Aula 01 - Do Medieval Ao Moderno tx1

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Do medieval ao moderno: periodização e conceitos1


Ronaldo Vainfas

A - História moderna: periodização tradicional

A periodização é, como se sabe, uma ferramenta essencial para o estudo da história,


desde as narrativas de Heródoto, na Antiguidade grega. No entanto, a periodização que por muito
tempo balizou o ensino da história no mundo ocidental, só apareceu no século XIX. Foi o Século
da Ciência, no qual também a História buscou consolidar o seu estado científico. O marco desta
História é geralmente associado a uma escola específica: a do Historicismo, que se espalhou a
partir da história ocidental, em especial a partir da Alemanha, cujo expoente foi o historiador
Leopold von Ranke (1795-1886).
Foi no século XIX que surgiu a periodização tradicional da História, dividida em:
- História Antiga
- História Medieval
- História Moderna
- História Contemporânea

Como veremos adiante, a origem desta periodização se encontra no século XVI. Foram
os sábios do Renascimento italiano que qualificaram o seu próprio tempo como moderno. Mas,
paradoxalmente, a “modernidade”, para eles, não era somente um avanço, mas uma retomada da
Antiguidade clássica, sobretudo no campo da estética, da arte e da filosofia desenvolvidas na
civilização greco-romana. Quanto mais antigo, mais moderno, eis o paradoxo. Vem daí a
classificação do intervalo entre a Antiguidade e o Renascimento como período medieval, isto é,
médio, outrora qualificado como Idade das trevas, pelo amplo domínio da religião na sociedade
europeia.
A historiografia do século XIX herdou este vocabulário cronológico, acrescentando,
porém, a idade contemporânea, cujo marco seria a Revolução Francesa irrompida em 1789. Ela
foi considerada, com certa razão, o ponto de partida para a construção de uma sociedade liberal e
burguesa. Para os historiadores do século XIX, contemporâneos da chamada Segunda Revolução
Industrial e, portanto, da urbanização, dos avanços científicos e do capitalismo liberal, a
Revolução Francesa era vista como um divisor de águas.
É sabido, hoje, que tal cronologia está ultrapassada, pelas seguintes razões:

1 - Texto inédito
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a) ela se ancora em uma perspectiva exclusivamente europeia-ocidental, que não exprime as maneiras de definir o
tempo histórico do conjunto do planeta, sem falar nas sociedades ágrafas que não concebiam a dimensão histórica
do tempo;
b) ela contém o paradoxo, já mencionado, de qualificar o moderno, ao mesmo tempo, como avanço e recuo, além
de basear-se no estereótipo de qualificar de média a etapa entre a Antiguidade e o Renascimento;
c) ela não dá conta de qualificar a contemporaneidade, consideradas as grandes transformações da história nos
séculos XX e XXI.

Em todo caso, nosso foco é a História Moderna. Na periodização tradicional, a sequência


cronológica da história europeia-ocidental poderia ser resumida no esquema abaixo:

Séc.V-XI Séc. XV-XVIII


Séc.XI-XV
Da queda Baixa Da queda de
Alta Idade
de Roma Idade Das Cruzadas à Idade
Constantinopla
Média Moderna
às
Média queda de à Revolução
Cruzadas Constantinopla Francesa

Neste esquema, o fim da Idade Antiga seria marcado pela queda de Roma, no ano de 476,
tomada pelos hérulos, povo germânico. O historiador inglês Edward Gibbon, foi um dos maiores
divulgadores deste marco temporal em seu clássico Declínio e Queda do Império Romano, cujo
primeiro volume saiu em 1776. No século V, portanto, teria início a Alta Idade Média, “alta”
porque mais remota, sucedida pela Baixa Idade Média, mais recente, deflagrada no século XI.
Esta última seria caracterizada pela expansão europeia no Mediterrâneo a partir das Cruzadas -
uma série de expedições de cavaleiros rumo ao Oriente Próximo, empenhados em expandir
territorial e comercialmente a cristandade europeia. A Idade Moderna teria início no ano de
1453, quando os turcos otomanos, ao conquistarem Constantinopla, interromperam o comércio
europeu de especiarias orientais pelo Mar Negro, estimulando as navegações oceânicas,
sobretudo as portuguesas, em busca do “caminho marítimo para as Índias”.
Também esta cronologia particular contém simplificações que a historiografia, desde o
século XX, vem apontando:
a) ela prioriza critérios político-institucionais (queda de Roma, em 476 ou de Constantinopla, em 1453), embora
valorize, implicitamente, transformações mais profundas, em especial o domínio europeu no Mediterrâneo (retração
no século V; expansão no XI; contenção no XV);
b) adota um conceito de moderno que nada tem a ver com o critério de “modernidade” do século XVI, pois este
derivou da “revolução estética” do Renascimento italiano, não das mudanças políticas ou econômicas ligadas ao
comércio marítimo;
c) não dá conta das ambivalências do período qualificado como moderno, pois, como veremos ao longo do curso, a
história europeia entre os séculos XV e XVIII foi marcada por continuidades e rupturas em relação à história dita
medieval.
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B - História Moderna: periodização alternativa

Karl Marx (1818-1883), a partir da sua teoria baseada no determinismo econômico das
mudanças históricas, identificou a era moderna como marco inaugural do capitalismo: “o
comércio e o mercado mundiais inauguram no século XVI a moderna história do capital”2. A
posição de Marx, contudo, apresenta ambiguidades consideráveis. Embora no trecho acima ele
tenha valorizado o comércio mundial com marco na formação do capitalismo, no seu capítulo
clássico sobre a acumulação primitiva de capital na Europa, sublinhou as transformações agrárias
na Inglaterra como núcleo do problema: transformação agrária para a criação de ovelhas
(enclosures); expulsão de camponeses e sua consequente proletarização; produção artesanal ou
manufatureira de tecidos de lã sob controle do capital3. A cronologia de Marx para a formação
do capitalismo coincide, porém, com a cronologia convencional, embora por razões diferentes.
Inicia-se no século XVI, com os enclosures ingleses, sobretudo no reinado de Henrique VIII, e
culmina com a Revolução Industrial do século XVIII. Assunto polêmico.
Alguns historiadores europeus propuseram, nas primeiras décadas do século XX uma
cronologia diferente para explicar a passagem do medievo ao moderno, embora também
priorizassem o critério econômico. Sugeriram que o capitalismo, como sistema econômico
baseado no comércio, teria surgido na Baixa Idade Média. Eis outra polêmica: capital comercial
ou capitalismo comercial? O sociólogo, também alemão, Max Weber (1864-1920), como
veremos, não teve dúvidas em qualificar o período que nos interessa como capitalismo
comercial4.
Nem Marx nem Weber, porém, eram historiadores de ofício, embora tivessem ampla
erudição histórica. Entre os historiadores do século XX que propuseram cronologias baseadas na
história econômica concreta, um dos principais foi o belga Henri Pirenne (1862-1935). Em várias
obras, ele rejeitou totalmente os marcos político-institucionais em favor de critérios econômicos,
sobretudo os ligados ao comércio. Assim, considerou que a queda do império romano ocidental
não teve grande importância para a economia europeia, que continuou atada ao Mediterrâneo. A
inflexão ocorreu, para ele, a partir do século VIII, com a expansão muçulmana para o ocidente,

2 - Karl Marx. Uma contribuição à crítica da economia política. Original de 1859. Livro de domínio público.
Disponível na íntegra em: The marxist Internet Archive.
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_fontes/acer_marx/tme_15.pdf
3 - Idem. A origem do capital: a acumulação primitiva. São Paulo: Fulgor, 1964 (Originalmente o capítulo XXIV do

volume I de O capital (1867).


4 - Max Weber. A gênese do capitalismo moderno. São Paulo: Ática, 2006.
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que resultaria no controle árabe do norte africano e da maior parte da península ibérica: Europa
encurralada, ruralização da economia. Europa feudal? É o que afirma Pirenne, para quem o
feudalismo europeu só surgiu no século VIII.
Nesta perspectiva, a viragem da economia europeia, na chamada Idade Média, teria
ocorrido a partir do século XI, tempo das Cruzadas e de expansão europeia no Mediterrâneo,
sobretudo de cidades italianas como Veneza e Gênova. Este modelo de periodização pode ser
resumido no esquema abaixo:

Expansão marítima
Ruralização da Renascimento urbano e
economia comercial Revolução
Comercial
(VIII-XI) (XI-XV)
(XV-XVI)

Mas vale perguntar: por qual razão o século XV marcaria o início da Idade Moderna do
ponto de vista econômico? Não por causa da conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453,
senão pela expansão marítima portuguesa, que começou bem antes, com a tomada de Ceuta, no
Marrocos, em 1415. Isto no varejo. No atacado, foi a expansão oceânica europeia que deflagrou
a Revolução Comercial e a construção de uma economia mundial. As transformações
econômicas não explicam tudo, mas explicam muito.

B - História Moderna: vocabulário e conceitos

a) História Moderna clássica


Como vimos no início desse texto, foi no Renascimento que surgiu o conceito de
moderno para qualificar o tempo em que viviam os sábios italianos do século XVI, em oposição
à Idade das Trevas, depois chamada de medieval. O pintor, escritor e arquiteto Giorgio Vasari
(1511-1574), natural da Toscana, é uma das principais referências da referida conceituação. Em
Vida dos principais pintores, escultores e arquitetos (1550), contrastou a arte renascentista de
cunho humanista, e por isso moderna, com a arte medieval que chamou de gótica5, para ele uma
arte celebratória da religião.

5- Gótico deriva do povo germânico godo (visigodos, ostrogodos), um dos principais no processo de derrubada do
Império Romano do Ocidente, no século V.
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Interessante observar como Vasari não estabeleceu qualquer simetria entre, de um lado,
renascimento/gótico, no campo das artes, e de outro, moderno/antigo, no campo do pensamento e
da cronologia. O moderno não se opunha ao antigo, pelo contrário, fazia-o renascer, daí
Renascimento. “Quanto mais antigo mais moderno” – eis o paradoxo já mencionado.
Mas vale indagar: quando o período entre a Antiguidade Clássica e a Idade Moderna
ficou conhecida como período medieval? Quando surgiu a periodização tripartite do tempo
histórico (europeu-ocidental), dividido em Antiga, Medieval e Moderna?
O termo medieval apareceu em 1469, segundo Massimo Miglio6, grafado como media
tempestas, em latim, ou “tempo médio”. A divisão tripartite foi consagrada em 1683, a partir do
livro História Universal Dividida nos Períodos Antigo, Medieval e Novo, obra do alemão
Christoph Cellarius. O novo equivalia ao moderno e abarcava outros domínios além da arte,
como a revolução científica dos séculos XV ao XVII. Com o tempo, incorporou o fortalecimento
das monarquias, a ruptura da cristandade provocada pelas reformas religiosas, a urbanização e a
formação de um mercado mundial. Tais temas integram, por assim dizer, a pauta de estudos em
História Moderna.
No século XIX esta periodização se viu acrescida de uma quarta era, a Idade
Contemporânea, cujo marco, como vimos, é a Revolução Francesa de 1789. Um marco não
apenas político, senão geral, abrangendo a crise do Absolutismo e da sociedade de Antigo
Regime, outros dois temas essenciais do presente curso. Trata-se de uma periodização
obviamente eurocêntrica, hoje muito criticada e modificada, bastando lembrar o surgimento de
uma quinta era, a do Tempo presente, cujo marco inicial é controverso (pós Segunda Guerra
Mundial, em 1945, para uns; queda do Muro de Berlim, em 1989, para outros).

b) História Moderna e Antigo Regime


Mencionei, linhas atrás, que a chamada História Contemporânea, na cronologia
eurocêntrica tradicional, teria como marco a Revolução Francesa, por ter derrubado a sociedade
de Antigo Regime na Europa. Isto quer dizer que a Idade Moderna pode ser identificada ao
conceito de Antigo Regime? Estaríamos outra vez diante do paradoxo em que o moderno é o
antigo? O século XVIII repetiu o paradoxo do século XVI na periodização da história? Não
exatamente.

6 - Massimo Miglio. Curial Humanism seen through the Prism of the Papal Library. In: Angelo Mazzocco (org).
Interpretations of Renaissance Humanism. Leiden: Brill, 2006 pp. 97–112
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O termo Antigo Regime surgiu em meio à própria Revolução Francesa, na perspectiva


dos revolucionários. Tal conceito de antigo, do ponto de vista político, buscava definir a
monarquia absolutista a ser derrubada; do ponto de vista social, buscava extinguir uma sociedade
estratificada segundo a religião e/ou a origem dos indivíduos: a sociedade estamental dividida
em Clero, Nobreza e Povo. Um modelo de hierarquia de origem medieval. O conceito passou à
historiografia a partir do século XIX, com Alexis de Tocqueville, francês, em texto clássico: O
Antigo Regime e a Revolução (1856).
Isto posto, a relação antigo/moderno do século XVI não equivale à relação construída no
pensamento revolucionário francês do século XVIII. No século XVI, o antigo era positivado,
algo a ser restaurado, enquanto no século XVIII era negativizado, algo a ser demolido. Nas
palavras de Tocqueville, a “Revolução Francesa batizou aquilo que aboliu".
Ao longo do curso, examinaremos essa disjuntiva. O conceito de moderno no século
XVI foi cunhando a partir da noção do novo, do avanço e, paradoxalmente, de um novo
equivalente à restauração da tradição greco-romana. O conceito de antigo, no século XVIII, se
opôs frontalmente ao de moderno, pois significava velho, atrasado e buscava a sua extinção.
No século XVI, novo e antigo se aproximavam; no XVIII, se opunham. Tal disjuntiva é
inerente ao período que nos interessa. Veremos que a chamada Época Moderna abrange
rupturas em relação à Época Medieval, ao mesmo tempo em que sustenta, quando não
promove, continuidades formidáveis. E nossos dilemas conceituais não terminam neste ponto.

c) História Moderna e Modernidade


Podemos usar a palavra Modernidade para designar os processos que marcaram a
história europeia entre o século XV e o XVIII? História Moderna e Modernidade são sinônimos?
Sem pretender complicar ainda mais os leitores deste texto, devo dizer que não são
sinônimos. Melhor evitar o uso de Modernidade para tratar da Época moderna. Mas porque?
Antes de tudo porque Modernidade, na historiografia atual, alude sobretudo a um
conceito e não apenas a uma etapa da história ocidental. O conceito de modernidade, mais geral,
e o de modernismo, no sentido literário ou estético, surgiram ao mesmo tempo, nos inícios do
século XX. Modernismo se referia a uma revolução na linguagem artística; ao desafio dos
cânones literários do romantismo e de seus padrões estéticos na pintura, na arquitetura, nas artes.
Modernidade, por sua vez, passou a designar, conforme muitos filósofos da época, a sociedade
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europeia posterior à Revolução Industrial: urbana, capitalista, apegada à inovação tecnológica e


científica. Em uma palavra: a sociedade burguesa.
Em alguma disciplina do curso de História, vocês haverão estudado este conceito de
Modernidade, sobretudo no âmbito da da Escola de Frankfurt e do pensamento de Walter
Benjamim ou de Jürgen Habermas7.
O certo é que este conceito de Modernidade, hoje aceito pelos historiadores dedicado a
estudar o mundo burguês, nada tem a ver com o moderno que nos interessa, isto é, com a Época
Moderna. O nosso moderno nada tem a ver com a sociedade industrial ou burguesa cristalizada.
Nada tem a ver com o modernismo, no sentido cultural ou artístico. Nada tem a ver com uma
sociedade laica, cujos valores hegemônicos eram os da Ciência, não os da Religião.

d) História Moderna e Primeira Modernidade


Agora introduzimos mais uma complicação conceitual: o conceito de Primeira
Modernidade. Entre os historiadores britânicos, a “Primeira Modernidade” corresponde à noção
de Early Modern History, que abrange o período entre a Idade Média Tardia (Late Middle Ages)
- cerca de 1450-1500 – e o meado do século XVII. Esta periodização tornou-se corrente na
historiografia britânica ao longo do século XX, sobretudo a partir dos anos 1970. A chamada
Late Modern History ou “Modernidade tardia” abarca, grosso modo, de meados do século XVII
a fins do XVIII, qualificada, por alguns autores, como a “Era das Revoluções” (Age of
Revolutions). A historiografia de língua alemã também adotou uma periodização similar no
século XX8.
Esta subdivisão da História Moderna custou a aparecer na historiografia de línguas
neolatinas, como o francês, o italiano, o castelhano e o português. Até o século XXI não se
falava de uma Prèmiere Modernité, entre os franceses, senão em Histoire Moderne. Nem de
uma Prima Modernità, entre os italianos, senão Storia Moderna. Nos últimos anos, porém, tal
noção foi incorporada pelos historiadores, ora para indicar, tão somente, os primeiros séculos da
história moderna europeia9, ora para repensá-la em um contexto mundial, frisando a conexão

7 - António Souza Ribeiro. Walter Benjamin, pensador da modernidade. Conferência proferida na Universidade de
coimbra em 1994. Disponível em: http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/41.pdf
8 - Alexandra Walsham. Church Papists: catholicism, conformity and confessional polemic in Ealy Modern

England. Oxford, 1933. Reeditada em 1999.


9 - Exemplo da bibliografia italiana: Giuseppe Ricuperati e Frédéric Ieva. Manuale di Storia Moderna – La Prima

età moderna (1450-1660). Torino: UTET Università, 2015. Exemplo da bibliografia em francês: Les milices dans la
Première Modernité. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2006.
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entre os continentes e o surgimento de uma história global10. Em língua portuguesa, um dos


primeiros no uso da expressão foi Modesto Florenzano, na década de 199011.
Vale a pena destacar, em todo caso, que a definição dos conceitos de “Primeira
Modernidade” (até meados do XVII) e de “Modernidade Tardia” (até fins do XVIII/inícios do
XIX) não ocorreu como tentativa de os historiadores admitirem o conceito de “Modernidade”
elaborado pelos filósofos (alemães), que acabou adotado por ampla gama de estudiosos dos
séculos XX e XXI. Confiram a cena clássica do filme Tempos Modernos (1936), de Charles
Chaplin, com o trabalhador “mecanizado” na fábrica, onde o conceito de Modernidade é aquele
associado à sociedade industrial. Não tem nada a ver com a “modernidade” da Época Moderna
que vamos estudar. O diálogo entre os historiadores debruçados sobre a Idade Moderna e os
historiadores e filósofos dedicados à Modernidade burguesa é, rigorosamente, nenhum.

Conclusão
Em todo caso, o texto citado de Florenzano resume, em duas palavras, o conteúdo de
nosso curso. São elas: tradição e ruptura. Esta é a chave de interpretação geral para o estudo da
expansão marítima europeia, do Renascimento, das Reformas religiosas, do fortalecimento das
monarquias ocidentais, da formação do capitalismo. A simples indicação desses grandes
processos parece destacar, à primeira vista, as mudanças ocorridas na época e os processos de
ruptura. No entanto, veremos que o moderno do nosso período não reside apenas nas rupturas,
mas também nas continuidades, na resistência tenaz de diversas tradições antigas e feudais.

10 - Leçon inaugurale de Sanjay Subrahmanyam (28 novembre 2013), Professeur au Collège de France et titulaire de
la chaire Histoire globale de la première modernité. Disponível em http://www.college-de-france.fr
11 - Modesto Florenzano. Notas sobre tradição e ruptura na Primeira modernidade. Revista de História (USP), n.

135: 19-36, 1996.

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