Jurisprudência Sobre o Tema 2

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2022.0000987689

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 3007015-03.2022.8.26.0000 e código vkfSuRkn.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


3007015-03.2022.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante
JEFERSON FRANCISCO BATISTA DA SILVA, são agravados CAMILA
BATISTA DOS SANTOS (MENOR(ES) REPRESENTADO(S)), FLÁVIA
BATISTA DOS SANTOS (MENOR(ES) REPRESENTADO(S)) e ARTUR
SANTOS BATISTA DA SILVA (MENOR(ES) REPRESENTADO(S)).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VITO JOSE GUGLIELMI, liberado nos autos em 30/11/2022 às 18:02 .
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores COSTA NETTO


(Presidente) E MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES.

São Paulo, 30 de novembro de 2022.

VITO GUGLIELMI
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
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VOTO Nº 55.412

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 3007015-03.2022.8.26.0000

RELATOR : DESEMBARGADOR VITO GUGLIELMI


AGRAVANTE : JEFERSON FRANCISCO BATISTA DA SILVA
AGRAVADA : CAMILA BATISTA DOS SANTOS E OUTRO
COMARCA : SÃO PAULO / JABAQUARA 3ª VARA DE FAMÍLIA E
SUCESSÕES

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ALIMENTOS. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE
FIXOU ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM FAVOR DE
TRÊS FILHOS MENORES. INCONFORMISMO
MANIFESTADO. PRETENDIDA A REDUÇÃO.
CABIMENTO. ACERVO COGNOSCITIVO QUE INDICA
EXAGERO NA FIXAÇÃO. ALIMENTANTE QUE SE
ENCONTRA DESEMPREGADO E PERCEBE
REMUNERAÇÃO DE BAIXA MONTA PELAS
ATIVIDADES INFORMAIS QUE REALIZA. ADEMAIS,
AGRAVANTE QUE POSSUI OUTROS DOIS FILHOS
MENORES. PERIGO DE DANO. IRREPETIBILIDADE
DA VERBA ALIMENTAR. RAZOABILIDADE DA
MINORAÇÃO. DECISÃO REFORMADA. RECURSO
PROVIDO.

1. Trata-se de recurso de agravo de instrumento tirado


de ação de guarda, regulamentação de visitas e alimentos contra decisão que fixou
alimentos provisório em benefício de filho menor, no montante equivalente a 30%

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do rendimento líquido ou de 50% do salário mínimo, sendo este o piso mínimo em


caso de trabalho com vínculo empregatício.

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O recorrente alega que não possui condições
financeiras de arcar com os alimentos provisórios no patamar estabelecido, uma
vez que se encontra desempregado, tendo deixado a prisão há cinco meses, fator
que dificulta a obtenção de emprego, além de ter sido diagnosticado com câncer de
tireoide há cinco anos, submetendo-se a sessões de quimioterapia, radioterapia e
cirurgia na região do pescoço e necessitando de acompanhamento periódico com
endocrinologista e cardiologista. Informa que atualmente auxilia o pai como
ajudante em serviços de “carreto”, auferindo em torno de R$ 700,00 de

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rendimentos. Destaca que ainda possui mais dois filhos (além dos três agravados),
contribuindo com valor variável para seu sustento. Menciona jurisprudência a seu
favor. Conclui pela reforma.

Não foram concedidos o efeito suspensivo e o efeito


ativo para minorar a pensão alimentícia para 33% do salário mínimo (fl. 10).

Não houve contrariedade ao recurso (fl. 16).

É o relatório.

2. Preliminarmente, consigno que é caso de se


dispensar, por ora, a manifestação da Douta Procuradoria Geral de Justiça, por se
tratar de tema interlocutório, de caráter provisório, sem influência no mérito da
demanda e que será reavaliado por ocasião da sentença e da apelação, quando o
Ministério Público terá oportunidade para se manifestar.

Cuida-se de decisão interlocutória que arbitrou


alimentos provisórios em favor dos filhos menores do agravante. A pugnar pela
minoração, sobreveio por parte do genitor o agravo de instrumento ora em apreço
o qual, ressalvado o entendimento em sentido diverso, comporta acolhida.

Nessa senda, impende consignar que, neste juízo


preliminar, o exame não deve voltar-se para a definitiva fixação da verba, que
demanda a observância das garantias ínsitas ao contraditório e ao devido processo
legal e será feita quando do provimento final; mas apenas atentar para o que se
coligiu aos autos, num exercício muito mais circunscrito à avaliação da
verossimilhança das alegações.

Insta ressaltar que os alimentos provisórios se


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prestam à manutenção do alimentando durante o curso do processo.

Nesta fase, não se trata de um juízo definitivo da

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necessidade-possibilidade, com exame detalhado e extenso da prova. Lembre-se
que se trata de cognição sumária, preliminar, feita em razão da unilateral alegação
da parte, o que está a recomendar redobrada cautela na fixação.

Dessa afirmação de natureza eminentemente técnica,


sobrelevam duas circunstâncias a serem ponderadas na fixação do valor atribuído
à verba alimentar provisória.

A primeira de que os alimentos, por seu caráter


provisório, se destinam à subsistência do alimentando por período determinado. A

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segunda de que, justamente por serem fixados no início da demanda, quando a
causa não está madura, recomendam redobrada cautela na fixação e se prendem,
de maneira acentuada, ao espólio cognoscitivo já existente nos autos.

Deve-se ter presente, ainda, que os alimentos, uma


vez arbitrados no provimento definitivo, retroagem à data da citação. Por sua vez,
os alimentos provisórios, se fixados em patamar que posteriormente se revele
excessivo, não poderão, por sua natureza, ser repetidos. Daí por que as decisões
que fixam alimentos provisórios devem atender aos critérios da razoabilidade e da
prudência.

Pois bem.

De início, cumpre consignar ser indiscutível o acerto


da previsão de alimentos provisórios em favor dos menores, uma vez que a
certidão de nascimento (fls. 10/12 dos autos de origem) gera presunção absoluta
da paternidade, não havendo em se discutir se o agravante é, ou não, pai dos
menores.

A decisão agravada merece reparo apenas no


quantum fixado para a pensão.

Insta ressaltar que, nos termos do parágrafo primeiro


do artigo 1.694 do Código Civil, verbis, “os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.”

Quanto aos recorridos, trata-se de menores, contando


atualmente com oito, quatro e dois anos de idade. Descabida, pois, se fazia a

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exigência de prova cabal de sua necessidade de alimentos, havendo o juízo,


apenas, que aferir o valor, em atenção a eventuais fatores exasperantes e, bem, às

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possibilidades do recorrente.

Assim:

“O dever de prestar alimentos aos filhos menores


impúberes independe da demonstração da
necessidade, cabendo ao Juiz, diante das
circunstâncias, promover a instrução para que
sejam abertos os caminhos para a prestação dos
alimentos possíveis.” (STJ REsp 241.832/MG

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Terceira Turma Rel. Min. Menezes Direito j.
17.06.03).

Quanto às possibilidades financeiras do alimentante, o


recorrente se encontra desempregado, realizando atividades informais.

Além disso, o agravante possui outros dois filhos


menores (fls. 50/51 dos autos de origem), que dele também dependem
financeiramente.

Deste modo, parece ser mesmo indevida a fixação de


50% do salário mínimo. Há que se considerar que uma elevada pensão alimentícia
pode vir a comprometer a subsistência do alimentante.

Daí que, desatendendo a decisão agravada ao critério


de razoabilidade e prudência que informa o juízo preliminar, parece mesmo estar
em termos de receber reparo.

Nesse sentido, o valor dos provisórios,


exclusivamente para tal hipótese, comporta mesmo ajuste, reduzindo-se a
obrigação alimentar para 33% do salário mínimo.

Não se quer dizer com isto, fique bem claro, que o


recorrente não possa ou não deva arcar com o pagamento de alimentos em maior
quantia. O que se afirma, é que no juízo preliminar, o exame não deve se voltar
para a definitiva fixação, nem se basear em critérios outros que não aqueles
objetivamente colacionados, sob pena de inobservância do contraditório e do
devido processo legal.

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Daí a redução dos alimentos provisórios devidos pelo


requerido, à quantia correspondente a 33% do salário mínimo.

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Nada mais é preciso dizer.

3. Nestes termos, dá-se provimento ao recurso.

Vito Guglielmi

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Relator

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