Tutoria p5
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EPIDEMIOLOGIA
Estima-se que a prevalência seja em torno de 1% nos Estados Unidos. Com base nos critérios do DSM-
IV, o transtorno ocorra a uma taxa de 8 casos em cada 10 mil crianças. Por definição, o início desse transtorno
ocorre na fase inicial do desenvolvimento, ainda que alguns casos não sejam identificados até que a criança
mais velha. É diagnosticado 4X mais em meninos. As garotas que o apresentam revelam incapacidade
intelectual com muito mais frequência do que garotos.
ETIOPATOGENESE
Fatores genéticos: Tem contribuição hereditária significativa; entretanto, não parece ser
completamente penetrante. Embora até 15% dos casos de transtorno do espectro autista pareçam estar
associados a mutações genéticas conhecidas, na maior parte das situações sua expressão depende de múltiplos
genes. Estudos de famílias revelaram que houve um aumento nas taxas de incidência do transtorno do
espectro autista nos irmãos de uma criança e até 50% em algumas famílias com duas ou mais crianças.
Os irmãos de uma criança com esse transtorno também correm um grande risco de apresentar uma
multiplicidade de problemas de desenvolvimento nas habilidades comunicativas e sociais, mesmo nas
situações em que não atendam aos critérios para o transtorno. As altas taxas de incidência de problemas
cognitivos nos gêmeos não autistas do grupo de gêmeos monozigóticos com complicações perinatais indicam
que as contribuições dos fatores ambientais perinatais interagem de forma distinta com a vulnerabilidade
genética nesse transtorno.
A heterogeneidade na expressão dos sintomas em famílias com o transtorno do espectro autista revela
que há diversos padrões de transmissão genética. Alguns estudos genéticos identificaram dois sistemas
biológicos que são influenciados no autismo: a descoberta consistente de níveis elevados de serotonina
plaquetária (5-HT) e do alvo mTOR (mammalian target of rapamycin), ou seja, mecanismos de plasticidade
sináptica ligados ao alvo da flaina em mamíferos, que aparentemente se rompe no transtorno do espectro
autista.
O mais comum desses transtornos hereditários é a síndrome do X frágil, um transtorno recessivo ligado
ao X que está presente em 2 a 3% dos indivíduos com TEA. Crianças com essa síndrome possuem
incapacidade intelectual, problemas motores graves e finos, expressão facial atípica, macrorquidismo e
habilidade linguística expressiva significativamente reduzida. Esclerose tuberosa, outro distúrbio genético
caracterizado pela presença de vários tumores benignos, herdada por transmissão autossômica dominante, é
encontrada com maior frequência entre crianças com TEA. Até 2% das crianças afetadas têm também
esclerose tuberosa.
A mielina, presente na substância branca, reflete a progressão da maturação funcional do cérebro. Esta
desordem geralmente se revela clinicamente entre 2 e 3 anos de idade.
O aparecimento da mielinização, indicado pela expressão da proteína básica de mielina, geralmente é
de 1 ano de idade e a progressão para coloração "semelhante a um adulto" ocorre aos quase 2-3 anos de idade.
Assim, um momento crucial para mielinização e também para a expressão clínica do autismo é entre o segundo
e terceiro ano de vida.
Nos portadores de autismo observou-se uma redução significativa na densidade de matéria branca
mielinizada e crescimento excessivo do cérebro (seguido de retração), resultando em conectividade aberrante.
Os fatores que podem desempenhar um papel significativo nesta maturação incluem os
oligodendrócitos formadores de mielina, e a lesão de seus progenitores provavelmente contribuiria para a
patogênese do desenvolvimento da substância branca. Um outro fator que pode ser significativo é a
hipoglicemia (relação com a DM gestacional?), uma vez que inibe o desenvolvimento de oligodendrócitos e
a mielinização, além de desencadear a morte celular apoptótica em células precursoras de oligodendrócitos.
Humor instável: algumas crianças autistas podem apresentar ataques de choro, fúria, comportamentos
autolesivos, risos e gargalhadas sem motivo aparente ou em resposta a alguma frustração ou sentimento difícil
de ser expresso ou verbalizado.
Deficiência intelectual: aproximadamente 70% a 80% dos indivíduos autistas apresentam algum grau
de comprometimento cognitivo, sendo que metade deles é gravemente acometida.
As deficiências no desenvolvimento da linguagem e as dificuldades no uso da linguagem para
comunicar ideias não fazem parte dos critérios básicos para diagnosticar o TEA; entretanto, esses
problemas ocorrem em um subgrupo de indivíduos com esse tipo de condição. Algumas crianças com esse
transtorno não se recusam apenas a falar, e suas anormalidades na fala não resultam da ausência de
motivação. O desvio linguístico, assim como o retardo no desenvolvimento da linguagem, é uma
característica de subtipos mais graves desse transtorno.
As crianças sofrem com a versão grave do transtorno sentem uma grande dificuldade para
organizar as frases de uma forma inteligível, mesmo que tenham um vocabulário amplo. Nas situações
em que as crianças com o transtorno e com retardo no desenvolvimento linguístico aprendem a
conversar fluentemente, a conversação pode transmitir informações sem prosódia ou inflexão típicas.
No primeiro ano de vida, o padrão típico de balbucio pode ser mínimo ou ausente. Algumas crianças com o
transtorno do espectro autista vocalizam ruídos – cliques, guinchos ou sílabas sem sentido – de uma forma
estereotipada, sem intenção aparente de se comunicar. Ao contrário da maior parte das crianças, que
geralmente têm melhores capacidades linguísticas receptivas do que expressivas, na realidade, as autistas
podem expressar mais do que compreendem. Palavras ou mesmo frases completas podem entrar e sair de seu
vocabulário. É bastante comum o fato de algumas usarem uma palavra uma vez e não usá-la novamente
durante uma semana, um mês ou vários anos. Alguns jovens com o transtorno apresentam fala com ecolalia,
tanto imediata como retardada, ou frases estereotipadas que parecem fora do contexto. Uma criança pode dizer
“Você quer o brinquedo”, quando, na realidade, ela é quem deseja o brinquedo.
Muitas crianças autistas usam uma qualidade e um ritmo peculiares de voz. Cerca de 50% das
crianças autistas nunca chegam a desenvolver uma fala útil. Algumas das mais brilhantes têm uma
fascinação especial por letras e números. Às vezes, são excelentes na execução de determinadas tarefas ou
têm habilidades especiais; por exemplo, uma criança pode aprender a ler fluentemente na idade pré-escolar
(hiperlexia), mas compreendem muito pouco o sentido daquilo que foi lido.
INSTABILIDADE NO HUMOR E NO AFETO. Algumas crianças apresentam mudanças
repentinas de humor, com explosões de riso ou de choro, sem nenhuma razão óbvia.
RESPOSTA A ESTÍMULOS SENSORIAIS. Respondem de forma intensa a alguns estímulos e
fraca a outros estímulos sensoriais (ex., ao som e à dor). É uma ocorrência comum que elas aparentem ser
surdas; em geral, respondem muito pouco ao som da voz de uma conversa normal; no entanto, a mesma criança
poderá demonstrar um interesse intenso pelo som de um relógio de pulso. Algumas crianças apresentam um
limiar alto para dor ou respostas alteradas para ela. Na realidade, algumas não respondem a uma lesão com
choro ou busca de conforto. Alguns jovens autistas persistem em alguma experiência sensorial; por exemplo,
com frequência cantarolam uma música ou cantam a canção de algum anúncio comercial.
HIPERATIVIDADE E DESATENÇÃO. Hiperatividade e desatenção são comportamentos comuns.
Níveis de atividade abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, há alternância com excesso de
atividade. Comportamentos como déficit de atenção e incapacidade para se concentrar em uma tarefa
específica também interferem no desempenho diário.
HABILIDADES PRECOCES. Alguns indivíduos com o transtorno têm habilidades precoces ou
dissidentes de grande proficiência, tais como habilidade prodigiosa para cálculos e aprendizagem de memória,
geralmente além das capacidades dos pares normais. Outras habilidades precoces potenciais em algumas
crianças autistas incluem hiperlexia, uma capacidade precoce para leitura, memorização e declamação e
habilidades musicais (cantar ou tocar; ou reconhecer peças musicais).
INSÔNIA. É um problema frequente do sono entre crianças e adolescentes, ocorre em 44 a 83% das
crianças em idade escolar. As intervenções comportamentais incluem mudança no comportamento parental,
antes e no momento de ir para a cama, bem como criação de rotinas que eliminem os estímulos para
permanecer acordado.
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
Transtorno da comunicação social (pragmática). Este tipo de transtorno caracteriza-se pela dificuldade
de adaptação às narrativas; pela dificuldade em entender as regras de comunicação social por meio da
linguagem, exemplificada pelo ato de não cumprimentar convencionalmente outras pessoas; pela dificuldade
de se revezar nas conversas, respondendo às dicas verbais e não verbais de um ouvinte. Outras formas de
deficiências linguísticas podem acompanhar o transtorno da comunicação social, tais como retardo na
aprendizagem da linguagem ou dificuldades expressivas e receptivas. Esse transtorno é observado com maior
frequência em parentes de indivíduos com o transtorno do espectro autista, aumentando ainda mais a
dificuldade para fazer a distinção entre ambos. Embora as relações possam ser afetadas de forma negativa pelo
transtorno da comunicação social, esse tipo de transtorno não inclui comportamentos e interesses restritos ou
repetitivos, que ocorrem nos casos de transtorno do espectro autista.
Esquizofrenia com início na infância. A esquizofrenia é rara abaixo de 12 anos e quase nunca ocorre
antes dos 5 anos. A esquizofrenia com início na infância caracteriza-se pela presença de alucinações ou delírios
e possui baixa incidência de convulsões, de incapacidade intelectual e de habilidade sociais fracas.
Transtorno da linguagem. Algumas crianças com transtornos da linguagem também têm características
do transtorno do espectro autista, o que poderá se tornar um desafio diagnóstico.
Surdez congênita ou deficiência auditiva. Considerando-se que as crianças com transtorno do espectro
autista podem parecer mudas ou com problemas de desenvolvimento de linguagem, é extremamente
importante excluir condições como surdez congênita ou deficiência auditiva. Os fatores diferenciadores
incluem: lactentes com o transtorno do espectro autista não balbuciam com frequência, enquanto os lactentes
surdos têm uma história bastante normal de balbucios, que diminuem de modo gradual até serem
interrompidos por completo no período entre 6 meses e 1 ano de idade. De maneira geral, as crianças surdas
respondem apenas aos sons muito altos, enquanto aquelas com transtorno do espectro autista podem ignorar
sons altos ou normais e responder aos suaves ou baixos. O mais importante é que os audiogramas ou os
potenciais auditivos evocados indicam uma perda auditiva significativa em crianças surdas. De modo habitual,
essas crianças procuram com regularidade a comunicação social não verbal e tentam interagir socialmente
com pares e com membros da família de uma forma mais consistente que aquelas com transtorno autista.
Privação psicossocial. Fatores como negligência grave, maus-tratos e ausência de atenção parental
podem fazer as crianças parecerem apáticas, isoladas e alienadas. Pode haver um retardo no desenvolvimento
das habilidades linguísticas e motoras. De maneira geral, as crianças com esses sinais melhoram em ambientes
psicossociais favoráveis e enriquecidos, mas esse tipo de melhora não ocorre naquelas com o transtorno do
espectro autista.
Síndrome de Rett. Uma ruptura da interação social pode ser observada durante a fase regressiva da
síndrome de Rett (entre 1 e 4 anos de idade); assim, uma proporção substancial das meninas afetadas pode ter
uma apresentação que preenche critérios diagnósticos para transtorno do espectro autista. Depois desse
período, no entanto, a maioria dos indivíduos com síndrome de Rett melhora as habilidades de comunicação
social, e as características autistas não são mais grande foco de preocupação. Consequentemente, o transtorno
do espectro autista somente deve ser considerado quando preenchidos todos os critérios diagnósticos.
Mutismo seletivo. No mutismo seletivo, o desenvolvimento precoce não costuma ser acometido. A
criança afetada normalmente exibe habilidades comunicacionais apropriadas em alguns contextos e locais.
Mesmo nos contextos em que a criança é muda, a reciprocidade social não se mostra prejudicada, nem estão
presentes padrões de comportamento restritivos ou repetitivos.
TRATAMENTO
Quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, melhor será o prognóstico. Os objetivos principais do tratamento
dos pacientes autistas são baseados em medidas comportamentais, envolvendo uma equipe interdisciplinar, que
visam melhorar as habilidades sociais, capacidades comunicativas e comportamentais do paciente. Portanto, o foco
do tratamento é na promoção da autonomia do paciente e no desenvolvimento de habilidades.
3. Descrever a diferença da síndrome de asperger com a classificação atual para autismo (DSM V).