutropenia,  trombocitopenia,  hemólise)

Renal  -­‐‑  Nefrotóxico  (proteinúria,  insuficiência  renal)

Neurológico  (neuropatia  periférica)

Hepáticas  (icterícia,  hepatite)

Hipersensibilidade

Erupções  cutâneas  (urticária,  dermatite  esfoliativa,  sidrome  de  Steven  Johnson)

Doença  do  soro

Hipersensibilidade  imediata  (anafilaxia).

Desenvolvimento  de  resistência.


Fonte:  Montazem  A.  Antibiótico  Prophylaxis  in  Dentristry.  Mt  Sinai  J  Med.1998;  65  (5-­‐‑6):  388-­‐‑92  Re-­‐‑
view.

10.1.  INDICAÇÕES  DE  ANTIBIÓTICOPROFILAXIA

10.1.1.  PRÓTESE  ORTOPÉDICA


A  contaminação  da  prótese  articular  levando  a  infecção  decorre  basicamente  de  
três  mecanismos:  
1)  contaminação  no  momento  da  implantação;  
2)  via  hematogênica  -­‐‑  bacteremia  ou;  
3)  recrudescimento  de  infecções  prévias  (Fernandes,  2000).  A  incidência  de  
infecção  via  corrente  sanguínea  é  de  0,25%  e  o  principal  agente  envolvido  
é  o  Staphylococcus  aureus  (Ahlberg  et  al,  1978).  
A  American  Dental  Association  (ADA)  junto  com  a  American  Academy  of  Orthopaedic  
Surgeons  (AAOS)  elaboraram  orientações  sobre  situações  em  que  é  necessário  o  
uso  de  antibioticoprofilaxia  para  prevenir  infecções,  via  hematogênicas,  nas  pró-­‐‑
teses  de  pacientes  submetidos  a  artroplastia  total.    
O  uso  de  antibiótico  profilático  não  é  indicado  para  pacientes  ortopédicos  com  
pinos,  placas  ou  parafusos  nem  é,  rotineiramente,  indicado  para  muitos  dos  pa-­‐‑
100

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


cientes   com   substituição   da   prótese   total.   Entretanto,   todos   os   fatores   de   risco  
nestes  pacientes  devem  ser  considerados  (AAOS  -­‐‑1997)
Entre  os  pacientes  que  apresentam  riscos  de  infecção  via  hematogênica,  desta-­‐‑
cam-­‐‑se  os  imunocomprometidos,  imunossuprimidos  e  com  artropatias  inflama-­‐‑
tórias   (artrite   reumatóide,   Lupus   eritematosos   sistêmico).   Mas   existem   outras  
situações  de  risco  que  devem  ser  consideradas,  como  por  exemplo,  todos  os  pa-­‐‑
cientes  durante  os  dois  anos  subseqüentes  após  os  implante  da  prótese  articular  
e  co-­‐‑morbidades.  (Infecção  prévia  na  prótese,  Hemofilia,  HIV,  Diabetes  Tipo  1,  
Neoplasia,  Desnutrição)

10.1.2.  PROCEDIMENTOS  ODONTOLÓGICOS  DE  ALTO  RISCO  COM  INDICAÇÃO  


DE  PROFILAXIA  
Alguns  procedimentos  odontológicos  apresentam  riscos  diferenciados  para  pro-­‐‑
vocar    bacteremia,  sendo  estes  orientadores  da  necessidade  do  uso  de  antibiótico.  
São  eles:

a)    Exodontias
b)  Procedimentos   periodontais,   incluindo   cirurgia,   colocação   de   fio   afasta-­‐‑
dor  subgengival  com  antibiótico,  raspagem  e  alisamento  de  raízes,  sonda-­‐‑
gem,  manutenção  periódica.
c)     Implante  dental  e  reimplante  de  dentes  de  avulcionados
d)  Instrumentação  endodôntica  ou  só  cirurgia  periapical  
e)     Colocação  inicial  de  banda  de  ortodonticas  mas  não  de  braquetes.
f)     injeções  de  anestesia  local  intraligamentar  e    intraosseo.  
g)  Limpeza  profilática  de  dentes  ou  implantes  onde  se  prevê  sangramento.

10.1.3.  PROCEDIMENTOS  DE  BAIXO  RISCO  SEM    INDICAÇÃO  DE    PROFILAXIA


Para  procedimentos  de  baixo  risco  não  há  necessariamente  indicação  de  profila-­‐‑
xia  antibiótica.  Entretanto,  a  análise  clínica  pode  indicar  o  uso  de  antibiótico  em  
circunstâncias  que  apresentam  risco  de  sangramento  significante.  Alguns  proce-­‐‑
dimentos  devem  ser  analisados  caso  a  caso.  São  eles1:

a)    Procedimentos  de  dentística  restauradora  (operatória  e  protética)  com  ou  


sem  uso  de  fio  retrator.  -­‐‑   Isto  inclui  restauração  de  dentes  cariados  ou  de  
dentes  perdidos.
b)  Injeções  de  anestesia  local  (não  intraligamentar  e  não  intra-­‐‑óssea).  

101

ANVISA
c)     Tratamento  endodôntico;  obturação  e  restauração.
d)  Colocação  de  isolamento  absoluto.  
e)     Remoção  de  sutura  pós-­‐‑operatória.
f)     Colocação  de  próteses  removíveis  e  aparelhos  ortodônticos  móveis.
g)  Realização  de  moldagens  orais.  
h)  Tratamentos  com  fluoretos.  
i)    Realização  de  radiografias  intra-­‐‑orais.  
j)    Ajuste  ortodôntico.

10.2.  ENDOCARDITES  BACTERIANAS

A  endocardite  bacteriana,  embora  incomum,  é  uma  infecção  em  válvulas  naturais  


ou  protéticas,  grave  e  ameaçadora  da  vida  caso  não  seja  diagnosticado  e  instituí-­‐‑
do  o  tratamento  adequado  e  precoce.
A  presença  de  bactérias  na  corrente  sangüínea  (bacteremia)  pode  acontecer  es-­‐‑
pontaneamente  ou  pode  ser  uma  complicação  resultante  de  uma  infecção  focal  
(ex.:  infecção  do  trato  urinário,  pneumonia  ou  celulite).  Alguns  procedimentos  ci-­‐‑
rúrgicos  e  instrumentações  odontológicas  que  envolvem  superfícies  mucosas  ou  
tecido  contaminado  podem  causar  bacteremia.  Apesar  da  bacteremia  raramente  
persistir   por   mais   de   quinze   minutos   (Dajani,   1990),   as   bactérias   presentes   na  
corrente  sangüínea  podem  se  hospedar  em  valvas  anormais  do  coração,  no  endo-­‐‑
cárdio  ou  no  endotélio,  resultando  em  endocardites  ou  endarterites  bacterianas.  
Embora  a  bacteremia  seja  mais  comum  após  procedimentos  com  traumatismos  
de  vários  tecidos,  nem  sempre  é  possível  prever  quais  pacientes  desenvolverão  
esta  situação.  
Em  válvulas  protéticas,  as  infecções  surgem  precocemente  (até  dois  meses)  quan-­‐‑
do  a  contaminação  ocorre  no  ato  operatório  e  tardiamente  (mais  de  60  dias)  por  
meio   de   bacteremias   decorrentes   de   procedimentos   invasivos   em   áreas   coloni-­‐‑
zadas   ou   contaminadas.  As   medidas   de   prevenção,   como   o   uso   de   antibiótico  
profilático,  reduzem  a  incidência  desta  patologia.    
Para  a  indicação  correta  do  antibiótico  para  profilaxia,  devem  ser  observados  os  
riscos  relacionados  ao  procedimento,  conforme  descrito  anteriormente,  e  as  reco-­‐‑
mendações  contidas  na  Tabela  2.

1
 Adaptado  das  Recomendações  da  American  Heart  Association,  from  the  Commi ee  on  Rheumatic  
Fever,  Endocarditis,  and  Kawasaki  Disease,  Council  on  Cardiovascular  Disease  in  The  Young

102

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Tabela  2  –  Recomendações  para  uso  de  antibioticoprofilaxia  em  Odontologia  

CONDIÇÕES  CARDÍACAS  ASSOCIADAS  A  ENDOCARDITES

Profilaxia  recomendada Profilaxia  não  recomendada


Categoria  de  alto  risco.   Categoria  de  risco  baixo  ou  inexistente  (o  
risco  não  é  maior  do  que  o  da  população  
em  geral).
Próteses  de  valvas  cardíacas,  incluindo  as   Defeito  de  septo  atrial.
biopróteses  heterólogas  e  homólogas.
Endocardite  bacteriana  prévia. Correção  cirúrgica  de  defeito  de  septo  
atrial  ou  ventricular,  ou  pacientes  com  
persistência  de  ducto  arterioso  (sem  
resíduo  após  seis  meses).  
Doença  cardíaca  congênita  cianótica   Cardíaco  prévio  de  revascularização  
complexa  (ex.:  ventrículo  único,   miocárdica.
transposição  de  grandes  vasos,  tetralogia  
de  Fallot).  
Shunt  pulmonar  sistêmico  construído   Prolapso  de  valva  mitral  sem  
cirurgicamente. regurgitação  valvar.
Outras  malformações  cardíacas   Doença  de  Kawasaki  prévia  sem  
congênitas. disfunção  valvar.
Disfunção  valvar  adquirida  (ex.:  doença   Febre  reumática  prévia  sem  disfunção  
cardíaca  reumática). valvar.
Cardiomiopatia  hipertrófica. Marcapasso  cardíaco  (intravascular  e  
epicárdico)  e  desfibrilador  implantado.
Prolapso  de  valva  mitral  com   Grandes  próteses  articulares.
regurgitação  valvar  e/ou  espessamento  
dos  folhetos.
Infecção  Facial  Severa.
Diabetes.
Imunodepressão
1.  Neutropenia
2.  HIV
3.  Transplante  de  órgãos
4.  Imunossupressão  prolongada

Fonte:  Dajani,  1990.

103

ANVISA
Para  os  pacientes  portadores  de  Lupus  Eritematoso  Sistêmico,  para  aqueles  que  
usam  cateteres  e  para  os  que  possuem  diabetes  não  controlado,  infecção  avança-­‐‑
da  pelo  HIV  e  neutropenia,  além  daqueles  transplantados  ou  com  significativa  
imunodepressão  por  terapêutica,  dependendo  do  tratamento  odontológico  a  ser  
instituído,  a  profilaxia  antibiótica  deve  ser  considerada.
Pacientes  que  fazem  uso  de  moderador  de  apetite  (fenfluramine/phenteremine  
ou   dexfenfluramine)   podem   desenvolver   anormalidades   valvares   e   devem   ser  
avaliados  antes  de  se  iniciar  o  tratamento  eletivo.  Para  estes  pacientes,  a  profila-­‐‑
xia  irá  depender  do  número  de  fatores  envolvidos,  tais  como  o  estágio  da  doença  
ou  o  tipo  de  tratamento  dentário  a  ser  prescrito.  A  necessidade  de  cobertura  anti-­‐‑
biótica  deve  ser  considerada  junto  com  o  médico  do  paciente.  

10.2.1.  ANTIBIOTICOPROFILAXIA  PARA  A  PREVENÇÃO  DE  ENDOCARDITES  


BACTERIANAS
Algumas  opções  de  esquemas  de  antibióticos  indicados  para  profilaxia  que  po-­‐‑
dem  ser  empregados  na  prevenção  de  endocardites  bacterianas  são  apresentados  
abaixo  na  tabela  3.  
Tabela  3:  Profilaxia  para  procedimento  dental,  oral,  trato  respiratório  e  esofági-­‐‑
co  (não  é  recomendada  segunda  dose  para  estes  regimes)

Antibiótico Dose   Dose                       Regime  pré-­‐‑operatório


adulto pediátrica*
Regime  padrão Amoxicilina  ou              2  g 50  mg/kg V.O.,  1  hora  antes  do  
Cefalexina** procedimento
Alergia  a                     Clindamicina 600  mg 20  mg/kg V.O.,  1  hora  antes  do  
penicilina procedimento
Azitromicina  ou   500  mg 15  mg/kg V.O.,  1  hora  antes  do  
Claritromicina procedimento
Impossibilidade   Ampicilina            2  g   50  mg/kg I.M.  ou  I.V.,  30  minutos  a  
de  ingerir  via   1  hora  antes  do  procedi-­‐‑
oral mento
Cefazolina**            1  g   25  mg/kg I.M.  ou  I.V.,  30  minutos  a  
1  hora  antes  do  procedi-­‐‑
mento
Alergia  a  penici-­‐‑ Clindamicina 600  mg 20  mg/kg I.V.,  30  minutos  a  1  hora  
lina  e  impossibi-­‐‑ antes  do  procedimento
lidade  de  ingerir  
via  oral
Cefazolina**              1  g 25  mg/kg I.M.  ou  I.V.,  30  minutos  
antes  do  procedimento

*  A  dose  total  pediátrica  não  deve  exceder  a  dose  total  do  adulto.
**  Cefalosporinas  não  devem  ser  usadas  em  pacientes  com  reação  do  tipo  hipersensibilidade  imediata  
às  penicilinas  (urticária,  angioedema  ou  anafilaxia).
Fonte:  Dajani,  1990.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


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105

ANVISA
XI
11.  O  ÓRGÃO  DENTAL  E  A        
     IMPORTÂNCIA  DOS  BANCOS      
     DE  DENTES

Taciana  Ribeiro  Silva  


Erica  Lopes  Ferreira  

A  remoção  do  órgão  dental  é  ainda  um  ato  comum  nos  consultórios  odontológi-­‐‑
cos  e  escolas  de  Odontologia  e  sua  doação  vem  ocorrendo  de  modo  espontâneo  
e,  muitas  vezes,  sem  o  devido  encaminhamento.  O  dente  é  um  órgão  humano  e  
como  tal  deve  ser  tratado.  Existem  aspectos  legais  envolvendo  sua  doação  e  apli-­‐‑
cações  e  os  profissionais  de  Odontologia  devem  estar  cientes  de  suas  obrigações  
e  dos  riscos  que  o  trato  incorreto  pode  acarretar.
Por  estas  razões,  a  criação  de  bancos  de  dentes  nos  estabelecimentos  de  ensino  
odontológico  parece  ser  o  melhor  caminho  para  atender  a  legislação  vigente  re-­‐‑
ferente  à  pesquisa  envolvendo  seres  humanos  e  a  remoção  de  órgãos,  tecidos  e  
partes  do  corpo  humano  para  fins  de  transplante  e  tratamento,  bem  como  as  par-­‐‑
ticularidades  do  ensino.  A  legislação  prevê  também  o  papel  social  dos  bancos  em  
repassar  informações  à  população,  além  de  promover  campanhas  de  conscien-­‐‑
tização  para  estimular  a  doação  de  órgãos.  Dessa  forma,  criam-­‐‑se  mecanismos  
para  coibir  o  comércio  ilegal  de  órgãos.

11.1.  BANCO  DE  DENTES


Para  o  funcionamento  de  um  banco  de  dentes  são  necessários  infra-­‐‑estrutura  ade-­‐‑
quada,  equipamentos  próprios  e  a  contratação  de  pessoal  técnico  especializado  e  
auxiliar,  bem  como  o  estabelecimento  de  fluxos  e  rotinas  próprias  que  norteiem  
todas  as  etapas  referentes  à  captação  e  distribuição  dos  órgãos  dentários,  a  saber:  
retirada,  classificação,  processamento,  preparo,  controle  de  qualidade,  distribui-­‐‑
ção,  conservação,  registros  da  doação  e  cessão  para  os  devidos  fins.  
A  legislação  prevê  consulta  à  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  quanto  à  necessidade  
da  criação  de  um  banco  que  realize  captação,  retirada,  processamento,  armaze-­‐‑
namento  e  distribuição  de  órgão  dental  ou  de  tecido,  e,  após  o  aval  desta,  a  ava-­‐‑
liação  inicial  das  condições  de  funcionamento  do  banco  pela  Vigilância  Sanitária,  
por  meio  de  vistoria  in  loco.

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ANVISA
Recomenda-­‐‑se  a  aprovação  prévia  de  projeto  arquitetônico  do    banco  de  dentes  
e  a  abertura  oficial  do  livro  de  registro  dos  órgãos  dentais  doados  junto  à  Vigi-­‐‑
lância  Sanitária.

11.1.1.  MANUSEIO  DOS  DENTES  DOADOS


Após  a  captação  dos  dentes  deve-­‐‑se  proceder  ao  registro  da  doação,  acompanha-­‐‑
do  pelo  consentimento  livre  e  esclarecido  do  doador.  No  banco  de  dentes  proce-­‐‑
de-­‐‑se  à  limpeza,  à  esterilização  em  autoclave,  à  classificação  e  ao  armazenamento  
dos  órgãos  dentais.  Caso  o  espécime  possua  restauração  em  amálgama,  este  deve  
ser  lavado  e  submetido  à  esterilização  química  pela  imersão  em  glutaraldeído  a  
2%  por  dez  horas.  A  distribuição  dos  órgãos  dentais  do  banco  deve  ser  feita  com  
base  em  critérios  claros  e  próprios,  de  acordo  com  a  finalidade  de  uso.  
Para  fins  de  pesquisa,  o  banco  deve  reter  o  projeto  e  o  parecer  do  Comitê  de  Éti-­‐‑
ca  em  Pesquisa  que  o  aprovou  e,  na  medida  do  possível,  solicitar  o  retorno  dos  
espécimes  ao  banco  após  a  conclusão  do  estudo.  Para  fins  de  ensino,  a  utilização  
deve  basear-­‐‑se  na  necessidade  de  órgãos  dentais  que  cada  disciplina  apresenta,  
de  modo  a  racionalizar  o  emprego  em  cascata;  por  exemplo,  após  o  treinamento  
pré-­‐‑clínico  em  endodontia,  o  mesmo  elemento  pode  ser  utilizado  na  disciplina  
de  prótese  dental.  Já  em  relação  ao  uso  terapêutico,,  este  se  restringe  a  restaura-­‐‑
ções  biológicas,  por  meio  da  colagem  de  fragmentos,  ou  à  confecção  de  próteses  
ou   mantenedores   de   espaço,   e   deve   ser   registrado   por   meio   do   consentimento    
expresso  do  receptor.

11.1.2.   CONSENTIMENTO  LIVRE  E  ESCLARECIDO  E  TERMO  DE  DOAÇÃO


Deve-­‐‑se   tomar   a   devida   precaução   no   sentido   de   se   obter   um   parecer   jurídico  
quanto  à  legalidade  e  ao  valor  do  texto.  Este  documento  é  obrigatório,  devendo  
ser  expedido  em  duas  vias,  sendo  que  uma  acompanha  o  órgão  doado  a  partir  
do  centro  de  captação  até  o  banco  de  dentes  onde  será  arquivada  e  a  outra  deve  
ser  entregue  ao  doador  ou  responsável.  Nos  casos  de  impedimentos  legais,  como  
em  pacientes  deficientes  mentais  ou  menores,  o  responsável  legal  deverá  assinar  
o   documento.   Se   o   uso   do   dente   for   terapêutico   também   deverá   ser   realizada  
no  doador  triagem  clínica  e  sorológica,  com  documentação  que  comprovem  os  
resultados.

11.1.3.  EMPREGO  DE  ÓRGÃOS  DENTAIS  PROVENIENTES  DE  BANCO  DE  DENTES
A  realização  de  preparos  cavitários  com  turbinas  de  alta  rotação  ou  micromotores  
e  o  uso  de  seringa  tríplice  na  refrigeração  e  secagem  de  dentes  geram,  no  ambien-­‐‑
te  de  trabalho,  aerossóis  com  diferentes  qualidades  microbianas.  Essa  situação  se  
reproduz  no  ambiente  de  ensino/treinamento  pré-­‐‑clínico.    Estudos  salientam  o  
risco  de  contaminação  e  infecção  cruzada  envolvendo  o  emprego  de  dentes  não  
processados   adequadamente,   por   desinfecção   ou   esterilização,   afirmando     que  

108

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


“alguns   patógenos   do   sangue   podem   estar   presentes   nas   polpas   radiculares   e  
tecidos  perirradiculares  de  dentes  extraídos...”.  
“A  produção  do  conhecimento,  por  meio  de  pesquisas  científicas,  está  na  depen-­‐‑
dência  direta  da  existência  de  dentes  naturais  que  tenham  sido  oficialmente  doa-­‐‑
dos.  Estudos  in  vitro  muito  têm  contribuído  para  nortear  o  ensino  das  diferentes  
áreas  da  Odontologia,  para  avaliar  técnicas,  testar  e  desenvolver  novos  métodos  
e  produtos  visando  ao  aprimoramento  da  qualidade  dos  serviços  odontológicos  
prestados  à  população”  (Ferreira  et  al.,  2002).  
O  Banco  de  Dentes  organiza  e  facilita  a  doação  destes  órgãos,  o  que  formaliza  
suas  origens,  criando  as  condições  ideais  para  a  aprovação  dos  projetos  de  pes-­‐‑
quisa  pelos  Comitês  de  Ética  em  Pesquisa  (CEP).
Em  relação  ao  uso  terapêutico  de  dentes  (transplante)  em  restaurações  dentárias  
diretas  ou  ao  seu  emprego  em  mantenedores  de  espaço  e  próteses  removíveis,  
torna-­‐‑se   inconcebível   o   uso   dessas   estruturas   mineralizadas,   sem   que   estes   ór-­‐‑
gãos   ou   fragmentos   tenham   sido   adequadamente   processados   (esterilizados   e  
hidratados).

11.2.  COMÉRCIO  ILEGAL

A  prática  do  comércio  ilegal  de  dentes  é  bastante  freqüente,  especialmente  nos  
ambientes  universitários.  Estudos  demonstram  que  70,6%  dos  estudantes  do  Rio  
de  Janeiro  e  46,9%  de  São  Paulo  compraram  dentes  para  utilização  nas  práticas  
pré-­‐‑clínicas.  
Muitos   acadêmicos   e   profissionais   obtêm,   junto   a   outros   profissionais,   dentes  
cujas  doações  não  estão  sendo  registradas  conforme  as  determinações  legais.  Ou-­‐‑
tra   fonte   de   dentes   é   constituída   pelos   cemitérios,   onde   um   outro   crime   acaba  
sendo  cometido.  Seja  no  comércio  ilegal  ou  na  profanação  de  túmulos  ou  ossuá-­‐‑
rios,  a  única  conduta  ética  possível  depende  dos  dirigentes  das  instituições  e  da  
postura  dos  professores,  uma  vez  que  a  solicitação  de  dentes  para  o  aprendizado  
pré-­‐‑clínico   parte   deles.   Os   professores   devem   orientar   seus   alunos   e   conduzir  
essa  questão  adequadamente  e,  na  medida  do  possível,  substituir  os  dentes  na-­‐‑
turais  por  artificiais.    

11.3.  ASPECTOS  LEGAIS

A  Resolução  n0  196  do  Conselho  Nacional  de  Saúde  (CNS),  de  10  de  outubro  de  
1996,   “incorpora,   sob   a   ótica   do   indivíduo   e   das   coletividades,   os   quatro   refe-­‐‑
renciais  básicos  da  bioética:  autonomia,  não-­‐‑maleficência,  beneficência  e  justiça,  
entre  outros,  e  visa  assegurar  os  direitos  e  deveres  que  dizem  respeito  à  comu-­‐‑

109

ANVISA
nidade  científica,  aos  sujeitos  da  pesquisa  e  ao  Estado”.  Essa  resolução  aprova  
diretrizes  e  normas  regulamentadoras  de  pesquisas  envolvendo  seres  humanos.  
Entre  os  principais  aspectos  destacam-­‐‑se  a  criação  de  Comitês  de  Ética  em  Pes-­‐‑
quisa  (CEP),  que  desempenham  importante  papel  na  avaliação  dos  projetos  de  
pesquisa,  e  o  estabelecimento  da  importância  e  necessidade  do  termo  de  consen-­‐‑
timento  livre  e  esclarecido  em  respeito  à  dignidade  humana,  antes  do  início  da  
pesquisa,  assegurando  a  manifestação  da  anuência  à  participação  na  pesquisa.  
Apresenta  também  o  protocolo  de  pesquisa,  discriminando  todos  os  documentos  
a  serem  apresentados  ao  Comitê  para  revisão  ética.  Ao  apresentar  o  projeto,  o  
pesquisador  responsável  deve  declarar  o  conhecimento  dessa  resolução,  na  sua  
íntegra.
A   Lei   n0   9.434,   de   04   de   fevereiro   de   1997,   dispõe   sobre   a   remoção   de   órgãos,  
tecidos   e   partes   do   corpo   humano   para   fins   de   transplante   e   tratamento.   Essa  
Lei   trata   da   disposição   gratuita   de   órgãos,   tecidos   e   partes   do   corpo   humano  
para  enxertos  ou  transplantes.  Dispõe  sobre  a  doação  post  mortem  e  em  vida,  e  
sobre  o  consentimento  expresso  do  receptor.  Destaca  a  proibição  da  veiculação  
de  anúncios  de  estabelecimentos  que  realizam  transplantes,  de  apelos  para  do-­‐‑
ação  de  tecidos,  órgãos  ou  partes  do  corpo  humano,  ou  mesmo  de  fundos  para  
financiamento  de  transplantes.  Cabe  ao  Sistema  Único  de  Saúde  e  seus  gestores  
a  função  de  divulgação.  As  sanções  legais  (crimes)  e  administrativas  da  remoção  
de  tecidos,  órgãos  ou  partes  de  pessoa  ou  cadáver  estão  previstas  no  artigo  14  
dessa  lei.  Prevê  também  penas  para  a  compra  ou  venda  dos  itens  mencionados  
nessa  lei  (artigo  15),  para  o  transplante  ou  enxerto  em  desacordo  com  a  mesma,  
para  o  recolhimento,  o  transporte,  a  guarda  ou  a  distribuição  dos  tecidos,  órgãos  
e  partes  do  corpo  humano,  bem  como  para  o  fato  de  deixar  de  recompor  o  cadá-­‐‑
ver  ou  retardar  a  devolução  aos  familiares  ou  interessados.  
O  Decreto  n0  2.268,  de  30  de  junho  de  1997,  regulamenta  a  Lei  n0  9.434,  de  04  de  
fevereiro   de   1997,   que   dispõe   sobre   a   remoção   de   órgãos,   tecidos   e   partes   do  
corpo  humano  para  fins  de  transplante  e  tratamento,  e  dá  outras  providências.  
Cria  o  Sistema  Nacional  de  Transplante  (SNT)  e  o  processo  de  captação  e  distri-­‐‑
buição  de  tecidos,  órgãos  e  partes  retirados  do  corpo  humano  para  finalidades  
terapêuticas.  Diretrizes  normativas  referentes  ao  registro  dos  bancos  de  células  e  
tecidos  na  Secretaria  Estadual  de  Saúde  de  sua  jurisdição  e  ao  funcionamento  dos  
centros  captadores  de  órgãos  estão  previstos  nesse  decreto.
A  Lei  n0  10.211,  de  23  de  março  de  2001,  altera  dispositivos  da  Lei  n0  9.434,  estabe-­‐‑
lecendo  diretrizes  como  a  necessidade  da  realização  de  todos  os  testes  de  triagem  
para  diagnóstico  de  infecção  e  infestação  exigidos  em  normas  regulamentadoras  
expedidas  pelo  Ministério  da  Saúde.
A  Portaria  n0  1.686/GM,  de  20  de  setembro  de  2002,  regulamenta,  no  âmbito  do  
SUS,  os  bancos  de  tecidos  musculoesqueléticos  humanos  para  fins  terapêuticos  
ou   científicos.  À   luz   dos   conhecimentos   atuais,   essa   legislação   é   a   que   mais   se  
aproxima   à   condição   do   órgão   dental,   seja   para   transplante   ou   fins   científicos,  
uma  vez  que  não  existe  legislação  específica  para  a  criação  de  banco  de  dentes.

110

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


BIBLIOGRAFIA  

BRASIL.  Ministério  da  Saúde.  Portaria  GM  n0  1.686  de  20  de  setembro  de  2002.  Aprova  as  
normas  para  autorização  de  funcionamento  e  cadastramento  de  bancos  de  tecidos  mus-­‐‑
culoesqueléticos   pelo   Sistema   Único   de   Saúde.   Diário   Oficial   da   União,   Brasília,   24   de  
setembro  de  2002.

BRASIL.  Lei  n0  10.211  de  23  de  março  de  2001.  Altera  dispositivos  da  Lei  n0  9.434  de  4  de  
fevereiro  de  1997,  que  “dispõe  sobre  a  remoção  de  órgãos,  tecidos  e  partes  do  corpo  huma-­‐‑
no  para  fins  de  transplante  e  tratamento”.  Diário  Oficial  da  União,  Seção  extra,  Brasília,  
24  de  março  de  2001.

BRASIL,  Lei  n0  9.434  de  4  de  fevereiro  de  1997.  Dispõe  sobre  a  remoção  de  órgãos,  tecidos  
e  partes  do  corpo  humano  para  fins  de  transplante  e  tratamento  e  dá  outras  providências.  
Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  5  de  fevereiro  de  1997.

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tos  de  Saúde.  Brasília,  DF:  Centro  de  Documentação,  1994.

CNS.  Resolução  n0  196  de  10  de  outubro  de  1996.  Aprova  as  diretrizes  e  normas  regula-­‐‑
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BRASIL.  Decreto  n0  2.268  de  30  de  junho  de  1997.  Regulamenta  a  Lei  n0  9.434  de  4  de  fe-­‐‑
vereiro  de  1997,  que  dispõe  sobre  a  remoção  de  órgãos,  tecidos  e  partes  do  corpo  humano  
para  fins  de  transplante  e  tratamento  e  dá  outras  providências.  Diário  Oficial  da  União,  
Brasília,  1º  de  julho  de  1997.  Disponível  em:  h p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-­‐‑
to/1997/D2268.htm

FERREIRA,  E.  L.  Banco  de  dentes:  uma  necessidade  e  um  compromisso  acadêmicos.  Voz  
do  Paraná.  [s.i.]

IMPARATO,  J.  C.  P.  A  utilização  de  dentes  humanos  em  pesquisas,  treinamento  acadêmi-­‐‑
co  e/ou  profissional  e  procedimentos  clínicos.  Jornal  Brasileiro  de  Clínica  e  Estética  em  
Odontologia,  São  Paulo:  julho/agosto  2000,  v.  4,  n0  22,  p.  9.  

PAULA,  S.  et  al.  Comercialização  de  Dentes  nas  Universidades.  Pesquisa  Brasileira  em  
Odontopediatria  e  Clínica  Integrada,  São  Paulo:  v.  1,  n0  3,  p.  38-­‐‑41,  setembro/dezembro  
2001.  

111

ANVISA
XII
12.    GERENCIAMENTO  DE  RESÍDUOS    
     EM  SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS

Luiz  Carlos  da  Fonseca  e  Silva  


Regina  Maria  Gonçalves  Barcellos  

A   temática   acerca   dos   resíduos   de   serviços   de   saúde,   em   especial   os   de   servi-­‐‑


ços   odontológicos,   necessita   ampliação   e   aprofundamento   de   estudos,   devido  
às  controvérsias  decorrentes  das  implicações  desses  resíduos  no  que  se  refere  à  
saúde  ambiental.  Nela  estão  contidas  questões  vinculadas  à  saúde  ocupacional  e  
dos  usuários  dos  serviços  odontológicos  e  ao  saneamento  ambiental.  
O  gerenciamento  é  tido  como  um  processo  capaz  de  minimizar  ou  até  mesmo  im-­‐‑
pedir  os  efeitos  adversos  causados  pelos  Resíduos  de  Serviços  de  Saúde  (RSS),  do  
ponto  de  vista  sanitário,  ambiental  e  ocupacional,  sempre  que  realizado  racional  
e  adequadamente.  
Os   resíduos   gerados   nos   serviços   odontológicos   causam   risco   à   saúde   pública  
e  ocupacional  equivalente  aos  resíduos  dos  demais  estabelecimentos  de  saúde.  
Seus   responsáveis   técnicos   devem   implantar   um   plano   de   gerenciamento   de  
acordo  com  o  estabelecido  na  RDC/Anvisa  n0  306,  de  07  de  dezembro  de  2004,  ou  
a  que  vier  substituí-­‐‑la.  
Os  resíduos  gerados  nos  serviços  odontológicos  podem  ser  classificados  em  bio-­‐‑
lógicos,  químicos,  perfurocortantes  ou  escarificantes  e  comuns.

12.1.  RESÍDUOS  BIOLÓGICOS

São  resíduos  com  possível  presença  de  agentes  biológicos,  que  por  suas  caracte-­‐‑
rísticas  podem  apresentar  risco  de  infecção.
Os   resíduos   biológicos   devem   ser   manejados   de   diferentes   formas,   de   acordo  
com  sua  composição:  

A)  Resíduos  resultantes  da  atenção  à  saúde  de  indivíduos  com  suspeita  ou  
certeza  de  contaminação  biológica  por  agentes  com  classe  de  risco  4,  em  
conformidade  com  a  RDC/Anvisa  n0  306,  de  07  de  dezembro  de  2004,  ou  

113

ANVISA
a  que  vier  substituí-­‐‑la,  por  microorganismos  com  relevância  epidemioló-­‐‑
gica  e  risco  de  disseminação  ou  causadores  de  doença  emergente  que  se  
torne  epidemiologicamente  importante  ou  cujo  mecanismo  de  transmis-­‐‑
são  seja  desconhecido.  

MANEJO:  
•    Devem  ser  acondicionados  em  sacos  vermelhos,  que  devem  ser  substitu-­‐‑
ídos  quando  atingirem  2/3  de  sua  capacidade  ou  pelo  menos  uma  vez  a  
cada  24  horas,  e  identificados  conforme  o  item  1.3.3  da  RDC  306/04.
•    Devem  ser  submetidos  a  tratamento  utilizando-­‐‑se  processo  físico  ou  ou-­‐‑
tros   processos   que   vierem   a   ser   validados   para   a   obtenção   de   redução  
ou  eliminação  da  carga  microbiana,  em  equipamento  compatível  com  o  
Nível  III  de  Inativação  Microbiana.  
Após  o  tratamento,  devem  ser  acondicionados  da  seguinte  forma:
•    Se  não  houver  descaracterização  física  das  estruturas,  devem  ser  acondi-­‐‑
cionados  conforme  o  item  1.2  da  RDC  306/04,  em  sacos  brancos  leitosos,  
que  devem  ser  substituídos  quando  atingirem  2/3  de  sua  capacidade  ou  
pelo  menos  uma  vez  a  cada  24  horas,  e  identificados  conforme  o  item  1.3.3  
da  mesma  RDC.
•    Havendo  descaracterização  física  das  estruturas,  podem  ser  acondiciona-­‐‑
dos  como  resíduos  do  Grupo  D.

B)   Recipientes   e   materiais   resultantes   do   processo   de   assistência   à   saúde,  


contendo  sangue  ou  líquidos  corpóreos  na  forma  livre.

MANEJO:  
•    Devem  ser  acondicionados  conforme  o  item  1.2  da  RDC  306/04,  em  sacos  
vermelhos,  que  devem  ser  substituídos  quando  atingirem  2/3  de  sua  capa-­‐‑
cidade  ou  pelo  menos  uma  vez  a  cada  24  horas,  e  identificados  conforme  
o  item  1.3.3  da  mesma  RDC.
•    Devem  ser  submetidos  a  tratamento  utilizando-­‐‑se  processo  físico  ou  ou-­‐‑
tros   processos   que   vierem   a   ser   validados   para   a   obtenção   de   redução  
ou  eliminação  da  carga  microbiana,  em  equipamento  compatível  com  o  
Nível   III   de   Inativação   Microbiana   (Apêndice   IV   da   RDC   306/04)   e   que  
desestruture  as  suas  características  físicas,  de  modo  a  se  tornarem  irreco-­‐‑
nhecíveis.  

114

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Após  o  tratamento,  podem  ser  acondicionados  como  resíduos  do  Grupo  D.  Caso  
o  tratamento  previsto  venha  a  ser  realizado  fora  da  unidade  geradora,  o  acondi-­‐‑
cionamento  para  transporte  deve  ser  em  recipiente  rígido,  resistente  a  punctura,  
ruptura  e  vazamento,  com  tampa  provida  de  controle  de  fechamento  e  devida-­‐‑
mente  identificado,  conforme  o  item  1.3.3  da  RDC  306/04,  de  forma  a  garantir  o  
transporte  seguro  até  a  unidade  de  tratamento.

C)     Recipientes   e   materiais   resultantes   do   processo   de   assistência   à   saúde,  


que  não  contenham  sangue  ou  líquidos  corpóreos  na  forma  livre  (luvas,  
óculos,  máscaras,  gaze  e  outros)  e  peças  anatômicas  (órgãos  e  tecidos)  e  
outros  resíduos  provenientes  de  procedimentos  cirúrgicos  ou  de  estudos  
anatomopatológicos  ou  de  confirmação  diagnóstica.

MANEJO:
•    Esses  resíduos  podem  ser  dispostos,  sem  tratamento  prévio,  em  local  de-­‐‑
vidamente  licenciado  para  disposição  final  de  RSS.
•    Devem  ser  acondicionados  em  sacos  brancos  leitosos,  que  devem  ser  subs-­‐‑
tituídos  quando  atingirem  2/3  de  sua  capacidade  ou  pelo  menos  uma  vez  
a  cada  24  horas,  e  identificados  conforme  o  item  1.3.3  da  RDC  306/04  .

Os   sacos   devem   estar   contidos   em   recipiente   de   material   lavável,   resistente   a  


punctura,  ruptura  e  vazamento,  com  tampa  provida  de  sistema  de  abertura  sem  
contato  manual,  com  cantos  arredondados,  e  resistente  ao  tombamento.  Devem  
ser  dispostos  em  local  devidamente  licenciado  para  disposição  final,  e,  na  ausên-­‐‑
cia  deste,    as  orientações  do  órgão  ambiental  competente  devem  ser  observadas.  

12.2.  RESÍDUOS  QUÍMICOS

Os  seguintes  resíduos  contêm  substâncias  químicas  que  podem  apresentar  risco  


à  saúde  pública  ou  ao  meio  ambiente,  dependendo  de  suas  características  de  in-­‐‑
flamabilidade,  corrosividade,  reatividade  e  toxicidade:  

a)    Produtos   antimicrobianos,   citostáticos   e   antineoplásicos;   imunossupres-­‐‑


sores,   quando   apresentarem   prazo   de   validade   vencido   ou   se   tornarem  
impróprios  para  o  consumo.
b)  Anestésicos.
c)     Efluentes  de  processadores  de  imagem  (reveladores  e  fixadores).

115

ANVISA
d)  Saneantes  e  desinfetantes.
e)     Resíduos  de  amálgama.
f)     Radiografias  odontológicas.
g)  Demais  produtos  considerados  perigosos,  conforme  classificação  da  NBR  
10.004  da  ABNT  (tóxicos,  corrosivos,  inflamáveis  e  reativos).  

As  características  dos  resíduos  pertencentes  a  este  grupo  são  as  contidas  na  Ficha  
de   Informações   de   Segurança   de   Produtos   Químicos   –   FISPQ   (NBR   14.725   da  
ABNT,  de  julho  de  2001).
Os  resíduos  químicos  que  apresentam  risco  à  saúde  ou  ao  meio  ambiente,  quan-­‐‑
do  não  forem  submetidos  a  processo  de  reutilização,  recuperação  ou  reciclagem,  
devem  ser  submetidos  a  tratamento  e  disposição  final  específicos.
Os  resíduos  no  estado  sólido,  quando  não  tratados,  devem  ser  dispostos  em  ater-­‐‑
ro  de  resíduos  perigosos  –  Classe  I.
Os   resíduos   no   estado   líquido   devem   ser   submetidos   a   tratamento   específico,  
sendo  vedado  o  seu  encaminhamento  para  disposição  final  em  aterros.  
Quando  submetidos  a  processo  de  tratamento  térmico  por  incineração,  devem  
seguir  as  orientações  contidas  na  Resolução  Conama  n0  316,  de  29  de  outubro  de  
2002,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.
O  acondicionamento  deve  ser  feito  em  recipientes  individualizados,  observadas  
as  exigências  de  compatibilidade  química  do  resíduo  com  os  materiais  das  emba-­‐‑
lagens,  de  forma  a  evitar  reação  química  entre  os  componentes,  enfraquecendo-­‐‑a  
ou  deteriorando-­‐‑a,  ou  a  possibilidade  de  que  o  material  da  embalagem  seja  per-­‐‑
meável  aos  componentes  do  resíduo.
Os   reveladores   utilizados   em   radiologia   podem   ser   submetidos   a   processo   de  
neutralização  para  alcançarem  pH  entre  7  e  9,  sendo  posteriormente  lançados  na  
rede  coletora  de  esgoto  ou  em  corpo  receptor,  desde  que  atendam  às  diretrizes  
estabelecidas  pelos  órgãos  ambientais,  gestores  de  recursos  hídricos  e  de  sanea-­‐‑
mento  competentes.
Os  fixadores  usados  em  radiologia  podem  ser  submetidos  a  processo  de  recupe-­‐‑
ração  da  prata  ou  então  ao  constante  do  item  11.16  da  RDC  306/04.
O  descarte  de  pilhas,  baterias  e  acumuladores  de  carga  contendo  chumbo  (Pb),  
cádmio  (Cd)  e  mercúrio  (Hg)  e  seus  compostos  deve  ser  feito  de  acordo  com  a  
Resolução  Conama  n0  257/99,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.
Os  demais  resíduos  sólidos  contendo  metais  pesados  podem  ser  encaminhados  
a  aterro  de  resíduos  perigosos  –  Classe  I  ou  submetidos  a  tratamento,  de  acordo  
com  as  orientações  do  órgão  local  de  meio  ambiente,  em  instalações  licenciadas  

116

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


para  este  fim.  O  manejo  dos  resíduos  líquidos  deste  grupo  deve  seguir  orienta-­‐‑
ções  específicas  dos  órgãos  ambientais  locais.
Os  resíduos  contendo  mercúrio  (Hg)  devem  ser  acondicionados  em  recipientes  
sob  selo  d’água  e  encaminhados  para  recuperação.
Resíduos  químicos  que  não  apresentam  risco  à  saúde  ou  ao  meio  ambiente  não  
necessitam  de  tratamento,  podendo  ser  submetidos  a  processo  de  reutilização,  
recuperação  ou  reciclagem.
Resíduos  no  estado  sólido,  quando  não  submetidos  à  reutilização,  recuperação  
ou  reciclagem,  devem  ser  encaminhados  para  sistemas  licenciados  de  disposi-­‐‑
ção  final.  
Resíduos  no  estado  líquido  podem  ser  lançados  na  rede  coletora  de  esgoto  ou  
em  corpo  receptor,  desde  que  atendam,  respectivamente,  as  diretrizes  estabe-­‐‑
lecidas  pelos  órgãos  ambientais,  gestores  de  recursos  hídricos  e  de  saneamento  
competentes.

12.3.  RESÍDUOS  PERFUROCORTANTES  OU  ESCARIFICANTES

São  todos  os  objetos  e  instrumentos  contendo  cantos,  bordas,  pontos  ou  protube-­‐‑
râncias  rígidas  e  agudas  capazes  de  cortar  ou  perfurar  (bisturis,  agulhas,  ampolas  
de  vidro,  brocas,  limas  endodônticas,  pontas  diamantadas  e  outros).
Devem   ser   acondicionados   em   recipientes   rígidos,   com   tampa   vedante,   estan-­‐‑
ques,  resistentes  à  ruptura  e  à  punctura.
Devem  ser  dispostos  em  local  devidamente  licenciado  para  disposição  final  de  
RSS,  e,  na  ausência  deste,  seu  manejo  deve  seguir  as  orientações  do  órgão  am-­‐‑
biental  competente.
Dependendo  da  concentração  e  do  volume  residual  de  contaminação  por  subs-­‐‑
tâncias  químicas  perigosas,  esses  resíduos  devem  ser  submetidos  ao  mesmo  tra-­‐‑
tamento  dado  à  substância  contaminante.

12.4.  RESÍDUOS  COMUNS

São   aqueles   resíduos   que   não   apresentam   risco   biológico,   químico   ou   radio-­‐‑
lógico   à   saúde   ou   ao   meio   ambiente,   podendo   ser   equiparados   aos   resíduos  
domiciliares.
Para  o  gerenciamento  desses  resíduos  devem  ser  seguidas  as  orientações  estabe-­‐‑
lecidas  pelo  órgão  ambiental  competente  e  pelo  serviço  de  limpeza  urbana.

117

ANVISA
12.5.  PLANO  DE  GERENCIAMENTO  DE  RESÍDUOS        
DE  SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS  

O  Plano  de  Gerenciamento  de  Resíduos  de  Serviços  de  Saúde  (PGRSS)  é  o  docu-­‐‑
mento  que  aponta  e  descreve  as  ações  relativas  ao  manejo  dos  resíduos  sólidos,  
observadas   suas   características   e   riscos,   no   âmbito   dos   estabelecimentos.   Con-­‐‑
templa  os  aspectos  referentes  à  geração,  segregação,  acondicionamento,  coleta,  
armazenamento,  transporte,  tratamento  e  disposição  final,  bem  como  as  ações  de  
proteção  à  saúde  pública  e  ao  meio  ambiente.
O  Plano  deve  ser  baseado  nas  características  e  no  volume  dos  RSS  gerados  e  deve  
ser  compatível  com  as  normas  locais  relativas  à  coleta,  ao  transporte  e  à  disposi-­‐‑
ção,  estabelecidas  pelos  órgãos  responsáveis.  Quando  exigido  pelas  autoridades  
locais  de  saúde  e/ou  ambiente,  deve  ser  submetido  à  aprovação  prévia.
Uma  cópia  do  PGRSS  deve  estar  disponível  para  consulta  sob  solicitação  da  au-­‐‑
toridade  sanitária  ou  ambiental  competente,  dos  funcionários,  dos  pacientes  e  do  
público  em  geral.
O  PGRSS  deverá  conter  os  seguintes  itens:

•    Identificação  do  gerador:  razão  social,  nome  fantasia,  endereço,  fone,  fax,  
endereço  eletrônico,  atividades  desenvolvidas,  horários  de  funcionamen-­‐‑
to,   dados   dos   responsáveis   técnicos   pelo   estabelecimento   e   pelo   plano  
(nome,  RG,  profissão  e  registro  profissional).
•    Caracterização  do  resíduo:  este  deve  ser  quantificado  e  classificado  segun-­‐‑
do  a  RDC  Anvisa  n.º  306/04,  ou  a  que  vier  substituí-­‐‑la.
•    Etapas   do   manejo:   descrever   como   serão   realizadas   as   etapas   de   segre-­‐‑
gação,   acondicionamento,   transporte   interno   e   externo,   armazenamento  
temporário  e  externo,  coleta,  tratamento  e  disposição  final  para  cada  tipo  
de  resíduo  gerado.  Quando  adotada  a  reciclagem  de  resíduos,  o  desen-­‐‑
volvimento   e   a   implantação   de   práticas   devem   estar   de   acordo   com   as  
normas  dos  órgãos  ambientais  e  de  limpeza  urbana.

O   Plano   de   Gerenciamento   de   Resíduos   de   Serviços   de   Saúde   deverá   também  


descrever:

•  Medidas  preventivas  e  corretivas  de  controle  integrado  de  insetos  e  roedores.


•  Ações  a  serem  adotadas  em  situações  de  emergência  e  acidentes.

118

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


•  Ações  referentes  aos  processos  de  prevenção  de  saúde  do  trabalhador.
•  Etapas  de  desenvolvimento  e  implantação  de  programas  de  capacitação,  
abrangendo   todos   os   setores   geradores   de   RSS,   os   setores   de   higieniza-­‐‑
ção  e  limpeza,  a  Comissão  de  Controle  de  Infecção  Hospitalar  (CCIH),  os  
Serviços  de  Engenharia  de  Segurança  e  Medicina  no  Trabalho  (SESMT),  a  
Comissão  Interna  de  Prevenção  de  Acidentes  (Cipa),  em  consonância  com  
as  legislações  de  saúde  e  ambiental  e  normas  da  Comissão  Nacional  de  
Energia  Nuclear  (CNEN)  vigentes.

119

ANVISA
BIBLIOGRAFIA  

ANVISA.  Resolução  RDC  n0  306  de  7  de  dezembro  de  2004.  Dispõe  sobre  o  Regulamen-­‐‑
to   Técnico   para   o   gerenciamento   de   resíduos   de   serviços   de   saúde.   Diário   Oficial   da  
União,  Brasília,  10  de  dezembro  de  2004.    Disponível  em:  h p://e-­‐‑legis.bvs.br/leisref/pu-­‐‑
blic/home.php

SCHNEIDER,  V.  E.  et  al.  Manual  de  Gerenciamento  de  Resíduos  Sólidos  de  Serviços  de  
Saúde.  São  Paulo:  CLR  Balieiro,  2001.

120

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


XIII
13.    PROTEÇÃO  RADIOLÓGICA

Andréa  Fátima  Giacomet  

O  Regulamento  Técnico  que  estabelece  as  diretrizes  de  proteção  radiológica  em  
radiodiagnóstico  médico  e  odontológico  e  dispõe  sobre  o  uso  dos  equipamentos  
de  raios  X  para  diagnóstico  em  todo  o  território  nacional  é  a  Portaria  SVS/MS  n.º  
453,  de  1º  de  junho  de  1998,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la.

13.1.  REQUISITOS  PARA  O  LICENCIAMENTO

Nenhum   serviço   de   radiodiagnóstico   odontológico   pode   funcionar   sem   estar  


licenciado   pela   autoridade   sanitária   local.   O   processo   de   licenciamento   de   um  
serviço  segue  as  seguintes  etapas:

a)    Aprovação  do  projeto  básico  de  construção  das  instalações.


b)  Emissão  do  alvará  de  funcionamento.

13.2.  REQUISITOS  PARA  A  APROVAÇÃO  DO  PROJETO  DE  


CONSTRUÇÃO  DAS  INSTALAÇÕES

A  aprovação  do  projeto  está  condicionada  à  análise  e  parecer  favorável  sobre  os  
seguintes  documentos:

a)    Projeto  básico  de  arquitetura  das  instalações  e  áreas  adjacentes,  conforme  


a  RDC/Anvisa  n.º  50,  de  21  de  fevereiro  de  2002,  ou  outra  que  venha    subs-­‐‑
tituí-­‐‑la,  incluindo:
•    Planta  baixa  e  cortes  relevantes  apresentando  o  layout  das  salas  de  raios  X  
e  salas  de  controle,  posicionamento  dos  equipamentos,  painel  de  controle,  
visores,  limites  de  deslocamento  do  tubo,  janelas  e  mobiliário  relevante.

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ANVISA
•    Classificação  das  áreas  do  serviço,  indicando  os  fatores  de  uso  e  os  fatores  
de  ocupação  das  vizinhanças  de  cada  instalação.
•    Descrição  técnica  das  blindagens  (portas,  paredes,  piso,  teto,  etc.),  incluin-­‐‑
do  material  utilizado,  espessura  e  densidade.
b)  Relação  dos  equipamentos  de  raios  X  diagnósticos  (incluindo  fabricante,  
modelo,  mA  e  kVp  máximas),  componentes  e  acessórios,  previstos  para  as  
instalações.
c)     Relação  dos  exames  a  serem  efetuados,  com  estimativa  da  carga  máxima  
de   trabalho   semanal,   considerando   uma   previsão   de   operação   de   cada  
instalação  por,  no  mínimo,  cinco  anos.
d)  Planilha  de  cálculo  de  blindagem  assinada  por  um  especialista  em  física  
de  radiodiagnóstico.

Os  consultórios  odontológicos  que  disponham  somente  de  equipamentos  de  ra-­‐‑


diografia  intra-­‐‑oral  são  dispensados  de  aprovação,  sob  os  aspectos  de  proteção  
radiológica,  do  projeto  básico  de  construção  das  instalações.
Deve  ainda  ser  providenciado  um  memorial  descritivo  de  proteção  radiológica  
contendo,  no  mínimo:

a)  Descrição  do  estabelecimento  e  de  suas  instalações,  incluindo:


•    Identificação  do  serviço  e  seu  responsável  legal.
•    Relação  dos  procedimentos  radiológicos  implementados.
•    Descrição  detalhada  dos  equipamentos  e  componentes,  incluindo  mode-­‐‑
lo,  número  de  série,  número  de  registro  na  Anvisa,  tipo  de  gerador,  ano  
de  fabricação,  data  da  instalação,  mobilidade  e  situação  operacional.
•    Descrição  dos  sistemas  de  registro  de  imagem  (cassetes,  tipos  de  combina-­‐‑
ções  tela-­‐‑filme,  vídeo,  sistema  digital,  etc.).
•    Descrição  da(s)  câmara(s)  escura(s),  incluindo  sistema  de  processamento.

b)  Programa  de  proteção  radiológica,  incluindo:


•    Relação  nominal  de  toda  a  equipe,  suas  atribuições  e  responsabilidades,  
com  respectiva  qualificação  e  carga  horária.
•    Instruções  a  serem  fornecidas  por  escrito  à  equipe,  visando  à  execução  das  
atividades  em  condições  de  segurança.
•    Programa  de  treinamento  periódico  e  atualização  de  toda  a  equipe.

122

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


•    Sistema  de  sinalização,  avisos  e  controle  das  áreas.
•    Programa  de  monitoração  da  área,  incluindo  verificação  das  blindagens  e  
dispositivos  de  segurança.
•    Programa  de  monitoração  individual  e  controle  de  saúde  ocupacional.
•    Descrição  das  vestimentas  de  proteção  individual,  com  respectivas  quan-­‐‑
tidades  por  sala.
•    Descrição  do  sistema  de  registro  e  arquivamento  de  informações.
•    Programa  de  garantia  de  qualidade,  incluindo  programa  de  manutenção  
dos  equipamentos  de  raios  X  e  processadoras.
•    Procedimentos  para  os  casos  de  exposições  acidentais  de  pacientes,  mem-­‐‑
bros  da  equipe  ou  público,  incluindo  sistemática  de  notificação  e  registro.

c)  Relatórios  de  aceitação  da  instalação:


•    Relatório  do  teste  de  aceitação  do  equipamento  de  raios  X,  emitido  pelo  
fornecedor   após   sua   instalação,   com   o   aceite   do   responsável   legal   pelo  
estabelecimento.
•    Relatório  de  levantamento  radiométrico,  emitido  por  especialista  em  físi-­‐‑
ca  de  radiodiagnóstico  (ou  certificação  equivalente),  comprovando  a  con-­‐‑
formidade   com   os   níveis   de   restrição   de   dose   estabelecidos   na   Portaria  
SVS/MS  n.º  453,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la.
•    Certificado  de  adequação  da  blindagem  do  cabeçote  emitido  pelo  fabri-­‐‑
cante.

Levantamentos  radiométricos  devem  ser  providenciados  nos  seguintes  casos:


a)    Após  a  realização  das  modificações  autorizadas  (infra-­‐‑estrutura  física).
b)  Quando  ocorrer  mudança  na  carga  de  trabalho  semanal  (mudança  no  nú-­‐‑
mero  de  exames  realizados  por  semana  ou  alteração  nos  parâmetros  ope-­‐‑
racionais  mais  utilizados,  como  kV,  mAs  ou  tempo)  ou  na  característica  ou  
ocupação  das  áreas  circunvizinhas.
c)     Quando  decorrer  o  período  de  quatro  anos  desde  a  realização  do  último  
levantamento  radiométrico.

Todo  serviço  deve  manter  uma  cópia  do  projeto  básico  de  arquitetura  de  cada  
instalação  (nova  ou  modificada),  disponível  à  autoridade  sanitária  local,  inclu-­‐‑
sive  nos  consultórios  odontológicos,  dispensados  do  processo  de  aprovação  de  
projeto.

123

ANVISA
A  desativação  de  equipamento  de  raios  X  deve  ser  comunicada  à  autoridade  sa-­‐‑
nitária,   por   escrito,   com   solicitação   de   baixa   de   responsabilidade   e   notificação  
sobre  o  destino  dado  ao  equipamento.  Deve  ser  tomado  cuidado  especial  com  a  
ampola  de  raios  X,  por  causa  do  vácuo  em  seu  interior.
A   desativação   de   um   serviço   de   radiodiagnóstico   deve   ser   notificada   à   autori-­‐‑
dade  sanitária  local,  devendo  ser  informados  o  destino  e  a  guarda  dos  arquivos,  
inclusive  dos  históricos  ocupacionais.

13.3.  REQUISITOS  DE  ORGANIZAÇÃO

Os  serviços  de  radiodiagnóstico  devem  implementar  uma  estrutura  organizacio-­‐‑


nal  de  modo  a  facilitar  o  desenvolvimento  de  uma  cultura  de  segurança  que  se  
traduza  em:

a)    Adoção  de  uma  atitude  de  prevenção  e  de  aprimoramento  constantes  em  
proteção  radiológica,  como  parte  integrante  das  funções  diárias  de  cada  
membro  da  equipe.
b)  Definição  clara  das  linhas  hierárquicas  para  a  tomada  de  decisões  no  âm-­‐‑
bito  do  estabelecimento  e  das  responsabilidades  de  cada  indivíduo.
c)     Estabelecimento  de  um  conjunto  de  regras  e  procedimentos,  tendo  a  pro-­‐‑
teção  radiológica  como  tema  prioritário,  incluindo  a  pronta  identificação  
e  correção  dos  problemas,  de  acordo  com  sua  relevância.

Em  cada  serviço  de  radiodiagnóstico,  o  responsável  legal  pelo  estabelecimento  


deve  nomear  um  membro  da  equipe  –  denominado  Supervisor  de  Proteção  Ra-­‐‑
diológica   de   Radiodiagnóstico   (SPR)   –   para   responder   pelas   ações   relativas   ao  
programa  de  proteção  radiológica.  O  SPR  deve  possuir  os  requisitos  profissio-­‐‑
nais  estabelecidos  pela  Portaria  SVS/MS  n.º  453,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la,  
podendo  assessorar-­‐‑se  de  consultores  externos,  conforme  a  necessidade  e  o  porte  
do  serviço.  As  atividades  exercidas  pelos  assessores  externos  devem  estar  discri-­‐‑
minadas  no  memorial  descritivo  de  proteção  radiológica.
O   responsável   legal   pelo   estabelecimento   deve   ainda   designar   um   odontólogo  
para  responder  pelos  procedimentos  radiológicos  no  âmbito  do  serviço,  denomi-­‐‑
nado  Responsável  Técnico  (RT).  O  RT  pode  responsabilizar-­‐‑se  por,  no  máximo,  
dois  serviços,  desde  que  haja  compatibilidade  operacional  de  horários,  podendo  
ter   até   dois   substitutos   para   os   casos   de   seu   impedimento   ou   ausência.   O   res-­‐‑

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


ponsável  legal  pelo  serviço  que  acumular  a  função  de  Responsável  Técnico  deve  
assumir  as  responsabilidades  de  ambas  as  funções.
É  permitido  ainda  ao  RT  assumir  também  as  funções  de  SPR,  desde  que  as  fun-­‐‑
ções  sejam  compatíveis  e  não  haja  prejuízo  em  seu  desempenho.

13.4.  RESPONSABILIDADES  BÁSICAS

Compete  aos  responsáveis  legais,  no  âmbito  do  seu  estabelecimento,  a  respon-­‐‑
sabilidade   principal   pela   segurança   e   proteção   dos   pacientes,   da   equipe   e   do  
público  em  geral,  devendo  assegurar  os  recursos  materiais  e  humanos  e  a  imple-­‐‑
mentação  das  medidas  necessárias  para  garantir  o  cumprimento  dos  requisitos  
de  radioproteção.  
Compete  ao  Responsável  Técnico  responsabilizar-­‐‑se  pelos  procedimentos  radio-­‐‑
lógicos  a  que  são  submetidos  os  pacientes,  levando  em  conta  os  princípios  e  re-­‐‑
quisitos   de   proteção   radiológica   estabelecidos   na   Portaria   SVS/MS   n.º   453,   ou  
outra  que  vier  substituí-­‐‑la.
Compete  ao  Supervisor  de  Proteção  Radiológica  assessorar  os  responsáveis  legal  
e  técnico  nos  assuntos  relativos  à  proteção  radiológica,  com  autoridade  para  in-­‐‑
terromper  operações  inseguras.
Detalhes  sobre  as  atribuições  destes  profissionais  são  descritos  na  Portaria  SVS/
MS  n.º  453,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la.
Aos  membros  da  equipe  compete:

a)    Executar  suas  atividades  em  conformidade  com  a  legislação  vigente  e  com  


as  instruções  do  RT  e  do  SPR.
b)  Realizar  apenas  exposições  autorizadas  por  um  cirurgião-­‐‑dentista  do  serviço.
c)     Atuar  no  programa  de  garantia  de  qualidade,  nas  avaliações  de  doses  em  
pacientes  e  nas  avaliações  do  índice  de  rejeição  de  radiografias,  segundo  
instruções  do  SPR.
d)  Registrar  e  arquivar  os  procedimentos  radiográficos  realizados.
e)     Manter  arquivada,  em  livro  próprio,  qualquer  ocorrência  relevante  sobre  
condições  de  operação  e  de  segurança  de  equipamentos,  das  manutenções  
e  dos  reparos.
f)     Informar  imediatamente  ao  SPR  qualquer  evento  que  possa  resultar  em  
alterações  nos  níveis  de  dose  ou  em  aumento  do  risco  de  ocorrência  de  
acidentes.  

125

ANVISA
g)  Submeter-­‐‑se  aos  treinamentos  de  atualização  regularmente  oferecidos.
h)  Fornecer  ao  responsável  legal  informações  relevantes  sobre  suas  ativida-­‐‑
des  profissionais  atuais  e  anteriores,  de  modo  a  permitir  um  controle  ocu-­‐‑
pacional  adequado.
i)    Utilizar  o  dosímetro  individual  e  vestimentas  de  proteção  individual,  con-­‐‑
forme  instruções  do  SPR.
j)    Notificar  ao  responsável  legal  a  suspeita  ou  confirmação  de  gravidez,  de  
modo  a  possibilitar  os  passos  necessários  para  garantir  a  observação  do  
limite  de  dose  estabelecido  para  o  período  restante  da  gestação.
k)  Notificar  à  autoridade  sanitária  condições  inseguras  de  trabalho.
l)    Evitar  exposições  radiológicas  desnecessárias.

13.5.  REGISTROS  E  ARQUIVOS

Deve  ser  mantido  no  serviço  um  sistema  de  registro  e  arquivamento  de  dados,  
contemplando  os  procedimentos  radiológicos  realizados,  o  sistema  de  garantia  
da  qualidade,  o  controle  ocupacional  implantado  e  os  treinamentos  realizados.

a)  Cada  procedimento  radiológico  deve  ser  registrado,  constando  de:


•    Data  do  exame,  nome  e  endereço  completo  do  paciente,  sexo,  idade,  indi-­‐‑
cação  do  exame,  tipo  de  procedimento  radiológico  realizado,  quantidade  
de  filmes  utilizados.
•    Peso  e  técnica  radiológica  (kVp,  mAs,  distância  fonte-­‐‑receptor  de  imagem,  
tela-­‐‑filme),  quando  justificável.
•    Não  é  necessário  um  sistema  de  registro  em  separado  quando  for  possí-­‐‑
vel  recuperar  a  informação  requerida  com  referência  a  outros  registros  do  
serviço.
b)  Nos  registros  de  garantia  de  qualidade  devem  constar  os  dados  relativos  
ao  controle  de  qualidade  implantado  no  serviço,  contendo,  no  mínimo,  os  
resultados  dos  testes  descritos  na  Portaria  SVS/MS  n.º  453,  ou  outra  que  
vier  substituí-­‐‑la.
c)     Os  registros  de  levantamentos  radiométricos  devem  estar  de  acordo  com  
o  estabelecido  na  Portaria  SVS/MS  n.º  453,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la.
d)  Os   dados   relativos   ao   controle   ocupacional   devem   ser   arquivados   para  
cada  indivíduo  ocupacionalmente  exposto,  incluindo  a  natureza  do  tra-­‐‑

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


balho  que  executa,  treinamentos  de  atualização  realizados,  todos  os  resul-­‐‑
tados  dosimétricos  mensais  contabilizados  anualmente  (ano  calendário)  e  
todas  as  ocorrências  relativas  à  monitoração  individual,  desde  o  início  da  
monitoração  no  estabelecimento.  Cópias  dos  dados  de  controle  ocupacio-­‐‑
nal  devem  ser  fornecidas  ao  empregado  no  ato  da  demissão.
e)     Os  arquivos  dos  treinamentos  realizados  devem  contemplar  os  dados  re-­‐‑
lativos  ao  programa,  tais  como  carga  horária,  conteúdo,  período  e  identi-­‐‑
ficação  dos  participantes.
f)     Todos  os  dados  arquivados  devem  ser  mantidos  atualizados  e  apresenta-­‐‑
dos  à  autoridade  sanitária  sempre  que  solicitados.
g)  O   responsável   legal   deve   zelar   pela   integridade   dos   arquivos   por   cinco  
anos,   exceto   quanto   aos   dados   de   monitoração   individual,   que   devem  
ser  armazenados  por  um  período  mínimo  de  30  anos  após  o  término  da  
atividade  com  radiação  exercida  pelo  indivíduo  monitorado.  Podem  ser  
utilizados  meios  adequados  de  armazenamento  digital.

13.6.  AMBIENTES

Quanto  aos  ambientes,  além  dos  requisitos  estabelecidos  pela  RDC  n.º  50,  de  20  
de  fevereiro  de  2002,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la,  devem  ser  observadas  as  se-­‐‑
guintes  determinações:

•    Possuir  barreiras  físicas  com  blindagem  suficiente  para  garantir  a  manu-­‐‑


tenção  de  níveis  de  dose  tão  baixos  quanto  razoavelmente  exeqüíveis,  não  
ultrapassando  os  níveis  de  restrição  de  dose  estabelecidos  na  legislação  
em  vigor.
•    O  equipamento  de  radiografia  intra-­‐‑oral  deve  ser  instalado  em  ambiente  
(consultório   ou   sala)   com   dimensões   suficientes   para   permitir   à   equipe  
manter-­‐‑se  à  distância  de,  pelo  menos,  2  m  do  cabeçote  e  do  paciente.
•    O  equipamento  de  radiografia  extra-­‐‑oral  deve  ser  instalado  em  sala  espe-­‐‑
cífica,  atendendo  aos  mesmos  requisitos  do  radiodiagnóstico  médico.
•    As  salas  equipadas  com  aparelhos  de  raios  X  devem  ter  seu  acesso  restrito  
e  dispor  de:
a)    Sinalização  visível  nas  portas  de  acesso,  contendo  o  símbolo  internacional  
da  radiação  ionizante  acompanhado  da  inscrição:  “raios  X,  entrada  restri-­‐‑
ta”  ou  “raios  X,  entrada  proibida  a  pessoas  não  autorizadas”.
b)  Quadro  com  as  seguintes  orientações  de  proteção  radiológica,  em  lugar  
visível:

127

ANVISA
b.1)  “Paciente,  exija  e  use  corretamente  vestimenta  plumbífera  para  sua  pro-­‐‑
teção  durante  exame  radiográfico”.
b.2)  “Não  é  permitida  a  permanência  de  acompanhantes  na  sala  durante  o  
exame  radiológico,  salvo  quando  estritamente  necessário”.
b.3)  “Acompanhante,  quando  houver  necessidade  de  contenção  de  paciente,  
exija  e  use  corretamente  vestimenta  plumbífera  para  sua  proteção  durante  
exame  radiológico”.
•    Uma  sala  de  raios  X  não  deve  ser  utilizada  simultaneamente  para  mais  do  
que  um  exame  radiológico.
•    Para  cada  equipamento  de  raios  X  deve  haver  uma  vestimenta  plumbífera  
que  garanta  a  proteção  do  tronco  dos  pacientes,  incluindo  tireóide  e  gôna-­‐‑
das,  com  pelo  menos  o  equivalente  a  0,25  mm  de  chumbo.
•    O  serviço  deve  possuir  instalações  adequadas  para  a  revelação  dos  filmes:
a)    A  câmara  escura  deve  ser  construída  de  modo  a  prevenir  a  formação  de  
véu  nos  filmes;  deve  ser  equipada  com  lanterna  de  segurança  apropriada  
ao  tipo  de  filme  e  possuir  um  sistema  de  exaustão  adequado.
b)  Para  radiografias  intra-­‐‑orais,  pode  ser  permitida  a  utilização  de  câmaras  por-­‐‑
táteis  de  revelação  manual,  desde  que  confeccionadas  com  material  opaco.
c)     Para  revelação  manual,  deve  estar  disponível  no  local  um  cronômetro,  um  
termômetro  e  uma  tabela  de  revelação  para  garantir  o  processamento  nas  
condições  especificadas  pelo  fabricante.

13.7.  EQUIPAMENTOS  DE  RAIOS  X

13.7.1.  REQUISITOS  BÁSICOS


Os  equipamentos  de  raios  X  para  uso  odontológico  devem  atender  aos  seguintes  
requisitos,  aplicáveis  a  todos  os  equipamentos  de  radiodiagnóstico:

a)    Possuir  documentação  fornecida  pelo  fabricante  relativa  às  características  


técnicas,  especificações  de  desempenho,  instruções  de  operação,  de  ma-­‐‑
nutenção  e  de  proteção  radiológica,  com  tradução  para  a  língua  portugue-­‐‑
sa,  quando  se  tratar  de  equipamento  importado.
b)  Possuir  certificação  da  blindagem  do  cabeçote  quanto  à  radiação  de  fuga.
c)    Componentes  tais  como  gerador,  tubo,  cabeçote  e  sistema  de  colimação  
devem  possuir  identificação  própria  (marca,  tipo,  número  de  série),  me-­‐‑
diante   etiqueta   fixada   em   lugar   visível,   e   documentação   conforme   item  
anterior.

128

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


d)  A  terminologia  e  os  valores  dos  parâmetros  de  operação  devem  estar  exi-­‐‑
bidos  no  painel  de  controle  do  equipamento  em  linguagem  ou  simbologia  
internacionalmente  aceita,  compreensível  para  o  usuário.
e)     Os  parâmetros  operacionais,  tais  como  tensão  do  tubo,  filtração  inerente  
e  adicional,  posição  do  ponto  focal,  distância  fonte-­‐‑receptor  de  imagem,  
tamanho  de  campo,  tempo  e  corrente  do  tubo  ou  seu  produto  devem  estar  
claramente  indicados  no  equipamento.
f)     A  emissão  de  raios  X,  enquanto  durar  a  exposição  radiográfica,  deve  ser  
indicada  por  um  sinal  sonoro  e  luminoso  localizado  no  painel  de  controle  
do  aparelho.
g)  Os   equipamentos   radiográficos   devem   ser   providos   de   dispositivo   que  
corte  automaticamente  a  irradiação  ao  final  do  tempo,  dose  ou  produto  
corrente-­‐‑tempo  selecionados.
h)  O  botão  disparador  deve  ser  do  tipo  que  permita  interromper  a  exposição  
a  qualquer  momento  dentro  do  intervalo  selecionado  de  exposição,  obser-­‐‑
vando-­‐‑se  ainda  os  seguintes  requisitos:
•    A   emissão   do   feixe   de   raios   X   deve   ocorrer   somente   enquanto   durar   a  
pressão  intencional  sobre  o  botão  disparador.
•    Para  repetir  a  exposição,  deve  ser  necessário  aliviar  a  pressão  sobre  o  bo-­‐‑
tão  e  pressioná-­‐‑lo  novamente.
•    O  botão  disparador  deve  estar  instalado  de  tal  forma  que  seja  difícil  efetu-­‐‑
ar  uma  exposição  acidental.

13.7.2.  CARACTERÍSTICAS  ESPECÍFICAS


Os  equipamentos  para  radiodiagnóstico  odontológico  devem  possuir  as  seguin-­‐‑
tes  características  específicas:

a)  Tensão:
•    Em  radiografias  intra-­‐‑orais  a  tensão  no  tubo  de  raios  X  deve  ser  maior  ou  
igual  a  50  kVp,  preferencialmente  maior  que  60  kVp.
•    Equipamentos  para  radiografias  extra-­‐‑orais  não  devem  possuir  tensão  in-­‐‑
ferior  a  60  kVp.

b)  Filtração  total:
•    Equipamentos  com  tensão  de  tubo  inferior  ou  igual  a  70  kVp  devem  pos-­‐‑
suir  uma  filtração  total  permanente  não  inferior  ao  equivalente  a  1,5  mm  
de  alumínio.
129

ANVISA
•    Equipamentos  com  tensão  de  tubo  superior  a  70  kVp  devem  possuir  uma  fil-­‐‑
tração  total  permanente  não  inferior  ao  equivalente  a  2,5  mm  de  alumínio.

c)  Radiação  de  fuga:


•    Em   radiografias   intra-­‐‑orais,   o   cabeçote   deve   estar   adequadamente   blin-­‐‑
dado  de  modo  a  garantir  um  nível  mínimo  de  radiação  de  fuga,  limitada  
a  uma  taxa  de  kerma  no  ar  máxima  de  0,25  mGy/h  a  1  m  do  ponto  focal,  
quando  operado  em  condições  de  ensaio  de  fuga.
•    Para  outros  equipamentos  emissores  de  raios  X,  os  requisitos  para  radia-­‐‑
ção  de  fuga  são  os  mesmos  estabelecidos  para  radiodiagnóstico  médico.

d)  Colimação:
•  Todo  equipamento  de  raios  X  deve  possuir  um  sistema  de  colimação  para  
limitar  o  campo  de  raios  X  ao  mínimo  necessário  para  cobrir  a  área  em  
exame.
•    Para  radiografias  intra-­‐‑orais,  o  diâmetro  do  campo  não  deve  ser  superior  a  
6  cm  na  extremidade  de  saída  do  localizador.  Valores  entre  quatro  e  cinco  
centímetros  são  permitidos  apenas  quando  houver  um  sistema  de  alinha-­‐‑
mento  e  posicionamento  do  filme.
•    Em  radiografias  extra-­‐‑orais  é  obrigatório  o  uso  de  colimadores  retangulares.

e)  Distância  foco-­‐‑pele:
•    Equipamentos   para   radiografias   intra-­‐‑orais   devem   possuir   um   localiza-­‐‑
dor   de   extremidade   de   saída   aberta   para   posicionar   o   feixe   e   limitar   a  
distância  foco-­‐‑pele.
•    O  localizador  deve  ser  tal  que  a  distância  foco-­‐‑pele  seja  de,  no  mínimo,  18  
cm  para  tensão  de  tubo  menor  ou  igual  a  60  kVp,  20  cm  para  tensão  entre  
60  e  70  kVp  (inclusive)  e  24  cm  para  tensão  maior  que  70  kVp.
•    O  localizador  e  o  diafragma/colimador  devem  ser  construídos  de  modo  que  
o  feixe  primário  não  interaja  com  a  extremidade  de  saída  do  localizador.

f)  Duração  da  exposição:


•  A   duração   da   exposição   pode   ser   indicada   em   termos   de   tempo   ou   em  
número  de  pulsos.
•  O  sistema  de  controle  da  duração  da  exposição  deve  ser  do  tipo  eletrônico  
e  não  deve  permitir  exposição  com  duração  superior  a  cinco  segundos.

130

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


•  Deve  haver  um  sistema  para  garantir  que  raios  X  não  sejam  emitidos  quan-­‐‑
do  o  indicador  de  tempo  de  exposição  se  encontrar  na  posição  “zero”  e  o  
disparador  for  pressionado.

g)  Uso  do  disparador:


•    O  botão  disparador  deve  ser  instalado  em  uma  cabine  de  proteção  ou  dis-­‐‑
posto  de  tal  forma  que  o  operador  que  o  maneje  possa  ficar  a  uma  distân-­‐‑
cia  de,  pelo  menos,  2  m  do  tubo  e  do  paciente  durante  a  exposição.

h)  suporte  do  cabeçote:


•    O  sistema  de  suporte  do  cabeçote  deve  ser  tal  que  o  mesmo  permaneça    
estável  durante  a  exposição.

13.8.  PROCEDIMENTOS  DE  SEGURANÇA

A   fim   de   evitar   exposições   indevidas   e   reduzir   a   dose   no   paciente,   devem   ser  


adotados  os  seguintes  procedimentos:

a)  É  proibida  toda  exposição  que  não  possa  ser  justificada,  incluindo:


•    Exposição  deliberada  de  seres  humanos  aos  raios  X  diagnósticos  com  o  
objetivo  único  de  demonstração,  treinamento  ou  outros  fins  que  contra-­‐‑
riem  o  princípio  da  justificação.
•    Exames  radiológicos  para  fins  empregatícios  ou  periciais,  exceto  quando  
as   informações   a   serem   obtidas   possam   ser   úteis   à   saúde   do   indivíduo  
examinado,  ou  para  melhorar  o  estado  de  saúde  da  população.
b)  Exames  radiográficos  somente  devem  ser  realizados  quando,  após  exame    
clínico  e  cuidadosa  consideração  das  necessidades  de  saúde  geral  e  dentá-­‐‑
ria  do  paciente,  sejam  julgados  necessários.  Deve-­‐‑se  averiguar  a  existência  
de   exames   radiográficos   anteriores   que   tornem   desnecessário   um   novo  
exame.
c)    O  tempo  de  exposição  deve  ser  o  menor  possível,  consistente  com  a  obten-­‐‑
ção  de  imagem  de  boa  qualidade.  Isto  inclui  o  uso  de  receptor  de  imagem  
mais  sensível,  que  possa  fornecer  o  nível  de  contraste  e  detalhe  necessá-­‐‑
rios.  No  caso  de  radiografias  extra-­‐‑orais,  deve-­‐‑se  utilizar  uma  combinação  
de  filme  e  tela  intensificadora  com  o  mesmo  critério.

131

ANVISA
d)  A  repetição  de  exames  deve  ser  evitada  por  meio  do  uso  da  técnica  correta  
de  exposição  e  de  um  processamento  confiável  e  consistente.
e)    Para  radiografias  intra-­‐‑orais  deve-­‐‑se  utilizar,  preferencialmente:
•    A  técnica  do  paralelismo  com  localizadores  longos.
•    Dispositivos  de  alinhamento  (posicionadores).
•    Prendedores  de  filme  e  de  “bite-­‐‑wing”,  de  modo  a  evitar  que  o  paciente  
tenha  que  segurar  o  filme.
f)     A  extremidade  do  localizador  deve  ser  colocada  o  mais  próximo  possível    
da  pele  do  paciente,  para  garantir  tamanho  de  campo  mínimo.  
g)  Em  radiografias  extra-­‐‑orais  deve-­‐‑se  utilizar  tamanho  de  campo  menor  ou    
igual  ao  tamanho  do  filme.
h)  O  operador  deve  observar  e  ouvir  o  paciente  durante  as  exposições.
i)    É  proibido  o  uso  de  sistema  de  acionamento  de  disparo  com  retardo.
j)    Deve  ser  usada  vestimenta  de  proteção  individual,  de  modo  a  proteger  
a  tireóide,  o  tronco  e  as  gônadas  dos  pacientes  durante  as  exposições.  Os  
aventais  plumbíferos  devem  ser  acondicionados  de  forma  a  preservar  sua  
integridade,  sobre  superfície  horizontal  ou  em  suporte  apropriado.

13.9.  PROTEÇÃO  DO  OPERADOR  E  EQUIPE

Para   garantir   a   proteção   do   operador   e   equipe   responsáveis   pelo   manejo   dos  


equipamentos  de  raios  X,  devem  ser  observadas  as  seguintes  recomendações:

a)  Equipamentos  panorâmicos  ou  cefalométricos  devem  ser  operados  den-­‐‑


tro  de  uma  cabine  ou  biombo  fixo  de  proteção  com  visor  apropriado  ou  
sistema   de   televisão.   O   visor   deve   ter,   pelo   menos,   a   mesma   atenuação  
calculada  para   a   cabine.  A   cabine   deve   estar   posicionada  de   modo  que,  
durante  as  exposições,  nenhum  indivíduo  possa  entrar  na  sala  sem  o  co-­‐‑
nhecimento  do  operador.
b)  Em  exames  intra-­‐‑orais  em  consultórios,  o  operador  deve  manter-­‐‑se  a  uma  
distância  mínima  de  2  m  do  tubo  e  do  paciente  durante  as  exposições.  Se  
a  carga  de  trabalho  for  superior  a  30  mA/min  por  semana  (ou,  em  termos  
aproximados,  se  forem  realizadas  mais  do  que  150  radiografias  por  sema-­‐‑
na),  o  operador  deve  manter-­‐‑se  atrás  de  uma  barreira  protetora  com  uma  
espessura  mínima  de  0,5  mm  equivalentes  ao  chumbo.

132

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


c)  O  operador  ou  qualquer  membro  da  equipe  não  deve  colocar-­‐‑se  na  dire-­‐‑
ção  do  feixe  primário,  nem  segurar  o  cabeçote  ou  o  localizador  durante  as  
exposições.
d)  Nenhum  elemento  da  equipe  deve  segurar  o  filme  durante  a  exposição.
e)   Somente   o   operador   e   o   paciente   podem   permanecer   na   sala   de   exame    
durante  as  exposições.
f)    Caso  seja  necessária  a  presença  de  indivíduos  para  assistirem  uma  criança  
ou  um  paciente  debilitado,  eles  devem  fazer  uso  de  avental  plumbífero  
com,  pelo  menos,  o  equivalente  a  0,25  mm  Pb  e  evitar  localizar-­‐‑se  na  dire-­‐‑
ção  do  feixe  primário.  
g)  As  exposições  a  que  forem  submetidos  os  acompanhantes  devem  ser  oti-­‐‑
mizadas  de  modo  que  a  dose  efetiva  não  exceda  5  mSv  durante  o  proce-­‐‑
dimento.
h)  Nenhum  indivíduo  deve  realizar  regularmente  essa  atividade.

13.10.  PROCESSAMENTO  DO  FILME

No  que  diz  respeito  ao  processamento  do  filme,  devem  ser  seguidas  as  recomen-­‐‑
dações  do  fabricante  com  respeito  à  concentração  da  solução,  temperatura  e  tem-­‐‑
po  de  revelação.  Além  disso,  deve  ser  afixada  na  parede  da  câmara  uma  tabela  de  
tempo  e  temperatura  de  revelação  e  a  temperatura  do  revelador  deve  ser  medida  
antes  da  revelação.  Os  seguintes  procedimentos  também  devem  ser  observados:

a)    As   soluções   devem   ser   regeneradas   ou   trocadas   quando   necessário,   de  


acordo  com  as  instruções  do  fabricante.
b)  Não  devem  ser  utilizados  filmes  ou  soluções  de  processamento  com  prazo  
de  validade  expirado.
c)  Não  deve  ser  realizada  qualquer  inspeção  visual  do  filme  durante  os  pro-­‐‑
cessamentos  manuais.
d)  A  câmara  escura  e  as  cubas  de  revelação  devem  ser  mantidas  limpas.
e)     Os  filmes  devem  ser  armazenados  em  local  protegido  do  calor,  umidade,  
radiação  e  vapores  químicos.

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ANVISA
13.11.  DOSÍMETRO  INDIVIDUAL

O  responsável  legal  pelo  serviço  de  radiodiagnóstico  odontológico  deve  estabele-­‐‑


cer  um  programa  rotineiro  de  monitoração  individual.  A  obrigatoriedade  do  uso  
de  dosímetro  individual  pode  ser  dispensada,  a  critério  da  autoridade  sanitária  
local  e  mediante  ato  normativo,  para  os  serviços  odontológicos  com  equipamen-­‐‑
to  periapical  e  carga  de  trabalho  máxima  inferior  a  4  mA/min  por  semana  (ou  
seja,  em  números  aproximados,  que  realizam  menos  do  que  24  radiografias  por  
semana).
Todo   indivíduo   que   trabalha   com   raios   X   diagnóstico   deve   usar,   durante   sua  
jornada  de  trabalho  e  enquanto  permanecer  em  área  controlada,  dosímetro  in-­‐‑
dividual  de  leitura  indireta,  trocado  mensalmente.  As  seguintes  recomendações  
devem  ser  observadas  com  relação  ao  uso  do  dosímetro  individual:

a)    Os  dosímetros  individuais  destinados  a  estimar  a  dose  efetiva  devem  ser  


utilizados  na  região  mais  exposta  do  tronco.
b)  Durante  a  utilização  de  avental  plumbífero,  o  dosímetro  individual  deve  
ser  colocado  sobre  o  avental.
c)     O  dosímetro  individual  é  de  uso  exclusivo,  não  podendo  ser  utilizado  por  
outra  pessoa.
d)  O  dosímetro  individual  deve  ser  utilizado  somente  no  serviço  para  o  qual  
foi  destinado.
e)     Durante  a  ausência  do  usuário,  os  dosímetros  individuais  devem  ser  man-­‐‑
tidos   em   local   seguro,   com   temperatura   amena,   umidade   baixa   e   afas-­‐‑
tados  de  fontes  de  radiação  ionizante,  junto  ao  dosímetro  padrão,  sob  a  
supervisão  do  SPR.
f)     Se  houver  suspeita  de  exposição  acidental,  o  dosímetro  individual  deve  
ser  enviado  para  leitura  em  caráter  de  urgência.
g)  Os   responsáveis   legais   devem   providenciar   a   investigação   dos   casos   de  
doses  efetivas  mensais  superiores  a  1,5  mSv.  Os  resultados  da  investiga-­‐‑
ção  devem  ser  registrados  e  arquivados.
h)  Os  responsáveis  legais  devem  comunicar  à  autoridade  sanitária  local  os  
resultados   mensais   acima   de   3/10   do   limite   anual,   juntamente   com   um  
relatório  das  providências  que  foram  tomadas.
i)    No  caso  de  indivíduos  que  trabalham  em  mais  de  um  serviço,  os  responsá-­‐‑
veis  legais  de  cada  serviço  devem  tomar  as  medidas  necessárias  de  modo  
a  garantir  que  a  soma  das  exposições  ocupacionais  de  cada  indivíduo  não  

134

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


ultrapasse  os  limites  estabelecidos  na  Portaria  SVS/MS  n.º  453/98,  ou  na  
que   vier   substituí-­‐‑la.   Entre   outras   medidas,   podem   ser   adotadas   guias  
operacionais  individuais,  considerando  a  fração  das  jornadas  de  trabalho  
em  cada  estabelecimento,  ou  acerto  de  cooperação  entre  os  responsáveis  
legais,  de  modo  a  fornecer/obter  os  resultados  de  monitoração  em  cada  
serviço.
j)    Os  dosímetros  individuais  devem  ser  obtidos  apenas  em  laboratórios  de  
monitoração  individual  credenciados  pela  CNEN.

Todo  indivíduo  ocupacionalmente  exposto  deve  estar  submetido  a  um  programa  


de  controle  de  saúde  baseado  nos  princípios  gerais  de  saúde  ocupacional.  Devem  
ainda  ser  observados  os  limites  de  dose  para  trabalhadores  e  público  estabeleci-­‐‑
dos   pela   Portaria   SVS/MS   n.º   453/98,   ou   outra   que   vier   substituí-­‐‑la.  Adicional-­‐‑
mente,  devem  ser  observados  os  seguintes  requisitos  para  mulheres  grávidas,  de  
modo  a  proteger  o  embrião  ou  feto:

•    A  gravidez  deve  ser  notificada  ao  responsável  legal  do  serviço  tão  logo  
seja  constatada.
•    As  condições  de  trabalho  devem  ser  revistas  para  garantir  que  a  dose  na  
superfície  do  abdômen  não  exceda  2  mSv  durante  todo  o  período  restante  
da  gravidez,  tornando  pouco  provável  que  a  dose  adicional  no  embrião  
ou  feto  exceda  cerca  de  1  mSv  neste  período.

13.12.  CONTROLE  DA  QUALIDADE

O   programa   de   garantia   da   qualidade   deve   incluir   os   registros   dos   testes   e  


avaliações   realizados   nos   equipamentos   e   os   resultados   obtidos,   assim   como   a  
documentação  e  verificação  dos  procedimentos  operacionais  e  das  tabelas  de  ex-­‐‑
posição.
Deverão  ser  implementadas  auditorias  periódicas,  internas  e/ou  externas,  para  
rever  a  execução  e  eficácia  do  programa  de  garantia  da  qualidade.
Toda  vez  que  for  realizado  qualquer  ajuste  ou  alteração  das  condições  físicas  ori-­‐‑
ginais  do  equipamento  de  raios  X,  deve  ser  realizado  um  teste  de  desempenho,  
correspondente  aos  parâmetros  modificados,  e  feito  um  relatório,  que  deverá  ser  
arquivado.
Após  troca  de  tubo  ou  colimador  ou  manutenção  do  cabeçote,  a  adequação  da  
blindagem  do  cabeçote  e  do  sistema  de  colimação  deve  ser  comprovada  nova-­‐‑
mente  por  um  especialista  em  física  de  radiodiagnóstico  ou  pelo  fabricante.
O   controle   de   qualidade   dos   equipamentos   deve   incluir,   no   mínimo,   os   testes  
descritos  na  Portaria  SVS/MS  n.º  453/98,  ou  outra  que  vier  substituí-­‐‑la.  

135

ANVISA
BIBLIOGRAFIA  

ANVISA.  Resolução  RDC  n0  50  de  21  de  fevereiro  de  2002.  Regulamento  técnico  para  pla-­‐‑
nejamento,  programação,  elaboração  e  avaliação  de  projetos  físicos  de  estabelecimentos  
assistenciais  de  saúde.  Diário  Oficial  da  União,  Brasília,  20  de  março  de  2002.  Disponível  
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técnico  “Diretrizes  de  Proteção  Radiológica  em  radiodiagnóstico  médico  e  odontológico”,  
parte  integrante  desta  portaria,  que  estabelece  os  requisitos  básicos  de  proteção  radiológi-­‐‑
ca  em  radiodiagnóstico  e  disciplina  a  prática  de  Raios-­‐‑X  para  fins  diagnósticos  e  interven-­‐‑
cionistas.  Diário  Oficial  da  União,  2  de  junho  de  1998.

136

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


XIV
14.    MANUTENÇÃO  PREVENTIVA    
     DE  EQUIPAMENTOS    
     ODONTOLÓGICOS  

Léria  Rosane  Holsbach  


Marcio  Luiz  Varani  
Silvia  Lustosa  de  Castro  

Nas  últimas  décadas,  os  equipamentos  odontológicos  evoluíram  de  simples  ins-­‐‑
trumental  para  sistemas  complexos.  Isso  ocasionou  uma  deficiência  nos  cuidados  
de  manutenção,  aumentando  o  risco  de  acidentes  relacionados  aos  equipamen-­‐‑
tos.  Uma  parcela  crescente  do  risco  desses  equipamentos  é  atribuível  a  fatores  
evitáveis,  tais  como  avaliação  tecnológica,  critérios  de  aquisição,  instalações  dis-­‐‑
poníveis,  manutenções,  treinamentos  e  descontinuidade  inadequados.
Para  incorporar  um  novo  produto  e/ou  uma  nova  tecnologia,  deve-­‐‑se  levar  em  
consideração   a   relação   custo/benefício   dessa   incorporação.   Sugere-­‐‑se   fugir   de  
modismos  tecnológicos  onde  se  utiliza  uma  percentagem  muito  reduzida  de  seu  
potencial.
No  processo  de  aquisição  de  equipamentos,  devem  ser  avaliadas  as  aplicações  
clínicas,  as  alternativas,  as  experiências  de  outros  usuários,  a  demanda  do  serviço  
(custo/benefício),  a  infra-­‐‑estrutura  e  o  custo  do  equipamento  e  de  sua  manuten-­‐‑
ção  e  sua  conformidade  com  as  leis  sanitárias  do  país.  O  custo  de  manutenções,  
o  material  de  consumo,  a  disponibilidade  de  fornecedores  destes  materiais,  a  ga-­‐‑
rantia  de  segurança  aos  usuários  (pacientes  e  operadores)  desses  equipamentos,  
o  custo  de  calibrações,  o  tempo  de  garantia,  bem  como  o  tempo  médio  de  vida  
dos  equipamentos  e  dos  acessórios  são  informações  decisivas  para  garantir  a  via-­‐‑
bilidade  econômica  do  uso  dos  equipamentos.  Nessa  etapa,  agrega-­‐‑se  também  o  
custo  de  treinamentos  operacionais.
 A  escolha  para  a  aquisição  de  equipamentos  de  uma  unidade  odontológica  deve  
ser  criteriosa,  com  o  apoio  técnico  de  odontólogos  e  engenheiros,  principalmen-­‐‑
te   para   cirurgias   odontológicas   e   cirurgias   bucomaxilofaciais,   as   quais   exigem  
maior   segurança   nos   equipamentos.   No   processo   de   aquisição,   a   manutenção  

137

ANVISA
é,  sem  dúvida,  um  fator  importante  e  determinante.  Nessa  fase,  a  área  de  apoio  
deve  planejar  a  instalação  e  o  gerenciamento  da  manutenção.
O  planejamento  para  as  instalações  dos  equipamentos  deve  ser  igualmente  crite-­‐‑
rioso,  avaliando-­‐‑se  sempre  as  instalações  já  existentes  e  as  futuras  necessidades,    
com  a  previsão  das  evoluções.  Recomenda-­‐‑se  avaliar  as  instalações  elétricas,  hi-­‐‑
dráulicas,   telefônicas   e   de   informática,   bem   como   a   climatização,   o   tratamento  
dos  resíduos  sólidos,  o  tratamento  de  afluentes  (se  necessário)  e  a  área  física.
O  gerenciamento  da  manutenção  traduz-­‐‑se  na  criação  e  implantação  de  procedi-­‐‑
mentos  e  normas  técnicas  e  de  qualidade  que,  quando  aplicados,  resultarão  em  
otimização  e  segurança  dos  serviços.  É  necessário  planejar,  antes  da  aquisição,  
o  custo  de  manutenção  mensal  e/ou  anual  do  equipamento,  além  de  analisar  o  
valor  percentual  que  será  gasto  em  manutenção  do  equipamento,  a  necessidade  
e  o  custo  de  equipamentos  para  calibração  e  intervenções  corretivas  dos  equipa-­‐‑
mentos   a   serem   adquiridos,   o   valor   das   peças   de   reposição   e   dos   acessórios,   e  
o  tempo  de  entrega  dos  mesmos.  Recomenda-­‐‑se  fazer  a  previsão  orçamentária  
para  os  insumos  descartáveis  ou  os  acessórios  e  partes  que  sofrem  desgaste  natu-­‐‑
ral  em  função  do  uso.  No  custo  da  manutenção  deverá  ser  agregado  o  valor  que  o  
equipamento  deixará  de  produzir  enquanto  estiver  fora  de  uso,  esperando  peças  
de  reposição  e  intervenção  corretiva.
Para  o  controle  total  dos  equipamentos  em  um  serviço  de  Odontologia  é  reco-­‐‑
mendável  que  se  tenha  o  registro  histórico  do  equipamento,  formado  por:  rela-­‐‑
tórios  de  Manutenção  Preventiva  (MP)  e  Manutenção  Corretiva  (MC);  histórico  
de   incidentes;  histórico  de   falhas   técnicas  e   operacionais;  e   outras   informações  
pertinentes  ao  equipamento,  além  do  seu  custo  total.  Um  aspecto  importante  a  
ser   considerado   é   o   ergonômico,   que   busca   respeitar   as   interações   entre   o   ser  
humano  e  outros  elementos  de  um  sistema,  de  modo  a  otimizar  o  bem-­‐‑estar  hu-­‐‑
mano  e  o  desempenho  geral  do  sistema.  

14.1.  TIPOS  DE  MANUTENÇÃO


Define-­‐‑se   manutenção   como   o   conjunto   de   ações   que   visam   assegurar   as   boas  
condições  técnicas  de  um  equipamento,  preservando-­‐‑lhe  as  características  fun-­‐‑
cionais  de  segurança  e  qualidade.  Distinguem-­‐‑se  duas  formas  de  ações:  uma  de-­‐‑
las  é  a  prevenção,  denominada  manutenção  preventiva,  e  a  outra  é  a  correção,  
denominada  manutenção  corretiva.
Manutenção  preventiva  (MP)  é  a  intervenção  prevista,  preparada  e  programada  
antes  do  provável  aparecimento  de  uma  falha.  A  manutenção  preventiva  pode  
ser  sistemática  ou  programada,  condicional  e  preditiva:

a)    Manutenção   sistemática   ou   programada   –   feita   em   intervalos   de   tempo  


fixos  preestabelecidos.

138

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


b)  Manutenção  condicional  –  realizada  nos  equipamentos  quando  estes  es-­‐‑
tão  na  iminência  de  apresentar  falhas.  A  detecção  desse  estado  de  quase-­‐‑
falha  é  possível,  utilizando  os  próprios  sentidos  humanos  ou  os  aparelhos  
eletrônicos  que  monitoram  algum  parâmetro  de  desempenho  dos  equipa-­‐‑
mentos.    
c)     Manutenção  preditiva  –  feita  por  meio  da  substituição  de  peças  ou  com-­‐‑
ponentes,  levando  em  consideração  um  perfil  estatístico.  Esse  perfil  é  ob-­‐‑
tido  pelas  análises  estatísticas  dos  históricos  de  falhas  dos  equipamentos.  
Manutenção  corretiva  (MC)  é  o  conjunto  de  ações  aplicadas  ao  equipamento  para  
restabelecer  suas  funções.

14.2.  RECOMENDAÇÕES  PARA  A  IMPLANTAÇÃO  DE  


UM  PROGRAMA  DE  MANUTENÇÃO  PREVENTIVA  EM  
EQUIPAMENTOS  ODONTOLÓGICOS

A   MP   é   um   programa   de   controle   dos   equipamentos.   É   uma   manutenção   efe-­‐‑


tuada   segundo   critérios   predeterminados,   com   a   intenção   de   se   reduzir   a   pro-­‐‑
babilidade  de  falha.  É  do  interesse  do  serviço  de  Odontologia  ter  um  programa  
de  manutenção  preventiva  de  seus  equipamentos,  com  vistas  a  diminuir  inter-­‐‑
rupções  e  perda  de  tempo  com  resultados  de  problemas  técnicos  e  operacionais,  
tornar  o  equipamento  amplamente  disponível  e  confiável,  conservar  o  seu  valor  
e  assegurar  a  diminuição  de  riscos  à  saúde  e  à  vida  dos  pacientes.
A  seguir,  apresentam-­‐‑se  algumas  sugestões  simples  para  a  implantação  de  um  
programa  de  manutenção  preventiva  em  equipamentos  odontológicos.
A  MP  deverá  ser  fundamentada  no  histórico  de  falhas  do  equipamento,  no  re-­‐‑
lato  de  acidentes,  na  classe  de  risco  à  vida  do  paciente,  nas  recomendações  do  
fabricante  e  nas  normas  técnicas  de  segurança  e  de  qualidade.  Portanto,  além  dos  
testes  específicos  de  cada  equipamento,  serão  feitos  os  testes  de  verificações,  os  
testes  de  segurança  elétrica  e  as  calibrações.  Recomenda-­‐‑se  que  a  MP  seja  reali-­‐‑
zada  em  períodos  em  que  o  equipamento  tenha  pouco  uso,  não  interferindo  na  
rotina  do  serviço.  Cada  tipo  de  equipamento  deverá  ter  roteiros  de  procedimen-­‐‑
tos   diferentes   e,   conseqüentemente,   um   registro   em   forma   de   verificação   para  
otimização  do  tempo  de  quem  fará  a  intervenção  preventiva.
Observa-­‐‑se  que  as  classes  de  risco  deverão  seguir  os  conceitos  das  normas  nacio-­‐‑
nais  e  internacionais.  De  acordo  com  a  RDC/Anvisa  n.°  185,  de  2001,  a  classifica-­‐‑
ção  de  risco  está  dividida  em  quatro  classes  e  dezoito  regras.    As  classes  de  risco  à  
vida  do  paciente  dividem-­‐‑se  em  risco  baixo,  médio  moderado,  médio  alto  e  alto.
O  relatório  de  MP  deverá  ser  formado  pelos  seguintes  itens:  registro  de  descrição  
do  equipamento,  relação  da  legislação  pertinente,  relação  dos  equipamentos/ins-­‐‑

139

ANVISA
trumentos  utilizados  para  as  calibrações  e  verificações,  registro  dos  itens  inspe-­‐‑
cionados/verificados,  relatório  de  custos,  considerações  sobre  incidentes,  falhas  
técnicas/operacionais   e   comentários   em   geral.   Esse   registro   tem   como   objetivo  
apresentar   informações   que   identifiquem   o   equipamento,   tais   como   nome   do  
fabricante,  número  de  série,  modelo,  identificação  patrimonial  ou  outra  identi-­‐‑
ficação   do   local   de   uso   ou   do   serviço   de   engenharia   clínica   para   controle   dos  
equipamentos.  Informações  como  o  intervalo  da  manutenção  preventiva,  instala-­‐‑
ção  do  equipamento,  data  e  valor  da  aquisição  são  parâmetros  importantes  para  
subsidiar  a  análise  de  custos  da  MP  e  devem  ser  monitorizadas  periodicamente.  
Em   um   relatório   de   MP,   os   itens   inspecionados/verificados   para   cada   tipo   de  
equipamento  são  específicos  e  preestabelecidos  com  a  intenção  de  reduzir  a  pro-­‐‑
babilidade  de  falhas  e  otimizar  o  uso  do  equipamento.  Esses  itens  deverão  ser  
fundamentados  no  histórico  de  falhas  do  equipamento,  nas  recomendações  do  
fabricante,  no  relato  de  acidentes,  na  classe  de  risco  à  vida  do  paciente  e  do  ope-­‐‑
rador  e  nas  normas  de  segurança  e  de  qualidade.  Entre  os  fatores  considerados  
pela  manutenção  preventiva,  além  dos  testes  específicos  de  cada  equipamento,  
deverão  ser  realizadas  calibrações  —  quando  necessárias  —  e  testes  de  calibra-­‐‑
ções,  de  verificações  e  de  segurança  elétrica.
Para  o  registro  de  ocorrências  de  incidentes  é  recomendável  um  livro  (ou  simi-­‐‑
lar)  que  acompanha  o  equipamento,  no  qual  serão  descritas  as  falhas  técnicas  e  
operacionais,  informações  importantes  para  rastrear  a  necessidade  de  capacita-­‐‑
ção  do  operador  e  para  a  revisão  dos  itens  de  inspeção/verificação  e  custos  do  
equipamento.  
O  relatório  de  custos  é  composto  pelo  valor  das  horas  técnicas,  das  peças  utiliza-­‐‑
das  para  a  realização  da  MP  e  do  custo  do  equipamento  fora  do  local  de  uso.  No  
custo  do  equipamento  fora  do  local  de  uso  deve  ser  descrito  o  número  de  proce-­‐‑
dimentos  que  deixaram  de  ser  realizados  e  o  custo  de  cada  procedimento.
A  monitorização  e  as  avaliações  periódicas  dos  custos  são  necessárias  para  o  con-­‐‑
trole  de  custos  associados  à  MP  e  à  eficiência  dos  itens  inspecionados/verificados  
para  a  realimentação  do  programa  de  MP.  

14.3.  EQUIPAMENTOS

Os  principais  equipamentos  utilizados  nos  serviços  de  Odontologia  são:  aparelho  


de  microabrasão;  amalgamador;  aparelho  a  laser;  aparelho  de  radiografia  intra/
extra  oral;  aparelho  de  sucção  de  alta/baixa  potência;  aparelho  de  ultra-­‐‑som  para  
limpeza   de   materiais;   aparelho   de   polimerização   de   resinas;   aparelho   de   teste  
elétrico  de  polpa  dentária;  aquecedor  endodôntico  para  guta-­‐‑percha;  articulador  
de  prótese  dentária;  esterilizadores  –  estufa  e  autoclave;  unidade  eletrocirúrgica;  
câmera   intra/extra   oral;   contra-­‐‑ângulo   redutor;   delineador   de   uso   odontológi-­‐‑
co;   equipamento   para   profilaxia   odontológica   bicarbonato   de   sódio/ultra-­‐‑som;  

140

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


equipamento   para   clareamento   dental   e   fotopolimerização   de   resinas;   equipos  
odontológicos;   estufa;   foco   cirúrgico;   fotopolimerizador;   localizador   eletrônico  
de  ápice;  micromotor  odontológico;  motor  elétrico;  plastificador  a  vácuo  para  uso  
odontológico;  cadeira  odontológica.
Para   cirurgias   bucomaxilofaciais   também   são   necessários   equipamentos   como  
monitor  de  sinais  fisiológicos  (ECG,  oximetria,  capnografia,  pressão  não  invasiva  
e  temperatura),  desfibrilador/monitor,  bomba  de  infusão,  sistema  de  anestesia,  
sistema  odontológico  de  abrasão  a  ar  e  turbina  de  alta  rotação;

14.4.  MANUTENÇÃO  EXTERNA

Para  serviços  de  Odontologia  de  pequeno  e  médio  porte  recomenda-­‐‑se  utilizar  
serviços  de  terceiros  ou  serviços  externos  ao  serviço  (manutenção  externa),  em  
função   da   relação   custo/beneficio.   É   importante   ressaltar   que   as   empresas   for-­‐‑
necedoras  de  serviços  externos  deverão  apresentar  condições  técnicas  para  aten-­‐‑
der   às   normas   de   segurança   e   de   qualidade   dos   equipamentos.   Esses   serviços  
poderão  ser  em  forma  de  contratos  ou  chamadas.  O  processo  desses  contratos  
deve   ser  uma  relação  de  parceria   e,   sobretudo,  uma  relação  de  satisfação  para  
as   partes   envolvidas.  A   escolha   desse   tipo   de   serviço   dependerá   da   análise   de  
custo/benefício.  

14.5.  RECOMENDAÇÕES  PARA  A  DESCONTINUAÇÃO  DE  


EQUIPAMENTOS  ODONTOLÓGICOS

O  principal  fator  para  que  um  equipamento  seja  descontinuado  é  a  falta  de  segu-­‐‑
rança,  seguido  do  custo  da  manutenção  e  da  obsolescência  da  tecnologia,  consi-­‐‑
derando-­‐‑se  sempre,  nesses  dois  últimos  itens,  a  análise  do  fator  custo/benefício.  
O  equipamento  torna-­‐‑se  obsoleto  pela  tecnologia  quando  passa  a  não  atender  às  
necessidades  do  paciente  ou  da  clínica  odontológica.  Para  fazer  a  análise  do  custo  
de   manutenção,   deve-­‐‑se   proceder   à   comparação   dos   preços   dos   equipamentos  
com  os  modelos  iguais  ou  similares,  se  o  modelo  está  descontinuado,  e  conside-­‐‑
rar  o  custo  da  manutenção  anual,  a  depreciação,  o  tempo  de  uso  do  equipamento,  
a  freqüência  das  intervenções  corretivas,  o  número  de  exames  que  o  equipamen-­‐‑
to  atende  e  a  sua  utilização  social.

141

ANVISA
14.6.  ALGUNS  BENEFÍCIOS  DA  MANUTENÇÃO  PREVENTIVA

 A  importância  da  manutenção  preventiva  justifica-­‐‑se  não  apenas  por  reduzir  os  
dispêndios  com  equipamentos  odontológicos  e  garantir  a  segurança  de  seus  usu-­‐‑
ários,  mas  também  por  evitar  o  elevado  custo  social  causado  pelo  maior  tempo  
de  indisponibilidade  de  uso  desses  equipamentos,  devido  a  deficiências  em  sua  
gerência  e  manutenção.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Exemplo de relatório de manutenção de um esterilizador a vapor

Relatório de Manutenção Preventiva de Equipamento Médico Hospitalar

Equipamento: Exemplo - Esterilização a Vapor

Acessórios:

Identificação do Equipamento

Etiqueta da MP: Sim Não Equipamento Portátil: Sim Não

Fabricante: Modelo: N.º de série:

Número de identificação: Intervalo da MP (mês):

Data da Aquisição: Valor: Data da Instalação:

Acompanha software aplicativo: Sim Não Versão:

Função:

Diagnóstico Apoio Terapia Cirurgia Análise Clínica

Classe de Risco (de acordo com a LSB):

I II III IV

Instrumentos utilizados para a verificação


Instrumento Fabricante/Modelo Número de série Data da calibração

Condições ambientais necessárias para a realização da MP –– NBR/ISO


Temperatura: Umidade:

Nível de Ruído: Pressão:

Normas Aplicadas:

Legenda:
LSB: Legislação Sanitária MP: Manutenção MC: Manutenção
Brasileira Preventiva Corretiva
NBR: Norma Brasileira C: Conforme NC: Não Conforme

143

ANVISA
Relatório de Manutenção Preventiva

Informações Gerais:

Freqüência de uso:

N.° exame ou procedimento/dia: N.° horas / dia:

Acompanha livro de registro de ocorrências: Sim Não

Existe equipamento de reserva no local de uso: Sim Não

Local de uso: Número de Pessoas que usam o equipamento:

Capacitação de operação: Sim Não Não informado

Procedimentos de MP: Sim Não Não informado

Inspeção visual do usuário: Sim Não Não informado

Calendário de MP: Sim Não Não informado

Responsável pelo uso do equipamento:

Responsável técnico:

Relato de incidentes com o


equipamento:

Ocorreu evento adverso: Sim Não Não informado

Número de vezes: Ver registro de ocorrências

Conseqüência do evento adverso: Morte

Agravo à saúde: Sim Não

Foi notificado: Gerente de Risco ANVISA

Resp. pelo uso Direção

Não houve notificação

Relato de falhas técnicas do equipamento:

Número de ocorrências:

Não informado Ver registro de ocorrências

Relato de falhas operacionais do equipamento:

Número de ocorrências:

Não informado Ver registro de ocorrências

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Inspeção visual

C NC NA Itens de controle

Gabinete

Proteção do circuito/fusível

Indicadores/display

Limpeza externa/interna

Sensor de temperatura

Lubrificação da guarnição da porta

Limpeza do gerador a vapor

Porta

Purgador

Câmera interna

Câmera externa

Vácuo

Autoteste

145

ANVISA
Lista de verificação/Testes funcionais

C NC NA Itens de controle

Resistência terra 0,50

Corrente de fuga 300 A

Filtros
Água Data da troca

Vapor Data da troca

Ar Data da troca

Válvulas
Pneumática Data da troca

Agulha Data da troca

Retenção Data da troca

Pressão (Kgf/cm3) Lido Recomendado


Máxima interna

Máxima externa

Ar comprimido

De água

Tº (ºC) trabalho

Produção vapor

Contatar o responsável da unidade se existir dúvidas sobre o equipamento

Liberado para uso Enviar para MC

Bateria (se aplicável)

Data da Substituir: Sim Não


troca:

Sustentação da % ou: horas


bateria

Data da MP Local:

Realizada Assinatura:
por:
146

SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Relatório de Custos da Manutenção Preventiva

Custo de horas técnicas

Custo da Hora Técnica Custo da Hora da MP Total

Subtotal 1

Custo de peças

Peça/Código Quantidade Valor Total

Subtotal 2

Custo do equipamento fora da do local de uso

Nº de procedimentos não realizados Custo de cada procedimento Total

Subtotal 3

Custo da Manutenção Preventiva

Subtotal 1 Subtotal 2 Subtotal 3 TOTAL

Comentários:

147

ANVISA
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1983.  192  p.

WEAR,   J.   0.;   SIMMONS,   D.  A.   Clinical   Engineering   Manual.   3rd   edition.   North   Li le  
Rock,  AR:  Scientific  Enterprises,  lnc.,  1988.
 

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


GLOSSÁRIO

Acidentes  de  trabalho:  todos  os  acidentes  que  ocorrem  no  exercício  da  atividade  
laboral  ou  no  percurso  de  casa  para  o  trabalho  e  vice-­‐‑versa,  podendo  o  trabalha-­‐‑
dor  fazer  parte  tanto  do  mercado  formal,  como  do  informal  de  trabalho.  

Aerossóis:  partículas  pequenas  que  permanecem  suspensas  no  ar  durante  horas  
e  podem  ser  dispersas  a  longas  distâncias,  carreadas  por  corrente  de  ar.  

Ambiente:  espaço  fisicamente  determinado  e  especializado  para  o  desenvolvi-­‐‑


mento  de  determinada(s)  atividade(s),  caracterizado  por  dimensões  e  instalações  
diferenciadas.  Um  ambiente  pode  se  constituir  de  uma  sala  ou  de  uma  área.

Ambiente   de   apoio:   sala   ou   área   que   dá   suporte   aos   ambientes   destinados   às  


atividades-­‐‑fim  de  uma  unidade.

Ambulatório:   unidade   destinada   à   prestação   de   assistência   em   regime   de   não  


internação.

Área:  ambiente  aberto,  sem  paredes  em  uma  ou  mais  de  uma  das  faces.

Áreas  críticas:  locais  onde  se  realizam  procedimentos  invasivos,  ou  manipulam-­‐‑
se  produtos  e  materiais  com  alto  risco  de  contaminação.  

Áreas  semicríticas:  locais  onde  se  realizam  procedimentos  de  baixo  risco  de  in-­‐‑
fecção  ou  de  contaminação.  

Áreas  não-­‐‑críticas:  locais  onde  não  se  realizam  procedimentos  de  risco  de  infec-­‐‑
ção  ou  de  contaminação.  

Artigos  críticos:  materiais  utilizados  em  procedimentos  de  alto  risco  para  desen-­‐‑
volvimento  de  infecções  ou  que  penetram  em  tecido  conjuntivo  ou  ósseo  (áreas  
corporais   desprovidas   de   flora   própria).   Requerem   esterilização   para   uso   (ex.:  
agulhas,  seringas,  materiais  para  os  implantes,  pinças,  instrumentos  de  corte  ou  
pontiagudos,   cinzel,   raspador,   cureta   e   osteótomo,   alavancas,   broca   cirúrgica,  
instrumentos  endodônticos  e  outros).

Artigos  semicríticos:  materiais  que  entram  em  contato  com  as  membranas  mu-­‐‑
cosas  íntegras  e  pele  não-­‐‑íntegra.  Requerem  a  desinfecção  de  alto  ou  médio  nível  
ou  a  esterilização  para  uso  (ex.:  espelhos  clínicos,  moldeiras,  condensadores,  ins-­‐‑
trumentais  para  amálgama  e  outros).

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ANVISA
Artigos  não-­‐‑críticos:  materiais  utilizados  em  procedimentos  com  baixíssimo  ris-­‐‑
co  de  desenvolvimento  de  infecção  associada  ou  que  entram  em  contato  apenas  
com   pele   íntegra.   Requerem   limpeza   ou   desinfecção   de   baixo   ou   médio   nível,  
dependendo  do  risco  de  transmissão  secundária  de  microorganismos  de  impor-­‐‑
tância  epidemiológica  (ex.:  superfícies  do  equipo  odontológico,  placas  de  vidro  e  
potes  de  Dappen,  mufla,  arco  de  Young  e  outros).

Atividade:  cada  uma  das  ações  específicas  que,  no  seu  conjunto,  atendem  ao  de-­‐‑
senvolvimento  de  uma  atribuição.

Autoridade  sanitária:  autoridade  que  tem  diretamente  a  seu  cargo,  em  sua  de-­‐‑
marcação  territorial,  a  aplicação  das  medidas  sanitárias  apropriadas  de  acordo  
com  as  leis  e  os  regulamentos  vigentes  no  território  nacional  e  tratados  e  outros  
atos  internacionais  dos  quais  o  Brasil  é  signatário.

Banco   de   dentes:   locais   responsáveis   pela   capitação,   retirada,   processamento,  


armazenamento     e   a     distribuição   de   órgãos   dentais   para   fins   terapêuticos,   de  
ensino  e  pesquisa.

Bancos  de  tecidos:  responsáveis  pela  capitação,  retirada,  processamento  e  arma-­‐‑


zenamento  de  tecidos  para  fins  terapêuticos  de  ensino  e  pesquisa.

Barreira   (contra   contaminação):   bloqueio   físico   que   deve   existir   nos   locais   de  
acesso  a  área  onde  seja  exigida  assepsia  e  onde  somente  se  permita  a  entrada  de  
pessoas  com  indumentária  apropriada  (paramentação).

Barreira  técnica:  conjunto  de  procedimentos  padronizados  que  visam  minimizar  


o  risco  de  contaminação  de  pessoas  e  do  ambiente.

Biofilme  (glicocalix):  camada  de  substância  protéica  viscosa  (limo/muco),  forma-­‐‑


da  pelo  hospedeiro  e  por  microorganismos,  incluindo  bactérias,  fungos  e  proto-­‐‑
zoários,  que  permite  a  aderência  destes  entre  si  e  nas  superfícies.  

Biossegurança:  condição  de  segurança  alcançada  por  um  conjunto  de  ações  des-­‐‑
tinadas  a  prevenir,  controlar  e  reduzir  ou  eliminar  riscos  inerentes  às  atividades  
que  possam  comprometer  a  saúde  humana,  animal  e  vegetal  e  o  meio  ambiente.

Central  de  material  esterilizado  (CME):  unidade  destinada  à  recepção,  ao  expur-­‐‑
go,  à  limpeza,  à  descontaminação,  ao  preparo,  à  esterilização,  à  guarda  e  à  distri-­‐‑
buição  dos  materiais  utilizados  nas  diversas  unidades  de  um  estabelecimento  de  
saúde.  Pode  localizar-­‐‑se  dentro  ou  fora  da  edificação  usuária  dos  materiais.

Centro  cirúrgico:  unidade  destinada  ao  desenvolvimento  de  atividades  cirúrgi-­‐‑


cas,  bem  como  à  recuperação  pós-­‐‑anestésica  e  pós-­‐‑operatória  imediata.

Centro  cirúrgico  ambulatorial:  unidade  destinada  ao  desenvolvimento  de  ativi-­‐‑


dades  cirúrgicas  que  não  demandam  internação  dos  pacientes.

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


Comunicação  de  acidente  do  trabalho:  instrumento  de  notificação  de  acidente  
ou  doença  relacionada  ao  trabalho,  de  acordo  com  o  INSS  (Instituto  Nacional  de  
Seguro  Social).

Contaminação   cruzada:   transmissão   de   agentes   infecciosos   entre   pacientes   e  


equipe  dentro  de  um  ambiente  clínico.

Depósito  de  equipamentos/materiais:  ambiente  destinado  à  guarda  de  peças  de  


mobiliário,  aparelhos,  equipamentos  e  acessórios  de  uso  eventual.

Depósito  de  material  de  limpeza:  sala  destinada  à  guarda  de  aparelhos,  utensí-­‐‑
lios  e  material  de  limpeza,  dotada  de  tanque  de  lavagem.

Desinfecção  de  alto  nível:  processo  físico  ou  químico  que  destrói  todos  os  mi-­‐‑
croorganismos  de  objetos  inanimados  e  superfícies,  exceto  um  número  elevado  
de  esporos  bacterianos.    

Desinfecção   de   médio   nível:   processo   físico   ou   químico   que   elimina   todas   as    


bactérias  vegetativas,  micobactérias  da  tuberculose  e  a  maioria  dos  vírus  e  fungos  
de  objetos  inanimados  e  superfícies.

Desinfecção  de  baixo  nível:  processo  físico  ou  químico  que  elimina  a  maioria  das  
bactérias  vegetativas  e  alguns  vírus  e  fungos  de  objetos  inanimados  e  superfícies.  

Documentação   e   informação:   unidade   destinada   à   identificação,   à   seleção,   ao  


controle,  à  guarda,  à  conservação  e  ao  processamento  das  informações  de  todos  
os  dados  clínicos  e  sociais  de  paciente  ambulatorial  ou  internado.  Compreende  o  
registro  geral,  o  arquivo  médico  e  a  estatística.

Estabelecimento   assistencial   de   saúde   (EAS):   denominação   dada   a   qualquer  


edificação  destinada  à  prestação  de  assistência  à  saúde  à  população,  que  deman-­‐‑
de  o  acesso  de  pacientes,  em  regime  de  internação  ou  não,  qualquer  que  seja  o  
seu  nível  de  complexidade.

Lavatório:  peça  sanitária  destinada  exclusivamente  à  lavagem  de  mãos.  

Licença  sanitária:  ato  privativo  do  órgão  de  saúde  competente  dos  Estados,  do  
Distrito   Federal   e   dos   Municípios,   contendo   permissão   para   que   as   empresas  
exerçam  as  atividades  sob  regime  de  vigilância  sanitária.

Norma:  modelo,  padrão,  aquilo  que  se  estabelece  como  base  ou  unidade  para  a  
realização  ou  avaliação  de  alguma  coisa.

Normalização  ou  normatização:  atividade  que  visa  à  elaboração  de  padrões,  por  
meio  de  consenso  entre  produtores,  prestadores  de  serviços,  consumidores  e  en-­‐‑
tidades  governamentais.

Pia  de  lavagem:  destinada  preferencialmente  à  lavagem  de  utensílios,  podendo  


ser  também  usada  para  a  lavagem  das  mãos.

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Radiologia:  unidade  onde  se  concentram  equipamentos  que  realizam  atividades  
concernentes  ao  uso  de  raios  X  para  fins  de  diagnóstico.

Resíduos  de  Serviços  de  Saúdes  (RSS):  resíduos  resultantes  das  atividades  exer-­‐‑
cidas  por  estabelecimento  gerador,  classificado  de  acordo  com  regulamento  téc-­‐‑
nico  da  Anvisa  sobre  gerenciamento  de  resíduos  de  serviços  de  saúde.

Riscos  ocupacionais:  possibilidade  de  perda  ou  dano  e  a  probabilidade  de  que  
tal   perda   ou   dano   ocorra.   Implica,   pois,   a   probabilidade   de   ocorrência   de   um  
evento  adverso.

Rouparia:  sala,  área  para  carro,  roupeiro  ou  armário  destinado  à  guarda  de  rou-­‐‑
pa  proveniente  da  lavanderia.

Sala:  ambiente  envolto  por  paredes  em  todo  seu  perímetro  e  dotado  de  uma  porta.

Sala   de   utilidades   ou   expurgo:   ambiente   destinado   à   limpeza,   desinfecção   e  


guarda  dos  materiais  e  roupas  utilizados  na  assistência  ao  paciente  e  guarda  tem-­‐‑
porária  de  resíduos.  Deve  ser  dotado  de  pia  e/ou  esguicho  de  lavagem  e  de  pia  
de  despejo  com  válvula  de  descarga  e  tubulação  de  esgoto  de  75  mm  no  mínimo.  
Nos   EAS   de   nível   primário,   pode-­‐‑se   dispensar   a   área   de   lavagem   e   desconta-­‐‑
minação  da  central  de  material  esterilizado  –  simplificada  em  favor  da  sala  de  
utilidades.

Sanitário:  ambiente  dotado  de  bacia(s)  sanitária(s)  e  lavatório(s).

Saúde  do  trabalhador:  conjunto  de  atividades  que  se  destina  à  promoção  e  prote-­‐‑
ção  da  saúde  dos  trabalhadores,  por  meio  de  ações  de  vigilância  epidemiológica  
e  sanitária  e,  ainda,  visa  a  recuperação  e  reabilitação  da  saúde  daqueles  submeti-­‐‑
dos  aos  riscos  e  agravos  advindos  das  condições  de  trabalho.

Tipologia:  diversos  modelos  funcionais,  resultantes  do  conjunto  de  atribuições  


que  compõem  a  edificação  do  estabelecimento  de  saúde.

Unidade:   conjunto   de   ambientes   fisicamente   agrupados,   onde   são   executadas  


atividades  afins.

Vestiário:  ambiente  destinado  à  troca  de  roupa

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SERVIÇOS  ODONTOLÓGICOS:  PREVENÇÃO  E  CONTROLE  DE  RISCOS  


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Brasília,  janeiro  de  2006.

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