NIMA-Leticia Vidal Ozorio
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Introdução
A progressiva modernização da sociedade e o estímulo da cultura do consumo trazidos
com o desenvolvimento do capitalismo nos últimos tempos resultam em um desiquilíbrio
ambiental preocupante. Devido a isso, a busca e o desenvolvimento de tecnologias que reduzam
tais impactos negativos através de uma perspectiva e lógica menos exploratória têm se
expandido cada vez mais. O papel de universidades é essencial neste processo, uma vez que seu
ambiente é fértil para promover pesquisas que proporcionam o desenvolvimento cientifico-
tecnológico para as futuras gerações.
Diante desta questão, três grupos contendo diversas linhas de pesquisa foram propostos
como os pilares da Agenda Socioambiental da PUC-Rio que, por sua vez, atua como um
documento direcionador de práticas sustentáveis no campus da universidade. O tema “Energia”
pesquisado e descrito neste relatório integrou o segundo grupo de pesquisa da Agenda, que
também contemplava os temas “Água” e “Resíduos”.
A elaboração da Agenda Socioambiental possuiu como impulso e objetivo a revisão da
Agenda Ambiental em vigor na universidade. Para isto, a etapa inicial do processo consistiu no
diálogo, através de oficinas, com a comunidade PUC-Rio, o qual proporcionou a elaboração de
princípios e diretrizes para o tema. A partir de então, iniciou-se uma observação crítica acerca
dos projetos e ações relacionados às características intrínsecas da sustentabilidade na área de
energia no campus.
Uma vez que os pontos críticos a serem abordados e desenvolvidos foram identificados,
foi possível concluir um diagnóstico da situação atual do campus, e a partir dele, concluir
potencialidades e desafios para os princípios estabelecidos, sempre visando o importante
conceito de eficiência energética, que pode ser resumido como a capacidade de utilizar o menor
consumo possível de energia para uma atividade. Isto, por sua vez, implica não só na
necessidade de desenvolvimento tecnológico, mas também em um processo de conscientização
e mudança de hábitos e comportamento de cada indivíduo.
Grande parte do fornecimento energético global ainda é oriunda de combustíveis fósseis
– carvão, petróleo e gás natural – portanto o papel de energias renováveis é de extrema
importância para que a demanda de energia seja coberta de forma menos nociva ao meio
ambiente. A matriz energética brasileira é considerada como uma das mais limpas do mundo,
tendo como fonte principal recursos hídricos. Portanto, dentro deste contexto e buscando a
diversificação da matriz energética do campus, dentre as questões ressaltadas no processo de
diagnóstico do campus, a utilização do ambiente acadêmico como um laboratório vivo para a
implementação de novas tecnologiasfoi amplamente discutida e considerada.
Segundo Souza (2004), em conjunto às vantagens ambientais, as tecnologias com base
em fontes renováveis podem ser vinculadas a vantagens sociais, pelo fato de serem alternativas
atrativas com a possibilidade de desenvolvimento de fontes de suprimento em pequena escala
e descentralizada. Diante das alternativas de fontes renováveis, indicadas pela Figura 1, e das
comumente aplicadas no Brasil, alguns tipos de fontes foram considerados como opções mais
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Objetivos
O objetivo da pesquisa foi construir um perfil de consumo de energia no campus Gávea
da PUC-Rio, como também, a partir desse, investigar a aplicação de soluções sustentáveis
visando a eficiência energética em diversos setores. Após este diagnóstico ter sido estabelecido,
foi identificado tanto os potenciais como os pontos críticos do campus universitário em relação
ao tema e propor projetos e alternativas sustentáveis.
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Metodologia
A pesquisa descrita neste relatório foi aprofundada e desenvolvida a partir de uma
metodologia característica da Agenda Socioambiental, a qual consistia em uma planilha de
sistematização com itens comuns aos diversos temas, indicados abaixo:
• Princípios preliminares
o Princípios trazidos na XXII Semana do Meio Ambiente;
o Princípios definidos pelos grupos (GT) de pesquisa;
• Justificativa dos princípios;
• Síntese dos princípios;
• Inter-relação com demais temas da Agenda;
• Diagnóstico de sensibilidade da XXII Semana do Meio Ambiente;
• Aspectos discutidos em cada grupo;
• Levantamento de dados;
• Diagnóstico
o Obstáculos;
o Potencialidades;
• Síntese do diagnóstico;
• Elaboração das diretrizes;
• Definição das metas
o Metas sugeridas na XXIII Semana do Meio Ambiente;
o Síntese das metas feita pelo GT em questão;
• Indicadores
o Métrica;
o Método;
o Periodicidade;
• Carteira de projetos propostos
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Resultados e discussões
Diagnóstico do campus
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condicionado já operam com o “gás ecológico” R410A, o qual não causa danos à camada de
ozônio, embora seus vazamentos ainda contribuam para o aquecimento global e que cerca de
95% dos aparelhos já possuem compressores rotativos, sendo estes mais eficientes
energeticamente que os antigos, de pistão. Entretanto, por mais que tais mudanças adotadas
impliquem diretamente em uma redução quanto ao consumo de energia referente à climatização
dos ambientes, não há dados efetivos que corroborem tal observação. Para isto, dentro das
etapas da Agenda Socioambiental, foi proposto à Universidade um projeto de planejamento,
mapeamento detalhado e acompanhamento de consumo dos aparelhos de ar condicionado nas
dependências do campus.
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A partir dos dados de geração de resíduos (em massa) coletados no trabalho de Meirelles
(2018) e da porcentagem estimada para resíduos orgânicos por Soto (2016), foi possível estimar
a quantidade mensal de biomassa gerada no campus da PUC-Rio, e consequentemente, a
quantidade de energia elétrica (em kWh) proveniente de sua aplicação na digestão anaeróbia.
Com base nos dados internos de consumo geral de energia elétrica, obtidos na Prefeitura do
campus, foi então estimado que 1,27% da demanda de energia elétrica da Universidade seria
suprida pelo emprego da biomassa no processo de digestão anaeróbia.
Conclusões
O diagnóstico permitiu a identificação das potencialidades do ambiente acadêmico para
o desenvolvimento de tecnologias de eficiência energética, de forma que a perspectiva de
interdisciplinaridade seja aplicada, uma vez que diversos departamentos podem colaborar e
comunicar entre si em prol de um projeto. Também foi constatado que, em relação a energias
renováveis, algumas pesquisas com painéis solares foram iniciadas, contudo, pela vegetação e
sombreamento características do local, foram descontinuadas, indicando uma forte dependência
da universidade em relação a uma única fonte de energia.
Também foi constatado que os aparelhos de ar condicionado possuem um papel
significativo quanto ao consumo de energia elétrica no campus, e que, mesmo havendo registros
e controle acerca dos equipamentos distribuídos pelas dependências da Universidade, seria
interessante a implementação de um mecanismo de maior planejamento e acompanhamento do
emprego de tais aparelhos na Universidade a partir da perspectiva de eficiência energética.
Devido ao considerável consumo de energia elétrica no campus e a considerável geração
de resíduos alimentares no restaurante universitário, a ideia de utilizar o campus da
Universidade como laboratório vivo para desenvolvimento fontes de energia em pequena escala
e descentralizadas surge através da proposta de implementação de um sistema de digestão
anaeróbia no campus. O uso do biogás como fonte de energia renovável apresenta-se como uma
alternativa de projeto que une a necessidade de tratamento da considerável fração de resíduos
orgânicos gerados na universidade, com a possibilidade da diversificação da matriz energética
do campus.
A partir das conclusões retiradas do diagnóstico energético do campus da PUC-Rio,
Ozorio (2018) e Meirelles (2018) realizaram estudos mais detalhados acerca das diversas etapas
envolvidas no processo de digestão anaeróbia, simulando a produção de biogás em função dos
diferentes parâmetros impostos ao sistema como um todo e também das características
intrínsecas da matéria orgânica produzida na Universidade. A partir de tais estudos, foi possível
apresentar um projeto mais consistente e de possível aplicação no campus da PUC-Rio.
Referências
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