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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

https://doi.org/10.1590/1982-3703003222519 Artigo

Significações dos Cuidados Paliativos para Profissionais


de um Serviço de Atenção Domiciliar

Fernanda Nardino1 Luísa da Rosa Olesiak1


1
Universidade Federal de Santa Maria, 1
Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS, Brasil. Santa Maria, RS, Brasil.

Alberto Manuel Quintana1


Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil.
1

Resumo: Os cuidados paliativos são promovidos por uma equipe interdisciplinar que visa
oferecer melhor qualidade de vida tanto aos pacientes que enfrentam doenças que ameaçam a
vida quanto a seus familiares. Este trabalho objetivou compreender as significações dos cuidados
paliativos para os profissionais de uma equipe de atenção domiciliar, que configura uma das
modalidades de assistência em que esses cuidados podem ocorrer. Para tanto, adotou-se a
pesquisa descritiva e exploratória, de cunho qualitativo. Participaram da pesquisa 9 profissionais
de diferentes áreas de um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) vinculado a um hospital-escola do
interior do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas
e submetidos à análise de conteúdo. Os resultados demonstraram que os cuidados paliativos
são compreendidos pela equipe investigada como uma prática de natureza interdisciplinar que
gera benefícios para os pacientes e profissionais envolvidos nessa área de atuação. Além disso, os
participantes consideram que atuar em cuidados paliativos exige que os profissionais tenham um
bom gerenciamento das emoções e preparo para trabalhar com situações complexas. Também
acreditam que essa atividade pode proporcionar desenvolvimento pessoal e profissional. Assim,
é notória a importância de uma formação que contemple os princípios dos cuidados paliativos e
um suporte emocional aos profissionais, para que possam converter as experiências de convívio
com o sofrimento e com a finitude humana em aprendizados.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos, Assistência Domiciliar, Equipe de Assistência ao Paciente.

The Meanings of Palliative Care for Professionals in a Home Care Service

Abstract: Palliative care is the care provided by an interdisciplinary team to improve the quality
of life of patients facing life-threatening diseases and that of their families; home care is among
the types of support that offer this assistance. This study aimed to understand the meanings
of palliative care for professionals of a home care team. It consists of a descriptive exploratory
research of qualitative nature conducted with nine professionals from different areas of a Home
Care Service (HCS) linked to a School Hospital in the countryside of Rio Grande do Sul. Data
were collected by semi-structured interviews and analyzed using content analysis. The results
show that the investigated professionals understand palliative care as an interdisciplinary
practice that provides benefits for patients and professionals involved. The participants also
consider that professionals working in palliative care must manage their emotions well and
be prepared to face complex situations. At the same time, they believe that this activity can
provide personal and professional development. Thus, the results highlight the importance of a
formation that contemplates the principles of palliative care and an emotional support for the

Disponível em www.scielo.br/pcp
Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

professionals, who, from the conviviality with suffering and human finitude, should transform
these experiences into learnings.
Keywords: Palliative Care, Home Assistance, Patient Care Team.

Significados de los Cuidados Paliativos para los profesionales


de un Servicio de Atención Domiciliaria

Resumen: Los cuidados paliativos son promovidos por un equipo interdisciplinario que trata
de ofrecer una mejor calidad de vida tanto a los pacientes que enfrentan enfermedades que
amenazan la vida como a sus familiares. Este estudio se propone comprender los significados
de los cuidados paliativos para los profesionales de un equipo de atención domiciliaria, una de
las modalidades de asistencia a esos cuidados. Para ello, se adoptó la investigación descriptiva
y exploratoria, de tipo cualitativo. Participaron en la investigación 9 profesionales de diferentes
áreas de un Servicio de Atención Domiciliaria (SAD) vinculado a un Hospital Escuela del interior
del Rio Grande do Sul (Brasil). Los datos se recopilaron de entrevistas semiestructuradas
y se aplicó el análisis de contenido. Los resultados demostraron que el equipo investigado
comprende los cuidados paliativos como una práctica de naturaleza interdisciplinaria, la cual
genera beneficios para pacientes y los profesionales involucrados en esta área. Además, los
participantes consideran que el trabajo con cuidados paliativos requiere de los profesionales una
buena gestión de las emociones y preparación para manejar situaciones complejas. Al mismo
tiempo, creen que esta actividad puede proporcionar desarrollo personal y profesional. Por lo
tanto, es notoria la importancia de una formación que contemple los principios de los cuidados
paliativos y dé soporte emocional a los profesionales, los cuales, a partir de la convivencia con el
sufrimiento y la finitud humana, pueden convertir estas experiencias en aprendizajes.
Palabras clave: Cuidados Paliativos, Atención Domiciliaria de Salud, Equipo de Asistencia
al Paciente.

Introdução Nesse cenário, entretanto, os profissionais de saúde


O desenvolvimento da medicina, somado aos começaram a perceber que era possível cuidar dos
grandes avanços tecnológicos que ocorreram na pacientes mesmo que não houvesse cura para determi-
área da saúde, possibilitou prolongar a vida em nadas doenças que os acometiam. Eles identificaram a
possibilidade de oferecer atendimentos que focassem
situações que, até então, costumavam limitar sua
na qualidade de vida por meio de uma assistência inter-
continuidade (Pessini & Siqueira, 2019). Nesse sen-
disciplinar e de um trabalho que também envolvesse os
tido, como aponta Kovács (2003), surgiram aspectos
familiares que compartilham esse momento desafiador
extremos, como a ideia de “derrotar” a morte, que
e complexo de fim de vida (Hermes & Lamarca, 2013;
passou a ser vista como uma rival a ser combatida
Porto et al., 2020). Assim, pode-se falar de uma aborda-
a qualquer custo. Segundo a autora, concomitan-
gem que corresponde aos cuidados paliativos, conside-
temente ao prolongamento da vida, originou-se o rados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como
conceito de paciente “terminal”, que se refere a indi- cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos
víduos cuja doença não tem mais possibilidade de pacientes adultos e crianças – e de seus familiares – que
cura. Por essa razão, muitas vezes, esses pacientes enfrentam problemas associados a doenças ameaça-
acabam sendo estigmatizados, pois, se não é mais doras à vida (World Health Organization [WHO], 2017).
possível curar, presume-se que não há mais nada a Tais cuidados podem ser realizados por meio da pre-
se fazer em termos de assistência. venção, da identificação precoce, da avaliação correta

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Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos Cuidados Paliativos.

e do tratamento da dor, além da minimização do sofri- da morte (Ferreira, Nascimento, & Sá, 2018; Pessini &
mento físico, psíquico, social e espiritual. Siqueira, 2019). Isso reverbera no despreparo e nas
Embora os cuidados paliativos tenham sido ini- dificuldades enfrentadas pelos profissionais para
cialmente aplicados a pacientes com cânceres ditos tomar decisões diante de pacientes sem possibilidades
“terminais”, atualmente não se restringem apenas ao terapêuticas de cura, bem como para ofertar cuidados
final da vida nem ao câncer, mas são indicados desde que possam ir além dos aspectos meramente técnicos
o diagnóstico de doenças graves e potencialmente e que englobem todas as dimensões do ser humano.
fatais. Ademais, salienta-se que os cuidados paliativos Assim, se por um lado isso gera frustração e insatisfa-
podem ser feitos concomitantemente aos cuidados ção nos profissionais que precisam cuidar de pacien-
curativos, sem que um exclua o outro. No entanto, tes que não têm possibilidades de cura (e cuja morte
durante o transcorrer e o enfrentamento das doenças, se aproxima), por outro, também ocasiona sofrimento
quando já não há mais possibilidade de cura, pode-se aos pacientes e a seus familiares, que tampouco têm
passar progressivamente para a prática exclusiva de suas demandas acolhidas (Rodrigues, 2004).
cuidados paliativos (Pacheco & Goldim, 2019). Esses Nesta pesquisa, tem-se como contexto espe-
cuidados se configuram como uma área de atuação cífico a atenção domiciliar, que, apesar de não ser
profissional regida pelos seguintes princípios: afir- sinônimo de cuidados paliativos, é uma importante
mar a vida, considerando a morte como um processo modalidade de assistência para esse tipo de cui-
natural; promover alívio de dores e outros sintomas dado, pois favorece a aplicação de seus princípios
desconfortáveis, bem como a dignidade e a autono- (Procópio, Seixas, Avellar, Silva, & Santos, 2019).
mia do paciente; não prolongar nem apressar a morte; Isso porque, com a atenção domiciliar, é possí-
e propiciar apoio à família durante a doença e o pro- vel melhorar a qualidade de vida do paciente e de
cesso de luto (McCoughlan, 2011). sua família, evitando a perda dos vínculos familia-
No Brasil, os cuidados paliativos ganharam maior res e diminuindo o risco de infecções hospitalares
visibilidade a partir da Política Nacional de Humanização (Guerra, Albuquerque, Felisberto, & Marques, 2020).
(PNH), consolidada em 2003 como uma política de No território brasileiro, a partir da década de
assistência transversal. A PNH está alicerçada em três 1960, foram criados os primeiros Serviços de Atenção
princípios básicos: transversalidade; indissociabilidade Domiciliar como dispositivos para enfrentar as super-
entre atenção e gestão; e protagonismo, corresponsabi- lotações hospitalares. Na década de 1990, com o surgi-
lidade e autonomia dos sujeitos e coletivos (Ministério mento do Sistema Único de Saúde (SUS), esses servi-
da Saúde [MS], 2015). Esses princípios se articulam ços se expandiram e passaram a ter caráter municipal
essencialmente pela interdisciplinaridade e corrobo- e territorial (Rajão & Martins, 2020). Nessa conjun-
ram reflexões sobre ações em saúde, visando o respeito tura, a assistência domiciliar se tornou uma alterna-
e a qualidade das relações estabelecidas nesse âmbito. tiva para a crescente demanda por atendimentos de
Assim, conforme destacam Alves, Cunha, Santos e Melo maior complexidade, ocasionada pelo aumento do
(2019), a PNH contempla os cuidados paliativos e os número de pessoas com doenças crônico-degene-
ancora na humanização das práticas de saúde, postura rativas que, muitas vezes, possuíam incapacidades
indispensável a essa assistência. e dependências. Essa assistência objetiva adequar e
Com o aumento da incidência de câncer, HIV/ reduzir a demanda por atendimentos hospitalares,
AIDS e outras doenças crônicas e degenerativas que a fim de repercutir na diminuição do risco de infec-
podem causar dores intensas e desencadear sofrimen- ções e de custos, sem que isso implique na perda da
tos físicos, emocionais, sociais e espirituais, justifica-se qualidade dos atendimentos (Vasconcelos & Pereira,
a crescente necessidade de implantação dos cuidados 2018). Além disso, ela pode ocorrer na forma de visi-
paliativos (Gouvea, 2019). Os serviços que oferecem tas, atendimentos ou internações domiciliares, que
esse tipo de cuidado ainda são incipientes e há poucos estimulam a autonomia do paciente na medida em
profissionais devidamente qualificados para atender à que ele poderá executar as tarefas em seu domicílio e
grande demanda existente (Alves et al., 2019). em seu tempo, sem o rigor da rotina hospitalar, além
Dessa maneira, quanto à formação dos profissio- de contar com o incentivo, o apoio e a maior proxi-
nais de saúde durante a graduação, constata-se currí- midade dos familiares (Atty & Tomazelli, 2018; Silva,
culos carentes de disciplinas que abarquem a temática Silva, Lage, Paiva, & Dias, 2017).

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

A atenção domiciliar foi instituída pela Portaria narrativa da literatura realizada, na qual foram sele-
nº 2.029, de 24 de agosto de 2011 (MS, 2011) e, poste- cionados livros de autores referência para a área, bem
riormente, foi redefinida pela Portaria nº 825, de 25 de como artigos científicos das bases de dados Scielo e
abril de 2016 (MS, 2016). Segundo esta última portaria, Pubmed que contextualizam o objeto de estudo e
o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) é um serviço sustentam a discussão teórica proposta, identificou-
complementar ou substitutivo à internação hospita- -se um cenário desafiador que precisa progredir em
lar ou ao atendimento ambulatorial, composto por termos de pesquisas nacionais. As pesquisas que têm
enfermeiro, médico, assistente social, psicólogo, fisio- sido desenvolvidas ainda são restritas e pouco nume-
terapeuta, nutricionista, farmacêutico, terapeuta ocu- rosas, além de serem realizadas principalmente com
pacional, fonoaudiólogo e odontólogo. Esse serviço os familiares (Faria, Aparecido, Cruz, & Khater, 2017;
deve se organizar com base em um território e uma Martins, Correa Júnior, Santana, & Santos, 2018; Neto,
população definida, além de estabelecer articulações Vale, Santos, & Santana, 2020; Oliveira et al., 2017).
com os demais serviços da Rede de Atenção à Saúde Constata-se, portanto, que existem lacunas quanto à
de competência do SUS. Ademais, a portaria compre- perspectiva dos profissionais.
ende que a paliação é um dos eixos assistenciais do Assim, considerando os aspectos supracita-
SAD, pois muitos pacientes encaminhados ao SAD dos, salienta-se a relevância desta pesquisa, pois, ao
necessitam de cuidados paliativos, devido à história abordar as significações que os profissionais que tra-
natural de sua doença e a seu estado frequentemente balham com cuidados paliativos na atenção domici-
fragilizado e fora das possibilidades terapêuticas de liar têm sobre essa abordagem de atendimento, será
cura (Atty & Tomazelli, 2018). possível contribuir para o fomento de debates sobre
Com a criação de programas de atenção domici- a temática, ainda pouco discutida. Além disso, viabili-
liar – como o Programa Melhor em Casa, que disponi- zará o desenvolvimento e a disseminação de conheci-
biliza assistência em cuidados paliativos –, foi possí- mentos científicos que podem reverberar em melho-
vel ofertar, por meio de uma equipe multiprofissional, rias para os profissionais em relação a suas práticas
acompanhamento domiciliar para os pacientes e seus de trabalho, beneficiando também os familiares e os
familiares. Pontua-se que um dos critérios exigidos pacientes, tendo em vista que serão mais bem aten-
para o ingresso no serviço é a disponibilidade e o didos em suas necessidades. Dessa maneira, por se
comprometimento de um cuidador formal ou infor- tratar de algo recente e ainda incipiente na grande
mal, que deverá prestar assistência no domicílio do maioria dos serviços de saúde, há poucos estudos que
indivíduo funcionalmente dependente (MS, 2013). abordam os cuidados paliativos no contexto da aten-
Quanto aos profissionais de saúde, que devem ção domiciliar. Logo, torna-se de suma importância o
estar capacitados para oferecer apoio e suporte nesse estudo proposto, que objetivou compreender as signi-
contexto, ressalta-se que costumam vivenciar altos ficações dos cuidados paliativos para os profissionais
níveis de estresse em suas práticas cotidianas por uma de uma equipe de atenção domiciliar.
série de motivos: deparam-se com pacientes e familia-
res difíceis e exigentes; têm que comunicar más notí- Método
cias; sentem-se despreparados para um tratamento Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho
que não visa a cura; têm que lidar com a morte e o descritivo e exploratório. A escolha pelo método
sofrimento das pessoas; carecem de recursos do sis- qualitativo ocorreu em função de melhor abordar e
tema de saúde; e enfrentam conflitos nas equipes. Com desenvolver a temática, uma vez que busca explorar e
isso, percebe-se que esse trabalho exige dos profissio- capturar as significações e os sentidos dos fenômenos
nais superações e ressignificações constantes de seus por meio da escuta e/ou da observação dos sujeitos
valores, crenças, conhecimentos e emoções (MS, 2013). da pesquisa (Turato, 2013). Quanto à pesquisa descri-
Destaca-se também a necessidade de legitimar tiva, ela é pertinente ao presente estudo porque, de
a atenção domiciliar como uma importante via assis- acordo com Gil (2017), objetiva descrever as caracte-
tencial para a implementação dos cuidados paliati- rísticas de um determinado fenômeno ou população.
vos, especialmente em países como o Brasil, onde os Já a pesquisa exploratória foi selecionada por visar
recursos destinados para a área da saúde são limi- ao aprimoramento de ideias e à descoberta de novas
tados (MS, 2013). Frente a isso, a partir da revisão compreensões diante de uma situação (Gil, 2017).

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Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos Cuidados Paliativos.

O estudo foi realizado no SAD de um hospital- sujeitos, com base em suas próprias vivências e visões
-escola do interior do Rio Grande do Sul. Esse ser- construídas acerca do tema (Turato, 2013).
viço acompanha pacientes portadores de enfermi- As entrevistas contaram com eixos norteadores
dades crônicas que necessitam de cuidados após a constituídos por tópicos a serem abordados, que con-
alta hospitalar e, apesar de atuar de forma itinerante, templavam a amplitude das informações esperadas.
está integrado ao hospital e dispõe de uma recepção Os eixos foram: A trajetória profissional até trabalhar
e uma sala de reuniões próprias. Os atendimentos/ com cuidados paliativos; Cuidados terapêuticos versus
visitas domiciliares são realizados semanalmente cuidados paliativos; Prática em cuidados paliativos;
pelos profissionais da equipe do serviço ou de acordo Experiência que marcou mais positivamente e mais
com a necessidade de cada paciente. Essa equipe é negativamente; Relacionamento com o paciente e com
composta por um profissional da medicina, dois da a família; O ingresso do paciente no Serviço de Atenção
enfermagem, dois técnicos em enfermagem, um pro- Domiciliar; Relações entre a equipe e o trabalho inter-
fissional do serviço social, um da fisioterapia, um da disciplinar; Comunicação da recomendação de inter-
nutrição, um da psicologia, um da fonoaudiologia e nação domiciliar e da situação do paciente estar fora
um da terapia ocupacional. Salienta-se que a esco- de possibilidades terapêuticas de cura; e O que acredi-
lha por esse setor para a presente pesquisa se deu em tam que os pacientes em cuidados paliativos conside-
virtude do grande número de pacientes em cuidados ram que são cuidados paliativos. Esses eixos serviram
paliativos que estão em atenção domiciliar. como guia e concomitantemente tornaram possível
No presente estudo, os participantes constituí- a emergência de novos temas durante o trabalho de
ram uma amostragem intencional, formada por um campo devido a sua flexibilidade (Minayo, 2010).
conjunto pequeno de sujeitos propositalmente sele- Em média, a duração das entrevistas foi de apro-
cionados devido a sua relevância para a temática ximadamente uma hora. Elas foram realizadas nas ins-
da pesquisa (Turato, 2013). Dessa forma, a pesquisa talações do SAD e, em alguns casos, quando o espaço
foi realizada com 9 profissionais que integram uma do serviço não estava disponível, ocorreram em outros
equipe multiprofissional de um SAD, de modo que foi setores do hospital, em salas que permitiram o conforto
incluído na amostragem um profissional de cada área. e a privacidade dos participantes. Destaca-se que os
Nas áreas que contavam com mais de um profissional, pesquisadores não possuíam qualquer tipo de vínculo
optou-se por aquele que era mais antigo no serviço, com a equipe investigada e o contato pessoal ocorreu
por se entender que ele teve mais experiências em apenas durante a realização da coleta de dados.
suas atividades de trabalho. No presente estudo, a análise dos dados se deu por
Com o intuito de preservar a identidade dos parti- meio da análise de conteúdo (Bardin, 2010), de modo
cipantes, suas áreas de atuação foram omitidas e seus que se formaram categorias segundo o critério de repeti-
nomes foram trocados pelo seguinte código: letra “E” ção e relevância. As entrevistas foram transcritas na ínte-
seguida de um número que identifica o entrevistado. gra e, posteriormente, lidas e relidas para que fosse pos-
Além disso, destaca-se que, nas falas que de algum sível encontrar os conteúdos relevantes e recorrentes.
modo revelavam a identidade dos profissionais, uti- Assim, primeiramente, realizou-se a leitura do
lizou-se os termos “profissional X” e “profissional Y” material coletado com base no conceito de aten-
para tratar de profissionais de diferentes áreas. ção flutuante, de acordo com o qual não se privi-
A coleta de dados foi realizada por meio de legia nenhum elemento do discurso a priori, mas
entrevistas semidirigidas com questões abertas, que, somente quando se atinge uma impregnação ou assi-
segundo Turato (2013), possibilitam a ampliação das milação do conteúdo das entrevistas (Turato, 2013).
discussões e permitem que os integrantes da relação Posteriormente, a análise do presente estudo compre-
da pesquisa as direcionem. Desse modo, as questões endeu a leitura e a releitura tanto por parte do pesqui-
abertas são as que mais se adequam à proposta da sador principal quanto por um segundo pesquisador.
pesquisa qualitativa, pois disponibilizam espaço para A partir disso, foram constituídas categorias que abar-
que o entrevistado exponha livremente o conteúdo de cavam repetições ou elementos considerados centrais
sua resposta, sem se restringir somente às alternati- para a compreensão das narrativas dos entrevistados.
vas dadas pelo pesquisador. Com isso, é possível com- Na presente pesquisa, foram respeitados todos os
preender as significações e os sentidos trazidos pelos princípios éticos presentes na Resolução nº 510/2016

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do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2016), que sua atuação em cuidados paliativos. Nessa perspectiva,
engloba as questões éticas envolvidas nas pesquisas quando questionados acerca de suas práticas com os
com seres humanos em ciências humanas e sociais. pacientes em cuidados paliativos, muitos dos partici-
Desse modo, os princípios da autonomia, da bene- pantes inicialmente pontuavam que se tratava de uma
ficência, da não maleficência, da justiça e da equi- prática em equipe multiprofissional, no sentido de ser
dade foram respeitados, e a pesquisa só foi colocada composta por uma junção de profissionais, no entanto,
em prática após a aprovação do Comitê de Ética em qualificada como uma atuação de caráter interdiscipli-
Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria, sob nar, como é possível perceber nos relatos a seguir:
o número CAAE 90585418.0.0000.5346.
Então, tem vários pontos assim, que envolve, daí
é um contexto multi e a gente trabalha essa inter-
Resultados e discussões
disciplinaridade quando eu chego no paciente,
Entre os resultados obtidos a partir da análise dos
quando eu vou atender, mas ele passou mal, eu
dados, destacaram-se questões referentes à impor-
digo vamos ligar para a equipe, vamos ver para
tância do trabalho em equipe, aos fatores emocionais
vim fazer uma avaliação (E7).
envolvidos nos cuidados paliativos e às repercussões
do sofrimento presente nesse contexto. A seguir, serão
Então, assim, na segunda-feira a gente sempre faz
apresentadas as categorias que abordam esses aspec-
a discussão dos casos… e na segunda após a dis-
tos, a saber: “Cuidados paliativos: a importância de
cussão, as passagens dos casos, a gente… Eu con-
uma prática interdisciplinar”; “Manejo dos aspectos
sigo normalmente fazer visita com o profissional
emocionais no trabalho em cuidados paliativos”; e
X. Então, a gente consegue fazer um atendimento
“Atuação em cuidados paliativos: uma lição de vida”.
em equipe multi que é muito importante (E1).

Cuidados paliativos: a importância De acordo com Gomes e Othero (2016), os cuida-


de uma prática interdisciplinar dos paliativos se respaldam em estudos e possibilida-
O campo da saúde envolve conhecimentos varia- des de intervenção de diversas áreas do conhecimento.
dos e pode se configurar de diferentes formas. Na Um de seus principais norteadores é a abordagem
perspectiva da multidisciplinaridade, o trabalho é iso- interdisciplinar, capaz de atender às necessidades
lado e os profissionais de diferentes áreas geralmente dos pacientes e de seus familiares, que englobam as
atuam sem cooperação e troca de informações, de dimensões física, social, emocional e espiritual. Desse
modo que predomina o sistema de referência e con- modo, para que se consiga abarcar todas essas deman-
trarreferência (Rodrigues, 2004). Já a interdisciplinari- das da melhor forma, garantindo uma assistência de
dade busca construir relações mais horizontais entre qualidade, o trabalho em cuidados paliativos deve
as diferentes profissões, maior reciprocidade e mais necessariamente envolver a formação de uma equipe
trocas de conhecimento e enriquecimento mútuo de caráter interdisciplinar (Ferreira et al., 2018).
(Lóss, Dias, Cabral, & Souza, 2019), como constatou-se Ressalta-se que, muitas vezes, a narrativa de
na equipe investigada. Nesse sentido, cabe o adendo ações específicas de cada profissional ocorre apenas
de que ambos os termos “trabalho multiprofissional” quando se faz um questionamento nesse sentido, e
e “trabalho interdisciplinar” correspondem à forma- não de forma espontânea. Dessa maneira, seus relatos
ção de uma equipe com múltiplos profissionais, mas em referência às práticas decorrem diretamente do
se diferenciam em seus modos de atuação. O primeiro amparo e da construção com outros profissionais, o
contempla avaliação e intervenção independentes, que denota o quanto a atuação conjunta pode propor-
em que os profissionais envolvidos não necessaria- cionar maior segurança e apoio, dado que os cuidados
mente estabelecem trocas entre si; já o segundo refe- paliativos se configuram como um campo de atuação
re-se ao cuidado integrado, que pressupõe diálogo e ainda em construção, com base em princípios, não
planos de ação convergentes. em protocolos (Matsumoto, 2012).
Frente a isso, a partir das entrevistas realizadas, Por conseguinte, grande parte das estratégias
constatou-se que o trabalho integrado em equipe é de ação exige que as equipes de saúde não executem
adotado pelos profissionais como parte significativa de somente procedimentos técnicos e mecanicistas,

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Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos Cuidados Paliativos.

mas promovam modos de ser que disseminem que eles aprendam a trabalhar em equipe, pois, por
interação, preocupação, interesse e comprometi- melhor que seja o conhecimento de um profissio-
mento pelo cuidado (Andrade, Costa, Costa, Santos, nal, ele sozinho não conseguirá ofertar o cuidado
& Brito, 2017). Assim, percebe-se que o trabalho integral necessário. Assim, cuidar paliativamente de
em equipe é positivo de duas formas: uma para o alguém envolve a interdisciplinaridade, a qual preza
paciente e outra para os profissionais. pela complementação de saberes e pelo comparti-
Corroborando a visão dos participantes da pre- lhamento de tarefas, de responsabilidades e de cui-
sente pesquisa, um estudo qualitativo realizado por dados (Academia Nacional de Cuidados Paliativos
Braz e Franco (2017), com o objetivo de investigar a [ANCP], 2012), bem como pelo atendimento da “tota-
formação e os comportamentos dos profissionais lidade bio-psico-social-espiritual”, com ênfase na
paliativistas quanto aos processos de morte e morrer, experiência e na subjetividade do paciente (Menezes
bem como suas percepções em relação a suas con- & Barbosa, 2013). Em outras palavras, em cuidados
tribuições para a prevenção de luto complicado de paliativos, um único saber não consegue abarcar a
pacientes e familiares, encontrou resultados seme- complexidade dos casos, o que torna necessário con-
lhantes. Segundo as autoras, as formas de atuação tar com o apoio de outros profissionais e considerar o
descritas pelos profissionais denotam que eles se paciente em sua totalidade.
percebem como membros inseridos em uma equipe Segundo Andrade (2012), admitir que o cui-
“multiprofissional”. Constatou-se que o trabalho dado adequado requer a compreensão do homem
desempenhado é carregado de significados e funções, enquanto um ser integral com demandas singulares
como a troca não apenas de informações técnicas, – que podem e devem ser abordadas em conjunto –
mas também de sentimentos e sensações em momen- pode propiciar às diferentes áreas do conhecimento
tos difíceis (Braz & Franco, 2017). a percepção de que elas são incompletas. Assim, é
Ao encontro disso, para os profissionais entre- somente a partir do reconhecimento dessa incomple-
vistados, trabalhar em uma equipe que atua de modo tude que os profissionais podem constatar o quanto
interdisciplinar é um potencializador de intercâmbios precisam do auxílio das diferentes áreas para que suas
e aprendizagens. Eles destacam o quanto apreciam ações se tornem mais efetivas.
poder contar com uma diversidade de profissionais no Com isso, ressalta-se que a interdisciplinari-
trabalho, o que lhes possibilita enriquecer suas práti- dade ganha destaque nos cuidados paliativos, pois
cas por meio da troca de informações, experiências e permite que os problemas dos pacientes e de seus
conhecimento, como exemplificado pelas seguintes familiares sejam vistos e resolvidos por meio da
falas: “É bom de trabalhar nesse sentido assim, tu conta integração de várias perspectivas (Gomes & Othero,
bastante com essa…com essa multiplicidade” (E9). 2016), na medida em que nenhuma pessoa possui
todas as soluções para o enfrentamento de uma
Eu acho muito bom, porque a gente ganha conhe- determinada situação, como exposto na seguinte
cimento sabe, essa parte assim eu gostei muito fala: “Porque a gente vai pra cuidar e ninguém é
também. Estou gostando muito. Porque tu sai dono do cuidado, né? Então é um pouquinho de cada
daquele campo restrito ali sabe, tu abre para as um e que faz um cuidado bom” (E2). Dessa maneira,
outras áreas e é uma coisa muito boa isso (E7). nota-se o quanto o trabalho coletivo é significativo
para proporcionar o melhor cuidado, além de uma
Eu acho que é bem interessante, é uma troca de maior horizontalidade das relações nesse contexto,
experiência, são profissionais com funções dife- pois, como exposto por E2, não há um saber supe-
rentes e formações diferentes. A gente troca ideias. rior “dono do cuidado”, já que as contribuições
Acho que a equipe tem que trocar informações de cada um se somam por meio da articulação de
sabe, pra tentar ver qual é o melhor caminho (E4). ações de diferentes naturezas.

Salienta-se que quando os profissionais se Manejo dos aspectos emocionais no


defrontam com pacientes que necessitam de cui- trabalho em cuidados paliativos
dados paliativos cujo foco deixa de ser a doença e Os profissionais de saúde que trabalham com
se torna a melhoria da qualidade de vida, é preciso cuidados paliativos convivem constantemente com

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

situações de dor, perda, morte e luto, que suscitam longo da minha convivência, a gente vai apren-
diversos sentimentos. Por isso, são exigidas habili- dendo a ter mais… profissionalismo digamos
dades e competências não só técnicas, mas também assim, não levar muito pra essa questão emo-
interpessoais, como empatia, acolhimento e diálogo, tiva, porque, às vezes, tu acaba não ajudando
além do autoconhecimento. De acordo com os pro- o paciente, se ele chora, tu vai e chora junto e
fissionais entrevistados, um dos pressupostos bási- acaba não ajudando… então eu vejo que eu fui
cos para trabalhar com cuidados paliativos é ter um amadurecendo também como profissional nesse
bom gerenciamento das emoções, como ilustram as sentido de conseguir separar e me colocar na
falas a seguir: “Ahh eu acho que as pessoas têm que ser hora certa, no lugar certo e conseguir separar um
no mínimo emocionalmente equilibradas. Não digo pouco (E1).
que…que a gente é 100%, porque não é né” (E2).
Por meio da narrativa de E1, pontua-se que mui-
Tu tem que ter uma certa base emocional pra tra- tas vezes é necessário um esforço inicial maior para
balhar com paciente paliativo. Tratar todo dia… que os profissionais consigam conter suas emoções,
ali na frente do paciente, na frente da família…A de modo que sejam um suporte às angústias do outro.
família, é muito comum que eles se desestabilizem Entretanto, com o acúmulo de experiências ao longo
emocionalmente, então a gente é aquele suporte da carreira profissional, é possível que eles aprendam
ali, a gente é a esperança que eles têm naquele a conduzir melhor essas situações, com mais profis-
momento. Então, não é um trabalho fácil (E4). sionalismo, o que implica em um distanciamento e
diferenciação de seus sentimentos em relação aos
A partir do primeiro recorte, percebe-se que os de seus pacientes. Os entrevistados consideram que,
entrevistados consideram necessário ter um equi- caso isso não ocorra, pode haver prejuízos para eles e
líbrio emocional para atuar nesse contexto. Porém, para o trabalho desenvolvido.
compreendem que esse equilíbrio não pode ser Segundo Pacheco e Goldim (2019), é fundamen-
sempre alcançado em sua completude, visto que se tal que os paliativistas busquem um limite adequado
trata de algo variável, sobre o qual não se tem total para que o ônus decorrente dos cuidados oferecidos
controle e que esses profissionais frequentemente aos doentes não se torne excessivo, isto é, eles devem
estão expostos às angústias da família e do paciente. aprender a administrar o convívio diário com o sofri-
Com isso, infere-se que E2 demonstra seu lado mento de pacientes e familiares, a fim de evitar seu pró-
humano, vulnerável e suscetível à grande variedade prio sofrimento físico e psíquico. Nessa perspectiva,
de sentimentos que compõem o trabalho paliativo, figura como pilar central na constituição da identi-
o que não significa que, na prática, tais sentimentos dade dos profissionais enquanto paliativistas, a busca
sejam necessariamente demonstrados. Nesse sen- por um equilíbrio pessoal diante das circunstâncias
tido, a fala de E4 aborda que a atuação em cuida- que se apresentam. Esse equilíbrio implica tanto em
dos paliativos requer que os profissionais sustentem conseguir ter a sensibilidade e a capacidade de estar
uma posição de amparo às reações emocionais de em sintonia com o sofrimento do outro, quanto em
pacientes e familiares. Compreende-se, assim, que construir defesas e limites para isso. Trata-se de um
a equipe não deve expressar suas fragilidades nesse equilíbrio delicado, visto que não deve haver perda da
momento, o que não é tarefa fácil, pois demanda postura profissional nem das características valoriza-
que os profissionais lidem com seus próprios senti- das pela formação paliativista, como atenção, empa-
mentos e anseios, bem como com as expectativas de tia, compaixão, bom senso e tranquilidade (Menezes,
um certo profissionalismo e com a esperança depo- 2004). O relato de E4 aborda essa questão:
sitada pelos pacientes e seus familiares.
Nessa perspectiva, a fala de E1 destaca sua tra- A gente tem que ter empatia pelos pacientes, claro,
jetória de trabalho em cuidados paliativos e reforça mas . . . cuidar só para não introjetar de uma
esses aspectos: maneira errada, não absorver as dores de uma
maneira errada, entende? Porque aí você também
Então, no início, eu ficava bastante emotiva, até acaba se prejudicando… Você tem que estar ali
tinha que me controlar pra não chorar. Mas ao para ajudar, tem que ser profissional (E4).

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Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos Cuidados Paliativos.

Assim, nota-se que os profissionais precisam ter podem se tornar fonte de grandes angústias, questio-
empatia pelos pacientes para que consigam melhor namentos e, em última instância, sofrimento para os
auxiliá-los em suas dificuldades e, ao mesmo tempo, profissionais. Estar constantemente em contato com a
devem agir de forma cautelosa para não adquiri- fragilidade humana associada à perspectiva da morte
rem todos os sofrimentos a que estão expostos. Ao faz com que esses profissionais possam se identificar
encontro disso, salienta-se o conceito de dissocia- com os pacientes, por se reconhecerem como seres frá-
ção instrumental criado por Bleger, que denota uma geis, vulneráveis e finitos. Além disso, os profissionais
atitude dos profissionais que permite, por um lado, vivenciam conflitos sobre como devem se posicionar
sua identificação com os acontecimentos ou com as diante de dores que nem sempre conseguem ameni-
pessoas e, por outro, seu distanciamento para que zar, o que pode acarretar sensações de impotência e de
não se vejam pessoalmente envolvidos com eles incapacidade (Pacheco & Goldim, 2019).
(Bleger, 1984). Dessa maneira, embora esse con- Pode-se afirmar que conhecer a dor e a finitude
ceito esteja vinculado ao trabalho do psicólogo em do outro implica, em certa medida, em se defrontar
um contexto institucional, pode ser utilizado para com suas próprias dores e sua própria finitude. Assim,
reforçar a importância do equilíbrio entre identifi- para que os profissionais consigam ofertar um cui-
cação/aproximação e distanciamento na prática de dado de qualidade, é imprescindível que eles encarem
cuidados paliativos. o sofrimento das pessoas e seus sentimentos perante
Todavia, enquanto alguns profissionais con- a morte e que tenham espaço para refletir sobre isso
sideram conseguir manter esse equilíbrio, outros (Kovács, 2010). Entretanto, na prática, essas ações
avaliam que isso pode ser mais custoso, o que nem sempre ocorrem, e os profissionais podem se
demonstra a complexidade do processo, que pode abalar e se sobrecarregar diante de algumas situações,
acarretar diferentes níveis de sofrimento. Nesse pelas dificuldades em gerenciar suas emoções. Dessa
sentido, existe uma variação da capacidade de lidar forma, podem surgir consequências negativas tanto
com as emoções e alguns profissionais parecem para si, em sua saúde física e emocional, quanto para
ficar um pouco mais fragilizados, como demons- as relações que estabelecem com seus pacientes.
tram as falas a seguir: Frente a isso, os entrevistados reltam que, apesar
de a morte ser parte do cotidiano de trabalho, muitas
Então, assim, é sofrido. Eu acho que tu lidar com vezes não se encontram preparados para lidar com
paliação, terminalidade, aceitação do paciente ela. Por isso, destacam a importância da formação e de
que vai a óbito, muita gente não quer que isso um suporte emocional como ferramentas que pode-
aconteça em casa, que não vai conseguir conviver, riam ajudá-los e melhor capacitá-los para a atuação,
não vai conseguir lidar, tem gente com as quais a como é possível verificar nos depoimentos a seguir:
gente fala, olha ele pode ir a qualquer momento,
como é que tu quer que seja isso, tu quer que a Olha, é difícil eu acho que ninguém vai te dizer que
gente peça para ir pro hospital, vai chamar o é fácil, por mais que tu lide com isso, a terminali-
SAMU, vai querer que ele fique confortável em dade [enfaticamente] é bem sofrido para todas as
casa? Tem que eles decidirem isso e isso não é uma partes. Eu acho que a gente devia se preparar mais
coisa boa de se fazer (E6). para ter esse tipo de enfrentamento do trabalho
sabe. Por isso que eu digo assim ó, se a gente fosse
mais preparada, que a gente nos cursos não é. Na
É uma área que te traz muito para a realidade. formação, nunca tu é. E a gente devia ter psicote-
Tu diariamente mesmo que tu não queira, tu rapia para lidar só dentro do hospital, o fato de
fica te colocando no lugar daquelas pessoas. Bah estar aqui dentro já necessitava, imagina numa
e quando acontecer comigo, como é que vai ser situação dessa. E a gente não tem nada disso (E6).
comigo. É cheio de questionamento depois que tu
entra nessa área (E5).
Então tem perdas assim que acontece que tu não
Esses recortes destacam aspectos relacionados à acredita. Daí eu digo, ah eu vou lá para aten-
grande empatia e à identificação com os pacientes, que der a… Ahh não, mas ela… [foi a óbito]. Então

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tem esse lado aí, é difícil. A gente deveria ter um desempenho, mas, especialmente, de altíssima rea-
suporte, uma coisa para trabalhar isso (E8). lização profissional e pessoal, como depreende-se
das narrativas a seguir:
Nesse sentido, estudos indicam a importância de
uma melhor preparação na formação dos profissio- Em relação às visitas, quando eu saio eu sempre
nais de saúde para lidar com a morte, com o morrer penso assim que eles são uma lição de vida nor-
e com os cuidados paliativos (Kovács, 2010; Monteiro, malmente pra gente e que a gente não tem do que
Mendes, & Beck, 2020). Ressalta-se que o ensino, mui- reclamar, às vezes, eu penso ahh a gente reclama
tas vezes voltado exclusivamente para a cura, acaba se de coisas tão simples… Então eu sempre saio
tornando um empecilho para os profissionais que tra- agradecida sabe, de poder ajudar, de saber que o
balham em uma equipe de cuidados paliativos. Assim, meu trabalho pode melhorar esse fim de vida dos
o contato com o tema da finitude da vida e dos cuida- pacientes (E1).
dos paliativos durante a graduação e ao longo de toda
a formação pode contribuir muito para os profissio- Ah às vezes a gente enxerga algumas coisas da
nais que trabalham cotidianamente com a morte por vida da gente de outra forma sabe. Às vezes, a
desenvolver competências e habilidades que serão gente reclama muito das coisas e não… Tipo a
utilizados na atuação profissional (Ferreira et al., 2018; gente está bem, porque tem pessoas com proble-
Monteiro et al., 2020; Sartori & Battistel, 2017). mas bem maiores, assim, que talvez não tenham
Outro aspecto pontuado pelos profissionais um processo de morte tão bom, sabe…e a gente
entrevistados diz respeito à necessidade de um tem que pensar e ajudar eles assim. Eu tento me
suporte emocional para a equipe. Sabe-se que a ter- inspirar neles assim, pra tentar melhorar minha
minalidade costuma ser um processo cujo enfrenta- vida pessoal, sabe (E3).
mento é complexo e abarca uma carga emocional que
pode gerar grande sofrimento ao psiquismo dos sujei- De acordo com Silveira, Ciampone e Gutierrez
tos que estão próximos dela. Quando o nível desse (2014), é fundamental que os profissionais se identifi-
sofrimento impossibilita que os profissionais con- quem com o trabalho que realizam e o percebam como
sigam cuidar de seus pacientes, percebe-se que é o gerador de satisfações. No caso dos cuidados paliativos,
momento de eles serem cuidados (Gutierrez & Barros, a satisfação pessoal e profissional no processo de cui-
2012). Nesses casos, as vicissitudes emocionais des- dar são interdependentes e, portanto, de difícil sepa-
pertadas por algumas situações fazem com que os ração. Nessa perspectiva, identifica-se o prazer gerado
profissionais de saúde manifestem a necessidade de pelo cuidado disponibilizado por meio do sentimento
assistência psicológica. de gratidão manifestado na fala de E1. Ademais, nota-
-se que a coragem e o esforço dos pacientes que lutam
Atuação em cuidados paliativos: pela vida e por uma morte digna, servem como exem-
uma lição de vida plo e inspiração para os profissionais entrevistados,
A assistência paliativa requer que os profissio- oportunizando seu crescimento pessoal.
nais que exercem essa abordagem de cuidado traba- Com isso, infere-se que a atuação em cuida-
lhem frequentemente com os momentos próximos dos paliativos torna-se “uma lição de vida”, isto é, o
à morte das pessoas. Nesse contexto, eles precisam sofrimento desse contexto repercute nos profissio-
lidar não só com as questões emocionais de pacien- nais, proporcionando também aspectos positivos
tes e familiares, mas também com suas próprias na medida em que possibilita que eles aprendam a
vivências e anseios. Por presenciarem perdas cons- redimensionar suas dificuldades e melhor adminis-
tantes, eles se deparam com questões subjetivas que trar seus problemas cotidianos. Da mesma forma,
conduzem a reflexões acerca das estratégias empre- percebe-se uma valorização da vida pessoal por parte
gadas como alicerce e fonte de motivação para a desses profissionais e uma melhor aceitação da morte
oferta de um cuidado com qualidade (Gutierrez & dos pacientes, que não é entendida como um fracasso
Barros, 2012). profissional, mas como uma oportunidade de promo-
Nesse sentido, os cuidados paliativos englo- verem melhorias para o processo de fim de vida. Nesse
bam conhecimentos de alta complexidade e alto cenário, salienta-se que um dos fatores que contribui

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para uma efetiva atenção paliativa é a compreensão reconhecem os limites da medicina curativa, eles
da morte como parte da vida (Alves et al., 2019). passam a criar novos critérios para avaliar seu tra-
Pontua-se, ainda, que os profissionais que traba- balho, que dizem respeito ao alívio de sintomas,
lham com cuidados paliativos estão constantemente aos cuidados para o conforto e à condução para
diante da vulnerabilidade humana, o que faz com que uma “boa morte”, de modo que sejam preservadas a
eles sejam expostos com mais intensidade a sua pró- autonomia e a identidade do paciente:
pria finitude. Como consequência, eles têm a chance
de refletir sobre a vida, melhorar seu processo de O meu trabalho eu gosto muito, ahh estou traba-
desenvolvimento pessoal e de se sentirem gratificados lhando hoje com cuidados paliativos. Ai como é
com a tomada de consciência sobre os limites de sua que é trabalhar com gente doente que vai morrer…
condição humana. O discurso abaixo exemplifica isso: a gente não tem perspectiva de que vai melhorar.
Eu digo, por que não? Tu está trabalhando com
É muito difícil tu não olhar pra um paciente que vai uma pessoa que vai morrer, mas tem que ter digni-
morrer daqui a duas semanas e não… e aí tu vê do dade pra finitude. Se eu sei que eu alivio a dor, eu
que que é feito a condição humana. Então, mesmo às alivio o sofrimento daquela pessoa. Gente, às vezes
vezes até inconscientemente, tu te põe no lugar um as pessoas tão…quase morrendo e tu chega lá e
pouco e eu acho que isso ajuda, até a tentar ser uma conversa e elas te dão um sorriso. É porque estão
pessoa talvez melhor . . . a gerenciar melhor os meus confortáveis, porque tem momentos que elas estão
problemas no dia a dia, porque tem pessoas que não bem. E também tu sente o apoio do cuidado da
tem contato com isso, ou boa parte não tem contato. família ou da equipe…tu não imagina como eles
E como a gente tem contato frequente a gente sabe, gostam da gente em casa, visitá-los. Tem pessoas,
a gente vê que a vida tem fim e o fim, às vezes, pode assim, que é tão gratificante (E2).
ser doloroso ou não! Então eu acho que isso tem uma
gratificação pessoal, nesse aspecto aí (E4). Percebe-se, no discurso de E2, novos parâmetros
para julgar o sucesso de seu trabalho, não mais base-
Conforme Arantes (2016), durante o complexo ados na cura – como é comum nas profissões da área
processo de cuidar de um paciente em todas as suas da saúde. Nesse caso, a despeito de a cura não ser mais
dimensões e de estar em contato frequente com a possível, o entrevistado se sente igualmente satisfeito
morte, os profissionais podem repensar seus valores, ao alcançar os objetivos de minimizar as dores e os
seus afetos e sua visão de mundo e, assim, reconstruir sofrimentos dos doentes e de proporcionar dignidade
um novo olhar para a vida. Destaca-se que o trabalho em todo o processo de final de vida. Dessa forma, é
em cuidados paliativos se assemelha a uma obra de possível notar a importância da cooperação para o
devoção, capaz de propiciar desenvolvimento pessoal, cuidado tanto por parte da família quanto da equipe,
profissional e emocional. Nesse viés, a formação de bem como percebe-se a relevância do feedback posi-
um campo de atuação que contempla especialmente tivo que recebe dos pacientes.
o final da vida dos doentes estabelece uma nova iden- Ademais, o cuidado disponibilizado por cada pro-
tidade comum a todas as categorias profissionais: a fissional é resultante da dimensão e da importância
de paliativista. A incorporação dessa identidade per- que a experiência humana assume para cada um, de
passa a transformação do cuidado, que não será mais modo que conhecer suas potencialidades e limitações
fragmentado e focado somente na doença, mas se torna-se essencial. Por isso, é preciso que os profissio-
expandirá aos domínios de intervenção sociais, psi- nais tomem consciência de que não são onipotentes
cológicos e espirituais (Menezes, 2004). nem infalíveis e tentem construir sua própria identi-
Nesse cenário, a estruturação teórica dos cui- dade, alicerçada em sua “missão” de cuidar. Essa “mis-
dados paliativos é composta por saberes de diver- são” se torna completa a partir da satisfação com o
sas áreas, como a filosófica, a social, a psicológica desempenho profissional, que se dá por meio de ações
e comunicacional, que fazem parte do domínio responsáveis e éticas que conduzem ao resgate do
das ciências humanas em conjunto com o das valor da vida (Bettinelli, Waskievicz, & Erdmann, 2011).
ciências biomédicas (Menezes, 2004). De acordo Assim, os profissionais da saúde precisam cuidar
com Menezes (2004), conforme os paliativistas do ser humano em sua totalidade, com competência

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

técnica, científica e, ao mesmo tempo, humana. Com As narrativas também possibilitaram reflexões
isso, quem cuida e se deixa tocar pelo sofrimento acerca dos diversos aspectos emocionais presentes
humano passa a valorizar a vida não como um bem a na assistência paliativa e levaram à conclusão de que
ser privatizado, mas como um dom a ser aproveitado e é imprescindível um exercício constante de gestão e
partilhado solidariamente com os outros (Pessini, 2009). busca pelo equilíbrio das emoções, pois em um con-
texto muitas vezes oneroso e marcado por sofrimento,
dor, morte e luto, a carga emocional presente em algu-
Considerações finais
mas situações pode se tornar excessiva. Nesse sentido,
O ambiente domiciliar é um dos cenários em que
destaca-se a importância da implantação de serviços
pode ocorrer o atendimento em cuidados paliativos.
de psicologia nas instituições hospitalares, em que
O domicílio é um local que pode proporcionar inúme-
o psicólogo institucional possa disponibilizar uma
ras vantagens, como o conforto, a proteção, a proximi-
dade dos familiares e amigos e a maior identificação escuta qualificada e um suporte para os profissionais
para os pacientes, o que o configura, portanto, como envolvidos nos cuidados paliativos, a fim de propiciar
um facilitador do tratamento. um melhor manejo de suas emoções.
Os cuidados paliativos são marcados pelo empe- Além disso, propõe-se que a formação dos pro-
nho dos profissionais em prestarem assistência com fissionais da área da saúde, cujos modos de atuação
dignidade ao paciente até seus últimos minutos de podem ser aprendidos e (re)pensados, deve contemplar dis-

vida e mostram que ainda há muito a ser feito quando ciplinas focadas nos cuidados e nas práticas mais humanis-

a cura não é mais possível. Assim, esses cuidados se tas, em que se aborde a temática da morte, compreendida

centram em ações que visam propiciar qualidade de como parte da condição humana. Desse modo, os profis-
vida aos pacientes e seus familiares diante do enfren- sionais podem se sentir mais preparados e capacitados para
tamento de doenças potencialmente ameaçadoras à seu cotidiano de trabalho, principalmente se esse cotidiano
vida. Desse modo, não se trata de curar, mas de poten- englobar os cuidados paliativos.
cializar a oferta de cuidados humanizados e centra- Como último aspecto revelado pelo presente estudo,
dos na minimização dos sofrimentos de ordem física, salienta-se os sentimentos de gratidão e prazer no tra-
social, emocional e espiritual, o que só é possível e se balho decorrentes das realizações pessoais e profis-
concretiza quando os profissionais conhecem e apli- sionais, bem como o significativo valor atribuído aos
cam os princípios dos cuidados paliativos. aprendizados adquiridos com os pacientes em cui-
No presente estudo de caráter exploratório, foi dados paliativos. Ao presenciarem constantemente a
possível constatar que as significações dos profis- morte dos pacientes, os profissionais têm a oportuni-
sionais entrevistados acerca dos cuidados paliativos dade de refletir sobre sua própria finitude e converter
perpassam aspectos fundamentais dessa aborda- a dor e o sofrimento desse contexto em uma vida que
gem. Como exemplo, evidenciou-se que o trabalho faça sentido e que seja aproveitada da melhor maneira
em equipe com atuação interdisciplinar agrega ele- possível, a partir de um redimensionamento dos pro-
mentos positivos para os profissionais, uma vez que blemas do dia a dia. Frente a isso, é inegável a relevân-
a cooperação e o diálogo entre os diferentes sabe- cia dos cuidados paliativos, uma vez que eles promove-
res viabilizam trocas de conhecimentos e melhores ram transformações na assistência à dor e às doenças
resultados, assim como maior segurança diante de crônicas e também nos profissionais, que puderam
ações que passam a ser compartilhadas e articu- adquirir sabedoria e se humanizar nesse processo.
ladas. Do mesmo modo, os profissionais reconhe- Por fim, aponta-se que este estudo apresenta
ceram benefícios para os pacientes que têm suas limitações pelo fato de a coleta de dados ter abran-
demandas acolhidas por diferentes olhares e podem gido somente uma equipe e ter sido realizada em
ser cuidados de forma integral. Dessa forma, perce- uma única instituição, o que não permitiu que as
be-se que, no contexto dos cuidados paliativos, tor- áreas dos profissionais pudessem ser identifica-
na-se essencial saber trabalhar em equipe e reconhe- das. Como possibilidade de novas pesquisas nesse
cer os limites e a importância da atuação dos demais campo, sugere-se a elaboração de investigações que
profissionais, uma vez que nenhuma área isolada incluam as perspectivas de pacientes e familiares
consegue abarcar todas as necessidades complexas que recebem cuidados paliativos no contexto domici-
e multifacetadas dos pacientes. liar acerca dessa abordagem de cuidado.

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Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos Cuidados Paliativos.

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Fernanda Nardino
Psicóloga. Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM). Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Oncologia do Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Rio de Janeiro – RJ. Brasil.
E-mail: [email protected]
https://orcid.org/0000-0002-8453-3941

Luísa da Rosa Olesiak


Psicóloga. Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), Santa Maria – RS. Brasil.
E-mail: [email protected]
https://orcid.org/0000-0002-2635-2675

Alberto Manuel Quintana


Psicólogo. Doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo – SP. Brasil. Docente
no Curso de Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), Santa Maria – RS. Brasil.
E-mail: [email protected]
https://orcid.org/0000-0001-7356-6142

Endereço para envio de correspondência:


Fernanda Nardino. Rua Vasconcelos, 1160. Bairro: Centro. CEP: 99660-000. Campinas do Sul – RS. Brasil.

Recebido 09/04/2019
Aceito 09/02/2021

Received 04/09/2019
Approved 02/09/2021

Recibido 09/04/2019
Aceptado 09/02/2021

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Psicologia: Ciência e Profissão 2021 v. 41, e222519, 1-16.

Como citar: Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significações dos cuidados paliativos para
profissionais de um serviço de atenção domiciliar. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-16. https://doi.
org/10.1590/1982-3703003222519

How to cite: Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). The Meanings of Palliative Care for Professionals in a
Home Care Service. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-16. https://doi.org/10.1590/1982-3703003222519

Cómo citar: Nardino, F., Olesiak, L. R., & Quintana, A. M. (2021). Significados de los Cuidados Paliativos para
los profesionales de un Servicio de Atención Domiciliaria. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, 1-16. https://doi.
org/10.1590/1982-3703003222519

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