Propedauton
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AUTONOMIA DA ESCOLA
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“O projeto pedagógico da escola é apenas uma
oportunidade para que algumas coisas
aconteçam e dentre elas o seguinte: tomada de
consciência dos principais problemas da escola,
das possibilidades de solução e definição das
responsabilidades coletivas e pessoais para
eliminar ou atenuar falhas detectadas. Nada
mais, porém isso é muito difícil.”
José Mario Azanha
I. INTRODUÇÃO
Todos os setores e todas as profissões do mundo inteiro passam por um
período de grandes transformações. Vivenciamos globalmente um novo
momento: a mudança de paradigma.
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Que a forma como ensinamos privilegia a memorização, o acúmulo da
informação pela informação, sem dar a ela um sentido e uma
aplicabilidade real. Que ao sair da escola o conteúdo aprendido já está
ultrapassado. Que a escola não dá e não dará conta de prever um
conhecimento que esteja em permanente sintonia com as constantes
transformações tecnológicas.
Aprender a conhecer
Aprender a fazer
Aprender a ser
Aprender a conviver
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“Na verdade, a proposta pedagógica é a forma pela qual a autonomia da
escola se exerce. E a proposta pedagógica não é uma “norma” nem um
documento ou formulário a ser preenchido. Não obedece a prazos formais
nem deve seguir especificações padronizadas. Sua eficácia depende de
conseguir pôr em prática um processo permanente de mobilização de
“corações e mentes” para alcançar objetivos compartilhados.” 2
Com a segunda etapa das reformas, no início dos anos de 1990 e com a
promulgação da nova LDB, se resgatam as preocupações pedagógicas
num novo contexto, dando às escolas uma autonomia mais concreta:
financeira, administrativa e pedagógica.
Art.15
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica
que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de
gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
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Art.13
Os docentes incumbir-se-ão de:
I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III. Zelar pela aprendizagem5 dos alunos;
IV. Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V. Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI. Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.
Art.3
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II. Liberdade de aprender6, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III. Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV. Respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII. Valorização do profissional da educação escolar;
VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos
sistemas de ensino;
IX. Garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extra-escolar;
X. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
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Grifo nosso
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Grifo nosso
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O direito de aprender se concretiza quando conseguimos desenvolver no
aluno um conjunto de competências definidas pela própria LDB como
aquelas necessárias à inserção no mundo da prática social e do
trabalho. Essa ênfase nas competências, por sua vez, desloca o trabalho
pedagógico do ensino para a aprendizagem que resulta em
desenvolvimento de competências.
Como produto final, um cidadão que sabe fazer, agir, ser e conviver em
seu entorno social.
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Art.1o
§2o A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
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Art.32
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Art.35 e 36.
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“A necessária contextualização do conteúdo (princípio dos PCNs do Ensino Médio), assim como o
tratamento dos temas transversais ( previstos no PCNs do Ensino Fundamental) – questões sociais atuais que
permeiam a prática educativa, como ética, meio ambiente saúde, pluralidade cultural, sexualidade, trabalho,
consumo e outras – seguem o mesmo princípio: o compromisso da educação básica com a formação para a
cidadania e buscam a mesma finalidade: possibilitar aos alunos a construção de significados e a necessária
aprendizagem de participação social.” In Proposta de Diretrizes para Formação Inicial de Professores da
Educação Básica, em Cursos de Nível Superior.
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Para saber mais ver ANEXO 1 – Texto sobre Transposição didática, contextualização e
interdisciplinaridade.
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Para saber mais ver ANEXO 1 – Texto sobre Transposição didática, contextualização e
interdisciplinaridade.
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CONTEXTUALIZAÇÃO
A construção de competências na escola implica recorrer a contextos que tenham
significado para o aluno, envolvendo-o não só intelectual mas também afetivamente.
Contextuar é uma estratégia fundamental para a construção de significados.
Contextualizar o ensino significa vincular os conhecimentos aos lugares onde foram
criados e onde são aplicados, isto é, a vida real. Significa também incorporar vivências
concretas ao que se vai aprender e incorporar o aprendizado a novas vivências. Os
exercícios de aplicação de fórmulas e conceitos abstratos são um bom exemplo de um
ensino não contextualizado; os alunos resolvem as questões mecanicamente sem
saber em que situações tais fórmulas são necessárias nem porque foram criadas.
INTERDISCIPLINARIDADE
“A interdisciplinaridade é atualmente uma palavra-chave para a organização
escolar. O que se busca com isso é, de modo geral, o estabelecimento de uma
intercomunicação efetiva entre as disciplinas, por meio do enriquecimento
das relações entre elas. Almeja-se, no limite, a composição de um objeto
comum, por meio dos objetos particulares de cada uma das disciplinas
componentes... as unidades disciplinares são, portanto, mantidas, tanto no
que se refere aos métodos quanto aos objetos, sendo a horizontalidade a
característica básica das relações estabelecidas.” (Nilson José Machado)
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2. Analisar e refletir sobre a própria prática pedagógica sob o novo olhar
– o que se faz e com quais objetivos se faz. Torna-se muito
importante ter um parâmetro de como estamos para saber o que
precisamos mudar. Ninguém muda se não tem consciência do que
precisa mudar.
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QUADRO II
COMPREENSÃO DO NOVO PARADIGMA
LIVRO DIDÁTICO ♦ Um fim em si mesmo. ♦ Um entre vários recursos didáticos (jornais, revistas,
♦ Atividades previsíveis e padronizadas. vídeos, computador, CD-ROMs)
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IV. A PROPOSTA PEDAGÓGICA COMO PROCESSO DE
ARTICULAÇÃO
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Passo por passo, esse processo de articular intenções construindo
consensos, precisa considerar as seguintes questões:
AS COMPETÊNCIAS
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Ver ANEXO 2
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Phillipe Perrenoud, entrevista à Revista Nova Escola, setembro 2000.
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Dois exemplos, que valem tanto para o Ensino Fundamental quanto
para o Ensino Médio, podem ajudar nessa reflexão.
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Para constituir competências, os professores do Ensino Fundamental e
do Ensino Médio deverão ressignificar o conhecimento enquanto
herança cultural, discernindo o que é essencial e relevante dessa
herança cultural para concretizar as intenções estabelecidas pelo
consenso, que têm relevância para o mundo moderno e que possibilitem
a inserção do aluno na convivência social e no trabalho. As
características, necessidades, enfim, o contexto no qual o aluno vive
será sempre o ponto de partida, não necessariamente o ponto de
chegada.
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
Transposição didática é a transformação pela qual passam os saberes da cultura (os
conhecimentos, as práticas, os valores) para que possam ser ensinados e aprendidos
pelos alunos. Da cultura aos programas das disciplinas ou áreas de conhecimento,
temos um nível de transposição; dos programas aos conteúdos efetivamente
ensinados, um outro nível acontece. A transposição didática é um fenômeno intrínseco
à escolarização e ocorre sempre que os saberes da sociedade entram na escola para
serem ensinados. É uma decisão sobre o que e como ensinar:
• selecionar o que se vai ensinar
• definir quais recortes serão feitos, quais aspectos serão enfocados
• que saberes interrelacionar
• que contextos escolher para propiciar significado e sentido para o aluno
A transposição didática deve ser feita considerando as possibilidades cognitivas dos
alunos e também as competências que se quer que desenvolvam
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Para saber mais ver ANEXO 1 – Texto sobre Transposição didática, contextualização e
interdisciplinaridade.
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Deverão também estar claramente definidos os resultados esperados, os
objetivos de aprendizagem, isto é, as competências desenvolvidas e
adquiridas ao final do processo, o que será capaz de fazer.
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Como é o ritmo de vida e de aprendizagem de um aluno trabalhador?
Como são os ritmos de nossos alunos? Lentos, acelerados? O universo
escolar encerra em si diferentes mundos, diferentes personalidades,
maneiras de ser, de ver e sentir, diferentes problemas, diferentes
emoções?
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didática do mesmo. Se não desenvolver em si mesmo estas
competências, o trabalho didático estará fatalmente comprometido.
Ninguém ensina o que não conhece, o que não sabe fazer, ser e
conviver.
V. A TÍTULO DE FINALIZAÇÃO
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