Integrais Duplas Meu

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Amido Ernesto Semente

Ana António Muzaire

Arone Jacinto Assuara Miguel

Gentil Francisco Supia Bira

Zainabo Momade Daudo

Integrais Múltiplas & Integrais de Linha

(Licenciatura em Matemática)

Universidade Rovuma

Nampula

2024
Amido Ernesto Semente

Ana António Muzaire

Arone Jacinto Assuara Miguel

Gentil Francisco Supia Bira

Zainabo Momade Daudo

Integrais Múltiplas & Integrais de Linha

(Licenciatura em Matemática)

Trabalho de caracter avaliativo da Cadeira de


Calculo Integral em ℝ𝑛, Curso de Licenciatura
em Matemática, 2º ano. 1º Semestre na
Universidade Rovuma, orientado pelo

Mestre Emílio António

Universidade Rovuma

Nampula

2024
Índice
Introdução ............................................................................................................................... 4
Objectivos ............................................................................................................................... 4
Objectivos Gerais .................................................................................................................... 4
Objectivos Específicos ............................................................................................................ 4
Integrais duplos ....................................................................................................................... 5
Propriedades do Integral Duplo .............................................................................................. 6
Integrais Duplos Inferior e Superior ....................................................................................... 7
O Integral Duplo por Integração Interada ............................................................................... 8
Interpretação Geométrica do Integral Duplo ........................................................................ 10
Integrabilidade de funções contínuas .................................................................................... 10
Integridade de funções limitadas com descontinuidades ...................................................... 13
Integrais duplos em regiões mais gerais ............................................................................... 14
O Teorema de Fubini ............................................................................................................ 18
Aplicação a áreas e volumes ................................................................................................. 19
Outras aplicações dos integrais duplos ................................................................................. 19
Teorema de Green no plano .................................................................................................. 22
Mudança de variáveis num integral duplo ............................................................................ 24
Coordenadas polares ............................................................................................................. 25
Integrais triplos ..................................................................................................................... 26
Propriedades do integral triplo .............................................................................................. 27
Cálculo de integrais triplos ................................................................................................... 28
Aplicações dos integrais triplos ............................................................................................ 28
Mudança de coordenadas em integrais triplos ...................................................................... 29
Coordenadas cilíndricas ........................................................................................................ 30
Coordenadas esféricas ........................................................................................................... 31
Integrais de Linha ou Curvilíneos ......................................................................................... 32
Definição e propriedades ...................................................................................................... 32
Integrais de linha em relação ao comprimento de arco......................................................... 35
Aplicação do integral de linha Trabalho de uma força ......................................................... 36
Conclusão.............................................................................................................................. 37
Bibliografia ........................................................................................................................... 38
4

Introdução
No presente trabalho vamos debruçar sobre as integrais múltiplas e de linha, bem as integrais
múltiplas de linha são fundamentais na matemática e na física, permitindo a analise de funções
em várias dimensões e ao longo de curvas complexas. Enquanto as integrais simples trabalham
com uma única variável, as integrais múltiplas estendem esse conceito para duas ou mais
variáveis, fornecendo uma maneira de calcular volumes, áreas e outros conceitos geométricos
em espaços de dimensões superiores.

Por outro lado, as integrais de linha são usadas para calcular quantidades como trabalho e fluxo
ao longo de curvas em espaços tridimensionais.

Neste trabalho, exploramos conceitos fundamentais por de trás dessas integrais, suas aplicações
e técnicas de calculo.

Objectivos

Objectivos Gerais

➢ Compreender os fundamentos por de trás das integrais múltiplas e de linha;


➢ Explorar as aplicações dessas ferramentas em diferentes áreas da ciência;
➢ Desenvolver habilidades para calcular integrais múltiplas e de linha em problemas
práticos.

Objectivos Específicos

➢ Estudar a definição e propriedades das integrais múltiplas em diferentes dimensões;


➢ Investigar técnicas de integração para calculo de volumes, áreas e outros conceitos
geométricos utilizando integrais múltiplas;
➢ Compreender conceito de integrais de linha e sua relação com campos vetoriais.
5

Integrais duplos

Definição 1: Seja ℛ um retângulo definido pelo produto cartesiano dos intervalos fechados
[𝑎, 𝑏] e [𝑐, 𝑑]:

ℛ = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑] = {(𝑥, 𝑦): 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏] e y ∈ [𝑐, 𝑑]}

Consideremos duas partições 𝑃1 e 𝑃2 , respetivamente de [𝑎, 𝑏] e [𝑐, 𝑑]: 𝑃1 = {𝑥0 , 𝑥1 , … 𝑥𝑛 } e


𝑃2 = {𝑦0 , 𝑦1 , … 𝑦𝑚 }, onde 𝑥0 = 𝑎, 𝑥𝑛 = 𝑏, 𝑦0 = 𝑐, 𝑦𝑚 = 𝑑.

Figura 1

Como 𝑃1 decompõe [𝑎, 𝑏] em n subintervalos 𝑃2 decompõe [𝑐, 𝑑] em 𝑚 subintervalos, então a


partição 𝑃 = 𝑃1 × 𝑃2 divide a região ℛ em 𝑛 × 𝑚 retângulos.

Definição 2: Uma função 𝑓 definida num retângulo ℛ diz-se ser uma função em escada se
existir uma partição 𝑃 de ℛ, tal que 𝑓 seja constante em cada um dos rectângulos abertos de 𝑃.

Uma função em escada tem os pontos de contorno dos retângulos bem definidos, mas esses
pontos não são relevantes para a teoria de integração.

Intuitivamente, se 𝑃1 e 𝑃2 são partições de ℛ, tal que seja constante nos retângulos abertos de
𝑃1 e 𝑔 constantes nos de 𝑃2 , então a função 𝛼𝑓 + 𝛽𝑔, 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ, é constante nos rectangulos
𝑃1 ∪ 𝑃2 (refinamento de 𝑃1 e 𝑃2 ).

Ou seja:
Proposição 1: Se 𝑓 e 𝑔 são duas funções em escada num dado rectângulos ℛ, então a
combinação linear 𝛼𝑓 + 𝛽𝑔, 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ, é também uma função em escada.
Seja 𝑃 = 𝑃1 × 𝑃2 uma partição do rectângulos ℛ, em 𝑛 × 𝑚 retangulos abertos. Designaremos
por ℛ𝑖𝑗 o retângulo determinado por [𝑥𝑖−1 , 𝑥𝑖 ] e [𝑦𝑖−1 , 𝑦𝑖 ] e seja 𝑎𝑖𝑗 o valor constante de 𝑓 no
ℛ𝑖𝑗 .
6

Se 𝑓 é positiva, o volume 𝑉 do paralelepípedo com base ℛ𝑖𝑗 e altura 𝑎𝑖𝑗 é dado por:

ℛ𝑖𝑗 = 𝑎𝑖𝑗 (𝑥𝑖−1 , 𝑥𝑖 )(𝑦𝑖−1 , 𝑦𝑖 )

Ou, abreviadamente,

𝑉ℛ𝑖𝑗 = 𝑎𝑖𝑗 Δ𝑥𝑖 Δ𝑦𝑖 .

Agora em já condições de definir o integral duplo:

Definição 3: Seja 𝑓 uma função em escada, que toma o valor constante 𝑎𝑖𝑗 no rectangulo aberto
]𝑥𝑖−1 , 𝑥𝑖 [ × ]𝑦𝑖−1 , 𝑦𝑖 [ de um rectângulos ℛ. O integral duplo de 𝑓 em ℛ define-se por:

𝑛 𝑚

∬ 𝑓 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∑ ∑ 𝑎𝑖𝑗 Δ𝑥𝑖 Δ𝑦𝑖 .


ℛ 𝑖=1 𝑗=1

Tal como para integrais definidos em ℝ, o valor do integral definido não se altera se a
participação de 𝑃 for substituída por uma partição mais fina. Assim, o valor do integral é
independente da escolha da participação 𝑃, desde que 𝑓 seja constante nos retângulos abertos
de ℛ.

Propriedades do Integral Duplo

Estas propriedades são generalizações correspondentes teoremas para a caso de integrais


definidos em ℝ.

Proposição 3: sejam 𝑓 e 𝑔 funções em escada definidas num retângulo ℛ naao degenerado


(isto é, ℛ não é nem um ponto nem um seguimento de recta). Então são validas as seguintes
propriedades:

1. (Linearidade) ∀𝒂𝟏 , 𝒂𝟐 ∈ ℝ,

∬ [𝑎1 𝑓(𝑥, 𝑦) + 𝑎2 𝑔(𝑥, 𝑦)]𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑎1 ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 + 𝑎2 𝑔(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


ℛ ℛ

2. (Aditividade) Se 𝓡 = 𝓡𝟏 ∪ 𝓡𝟐 com 𝒊𝒏𝒕𝓡𝟏 ∩ 𝒊𝒏𝒕𝓡𝟐 = ∅ então teremos


7

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 + ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦.


ℛ ℛ1 ℛ1

3. (Comparação) Se 𝒇(𝒙, 𝒚) ≤ 𝒈(𝒙, 𝒚), ∀(𝒙, 𝒚) ∈ 𝓡, então teremos:

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 ≤ ∬ 𝑔(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦.


ℛ1 ℛ1

Em caso particular se 𝑓(𝑥, 𝑦) ≥ 0, ∀(𝑥, 𝑦) ∈ ℛ, então teremos:

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 ≥ 0.
ℛ1

As demonstrações são consequências directas de definição de integral duplo e das propriedades


somatórios.

Integrais Duplos Inferior e Superior

Seja 𝑓 uma função definida e limitada num rectangulo ℛ. Isto é, existe 𝑀 > 0 tal que

|𝑓(𝑥, 𝑦)| ≤ 𝑀, ∀(𝑥, 𝑦) ∈ ℛ.

Então 𝑓 pode ser limitada superiormente e inferiormente por duas funções em escada, 𝑠 e 𝑡,
onde 𝑠(𝑥, 𝑦) = −𝑀 e 𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝑀, ∀(𝑥, 𝑦) ∈ ℛ, por exemplo.

Definição 4: considere-se duas funções em escada, 𝑠 e 𝑡, definidas em ℛ tais que 𝑠(𝑥, 𝑦) ≤


𝑓(𝑥, 𝑦) ≤ 𝑡(𝑥, 𝑦), ∀(𝑥, 𝑦) ∈ ℛ.

Se existir um, é só um, número 𝑰 tal que

𝐼 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.

Designa-se por 𝑆 o conjunto de todos os números ∬ℛ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦, obtidos quando se


considera 𝑠(𝑥, 𝑦) no conjunto de todas as funções em escada que limitam 𝑓 inferiormente, e
por 𝑇 quando se tornam as funções em escada 𝑡(𝑥, 𝑦) que limitam 𝑓 superiormente.
8

Note que 𝑆 e 𝑇 não são vazios pois 𝑓 é limitada.

Por outro lado, temos

∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 ≤ sup 𝑆 ≤ inf 𝑇 ≤ ∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


ℛ ℛ

• Então, tanto 𝑠𝑢𝑝 𝑆 como 𝑖𝑛𝑓 𝑇 verificam as desigualidades da definição anterior.

• Assim pode se dizer que: 𝑓 é integrável em ℛ ⇔ sup 𝑆 = inf 𝑇 = ∬ℛ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.

• Ao número sup 𝑆 chama-se integral inferior de 𝑓 e nota-se𝐼(𝑓).


• A inf 𝑇 chama-se integral superior de 𝑓 e nota-se por 𝐼 (̅ 𝑓).
• As afirmações anteriores podem resumir-se no seguinte teorema:

Teorema 1: Toda a função 𝑓 limitada bum rectangulo ℛ tem integral inferior e superior, tal
que

∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 ≤ 𝐼(𝑓) ≤ 𝐼 (̅ 𝑓) ≤ ∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦,


ℛ ℛ

Para todas as funções em escada 𝑠 e 𝑡 com 𝑠 ≤ 𝑓 ≤ 𝑡.

A função é integral em ℛ se, e só se, os integrais inferir e superior são iguais e, neste caso:

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝐼(𝑓) = 𝐼 (̅ 𝑓).


Como as definições anteriores são análogas ao caso dos integrais definidos em ℝ, todas as
propriedades referidas na proposição 1 são validas integrais duplos em geral.

O Integral Duplo por Integração Interada

Teorema 2: Seja 𝑓 uma função definida em ℛ = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑] e admita-se que 𝑓 é integrável
𝑏
em ℛ. Para ca 𝑦 fixo em [𝑐, 𝑑], admita-se que ∫𝑎 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 existe e é igual a 𝐴(𝑦).

𝑑
Se ∫𝑐 𝐴(𝑦)𝑑𝑦 existe, então será igual ao integral duplo
9

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.

Ou seja

𝑑 𝑏
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑦.
𝑐 𝑎

Demo: Escolhemos duas em escadas arbitrarias 𝑆(𝑥, 𝑦) e 𝑡(𝑥, 𝑦) tais que 𝑠 ≤ 𝑓 ≤ 𝑡 em ℛ.

Integrado relativamente a 𝑥, em [𝑎, 𝑏], temos

𝑑 𝑏
∫ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 ≤ 𝐴(𝑦) ≤ ∫ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥.
𝑐 𝑎

𝑑
Vimos que ∫𝑐 𝐴(𝑦)𝑑𝑦 existe, pode integrar-se ambas as desigualidadess relativamente a 𝑦 em
[𝑐, 𝑑]. Então

𝑑
∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 ≤ ∫ 𝐴(𝑦)𝑑𝑦 ≤ ∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑐
ℛ ℛ

Visto que 𝑓 é integrável em ℛ, pela definição 2, o único numero com essas propriedades é o
integral duplo de 𝑓 em ℛ. Então

𝑑
∫ 𝐴(𝑦)𝑑𝑦 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑐

Se mudarmos a ordem de integração, obtemos de forma análoga,

𝑑 𝑏
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑥,
𝑐 𝑎

𝑑
Sendo a igualdade valida se supusermos que ∫𝑐 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 existe para cada 𝑥 fixo em [𝑎, 𝑏] e é
integrável em [𝑎, 𝑏].
10

Interpretação Geométrica do Integral Duplo

Consideremos a função 𝑓: ℝ2 → ℝ. Restringindo-a a um retângulo ℛ, obtemos um conjunto 𝑆,


formado por todos os pontos entre o retângulo ℛ e a superfície 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦).

Figura 2

𝑏
Para cada 𝑦 fixo no intervalo [𝑐, 𝑑] o integral 𝐴(𝑦) = ∫𝑎 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 é a área da secção plana de
𝑆, definida por um plano paralelo ao plano XOZ.

𝑑
Como a área 𝐴(𝑦) é integrável em [𝑐, 𝑑] a integral ∫𝑐 𝐴(𝑦) 𝑑𝑦 é igual ao volume do
paralelepípedo formado por 𝑆.

Isto é, para funções não negativas, o volume do conjunto das imagens de 𝑓 obre o domínio ℛ,
é dado pelo integral duplo:

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦

Integrabilidade de funções contínuas


Para funções continuas temos o seguinte resultado:

Teorema 3: Se 𝑓 é continua num retângulo ℛ = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑 ], então:

i. 𝑓 é derivável em ℛ;
ii. O valor do integral pode obter-se por integração unidimensional internada,
𝑑 𝑏 𝑏 𝑑
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑥
𝑐 𝑎 𝑎 𝑐

Demo: (i) O Teorema 1 mostra que se 𝑓 é limitada em ℛ então 𝑓 admite uma integral superior
e um integral inferior. Para provar o teorema basta demonstrar que 𝐼(𝑓) = 𝐼 (̅ 𝑓).
11

Fixando ℰ > 0, escolhe-se uma partição 𝑃 de ℛ, num número finito de subretângulos


ℛ1 , . . , ℛ𝑛 , tais que a oscilação (valor máximo absoluto-valor mínimo absoluto) de 𝑓 em cada
subretângulos é menor que ℰ.

Isto é, notado por 𝑀𝑘 (𝑓) o valor máximo absoluto de 𝑓 e por 𝑚𝑘 (𝑓) o valor mínimo absoluto
de 𝑓, em ℛ𝜅 , temos

𝑀𝑘 (𝑓) − 𝑚𝑘 (𝑓) < 𝜀, 1 ≤ 𝑘 ≤ 𝑛

Sejam agora 𝑠 e 𝑡 duas funções em escada definidas no interior de cada ℛ𝜅 da forma seguinte

𝑠(𝑥, 𝑦) = 𝑚𝑘 (𝑓), 𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝑀𝑘 (𝑓),

Se 𝑥 ∈ 𝑖𝑛𝑡ℛ𝜅 . Nos pontos fronteiras definidos 𝑠(𝑥, 𝑦) = 𝑚 e 𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝑀, em que 𝑚 e 𝑀 são,


respetivamente o máximo e o mínimo absolutos em ℛ.

Então 𝑠(𝑥, 𝑥) ≤ 𝑓(𝑥, 𝑦) ≤ 𝑡(𝑥, 𝑦), ∀𝑥 ∈ ℛ.

Do mesmo modo temos designado por 𝐴(ℛ𝜅 ) a área de cada retângulo ℛ𝜅 ,

∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∑ 𝑚𝑘 (𝑓) 𝐴(ℛ𝜅 )


ℛ 𝑘=1

∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∑ 𝑀𝑘 (𝑓) 𝐴(ℛ𝜅 ).


ℛ 𝑘=1

A diferença entre estes dois integrais é

𝑛 𝑛

∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 − ∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∑[𝑀𝑘 (𝑓) − 𝑚𝑘 (𝑓)] 𝐴(ℛ𝜅 ) < ℇ ∑ 𝐴(ℛ𝜅 )
ℛ ℛ 𝑘=1 𝑘=1

= ℇ𝐴(ℛ𝜅 ).

Sendo 𝐴(ℛ𝜅 ) uma área de ℛ.

Uma vez que


12

∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 ≤ 𝐼(𝑓) ≤ 𝐼(𝑓) ≤ ∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦,


ℛ ℛ

Então resulta a desigualdade

0 ≤ 𝐼(𝑓) ≤ 𝐼(𝑓) ≤ ℇ𝐴(ℛ𝜅 ).

Fazendo ℇ → 0, obtemos 𝐼(𝑓) = 𝐼(𝑓), pelo que 𝑓 é derivável em ℛ.

𝑏
Para cada 𝑦 fixo em [𝑐, 𝑑] o integral simples ∫𝑎 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 existe, pois a função integrada é
continua em ℛ.

𝑏
Seja 𝐴(𝑦) = ∫𝑎 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥. Pretende-se provar que 𝐴(𝑦) é continuo em [𝑐, 𝑑] (por (i)).

Considerem-se 𝑦1 e 𝑦 dois pontos arbitrarias de [𝑐, 𝑑]. Assim temos

𝑏
𝐴(𝑦1 ) − 𝐴(𝑦) = ∫ [𝑓(𝑥, 𝑦1 ) − 𝑓(𝑥, 𝑦)] 𝑑𝑥,
𝑎

Pelo que

𝑏
|𝐴(𝑦1 ) − 𝐴(𝑦)| ≤ ∫ |𝑓(𝑥, 𝑦1 ) − 𝑓(𝑥, 𝑦)| 𝑑𝑥,
𝑎

≤ (𝑏 − 𝑎) max |𝑓(𝑥, 𝑦1 ) − 𝑓(𝑥, 𝑦)|


𝑎≤𝑥≤𝑏

≤ (𝑏 − 𝑎)|𝑓(𝑥0 , 𝑦1 ) − 𝑓(𝑥0 , 𝑦)|,

Onde 𝑥0 é o ponto de [𝑎, 𝑏] no qual |𝑓(𝑥, 𝑦1 ) − 𝑓(𝑥, 𝑦)| atinge o seu valor máximo.

Fazendo 𝑦 → 𝑦1 então 𝑓(𝑥, 𝑦) → 𝑓(𝑥, 𝑦1 ), pelo que 𝐴(𝑦) → 𝐴(𝑦1 ), ou seja, 𝐴(𝑦) é continuo
em 𝑦1 .

Deste modo

𝑑 𝑑 𝑏
∫ 𝐴(𝑦)𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑦
𝑐 𝑐 𝑎
13

Existe pelo teorema 2 é igual a

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.

O raciocínio é análogo quando se inverte a ordem de integração.

Integridade de funções limitadas com descontinuidades

No teorema anterior provamos que o integral duplo de 𝑓 sobre ℛ existe se 𝑓 for continua em
todos os pontos de ℛ. Agora provamos que o integral também existe se 𝑓 tem descontinuidades
em ℛ, desde que o conjunto das descontinuidades não seja demasiado grande.

Para tal necessitamos do seguinte conceito:

Definição 5: Seja 𝐴 um conjunto limitado do plano. Diz-se que 𝐴 é um conjunto de medida


nula se para todo o ℇ > 0 existe um conjunto finito de retângulos cuja união contém 𝐴 e cuja
soma das áreas não exceda ℇ. Ou seja, um conjunto plano limitado de medida nula pode ser
coberto com uma reunião de retângulos cuja área total seja arbitrariamente pequena.

De seguida algumas propriedades dos conjuntos de medida nula:

Proposição 3: (i) Qualquer conjunto finito de pontos do plano tem medida nula.

(ii) A reunião de um número finito de conjuntos limitados de medida nula tem também
medida nula.

(iii) Todos subconjuntos de conjuntos de medida nula, tem medida nula.

(iv) Todo seguimento de recta tem medida nula.

Teorema 3: Seja 𝑓 uma função definida limitada em ℛ = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑]. Se o conjunto dos
pontos de descontinuidades 𝑓 em ℛ é um conjunto de medidad nula, então o integral

∬ℛ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 existe.

Demo. Como 𝑓 é limitada, existe 𝐿 > 0 tal que |𝑓| ≤ 𝐿 em ℛ.

Seja D o conjunto de pontos de descontinuidade de 𝑓 em ℛ. De todos os subrectângulos de 𝑃,


que contem pontos de 𝐷, seja menor que 𝛿. (Só é possível porque 𝐷 tem medida nula).
14

Nestes retângulos definem-se 𝑠(𝑥, 𝑦) e 𝑡(𝑥, 𝑦) funções em escada tais que 𝑠(𝑥, 𝑦) = −𝐿 e
𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝐿.

Nos restantes subretângulos de 𝑃 definem-se 𝑠 e 𝑡, como o teorema anterior, insto é, 𝑠(𝑥, 𝑦) =


𝑚𝑘 (𝑓), 𝑡(𝑥, 𝑦) = 𝑀𝑘 (𝑓).

Seguindo a técnica de demonstração anterior temos:

∬ 𝑡(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 − ∬ 𝑠(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦


ℛ ℛ

𝑝𝑜 𝑝𝑜

∑[𝑀𝑘 (𝑓) − 𝑚𝑘 (𝑓)]𝐴(ℛ𝑘 ) + ∑ 2𝐿 < ℇ𝐴(ℛ)2𝐿𝛿.



𝑘=1 ⏟
𝑘=1
𝑅𝑒𝑐𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑅𝑒𝑐𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝐷

Obtém-se assim a desigualdade

0 ≤ 𝐼(𝑓) ≤ 𝐼(𝑓) ≤ ℇ𝐴(ℛ) + 2𝐿𝛿.

Fazendo 𝜀 → 0, tem-se que 𝐼(𝑓) = 𝐼(𝑓), pelo que 𝑓 é derivável em ℛ.

Integrais duplos em regiões mais gerais

Até então definimos integrais duplos para domínio de integração retangulares. Vamos estender
estes conceitos a domínios mais gerais.

Sejam 𝑆 uma região limitada contida em ℛ e 𝑓 uma função definida e limita em 𝑆.

Defina-se uma nova função 𝑓̃ em ℛ do modo seguinte:

𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑆
𝑓̃(𝑥, 𝑦) = {
0 𝑠𝑒 (𝑥, 𝑦) ∈ ℛ\𝑆

Isto é, estende-se 𝑓 a todo retângulo ℛ, fazendo com que seja nula no exterior de 𝑆.

Se supusermos 𝑓̃ integrável em ℛ, então 𝑓 é integrável em 𝑆 e

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬ 𝑓̃(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝑆 ℛ
15

Consideremos em primeiro lugar o conjunto 𝑆 de pontos do plano 𝑋𝑂𝑌 definidos da forma 𝑆 =


{(𝑥, 𝑦): 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏 ∧ 𝜑1 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ 𝜑2 (𝑥)}, onde 𝜑1 e 𝜑2 são funções continuas em [𝑎, 𝑏]. Por
exemplo:

Figura 3

A região 𝑆 é limitada (necessariamente) porque 𝜑1 (𝑥) e 𝜑2 (𝑥) são funções continuas logo
limitadas em [𝑎, 𝑏].

Outro exemplo do conjunto será 𝑇 = {(𝑥, 𝑦): 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑 ∧ 𝜓1 (𝑦) ≤ 𝑥 ≤ 𝜓2 (𝑦)}, onde 𝜓1 e 𝜓2


são funções continuas em [𝑐, 𝑑].

Figura 4

𝑇 é uma região limitada, por motivos análogos.

Todas as regiões que se considerem, serão de um destes dois tipos, ou poderão ser decompostas
num número finito de partes, cada uma das quias de um destes dois tipos. Analisando os pontos
de descontinuidades temos:

• Em primeiro lugar, note-se que, se os pontos de descontinuidades estiverem na fronteira


da região, podem ser desprezados.
• Considere-se 𝑓̃ definido como anteriormente. As descontinuidades de 𝑓̃ em ℛ serão as
de 𝑓 em 𝑆, mais aqueles pontos de fronteira de 𝑆 nos quais 𝑓 não se anula.
16

• No primeiro exemplo, a fronteira de 𝑆 é constituída pelos gráficos de 𝜑1 e 𝜑2 e pelos


dois segmentos de rectas verticais que unem as extremidades dos gráficos.
• Cada um destes seguimentos de recta tem medida nula.

Teorema 4: Se 𝜑 é uma função real continua em [𝑎, 𝑏], então o seu gráfico tem medida nula.

Demo: Seja 𝐴 o gráfico de 𝜑, isto é,

𝐴 = (𝑥, 𝑦): 𝑦 = 𝜑(𝑥) ∧ 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏.

Fixemos 𝜀 > 0 e escolha-se uma partição 𝑃 de [𝑎, 𝑏] com um numero finito de subintervalos
𝜀
tais que a oscilação de 𝜑 em cada subintervalo de 𝑃 seja menor que 𝑏−𝑎.

Portanto, relativamente a cada subintervalos de 𝑃, o gráfico de 𝜑 esta situado num retângulo a


𝜀
altura 𝑏−𝑎.

Figura 5

Logo o gráfico de 𝜑 esta contido numa reunião finita de retângulos, cuja soma das áreas é 𝜀.
Isto prova que o gráfico tem medida nula. O próximo teorema de existência do integral duplo
se 𝑓 for continua no 𝑖𝑛𝑡 𝑆.

Teorema 5: Seja 𝑆 uma região compreendida entre os gráficos de 𝜑1 e 𝜑2 , admita-se que 𝑓

esta definida e limitada em 𝑆 e que 𝑓 é continua no interioe de 𝑆. Então ∬𝑅 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 existe
e pode se calcular por integração repetida:

𝑏 𝜑2 (𝑥)
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥.
𝑎 𝜑1 (𝑥)
𝑅

Demo: Sejam ℛ = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑] um retângulo que contem 𝑆 e 𝑓̃ uma função definida com
anteriormente.
17

Os únicos pontos de descontinuidade para 𝑓̃ são os pontos da fronteira se 𝑆.

Uma vez que a fronteira de 𝑆 tem medida nula, 𝑓̃ é derivável em ℛ. Para cada 𝑥 fixo em [𝑎, 𝑏],
𝑑
o integral ∫𝑐 𝑓̃(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 existe, pois a função integrada tem, no máximo, dois pontos de
descontinuidades em [𝑐, 𝑑].

Pelo teorema 4, temos

𝑏 𝑑
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓̃(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥.
𝑎 𝑐

Se 𝜑1 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ 𝜑2 (𝑥) então 𝑓̃(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥, 𝑦), enquanto 𝑓̃(𝑥, 𝑦) = 0 para os restantes
valores de 𝑦 em [𝑐, 𝑑],

Assim

𝑑 𝜑2 (𝑥)
∫ 𝑓̃(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦,
𝑐 𝜑1 (𝑥)

Pelo que da igualdade anterior obtém-se

𝑏 𝑑 𝑏 𝜑2 (𝑥)
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [∫ 𝑓̃(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥.
𝑎 𝑐 𝑎 𝜑1 (𝑥)

Analogamente se prova um resultado para a região 𝑇.

Se as regiões forem simultaneamente de um e outro tipo, a ordem de integração é irrelevante,


isto é,

𝑏 𝜑2 (𝑥) 𝑑 𝜓2 (𝑦)
∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥] 𝑑𝑦.
𝑎 𝜑1 (𝑥) 𝑐 𝜓1 (𝑦)

Em alguns casos um destes integrais pode ser mais fácil de calcular do que o outro, pelo que se
torna vantajoso examina-los antes de se proceder ao calculo.

3
4 𝑥 5 √25+𝑦 2
4
∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥 + ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦] 𝑑𝑥 .
4𝑦
0 0 4
3
18

O Teorema de Fubini

Pela experiência que temos com funções de uma variável sabemos que a definição da integral
como limites de somas de Riemann não é um meio prático para o cálculo efetivo de integrais.

Tanto que para estas funções escalares usamos o Teorema Fundamental do Cálculo para efetuar
o cálculo das integrais definidas, que reduz as integrais ao cálculo de primitivas.

De forma análoga, o cálculo das integrais duplas se reduz ao cálculo de integrais simples, graças
ao Teorema de Fubini que enunciaremos abaixo.

Teorema de Fubini

Seja 𝒇(𝒙, 𝒚) integrável no retângulo 𝓡 = {(𝒙, 𝒚) ∈ ℝ𝟐 ; 𝒂 ≤ 𝒙 ≤ 𝒃, 𝒄 ≤ 𝒚 ≤ 𝒅}. Suponhamos


que os integrais

∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥, ∀𝑦 ∈ [𝑐, 𝑑]


𝑎

∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦, ∀𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏].


𝑐

Então

𝑑 𝑏 𝑑 𝑏 𝑏 𝑑

∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ (∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥) 𝑑𝑦 = ∫ (∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦) 𝑑𝑥


𝑐 𝑎 𝑐 𝑎 𝑎 𝑐

Exemplo: Calcular

∫ ∫ 𝑦 sen(𝑥𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦
𝑅

𝜋 𝜋
Onde R é o retângulo de vértices (0, 2 ), (1, 2 ), (1, 𝜋) e (0, 𝜋).

Assim a região é dada por


19

0≤𝑥≤1
ℛ: {𝜋
≤𝑦≤𝜋
2

Assim

𝜋 1
∫ ∫ 𝑦 sen(𝑥𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ (∫ 𝑦 sen(𝑥𝑦)𝑑𝑥) 𝑑𝑦
𝜋
𝑅 0
2

𝜋
= ∫ (− cos 𝑥𝑦)10 𝑑𝑦
𝜋
2

𝜋
= 1+ .
2

Aplicação a áreas e volumes

Para uma região 𝑆 como anteriormente definida pelo teorema 4, podemos aplicar o teorema 5
com 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1. Assim teremos:

𝑏
∬ 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∫ [𝜑2 (𝑥) − 𝜑1 (𝑥)] 𝑑𝑥,
𝑎
𝑆

Sendo este o último integral igual a área da região 𝑆.

Em ℝ3 , considere-se um conjunto de pontos (x, y, z) tais que (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑆 e 0 ≤ 𝑧 ≤ 𝑓(𝑥, 𝑦).

Então o integral duplo ∬ℛ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 é igual ao volume do conjunto indicado.

Mas geralmente se 𝑓 e 𝑔 são ambos continuas em 𝑆, com 𝑓 ≤ 𝑔, então ∬𝑆 (𝑔(𝑥, 𝑦) −


𝑓(𝑥, 𝑦))𝑑𝑥𝑑𝑦 é igual ao volume solodido compreendido entre gráfico das funções 𝑓 e 𝑔.

Analogamente para as regiões do tipo 𝑇.

Outras aplicações dos integrais duplos

Considere uma laminada plana 𝑆, constituídas com uma matéria de densidade conhecida. Ou
seja, existe uma função não negativa, 𝑓(𝑥, 𝑦), definida em 𝑆, que representa a massa por
unidade de área de ponto (𝑥, 𝑦).
20

Se a lamina é constituída por um material homogéneos, então densidade é constante e, neste


caso, a massa total obtém-se efetuando produto da densidade pela área da lamina.

Quando a densidade varia de ponto para ponto, utilizamos o integral duplo de densidade como
definição da massa total. Isto é, se a função densidade 𝑓 é derivável sobre 𝑆, defini-se a massa
total, 𝑚(𝑆), por

𝑚(𝑆) = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝑆

Ao quociente

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎
= ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑎𝑟é𝑎
𝑆

Chama-se densidade média da placa, ou lamina, 𝑆.

Se 𝑆 é considerado como uma figura geométrica em vez de uma placa, este quociente define o
valor medio da função 𝑓 em 𝑆. Neste caso exige que 𝑓 seja não negativa.

Define-se centro de massa como sendo o ponto (𝑥̅ , 𝑦̅) dado pelas equações

𝑥̅ 𝑚(𝑆) = ∬ 𝑥 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦,


𝑆

𝑦̅ 𝑚(𝑆) = ∬ 𝑦 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝑆

Os integrais dos segundos membros são os momentos da placa relativamente ao eixo 𝑂𝑌 e


𝑂𝑋, respetivamente.

Quando a densidade é constante, por exemplo 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑐, 𝑐 > 0, tem-se

𝑥̅ 𝑚(𝑆) = 𝑥̅ ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑥̅ 𝑐 ∬ 𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝑥̅ 𝑐 𝑎(𝑆),


𝑆 𝑆
21

Sendo 𝑎(𝑆) a área de 𝑆. Substituindo com a equação 𝑥̅ 𝑚(𝑆) = ∬𝑆 𝑥 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 temos

𝑥̅ 𝑎(𝑆) = ∬ 𝑥 𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑆

Analogamente

𝑦̅ 𝑎(𝑆) = ∬ 𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑆

Nestas hipóteses, ao ponto (𝑥̅ , 𝑦̅) chama-se centroide da placa, ou região, 𝑆.

Considerando no plano da placa uma recta 𝑟, designa-se por 𝛿(𝑥, 𝑦) a distancia de um ponto
(𝑥, 𝑦) de 𝑆 a 𝑟. Então o número 𝐼𝑟 , definido por

𝐼𝑟 = ∬ 𝛿(𝑥, 𝑦) 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦


𝑆

Chama-se momento de inércia da placa 𝑆 relativamente a 𝑟.

Os momentos de inércia em relação aos eixos 𝑂𝑌 e 𝑂𝑋 representa-se por 𝐼𝑥 e 𝐼𝑦 e estão dados


por

𝐼𝑋 = ∬ 𝑦 2 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 𝑒 𝐼𝑦 = ∬ 𝑥 2 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝑆 𝑆

A soma deste dois integrai chama-se momento polar de inercia 𝐼0 em relação a origem:

𝐼0 = 𝐼𝑋 = 𝐼𝑦 = ∬(𝑥 2 + 𝑦 2 ) 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝑆

Observações: A massa e o centro de massa da placa sao propriedades do corpo e sao


independentes da localização da origem e das direções dos eixos coordenados.

• O momento polar de inércia depende da localização da origem, mas não das direções
escolhidas para os eixos coordenados.
22

• Os momentos de inércia em relação aos eixos 𝑂𝑋 e 𝑂𝑌 dependem da localização da


origem e da orientação dos eixos.
• Se uma placa homogénea admite um eixo de simetria, o centroide está sobre esse eixo.
• Se existirem dois eixos de simetria, numa placa homogénea, o centroide estar· sobre o
ponto de interseção.

Teorema de Green no plano

O Teorema de Green, em homenagem a George Green (1793-1841), matemático inglês que se


debruçou sobre as aplicações da Matemática á eletricidade e magnetismo, fluxo de fluidos e á
reflexão e refração da luz e do som, permite exprimir um integral duplo estendido a uma região
plana ℛ como um integral de linha ao longo de uma curva fechada 𝐶, C, que constitui a fronteira
de ℛ.

Há, contudo, condições de natureza geométrica que devem ser impostas a 𝐶.

Definição 6: Suponhamos que 𝐶 é descrita por uma função vetorial contínua 𝑎 definida em
[𝑎, 𝑏].

A curva 𝐶diz-se

• Fechada, se 𝛼(𝑎) = 𝛼(𝑏).


• Fechada simples, se é injetiva, isto é, para quaisquer valores diferentes de 𝑡 ∈ ]𝑎, 𝑏[
dao o lugar a pontos distintos da curva. Simbolicamente: 𝑡1 ≠ 𝑡2 ⟹ 𝛼(𝑡1 ) ≠ 𝛼(𝑡2 ).
• Curva de Jordan, se for uma curva fechada simples.

Observação: Toda a Curva de Jordan 𝐶 decompõe o plano em dois conjuntos abertos conexos
disjuntos, admitindo 𝐶 como fronteira comum. Uma dessas regiões é limitada (interior de 𝐶),
sendo a outra não limitada (exterior de C).

Enunciemos então o Teorema de Green para regiões planas limitadas por curvas de Jordan
seccionalmente regulares:

Teorema 6: Sejam 𝑃 e 𝑄 duas funções escalares, isto é, 𝑃, 𝑄: ℝ𝑛 → ℝ, continuamente


diferenciáveis num conjunto aberto 𝑆 do plano 𝑋𝑂𝑌.

Considere-se 𝐶 uma curva de Jordan seccionalmente regular, ℛ a reunião 𝐶 com o seu interior
e ℛ ⊂ 𝑆. Então verifica-se a igualdade:
23

𝜕𝑄 𝜕𝑃
∬( − ) 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∮ 𝑃𝑑𝑥 + 𝑄𝑑𝑦,
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Onde o integral de linha e considera ao longo de 𝐶 no ssentido directo.

Observações:

𝜕𝑄
∬ 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∮ 𝑄𝑑𝑦,
𝜕𝑥

𝜕𝑃
∬ 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∮ 𝑃𝑑𝑥.
𝜕𝑦

• Se ambas forem verdadeiras, somando-as membro a membro, obtém-se a igualdade


inicial.
• Reciprocamente, fazendo no teorema 𝑃 = 0 obtemos a 1ª e com 𝑄 = 0 obtemos a 2ª.
• Vejamos uma vantagem deste resultado:

Calcular, usando o teorema de Green, o trabalho efetuado por

𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑦⏟+ 3𝑥 , 2𝑦
⏟ − 𝑥),
𝑃 𝑄

que actua sobre uma partícula obrigando-a a descrever a 4𝑥 2 + 𝑦 2 = 4 no sentido directo.

O trabalho é dado pelo integral de linha

𝜕𝑄 𝜕𝑃
∮ 𝑃𝑑𝑥 + 𝑄𝑑𝑦 = ∬ ( − ) 𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬(−2) 𝑑𝑥𝑑𝑦 = −2 𝑎(𝜀) = −4𝜋.
𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜀 𝜀

A vantagem da utilização do Teorema de Green, consiste na não necessidade de parametrização


da elipse 𝛼 e dos cálculos de 𝑓[𝛼(𝑡)] e 𝛼´(𝑡).

Por outro este exemplo mostra que uma área também pode ser expressa como um integral de
linha.
24

Observação: Para uma função 𝑓: ℝ2 → ℝ2 dada por

𝑓(𝑥, 𝑦) = {𝑃(𝑥, 𝑦), 𝑄(𝑥, 𝑦)},

continuamente diferenciável num conjunto aberto e conexo 𝑆 do plano, por Teorema acima
citado, uma condição necessária e suficiente para que 𝑓 seja um gradiente, é dada por.
𝜕𝑃 𝜕𝑄
=
𝜕𝑦 𝜕𝑥

Mudança de variáveis num integral duplo

Na teoria de integração a uma dimensão, o método de substituição permite-nos, frequentemente,


calcular integrais "complicados", transformando-os noutros mais simples ou noutro tipo de
integral que pode ser mais facilmente calculado.

O método baseia-se na igualdade

𝑏 𝑑
∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝜑(𝑡))𝜑´(𝑡)𝑑𝑡
𝑎 𝑐

Com 𝑐 = 𝜑 −1 (𝑎) e 𝑑 = 𝜑 −1 (𝑏) sob as hipóteses de 𝜑 ter derivada contínua em [𝑐, 𝑑] e que 𝑓
seja contínua no conjunto de valores que toma 𝜑(𝑡) com 𝑡 ∈ [𝑐, 𝑑].

Para o caso bidimensional existem duas substituições a efetuar: uma para 𝑥 e outra para 𝑦.
Assim, em vez da função 𝜑, existirão duas funções, por exemplo, 𝜑 e 𝜓, as quais relacionam 𝑥
e 𝑦 com 𝑢 e 𝑣, do modo seguinte

𝑥 = 𝜑(𝑢, 𝑣) e 𝑦 = 𝜓(𝑢, 𝑣).

Com estas duas relações, define-se uma função vetorial


𝑟 = (𝜑(𝑢, 𝑣), 𝜓(𝑢, 𝑣)).

Figura 6
25

Quando (𝑢, 𝑣) percorre a regiao 𝑇 a extremidade de 𝑟(𝑢, 𝑣) descreve os pontos de 𝑆.

Consideremos apenas aplicações para as quais as funções 𝜑 e 𝜓 são continuas e tem derivadas
𝜕𝜑 𝜕𝜑 𝜕𝜓 𝜕𝜓
parciais continuas , , , .
𝜕𝑢 𝜕𝑣 𝜕𝑢 𝜕𝑣

A fórmula para mudança de variáveis nos integrais duplos pode escrever-se como

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬ 𝑓 [𝜑(𝑢, 𝑣), 𝜓(𝑢, 𝑣)] |𝐽(𝑢, 𝑣)|𝑑𝑢𝑑𝑣,


ℛ 𝑇

Sendo |𝑗(𝑢, 𝑣)| o modulo do jocobiano, isto é,

𝜕𝜑 𝜕𝜓
𝜕𝑢 𝜕𝑢
𝐽(𝑢, 𝑣) = | 𝜕𝜑 𝜕𝜓
|.
𝜕𝑣 𝜕𝑣

Coordenadas polares
Neste caso escreveremos 𝜌 e 𝜃 em vez de 𝑢 e 𝑣, e definimos a aplicação pelas duas equações:

𝜑(𝜌, 𝜃) = 𝑥 = 𝜌 cos 𝜃 e 𝜑(𝜌, 𝜃) = 𝑦 = 𝜌 sem 𝜃.

Para obtermos uma aplicação bijetiva, considera-se apenas 𝜌 > 0 e 𝜃 ∈ [0,2𝜋].

O jacobiano será

𝜕𝜑 𝜕𝜓
𝜕𝜌 𝜕𝜌 cos 𝜃 sen 𝜃
𝐽(𝜌, 𝜃) = | |=| |.
𝜕𝜑 𝜕𝜓 −𝜌 sen 𝜃 𝜌 cos 𝜃
𝜕𝜃 𝜕𝜃

Então a fórmula de mudança de variáveis tem a forma

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬ 𝑓(𝜌 cos 𝜃 , 𝜌 𝑠𝑒𝑛 𝜃) 𝑑𝜌𝑑𝜃.


𝑆 𝑇

A transformação por coordenadas polares pode traduzir-se pelo esquema


26

Figura 7

Note que:

• As curvas 𝜌 são rectas que passam pela origem e as curvas 𝜃 são os círculos centrados
na origem.
• A imagem de um retângulo no plano 𝜌 = 𝜃 é “quadrilátero” no plano 𝑋𝑂𝑌 limitados
por raios e dois arcos de circunferência.
• As coordenadas polares são adequadas quando a região de integração tem fronteiras
ao longo das quais 𝜌 e/ou 𝜃 são constantes (circunferências, sectores circulares…).

Integrais triplos

Comecemos pela definição de integral triplo de uma função.

Definição 7: Seja ℝ3 → ℝ uma função continua em 𝐴 ⊂ ℝ3 um conjunto fechado.

Seguindo a mesma metodologia que para os integrais duplos, chama-se soma integral de
𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) relativamente a uma decomposição 𝐷𝑛 = {𝐴1 , 𝐴2 , … , 𝐴𝑛 } de 𝐴 expressão

𝑆 = ∑ 𝑓(𝑥𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 )Δ𝐴𝑖 ,
𝑖=1

Onde 𝑓(𝑥𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) sera o valor de 𝑓 num ponto escolhido (𝑥𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) de 𝐴𝑖 .

Considerando uma sucessão de decomposições com o diâmetro Δ𝐴𝑖 atender para zero, com
limite finito então diz-se que 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) é integrável em 𝐴.

Ao valor desse limite chama-se integral triplo de 𝑓 no domínio e representa-se por


27

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.
𝐴

Propriedades do integral triplo

1. O integral triplo da soma de duas funções 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) e 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧) em 𝐴 e é igual á soma


dos integrais de cada uma delas no mesmo domínio 𝐴:

∭[𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) ± 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧)] 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧


𝐴

= ∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 ± ∭ 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.


𝐴 𝐴

2. Para 𝑘 ∈ ℝ,

∭ 𝑘 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = 𝑘 ∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.


𝐴 𝐴

3. Se o domínio de integração 𝐴 esta dividido em dois domínios 𝐴1 e 𝐴2 tais que 𝑖𝑛𝑡𝐴1 ∩


𝑖𝑛𝑡𝐴2 = ∅, então

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 + ∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.


𝐴 𝐴1 𝐴2

Precisemos agora o que se entende por domínio regular:


Definição 7: Um conjunto 𝐴 ⊂ ℝ3 é domínio regular-se:

a) A sua superfície fronteira é cortada em apenas dois pontos por qualquer recta
vertical que passe por um ponto interior;
b) A sua projeção sobre o plano 𝑋𝑂𝑌 constitui um plano regular como em a) (convexo);
c) Qualquer parte de 𝐴 que se obtenha por secção de planos paralelos a qualquer dos
planos coordenados, verifica as propriedades a) e b).
28

Cálculo de integrais triplos

Consideremos, então ∭𝐴 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 em que 𝐴 é um subconjunto regular de ℝ3 .

Suponhamos que 𝐴 é limitado por uma superfície 𝑆 cuja equação, na sua parte superior é 𝑧 =
𝜑(𝑥, 𝑦) e, na inferior, 𝑧 = 𝜓(𝑥, 𝑦) cuja projeção no plano 𝑋𝑂𝑌 é a regiao limitada 𝑄.

Nestas condições

𝜑(𝑥,𝑦)

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∬ [ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑧] 𝑑𝑥𝑑𝑦.


𝐴 𝑄 𝜓(𝑥,𝑦)

Isto é, a primeira integração é feita em relação a 𝑧, reduzindo-o a um integral duplo sobre a


projeção 𝑄, o qual pode ser resolvido pelo método já exposto.

Exemplo:

2 𝑥 𝑦 2 𝑥 2 𝑥
𝑦
𝑧2 𝑦3
∫ ∫ ∫(𝑥𝑦𝑧)𝑑𝑧𝑑𝑦𝑑𝑥 = ∫ ∫ 𝑥𝑦 [ ] 𝑑𝑦𝑑𝑥 = ∫ ∫ 𝑥 𝑑𝑦𝑑𝑥
2 0 2
0 0 0 0 0 0 0

2 𝑥 2
𝑥 𝑦4 1 4
= ∫ [ ] 𝑑𝑥 = ∫ 𝑥 5 𝑑𝑥 = .
2 4 0 8 3
0 0

Aplicações dos integrais triplos


Os integrais triplos podem ser utilizados para calcular volumes, massas, centros de massa,
momentos de inércia e outros conceitos físicos relacionados com sólidos.

Se 𝑆 é um solido, o seu volume 𝑉 é dado por

𝑉 = ∭ 1 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.
𝑆

Se o sólido se supõe com densidade 𝑓(𝑥; 𝑦; 𝑧) em cada um dos seus pontos (𝑥; 𝑦; 𝑧) (massa
por unidade de volume), a sua massa 𝑀 é dada por
29

𝑀 = ∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧,
𝑆

e o respetivo centro de massa ser· o ponto (𝑥̅ , 𝑦̅, 𝑧̅) em que

1
𝑥̅ = ∭ 𝑥 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧,
𝑀
𝑆

e de modo análogo para 𝑦̅, 𝑧̅.

O momento de inércia 𝐼𝑥𝑦 em relação ao plano 𝑋𝑂𝑌 é definido por

𝐼𝑥𝑦 = ∭ 𝑧 2 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧.


𝑆

O momento inércia 𝐼𝐿 em relação a recta 𝐿 é definido por

𝐼𝐿 = ∭ 𝛿 2 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧,


𝑆

em que 𝛿 2 (𝑥, 𝑦, 𝑧) representa a distância de um ponto genérico (𝑥, 𝑦, 𝑧) de 𝑆 a recta 𝐿.

Mudança de coordenadas em integrais triplos


A semelhança do que fizemos com os integrais duplos, consideremos um domínio 𝐷 ⊂ ℝ3 ,
limitado, onde estão definidas novas variáveis 𝑢, 𝑣 e 𝑤 (funções de 𝑥, 𝑦 e 𝑧) pelas igualdades

𝑢 = Φ1 (𝑥, 𝑦, 𝑧), 𝑣 = Φ2 (𝑥, 𝑦, 𝑧), 𝑤 = Φ3 (𝑥, 𝑦, 𝑧),

Sendo 𝑢, 𝑣 e 𝑤 funcoes bijectivas continuas num domínio 𝐷´ transformado de D.

Nestas condições temos que

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∭ 𝑓(𝑢, 𝑣, 𝑤) |𝐽(𝑢, 𝑣, 𝑤)|𝑑𝑢𝑑𝑣𝑑𝑤,


𝐷 𝐷´

Com
30

𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
| 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 |
𝜕𝑣 𝜕𝑣 𝜕𝑣
𝐽(𝑢, 𝑣, 𝑤) =
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
| 𝜕𝑤 𝜕𝑤 𝜕𝑤 |
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧

O jacobiano da transformação dada.

Coordenadas cilíndricas

Um ponto que em coordenadas cartesianas é dado por (𝑥, 𝑦, 𝑧), ser· escrito em coordenadas
cilíndricas da seguinte forma: o 𝑥 e o 𝑦 serão substituídos pelas suas coordenadas polares, e
mantem-se o 𝑧 inalterado.

Isto é, definimos as aplicações

𝑥 = 𝜌 cos 𝜃, 𝑦 = 𝜌 sem 𝜃, 𝑧 = 𝑧

Neste caso o jacobiano será

𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥
| 𝜕𝜌 𝜕𝜃 𝜕𝑧 |
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑦 cos 𝜃 −𝜌 sin 𝜃 0
𝐽= = |sen 𝜃 𝜌 cos 𝜃 0| = 𝜌.
𝜕𝜌 𝜕𝜃 𝜕𝑧
| 𝜕𝑧 0 0 1
𝜕𝑧 𝜕𝑧 |
𝜕𝜌 𝜕𝜃 𝜕𝑧

Então

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧 = ∭ 𝑓(𝜌 cos 𝜃 , 𝜌 sen 𝜃 , 𝑧) 𝜌 𝑑𝜌𝑑𝜃𝑑𝑧.


𝐷 𝐷´

Observações: Para obtermos aplicações injetivas deve-se fazer 𝜌 ≥ 0 e 𝜃 ∈ [0,2𝜋[.

As coordenadas cilíndricas sao utilizadas, sobretudo, quando o domínio D tem simetria axial.

O jacobiano anula-se quando 𝜌 = 0, mas isso não afecta a validade da formula, porque o
conjunto de pontos com 𝜌 = 0 tem medida nula.
31

Coordenadas esféricas

Um ponto (𝑥, 𝑦, 𝑧) em coordenadas cartesianas, é dado em coordenadas esféricas pelas relações


𝑥 = 𝜌 sen 𝜑 cos 𝜃, 𝑦 = 𝜌 sen 𝜑 sen 𝜃, 𝑧 = 𝜌 cos 𝜑,

Sendo:

• ρ a distância do ponto à origem;


• 𝜑 o angulo que a recta que une o ponto à origem faz com o eixo 𝑂𝑍;
• 𝜃 o angulo formado com a parte positiva do eixo 𝑂𝑋 e pela recta que une à projecao do
ponto plano 𝑋𝑂𝑌.

Para se obterem aplicacoes injectivas faz-se


𝜌 ≥ 0, 𝜑 ∈ [0,2𝜋[.

Graficamente

Figura 8

O determinante jacobiano é

𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥
| 𝜕𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝜃 |
sen 𝜑 cos 𝜃 𝜌 cos 𝜑 cos 𝜃 −𝜌 sen 𝜑 sen 𝜑
𝜕𝑦 𝜕𝑦 𝜕𝑦
𝐽(𝜌, 𝜑, 𝜃) = = | sen 𝜑 sen 𝜃 𝜌 cos 𝜑 sen 𝜃 𝜌 sen 𝜑 cos 𝜃 |
𝜕𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝜃 cos 𝜑 −𝜌 sen 𝜑 0
| 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑧 |
𝜕𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝜃

= −𝜌2 sen 𝜑.

Como 𝜑 ∈ [0, 𝜋] logo sem 𝜑 ≥ 0 e |𝐽| = 𝜌2 sem 𝜑.

Então
32

∭ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦𝑑𝑧
𝐷

= ∭ 𝑓(𝜌 sen 𝜑 cos 𝜃 , 𝜌 sen 𝜑 sen 𝜃 , 𝜌 cos 𝜑) 𝜌2 sen 𝜑 𝑑𝜌𝑑𝜑𝑑𝜃.


𝐷´

Embora o jacobiano se anule quando 𝜌 = 0 ou 𝜑 = 𝜋, a fórmula de mudança de variáveis é


ainda valida porque o conjunto de pontos onde tal se verifica tem medida nula.

• As coordenadas esféricas utilizam-se sobretudo quando o domínio de integração 𝐷 é


simétrico em relação a um ponto (centro de simetria).
• As superfícies 𝜌 = 𝑘 são esferas centradas na origem.
• As superfícies 𝜃 = 𝑘 são planos verticais contendo eixo 𝑂𝑍.

As superfícies 𝜑 = 𝑘 são cones circulares com o eixo de simetria coincidente com o eixo 𝑂𝑍.
O exemplo seguinte pode ser considerado como uma demostração para a fórmula conhecida do
volume de uma esfera:
A equação da superfície esférica é dada por 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 𝑟 2 , sendo a sua projeção no plano
𝑋𝑂𝑌 uma circunferência de equação 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑟 2 . Como o sólido tem simetria em relação à
origem, pode utilizar-se coordenadas esféricas e calcular o volume apenas num octante:

2 2 2
𝑟 √𝑟 2 −𝑥 2 √𝑟 −𝑥 −𝑦

𝑉 = 8∫ ∫ ∫ 𝑑𝑧𝑑𝑦𝑑𝑥
0 0 0

𝜋 𝜋 𝜋
𝑟 2 2 𝑟 2

= 8 ∫ ∫ ∫ 𝜌2 sem 𝜑 𝑑𝜑𝑑𝜃𝑑𝜌 = ∫ ∫ 𝜌2 𝑑𝜃𝑑𝜌


0 0 0 0 0

𝑟
𝜋 4
= ∫ 𝜌2 𝑑𝜃𝑑𝜌 = 𝜋𝑟 3 .
2 3
0

Integrais de Linha ou Curvilíneos

Definição e propriedades
Seja 𝐼 = [𝑎, 𝑏]
33

Definição 8:

a) Uma função 𝛼: 𝐼 → ℝ𝑛 continua em 𝐼, diz-se uma linha continua de ℝ𝑛 ;


b) 𝛼 é linha regular se a derivada de 𝛼´ existe e é continua num intervalo ]𝑎, 𝑏[;
c) 𝛼 é a linha seccionalmente regular (regular por intervalos) se se pode fazer uma
partição de [𝑎, 𝑏] num número finito de subintervalos e, em cada um deles, 𝛼 é regular.
Exemplo:

Figura 9

Esta curva admite tangente (derivada) em todos os pontos excepto num número finito de pontos
(bicos).
Definição 9:

Seja 𝛼: [𝑎, 𝑏] → ℝ𝑛 uma linha seccionalmente regular e seja 𝑓 uma função vectorial e limitada
sobre gráfico de 𝛼, 𝐶.

∫ 𝑓 𝑑𝛼 𝑜𝑢 ∫ 𝑓 ∙ 𝑑𝛼 𝑜𝑢 ∮ 𝑓 𝑑𝛼 (𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠)


𝐶 𝐶

Define-se

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∫ 𝑓[𝑎(𝑡)] ∙ 𝛼´(𝑡)𝑑𝑡.
𝐶 𝑎

Quando 𝑓 e 𝛼 se exprimem em função das suas componentes (𝑓1 , … , 𝑓𝑛 ) e 𝛼 = (𝛼1 , … , 𝛼𝑛 )


temos

𝑛 𝑏

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∑ ∫ 𝑓𝑘 [𝑎(𝑡)] ∙ 𝛼𝑘 ´(𝑡)𝑑𝑡.
𝐶 𝑘=1 𝑎

Neste caso o integral de linha também se pode escrever


34

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∫ 𝑓1 𝑑𝛼1 + ⋯ + ∫ 𝑓𝑛 𝑑𝛼𝑛 .
𝐶 𝐶 𝐶

Algumas propriedades dos integrais de linha são semelhantes às dos integrais de Riemann.

1. Linearidade do integral (em relação à função integrada)

∫ (𝑘1 𝑓 + 𝑘2 𝑔)𝑑𝛼 = 𝑘1 ∫ 𝑓 𝑑𝛼 + 𝑘2 ∫ 𝑔 𝑑𝛼 .
𝐶 𝐶 𝐶

2. Aditividade do integral:

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∫ 𝑓 𝑑𝛼,
𝐶 𝐶1 𝐶1

Onde 𝐶 = 𝐶1 ∪ 𝐶2 , isto é, a curva 𝐶 é definida pela função 𝛼(𝑡) no intervalo [𝑎, 𝑏] e 𝐶1 e 𝐶2 ,


definidas por 𝛼(𝑡) com 𝑡 varia em [𝑎, 𝑐] e [𝑐, 𝑏] para 𝑎 < 𝑐 < 𝑐.

Sejam: 𝛼(𝑡) uma linha continua definida em [𝑎, 𝑏], 𝑢 uma função real de variável real com
𝑢´(𝑥) ≠ 0, ∀𝑥 ∈ [𝑐, 𝑑] e 𝑢([𝑐, 𝑑]) = [𝑎, 𝑏].

Então a função 𝛽 definida em [𝑐, 𝑑] por 𝛽(𝑥) = 𝛼[𝑢(𝑥)]é uma linha continua com o mesmo
gráfico de 𝛼.

• Duas linhas 𝛼 e 𝛽 assim relacionada dizem-se linhas equivalentes proporcionam


representações paramétricas distintas da mesma curva.
• A função 𝑢 define a mudança de parâmetro.
• Seja 𝐶 o gráfico comum de duas linhas equivalentes, 𝛼 e 𝛽.
• Se 𝑢´(𝑥) > 0, ∀𝑥 ∈ [𝑐, 𝑑], 𝑢 preserva a orientação, isto é, 𝛼 e 𝛽 correspondem a 𝐶 com
sentidos opostos.

Teorema 7: (Comportamento de um integral curvilíneo sob uma mudança de parâmetro) Se 𝛼


e 𝛽 são o duas linhas seccionalmente regulares, então tem-se:

a) Se 𝛼 e 𝛽 originam 𝐶 com mesmo sentido

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∫ 𝑓 𝑑𝛽;
𝐶 𝐶
35

b) Se 𝛼 e 𝛽 correspondem a 𝐶 com sentidos opostos

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = − ∫ 𝑓 𝑑𝛽.
𝐶 𝐶

Demo: A demonstração faz-se apenas para linhas regulares. Para linhas seccionalmente
regulares, basta decompor o intervalo e utilizar a aditividade em relação á linha.

As linhas 𝛼 e 𝛽 estão relacionadas por 𝛽(𝑥) = 𝛼[𝑢(𝑥)], com 𝑢 definida em [𝑐, 𝑑] e 𝛼 em [𝑎, 𝑏].

Então 𝛽´(𝑥) = 𝛼´[𝑢(𝑥)] 𝑢´(𝑥), pelo que

𝑑 𝑑

∫ 𝑓 𝑑𝛽 = ∫ 𝑓[𝛽(𝑥)] ∙ 𝛽´(𝑥) 𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝛼[𝑢(𝑥)]) ∙ 𝛼´[𝑢(𝑥)] 𝑢´(𝑥) 𝑑𝑥.


𝐶 𝑐 𝑐

Fazendo, no último integral, a substituição 𝑣 = 𝑢(𝑥) e 𝑑𝑣 = 𝑢´(𝑥)𝑑𝑥 obtém-se

𝑢(𝑑) 𝑏

∫ 𝑓 𝑑𝛽 = ∫ 𝑓[𝛼(𝑣)] ∙ 𝛼´(𝑣) 𝑑𝑣 = ± ∫ 𝑓[𝛼(𝑣)] ∙ 𝛼´(𝑣) 𝑑𝑣


𝐶 𝑢(𝑐) 𝑎

= ± ∫ 𝑓 𝑑𝛼,
𝐶

utilizando-se o sinal + se 𝑢(𝑐) = 𝑎 e 𝑢(𝑑) = 𝑏 e o sinal – se 𝑢(𝑑) = 𝑎 e 𝑢(𝑐) = 𝑏.

No primeiro caso 𝛼 e 𝛽 originam 𝐶 com o mesmo sentido, o segundo com sentido oposto.

Integrais de linha em relação ao comprimento de arco


Seja 𝛼 ∈ 𝐶 1 ([𝑎, 𝑏]). Então o gráfico de 𝛼 é uma curva retificável.

Se designarmos por 𝑑𝑠 o comprimento do arco 𝛼 então 𝑑𝑠 = ‖𝛼´(𝑡)‖ = 𝑠´(𝑡).

Definição 10: Seja 𝑓: ℝ𝑛 → ℝ definida em e limitada em 𝐶 (gráfico de 𝛼). O integral de linha


de 𝑓 com respeito ao comprimento de arco ao longo de 𝐶, define-se por

𝑏 𝑏

∫ 𝑓 𝑑𝑠 = ∫ 𝑓[𝛼(𝑡)] ∙ 𝑠´(𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ 𝑓[𝛼(𝑡)] × ‖𝛼´(𝑡)‖ 𝑑𝑡,


𝐶 𝑎 𝑎
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sempre que o integral do 2º membro exista.

Aplicação do integral de linha


Trabalho de uma força

Considere-se uma partícula que se move ao longo de uma curva 𝛼 sob a acção de uma força 𝑓.

Se a curva 𝛼 é seccionalmente regular, o trabalho produzido por 𝑓 define-se através da integral


de linha ∫ 𝑓 ∙ 𝑑𝑎.

Exemplo: O trabalho produzido por uma fora constante 𝑓 = 𝑘, ao deslocar uma partícula de
um ponto a para um ponto b; ao longo de qualquer trajetória seccionalmente regular unindo 𝑎 e
𝑏é

𝑘 ∙ (𝑏 − 𝑎).

Demo: Seja 𝑎 = (𝑎1 , … , 𝑎𝑛 ), com 𝑡 ∈ [𝑡0 , 𝑡1 ], uma linha unindo e 𝑏, isto é, 𝛼(𝑡0 ) = 𝑎 e
𝛼(𝑡1 ) = 𝑏, e 𝑘 = (𝑘1 , … , 𝑘𝑛 ).

Admitindo que 𝛼´é continua em [𝑎, 𝑏], o trabalho realizado por 𝑓 é

𝑛 𝑡1 𝑛

∫ 𝑓 𝑑𝛼 = ∑ 𝑘𝑖 ∫ 𝛼´𝑖 (𝑡)𝑑𝑡 = ∑ 𝑘𝑖 [𝛼𝑖 (𝑡1 ) − 𝛼𝑖 (𝑡0 )]


𝑖=1 𝑡0 𝑖=1

= 𝑘 ∙ [𝛼(𝑡1 ) − 𝛼(𝑡0 )] = 𝑘 ∙ (𝑏 − 𝑎).

Observação: Se a força é constante, o trabalho depende apenas dos extremos 𝑎 e 𝑏 e não da


curva que os une (campo conservativo).
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Conclusão

Ao longo do presente trabalho exploramos os conceitos fundamentais e as aplicações das


integrais múltiplas e das integrais linhas em diferentes áreas. Demostramos que essas
ferramentas são essências para analise e resolução de problemas complexos em espaços de
dimensões superiores e ao longo de trajetórias curvilíneas.

Por meio de integrais múltiplas pudemos compreender como calcular volumes e áreas, alem de
explorar suas aplicações. Desta mesma forma ao investigar as integrais de linha, adquirimos
uma compreensão, mas profunda sobre como calcular quantidades de trabalho.

Em suma esse trabalho serviu para destacar a relevância das integrais múltiplas e das integrais
de linha na resolução de problemas complexos, ao mesmo tempo que demonstrou a diversidade
de aplicação desses conceitos em diferentes áreas do conhecimento.
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Bibliografia

MINHÓS Feliz, Análise Matemática II, ECTS;

Diana Aldea Mendes & Rosário Laureano, Análise Matemática II (Caderno 1 : Integrais Duplos
e Integrais de Linha), IUL, Lisboa, 2001;

ZILL, Dennis. Cálculo com Geometria Analítica. São Paulo: LTC, 2009;

STEWART, James. Cálculo: volume 2. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

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