Manual Odontologico Controle de Risco
Manual Odontologico Controle de Risco
Manual Odontologico Controle de Risco
ANVI
signifiquem avanços, podem também gerar riscos à saúde, quando não 3ERVI OS /DONTOLØGICOS
monitoradas de maneira adequada. Por isso, a qualidade do atendimento
à população está intrinsecamente relacionada à monitoração desses riscos. 0REVEN ÎO E #ONTROLE DE 2ISCOS
Cabe ao Estado ser o regulador dessa relação por meio da adoção de
medidas de controle e prevenção e pela veiculação de informações à
sociedade. Isto contribui para a efetiva participação dos usuários no
processo de construção de um sistema de saúde de qualidade.
Brasília, 2006
Copyright © 2006. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
1º Ed. 1000 exemplares.
Editora Anvisa
Coordenação
Pablo Barcellos
Projeto Gráfico
João Carlos Machado e Rogério Reis
Diagramação
Rogério Reis
Revisão
Clara Martins e Dulce Maria Bergmann
Capa
Paula Simões e Rogério Reis
Coordenadores
Gilberto Alfredo Pucca Junior
Coordenador Nacional de Saúde Bucal (MS)
Flávia Freitas de Paula Lopes
Gerente-‐‑Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (Anvisa)
Equipe técnica
Autores
Adélia Aparecida Marçal dos Santos (GGTES/Anvisa)
Andréa Fátima Giacomet (GGTES/Anvisa)
Anelise Krause Guimarães Costa (GGTES/Anvisa)
Cássia Regina de Paula Paz (GGTES/Anvisa)
Eliane Blanco Nunes (GGTES/Anvisa)
Érica Lopes Ferreira (SMS Curitiba)
Flávio de Castro Bicalho (GGTES/Anvisa)
Izabel do Rocio Costa Ferreira (SMS/Curitiba)
Javier Afonso Sanmartin (GGTES/Anvisa)
Leandro Queiroz Santi (GGTES/Anvisa)
Léria Rosane Holsbach (ISCMPA-‐‑RS)
Marcio Luiz Varani (GGTPS/Anvisa)
Maria José Mendonça do Amaral (CVS/SES/MT)
Mariana Pastorello Vero i (GGTES/Anvisa)
Regina Maria Gonçalves Barcellos (GGTES/Anvisa)
Sandro Martins Dolghi (GGTES/Anvisa)
Silvia Lustosa de Castro (GGTPS/Anvisa)
Sinaida Teixeira Martins (GGTES/Anvisa)
Taciana Ribeiro Silva -‐‑ (GETOR/ANVISA)
Valéria Francischini (CVS/SES/MT)
Colaboradores
Anaclara Ferreira Veiga Tipple (FEN/UFG)
Izabeth Cristina Campos da Silva Farias (CNSB/MS)
José Felipe Riani Costa (CNSB/MS)
Maria Ângela de Avelar Nogueira (GGTES/Anvisa)
Rita de Cássia Paranhos Emmerich (GGTES/Anvisa)
Terezita de Fátima Fernandes (SES/MG)
Revisão técnica
José Geraldo Lupato Conrado (CVS/SP)
Paulo Tadeu Figueiredo (ABO)
SIGLÁRIO
CD Cirurgião-‐‑dentista
PGRSS Programa de Gerenciamento de Resíduos em Serviços de Saúde
Portaria SVS/MS Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde
RT Responsável técnico
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________15
GLOSSÁRIO __________________________________________________149
PREFÁCIO
Com o intuito de subsidiar as equipes profissionais no repensar de sua prática
na atenção à saúde bucal e de apoiar as vigilâncias sanitária e epidemiológica em
suas ações, a Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, e a Agên-‐‑
cia Nacional de Vigilância Sanitária elaboraram este livro com foco nas questões
mais emergentes de prevenção e controle dos riscos em serviços odontológicos.
Entendemos ser próprio do Estado o incentivo para a concretização e a difusão
do conhecimento técnico, fomentando a cooperação e a responsabilização como
valores intrínsecos às ações de controle e prevenção de riscos. Esperamos, com
esta publicação, promover a revisão de práticas profissionais, disponibilizando
conhecimentos técnico-‐‑científicos atualizados que abrangem temas relaciona-‐‑
dos ao controle de infecção e de doenças transmissíveis, bem como a adequa-‐‑
ções de infra-‐‑estrutura no campo dos serviços odontológicos.
A equipe interdisciplinar envolvida na construção deste livro destacou questões
relacionadas às normas de biossegurança e à legislação sanitária, buscando con-‐‑
densar o conhecimento e a visão institucional acerca do tema. A iniciativa foi
pautada nas diretrizes da atual Política Nacional de Saúde Bucal e demonstra a
preocupação com a adoção de medidas seguras para uma prática responsável, o
que contribui para a reorganização das ações e serviços de Odontologia.
Acreditamos que esta publicação será um importante instrumento de apoio aos
profissionais que, na realização das práticas ou na vigilância delas, lidam, dia-‐‑
a-‐‑dia, com os riscos inerentes aos serviços de promoção, proteção e assistência
odontológica à população.
A Odontologia, como as demais ciências da área da saúde, percorreu várias etapas
no decorrer de sua evolução, iniciando com o empirismo, na Idade Antiga, pas-‐‑
sando pelo Pré-‐‑cientificismo, nos séculos XVI e XVII, até o surgimento de escolas
especializadas na prática odontológica, chegando assim à fase Científica. A his-‐‑
tória da Odontologia, em seus primórdios, não pode ser traçada separadamente,
uma vez que está interligada com o desenvolvimento das ciências médicas.
Na Odontologia, por suas particularidades, intensificou-‐‑se a busca do conheci-‐‑
mento visando a prevenção da infecção cruzada no atendimento ambulatorial.
O Conselho Federal e alguns Conselhos Regionais de Odontologia da Federação
e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde criaram manuais de controle de
infecção voltados à Odontologia.
Os gestores de saúde vêm se conscientizando da importância da incorporação de
tecnologias apropriadas para o controle de infecção e biossegurança, provendo
recursos para a melhoria da assistência e promovendo a educação permanente
das equipes e da população.
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ANVISA
II
2. INFRA-‐‑ESTRUTURA FÍSICA
Todo projeto arquitetônico de um serviço odontológico público ou privado deve
ser avaliado e aprovado pela vigilância sanitária local previamente à execução da
obra, assim como as áreas de estabelecimentos já existentes e dos anteriormente
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não destinados a serviço odontológico a serem ampliadas e/ou reformadas, que
ficam condicionadas ao cumprimento das disposições contidas na RDC/Anvisa
n.º 50, de 21 de fevereiro de 2002, ou a que vier substituí-‐‑la.
2.3. DIMENSIONAMENTO
a) Sala de espera para pacientes e acompanhantes com área mínima de 1,2
m2 por pessoa.
b) Depósito de material de limpeza (DML) com área mínima de 2 m2 e di-‐‑
mensão mínima de 1 m, equipado com tanque.
c) Sanitário(s) para pacientes e público com área mínima de 1,6 m2 e dimen-‐‑
são mínima de 1 m.
d) Central de material esterilizado (CME) simplificada com dois ambientes
contíguos, a saber:
• ambiente sujo -‐‑ sala de lavagem e descontaminação de materiais com ban-‐‑
cada, pia e guichê para a área limpa (sala de esterilização de material),
com área mínima de 4,8 m2.
• ambiente limpo -‐‑ sala de preparo/esterilização/estocagem de material,
com bancada para equipamentos de esterilização, armários para guarda
de material e guichê para distribuição de material, com área mínima de
4,8 m².
Deve ser observado o seguinte fluxo de trabalho em CMEs de serviços odonto-‐‑
lógicos:
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a) Sanitários para funcionários com área mínima de 1,6 m2 e dimensão míni-‐‑
ma de 1m.
b) Depósito de equipamentos/materiais com área mínima a depender dos
tipos de equipamentos e materiais.
c) Sala administrativa com área mínima de 5,5 m2 por pessoa.
d) Copa com área mínima de 2,6 m2 e dimensão mínima de 1,15 m.
Os materiais de acabamento para pisos, paredes e tetos devem obedecer ao pre-‐‑
conizado na RDC/Anvisa n.º 50, de 21 de fevereiro de 2002, Capítulo 6, Condi-‐‑
ções Ambientais de Controle de Infecção, ou a que vier substituí-‐‑la.
Os materiais para o revestimento de paredes, pisos e tetos de ambientes de áreas
críticas e semicríticas devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes.
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Devem ser sempre priorizados materiais de acabamento que tornem as superfí-‐‑
cies monolíticas, ou seja, não possuam ranhuras ou perfis estruturais aparentes,
mesmo após o uso e limpeza freqüente.
Os materiais, cerâmicos ou não, quando usados nas áreas críticas, não podem
possuir índice de absorção de água superior a 4%, individualmente ou depois
de instalados no ambiente, além do que o rejunte de suas peças, quando existir,
também deve ser de material com esse mesmo índice de absorção. O uso de ci-‐‑
mento sem qualquer aditivo antiabsorvente para rejunte de peças cerâmicas ou
similares é vedado tanto nas paredes quanto nos pisos das áreas críticas.
As tintas elaboradas à base de epóxi, PVC, poliuretano ou outras destinadas a
áreas molhadas podem ser utilizadas, nas áreas críticas, nos pisos, paredes e te-‐‑
tos, desde que sejam resistentes à lavagem, ao uso de desinfetantes e não sejam
aplicadas com pincel. Quando utilizadas no piso, devem resistir também à abra-‐‑
são e aos impactos.
O uso de divisórias removíveis nas áreas críticas não é permitido. Entretanto,
paredes pré-‐‑fabricadas podem ser usadas, desde que, quando instaladas, tenham
acabamento monolítico. Nas áreas semicríticas, as divisórias só podem ser uti-‐‑
lizadas se forem, também, resistentes ao uso de desinfetantes e à lavagem com
água e sabão. Nas áreas críticas e semicríticas, não deve haver tubulações apa-‐‑
rentes nas paredes e tetos. Quando estas não forem embutidas, devem ser prote-‐‑
gidas, em toda sua extensão, por um material resistente a impactos, à lavagem e
ao uso de desinfetantes.
A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita
a completa limpeza do canto formado. Rodapés com arredondamento acentuado
são de difícil execução e em nada facilitam o processo de limpeza do local. Espe-‐‑
cial atenção deve ser dada à união do rodapé com a parede, de modo que os dois
estejam alinhados, evitando-‐‑se o tradicional ressalto do rodapé, que permite o
acúmulo de pó.
Os tetos em áreas críticas devem ser contínuos, sendo proibido o uso de forros
falsos removíveis, do tipo que interfira na limpeza dos ambientes. Nas demais
áreas, pode-‐‑se utilizar o forro removível, inclusive por razões ligadas à manu-‐‑
tenção, desde que nas áreas semicríticas eles sejam resistentes aos processos de
limpeza e desinfecção.
Para proteção contra o sol e redução do acúmulo de poeira, o uso de películas
protetoras nos vidros ou brises soleils de fachada é o mais recomendado. A uti-‐‑
lização de persianas e cortinas em serviços odontológicos é permitida, porém a
limpeza deve ser efetuada com maior rigor e rotineiramente.
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Os serviços odontológicos devem possuir ventilação natural ou forçada, para evi-‐‑
tar o acúmulo de fungos (bolores), gases e vapores condensados, sendo que sua
eliminação não deve causar danos ou prejuízos às áreas próximas.
Os equipamentos de ar condicionado de janela e minisplits apresentam o incon-‐‑
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veniente de não efetuar a renovação do ar necessária para a manutenção de uma
boa qualidade do ar ambiente de interiores, conforme preconizado na Portaria
GM/MS n.º 3.523, de 28 de agosto de 1998, e RE/Anvisa n.º 9, de 16 de janeiro de
2003, ou as que vierem substituí-‐‑las. Esses equipamentos somente podem ser ins-‐‑
talados nos serviços odontológicos acompanhados por um sistema de ventilação
e/ou exaustão complementar, garantindo, dessa forma, a renovação de ar exterior
necessária nesses ambientes.
Caso o estabelecimento de assistência odontológica opte pela instalação de siste-‐‑
ma de climatização, deverá seguir as seguintes recomendações:
a) As instalações de climatização para os serviços odontológicos devem ser
projetadas, executadas, testadas e mantidas conforme as recomendações
das normas ABNT NBR 6401 – Instalações centrais de ar condicionado
para conforto – Parâmetros básicos de projeto e NBR 7256 – Tratamento
de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde e da RDC/Anvisa n.º 50,
de 21 de fevereiro de 2002.
b) O sistema de climatização para os serviços odontológicos deve ser adequa-‐‑
damente dimensionado, por profissional especializado, de modo a prover
uma vazão mínima de ar exterior de 6 (m3/h)/m2 e uma vazão mínima de
ar total de 18 (m3/h)/m2. A temperatura ambiente deve ser mantida entre
21ºC e 24ºC, e a umidade relativa do ar entre 40% e 60%. Os equipamentos
devem possuir, no mínimo, filtros classe G3 no insuflamento.
c) As tomadas de ar exterior devem ser localizadas de forma a evitar a aspi-‐‑
ração de descargas de exaustão de cozinhas, sanitários, laboratórios, la-‐‑
vanderia e também a evitar a proximidade a depósitos de lixo, centrais de
gás combustível, grupos geradores, centrais de vácuo, estacionamentos,
bem como de outros locais onde haja possibilidade de emanação de agen-‐‑
tes poluidores ou gases nocivos, estabelecendo uma distância mínima de
oito metros desses locais. As tomadas de ar exterior deverão ser providas,
no mínimo, de filtros classe G3 e dotadas de telas de proteção de material
resistente à corrosão.
d) Os dutos de ar, quando utilizados, devem ser unidos por meio de juntas
flangeadas, à prova de vazamentos. As dobras, conexões e acessórios dos
dutos também devem ser estanques. Todo retorno de ar deve ser feito
através de dutos, sendo vedado o retorno através do forro (plenum).
e) A instalação e a manutenção de equipamentos de pequeno porte, como
aparelhos de janela e minisplits, devem ser efetuadas conforme preconi-‐‑
zado nos manuais do fabricante. A manutenção de equipamentos e/ou
instalações de capacidade igual ou superior a 5 TRs (15.000 kcal/h =
60.000 Btu/h) deverá ser efetuada sempre sob a supervisão de engenheiro
mecânico (responsável técnico) habilitado pelo CREA para tal fim, obser-‐‑
vando-‐‑se os critérios da Portaria GM/MS n.º 3.523, de 28 de agosto de
1998, e RE/Anvisa n.º 9, de 16 de janeiro de 2003.
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Os serviços odontológicos devem ser abastecidos com água ligada à rede pública
ou possuir abastecimento próprio, com registro da nascente, suficiente em volu-‐‑
me ou pressão e sistema de cloração. A água deve possuir grau de potabilidade
de acordo com a Portaria MS n.º 518, de 25 de março de 2004, ou a que vier subs-‐‑
tituí-‐‑la. Todos os serviços devem ser providos de reservatórios de água (caixa
d’água) com capacidade mínima correspondente ao consumo de dois dias ou
mais, em função da confiabilidade do sistema.
Os reservatórios, quando subterrâneos, devem ser protegidos contra infiltrações de
qualquer natureza e dispor de tampa para facilitar o acesso à inspeção e limpeza.
Recomenda-‐‑se efetuar a limpeza periódica dos reservatórios e a análise da quali-‐‑
dade da água, por firmas idôneas, a cada seis meses.
As instalações de água fria para os serviços odontológicos devem ser projetadas,
executadas, testadas e mantidas em conformidade com a norma ABNT NBR 5626
– Instalação predial de água fria. Caso utilizadas, as instalações de água quente
devem seguir o preconizado na norma ABNT NBR 7198 – Projeto e execução de
instalações prediais de água quente.
As instalações sanitárias devem ser providas de, no mínimo, vaso sanitário e la-‐‑
vatório. Junto aos lavatórios deve existir sempre um recipiente ou equipamento
para dispensação de sabão líquido, além de recursos para secagem das mãos
(porta papel-‐‑toalha) e lixeira com tampa, acionada por pedal.
Devem ser instalados dentro do consultório, no mínimo, um lavatório exclusivo
para a lavagem das mãos e uma pia com bancada para a lavagem do instrumental
com distância compatível entre elas, ou barreira para que respingos da pia para
lavagem do instrumental não contamine a de lavagem de mãos. Nos ambientes
que executem procedimentos, os lavatórios devem possuir torneiras ou coman-‐‑
dos do tipo que dispensem o contato das mãos quando da abertura e fechamento
da água, e recipiente com anti-‐‑séptico para a higienização das mãos.
As instalações para esgoto sanitário devem ser projetadas, executadas, testadas
e mantidas em conformidade com a norma ABNT NBR 8160 – Sistemas prediais
de esgoto sanitário – Projeto e execução.
Caso a região onde o serviço odontológico estiver localizado tenha rede pública
de coleta e tratamento de esgoto, todo o esgoto pode ser lançado nessa rede sem
qualquer tratamento. Não havendo rede de coleta e tratamento, todo o esgoto
terá que receber tratamento antes de ser lançado em rios, lagos, etc.
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ANVISA
Deve ser prevista a instalação de pontos de coleta dos efluentes líquidos para
captação de detritos dos equipamentos, lavatórios, pias, torneiras, ralos e pontos
de dreno para o sistema de vácuo do serviço odontológico.
O sistema de esgoto deve ser projetado com desnível suficiente para escoar todo
o volume de detritos apenas pela ação da gravidade, ou seja, diferencial de altura
constante em todo o percurso. A tubulação utilizada deve possuir, no mínimo,
40 mm de diâmetro.
As instalações para as salas de raios X de serviços odontológicos devem ser exe-‐‑
cutadas conforme as recomendações da Portaria SVS/MS n.º 453, de 01 de junho
de 1998, ou a que vier substituí-‐‑la. Maiores informações estão descritas no capí-‐‑
tulo 13 deste manual.
As instalações de gases medicinais para os serviços odontológicos devem ser exe-‐‑
cutadas conforme as recomendações da RDC/Anvisa n.º 50, de 21 de fevereiro
de 2002, e da norma ABNT NBR 12.188 – Sistemas centralizados de oxigênio, ar
comprimido, óxido nitroso e vácuo para uso medicinal em estabelecimentos de
saúde.
Além disso, devem seguir as seguintes recomendações referentes à utilização de
cilindros de gases medicinais:
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ANVISA
Poderá ser adotado o controle de temperatura, visando garantir condições míni-‐‑
mas de conforto ao paciente e à equipe odontológica. O insuflamento do ar condi-‐‑
cionado no ambiente deve ser projetado de modo a reduzir ao máximo a indução
do ar ambiente, possibilitando que o ar introduzido na parte central do recinto
gere o mínimo de turbulência. Não é permitida a instalação de equipamentos que
apresentem insuflamento e retorno de ar na mesma unidade, fazendo circular o
ar pelo recinto e causando interferências no fluxo unidirecional.
No caso de sistema central de ar condicionado, o ar dos consultórios não deve,
em qualquer hipótese, retornar ao sistema. Esse sistema deve considerar a carga
térmica gerada no processo de exaustão e troca mínima de ar (20 trocas por hora),
bem como as características ambientais locais.
Não é permitida a instalação de equipamentos que apresentem insuflamento e
retorno de ar na mesma unidade, fazendo circular o ar pelo recinto e causando
interferências na direção do fluxo.
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ANVISA. Resolução RDC n0 189 de 18 de julho de 2003. Todos os projetos de arquitetura
de estabelecimentos de saúde públicos e privados devem ser avaliados e aprovados pelas
vigilâncias sanitárias estaduais ou municipais previamente ao início da obra a que se re-‐‑
ferem os projetos. Diário Oficial da União, Brasília, 21 de julho de 2003. Disponível em:
h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php
ANVISA. Resolução RDC n0 306 de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamen-‐‑
to Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da
União, Brasília, 10 de dezembro de 2004. Disponível em: h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/pu-‐‑
blic/home.php
ANVISA. Resolução RDC n0 50 de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento técnico para pla-‐‑
nejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de março de 2002. Disponível
em: h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php
ANVISA. Resolução RE n0 9 de 16 de janeiro de 2003. Orientação técnica revisada conten-‐‑
do padrões referenciais de qualidade de ar interior em ambientes de uso público e coleti-‐‑
vo, climatizados artificialmente. A Resolução recomenda o índice máximo de poluentes de
contaminação biológica e química, além de parâmetros físicos do ar interior. Prevê ainda
métodos analíticos e recomendações para controle e correção, caso os padrões de ar forem
considerados regulares ou ruins. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de janeiro de 2003.
Disponível em: h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php
BRASIL. Ministério da Saúde, Portaria n0 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os proce-‐‑
dimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília, 26 de março de 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Segurança no Ambiente Hospitalar, Brasília, 1995.
BRASIL. Ministério da Saúde, Portaria GM/MS n0 3.523 de 28 de agosto de 1998. Aprova Re-‐‑
gulamento Técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação
visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do
estado de integridade e eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização,
para garantir a Qualidade do Ar de Interiores e prevenção de riscos à saúde dos ocupantes
de ambientes climatizados. Diário Oficial da União, Brasília, 31 de agosto de 1998.
27
ANVISA
III
3. DOCUMENTAÇÃO E CONDIÇÕES
PARA O FUNCIONAMENTO DOS
SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS
Para construir ou instalar serviços odontológicos, os estabelecimentos ou as or-‐‑
ganizações afins que se dediquem à promoção, proteção e recuperação da saúde
devem possuir licença do órgão sanitário competente, observadas as normas le-‐‑
gais e regulamentares pertinentes.
Para executar as atividades de assistência odontológica, o serviço deverá dispor de:
A organização de um processo de trabalho em equipe, com cooperação e visão
integrada do usuário, constitui-‐‑se numa tarefa diária de superação de desafios.
O que se pretende é alcançar os objetivos na construção de uma prática que vise
à melhoria contínua da qualidade, sem fragmentação, possibilitando um melhor
atendimento ao usuário, conferindo boas condições de trabalho à equipe odon-‐‑
tológica e diminuindo os riscos da exposição aos agentes inerentes à prática de
trabalho em Odontologia.
A evolução da prática odontológica e os avanços tecnológicos propiciaram a for-‐‑
mação de uma equipe de trabalho composta pelo Cirurgião-‐‑dentista (CD), pelo
Técnico em higiene dental (THD) e pelo Auxiliar de consultório dentário (ACD),
que desempenham suas funções diretamente com o cirurgião-‐‑dentista ou sob sua
supervisão e coordenação, realizando funções intra e extra-‐‑orais.
Complementam a equipe, o Técnico em prótese dentária (TPD) e o Auxiliar em
prótese dentária (APD). São esses profissionais que atuam em laboratórios, os
quais respondem pela confecção dos trabalhos de prótese dentária, em decorrên-‐‑
29
ANVISA
cia da terapêutica indicada pelo cirurgião-‐‑dentista, sendo vetado o atendimento
direto ao paciente.
As atividades profissionais privativas do CD estão previstas na Lei n.º 4.324, de
14 de abril de 1964, na Lei n.º 5.081, de 24 de agosto de 1966, e no Decreto n.º
68.704, de 03 de junho de 1971. Os direitos e deveres do cirurgião-‐‑dentista, bem
como o que lhe é vedado encontram-‐‑se no Código de Ética Odontológica (CEO);
do THD e ACD na Resolução CFO n.° 157, de 31 de julho de 1987, e do TPD e
APD na Lei n.º 6.710, de 05 de novembro de 1979, no Decreto n.º 87.689, de 11 de
outubro de 1982, e na Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conse-‐‑
lhos de Odontologia, aprovada pela Resolução CFO-‐‑185/93.
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ANVISA
3.3.2. ATESTADO ODONTOLÓGICO
O exercício das atividades profissionais privativas do cirurgião-‐‑dentista só é per-‐‑
mitido com a observância do disposto na Lei n° 4.324, de 14.04.64 , na Lei n° 5.081,
de 24.08.66, no Decreto nº 68.704, de 03.06.71; e na Resolução CFO-‐‑185/93. De
acordo com essas normas, compete ao cirurgião dentista atestar, no setor de sua
atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive, para justificação de
faltas ao emprego.
Cabe salientar que, o atestado firmado sem a necessidade por qualquer profis-‐‑
sional da área da saúde, constitui crime previsto no Código Penal Brasileiro Ca-‐‑
pítulo III, Art. 299; omitir, em documento público ou particular, declaração que
dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante.
Para os profissionais da área odontológica, além do disposto no Código Penal, o
Código de Ética Odontológica, em seu Artigo 6º define como infração ética: for-‐‑
necer atestado que não corresponda à veracidade dos fatos codificados (CID) ou
dos que não tenha participado
O atestado odontológico deve ser redigido em papel timbrado ou receituário,
contendo a identificação do paciente, do profissional, com sua assinatura, o nú-‐‑
mero do seu registro profissional junto ao CRO e carimbo. Deve, ainda, trazer
a data e o horário do atendimento, o Código Internacional da doença (CID) e o
período de repouso ou de afastamento das atividades rotineiras que o paciente
necessita.
3.3.3. RECEITAS
Podem ser manuscritas, datilografadas ou informatizadas, devendo ser escritas
por extenso, em língua portuguesa, e ser legíveis, contendo:
32
A Notificação de Receita deverá ser impressa e conter as seguintes características:
• Sigla da Unidade da Federação.
• Identificação numérica fornecida pela autoridade sanitária competente
dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
• Identificação do emitente: nome do profissional, com sua inscrição no
Conselho Regional com a sigla da respectiva Unidade da Federação ou
nome da instituição, endereço completo e telefone.
• Identificação do usuário: nome e endereço completo do paciente.
• Nome do medicamento ou da substância, prescrito sob a forma de Denomi-‐‑
nação Comum Brasileira (DCB), dosagem ou concentração, forma farma-‐‑
cêutica, quantidade (em algarismos arábicos e por extenso) e posologia.
• Data da emissão.
• Assinatura do prescritor: quando os dados do profissional estiverem de-‐‑
vidamente impressos no campo do emitente, este poderá apenas assinar
a Notificação de Receita. No caso de o profissional pertencer a uma insti-‐‑
tuição ou estabelecimento hospitalar, deverá identificar a assinatura com
carimbo, constando a inscrição no Conselho Regional, ou manualmente,
de forma legível.
• Identificação do comprador: nome completo, número do documento de
identidade, endereço completo e telefone.
• Identificação do fornecedor: nome e endereço completo, nome do respon-‐‑
sável pela dispensação e data do atendimento.
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ANVISA
• Identificação da gráfica: nome, endereço e CNPJ impressos no rodapé de
cada folha do talonário. Deverá constar, também, a numeração inicial e
final, concedidas ao profissional ou instituição e o número da autorização
para confecção de talonários emitida pela Vigilância Sanitária local.
Reza o artigo 8º da Lei n.º 6.259, de 30 de outubro de 1975, que é dever de todo
cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato comprovado
ou presumível de casos de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos e
outros profissionais de saúde no exercício de sua profissão, bem como aos res-‐‑
ponsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde
e de ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças de no-‐‑
tificação. (FUNASA, 2002)
A Portaria nº 1943, de 18 de outubro de 2001, definiu a relação de doenças de
notificação compulsória para todo o território nacional e a Portaria nº 33, de 14
de julho de 2005, incluiu mais de quatro doenças à relação de notificação com-‐‑
pulsória, definiu agravos de notificação imediata e a relacionou aos resultados
laboratoriais que devem ser notificados pelos laboratórios de referência nacional.
Segue abaixo, lista de agravos de notificação compulsória:
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35
ANVISA
A ocorrência de agravo inusitado à saúde, independentemente de constar da Lis-‐‑
ta Nacional de Agravos de Notificação Compulsória, deverá também ser notifi-‐‑
cado imediatamente às autoridades sanitárias
36
BRASIL. Lei n0 4.324 de 14 de abril de 1964. Institui o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Odontologia, e dá outras providências. [s.i.]
BRASIL. Lei n0 5.081 de 24 de agosto de 1966. Regula o exercício da odontologia. [s.i.]
BRASIL. Lei n0 6.710 de 5 de novembro de 1979. Dispõe sobre a profissão de Técnico em
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Conselhos de Odontologia e revoga a Resolução CFO-‐‑155/84. [s.i.]
BRASIL. Decreto n° 68.704 de 03 de junho de 1971. Regulamenta a Lei 4324 de 14 de abril
de 1967. [s.i.]
BRASIL. Decreto n0 20.931 de 11 de janeiro de 1932. Regula e fiscaliza o exercício da Medi-‐‑
cina, da Odontologia, da Medicina Veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira
e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 15 de
janeiro de 1932.
BRASIL .Decreto n0 87.689 de 11 de outubro de 1982. Regulamenta a Lei n0 6.710, de 05 de
novembro de 1979, que dispõe sobre a profissão de Técnico em Prótese Dentária, e deter-‐‑
mina outras providências. [s.i.]
BRASIL. Decreto-‐‑lei n0 2.848 de 07 de dezembro 1940. Código Penal Brasileiro. [s.i.]
BRASIL. Lei n0 6.437 de 20 de agosto de 1977. Configura infrações à legislação sanitária fe-‐‑
deral, estabelece as sanções respectivas e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 24 de agosto de 1977.
BRASIL. Lei n0 6259 de 30 de outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de Vi-‐‑
gilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas
relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências. [s.i.]
BRASIL. Lei n0 8.080 de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-‐‑
mento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 20 de setembro de 1990.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS n0 344 de 12 de maio de 1998. Aprova o Re-‐‑
gulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Diário
Oficial da União, Brasília, 19 de maio de 1998.
37
ANVISA
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n0 1.943 de 18 de outubro de 2001. Define a relação
de doenças de notificação compulsória para todo o território nacional. [s.i.]
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n0 33 de 14 de julho de 2005. Inclui doenças à rela-‐‑
ção de notificação compulsória, define agravos de notificação imediata e a relação de re-‐‑
sultados laboratoriais que devem ser notificados pelos laboratórios de referência nacional.
Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, n0 135, 15 de julho de 2005.
38
O profissional de saúde encontra-‐‑se exposto a diversos riscos na sua prática di-‐‑
ária, sendo que, para minimizar, prevenir ou reduzir estes riscos, é necessária a
adoção de medidas de precauções-‐‑padrão.
Precauções-‐‑padrão ou básicas são medidas de prevenção que devem ser utiliza-‐‑
das independente de diagnóstico confirmado ou presumido de doença infecciosa
transmissível no indivíduo-‐‑fonte.
As seguintes medidas devem ser adotadas na assistência a todos os pacientes:
39
ANVISA
h) Não afixar papéis em murais utilizando agulhas.
i) Descontaminar as superfícies com desinfetantes preconizados pelo Con-‐‑
trole de Infecção, caso haja presença de sangue ou secreções potencial-‐‑
mente infectantes.
j) Submeter os artigos utilizados à limpeza, desinfecção e/ou esterilização,
antes de serem utilizados em outro paciente.
k) Não tocar os olhos, nariz, boca, máscara ou cabelo durante a realização
dos procedimentos ou manipulação de materiais orgânicos, assim como
não se alimentar, beber ou fumar no consultório.
l) Manter os cuidados específicos na coleta e manipulação das amostras de
sangue.
m) Durante os procedimentos (com luvas), não atender telefones, abrir por-‐‑
tas usando a maçaneta nem tocar com as mãos em locais passíveis de con-‐‑
taminação.
Os profissionais da área da saúde, por estarem mais expostos, possuem um risco
elevado de aquisição de doenças infecciosas, devendo estar devidamente imuni-‐‑
zados. O profissional deve estar atento às características da região e da população
a ser atendida, pois diferentes vacinas podem ser indicadas.
Caso haja alguma contra-‐‑indicação ao uso das vacinas disponíveis na rede públi-‐‑
ca, o profissional poderá recorrer aos Centros de Referência em Imunobiológicos
Especiais. (BRASIL,1999)
As vacinas mais importantes para os profissionais da Odontologia são contra he-‐‑
patite B, influenza, tríplice viral e dupla tipo adulto. Essas vacinas devem ser prefe-‐‑
rencialmente administradas nos serviços públicos de saúde ou na rede credenciada
para a garantia do esquema vacinal, do lote e da conservação adequada.
40
São considerados riscos ocupacionais a possibilidade de perda ou dano e a pro-‐‑
babilidade de que tal perda ou dano ocorra. Implica, pois, a probabilidade de
ocorrência de um evento adverso. Os riscos mais freqüentes a que estão sujeitos
os profissionais que atuam em assistência odontológica são os físicos, os quími-‐‑
cos, os ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, os advindos da falta de con-‐‑
forto e higiene e os biológicos.
ANVISA
São causadores desses riscos: caneta de alta rotação, compressor de ar, equipa-‐‑
mento de RX, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, condiciona-‐‑
dor de ar, etc.
a) Limpar a sujidade do chão, utilizando pano umedecido para evitar poei-‐‑
ras.
b) Utilizar Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (luvas, máscaras,
óculos e avental impermeável) adequados para o manuseio de produtos
químicos desinfetantes.
c) Usar EPI completo durante o atendimento ao paciente e disponibilizar ócu-‐‑
los de proteção ao mesmo para evitar acidentes com produtos químicos.
42
43
ANVISA
I -‐‑ PROCEDIMENTOS PARA MINIMIZAR O RISCO MECÂNICO OU DE ACIDENTES
45
ANVISA
A.2. PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR VIA AÉREA
• DOENÇA MENINGOCÓCICA
Pode se apresentar de forma benigna, caracterizada por febre ou bacteremia, si-‐‑
mulando uma infecção respiratória ou virose exantemática. Pode evoluir para um
quadro mais grave, a exemplo da septicemia (meningococcemia), caracterizada
por mal-‐‑estar súbito, febre alta, calafrios, prostração, acompanhada de manifes-‐‑
tações hemorrágicas (petéquias e equimoses), ou ainda sob a forma de meningite
com ou sem a meningococcemia, de início súbito, com febre, cefaléia intensa,
náuseas, vômitos, sendo que o paciente pode apresentar-‐‑se consciente, sonolen-‐‑
to, torporoso ou em coma. O principal transmissor é o portador assintomático e
a transmissão ocorre pelas secreções da orofaringe, por contaminação cruzada.
• MONONUCLEOSE
Síndrome infecciosa que acomete principalmente indivíduos de 15 a 25 anos. Essa
infecção pode ser assintomática ou apresentar-‐‑se com febre alta, dor ao deglutir,
tosse, artralgias, adenopatia cervical posterior simétrica que pode se generali-‐‑
zar, esplenomegalia, hepatomegalia discreta e raramente com icterícia, erupção
cutânea e ou comprometimento da orofaringe sob a forma de faringo-‐‑amigdalite
exudativa.
Modo de transmissão: contato com secreções orais (saliva), sendo rara a trans-‐‑
missão por meio da transfusão sangüínea ou contato sexual.
• RUBÉOLA E SARAMPO
Doenças virais exantemáticas e agudas, muito comuns na infância e adolescên-‐‑
cia, podendo acometer os adultos. Apresentam sintomatologias como febre, lin-‐‑
fadenopatia, exantema generalizado, coriza e tosse. Muitas vezes é necessário
recorrer ao exame sorológico para diferenciá-‐‑las.
A ocorrência de rubéola em gestantes pode ocasionar complicações ao feto, como
más-‐‑formações ou óbito fetal (síndrome da rubéola congênita).
46
• TUBERCULOSE
Doença infecciosa que atinge principalmente o pulmão, causada por Mycobac-‐‑
terium tuberculosis. Apresenta como principais sintomas tosse persistente, febre
vespertina, emagrecimento, prostração e algumas vezes hemoptise, sendo trans-‐‑
mitida pela fala, tosse e espirro.
47
ANVISA
• Colocar os coletores específicos para descarte de material perfuro cortante
próximo ao local onde é realizado o procedimento e não ultrapassar o
limite de dois terços de sua capacidade total.
• Usar EPI completo, conforme orientação do capítulo 7.
• Seguir as orientações do PGRSS, conforme orientação do capítulo 13.
• HEPATITES
As hepatites são infecções que acometem o fígado e podem ser causadas por pelo
menos cinco tipos diferentes de vírus: A, B, C, D e E, sendo mais comuns os três
primeiros. Apresenta um período prodrômico, com febrículas, anorexia, náuseas
e às vezes vômitos e diarréia. Pode haver cefaléia, mal-‐‑estar, astenia e fadiga. Na
fase clínica normalmente há uma redução dos sintomas e surge icterícia, hepato-‐‑
esplenomegalia dolorosa e discreta. As hepatites podem ser também subclínicas.
Outros agentes virais, como o vírus da mononucleose, o citomegalovírus, o vírus
da rubéola e do herpes também podem causar quadro clínico semelhante ao das
hepatites.
• HEPATITE A
A fonte de transmissão é o próprio homem e a transmissão é direta, pelas mãos,
água ou alimentos contaminados. O vírus pode manter sua infectividade por al-‐‑
gumas semanas em temperatura ambiente. O profissional de saúde com hepatite
A deve ser afastado do trabalho até uma semana após a regressão da icterícia.
• HEPATITE B
As principais vias de transmissão do vírus da hepatite B (HBV) são a parenteral,
a sexual e a vertical, em que o vírus é transmitido pela mãe ao recém-‐‑nascido no
momento do parto. O risco de contaminação pelo HBV está relacionado, princi-‐‑
palmente, ao grau de exposição ao sangue no ambiente de trabalho, e também à
presença ou não do antígeno HBeAg no paciente-‐‑fonte.
Em exposições percutâneas, o risco de contaminação pelo HBV varia de 6 a 30%,
sendo menor no contato com pele íntegra e maior nas exposições percutâneas
por material contaminado, cuja fonte seja positiva para HBV e com a presença
de HBeAg (o que reflete uma alta taxa de replicação viral e, portanto, uma maior
quantidade de vírus circulante). O risco de hepatite clínica varia de 22 a 31% e o
da evidência sorológica de infecção varia de 37 a 62%. Quando o paciente-‐‑fonte
48
• HEPATITE C
O risco de transmissão do vírus da hepatite C (HCV) está relacionado a exposi-‐‑
ções percutâneas ou mucosas, envolvendo sangue ou qualquer outro material
biológico contendo sangue. O risco estimado após exposições percutâneas com
sangue sabidamente infectado pelo HCV é de 1,8% (variando de 0 a 7%). Um
estudo demonstrou que os casos de contaminação só ocorreram em acidentes
envolvendo agulhas com lúmen.
O risco de transmissão em exposições a outros materiais biológicos, que não se-‐‑
jam o sangue, é considerado baixo. A transmissão do HCV a partir de exposições
em mucosas é extremamente rara. Não existe vacina para prevenção desse tipo
de hepatite, nem existem medidas específicas eficazes para redução do risco de
transmissão após exposição ao HCV. Em contraste com o HBV, não há risco sig-‐‑
nificativo de transmissão ambiental.
Obs: Os vírus D e E por não haver ainda estudos conclusivos, na odontologia, a respeito da forma de
transição não serão descritos neste trabalho.
49
ANVISA
Após a exposição ao vírus HIV podem surgir sintomas como febre alta, linfa-‐‑
denopatia, mialgia, artralgia, dor de garganta, hepatoesplenomegalia, exantema
maculopapular e meningite linfocitária (com um período de duração de sete a
catorze dias, mesmo com sorologia negativa – janela imunológica –, podendo
manifestar-‐‑se até três a seis meses após contato com o vírus). Alguns casos pode-‐‑
rão ser assintomáticos.
Para causar infecção, o vírus HIV requer transmissão parenteral, contato com
a mucosa ou lesões de pele. O vírus não sobrevive por longos períodos fora do
corpo humano, podendo ser transmitido por meio do vírus livre, em secreções,
ou associado a células vivas, em sangue ou derivados, leite ou sêmen.
No caso de transmissão do HIV por contato exclusivo com a saliva, até o momen-‐‑
to não existe evidência epidemiológica. O vírus é encontrado em 20% dos porta-‐‑
dores de HIV em concentrações abaixo de uma partícula infectante por mililitro
de saliva, e aparentemente não guarda relação com a viremia do paciente. A bai-‐‑
xa concentração viral na saliva, associada à atividade inibitória que essa secreção
parece apresentar em relação ao HIV, resulta em risco pequeno. Entretanto, as
precauções devem ser adotadas, pois no tratamento odontológico há possibilida-‐‑
de de contato com sangue e de acidentes com artigos perfurocortantes. Estudos
realizados estimam, em média, que o risco de transmissão do HIV é de 0,3% (0,2
– 0,5%) em acidentes percutâneos e de 0,09% (0,006 – 0,5%) após exposições em
mucosas.
O risco após exposições envolvendo pele não-‐‑íntegra não foi ainda precisamente
quantificado, estimando-‐‑se que ele seja inferior ao risco das exposições em mu-‐‑
cosas. Casos de contaminação ocupacional pelo HIV podem ser caracterizados
como comprovados ou prováveis. De maneira geral, casos comprovados de con-‐‑
taminação por acidente de trabalho são definidos como aqueles em que há evi-‐‑
dência documentada de soroconversão e sua demonstração temporal associada
à exposição ao vírus.
No momento do acidente, os profissionais apresentam sorologia não-‐‑reativa, e
durante o acompanhamento se evidencia sorologia reativa. Alguns casos, em que
a exposição é inferida, mas não documentada, podem ser considerados como ca-‐‑
sos comprovados de contaminação quando há evidência de homologia da análise
seqüencial do DNA viral do paciente-‐‑fonte e do profissional de saúde.
Casos prováveis de contaminação são aqueles em que a relação causal entre a ex-‐‑
posição e a infecção não pode ser estabelecida porque a sorologia do profissional
acidentado não foi obtida no momento do acidente. Os profissionais de saúde
apresentam infecção e não possuem nenhum risco identificado para infecção di-‐‑
ferente da exposição ocupacional, mas não foi possível a documentação temporal
da soroconversão.
O risco de exposição varia segundo o tipo de atividade exercida, do uso de me-‐‑
didas preventivas à exposição e da prevalência local de doenças. O risco de aqui-‐‑
sição de doenças depende do tipo de exposição, da patogenicidade do agente
50
• HERPES SIMPLES
O herpes simples é causado pelo Herpesvirus hominus Tipo I. É um vírus associa-‐‑
do a lesões de membranas mucosas e pele ao redor da cavidade oral, que pode
permanecer em latência por longos períodos de tempo e sofrer reativação perió-‐‑
dica, gerando doença clínica ou subclínica. As manifestações clínicas são distin-‐‑
tas e relacionadas ao estado imunológico do hospedeiro.
Seu modo de transmissão é o contato íntimo com o indivíduo transmissor do
vírus, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante.
51
ANVISA
seios e órgãos genitais masculinos. Nos idosos e crianças podem ocorrer no couro
cabeludo, palmas das mãos e plantas dos pés.
O modo de transmissão, além das relações sexuais, é o contato direto com roupas
e doentes.
• MICOSES
São infecções causadas por fungos, que precisam de tratamento em praticamente
todos os casos para que se obtenha a cura. Os sinais e sintomas são bastante des-‐‑
confortáveis e caracterizam-‐‑se por coceiras e alterações na pele, gerando lesões
que se apresentam de forma variada, de acordo com o tipo de micose e extensão
da doença. Além disso, a micose também predispõe o surgimento de outras do-‐‑
enças associadas, como infecções bacterianas. As micoses podem ocorrer no cou-‐‑
ro cabeludo, na pele e nas unhas. Algumas formas de micose que comprometem
a pele são a candidíase e a pitiríase versicolor. A onicomicose é a infecção das
unhas, que ocorre com maior freqüência nos pés, mas também pode ocorrer nas
mãos. As unhas podem sofrer espessamento, ter sua forma, aparência ou colora-‐‑
ção alteradas, algumas vezes se tornam mais frágeis e quebradiças e, em outros
casos, ficam endurecidas.
As micoses podem ser contraídas em lugares quentes e úmidos como vestiários,
boxe de banheiro, alguns ambientes profissionais em que prevalece a umidade
ou ainda por questões higiênicas, aumento de sudorese, uso de tecidos sintéticos,
etc. A transmissão direta pelos portadores de micose de unha não é comum.
• CONJUNTIVITE
É uma doença ocular causada por vírus ou bactérias do tipo staphylococcus,
streptococcus, haemophilus, entre outros. A duração da doença não tratada chega
a duas semanas. Seu contato se dá por fômites inanimados ou contato direto
pessoa a pessoa.
52
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53
ANVISA
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SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE (Curitiba-‐‑PR). Manual de Controle de Infecção:
Normas. 2000.
54
1. Mantenha a calma. Você tem cerca de duas horas para agir. Segundo o Mi-‐‑
nistério da Saúde (BRASIL 1996), as quimioprofilaxias contra HBV e HIV
devem ser iniciadas até duas horas após o acidente. Em casos extremos,
pode ser realizada até 24 a 36 horas depois. Após esse período de tempo,
sua eficácia para o HIV é discutível. Nos acidentes de alto risco para HBV,
a quimioprofilaxia pode ser iniciada até uma a duas semanas depois. O
risco de transmissão ocupacional do HIV para o trabalhador de saúde
após exposição percutânea é estimada em 0,3% e após exposição muco-‐‑
cutânea em 0,09%. Para a hepatite B, o risco para o profissional depende
da situação do paciente fonte. Se a fonte for HBsAg e HBeAg positivos o
risco varia de 22% a 31% para desenvolver doença clínica e de 37% a 62%
55
ANVISA
para a conversão sorológica. Para pacientes-‐‑fonte com HBsAg-‐‑positivo,
HBeAg-‐‑negativo o risco de manifestação clínica da doença é de 1%–6%, e
de conversão sorológica de 23%–37% ( CDC/EUA, 2001b).
2. Lave exaustivamente com água e sabão o ferimento ou a pele exposta ao
sangue ou fluido orgânico. Lave as mucosas com soro fisiológico ou água
em abundância; não provoque maior sangramento do local ferido e não
aumente a área lesada, a fim de minimizar a exposição ao material infec-‐‑
tante. O uso de anti-‐‑sépticos tópicos do tipo PVPI ou álcool 70% pode ser
adotado. Não é recomendada a utilização de agentes cáusticos ou injeção
de anti-‐‑sépticos.
3. Dirija-‐‑se imediatamente ao Centro de Referência no atendimento de aci-‐‑
dentes ocupacionais com material biológico de sua região. Nesse local,
deverá ser comunicado o fato ao Técnico de Segurança do Trabalho, pre-‐‑
enchido o inquérito de notificação e emitida a Comunicação de Acidente
de Trabalho – CAT. O ideal é que o acidentado e as condições do acidente
sejam avaliados por uma equipe multiprofissional.
Obs.: Caso o profissional trabalhe em um estabelecimento hospitalar, este deve dirigir-‐‑se ao Serviço
de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). O atendimento é considerado uma urgência devido ao
pouco tempo disponível para se iniciar a profilaxia com os medicamentos antiretrovirais (2 horas
após o acidente).
5. Leve sua carteira de vacinação ou informe sobre seu estado vacinal e da-‐‑
dos recentes de sua saúde, sorologias anteriores, etc.
6. Deverá ser solicitada pelo médico a coleta de amostras de sangue seu e
do paciente-‐‑fonte, em tubos de ensaio, sem anticoagulante, devidamente
identificados, que serão encaminhados imediatamente ao laboratório de
referência para serem centrifugados.
Obs.: O paciente-‐‑fonte pode recusar-‐‑se a se submeter à realização da sorologia para HIV. Caso isso
ocorra, deve-‐‑se considerar o paciente como sendo soropositivo e com alto título viral.
56
9. Repetir-‐‑se-‐‑ão as sorologias seis semanas, três meses, seis meses e um ano
após o acidente ou a critério do médico.
12. Nos casos em que ocorrer a soroconversão para HIV ou hepatite o fun-‐‑
cionário será encaminhado ao médico do trabalho para as orientações le-‐‑
gais e a um centro de referência para o acompanhamento e tratamento
necessário.
57
ANVISA
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58
59
ANVISA
O papel das mãos na transmissão de microorganismos por contato é baseado na
capacidade da pele de abrigá-‐‑los e transferi-‐‑los de uma superfície para outra,
direta ou indiretamente. O contato freqüente das mãos com pacientes, artigos,
mobiliário e equipamentos, durante o processo assistencial, evidencia a impor-‐‑
tância dessa forma de transmissão no processo assistencial.
A microbiota da pele foi primeiramente descrita em 1938, por Price, que identifi-‐‑
cou dois grupos distintos: microbiota transitória e residente. Esses conceitos evo-‐‑
luíram e, além deles, mais dois termos são usados com freqüência atualmente:
microbiota transitoriamente residente e microbiota infectante.
A microbiota residente é composta por elementos que estão freqüentemente ade-‐‑
ridos aos estratos mais profundos da camada córnea, formando colônias de mi-‐‑
croorganismos que se multiplicam e se mantêm em equilíbrio com as defesas do
hospedeiro. Os componentes mais comuns dessa microbiota são os Staphylococcus
coagulase negativo, Micrococcus e certas espécies de corinebactérias.
Esses microorganismos são de difícil eliminação e as suas colônias possuem me-‐‑
canismos de defesa contra a remoção mecânica ou por agentes químicos. Entre-‐‑
tanto, com a descamação natural da pele e a produção de suor, alguns deles são
movidos para camadas mais superficiais e eliminados no ambiente. Dentro da
cadeia de transmissão de infecções relacionadas à assistência, esses microorga-‐‑
nismos apresentam menor importância, mas podem, por vezes, se tornar inva-‐‑
sivos e causar infecções em pessoas suscetíveis, apesar de apresentarem baixa
patogenicidade.
A microbiota transitória é composta por microorganismos que se depositam na
superfície da pele, provenientes de fontes externas, colonizando temporariamente
os extratos córneos mais superficiais (Ro er, 1997; Schimidts, 1998). Normalmen-‐‑
te é formada por bactérias gram-‐‑negativas, como enterobactérias, Pseudomonas,
bactérias aeróbicas formadoras de esporos, fungos e vírus, possuindo maior po-‐‑
tencial patogênico. Por serem mais facilmente removidos da pele, por meio de
ação mecânica, os microorganismos que compõem a flora transitória se espalham
com mais facilidade pelo contato, mas também são eliminados mais facilmente
pela degermação com agentes anti-‐‑sépticos.
No ambiente assistencial, os microorganismos que colonizam transitoriamente
a pele das mãos são adquiridos durante o contato direto com pacientes ou com
superfícies próximas, favorecendo o predomínio de agentes invasivos e mais re-‐‑
sistentes aos antimicrobianos. São freqüentemente associados às infecções rela-‐‑
cionadas à assistência à saúde.
O termo “microbiota temporariamente residente” foi sugerido diante da obser-‐‑
vação de que alguns microorganismos que compõem a microbiota transitória
podem ser detectados na pele por períodos mais prolongados e conseguem se
multiplicar e formar colônias, sem causar infecção, como no caso dos Staphylococ-‐‑
cus aureus (Schmidts, 1998). Maiores estudos ainda são necessários para o enten-‐‑
dimento completo dos fatores que contribuem para a persistência da colonização
das mãos por esse importante patógeno.
60
A escolha entre os diferentes métodos para a higienização das mãos depende do
processo de trabalho adotado e do tipo de procedimento realizado, que determi-‐‑
nam o tipo e a persistência da contaminação nas mãos. O Quadro 1 apresenta os
termos mais freqüentemente utilizados relacionados a essa higienização.
A higienização das mãos com água e sabão deve ser escolhida sempre que hou-‐‑
ver umidade ou sujidade visível nas mãos. O álcool só deve ser aplicado quando
as mãos estiverem livres de sujidade ou umidade visível.
Na assistência à saúde, os procedimentos e processos de trabalho adotados criam
oportunidades de higienização das mãos, com o uso de produtos que dispensam
enxágüe, em até 85% das vezes (Pi et, 1999). Por outro lado, durante a assistência
odontológica, são freqüentes a utilização de água e a manipulação de secreções
orais e sangue, com geração de aerossóis e conseqüente contaminação do am-‐‑
biente. Nesse ambiente e nessas circunstâncias, o uso de luvas é mandatário e a
indicação de lavar as mãos predomina, com oportunidades reduzidas para apli-‐‑
cação de anti-‐‑sépticos em base alcoólica.
Ao se optar pela utilização de produtos à base de álcool, a concentração do prin-‐‑
cípio ativo deve estar entre 60 e 90% p/p, de etanol ou isopropanol (solução alco-‐‑
ólica). A solução deve ter contato com toda a superfície das mãos, com atenção
especial aos locais mais freqüentemente esquecidos, ou seja, as pontas dos dedos,
os espaços interdigitais e o polegar. A pele deve ser friccionada até que a solução
evapore e as mãos fiquem secas. É importante seguir as recomendações do fabri-‐‑
cante quanto ao volume do produto necessário para alcançar o efeito desejado
(Boyce, 1999).
Na rotina de consultório, para proteção do paciente, o profissional de odonto-‐‑
logia deve higienizar as mãos imediatamente antes de iniciar qualquer atendi-‐‑
mento. Se as mãos estão secas e limpas, basta aplicar soluções que dispensam
enxágüe. Após retirar as luvas, é necessário lavar as mãos, devido a resíduos
deixados pela cobertura interna deste EPI, que podem causar irritação na pele, e
61
ANVISA
pela possibilidade de contaminação da pele, mesmo que reduzida, por secreções
e sangue que eventualmente possam ter passado pelas porosidades do material
(microfuros).
Durante o atendimento a um mesmo paciente, é possível que seja necessário tro-‐‑
car as luvas e/ou higienizar as mãos mais de uma vez. Essa necessidade deriva
do processo de trabalho, que prevê o acesso a vários equipamentos e instrumen-‐‑
tais, nem sempre à mão; do rompimento ou perfuração das luvas; da interrupção
do atendimento (atender telefone, preparar material, aguardar tempo de reação
de materiais de preenchimento etc.); dentre outros.
Para minimizar a freqüência de higienização das mãos e a troca de luvas, os pro-‐‑
fissionais devem desenvolver processos de trabalho que reduzam as oportunida-‐‑
des de contaminação das mãos e das luvas enquanto prestam assistência a um
paciente.
Durante os procedimentos cirúrgicos, existe risco de liberação de microorganis-‐‑
mos no campo cirúrgico, por microfuros no material das luvas ou perda acidental
de sua integridade (perfurações e rasgos). Além disso, a umidade retida e o calor
favorecem a multiplicação de microorganismos na pele de mãos enluvadas por
períodos prolongados (Boyce, 2002; Ro er, 1999; Widmer, 2000).
Dessa forma, a higienização das mãos, antecedendo procedimentos cirúrgicos,
deve ser sempre realizada com anti-‐‑sépticos, preferencialmente que apresentem
efeito residual, para eliminar a microbiota transitória das mãos da equipe cirúr-‐‑
gica, reduzir a microbiota residente durante o procedimento e manter a multipli-‐‑
cação microbiana lenta. (Boyce, 2002; Widmer, 2000).
A higienização das mãos tem sido amplamente discutida, assim como as subs-‐‑
tâncias que devem ser usadas para a sua realização. Efeitos nocivos de substân-‐‑
cias químicas empregadas, como sabões e anti-‐‑sépticos, têm sido relatados por
diversos autores e contribuem para diminuir a adesão dos profissionais a essa
prática (Boyce, 2001; Pi et, 2000b). Dessa forma, alguns cuidados devem ser se-‐‑
guidos antes da adoção de determinado produto pela instituição ou pelo profis-‐‑
sional, sendo a escolha do anti-‐‑séptico uma decisão a ser tomada para cada tipo
de procedimento e cada instituição ou clínica, respeitando-‐‑se as particularidades
locais.
Todos os produtos destinados à higienização das mãos devem ser registrados
na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conforme as RDCs n.º 79, de 28 de
agosto de 2000, n.º 133, de 29 de maio de 2003, e n.º 136, de 29 de maio de 2003, ou
as que vierem substituí-‐‑las. Essa é a garantia de que o produto apresenta, em sua
62
Estudos bem desenhados têm demonstrado o uso de anéis como um fator isolado
para a persistência de patógenos nas mãos de profissionais (Salisbury, 1997; Ica-‐‑
ac, 2001). Portanto, antes de iniciar qualquer técnica de higienização das mãos, o
profissional deve retirar relógio, pulseiras e anéis, inclusive a aliança. As unhas
devem ser mantidas aparadas e, caso use esmalte, este não deve apresentar fis-‐‑
suras ou descamação.
O uso de escova no preparo cirúrgico das mãos tem sido questionado por alguns
pesquisadores, como (Bendig, 1990; Boyce, 2002) que demonstraram a ocorrência
de microlesões relacionadas ao uso desses artigos, com possível favorecimento
da multiplicação de microorganismos colonizantes das camadas mais profundas
da pele. Quando utilizadas, as escovas devem ter cerdas macias e ser destinadas
apenas à escovação das unhas e espaços subungueais.
ANVISA
4. Ensaboar as mãos, friccionando uma na outra por aproximadamente 15
segundos, com o objetivo de atingir toda a superfície.
5. Friccionar, com especial atenção, os espaços interdigitais, as unhas e as
pontas dos dedos.
6. Enxaguar as mãos em água corrente, retirando totalmente o resíduo do
sabonete, sem tocar na superfície da pia ou na torneira.
7. Enxugar as mãos com papel-‐‑toalha descartável (não utilizar toalhas de
uso múltiplo).
6.4.2. APLICAÇÃO DE ANTI-‐‑SÉPTICO QUE DISPENSA ENXÁGÜE (À BASE DE
ÁLCOOL)
64
• Higienização das mãos: remoção ou redução de sujidade e/ou de mi-‐‑
croorganismos das mãos por meio de lavagem com água e sabonete
simples ou medicado, ou por aplicação direta de produto anti-‐‑sépti-‐‑
co que dispensa enxágüe. (LARSON, 1986)
• Lavagem simples das mãos: remoção mecânica de sujidade e micro-‐‑
organismos, com auxílio de água e sabonete não medicado.
• Lavagem das mãos com anti-‐‑séptico: remoção mecânica de sujidade
e microorganismos, usando água e sabonete medicado, com ativida-‐‑
de microbicida adicional.
• Agente anti-‐‑séptico: substância com ação antimicrobiana, para apli-‐‑
cação em pele. Exemplos incluem: soluções alcoólicas, com clorhexi-‐‑
dina ou iodo.
• Agente anti-‐‑séptico que dispensa enxágüe: substância com ação
antimicrobiana que não necessita água para aplicação e não requer
enxágüe para retirada de resíduos. Ex.: solução alcoólica líquida a
70% ou gel alcoólico a 70%.
• Anti-‐‑sepsia das mãos: remoção mecânica da sujidade e de microor-‐‑
ganismos com eliminação química adicional.
• Solução alcoólica para fricção das mãos: preparação contendo ál-‐‑
cool designado para aplicação nas mãos para redução de número
viável de microorganismos. Essas preparações usualmente contêm
60 a 90% de etanol ou isopropanol.
• Sabonete: produto que possui ação de limpeza, usado para lavar
as mãos, com adição ou não de anti-‐‑sépticos. Composto por partes
hidrofílicas e lipofílicas, possui quatro grupos principais: aniônicos,
catiônicos, anfotéricos e não-‐‑iônicos.
• Atividade residual: aquela que se mantém mesmo após a remoção
do agente ativo, caracterizada pela inibição da proliferação ou da
sobrevivência de microorganismos.
• Sabonete medicado: produto para limpeza da pele que apresenta
atividade antimicrobiana.
65
ANVISA
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67
ANVISA
VII
7. EQUIPAMENTOS
DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
O Equipamento de proteção individual (EPI) é todo dispositivo ou produto de
uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetí-‐‑
veis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
A Norma Regulamentadora -‐‑NR6 do Ministério do Trabalho, descreve sobre a
obrigatoriedade do fornecimento dos equipamentos de proteção individual (EPI)
aos empregados, gratuitamente, adequado ao risco e em perfeito estado de con-‐‑
servação e funcionamento. (BRASIL,1978)
O uso de EPI é indicado durante o atendimento ao paciente, nos procedimentos
de limpeza do ambiente e no reprocessamento dos artigos.
Todo EPI deverá apresentar o nome comercial, o nome da empresa fabricante,
o lote de fabricação e o número do Código de Autorização ou, no caso de EPI
importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do Código de
Autorização, em caracteres indeléveis e bem visíveis, que garantam a origem e a
qualidade e a rastreabilidade quando necessário.
Cabe ao responsável técnico pelo serviço odontológico providenciar a aquisição
dos EPIs e orientar a equipe quanto aos tipos de EPIs e as indicações de uso,
devendo:
69
ANVISA
f) Orientar quanto à higienização, manutenção periódica, restauração, lava-‐‑
gem e guarda correta do EPI.
g) Respeitar a sua indicação em relação ao local e níveis de contaminação.
I -‐‑ GORRO
É uma barreira mecânica contra a possibilidade de contaminação por secreções,
aerossóis e produtos, além de prevenir acidentes e evitar a queda de cabelos nas
áreas de procedimento. Deve ser preferencialmente descartável, cobrir todo o ca-‐‑
belo e as orelhas e ser trocado sempre que necessário ou a cada turno de trabalho.
Recomenda-‐‑se o uso pelo paciente em casos de procedimentos cirúrgicos.
70
a) Impactos físicos
b) Impactos de partículas volantes.
c) Respingos de produtos químicos e material biológico.
Os protetores faciais são fabricados em policarbonato e podem substituir os ócu-‐‑
los de proteção, porém não substituem a máscara.
III -‐‑ MÁSCARAS
As máscaras devem ser descartáveis, de filtro duplo e tamanho suficiente para
cobrir completamente a boca e o nariz, permitindo a respiração normal e não
irritando a pele. Devem ser descartadas após o atendimento a cada paciente ou
quando ficarem umedecidas.
Vestimenta de segurança que oferece proteção ao tronco contra riscos de origem
térmica, mecânica, química e umidade provenientes de operações com uso de
água.
I -‐‑ AVENTAL
Deve ser de mangas longas, tecido claro e confortável, podendo ser de pano ou
descartável para os procedimentos que envolvam o atendimento a pacientes e
impermeável nos procedimentos de limpeza e desinfecção de artigos, equipa-‐‑
mentos ou ambientes. Deve ser usado fechado durante todos os procedimentos.
71
ANVISA
São equipamentos de segurança aqueles que oferecem proteção ao tronco contra:
I -‐‑ LUVAS
Devem ser de boa qualidade e usadas em todos os procedimentos. Constituem
uma barreira física eficaz que previne a infecção cruzada e a contaminação do
profissional de saúde e reduz os riscos de acidentes. Atuam na proteção das mãos
contra:
72
a) Luvas grossas de borracha e cano longo durante os processos de limpeza
de artigos e ambientes, quando em contato com superfícies, artigos, ins-‐‑
trumentos e equipamentos contaminados.
b) Luvas de látex de procedimento para atividades clínicas e estéreis para
procedimentos cirúrgicos, que devem ser descartadas a cada paciente.
c) Luvas de plástico, usadas como sobreluvas, quando houver necessidade
de manusear artigos fora do campo de trabalho.
d) Luvas de amianto, couro ou aramida, usadas na CME, no manuseio de
artigos esterilizados.
I -‐‑ CALÇADOS
Devem ser fechados e com solado antiderrapante. Atuam na segurança para a
proteção dos pés contra:
73
ANVISA
BIBLIOGRAFIA
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74
ARTIGO SUJO
ENXÁGÜE
SECAGEM
BARREIRA FÍSICA
(GUICHÊ OU SIMILAR)
INSPEÇÃO VISUAL
PREPARO E EMBALAGEM
DESINFECÇÃO /ESTERILIZAÇÃO
ARMAZENAMENTO
75
ANVISA
8.1. LIMPEZA DE ARTIGOS
A limpeza é a remoção mecânica de sujidades, com o objetivo de reduzir a carga
microbiana, a matéria orgânica e os contaminantes de natureza inorgânica, de
modo a garantir o processo de desinfecção e esterilização e a manutenção da vida
útil do artigo. Deve ser realizada em todo artigo exposto ao campo operatório.
Estudos têm demonstrado que a limpeza reduz, aproximadamente 105ufc do
contingente microbiano presente nos artigos e superfícies (Rutala, 1996).
Deve ser feita utilizando-‐‑se os EPIs próprios para uso na sala de utilidades (luvas
de borracha resistente e de cano longo, gorro, máscara, óculos de proteção, aven-‐‑
tal impermeável e calçados fechados).
O manuseio dos artigos deve ser cuidadoso para evitar acidentes ocupacionais.
Os instrumentos que têm mais de uma parte devem ser desmontados; as pinças e
tesouras devem ser abertas, de modo a expor ao máximo suas reentrâncias.
A limpeza deve ser realizada imediatamente após o uso do artigo. Pode-‐‑se fazer
a imersão em solução aquosa de detergente com pH neutro ou enzimático, usan-‐‑
do uma cuba plástica, mantendo os artigos totalmente imersos para assegurar a
limpeza adequada.
O preparo da solução e o tempo de permanência do material imerso devem se-‐‑
guir as orientações recomendadas pelo fabricante.
76
8.2. ENXÁGÜE
Deve ser realizado em água potável e corrente, garantindo a total retirada das
sujidades e do produto utilizado na limpeza. A qualidade da água tem relação
com a durabilidade do instrumental, sendo recomendado que o último enxágüe
seja feito com água livre de metais pesados. Os artigos que contêm lúmen devem
ser enxaguados com bicos de água sob pressão.
Serve para verificar a eficácia do processo de limpeza e as condições de integri-‐‑
dade do artigo. Se necessário, deve-‐‑se proceder novamente à limpeza ou à subs-‐‑
tituição do artigo.
Quando o artigo for fabricado em liga metálica sujeita a corrosão, como o aço
carbono, ou apresentar articulações com componentes de ligas metálicas dife-‐‑
rentes, há sempre a possibilidade de desenvolver corrosão quando o processo de
esterilização for realizado em autoclave. Nesses casos, pode-‐‑se preveni-‐‑la com a
utilização de leite mineral hidrossolúvel ou de produtos similares como a solu-‐‑
ção aquosa de nitrito de sódio a 1% (FERREIRA et al., 2001). Os artigos sujeitos à
corrosão deverão, após a limpeza, ser imersos na solução pelo tempo recomenda-‐‑
do pelo fabricante, secados e embalados para serem esterilizados.
A corrosão poderá ser removida, desde que não comprometa a utilização do ar-‐‑
tigo, pela utilização de soluções ácidas preaquecidas, seguindo as orientações do
fabricante. Não devem ser utilizados produtos e objetos abrasivos.
8.4. SECAGEM
Deve ser criteriosa para evitar que a umidade interfira nos processos e para dimi-‐‑
nuir a possibilidade de corrosão dos artigos. Pode ser realizada com a utilização
de pano limpo e seco, exclusivo para esta finalidade, secadora de ar quente/frio,
estufa regulada para este fim e/ou ar comprimido medicinal.
77
ANVISA
8.5. MÉTODO DE PROCESSAMENTO
Os artigos utilizados na cavidade bucal exigem o máximo rigor no processamen-‐‑
to, recomendando-‐‑se a sua esterilização por autoclave. Isto pode ser justificado
pelo fato de que o uso de desinfetantes não assegura a eliminação de todos os
patógenos, especialmente, os esporos bacterianos.
8.6. DESINFECÇÃO
A desinfecção é definida como um processo físico ou químico que elimina a maio-‐‑
ria dos microorganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies, com
exceção de esporos bacterianos. Este processo deve definir a potência de desin-‐‑
fecção, de acordo com o artigo a ser tratado. Block, 2001 classifica a desinfecção
como sendo de baixo, médio e alto nível (v. glossário).
Existem diversos produtos para desinfecção que devem possuir registro junto ao
Ministério da Saúde e necessitam ser avaliados com relação ao custo – benefício,
à eficácia e ao artigo a ser processado.
O quadro I relaciona os principais desinfetantes químicos utilizados em artigos
odontológicos (CDC, 1993).
78
Álcool Ótima ação Fricção, em três etapas Médio Tuberculicida, bacterici-‐‑ Fácil aplicação, ação Volátil, inativado por
germicida a intercaladas pelo tempo da, fungicida e virusci-‐‑ rápida, compatível matéria orgânica, infla-‐‑
70%. de secagem natural, da; não é esporicida. com artigos metálicos, mável, opacifica acrílico,
totalizando 10 minutos. superfícies e tubetes de resseca plásticos e pode
anestésicos. danificar o cimento das
lentes dos equipamen-‐‑
tos ópticos; deve ser
armazenado em áreas
ventiladas.
Glutaraldeído 2% Imersão, durante 30 Alto nível Bactericida, fungicida, Não é corrosivo, ação Irritante para pele e
minutos. viruscida, micobacterici-‐‑ rápida, atividade mucosas, vida útil dimi-‐‑
da e esporicida. germicida, mesmo em nuída quando diluído
presença de matéria (efetivo por 14 a 28 dias,
orgânica. dependendo da formu-‐‑
lação).
Hipoclorito de 1% Imersão, durante 30 mi-‐‑ Médio Bactericida, fungicida, Ação rápida, indica-‐‑ Instável, corrosivo,
sódio nutos. Superfícies com viruscida e esporicida. do para superfícies e inativado na presença de
matéria orgânica, apli-‐‑ artigos não metálicos matéria orgânica.
car por 2 a 5 minutos e e materiais termossen-‐‑
proceder à limpeza. síveis.
Ácido Pera-‐‑ 0,001 a 0,2% Imersão, durante 10 Alto Bactericida, fungicida, Não forma resíduos tó-‐‑ Instável quando diluído.
cético minutos. viruscida e esporicida. xicos, efetivo na presen-‐‑ Corrosivo para alguns
ça de matéria orgânica, tipos de metais, ação que
rápida ação em baixa pode ser reduzida pela
ANVISA
temperatura. modificação do pH.
79
As embalagens devem ser identificadas antes da esterilização. A identificação
deve ser feita em fita ou etiqueta adesiva e deve conter a descrição do conteúdo,
quando necessário, data e validade da esterilização e nome do funcionário res-‐‑
ponsável pelo processamento do artigo.
A improvisação de embalagens para o processamento de artigos odontológicos
é contra-‐‑indicada.
A esterilização é o processo que visa destruir ou eliminar todas as formas de vida
microbiana presentes, por meio de processos físicos ou químicos. Para garantir a
esterilização, é fundamental que os passos já citados do processamento de artigos
sejam seguidos corretamente.
Na Odontologia, os processos de esterilização indicados são:
Destaca-‐‑se que os artigos metálicos deverão ser esterilizados por processo físico
visto serem termorresistentes. A esterilização química deve ser utilizada em ar-‐‑
tigos termossensíveis apenas quando não houver outro método que a substitua.
Ressalta-‐‑se que os artigos termossensíveis devem ser prioritariamente esteriliza-‐‑
dos por meio de processo físico.
Os padrões de tempo, temperatura e pressão para esterilização pelo vapor va-‐‑
riam de acordo com o aparelho e encontram-‐‑se dentro de: 121° C a 127° C (1 atm
pressão) por 15 a 30 minutos e 132° C a 134° C (2 atm pressão) por quatro a sete
minutos de esterilização.
O material, devidamente embalado, deve ser colocado na câmara da autoclave
desligada, não ultrapassando 2/3 de sua capacidade total e sem encostar-‐‑se às
laterais, dispondo-‐‑se os pacotes de modo que o vapor possa circular livremente e
atinja todas as superfícies do material. Embalagens compostas por papel e filme
devem ser colocadas com o papel para baixo. Deve-‐‑se fechar o equipamento e
selecionar o ciclo desejado, caso seja possível. Após a conclusão do ciclo, deve-‐‑se
abrir o equipamento e aguardar que a temperatura caia a 60º C para a retirada do
material. Nesta etapa, o profissional deve utilizar todos os EPIs.
Atualmente, a esterilização em estufas (calor seco) é recomendada por organis-‐‑
mos nacionais e internacionais apenas para óleos e pós na área médica e para
alguns tipos de brocas e alicates ortodônticos na Odontologia (CDC, 2003). Estas
indicações se justificam pelo fato de o processo exigir longo período de tempo
e altas temperaturas, podendo ocorrer falhas no processo de esterilização. Os
equipamentos utilizados atualmente nos serviços odontológicos não são automa-‐‑
tizados, não permitem registros confiáveis dos parâmetros físicos do processo,
permitem a interrupção do processo e o monitoramento biológico é complexo.
81
ANVISA
O enxágüe final deve ser rigoroso, em água estéril, e a secagem, com compressas
esterilizadas, é obrigatória, devendo o artigo ser utilizado imediatamente. É re-‐‑
comendado que o manuseio desta solução seja realizado em ambiente com boa
ventilação.
O instrumental deve ser armazenado em local exclusivo, separado dos demais,
em armários fechados, protegido de poeira, umidade e insetos, e a uma distância
mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede, respeitando-‐‑se o prazo
de validade da esterilização.
O local de armazenamento deve ser limpo e organizado periodicamente, sendo
verificados sinais de infiltração, presença de insetos, retirando-‐‑se os pacotes da-‐‑
nificados, com sinais de umidade, prazo de validade da esterilização vencido, etc.
Estes artigos devem ser reprocessados novamente.
Na distribuição, os pacotes esterilizados devem ser manipulados o mínimo pos-‐‑
sível e com cuidado.
Cada serviço deve realizar a validação do prazo de esterilização dos artigos, re-‐‑
correndo a testes laboratoriais de esterilidade, considerando os tipos de embala-‐‑
gem utilizados, os métodos de esterilização, as condições de manuseio e os locais
de armazenamento.
O processo de esterilização deve ser comprovado por meio de monitoramento
físico, químico e biológico. O monitoramento biológico deve ser registrado, jun-‐‑
tamente com a data da esterilização, lote, validade e equipamento utilizado.
82
83
ANVISA
III -‐‑ INDICADOR DE PARÂMETROS SIMPLES – CLASSE III
Este indicador responde a um único parâmetro – temperatura. Não é indicado na
atualidade em virtude da existência de indicadores mais precisos.
84
Deve-‐‑se limpar as superfícies internas e externas da autoclave com esponja ma-‐‑
cia, água e sabão neutro, semanalmente ou sempre que apresentarem sujidade
visível, e, em seguida, remover o sabão com um pano umedecido e secar com um
pano limpo.
A troca da água, quando requerida pelo equipamento, e a limpeza das tubulações
internas devem ser realizadas por técnico especializado, com a periodicidade
preconizada pelo fabricante do equipamento.
85
ANVISA
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87
ANVISA
IX
9. PROCESSAMENTO DE
SUPERFÍCIES, LINHAS DE ÁGUA,
ROUPARIA E LIMPEZA GERAL
89
ANVISA
intra-‐‑oral, entre outros, geralmente possuem partes removíveis esterilizáveis ou
passíveis de limpeza e desinfecção.
A limpeza deve ser realizada com água e sabão neutro e a desinfecção com álcool
a 70%. Para minimizar a contaminação nas superfícies e em áreas vulneráveis,
como os botões de acionamento dos diferentes equipamentos, sujeitos a danos
elétricos, as recomendações revisadas do CDC e de diversos autores sugerem o
recobrimento destas superfícies com campos de algodão esterilizados, para pro-‐‑
cedimentos cirúrgicos, e a aplicação de barreiras impermeáveis durante a reali-‐‑
zação de procedimentos clínicos.
A utilização de campos de algodão esterilizados sobre mesas auxiliares, man-‐‑
gueiras dos equipamentos, alças do refletor e sobre o paciente não requer con-‐‑
siderações adicionais. É necessária para a manutenção da cadeia asséptica a
esterilização das partes removíveis do equipamento que são utilizadas nos pro-‐‑
cedimentos cirúrgicos, como as turbinas de alta rotação, os micromotores a ar
comprimido ou elétrico, entre outros.
As barreiras físicas de tecido ou as plásticas impermeáveis devem ser trocadas
a cada paciente. O responsável técnico pelo estabelecimento ou a Comissão de
Controle de Infecção em Odontologia deve avaliar as condições de uso dos equi-‐‑
pamentos e periféricos e padronizar a melhor conduta em relação à atividade de-‐‑
senvolvida, tendo como focos a área de abrangência de gotículas e aerossóis e o
treinamento das equipes, buscando reduzir ao máximo o contato com superfícies
de equipamentos, especialmente, pelo operador.
90
91
ANVISA
Múltiplos tratamentos reduzem o número de bactérias recuperáveis, porém não
destroem o biofilme. Estudos evidenciam, especialmente, a necessidade de ga-‐‑
rantir qualidade à água utilizada nos procedimentos cirúrgicos.
Em relação ao biofilme, tanto a ADA quanto o CDC afirmam que as estratégias de
acionamento e liberação de água no início do dia e nos intervalos entre pacientes
não controlam a formação do biofilme ou reduzem sua aderência na tubulação.
O mesmo se pode afirmar em relação aos lipopolissacarídeos.
Com relação a efeitos adversos à saúde de pacientes imunocompetentes e à saúde
ocupacional, o CDC afirma não haver dados consistentes diretamente relaciona-‐‑
dos à água dos equipamentos odontológicos. Poucos estudos apontam para uma
maior titularidade de anticorpos contra Legionella em pessoas ocupacionalmen-‐‑
te expostas, em comparação com a população. Na Inglaterra, há relatos de que
a água de procedimentos odontológicos pode ter sido a origem de infecções por
Pseudomonas em dois pacientes imunocomprometidos. Independentemente da
ausência de comprovação de efeitos adversos à saúde e objetivando a adoção de
princípios consistentes para o controle de infecção, torna-‐‑se imperativa a adoção
de parâmetros e métodos adequados e econômicos para monitorar a qualidade
da água empregada na Odontologia.
Assim sendo, estratégias para assegurar qualidade à água dos equipamentos
odontológicos e alguns periféricos que a empregam incluem a utilização de re-‐‑
servatório de água independente da rede de abastecimento, desinfecção química
das linhas de água, drenagem diária, manutenção a seco durante a noite e finais
de semana, e filtros de água nas linhas. Peças de mão esterilizáveis com válvulas
anti-‐‑refluxo também podem contribuir.
Estudos indicam que desinfetantes à base de peróxido de hidrogênio têm apre-‐‑
sentado bons resultados na prevenção e/ou na eliminação de biofilmes já instala-‐‑
dos nas linhas de água dos equipamentos odontológicos, sendo que protocolos
semanais devem ser estabelecidos.
Os resultados dos trabalhos confluem para o estabelecimento de um protocolo
que visa à eliminação do biofilme, por meio da aplicação de desinfetantes à base
de peróxido de hidrogênio, destinados às linhas de água. O produto deve ser
diluído de acordo com as orientações técnicas do fabricante e deve-‐‑se proceder a
aplicações repetidas, por cinco noites, de modo a eliminar o biofilme já instalado.
Para a manutenção do padrão de qualidade da água estabelecido pela ADA (<
200 ufc/ml), deve-‐‑se manter o procedimento, aplicando o desinfetante uma vez
por semana.
92
Muitas doenças que afetam a saúde do homem são provocadas por microorga-‐‑
nismos que se desenvolvem na sujidade. A lavagem da roupa tem a finalidade
primordial de praticar a mais completa higiene, eliminando a sujeira fixada na
roupa, deixando-‐‑a com aspecto e cheiro agradáveis, confortável para o uso e com
níveis microbiológicos reduzidos aos limites aceitáveis, ou seja, livre de patóge-‐‑
nos em quantidade e qualidade suficientes para transmitir doenças (Pugliese,
Hunstiger, 1992; Martin, 1993; Barrie, 1994; Gervini, 1995; Bartolomeu, 1998). Este
processo é extremamente importante para o bom funcionamento dos serviços
odontológicos em relação à assistência prestada ao paciente.
Embora as roupas sujas possam estar contaminadas com microorganismos pa-‐‑
togênicos, o risco de transmissão de doenças para os profissionais e para os
pacientes que mantém contato direto com a roupa é desprezível desde que ade-‐‑
quadamente manuseadas e processadas (Pugliese, Hunstiger, 1992; Martin, 1993;
Barrie, 1994; Santos, 1997).
A roupa suja deve ser manuseada e sacudida o mínimo possível, para evitar a
contaminação microbiana do ar e das pessoas que a manipulam (MS, 1986). Deve
ser embalada no local onde foi usada e transportada em sacos resistentes e bem
vedados para impedir vazamentos.
Na separação, é indispensável que todas as peças de roupa sejam, cuidadosa-‐‑
mente abertas, para a retirada de quaisquer objetos que por ventura estejam em
meio às roupas. A roupa contaminada deve ser lavada separadamente das rou-‐‑
pas de uso pessoal e o seu tecido deve permitir o uso de detergente para roupas,
água quente e/ou agente químico desinfetante como os alvejantes (MS, 1996).
Sendo indispensável para os profissionais envolvidos na lavagem de roupas con-‐‑
taminadas o uso de luvas de borracha, avental impermeável e sapatos fechados,
com os solados antiderrapantes e impermeáveis. Após a lavagem e secagem, os
campos e aventais cirúrgicos devem ser embalados e autoclavados.
Recomenda-‐‑se que campos e aventais cirúrgicos utilizados em procedimentos
odontológicos sejam encaminhados a uma lavanderia hospitalar, com intuito de
assegurar melhor qualidade no processamento da roupa, ou ainda, a utilização
dos campos e aventais cirúrgicos descartáveis face a complexidade da infra-‐‑es-‐‑
trutura física de uma lavanderia hospitalar.
93
ANVISA
9.4. LIMPEZA GERAL
Os procedimentos de limpeza consistem na remoção da sujidade mediante o uso
de água e sabão.
Paredes, janelas, portas, tetos e pisos não constituem risco de infecção, desde que
mantidos limpos. Deve-‐‑se estabelecer uma rotina de limpeza periódica, de acor-‐‑
do com a área ou quando houver sujidade visível.
Os pisos devem ser limpos diariamente e as demais superfícies, gavetas, mobili-‐‑
ários, etc. no mínimo semanalmente ou quando necessário.
O responsável da limpeza deve ser orientado quanto aos seguintes aspectos:
94
a) Aplicar solução de hipoclorito de sódio a 1% sobre a matéria orgânica e
aguardar cinco minutos.
b) Remover com auxílio de papel-‐‑toalha ou pano, que deve ser descartado.
c) Proceder à limpeza com água e sabão
95
ANVISA
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98
Para leitura deste capítulo é importante saber que existem controvérsias a res-‐‑
peito da necessidade de se realizar profilaxia em odontologia, entretanto, as
associações americanas de odontologia, cardiologia e ortopedia publicam, perio-‐‑
dicamente, recomendações que são seguidas por profissionais de todo o mundo,
ocorrendo pequenas alterações de acordo com a realidade de cada país.
A profilaxia com antibiótico é recomendada para prevenção de infecções nos pa-‐‑
cientes de alto e médio risco para desenvolver endocardites bacterianas e naque-‐‑
les que foram submetidos à artroplastia com colocação de prótese total.
Para a apropriada indicação de antibióticos profiláticos os profissionais devem
avaliar seus pacientes quanto suas condições clínicas atuais e pregressas. Isto
os ajudará na decisão, sendo, algumas vezes, necessário recorrer ao médico do
paciente para maiores informações e discutir o tratamento a ser instituído.
Um dos princípios mais importante no uso de antibiótico profilático diz respeito
ao momento ideal da administração. Para que o antibiótico eleito atue na elimi-‐‑
nação de bactérias circulantes na corrente sanguínea, decorrente de manipulação
da cavidade oral, ele deve ser administrado pelo menos uma hora, por via oral,
ou 30 minutos, por via intravenosa, antes do início do procedimento. Apenas
nos casos de emergência, a administração pode ser realizada em tempo inferior
a esses.
Outro princípio a ser considerado diante da indicação de antibióticoprofilaxia diz
respeito ao custo-‐‑benefício, incluindo os potenciais efeitos adversos, tabela 1.
Sempre que for prescrito um antibiótico profilático o profissional deve estar cien-‐‑
te que o desenvolvimento de resistência bacteriana poderá ocorrer, e sendo assim,
terapêuticas ou profilaxias de procedimentos subseqüentes ao antimicrobiano já
usado poderão não apresentar a eficácia desejada.
99
ANVISA
Tabela 1: As complicações mais comuns da antibióticoterapia são:
Tóxicas
Hipersensibilidade
a) Exodontias
b) Procedimentos periodontais, incluindo cirurgia, colocação de fio afasta-‐‑
dor subgengival com antibiótico, raspagem e alisamento de raízes, sonda-‐‑
gem, manutenção periódica.
c) Implante dental e reimplante de dentes de avulcionados
d) Instrumentação endodôntica ou só cirurgia periapical
e) Colocação inicial de banda de ortodonticas mas não de braquetes.
f) injeções de anestesia local intraligamentar e intraosseo.
g) Limpeza profilática de dentes ou implantes onde se prevê sangramento.
101
ANVISA
c) Tratamento endodôntico; obturação e restauração.
d) Colocação de isolamento absoluto.
e) Remoção de sutura pós-‐‑operatória.
f) Colocação de próteses removíveis e aparelhos ortodônticos móveis.
g) Realização de moldagens orais.
h) Tratamentos com fluoretos.
i) Realização de radiografias intra-‐‑orais.
j) Ajuste ortodôntico.
1
Adaptado das Recomendações da American Heart Association, from the Commi ee on Rheumatic
Fever, Endocarditis, and Kawasaki Disease, Council on Cardiovascular Disease in The Young
102
103
ANVISA
Para os pacientes portadores de Lupus Eritematoso Sistêmico, para aqueles que
usam cateteres e para os que possuem diabetes não controlado, infecção avança-‐‑
da pelo HIV e neutropenia, além daqueles transplantados ou com significativa
imunodepressão por terapêutica, dependendo do tratamento odontológico a ser
instituído, a profilaxia antibiótica deve ser considerada.
Pacientes que fazem uso de moderador de apetite (fenfluramine/phenteremine
ou dexfenfluramine) podem desenvolver anormalidades valvares e devem ser
avaliados antes de se iniciar o tratamento eletivo. Para estes pacientes, a profila-‐‑
xia irá depender do número de fatores envolvidos, tais como o estágio da doença
ou o tipo de tratamento dentário a ser prescrito. A necessidade de cobertura anti-‐‑
biótica deve ser considerada junto com o médico do paciente.
* A dose total pediátrica não deve exceder a dose total do adulto.
** Cefalosporinas não devem ser usadas em pacientes com reação do tipo hipersensibilidade imediata
às penicilinas (urticária, angioedema ou anafilaxia).
Fonte: Dajani, 1990.
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105
ANVISA
XI
11. O ÓRGÃO DENTAL E A
IMPORTÂNCIA DOS BANCOS
DE DENTES
A remoção do órgão dental é ainda um ato comum nos consultórios odontológi-‐‑
cos e escolas de Odontologia e sua doação vem ocorrendo de modo espontâneo
e, muitas vezes, sem o devido encaminhamento. O dente é um órgão humano e
como tal deve ser tratado. Existem aspectos legais envolvendo sua doação e apli-‐‑
cações e os profissionais de Odontologia devem estar cientes de suas obrigações
e dos riscos que o trato incorreto pode acarretar.
Por estas razões, a criação de bancos de dentes nos estabelecimentos de ensino
odontológico parece ser o melhor caminho para atender a legislação vigente re-‐‑
ferente à pesquisa envolvendo seres humanos e a remoção de órgãos, tecidos e
partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, bem como as par-‐‑
ticularidades do ensino. A legislação prevê também o papel social dos bancos em
repassar informações à população, além de promover campanhas de conscien-‐‑
tização para estimular a doação de órgãos. Dessa forma, criam-‐‑se mecanismos
para coibir o comércio ilegal de órgãos.
107
ANVISA
Recomenda-‐‑se a aprovação prévia de projeto arquitetônico do banco de dentes
e a abertura oficial do livro de registro dos órgãos dentais doados junto à Vigi-‐‑
lância Sanitária.
11.1.3. EMPREGO DE ÓRGÃOS DENTAIS PROVENIENTES DE BANCO DE DENTES
A realização de preparos cavitários com turbinas de alta rotação ou micromotores
e o uso de seringa tríplice na refrigeração e secagem de dentes geram, no ambien-‐‑
te de trabalho, aerossóis com diferentes qualidades microbianas. Essa situação se
reproduz no ambiente de ensino/treinamento pré-‐‑clínico. Estudos salientam o
risco de contaminação e infecção cruzada envolvendo o emprego de dentes não
processados adequadamente, por desinfecção ou esterilização, afirmando que
108
A prática do comércio ilegal de dentes é bastante freqüente, especialmente nos
ambientes universitários. Estudos demonstram que 70,6% dos estudantes do Rio
de Janeiro e 46,9% de São Paulo compraram dentes para utilização nas práticas
pré-‐‑clínicas.
Muitos acadêmicos e profissionais obtêm, junto a outros profissionais, dentes
cujas doações não estão sendo registradas conforme as determinações legais. Ou-‐‑
tra fonte de dentes é constituída pelos cemitérios, onde um outro crime acaba
sendo cometido. Seja no comércio ilegal ou na profanação de túmulos ou ossuá-‐‑
rios, a única conduta ética possível depende dos dirigentes das instituições e da
postura dos professores, uma vez que a solicitação de dentes para o aprendizado
pré-‐‑clínico parte deles. Os professores devem orientar seus alunos e conduzir
essa questão adequadamente e, na medida do possível, substituir os dentes na-‐‑
turais por artificiais.
A Resolução n0 196 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 10 de outubro de
1996, “incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro refe-‐‑
renciais básicos da bioética: autonomia, não-‐‑maleficência, beneficência e justiça,
entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comu-‐‑
109
ANVISA
nidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado”. Essa resolução aprova
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
Entre os principais aspectos destacam-‐‑se a criação de Comitês de Ética em Pes-‐‑
quisa (CEP), que desempenham importante papel na avaliação dos projetos de
pesquisa, e o estabelecimento da importância e necessidade do termo de consen-‐‑
timento livre e esclarecido em respeito à dignidade humana, antes do início da
pesquisa, assegurando a manifestação da anuência à participação na pesquisa.
Apresenta também o protocolo de pesquisa, discriminando todos os documentos
a serem apresentados ao Comitê para revisão ética. Ao apresentar o projeto, o
pesquisador responsável deve declarar o conhecimento dessa resolução, na sua
íntegra.
A Lei n0 9.434, de 04 de fevereiro de 1997, dispõe sobre a remoção de órgãos,
tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Essa
Lei trata da disposição gratuita de órgãos, tecidos e partes do corpo humano
para enxertos ou transplantes. Dispõe sobre a doação post mortem e em vida, e
sobre o consentimento expresso do receptor. Destaca a proibição da veiculação
de anúncios de estabelecimentos que realizam transplantes, de apelos para do-‐‑
ação de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, ou mesmo de fundos para
financiamento de transplantes. Cabe ao Sistema Único de Saúde e seus gestores
a função de divulgação. As sanções legais (crimes) e administrativas da remoção
de tecidos, órgãos ou partes de pessoa ou cadáver estão previstas no artigo 14
dessa lei. Prevê também penas para a compra ou venda dos itens mencionados
nessa lei (artigo 15), para o transplante ou enxerto em desacordo com a mesma,
para o recolhimento, o transporte, a guarda ou a distribuição dos tecidos, órgãos
e partes do corpo humano, bem como para o fato de deixar de recompor o cadá-‐‑
ver ou retardar a devolução aos familiares ou interessados.
O Decreto n0 2.268, de 30 de junho de 1997, regulamenta a Lei n0 9.434, de 04 de
fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do
corpo humano para fins de transplante e tratamento, e dá outras providências.
Cria o Sistema Nacional de Transplante (SNT) e o processo de captação e distri-‐‑
buição de tecidos, órgãos e partes retirados do corpo humano para finalidades
terapêuticas. Diretrizes normativas referentes ao registro dos bancos de células e
tecidos na Secretaria Estadual de Saúde de sua jurisdição e ao funcionamento dos
centros captadores de órgãos estão previstos nesse decreto.
A Lei n0 10.211, de 23 de março de 2001, altera dispositivos da Lei n0 9.434, estabe-‐‑
lecendo diretrizes como a necessidade da realização de todos os testes de triagem
para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentadoras
expedidas pelo Ministério da Saúde.
A Portaria n0 1.686/GM, de 20 de setembro de 2002, regulamenta, no âmbito do
SUS, os bancos de tecidos musculoesqueléticos humanos para fins terapêuticos
ou científicos. À luz dos conhecimentos atuais, essa legislação é a que mais se
aproxima à condição do órgão dental, seja para transplante ou fins científicos,
uma vez que não existe legislação específica para a criação de banco de dentes.
110
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM n0 1.686 de 20 de setembro de 2002. Aprova as
normas para autorização de funcionamento e cadastramento de bancos de tecidos mus-‐‑
culoesqueléticos pelo Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 24 de
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para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 1º de julho de 1997. Disponível em: h p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-‐‑
to/1997/D2268.htm
FERREIRA, E. L. Banco de dentes: uma necessidade e um compromisso acadêmicos. Voz
do Paraná. [s.i.]
IMPARATO, J. C. P. A utilização de dentes humanos em pesquisas, treinamento acadêmi-‐‑
co e/ou profissional e procedimentos clínicos. Jornal Brasileiro de Clínica e Estética em
Odontologia, São Paulo: julho/agosto 2000, v. 4, n0 22, p. 9.
PAULA, S. et al. Comercialização de Dentes nas Universidades. Pesquisa Brasileira em
Odontopediatria e Clínica Integrada, São Paulo: v. 1, n0 3, p. 38-‐‑41, setembro/dezembro
2001.
111
ANVISA
XII
12. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
EM SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS
São resíduos com possível presença de agentes biológicos, que por suas caracte-‐‑
rísticas podem apresentar risco de infecção.
Os resíduos biológicos devem ser manejados de diferentes formas, de acordo
com sua composição:
A) Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos com suspeita ou
certeza de contaminação biológica por agentes com classe de risco 4, em
conformidade com a RDC/Anvisa n0 306, de 07 de dezembro de 2004, ou
113
ANVISA
a que vier substituí-‐‑la, por microorganismos com relevância epidemioló-‐‑
gica e risco de disseminação ou causadores de doença emergente que se
torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmis-‐‑
são seja desconhecido.
MANEJO:
• Devem ser acondicionados em sacos vermelhos, que devem ser substitu-‐‑
ídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a
cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da RDC 306/04.
• Devem ser submetidos a tratamento utilizando-‐‑se processo físico ou ou-‐‑
tros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução
ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o
Nível III de Inativação Microbiana.
Após o tratamento, devem ser acondicionados da seguinte forma:
• Se não houver descaracterização física das estruturas, devem ser acondi-‐‑
cionados conforme o item 1.2 da RDC 306/04, em sacos brancos leitosos,
que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou
pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3
da mesma RDC.
• Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser acondiciona-‐‑
dos como resíduos do Grupo D.
MANEJO:
• Devem ser acondicionados conforme o item 1.2 da RDC 306/04, em sacos
vermelhos, que devem ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capa-‐‑
cidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas, e identificados conforme
o item 1.3.3 da mesma RDC.
• Devem ser submetidos a tratamento utilizando-‐‑se processo físico ou ou-‐‑
tros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução
ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o
Nível III de Inativação Microbiana (Apêndice IV da RDC 306/04) e que
desestruture as suas características físicas, de modo a se tornarem irreco-‐‑
nhecíveis.
114
MANEJO:
• Esses resíduos podem ser dispostos, sem tratamento prévio, em local de-‐‑
vidamente licenciado para disposição final de RSS.
• Devem ser acondicionados em sacos brancos leitosos, que devem ser subs-‐‑
tituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez
a cada 24 horas, e identificados conforme o item 1.3.3 da RDC 306/04 .
115
ANVISA
d) Saneantes e desinfetantes.
e) Resíduos de amálgama.
f) Radiografias odontológicas.
g) Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR
10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
As características dos resíduos pertencentes a este grupo são as contidas na Ficha
de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ (NBR 14.725 da
ABNT, de julho de 2001).
Os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quan-‐‑
do não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem,
devem ser submetidos a tratamento e disposição final específicos.
Os resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em ater-‐‑
ro de resíduos perigosos – Classe I.
Os resíduos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico,
sendo vedado o seu encaminhamento para disposição final em aterros.
Quando submetidos a processo de tratamento térmico por incineração, devem
seguir as orientações contidas na Resolução Conama n0 316, de 29 de outubro de
2002, ou a que vier substituí-‐‑la.
O acondicionamento deve ser feito em recipientes individualizados, observadas
as exigências de compatibilidade química do resíduo com os materiais das emba-‐‑
lagens, de forma a evitar reação química entre os componentes, enfraquecendo-‐‑a
ou deteriorando-‐‑a, ou a possibilidade de que o material da embalagem seja per-‐‑
meável aos componentes do resíduo.
Os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de
neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados na
rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam às diretrizes
estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de sanea-‐‑
mento competentes.
Os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de recupe-‐‑
ração da prata ou então ao constante do item 11.16 da RDC 306/04.
O descarte de pilhas, baterias e acumuladores de carga contendo chumbo (Pb),
cádmio (Cd) e mercúrio (Hg) e seus compostos deve ser feito de acordo com a
Resolução Conama n0 257/99, ou a que vier substituí-‐‑la.
Os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados
a aterro de resíduos perigosos – Classe I ou submetidos a tratamento, de acordo
com as orientações do órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas
116
São todos os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protube-‐‑
râncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar (bisturis, agulhas, ampolas
de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas e outros).
Devem ser acondicionados em recipientes rígidos, com tampa vedante, estan-‐‑
ques, resistentes à ruptura e à punctura.
Devem ser dispostos em local devidamente licenciado para disposição final de
RSS, e, na ausência deste, seu manejo deve seguir as orientações do órgão am-‐‑
biental competente.
Dependendo da concentração e do volume residual de contaminação por subs-‐‑
tâncias químicas perigosas, esses resíduos devem ser submetidos ao mesmo tra-‐‑
tamento dado à substância contaminante.
São aqueles resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radio-‐‑
lógico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares.
Para o gerenciamento desses resíduos devem ser seguidas as orientações estabe-‐‑
lecidas pelo órgão ambiental competente e pelo serviço de limpeza urbana.
117
ANVISA
12.5. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS
O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o docu-‐‑
mento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos,
observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos. Con-‐‑
templa os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de
proteção à saúde pública e ao meio ambiente.
O Plano deve ser baseado nas características e no volume dos RSS gerados e deve
ser compatível com as normas locais relativas à coleta, ao transporte e à disposi-‐‑
ção, estabelecidas pelos órgãos responsáveis. Quando exigido pelas autoridades
locais de saúde e/ou ambiente, deve ser submetido à aprovação prévia.
Uma cópia do PGRSS deve estar disponível para consulta sob solicitação da au-‐‑
toridade sanitária ou ambiental competente, dos funcionários, dos pacientes e do
público em geral.
O PGRSS deverá conter os seguintes itens:
• Identificação do gerador: razão social, nome fantasia, endereço, fone, fax,
endereço eletrônico, atividades desenvolvidas, horários de funcionamen-‐‑
to, dados dos responsáveis técnicos pelo estabelecimento e pelo plano
(nome, RG, profissão e registro profissional).
• Caracterização do resíduo: este deve ser quantificado e classificado segun-‐‑
do a RDC Anvisa n.º 306/04, ou a que vier substituí-‐‑la.
• Etapas do manejo: descrever como serão realizadas as etapas de segre-‐‑
gação, acondicionamento, transporte interno e externo, armazenamento
temporário e externo, coleta, tratamento e disposição final para cada tipo
de resíduo gerado. Quando adotada a reciclagem de resíduos, o desen-‐‑
volvimento e a implantação de práticas devem estar de acordo com as
normas dos órgãos ambientais e de limpeza urbana.
118
119
ANVISA
BIBLIOGRAFIA
ANVISA. Resolução RDC n0 306 de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamen-‐‑
to Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da
União, Brasília, 10 de dezembro de 2004. Disponível em: h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/pu-‐‑
blic/home.php
SCHNEIDER, V. E. et al. Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de
Saúde. São Paulo: CLR Balieiro, 2001.
120
O Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes de proteção radiológica em
radiodiagnóstico médico e odontológico e dispõe sobre o uso dos equipamentos
de raios X para diagnóstico em todo o território nacional é a Portaria SVS/MS n.º
453, de 1º de junho de 1998, ou outra que vier substituí-‐‑la.
A aprovação do projeto está condicionada à análise e parecer favorável sobre os
seguintes documentos:
121
ANVISA
• Classificação das áreas do serviço, indicando os fatores de uso e os fatores
de ocupação das vizinhanças de cada instalação.
• Descrição técnica das blindagens (portas, paredes, piso, teto, etc.), incluin-‐‑
do material utilizado, espessura e densidade.
b) Relação dos equipamentos de raios X diagnósticos (incluindo fabricante,
modelo, mA e kVp máximas), componentes e acessórios, previstos para as
instalações.
c) Relação dos exames a serem efetuados, com estimativa da carga máxima
de trabalho semanal, considerando uma previsão de operação de cada
instalação por, no mínimo, cinco anos.
d) Planilha de cálculo de blindagem assinada por um especialista em física
de radiodiagnóstico.
122
Todo serviço deve manter uma cópia do projeto básico de arquitetura de cada
instalação (nova ou modificada), disponível à autoridade sanitária local, inclu-‐‑
sive nos consultórios odontológicos, dispensados do processo de aprovação de
projeto.
123
ANVISA
A desativação de equipamento de raios X deve ser comunicada à autoridade sa-‐‑
nitária, por escrito, com solicitação de baixa de responsabilidade e notificação
sobre o destino dado ao equipamento. Deve ser tomado cuidado especial com a
ampola de raios X, por causa do vácuo em seu interior.
A desativação de um serviço de radiodiagnóstico deve ser notificada à autori-‐‑
dade sanitária local, devendo ser informados o destino e a guarda dos arquivos,
inclusive dos históricos ocupacionais.
a) Adoção de uma atitude de prevenção e de aprimoramento constantes em
proteção radiológica, como parte integrante das funções diárias de cada
membro da equipe.
b) Definição clara das linhas hierárquicas para a tomada de decisões no âm-‐‑
bito do estabelecimento e das responsabilidades de cada indivíduo.
c) Estabelecimento de um conjunto de regras e procedimentos, tendo a pro-‐‑
teção radiológica como tema prioritário, incluindo a pronta identificação
e correção dos problemas, de acordo com sua relevância.
124
Compete aos responsáveis legais, no âmbito do seu estabelecimento, a respon-‐‑
sabilidade principal pela segurança e proteção dos pacientes, da equipe e do
público em geral, devendo assegurar os recursos materiais e humanos e a imple-‐‑
mentação das medidas necessárias para garantir o cumprimento dos requisitos
de radioproteção.
Compete ao Responsável Técnico responsabilizar-‐‑se pelos procedimentos radio-‐‑
lógicos a que são submetidos os pacientes, levando em conta os princípios e re-‐‑
quisitos de proteção radiológica estabelecidos na Portaria SVS/MS n.º 453, ou
outra que vier substituí-‐‑la.
Compete ao Supervisor de Proteção Radiológica assessorar os responsáveis legal
e técnico nos assuntos relativos à proteção radiológica, com autoridade para in-‐‑
terromper operações inseguras.
Detalhes sobre as atribuições destes profissionais são descritos na Portaria SVS/
MS n.º 453, ou outra que vier substituí-‐‑la.
Aos membros da equipe compete:
125
ANVISA
g) Submeter-‐‑se aos treinamentos de atualização regularmente oferecidos.
h) Fornecer ao responsável legal informações relevantes sobre suas ativida-‐‑
des profissionais atuais e anteriores, de modo a permitir um controle ocu-‐‑
pacional adequado.
i) Utilizar o dosímetro individual e vestimentas de proteção individual, con-‐‑
forme instruções do SPR.
j) Notificar ao responsável legal a suspeita ou confirmação de gravidez, de
modo a possibilitar os passos necessários para garantir a observação do
limite de dose estabelecido para o período restante da gestação.
k) Notificar à autoridade sanitária condições inseguras de trabalho.
l) Evitar exposições radiológicas desnecessárias.
Deve ser mantido no serviço um sistema de registro e arquivamento de dados,
contemplando os procedimentos radiológicos realizados, o sistema de garantia
da qualidade, o controle ocupacional implantado e os treinamentos realizados.
126
13.6. AMBIENTES
Quanto aos ambientes, além dos requisitos estabelecidos pela RDC n.º 50, de 20
de fevereiro de 2002, ou outra que vier substituí-‐‑la, devem ser observadas as se-‐‑
guintes determinações:
127
ANVISA
b.1) “Paciente, exija e use corretamente vestimenta plumbífera para sua pro-‐‑
teção durante exame radiográfico”.
b.2) “Não é permitida a permanência de acompanhantes na sala durante o
exame radiológico, salvo quando estritamente necessário”.
b.3) “Acompanhante, quando houver necessidade de contenção de paciente,
exija e use corretamente vestimenta plumbífera para sua proteção durante
exame radiológico”.
• Uma sala de raios X não deve ser utilizada simultaneamente para mais do
que um exame radiológico.
• Para cada equipamento de raios X deve haver uma vestimenta plumbífera
que garanta a proteção do tronco dos pacientes, incluindo tireóide e gôna-‐‑
das, com pelo menos o equivalente a 0,25 mm de chumbo.
• O serviço deve possuir instalações adequadas para a revelação dos filmes:
a) A câmara escura deve ser construída de modo a prevenir a formação de
véu nos filmes; deve ser equipada com lanterna de segurança apropriada
ao tipo de filme e possuir um sistema de exaustão adequado.
b) Para radiografias intra-‐‑orais, pode ser permitida a utilização de câmaras por-‐‑
táteis de revelação manual, desde que confeccionadas com material opaco.
c) Para revelação manual, deve estar disponível no local um cronômetro, um
termômetro e uma tabela de revelação para garantir o processamento nas
condições especificadas pelo fabricante.
128
a) Tensão:
• Em radiografias intra-‐‑orais a tensão no tubo de raios X deve ser maior ou
igual a 50 kVp, preferencialmente maior que 60 kVp.
• Equipamentos para radiografias extra-‐‑orais não devem possuir tensão in-‐‑
ferior a 60 kVp.
b) Filtração total:
• Equipamentos com tensão de tubo inferior ou igual a 70 kVp devem pos-‐‑
suir uma filtração total permanente não inferior ao equivalente a 1,5 mm
de alumínio.
129
ANVISA
• Equipamentos com tensão de tubo superior a 70 kVp devem possuir uma fil-‐‑
tração total permanente não inferior ao equivalente a 2,5 mm de alumínio.
d) Colimação:
• Todo equipamento de raios X deve possuir um sistema de colimação para
limitar o campo de raios X ao mínimo necessário para cobrir a área em
exame.
• Para radiografias intra-‐‑orais, o diâmetro do campo não deve ser superior a
6 cm na extremidade de saída do localizador. Valores entre quatro e cinco
centímetros são permitidos apenas quando houver um sistema de alinha-‐‑
mento e posicionamento do filme.
• Em radiografias extra-‐‑orais é obrigatório o uso de colimadores retangulares.
e) Distância foco-‐‑pele:
• Equipamentos para radiografias intra-‐‑orais devem possuir um localiza-‐‑
dor de extremidade de saída aberta para posicionar o feixe e limitar a
distância foco-‐‑pele.
• O localizador deve ser tal que a distância foco-‐‑pele seja de, no mínimo, 18
cm para tensão de tubo menor ou igual a 60 kVp, 20 cm para tensão entre
60 e 70 kVp (inclusive) e 24 cm para tensão maior que 70 kVp.
• O localizador e o diafragma/colimador devem ser construídos de modo que
o feixe primário não interaja com a extremidade de saída do localizador.
130
131
ANVISA
d) A repetição de exames deve ser evitada por meio do uso da técnica correta
de exposição e de um processamento confiável e consistente.
e) Para radiografias intra-‐‑orais deve-‐‑se utilizar, preferencialmente:
• A técnica do paralelismo com localizadores longos.
• Dispositivos de alinhamento (posicionadores).
• Prendedores de filme e de “bite-‐‑wing”, de modo a evitar que o paciente
tenha que segurar o filme.
f) A extremidade do localizador deve ser colocada o mais próximo possível
da pele do paciente, para garantir tamanho de campo mínimo.
g) Em radiografias extra-‐‑orais deve-‐‑se utilizar tamanho de campo menor ou
igual ao tamanho do filme.
h) O operador deve observar e ouvir o paciente durante as exposições.
i) É proibido o uso de sistema de acionamento de disparo com retardo.
j) Deve ser usada vestimenta de proteção individual, de modo a proteger
a tireóide, o tronco e as gônadas dos pacientes durante as exposições. Os
aventais plumbíferos devem ser acondicionados de forma a preservar sua
integridade, sobre superfície horizontal ou em suporte apropriado.
132
No que diz respeito ao processamento do filme, devem ser seguidas as recomen-‐‑
dações do fabricante com respeito à concentração da solução, temperatura e tem-‐‑
po de revelação. Além disso, deve ser afixada na parede da câmara uma tabela de
tempo e temperatura de revelação e a temperatura do revelador deve ser medida
antes da revelação. Os seguintes procedimentos também devem ser observados:
133
ANVISA
13.11. DOSÍMETRO INDIVIDUAL
134
• A gravidez deve ser notificada ao responsável legal do serviço tão logo
seja constatada.
• As condições de trabalho devem ser revistas para garantir que a dose na
superfície do abdômen não exceda 2 mSv durante todo o período restante
da gravidez, tornando pouco provável que a dose adicional no embrião
ou feto exceda cerca de 1 mSv neste período.
135
ANVISA
BIBLIOGRAFIA
ANVISA. Resolução RDC n0 50 de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento técnico para pla-‐‑
nejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de março de 2002. Disponível
em: h p://e-‐‑legis.bvs.br/leisref/public/home.php
BRASIL.Ministério da Saúde. Portaria n0 453 de 1º de junho de1998. Aprova o regulamento
técnico “Diretrizes de Proteção Radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico”,
parte integrante desta portaria, que estabelece os requisitos básicos de proteção radiológi-‐‑
ca em radiodiagnóstico e disciplina a prática de Raios-‐‑X para fins diagnósticos e interven-‐‑
cionistas. Diário Oficial da União, 2 de junho de 1998.
136
Nas últimas décadas, os equipamentos odontológicos evoluíram de simples ins-‐‑
trumental para sistemas complexos. Isso ocasionou uma deficiência nos cuidados
de manutenção, aumentando o risco de acidentes relacionados aos equipamen-‐‑
tos. Uma parcela crescente do risco desses equipamentos é atribuível a fatores
evitáveis, tais como avaliação tecnológica, critérios de aquisição, instalações dis-‐‑
poníveis, manutenções, treinamentos e descontinuidade inadequados.
Para incorporar um novo produto e/ou uma nova tecnologia, deve-‐‑se levar em
consideração a relação custo/benefício dessa incorporação. Sugere-‐‑se fugir de
modismos tecnológicos onde se utiliza uma percentagem muito reduzida de seu
potencial.
No processo de aquisição de equipamentos, devem ser avaliadas as aplicações
clínicas, as alternativas, as experiências de outros usuários, a demanda do serviço
(custo/benefício), a infra-‐‑estrutura e o custo do equipamento e de sua manuten-‐‑
ção e sua conformidade com as leis sanitárias do país. O custo de manutenções,
o material de consumo, a disponibilidade de fornecedores destes materiais, a ga-‐‑
rantia de segurança aos usuários (pacientes e operadores) desses equipamentos,
o custo de calibrações, o tempo de garantia, bem como o tempo médio de vida
dos equipamentos e dos acessórios são informações decisivas para garantir a via-‐‑
bilidade econômica do uso dos equipamentos. Nessa etapa, agrega-‐‑se também o
custo de treinamentos operacionais.
A escolha para a aquisição de equipamentos de uma unidade odontológica deve
ser criteriosa, com o apoio técnico de odontólogos e engenheiros, principalmen-‐‑
te para cirurgias odontológicas e cirurgias bucomaxilofaciais, as quais exigem
maior segurança nos equipamentos. No processo de aquisição, a manutenção
137
ANVISA
é, sem dúvida, um fator importante e determinante. Nessa fase, a área de apoio
deve planejar a instalação e o gerenciamento da manutenção.
O planejamento para as instalações dos equipamentos deve ser igualmente crite-‐‑
rioso, avaliando-‐‑se sempre as instalações já existentes e as futuras necessidades,
com a previsão das evoluções. Recomenda-‐‑se avaliar as instalações elétricas, hi-‐‑
dráulicas, telefônicas e de informática, bem como a climatização, o tratamento
dos resíduos sólidos, o tratamento de afluentes (se necessário) e a área física.
O gerenciamento da manutenção traduz-‐‑se na criação e implantação de procedi-‐‑
mentos e normas técnicas e de qualidade que, quando aplicados, resultarão em
otimização e segurança dos serviços. É necessário planejar, antes da aquisição,
o custo de manutenção mensal e/ou anual do equipamento, além de analisar o
valor percentual que será gasto em manutenção do equipamento, a necessidade
e o custo de equipamentos para calibração e intervenções corretivas dos equipa-‐‑
mentos a serem adquiridos, o valor das peças de reposição e dos acessórios, e
o tempo de entrega dos mesmos. Recomenda-‐‑se fazer a previsão orçamentária
para os insumos descartáveis ou os acessórios e partes que sofrem desgaste natu-‐‑
ral em função do uso. No custo da manutenção deverá ser agregado o valor que o
equipamento deixará de produzir enquanto estiver fora de uso, esperando peças
de reposição e intervenção corretiva.
Para o controle total dos equipamentos em um serviço de Odontologia é reco-‐‑
mendável que se tenha o registro histórico do equipamento, formado por: rela-‐‑
tórios de Manutenção Preventiva (MP) e Manutenção Corretiva (MC); histórico
de incidentes; histórico de falhas técnicas e operacionais; e outras informações
pertinentes ao equipamento, além do seu custo total. Um aspecto importante a
ser considerado é o ergonômico, que busca respeitar as interações entre o ser
humano e outros elementos de um sistema, de modo a otimizar o bem-‐‑estar hu-‐‑
mano e o desempenho geral do sistema.
138
139
ANVISA
trumentos utilizados para as calibrações e verificações, registro dos itens inspe-‐‑
cionados/verificados, relatório de custos, considerações sobre incidentes, falhas
técnicas/operacionais e comentários em geral. Esse registro tem como objetivo
apresentar informações que identifiquem o equipamento, tais como nome do
fabricante, número de série, modelo, identificação patrimonial ou outra identi-‐‑
ficação do local de uso ou do serviço de engenharia clínica para controle dos
equipamentos. Informações como o intervalo da manutenção preventiva, instala-‐‑
ção do equipamento, data e valor da aquisição são parâmetros importantes para
subsidiar a análise de custos da MP e devem ser monitorizadas periodicamente.
Em um relatório de MP, os itens inspecionados/verificados para cada tipo de
equipamento são específicos e preestabelecidos com a intenção de reduzir a pro-‐‑
babilidade de falhas e otimizar o uso do equipamento. Esses itens deverão ser
fundamentados no histórico de falhas do equipamento, nas recomendações do
fabricante, no relato de acidentes, na classe de risco à vida do paciente e do ope-‐‑
rador e nas normas de segurança e de qualidade. Entre os fatores considerados
pela manutenção preventiva, além dos testes específicos de cada equipamento,
deverão ser realizadas calibrações — quando necessárias — e testes de calibra-‐‑
ções, de verificações e de segurança elétrica.
Para o registro de ocorrências de incidentes é recomendável um livro (ou simi-‐‑
lar) que acompanha o equipamento, no qual serão descritas as falhas técnicas e
operacionais, informações importantes para rastrear a necessidade de capacita-‐‑
ção do operador e para a revisão dos itens de inspeção/verificação e custos do
equipamento.
O relatório de custos é composto pelo valor das horas técnicas, das peças utiliza-‐‑
das para a realização da MP e do custo do equipamento fora do local de uso. No
custo do equipamento fora do local de uso deve ser descrito o número de proce-‐‑
dimentos que deixaram de ser realizados e o custo de cada procedimento.
A monitorização e as avaliações periódicas dos custos são necessárias para o con-‐‑
trole de custos associados à MP e à eficiência dos itens inspecionados/verificados
para a realimentação do programa de MP.
14.3. EQUIPAMENTOS
140
Para serviços de Odontologia de pequeno e médio porte recomenda-‐‑se utilizar
serviços de terceiros ou serviços externos ao serviço (manutenção externa), em
função da relação custo/beneficio. É importante ressaltar que as empresas for-‐‑
necedoras de serviços externos deverão apresentar condições técnicas para aten-‐‑
der às normas de segurança e de qualidade dos equipamentos. Esses serviços
poderão ser em forma de contratos ou chamadas. O processo desses contratos
deve ser uma relação de parceria e, sobretudo, uma relação de satisfação para
as partes envolvidas. A escolha desse tipo de serviço dependerá da análise de
custo/benefício.
O principal fator para que um equipamento seja descontinuado é a falta de segu-‐‑
rança, seguido do custo da manutenção e da obsolescência da tecnologia, consi-‐‑
derando-‐‑se sempre, nesses dois últimos itens, a análise do fator custo/benefício.
O equipamento torna-‐‑se obsoleto pela tecnologia quando passa a não atender às
necessidades do paciente ou da clínica odontológica. Para fazer a análise do custo
de manutenção, deve-‐‑se proceder à comparação dos preços dos equipamentos
com os modelos iguais ou similares, se o modelo está descontinuado, e conside-‐‑
rar o custo da manutenção anual, a depreciação, o tempo de uso do equipamento,
a freqüência das intervenções corretivas, o número de exames que o equipamen-‐‑
to atende e a sua utilização social.
141
ANVISA
14.6. ALGUNS BENEFÍCIOS DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A importância da manutenção preventiva justifica-‐‑se não apenas por reduzir os
dispêndios com equipamentos odontológicos e garantir a segurança de seus usu-‐‑
ários, mas também por evitar o elevado custo social causado pelo maior tempo
de indisponibilidade de uso desses equipamentos, devido a deficiências em sua
gerência e manutenção.
142
Acessórios:
Identificação do Equipamento
Função:
I II III IV
Normas Aplicadas:
Legenda:
LSB: Legislação Sanitária MP: Manutenção MC: Manutenção
Brasileira Preventiva Corretiva
NBR: Norma Brasileira C: Conforme NC: Não Conforme
143
ANVISA
Relatório de Manutenção Preventiva
Informações Gerais:
Freqüência de uso:
Responsável técnico:
Número de ocorrências:
Número de ocorrências:
144
C NC NA Itens de controle
Gabinete
Proteção do circuito/fusível
Indicadores/display
Limpeza externa/interna
Sensor de temperatura
Porta
Purgador
Câmera interna
Câmera externa
Vácuo
Autoteste
145
ANVISA
Lista de verificação/Testes funcionais
C NC NA Itens de controle
Filtros
Água Data da troca
Ar Data da troca
Válvulas
Pneumática Data da troca
Máxima externa
Ar comprimido
De água
Tº (ºC) trabalho
Produção vapor
Data da MP Local:
Realizada Assinatura:
por:
146
Subtotal 1
Custo de peças
Subtotal 2
Subtotal 3
Comentários:
147
ANVISA
BIBLIOGRAFIA
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148
Acidentes de trabalho: todos os acidentes que ocorrem no exercício da atividade
laboral ou no percurso de casa para o trabalho e vice-‐‑versa, podendo o trabalha-‐‑
dor fazer parte tanto do mercado formal, como do informal de trabalho.
Aerossóis: partículas pequenas que permanecem suspensas no ar durante horas
e podem ser dispersas a longas distâncias, carreadas por corrente de ar.
Área: ambiente aberto, sem paredes em uma ou mais de uma das faces.
Áreas críticas: locais onde se realizam procedimentos invasivos, ou manipulam-‐‑
se produtos e materiais com alto risco de contaminação.
Áreas semicríticas: locais onde se realizam procedimentos de baixo risco de in-‐‑
fecção ou de contaminação.
Áreas não-‐‑críticas: locais onde não se realizam procedimentos de risco de infec-‐‑
ção ou de contaminação.
Artigos críticos: materiais utilizados em procedimentos de alto risco para desen-‐‑
volvimento de infecções ou que penetram em tecido conjuntivo ou ósseo (áreas
corporais desprovidas de flora própria). Requerem esterilização para uso (ex.:
agulhas, seringas, materiais para os implantes, pinças, instrumentos de corte ou
pontiagudos, cinzel, raspador, cureta e osteótomo, alavancas, broca cirúrgica,
instrumentos endodônticos e outros).
Artigos semicríticos: materiais que entram em contato com as membranas mu-‐‑
cosas íntegras e pele não-‐‑íntegra. Requerem a desinfecção de alto ou médio nível
ou a esterilização para uso (ex.: espelhos clínicos, moldeiras, condensadores, ins-‐‑
trumentais para amálgama e outros).
149
ANVISA
Artigos não-‐‑críticos: materiais utilizados em procedimentos com baixíssimo ris-‐‑
co de desenvolvimento de infecção associada ou que entram em contato apenas
com pele íntegra. Requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível,
dependendo do risco de transmissão secundária de microorganismos de impor-‐‑
tância epidemiológica (ex.: superfícies do equipo odontológico, placas de vidro e
potes de Dappen, mufla, arco de Young e outros).
Atividade: cada uma das ações específicas que, no seu conjunto, atendem ao de-‐‑
senvolvimento de uma atribuição.
Autoridade sanitária: autoridade que tem diretamente a seu cargo, em sua de-‐‑
marcação territorial, a aplicação das medidas sanitárias apropriadas de acordo
com as leis e os regulamentos vigentes no território nacional e tratados e outros
atos internacionais dos quais o Brasil é signatário.
Barreira (contra contaminação): bloqueio físico que deve existir nos locais de
acesso a área onde seja exigida assepsia e onde somente se permita a entrada de
pessoas com indumentária apropriada (paramentação).
Biossegurança: condição de segurança alcançada por um conjunto de ações des-‐‑
tinadas a prevenir, controlar e reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades
que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o meio ambiente.
Central de material esterilizado (CME): unidade destinada à recepção, ao expur-‐‑
go, à limpeza, à descontaminação, ao preparo, à esterilização, à guarda e à distri-‐‑
buição dos materiais utilizados nas diversas unidades de um estabelecimento de
saúde. Pode localizar-‐‑se dentro ou fora da edificação usuária dos materiais.
150
Depósito de material de limpeza: sala destinada à guarda de aparelhos, utensí-‐‑
lios e material de limpeza, dotada de tanque de lavagem.
Desinfecção de alto nível: processo físico ou químico que destrói todos os mi-‐‑
croorganismos de objetos inanimados e superfícies, exceto um número elevado
de esporos bacterianos.
Desinfecção de baixo nível: processo físico ou químico que elimina a maioria das
bactérias vegetativas e alguns vírus e fungos de objetos inanimados e superfícies.
Licença sanitária: ato privativo do órgão de saúde competente dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, contendo permissão para que as empresas
exerçam as atividades sob regime de vigilância sanitária.
Norma: modelo, padrão, aquilo que se estabelece como base ou unidade para a
realização ou avaliação de alguma coisa.
Normalização ou normatização: atividade que visa à elaboração de padrões, por
meio de consenso entre produtores, prestadores de serviços, consumidores e en-‐‑
tidades governamentais.
151
ANVISA
Radiologia: unidade onde se concentram equipamentos que realizam atividades
concernentes ao uso de raios X para fins de diagnóstico.
Resíduos de Serviços de Saúdes (RSS): resíduos resultantes das atividades exer-‐‑
cidas por estabelecimento gerador, classificado de acordo com regulamento téc-‐‑
nico da Anvisa sobre gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
Riscos ocupacionais: possibilidade de perda ou dano e a probabilidade de que
tal perda ou dano ocorra. Implica, pois, a probabilidade de ocorrência de um
evento adverso.
Rouparia: sala, área para carro, roupeiro ou armário destinado à guarda de rou-‐‑
pa proveniente da lavanderia.
Sala: ambiente envolto por paredes em todo seu perímetro e dotado de uma porta.
Saúde do trabalhador: conjunto de atividades que se destina à promoção e prote-‐‑
ção da saúde dos trabalhadores, por meio de ações de vigilância epidemiológica
e sanitária e, ainda, visa a recuperação e reabilitação da saúde daqueles submeti-‐‑
dos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
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www.anvisa.gov.br
Telefone: (61) 3448 1000