Memoria Resumo

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MÓDULO 18

Os Fundamentos da Memória

1.0. Memória
O processo inicial de registrar informações de um modo que possa ser usado pela memória,
processo conhecido como codificação, é a primeira etapa na recordação de algo.
Mesmo que você tivesse sido exposto à informação e originalmente soubesse o nome
do corpo de água, é possível que seja incapaz de recordá-la durante a partida por causa de
uma falha na retenção. Os especialistas em memória falam de armazenamento, a manutenção
do material salvo na memória.
A memória também depende de um último processo – a recuperação: o material
armazenado tem de ser localizado e levado à consciência para ser usado.
Em suma, os psicólogos consideram como memória o processo pelo qual
codificamos, armazenamos e recuperamos informações.
No modelo de três estágios da memória, a informação inicialmente registrada pelo
sistema sensorial da pessoa entra na memória sensorial, que armazena a informação
temporariamente. A informação então passa para a memória de curto prazo, que a armazena
por 15 a 25 segundos. Enfim, a informação pode passar para a memória de longo prazo, que é
relativamente permanente.
A teoria dos três sistemas propõe a existência de três armazenamentos de memória
separados que são:
 A memória sensorial - refere-se ao armazenamento momentâneo inicial da
informação, que dura apenas um instante;
 A memória de curto prazo - retém a informação por 15 a 25 segundos e a
armazena de acordo com seu significado, e não como mera estimulação
sensorial;
 Memória de longo prazo - Memória que armazena a informação de maneira
relativamente permanente, embora possa ser difícil recuperá-la.

1.1. Memória sensorial – Primeira etapa

Armazenados na memória sensorial, o primeiro repositório das informações que o mundo


apresenta.

Na verdade, existem vários tipos de memórias sensoriais, cada um deles relacionado a


uma fonte de informação sensorial diferente.
Por exemplo:

 A memória icônica reflete informações do sistema visual;

 A memória ecoica armazena as informações auditivas provenientes das


orelhas.
Em suma, a memória sensorial funciona como uma espécie de retrato que armazena
informações – as quais podem ser de natureza visual, auditiva ou de outra natureza sensorial
– por um breve instante no tempo. Porém, é como se cada retrato, imediatamente depois de
ser tirado, fosse destruído e substituído por um novo. A menos que a informação no retrato
seja transferida a algum tipo de memória, ela se perde.

2.0. Memória de curto prazo – Segunda etapa


Para dar- -lhe sentido e possivelmente retê-la, a informação precisa ser transferida para a
próxima etapa da memória: a memória de curto prazo.
A memória de curto prazo - é o local onde a informação adquire seu primeiro significado,
embora a duração máxima da retenção ali seja relativamente curta (Hamilton & Martin,
2007).
Na verdade, a quantidade específica de informações que podem ser mantidas na
memória de curto prazo foi identificada com sendo de sete itens ou “agrupamento” de
informação, com variações de duas porções a mais ou a menos.
Um agrupamento - são porções de informações que podem ser armazenadas na
memória de curto prazo.
Por exemplo, um agrupamento pode ser uma porção de sete letras ou números, permitindo-
nos guardar um número de telefone de sete dígitos (como 226-4610) na memória de curto
prazo.
No entanto, um agrupamento também pode consistir de categorias maiores, tais como
palavras ou outras unidades significativas. Por exemplo, considere a seguinte lista de 21
letras:
PB S FO X C N NAB C C B S M TV N B C
Uma vez que a lista de letras excede sete itens, é difícil recordar as letras após uma
exposição. Mas vamos supor que elas fossem apresentadas da seguinte forma:
PBS FOX CNN ABC CBS MTV NBC
Nesse caso, embora ainda sejam 21 letras, você seria capaz de armazená-las na
memória de curto prazo porque elas representam apenas sete agrupamentos.
A maioria dos psicólogos acredita que a informação na memória de curto prazo perde-se após
15 a 25 segundos – a menos que seja transferida para a memória de longo prazo.
2.1. Ensaio

Ensaio - Repetição de informações que entraram na memória de curto prazo.


A transferência de material da memória de curto prazo para a memória de longo prazo ocorre
basicamente por ensaio, a repetição das informações que entraram na memória de curto
prazo. O ensaio realiza duas tarefas. Primeiro, enquanto é repetida, a informação é mantida na
memória de curto prazo. Mais importante, contudo, o ensaio permite-nos transferir a
informação para a memória de longo prazo (Kvavilashvili & Fisher, 2007; Jarrold & Tam,
2011).
O tipo de ensaio realizado parece em grande parte determinar se vai ocorrer a
transferência da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Se a informação é
simplesmente repetida diversas vezes – como faríamos com um número de telefone enquanto
corremos da lista telefônica para o telefone –, ela é mantida corrente na memória de curto
prazo, mas não será necessariamente transferida para a memória de longo prazo. Em vez
disso, assim que pararmos de digitar os números do telefone, o número provavelmente será
substituído por outras informações e será esquecido por completo.
Ao contrário, se a informação na memória de curto prazo é ensaiada usando-se um
processo chamado de ensaio elaborativo, ela tem muito mais chance de ser transferida para a
memória de longo prazo. Ensaio elaborativo ocorre quando a informação é considerada e
organizada de alguma maneira. A organização pode incluir expandir a informação para fazê-
la caber em uma estrutura lógica, ligá-la a outra lembrança, transformá-la em uma imagem,
ou transformá-la de alguma outra forma.
Por exemplo, uma lista de legumes a serem comprados em um mercado poderia ser guardada
na memória como os itens usados para preparar uma salada elaborada, poderia ser
relacionada aos itens comprados em uma ida anterior ao supermercado, ou poderia ser
pensada em termos de uma imagem de uma horta com filas de cada item.
Usando estratégias organizacionais como essas – denominadas mnemônicas –,
podemos aumentar consideravelmente nossa retenção de informações. Mnemônicas são
técnicas formais para organizar a informação de um modo que aumente sua probabilidade de
ser lembrada. (Carney & Levin, 2003; Sprenger, 2007; Worthen & Hunt, 2011).

3.0. Memória de trabalho


Em vez de considerar a memória de curto prazo como uma estação intermediária
independente na qual as memórias chegam, ou para desaparecer ou para serem repassadas
para a memória de longo prazo, a maioria dos teóricos contemporâneos concebe a memória
de curto prazo como muito mais ativa.
Nessa visão, a memória de curto prazo é como um sistema de processamento de informações
que gerencia tanto o novo material reunido da memória sensorial como o material antigo
puxado do armazenamento de longo prazo.
A memória de curto prazo é chamada de memória de trabalho e definida como um
conjunto de armazenamentos temporários que manipulam e ensaiam as informações de
maneira ativa (Bayliss et al., 2005a, 2005b; Unsworth & Engle, 2005; Vandierendonck &
Szmalec, 2011).
Considera-se que a memória de trabalho contém um processador executivo central que está
envolvido no raciocínio e na tomada de decisão.
O executivo central coordena três sistemas de armazenamento e ensaio distintos:
 O armazenamento visual;
 O armazenamento verbal, e;
 A memória episódica.
O armazenamento visual - O armazenamento visual é especializado em informações visuais
e espaciais.
O armazenamento verbal - contém e manipula material relativo a fala, palavras e números.
A memória episódica - contém informações que representam episódios ou eventos.

4.0. Memória de longo prazo


O material que vai da memória de curto prazo para a memória de longo prazo entra
em um depósito de capacidade quase ilimitada. Como um novo arquivo que salvamos em um
disco rígido, a informação na memória de longo prazo é arquivada e codificada para que
possamos acessá-la quando necessitarmos dela.
Por exemplo, pessoas com certos tipos de lesões cerebrais não têm lembrança duradoura de
novas informações recebidas depois que a lesão ocorreu, embora pessoas e eventos
armazenados na memória antes da lesão permaneçam intactas (Milner, 1966).
A distinção entre memória de curto prazo e de longo prazo também tem o respaldo do
efeito de posição serial, em que a capacidade de recordar informações em uma lista depende
de onde um item aparece na lista.
Por exemplo, muitas vezes ocorre um efeito de primazia, em que itens apresentados
anteriormente em uma lista são lembrados de modo mais fácil. Também existe um efeito de
recentidade, em que os itens apresentados por último em uma lista são mais facilmente
lembrados (Bonanni et al., 2007; Tan & Ward, 2008; Tydgat & Grainger, 2009).
4.1. Módulos da memória de longo prazo
A principal distinção referente à memória de longo prazo ocorre entre a memória declarativa
e a memória processual.
 Memória declarativa - é aquela para informações factuais: nomes, rostos, datas e
fatos como “uma bicicleta tem duas rodas”.

 Memória processual (ou memória não declarativa) - refere-se à memória para


habilidades e hábitos, como andar de bicicleta ou rebater uma bola.
 Informações sobre coisas são armazenadas na memória declarativa;

 Informações sobre como fazer as coisas são armazenadas na memória


processual (Brown & Robertson, 2007; Bauer, 2008; Freedberg, 2011).
A memória declarativa pode ser subdividida em:
 Memória semântica;
 Memória episódica.
Memória semântica - é aquela para conhecimentos e fatos gerais sobre o mundo, bem como
para as regras de lógica que são usadas para deduzir outros fatos. Assim, a memória
semântica assemelha-se a um almanaque mental dos fatos.
Memória episódica - é aquela para eventos que ocorrem em determinado tempo, lugar ou
contexto. Por exemplo, recordar de aprender a rebater uma bola, nosso primeiro beijo, ou
organizar uma festa-surpresa no aniversário de 21 anos de nosso irmão baseia-se em nossas
memórias episódicas. Memórias episódicas estão relacionadas a contextos particulares.

4.2. Redes semânticas


Representações mentais de aglomerados de informações interconectadas.
As linhas sugerem as conexões que indicam como a informação é organizada na memória.
Quanto mais próximos os itens, maior a força da associação.
De acordo com alguns pesquisadores da memória, uma ferramenta organizacional
fundamental que nos permite recordar informações detalhadas da memória de longo prazo
são as associações que construímos entre diferentes informações.
Nessa visão, o conhecimento é armazenado em redes semânticas, representações mentais de
aglomerados de informações interconectadas (Collins & Quillian, 1969; Collins & Loftus,
1975; Cummings, Ceponiene, & Koyama, 2006).

4.3. A neurociência da memória


O hipocampo, que faz parte do sistema límbico do cérebro, desempenha um papel
central na consolidação das memórias.
Localizado nos lobos temporais mediais do cérebro, logo atrás dos olhos, o hipocampo
auxilia na codificação inicial da informação, atuando como um tipo de sistema de correio
eletrônico neurológico. Essa informação é subsequentemente repassada ao córtex cerebral,
onde ela é, de fato, armazenada (J. Peters et al., 2007; Lavenex & Lavenex, 2009; Dudai,
2011).
A amígdala, outro componente do sistema límbico, também desempenha um papel
importante na memória. A amígdala atua especialmente em memórias que envolvem emoção.
Memória no nível dos neurônios. Embora esteja claro que o hipocampo e a amígdala
desempenham um papel central na formação de memórias, como a transformação das
informações em uma lembrança se reflete no nível neuronal?
Uma resposta é a potencialização de longo prazo, que mostra que certas rotas neurais
tornam-se facilmente excitadas enquanto uma nova resposta está sendo aprendida. Ao mesmo
tempo, o número de sinapses entre neurônios aumenta à medida que os dendritos ramificam-
se para receber mensagens. Essas alterações refletem um processo chamado de consolidação,
em que as mensagens tornam-se fixas e estáveis na memória de longo prazo.

5.0. A Neurociência em sua Vida:


Experiência, memória e cérebro
As memórias de longo prazo levam algum tempo para se estabilizar; isso explica por
que eventos e outros estímulos não se fixam subitamente na memória. Em vez disso, a
consolidação pode continuar durante dias e até mesmo anos (McGaugh, 2003; Meeter &
Murre, 2004; Kawashima, Izaki, & Grace, 2006).
O armazenamento de informações parece ligado aos locais onde esse processamento ocorre,
estando, portanto, situado nas áreas particulares que inicialmente processaram a informação
em termos de seus estímulos sensoriais visuais, auditivos ou de outro tipo. Por isso, os traços
de memória encontram-se distribuídos por todo o cérebro.
Por exemplo, quando você se lembra de um lindo pôr do sol, sua recordação utiliza armazéns
de memória localizados nas áreas visuais do cérebro (a visão do pôr do sol), nas áreas
auditivas (os sons do oceano) e nas áreas táteis (a sensação do vento) (Brewer et al., 1998;
Squire, Clark, & Bayley, 2004).
Em suma, o material físico da memória – o engrama – é produzido por um complexo de
processos bioquímicos e neurais.

6.0. Memória de um frasco


A ideia de receber um incentivo cognitivo de uma “droga da inteligência” é certamente muito
popular, e existem medicamentos para tratar o enfraquecimento mental associado a certos
distúrbios neurológicos.
Por exemplo:
 O metilfenidato (também conhecido como Ritalina) - ajuda a crianças com
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) a recuperar sua concentração;

 O modafinil - melhora a prontidão de pessoas com sonolência excessiva e o


donepezil é usado para ajudar pessoas com doença de Alzheimer a aprimorar sua
memória (Stix, 2009; Sahakian & Morein- -Zamir, 2011).
Contudo, existem muitas preocupações em relação ao uso desses medicamentos. Nem todas
as pessoas reagem da mesma forma, e em algumas pessoas esses medicamentos podem
produzir o efeito oposto ao pretendido. O que é pior, elas têm efeitos colaterais, que podem
incluir desenvolvimento de dependência, complicações cardiovasculares, convulsões e
erupções cutâneas (Greely et al., 2008).

MÓDULO 19
Recordando Memórias de Longo Prazo

1.0. Pistas de recuperação


Como examinamos essa ampla variedade de materiais e recuperamos informações específicas
no momento adequado?
Uma forma é por meio de pistas de recuperação.
Uma pista de recuperação - é um estímulo que nos permite recordar mais facilmente
informações que se encontram na memória de longo prazo.
Pode ser uma palavra, uma emoção ou um som: seja qual for a sugestão específica, uma
memória subitamente virá à mente quando a pista de recuperação estiver presente.
Por exemplo, o odor de peru assado pode evocar memórias do Ano-Novo ou de reuniões
familiares.
As pistas de recuperação orientam as pessoas por meio de informações armazenadas na
memória de longo prazo de uma forma muito parecida com que uma ferramenta de busca
como o Google orienta as pessoas na internet.
Na recordação, uma informação específica precisa ser recuperada – tal como aquela
necessária para responder a uma questão de preenchimento de lacunas ou para escrever a uma
redação em uma prova.
Reconhecimento quando apresentamos um estímulo às pessoas e então perguntamos se elas
foram expostas a ele anteriormente ou pedimos que o identifiquem em uma lista de
alternativas.

2.0. Níveis de processamento


A teoria dos níveis de processamento enfatiza o grau em que o novo material é mentalmente
analisado.
De acordo com essa abordagem, a profundidade do processamento da informação durante a
exposição ao material – ou seja, o grau em que ela é analisada e considerada – é crucial:
quanto maior a intensidade de seu processamento inicial, maior a probabilidade de nos
lembrarmos dela (Craik & Lockhart, 2008; Mungan, Peynirciog˘lu, & Halpern, 2011).
Em níveis superficiais - a informação é processada apenas em termos de seus aspectos
físicos e sensoriais.
Por exemplo, prestamos atenção somente às formas que compõem as letras na palavra cão.
Em um nível intermediário de processamento - as formas são traduzidas em unidades
significativas – nesse caso, letras do alfabeto. Essas letras são consideradas no contexto de
palavras, e sons fonéticos específicos podem ser atribuídos às letras.
No nível mais profundo de processamento - a informação é analisada em termos de seu
significado. Podemos vê-la em seu contexto mais amplo e fazer associações entre o
significado da informação e as redes de conhecimento mais amplas.
Por exemplo, podemos pensar em cães não apenas como animais com quatro pernas e um
rabo, mas também em termos de sua relação com cães e outros mamíferos. Podemos formar
uma imagem de nosso cão, relacionando, assim, o conceito a nossa vida.
De acordo com a abordagem de níveis de processamento, quanto mais profundo for o nível
inicial de processamento de informação específica, por mais tempo a informação será retida.

3.0. Memória explícita e implícita


A memória explícita - refere-se à recordação intencional ou consciente da informação.
Quando tentamos lembrar o nome ou a data de algo que encontramos ou soubemos
anteriormente, estamos pesquisando nossa memória explícita.
A memória implícita - refere-se às memórias das quais as pessoas não têm consciência, mas
que podem afetar o desempenho e o comportamento posterior. Habilidades que operam
automaticamente e sem pensar, tais como saltar fora da rota de um automóvel que vem em
nossa direção enquanto estamos caminhando na lateral de uma rua, ficam armazenadas na
memória implícita.
Em síntese, quando uma informação que somos incapazes de recordar conscientemente
influencia nosso comportamento, a memória implícita está em ação. Nosso comportamento
pode ser influenciado por experiências das quais não estamos conscientes – um exemplo do
que foi chamado de “retenção sem lembrança” (Horton et al., 2005).

4.0. Memórias instantâneas


Memórias instantâneas são aquelas relacionadas a um evento específico importante ou
surpreendente que são recordadas com facilidade e imagens vívidas.
Por exemplo, o envolvimento em um acidente de automóvel, o encontro com seu colega de
quarto pela primeira vez e a noite da formatura no ensino médio são memórias instantâneas
típicas (Romeu, 2006; Bohn & Berntsen, 2007; Talarico, 2009; ver Fig. 3, p. 222).
A amnésia de fonte ocorre quando um indivíduo tem uma lembrança para algum material,
mas não consegue recordar de onde.
Por exemplo, a amnésia de fonte pode explicar situações em que você encontra alguém que
conhece, mas não consegue lembrar onde conheceu aquela pessoa.
5.0. Processos construtivos na memória:
reconstruindo o passado
Processos construtivos - processos em que as memórias são influenciadas pelo
significado que atribuímos aos eventos.
A noção de que a memória baseia-se em processos construtivos foi primeiramente proposta
por Frederic Bartlett, um psicólogo francês. Ele sugeriu que as pessoas tendem a recordar
informações em termos de esquemas, corpos organizados de informações armazenadas na
memória que influenciam o modo como novas informações são interpretadas, armazenadas e
recordadas (Bartlett, 1932).
Embora a natureza construtiva da memória possa resultar em memórias que são parcial ou
totalmente falsas, elas também podem ser benéficas em alguns aspectos.
Por exemplo, memórias falsas podem ajudar-nos a manter autoimagens positivas. Além disso,
elas podem ajudar-nos a manter relações positivas com os outros conforme construímos
visões demasiado positivas dos outros (Howe, 2011).

5.1. Memória no tribunal: testemunhas em julgamentos


Uma das razões pelas quais as testemunhas oculares são propensas a erros relacionados à
memória é que as palavras usadas nas perguntas feitas a elas por policiais ou advogados
afetam o modo como se recordam das informações.
Confiabilidade das crianças. O problema da confiabilidade da memória torna-se ainda mais
sério quando as crianças são testemunhas devido às evidências crescentes de que as memórias
das crianças são altamente vulneráveis à influência dos outros (Loftus, 1993; Douglas,
Goldstein, & Bjorklund, 2000).
As lembranças das crianças são em especial suscetíveis à influência quando a situação é
altamente emocional ou estressante.
Memórias reprimidas e falsas: separando a verdade da ficção.
Existe uma grande controvérsia em torno da legitimidade das memórias reprimidas. Muitos
terapeutas atribuem grande peso à autenticidade das memórias reprimidas, e suas visões são
respaldadas por estudos que demonstram haver regiões específicas do cérebro que mantêm as
memórias indesejáveis fora da consciência.

5.2. Memória autobiográfica: onde o passado encontra o presente


Memórias autobiográficas são nossas lembranças de circunstâncias e episódios de nossa
vida.
Por exemplo, tendemos a esquecer informações sobre nosso passado que são incompatíveis
com o modo como nos vemos atualmente.
6.0. Explorando a DIVERSIDADE
Existem diferenças interculturais na memória?
Os pesquisadores da memória hoje alegam que existem tanto semelhanças quanto
diferenças na memória entre as culturas.
Processos de memória básicos, tais como capacidade da memória de curto prazo e estrutura
da memória de longo prazo – o “hardware” da memória – são universais e operam de maneira
semelhante nas pessoas de todas as culturas. Contudo, diferenças culturais podem ser vistas
no modo como as informações são adquiridas e ensaiadas – o “software” da memória.

MÓDULO 20
Esquecendo: Quando a Memória Falha
Evidentemente, as falhas de memória são também essenciais para lembrar
informações importantes. A capacidade de esquecer detalhes inconsequentes sobre
experiências, pessoas e objetos ajuda a evitar que sejamos sobrecarregados e distraídos por
armazenamentos triviais de dados insignificantes. Esquecer ajuda a impedir que informações
indesejáveis e desnecessárias interfiram na recuperação de informações necessárias e
desejáveis (Schooler & Hertwig, 2011).
O esquecimento também nos permite formar impressões e recordações gerais.
O esquecimento também nos permite formar impressões e recordações gerais. Por
exemplo, a razão pela qual nossos amigos nos parecem familiares é porque somos capazes de
esquecer suas roupas, imperfeições faciais e outras características transitórias que mudam de
uma ocasião para outra. Em vez disso, nossas memórias baseiam-se em uma síntese de
diversas características – um uso muito mais econômico de nossa capacidade de memória.
As primeiras tentativas de estudar o esquecimento foram feitas pelo psicólogo alemão
Hermann Ebbinghaus há cerca de cem anos.

1.0.Por que esquecemos


Uma das razões é que, em primeiro lugar, não prestamos atenção ao material – uma falha na
codificação.
Diversos processos explicam as falhas de memória, incluindo declínio, interferência e
esquecimento dependente de pistas.
Declínio - é a perda de informação na memória por falta de utilização. Essa explicação para o
esquecimento presume que traços de memória, as mudanças físicas que ocorrem no cérebro
quando novo material é aprendido, simplesmente desaparecem ou se desintegram com o
passar do tempo (Grann, 2007).
Uma vez que o declínio não explica totalmente o esquecimento, os especialistas em
memória propuseram um mecanismo adicional: a interferência.
Na interferência, a informação perturba a recordação de outra informação
armazenada na memória.
Para distinguir declínio de interferência, pense nos dois processos em termos de uma
fila de livros em uma prateleira da biblioteca:
 No declínio, os livros antigos estão constantemente se desintegrando e
apodrecendo, deixando espaço para novas aquisições.

 Os processos de interferência sugerem que novos livros empurram os velhos


para fora da prateleira, tornando-os mais difíceis de encontrar ou totalmente
inacessíveis.
A maior parte dos estudos sugere que interferência e esquecimento dependente de pistas são
processos-chave no esquecimento (Mel’nikov, 1993; Bower, Thompson, & Tulving, 1994).
Esquecemos coisas simplesmente porque novas memórias interferem na recuperação de
antigas ou porque pistas de recuperação adequadas estão indisponíveis, não porque o traço de
memória se desintegrou.

2.0. Interferência proativa e retroativa:


o antes e o depois do esquecimento
Na verdade, existem dois tipos de interferência que influenciam o esquecimento. Uma é
interferência proativa; e a outra, a interferência retroativa (Bunting, 2006; Jacoby et al.,
2007).
Na interferência proativa - a informação aprendida anteriormente atrapalha a recuperação
de um material mais recente.
Ocorre interferência retroativa - a quando material que foi aprendido posteriormente
atrapalha a recuperação de uma informação que foi aprendida anteriormente.
Um modo de lembrar a diferença entre interferência proativa e retroativa é considerar
que a interferência proativa progride no tempo – o passado interfere no presente. Ao
contrário, a interferência retroativa retrocede no tempo, trabalhando para trás enquanto o
presente interfere no passado.

3.0. Disfunções da memória:


aflições do esquecimento
Falhas de memória são sintomáticos da doença de Alzheimer, distúrbio cerebral que
produz um declínio gradual e irreversível nas habilidades cognitivas.
os sintomas de Alzheimer aparecem como simples esquecimentos de dados como
compromissos e aniversários. À medida que a doença progride, a perda de memória torna-se
mais profunda, e mesmo as tarefas mais simples, como usar um telefone, são esquecidas.
As causas da doença de Alzheimer não são plenamente compreendidas. Evidências
crescentes sugerem que a doença de Alzheimer resulta de uma suscetibilidade herdada a um
defeito na produção da proteína beta-amiloide, que é necessária para a manutenção das
conexões das células nervosas.
Outra é a amnésia, a perda de memória que ocorre sem outros déficits mentais.
Na amnésia retrógrada - perde-se a memória para ocorrências antes de certo evento, mas
não para novos eventos.
Na amnésia anterógrada - ocorre perda de memória para eventos que ocorrem após uma
lesão.
A amnésia também é uma consequência da síndrome de Korsakoff, uma doença que aflige
alcoolistas de longo prazo. Embora muitas de suas habilidades possam estar intactas, os
acometidos pela síndrome de Korsakoff apresentam uma diversidade estranha de sintomas,
incluindo alucinações e tendência a repetir a mesma história diversas vezes (van Oort &
Kessels, 2009).

4.0. A Neurociência em sua Vida:


Doença de Alzheimer e deterioração cerebral
Enquanto a maior parte da pesquisa neurocientífica anterior foi dirigida à perda de
função e de tecido cerebral, os estudos mais recentes começaram a considerar as mudanças na
forma como o cérebro comunica-se internamente. Em especial, pesquisas usando imagens de
tensores de difusão, uma técnica que revela as conexões entre os neurônios no cérebro,
mostram que as conexões entre as áreas cerebrais envolvidas na memória ficam alteradas à
medida que o Alzheimer avança.

5.0. TORNANDO-SE UM CONSUMIDOR INFORMADO de Psicologia


Melhorando sua memória
Entre as estratégias eficazes para estudar e recordar materiais didáticos:
 Usar a técnica da palavra-chave. Se você está estudando uma língua
estrangeira, experimente a técnica da palavra-chave de emparelhar uma
palavra estrangeira com uma palavra comum que tenha um som parecido em
seu idioma. Essa palavra é conhecida como palavra-chave.

Por exemplo, para aprender a palavra espanhola para duck (pato),

 Utilizar pistas de organização. Recorde-se do material que você lê em livros


didáticos organizando-o na memória a primeira vez que você o lê. Organize
sua leitura com base em qualquer informação prévia que você tem sobre o
conteúdo e sua disposição. Você, então, será capaz de estabelecer conexões e
ver relações entre diversos fatos e processar o material em um nível mais
profundo, o que, por sua vez, irá auxiliar na recordação futura dele.

 Fazer apontamentos eficazes. “Menos é mais” talvez seja o melhor conselho


para tomar notas de aula que facilitem a recordação. Em vez de tentar anotar
todos os detalhes de uma aula, é melhor ouvir e pensar sobre o material,
anotando os principais pontos. Para tomar notas eficazes, pensar sobre o
material no primeiro contato é mais importante do que registrá-lo por escrito.

 Adotar a técnica de prática e ensaio. Embora a prática não leve


necessariamente à perfeição, ela ajuda. Estudando e ensaiando o material após
um domínio inicial – processo denominado sobreaprendizagem –, as pessoas
podem apresentar melhor recordação do que exibem se param de praticar
depois da aprendizagem inicial do material.

 Conversar consigo mesmo. Se você tem dificuldade para se lembrar dos


nomes das pessoas que conheceu recentemente, uma maneira de se ajudar é
dizer os nomes delas em voz alta ao conhecê-las. Será mais fácil recuperar a
informação posteriormente porque ela está armazenada de maneira adicional
em seu cérebro.

 Não acreditar nas alegações sobre medicamentos que melhoram a


memória. Comerciais de multivitamínicos com ginkgo ou de outros produtos
querem fazê-lo acreditar que tomar um fármaco ou um suplemento pode
aprimorar sua memória. Não é assim, de acordo com os resultados de diversos
estudos, nenhum deles indicou que os estimulantes da memória comerciais são
eficazes (Gold, Cahill, & Wenk, 2002; McDaniel, Maier, & Einstein, 2002;
Burns, Bryan, & Nettelbeck, 2006)

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