04 Lucas Alves Sarmento Pires Dissertação
04 Lucas Alves Sarmento Pires Dissertação
04 Lucas Alves Sarmento Pires Dissertação
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
Niterói, RJ
2019
LUCAS ALVES SARMENTO PIRES
Niterói, RJ
2019
LUCAS ALVES SARMENTO PIRES
BANCA EXAMINADORA
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Niterói
2019
Dedico este trabalho a Deus por me dar
força e esperança nessa jornada.
AGRADECIMENTOS
O primeiro agradecimento irá para Deus, pois essa trajetória inteira jamais teria
acontecido sem que Ele me guiasse para tal.
Gostaria de agradecer a minha família, em especial, meus pais - Valdinete e Paulo
Roberto - por nunca me desmotivarem, por mais difíceis que as coisas tenham ficado com o
passar dos anos.
Agradeço ao meu orientador, conselheiro e amigo Marcio Babinski por nunca ter
duvidado da minha capacidade e sempre ter me incentivado.
Agradeço também aos professores Carlos Chagas, Jorge Manaia e Vinícius Schott
pela força e ajuda. Em especial, agradeço ao professor Albino Fonseca por ter auxiliado na
técnica histológica.
Agradeço ao staff inteiro da Pós Graduação em Ciências Médicas por terem me dado
a oportunidade de realizar e concluir este trabalho e a CAPES/CNPQ pelo incentivo
financeiro dado. Devo agradecer, também, aos colegas da Radiologia do Hospital
Universitário Antônio Pedro, por terem cedido espaço para a realização de parte desta
dissertação.
Por fim, gostaria de agradecer a todos aqueles que deram apoio direta ou
indiretamente. Espero que saibam o quão foram importantes para a conclusão deste trabalho.
“Dê-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para
reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar,
graça e abundância para falar. Dê-me, Senhor, acerto ao começar,
direção ao progredir e perfeição ao concluir”.
Malnutrition is a global public health problem. Data from the World Health Organization
report that approximately one quarter of children under the age of 5 have some form of
retardation in their growth. Experimental studies demonstrate structural, metabolic and
functional changes in several tissues caused by maternal malnutrition during the gestational
period and during the lactation period. However, there is a lack in the literature regarding the
chronic effects of malnutrition during the lactation period in bone tissue. Thirty-six newborn
Wistar rats were divided into three groups: control group, in which the mother received a
regular commercial diet containing 23% of protein in unlimited amounts; protein-energy
restriction group, in which the dam received a commercial diet containing 8% of protein in
unlimited amounts; the energy restricted group, in which the dam received a commercial diet
containing 23% of protein in limited amounts. After weaning, all rats received the same diet
as the control group until 180 days of age. Then, the rats were euthanized; their skulls were
excised and measured by radiographic images and digital caliper. Subsequently, their skulls
were decalcified with nitric acid (5%) and histological samples were obtained. The thickness
of the skull, the number of empty lacunae and the size of these lacunae were verified. The
ANOVA test was performed, followed by the Newman-Keuls test for comparison purposes. It
was observed that the cranium of the protein-calorie restriction and caloric restriction groups
was smaller in relation to the control group. The histological analysis also demonstrated a
reduced thickness of the nasion and bregma from the protein-calorie restriction group when
compared with the control group. In summary, maternal malnutrition during the lactation
period had long-term effects on the cranial morphology of Wistar rats. These effects could not
be reversed after dietary regulation.
A1 – Altura 1
A2 – Altura 2
A3 – Altura 3
A4 – Altura 4
A5 – Altura 5
C – Grupo controle
C1 – Comprimento 1
C2 – Comprimento 2
C3 – Comprimento 3
C4 – Comprimento 4
C5 – Comprimento 5
C6 – Comprimento 6
C7 – Comprimento 7
L1 – Largura 1
L2 – Largura 2
L3 – Largura 3
L4 – Largura 4
MS – Ministério da Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
RC – Grupo restrição calórica
RPC – Grupo restrição protéico-calórica
vs – Versus
SUMÁRIO
1 JUSTIFICATIVA, p. 14
2 OBJETIVOS, p. 15
2.1 OBJETIVO GERAL, p. 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 15
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, p. 16
3.1 TECIDO ÓSSEO E O CRÂNIO, p. 16
3.2 O ALEITAMENTO MATERNO, p. 17
3.3 A DESNUTRIÇÃO MATERNA E SEUS EFEITOS, p. 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS, p. 20
4.1 CUIDADOS BIOÉTICOS, p. 20
4.2 AMOSTRA E DIETA, p. 20
4.3 EUTANÁSIA, MORFOMETRIA E PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO, p. 23
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA, p. 32
5 RESULTADOS, p. 34
5.1 ANÁLISE MACROSCÓPICA, p. 34
5.2 ANÁLISE MICROSCÓPICA, p. 37
6 DISCUSSÃO, p. 42
7 CONCLUSÕES, p. 46
8 OBRAS CITADAS, p. 47
9 ANEXOS, p. 52
9.1 APROVAÇÃO EM COMITÊ DE ÉTICA, p. 52
9.2 PROTOCOLO DE CONVÊNIO DE PESQUISA, p. 53
9.3 PROTOCOLO DE DOAÇÃO DE MATERIAIS, p. 54
9.4 E-MAIL PARA O COMITÊ DE ÉTICA E CUIDADOS EM ANIMAIS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, p. 55
9.5 RESPOSTA DO COMITÊ DE ÉTICA E CUIDADO EM ANIMAIS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, p. 56
14
1 JUSTIFICATIVA
Apesar das taxas de desnutrição materna terem declinado nas duas últimas
décadas, essa condição ainda prevalece em países de baixa e média renda (Black et al.,
2013). Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que
24.7% das crianças menores de 5 anos possuem retardo no crescimento, enquanto que
15.1% das crianças menores de 5 anos estão desnutridas. Além disso, somente 37% dos
recém-nascidos são amamentados de forma exclusiva até os 6 meses de idade (World
Health Organization, 2014).
Estudos prévios demonstram inúmeras alterações estruturais, metabólicas e
funcionais em diversos sistemas causadas pela desnutrição materna durante o período
gestacional (Confortim et al., 2017; Howie et al., 2012; Mehta et al., 2002) e durante o
período de aleitamento (Babinski et al., 2016; Gautsch et al., 1999; Passos et al., 2000;
Ramos et al., 2000; Schultz et al., 2017).
De modo geral, são numerosos os estudos a respeito da desnutrição materna,
porém, poucos trabalhos avaliaram os efeitos da desnutrição materna durante o período
de lactação. São ainda mais escassos aqueles que avaliam tais efeitos no crânio
(Fernandes et al., 2008; Luna et al., 2016). Ainda, estudos realizados em ossos como o
fêmur, a tíbia e a mandíbula, demonstraram a ação deletéria da desnutrição durante e
após o período de lactação (Alippi et al., 1999; Alippi et al., 2002; Babinski et al., 2016;
Bozzini et al., 2011; Degani Junior et al., 2011; Giglio et al., 1998; Shin et al., 2015).
Logo, a falta de informações na literatura relativas ao crescimento e
desenvolvimento morfológico e estrutural do crânio sob um quadro de desnutrição,
associadas ao enorme significado do estudo dos efeitos da desnutrição materna e suas
consequências para o crescimento fetal motivou a realização desse estudo.
15
2 OBJETIVOS
.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O tecido ósseo é responsável pelo suporte e proteção dos tecidos moles, como o
sistema nervoso e o conteúdo da caixa torácica. Possuem função hematopoiética e
possuem papel essencial na dinâmica do movimento (Junqueira & Carneiro, 2013).
Além disso, os ossos funcionam como depósitos de cálcio, fosfato e outros íons,
tornando-os imprescindíveis para a manutenção da concentração desses íons no corpo
humano (Junqueira & Carneiro, 2013; Tortora & Derrickson, 2014).
O tecido ósseo é composto por osteócitos, osteoblastos, osteoclastos e matriz
óssea (formada essencialmente por íons de cálcio e fosfato). Esta última é responsável
pela rigidez do osso (Junqueira & Carneiro, 2013).
O surgimento do tecido ósseo se dá por meio de duas distintas formas: através da
ossificação intramembranosa, que ocorre no interior de uma membrana conjuntiva ou
através da ossificação endocondral, que parte de um molde de cartilagem hialina. A
ossificação intramembranosa ocorre nos ossos que compõem o neurocrânio, e a
ossificação endocondral ocorre em alguns ossos que compõem o víscerocrânio e em
ossos curtos e longos que compõem o esqueleto apendicular (Junqueira & Carneiro,
2013; Pires et al., 2016; Testut & Latarjet, 1958)
O desenvolvimento dos ossos é dependente de uma relação harmoniosa entre
processos de criação e destruição tecidual. Esse processo é influenciado por diversos
fatores, dentre eles o estímulo hormonal, hábitos de vida e hábitos alimentares (Testut &
Latarjet, 1958; Tritos & Klibanski, 2016; Weaver, 2017).
O crânio humano é formado por um conjunto de 26 ossos, e é dividido em
neurocrânio (8 ossos) e víscerocrânio (14 ossos). O crânio se articula com a primeira
vértebra cervical da coluna vertebral através da articulação atlanto-occipital. Todos os
ossos do crânio, com excessão da mandíbula, articulam-se entre si através de
articulações fibrosas, bastante resistentes e pouco móveis (Testut & Jacob, 1952; Testut
& Latarjet, 1958).
17
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética para o cuidado e uso de animais
experimentais do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro sob o nº CEUA/036/2010 (Anexo 1) e compõe o protocolo de
colaboração científica entre a Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade
Federal Fluminense (Anexos 2 e 3). Não foi necessária nova aprovação em comitê de
ética conforme parecer do Coordenador do Comitê de Ética em Animal da Universidade
Federal Fluminense (Anexos 4 e 5).
O manejo dos animais ocorreu de acordo com os princípios descritos em “The
guide for the care and use of laboratory animals” (Bayne, 1996), “CIOMS Ethical code
for animal experimentation” (Howard-Jones, 1985) e “Use of animals in experimental
surgery” (Schanaider & Silva, 2004).
Dessa maneira, os três grupos foram compostos por 12 filhotes machos cada,
associados à uma progenitora na proporção de um pra seis, pois, alguns autores afirmam
que esse número confere maior potencial lactotrófico (Fishbeck & Rasmussen, 1987).
A dieta hipoproteica foi preparada manualmente e administrada no dia do
nascimento dos filhotes. Sua composição pode ser verificada na Tabela 1. A fonte
proteica (8%) desta dieta foi ração comercial macerada (Labina® - Purina Nutrimentos
LTDA) e as calorias foram compensadas através de acréscimo de amido de milho, a fim
de se obter uma dieta hipoproteica e isocalórica. Para avaliar a eficácia das dietas, os
animais foram pesados em intervalos de 4 dias durante o estudo.
As vitaminas e os minerais foram suplementados de maneira a se obter a mesma
composição da ração comercial, mostrada nas Tabelas 2 e 3, que é baseada nas
recomendações do National Research Council e National Institute of Health - USA
(Reeves et al., 1993).
Altura 1 (A1) Distância entre a ponta superior da crista occipital externa e o nível do
forame magno (altura máxima do neurocrânio, nível occipital da caixa
craniana);
Altura 2 (A2) Distância entre a borda ântero-medial da bula timpânica direita e a superfície
mais dorsoventral do crânio (altura máxima do neurocrânio, nivel parietal da
caixa craniana);
Altura 3 (A3) Distância entre as paredes superior e inferior direita da órbita - nível da
fissura infraorbitária (altura máxima da cavidade orbital);
Altura 4 (A4) Distância entre a espinha nasal posterior e o bregma (altura máxima do
neurocrânio, nível frontoparietal do caixa craniana);
Altura 5 (A5) Distância entre a espinha nasal posterior e o lambda (altura máxima do
neurocrânio, nível parieto-occipital da caixa craniana);
Comprimento 1 Distância entre a protuberância occipital externa e a margem alveolar do
(C1) osso incisivo (comprimento retangular máximo do neurocrânio);
Comprimento 2 Distância entre a protuberância occipital externa e a margem alveolar do
(C2) osso incisivo (comprimento dorsoventral máximo do neurocrânio);
Comprimento 3 Distância entre o aspecto mais ventral do forame magno e da margem do
(C3) osso alveolar incisivo no plano mediano (comprimento máximo do
neurocrânio basal);
Comprimento 4 Distância da ponta mais ventral do osso nasal até a sutura frontonasal
(C4) (comprimento máximo do osso nasal);
Comprimento Distância entre a espinha nasal posterior e a margem alveolar do osso
5 (C5) incisivo (comprimento máximo do osso palatino);
Comprimento 6 Distância entre o aspecto mais ventral do forame magno e a espinha nasal
(C6) posterior (comprimento máximo do osso esfenoide);
Comprimento 7 Distância entre o aspecto mais ventral da margem infraorbital e supraorbital
(C7) do lado direito (comprimento máximo da cavidade orbital);
Largura 1 (L1) Distância entre a margem direita e esquerda da sutura nasomaxilar no nível
da borda infraorbital medial (largura nasal);
Largura 2 (L2) Distância entre a face lateral da borda infraorbital pré-maxilar direita e
esquerda (largura do pré-maxilar);
Largura 3 (L3) Distância entre a região mais estreita (linha temporal, nível da sutura
processo zigomático-malar) à direita e à esquerda do osso frontal (largura
frontal);
Largura 4 (L4) Distância entre borda ântero-medial da bula timpânica direita e a borda
ântero-medial da bula timpânica esquerda.
Fonte: Fernandes et al. (2008).
26
A análise estatística foi realizada com auxílio do programa estatístico IBM SPSS
(versão 21, Armonk, New York, USA). Os dados apresentados neste trabalho estão sob
o formato de média e desvio padrão (média±desvio padrão ou percentual±desvio
padrão). O teste estatístico de ANOVA (análise de variância) seguido pelo teste de
Newman-Keuls foi utilizado para comparar as médias entre os três grupos estudados.
33
5 RESULTADOS
O peso médio em grama dos animais ao término do estudo foi de 483,2 ±47,6,
415,7± 39,8 e 402,7±42,87 para os grupos C, RC e RPC, respectivamente (Gráfico 1).
Quando o grupo C foi comparado com os grupos RC e RPC houve diferença
significativa (p < 0,05), porém, quando o grupo RC foi comparado com o grupo RPC,
não houve (p > 0,05).
Gráfico 1 – PESO TOTAL DOS ANIMAIS AO TÉRMINO DO ESTUDO
Peso total dos ratos no último dia de estudo (em gramas). As diferenças entre o
grupo C e os grupos RC e RPC foram significativas. Já as diferenças entre o grupo RC e
o grupo RPC não foram estatisticamente significativas. Fonte: Dados da pesquisa.
Peso total dos crânios nos três grupos (em gramas). Não houve diferença
significativa. Fonte: Dados do estudo.
Tabela 5 – Resultados morfométricos (em milímetros) dos ratos adultos (180 dias)
Grupos Valor de p
Parâmetro C RC RPC C vs C vs RC vs
RC RPC RPC
Altura 1 12,49±0,42 12,17±0,29 11,29±0,38 > 0,05 < 0,05 < 0,05
Altura 2 14,93±0,59 14,70±0,28 14,29±0,87 > 0,05 < 0,05 < 0,05
Altura 3 4,97±0,32 4,58±0,22 4,49±0,25 < 0,05 < 0,05 > 0,05
Altura 4 13,49±0,37 13,29±0,34 13,02±0,60 > 0,05 < 0,05 > 0,05
Altura 5 18,03±0,58 17,70±0,40 17,10±0,70 > 0,05 < 0,05 > 0,05
Comprimento 1 48,06±1,37 47,52±1,05 47,43±0,99 > 0,05 > 0,05 > 0,05
Comprimento 2 47,81±1,45 47,17±1,00 47,14±0,95 > 0,05 > 0,05 > 0,05
Comprimento 3 45,79±1,37 44,91±1,03 44,74±1,06 < 0,05 < 0,05 > 0,05
Comprimento 4 19,64±0,71 19,04±0,83 18,83±0,46 > 0,05 < 0,05 > 0,05
Comprimento 5 26,92±0,79 26,59±0,61 26,47±0,52 > 0,05 > 0,05 > 0,05
Comprimento 6 27,04±0,81 26,72±0,59 26,73±0,54 > 0,05 > 0,05 > 0,05
Comprimento 7 6,25±0,31 5,85±0,35 5,59±0,22 < 0,05 < 0,05 > 0,05
Largura 1 4,48±0,19 4,38±0,22 4,17±0,22 > 0,05 < 0,05 > 0,05
Largura 2 8,03±0,23 7,69±0,16 7,61±0,13 < 0,05 < 0,05 > 0,05
Largura 3 7,40±0,19 7,25±0,21 7,09±0,22 > 0,05 < 0,05 > 0,05
Largura 4 17,06±0,41 17,16±0,25 17,00±0,34 > 0,05 > 0,05 > 0,05
Foi observado nas imagens histológicas que os grupos RC e RPC tiveram uma
proporção maior de lacunas vazias no osso cortical do que o grupo C (Figuras 9, 10 e
11). As proporções de lacunas vazias para os grupos C, RC e RPC foram: 7,65%±2,23,
8,36%±3,67, e 10,41%±2.91, respectivamente. Essa diferença não foi estatisticamente
significativa (p > 0,05).
Observe o número abundante de lacunas vazias (setas pretas) no crânio dos ratos
do grupo RPC. Aumento de 100X. Hematoxilina & Eosina. Fonte: Dados do estudo.
Gráfico representando a espessura média de cada grupo nas regiões estudadas. Fonte: Dados da
pesquisa.
42
6 DISCUSSÃO
um indicador de anormalidades no osso (Bai et al., 2016; van Oers et al., 2015). Uma
porcentagem ligeiramente maior de lacunas vazias pôde ser observada nos grupos RC e
RPC. Embora não tenham sido estatisticamente significantes, esses resultados podem
indicar que houve de fato uma lesão no tecido ósseo causada pela desnutrição materna
durante o período de lactação.
Além disso, alguns autores propuseram o estudo do tamanho das lacunas. O
estudo realizado por Babinski et al. (2018), em ratos desnutridos durante a
amamentação, evidenciou um aumento significativo do tamanho das lacunas na porção
cortical do fêmur dos animais em restrição proteico-calórica, assim como o fêmur dos
animais em restrição calórica, quando comparados com o grupo controle. Neste estudo,
os autores propuseram uma possível relação entre a lacuna e a osteoporose, ou, seu
início.
Da mesma maneira, foram encontradas lacunas de tamanho maior no grupo RPC
em comparação com o grupo RC e o grupo C. Apesar disso, nossos resultados não
necessariamente corroboram que tenha ocorrido o mesmo tipo de degeneração óssea,
visto que o fêmur se trata de um osso longo e sujeito a carga e turnover celular intenso
(Babinski et al., 2018), enquanto que os ossos do crânio são ossos planos e que não
recebem cargas contínuas (Testut & Latarjet, 1958).
Lacunas maiores podem ser indicadores de degradação de tecido ósseo, como
por exemplo, uma hipomineralização do osso e reabsorção óssea, demonstrado por
alguns estudos experimentais (Bonivtch et al., 2007). Porém, ainda há divergências
sobre esse fato na literatura, e ainda é motivo de pesquisas inovadoras com o propósito
de elucidar o real significado da histomorfometria das lacunas dos osteócitos (Dong et
al., 2014; Mader et al., 2013).
Outro ponto importante de se conhecer os efeitos gerados pela desnutrição
durante a lactação é a relação direta que o crânio possui com o desenvolvimento do
sistema nervoso central (SNC). Dessa maneira, sabe-se que algumas condições ósseas
podem levar a má formação nervosa, como por exemplo, a sinostose prematura, que, em
alguns casos, pode causar distúrbios cognitivos, visuais, de audição e linguagem, assim
como aumento da pressão intracraniana (Ghizoni et al., 2016).
45
7 CONCLUSÕES
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9 ANEXOS