Amamentação

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Enfermagem II - Márcia Conceição

Amamentação

Ocitocina: Hormona responsável pela contração do útero e ejeção do leite


Prolactina: Hormona responsável pela produção de leite

Fatores que ajudam ou dificultam o reflexo para a produção de ocitona :


 Ansiedade, dor e dúvidas
✓ Contacto visual com a criança
✓ O som da criança
✓ Impulso sensorial do mamilo

Vantagens do leite materno e sua composição


O leite materno além de alimentar o bebê e ser rico em todos os nutrientes de que o bebê necessita para crescer
forte e saudável, também tem células de defesa do organismo, chamadas de anticorpos, que passam da mãe para o
bebê, o que aumenta as defesas do bebê evitando que fique doente facilmente.

Para a mãe...
→ Facilita o retorno à condição não gravídica;
→ Diminui o risco de: hemorragia pós-parto, depressão pós-parto, anemia e osteoporose, cancro da mama,
útero e ovários;
→ Permite o aumento do intervalo entre as gestações;
→ Favorece a vinculação mãe/ filho;
→ Aumenta a autoestima da mulher.

Para o recém-nascido...
→ Favorece a maturação do trato gastrointestinal;
→ Contém fatores imunológicos que contribuem para uma menor incidência de diarreias, doença celíaca e
doença de Crohn;
→ Proporciona efeitos protetores contra alergias e protege o recém-nascido da otite média, doença
respiratória e pneumonia;
→ Diminui o risco de ocorrência da síndrome de morte súbita, de cancro na infância e de diabetes tipo I;
→ Proporciona uma melhor resposta dos anticorpos às vacinas.

Colostro: entre o 1º e o 3º dia pós-parto (proteínas e anticorpos);


Leite de transição: entre o 3º e o 14º dia pós-parto (proteínas, lípidos e cálcio);
Leite maduro: após o 14º dia pós-parto (completo);

Amamentação - “Qual, Quando e Quanto”?

“Qual?”
• A OMS recomenda o aleitamento materno como:
o alimento exclusivo até aos 6 meses de vida do recém-nascido;
o alimento básico dos 6 aos 12 meses;
o manutenção da amamentação até aos 2 anos de vida ou mais.
• Duração média da mamada pode ir até aos 30 minutos (aproximadamente entre 8 a 12 mamadas por dia);
• O intervalo entre as mamadas vai passando de curtos para de 2/ 2 ou 3/ 3 horas (dia) e de 4/ 4 ou 5/ 5 horas
(noite) e o padrão de sucção evolui de 3 a 5 sucções seguidas de deglutição nas primeiras mamadas, para 10
a 30 sucções seguidas de deglutição em 1 ou 2 dias.

“Quando”?
• Ainda na sala de partos durante a 1ª meia hora de vida;
• Proporcionar alojamento conjunto;
• Não é preciso ter pressa.

“Quanto”?
• 1º dia: 10 ml
• 2º dia: 15 ml

Posicionamento
→ Deve ser confortável para a mãe e para o recém-nascido;
→ O recém-nascido deve estar calmo e alerta;
→ A mãe deve estar relaxada e bem posicionada;
→ O recém-nascido deve permanecer com o correto alinhamento do corpo;
→ Apoio em bola de râguebi (puérpera sentada, segurando o recém-nascido lateralmente por baixo do seu
braço);
→ Embalar (puérpera sentada com o recém-nascido voltado para si);
→ Deitada de lado;
→ Criança sentada;
→ O corpo do recém-nascido deve permanecer de frente para a mãe, (rosto de frente para a mama), e próximo
dela, (abdómen contra abdómen), mantendo o alinhamento da cabeça e membros;
→ É o recém-nascido quem se dirige à mama e não a mama ao recém-nascido, sendo deslocado em bloco;
→ Os dedos da mãe devem manter-se afastados da aréola.

Pega
→ O queixo do recém-nascido toca a mama;
→ A boca permanece bem aberta e os bordos dos lábios virados para fora;
→ As bochechas encontram-se arredondadas ou achatadas contra a mama;
→ Vê-se apenas uma parte muito pequena da aréola;
→ As sucções são lentas e profundas, e a mãe pode ouvir o recém-nascido deglutir;
→ A língua do recém-nascido assume a forma de cálice em redor da aréola e do mamilo;
→ As narinas do recém-nascido permanecem livres;
→ A mãe não sente dor no mamilo (só umas “fisgadas” no início);
→ O mamilo surge alongado e redondo no final da mamada.

Problemas lactação/ amamentação


▪ Mamilo raso/ invertido, doloroso ou fissurado
▪ Ingurgitamento mamário
▪ Mastite
▪ Baixa produção de leite

Tipos de mamilos:
 Protusos ou normais: facilmente protáteis;
 Planos: pouco protáteis;
 Compridos: maior risco de fissuras pela pega inadequada;
 Invertidos: protatilidade ausente.

Mamilo raso/ invertido, doloroso ou fissurado (a solução passa por...)


➢ Correto posicionamento e pega;
➢ Lavagem das mamas apenas durante a higiene diária;
➢ Aplicação de leite materno no mamilo e aréola após as mamadas, secando ao ar/ sol;
➢ Utilizar com moderação protetores de mamilos;
➢ Utilização de soutien de algodão com alça larga;
➢ Interrupção adequada da mamada;
➢ Preferência pela extração manual do leite, se necessário.

Ingurgitamento mamário
O ingurgitamento mamário envolve 3 elementos:
− Aumento da congestão e vascularização;
− Acúmulo de leite materno;
− Edema secundário à obstrução da drenagem linfática.
Pode ser classificado, consoante a sua localização, em 2 tipos:
− Areolar: impossibilita a pega da mama, causa dor intensa e não permite o esvaziamento dos seios
galactíferos e consequente extração de leite na mamada;
− Periférico: carateriza-se pelo aumento da vascularização e edema, podendo estender-se até às axilas.

A solução passa por…


➢ Antes da mamada aplicar compressas quentes ou chuveiro com água morna, massajando suavemente a pele
com movimentos circulares em relação ao mamilo;
➢ Se as mamas se encontrarem muito tensas extrair um pouco de leite antes da mamada, iniciando a mamada
pela mama mais cheia;
➢ Extrair o restante leite da mama no final da mamada, recorrendo, se necessário, à extração com bomba
elétrica;
➢ No final, aplicar compressas frias ou gelo protegido por 5 minutos, suspendendo por 2 minutos, voltando a
aplicar por mais 5 minutos;

Mastite
• A mastite é uma infeção bacteriana de um ou mais segmentos da mama, sendo a porta de entrada dos
agentes infeciosos, na maioria dos casos, as fissuras mamilares. Pode ser adquirida ainda no hospital,
durante o puerpério imediato.
Os fatores predisponentes: fadiga, stress...
Agentes microbianos mais comuns: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Streptococcus...
Ingurgitamento mamário Vs Mastite

Baixa produção de leite


• São apenas 2 os sinais de certeza de que o recém-nascido não está a receber leite suficiente:
o Não aumento ponderal, (inferior a 500 g/ mês);
o Baixo débito de urina e urina concentrada, (menos de 6 micções/ dia e/ ou cor amarela com cheiro
forte).
A solução passa por…
➢ Aumentar a frequência e a duração das mamadas, bem como o contacto visual e pele/ pele entre a mãe e o
recém-nascido;
➢ Observar e corrigir (SOS), a pega da aréola para uma sucção mais eficaz;
➢ Oferecer as duas mamas na mesma mamada diversas vezes cada uma, estimulando a produção de leite;
➢ Administrar o menos possível suplementos de leite artificial e só após as mamas estarem vazias;
➢ Incentivar a mãe a descansar e relaxar o máximo possível de forma a aumentar o fluxo de leite;
➢ Aumentar a ingestão hídrica.

As causas mais comuns do choro no recém-nascido são:


− Cólicas;
− Calor/ frio;
− Roupas desconfortáveis;
− Sujidade;
− Algumas substâncias presentes no leite materno;
− Dor ou doença;
− Fome (técnicas erradas de amamentação que não permitem os volumes suficientes de leite).

Cuidados a ter com as mamas


• Orientar a puérpera a interromper a mamada colocando um dedo entre as gengivas do recém-nascido,
quebrando a sucção do mesmo;
• No final da mamada recolher uma última gota de leite e espalhar pelo mamilo e aréola. Deixar secar ao ar ou
ao sol;
• Utilizar um soutien próprio para amamentação;
• Da higiene das mamas faz parte o banho diário, não devendo ser usadas substâncias agressivas como: sabão
ou sabonetes, álcool, pomadas, etc. Não é necessário limpar os mamilos antes de cada mamada, sendo a
manipulação excessiva prejudicial para a aréola e mamilo.

Remoção do leite materno


• Alívio do ingurgitamento mamário e auxílio do recém-nascido a pegar na mama cheia;
• Libertação de um ducto bloqueado e consequente alívio da estase de leite;
• Alimentação do recém-nascido enquanto ele aprende a mamar num mamilo invertido;
• Alimentação do recém-nascido de baixo peso que não consegue mamar;
• Manutenção da lactação no período em que mãe e recém-nascido se encontram separados;
• Aumento da produção de leite.

As recomendações gerais para a extração do leite materno são:


− Utilização de medidas higiénicas, independentemente do método utilizado (das mãos, dos recipientes de
armazenamento, das bombas extratoras, etc.);
− Conservação do leite extraído em recipientes de plástico ou vidro, devidamente identificados, (data e hora),
durante 24 horas no frigorífico e durante 3 meses no congelador;
− Proteção do mamilo e aréola com colostro.

Contraceção durante a amamentação


A escolha dos contracetivos hormonais varia se:
♦ Se não amamenta exclusivamente à mama: pílula combinada;
♦ Se amamenta exclusivamente à mama: pílula/ implante com progestativo.

Amamentação e patologia associada


Hepatite A e B: aleitamento materno mantido desde que ao recém-nascido seja administrada a imunoglobulina;
Hepatite C: aleitamento materno não mantido pelo risco de contaminação superior ao benefício;
SIDA: está contraindicado o aleitamento materno;
Mãe em tratamento com citostáticos: está contraindicado o aleitamento materno;
Mãe em tratamento com antibioterapia: ponderar caso a caso com Pediatra.

Decisão de não amamentar/ legislação


Artigo 14. - Dispensas para consultas e amamentação
1 — As trabalhadoras grávidas têm direito a dispensa de trabalho para se deslocarem a consultas pré-natais
pelo tempo e número de vezes necessários e justificados.
2 — A mãe que, comprovadamente, amamenta o filho tem direito a ser dispensada em cada dia de trabalho
por dois períodos distintos de duração máxima de uma hora para o cumprimento dessa missão, durante todo o
tempo que durar a amamentação.
3 — No caso de não haver lugar a amamentação, a mãe ou o pai trabalhador tem direito, por decisão
conjunta, à dispensa referida no número anterior para aleitação até o filho perfazer um ano.
4 — No caso de trabalho a tempo parcial, a duração das dispensas referidas nos números anteriores será
reduzida na proporção do período normal de trabalho desempenhado.
5 — O direito à dispensa do trabalho nos termos do presente artigo efetiva-se sem perda de remuneração e
de quaisquer regalias.
Notas Importantes:
• Durante a amamentação, a produção de testosterona e estrogénio é baixa.
• Para haver uma maior produção de leite, deve haver: mais descanso, mais ingestão de água e mais
mamadas.
• Se a mama tiver demasiado cheia que o bebé não reconheça a mama, devemos retirar primeiro o excesso
com a bomba e só depois dar de mamar.
• Se o bebé não pegar na mama e a mama não tiver leite, aquecer a mama recorrendo ao chuveiro ou através
de compressas para provocar a vasodilatação para a produção de leite.
• Quando nem o calor faz efeito na produção de leite é necessário recorrer a terapêutica médica (ocitocina
por inalação ou por via intramuscular)
• 8 mamadas -> 6 fraldas, normalmente

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