Eureka 43-1
Eureka 43-1
Eureka 43-1
N° 43
OBM - Olimpíada Brasileira de Matemática
Janeiro - 2024
Sociedade Brasileira de Matemática - SBM
Presidente: Jaqueline Godoy Mesquita.
Apoio:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Coordenadores:
Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira, Edmilson Luis Rodrigues Motta
Membros da Comissão:
Alex Corrêa Abreu, Antônio Cardoso do Amaral, Carlos Yuzo Shine, Carlos Alexandre Gomes da
Silva, Carmen Vieira Mathias, Cícero Thiago Magalhães, Eduardo Tengan, Eduardo Wagner, Élio
Mega, Emiliano Augusto Chagas, Fabio Enrique Brochero Martínez, Fabricio Siqueira Benevides,
Francisco Bruno Holanda, Frederico Vale Girão, Krerley Irraciel Oliveira, Kellem Corrêa Santos,
Luciano Guimarães Monteiro de Castro, Marcelo Xavier de Mendonça, Maria João Lima Soares de
Resende, Nicolau Corção Saldanha, Onofre Campos da Silva Farias, Pablo Rodrigo Ganassim, Ralph
Costa Teixeira, Régis Prado Barbosa, Rodrigo Villard Milet, Samuel Barbosa Feitosa, Tertuliano
Franco Santos Franco, Washington Alves, Yoshiharu Kohayakawa, Yuri Lima.
Comissão júnior:
Adenilson Arcanjo de Moura Júnior, Alan Anderson Silva Pereira, Ana Karoline Borges Carneiro,
André Macieira Braga Costa, Andrey Jhen Shan Chen, Davi Lima, Davi Lopes Alves de Medeiros,
Deborah Barbosa Alves, Diego Eloi Misquita Gomes, George Lucas Diniz Alencar, Gustavo Lisboa
Empinotti, Israel Franklin Dourado Carrah, Jorge Henrique Craveiro de Andrade, José Armando
Barbosa Filho, Luíze Mello D´Urso Vianna, Matheus Secco Torres da Silva (coordenador), Murilo
Vasconcelos de Andrade, Rafael Filipe dos Santos, Rafael Kazuhiro Miyazaki, Raphael Mendes de
Oliveira, Renan Henrique Finder, Thiago Barros Rodrigues Costa.
Editores Responsáveis:
Carlos Alexandre Gomes da Silva. Desenho da Capa:
Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira. Carolina Fontenelle de Mello Souza.
Fábio Enrique Brochero Martinez. Daniel Assunção Andrade.
Os artigos assinados são da responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução de artigos, desde
que seja citada a fonte.
Sumário
[email protected]
O presente número da Eureka! foi editado pelos professores Carlos Alexandre
Gomes da Silva - DMAT-UFRN, Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira -
IMPA-RJ, Fábio Enrique Brochero Martinez - DMAT-UFMG. Não podemos
deixar de registrar aqui o enorme esforço de todos os membros da Comissão
iv SUMÁRIO
Saudações Olímpicas!
Os editores.
57th IMO - Olimpíada Internacional de Matemática - 2016
https://artofproblemsolving.com/wiki/index.php/IMO_Problems_and_
Solutions
SEGUNDO DIA
(i) O coelho move-se de forma invisível para um ponto An tal que a distância
entre An−1 e An é exatamente 1.
(ii) Um aparelho de localização informa um ponto Pn ao caçador. A única
informação garantida pelo aparelho ao caçador é que a distância entre Pn e
An é menor ou igual a 1.
(iii) O caçador move-se de forma visível para um ponto Bn tal que a distância
entre Bn−1 e Bn é exatamente 1.
É sempre possível que, qualquer que seja a maneira em que se mova o coelho e
quaisquer que sejam os pontos informados pelo aparelho de localização, o caçador
possa escolher os seus movimentos de modo que depois de 109 rodadas o caçador
possa garantir que a distância entre ele e o coelho seja menor ou igual que 100?
5
SEGUNDO DIA
ai ai+1 + 1 = ai+2
para i = 1, 2, . . . , n.
4
2 6
5 7 1
8 3 10 9
Determine se existe um triângulo anti-Pascal com 2018 linhas que contenha
todos os inteiros de 1 até 1 + 2 + · · · + 2018.
SEGUNDO DIA
pedra azul em qualquer local vazio. (Um local ocupado por uma pedra azul pode
estar a qualquer distância de outro local ocupado.) Eles param quando um dos
jogadores não pode colocar uma pedra.
Determine o maior K tal que Ana pode garantir que ela coloca pelo menos K
pedras vermelhas, não importando como Beto coloca suas pedras azuis.
Problema 5. Sejam a1 , a2 , . . . uma sequência infinita de inteiros positivos.
Suponha que existe um inteiro N > 1 tal que, para cada n ≥ N, o número
a1 a2 an−1 an
+ + ··· + +
a2 a3 an a1
é um inteiro. Prove que existe um inteiro positivo M tal que am = am+1 para
todo m ≥ M.
Problema 6. Um quadrilátero convexo ABCD satisfaz AB · CD = BC · DA. O
ponto X está no interior de ABCD de modo que
SEGUNDO DIA
exatamente k > 0 moedas mostrando H, então ele vira a k-ésima moeda contada
da esquerda para a direita; caso contrário, todas as moedas mostram T e ele
para. Por exemplo, se n = 3 o processo começando com a configuração THT é
THT → HHT → HTT → TTT , que acaba depois de três operações.
(a) Mostre que, para qualquer configuração inicial, Harry para após um número
finito de operações.
(b) Para cada configuração inicial C, seja L(C) o número de operações antes de
Harry parar. Por exemplo, L(THT ) = 3 e L(TTT ) = 0. Determine a média
de L(C) sobre todas as 2n possíveis configurações iniciais C.
Problema 6. Seja I o incentro do triângulo acutângulo ABC com AB ̸= AC.
A circunferência inscrita (incírculo) ω de ABC é tangente aos lados BC, CA e
AB nos pontos D, E e F, respectivamente. A reta que passa por D perpendicular
a EF intersecta ω novamente em R. A reta AR intersecta ω novamente em P.
As circunferências circunscritas (circuncírculos) dos triângulos PCE e PBF se
intersectam novamente no ponto Q.
Prove que as retas DI e PQ se intersectam sobre a reta que passa por A
perpendicular a AI.
(a + 2b + 3c + 4d)aa bb cc dd < 1.
Problema 3. Temos 4n pedras com pesos 1, 2, 3, . . . , 4n. Cada pedra está colorida
com uma de n cores e há quatro pedras de cada cor. Mostre que podemos organizar
as pedras em dois grupos de modo que as seguintes condições são ambas satisfeitas:
• Os pesos totais dos dois grupos são iguais.
• Cada grupo contém duas pedras de cada cor.
SEGUNDO DIA
Nota. A resultados mais fracos obtidos substituindo cn−1/3 por cn−α podem
ser atribuídos pontos dependendo do valor da constante α > 1/3.
X
n X
n q X
n X
n q
|xi − xj | ⩽ |xi + xj |
i=1 j=1 i=1 j=1
SEGUNDO DIA
AD + DT + TX + XA = CD + DY + YZ + ZC
Problema 5. Dois esquilos, Bushy e Jumpy, recolheram 2021 nozes para o
inverno. O Jumpy numera as nozes desde 1 até 2021 e escava 2021 pequenos
buracos no chão numa disposição circular à volta da sua árvore favorita. Na
manhã seguinte, o Jumpy observa que o Bushy colocou uma noz em cada buraco,
mas sem ter em conta a numeração. Não contente com isto, o Jumpy decide
14 62th IMO - Olimpíada Internacional de Matemática - 2021
xf(y) + yf(x) ⩽ 2.
SEGUNDO DIA
Problema 4. Seja ABCDE um pentágono convexo tal que BC = DE. Suponha que
existe um ponto T no interior de ABCDE com TB = TD, TC = TE e ∠ABT = ∠TEA.
A reta AB intersecta as retas CD e CT nos pontos P e Q, respetivamente. Suponha
16 63th IMO - Olimpíada Internacional de Matemática - 2022
ap = b! + p
SEGUNDO DIA
Nota: um triângulo escaleno é um triângulo que não possui dois lados com a
mesma medida.
19
• Nível Avançado
Iesus C. Diniz, Bruno S. Góis e Juan R. Cruz
UFRN - Natal/RN
Introdução
Um problema já bem conhecido em combinatória é o do número permutações
caóticas de um conjunto A = {a1 , . . . , an } de n elementos, comumente representado
por Dn ou !n. Este problema foi proposto primeiramente por Pierre Raymond
de Montmort , [1] em 1708, e resolvido pelo próprio em 1713. Nicholas Bernoulli
também o resolveu, aproximadamente no mesmo período, usando o princípio da
inclusão e exclusão.
Uma permutação caótica dos elementos do conjunto A = {a1 , . . . , an } é o
conjunto das permutações dos elementos de A nas quais nenhum deles aparece em
sua posição inicial, ou de maneira mais formal, o conjunto das funções bijetivas
f : A → A tais que f(ai ) ̸= ai para todo i ∈ {1, . . . , n}. Sendo Cn o conjunto de
todas as permutações caóticas que Dn = #Cn (a cardinalidade de Cn ), em [2] é
dada uma expressão para o cálculo de Dn , ademais é mostrado que Dn é o inteiro
mais próximo de n! e .
X
n
(−1)j n!
Dn = n! e Dn = (1)
j! e
j=0
linha e o goleiro que serão titulares, para cada uma destas escolhas, há uma
possibilidade de escalação do goleiro e D4 possibilidades para os jogadores de
linha. Assim, segue-se pelo princípio fundamental da contagem que há 25 × 1 × 9
possibilidades de escalação do time. Neste artigo generalizaremos o cálculo do
número de permutações caóticas Dn obtidos entre dois conjuntos de mesmos
elementos para dois conjuntos quaisquer. Denotaremos por Dkn o número de
permutações caóticas entre dois conjuntos A e A∗ de n elementos dos quais k
deles são não comuns aos dois conjuntos, isto é, |A ∩ A∗ | = n − k, para todo
k ∈ {1, . . . , n}. Existem duas soluções para este caso. A primeira delas será
demonstrada por indução a partir de uma recorrência, enquanto a segunda será
determinada por um argumento combinatório.
X
k
k
Dkn = Dn−j . (2)
j
j=0
D2n = Dn + |(A1 ∪ A2 )|
X
= Dn + |Ai1 | − |Ai1 ∩ Ai2 |
1≤i1 ≤2
(8)
= Dn + 2D1n−1 + Dn−2
= Dn + 2(Dn−1 + Dn−2 ) − Dn−2
= Dn + 2Dn−1 + Dn−2 .
Eureka! 43 23
|Ai1 | = D2n−1 (j = 1), |Ai1 ∩Ai2 | = D1n−2 (j = 2) e |A1 ∩A2 ∩A3 | = Dn−3 (j = 3) .
D3n = Dn + |(A1 ∪ A2 ∪ A3 )|
X X
= Dn + |Ai1 | − |Ai1 ∩ Ai2 | + |A1 ∩ A2 ∩ A3 |
1≤i1 ≤3 1≤i1 <i2 ≤3
(9)
= Dn + 3D2n−1 − 3D1n−2 + Dn−3
= Dn + 3(Dn−1 + 2Dn−2 + Dn−3 ) − 3(Dn−2 + Dn−3 ) + Dn−3
= Dn + 3Dn−1 + 3Dn−2 + Dn−3 .
X
k
k
Dkn = Dn−j (10)
j
j=0
Dk+1
n = Dkn + Dkn−1
Dk+1
n = |Ac1 | + |A1 | = Dkn + Dkn−1 (11)
Dk+1
n = Dkn + Dkn−1
Xk
k X
k
k
= Dn−j + Dn−1−j
j j
j=0 j=0
24 Permutações Caóticas Generalizadas
k k k k
= Dn + Dn−1 + Dn−2 + . . . + Dn−k +
0 1 2 k
k k k k
Dn−1 + Dn−2 + . . . + Dn−k + Dn−1−k
0 1 k−1 k
k k k k k k
= Dn + + Dn−1 + . . . + + Dn−k + Dn−1−k
0 0 1 k−1 k k
k+1 k+1 k+1 k+1
= Dn + Dn−1 + . . . + Dn−k + Dn−(k+1)
0 1 k k+1
X k + 1
k+1
= Dn−j .
j
j=0
escolher exatamente j dos k elementos não comuns aos dois conjuntos ocupando
as suas posições naturais com os demais n − j elementos podendo ser permutados
caoticamente por Dn−j . Segue-se portanto que
X
k
k
Dkn = Q0 + Q1 + . . . + Qk = Dn−j
j
j=0
Eureka! 43 25
X
k
k
Dkn+k = Dn+k−j (13)
j
j=0
Problemas propostos
1. Prove que para todo n ≥ 3,
Dn = (n − 1)(Dn−1 + Dn−2 ) .
X
n
(−1)j
Dn = .
j!
j=0
3. Prove que
n n n
n! = Dn + Dn−1 + . . . + D0 .
0 1 n
26 Permutações Caóticas Generalizadas
[1] de Montmort, P. R. (1708). Essay d’analyse sur les jeux de hazard. Paris:
Jacque Quillau. 2. ed., Revue & augmentée de plusieurs Lettres. Paris: Jacque
Quillau, 1713.
• Nível intermediário
Daniel Ramos Bezerra de Alencar
Picos - PI
Nos últimos anos, a maior parte dos problemas de geometria da OBM do nível
3 tem sido relacionada a concorrências e colinearidades, que são o ponto forte das
transformações geométricas. No final deste artigo, veremos como essas ferramentas
podem ser usadas para resolver alguns problemas de geometria plana do nível
3, que apareceram nas últimas versões da OBM. Porém, antes dos problemas,
enunciaremos alguns lemas que serão úteis. A demonstração deles fica como
desafio para o leitor e, no final do artigo, são dadas dicas de como demonstrá-los.
Lema 2. O ponto A, o incentro de ABC, o ponto médio do arco BC do cir-
cuncírculo a ABC que não contém A e o ex-incentro relativo ao lado BC são
colineares.
De agora em diante, neste artigo (ABC) denotará o circuncírculo do triângulo
ABC.
Solução. Dado que AB é paralelo a DC, podemos assumir que estas duas retas
se cortam num ponto no infinito que denotaremos por M. De igual forma AD
e BC se interesectam num ponto no infinito que denotaremos por N. Tem-se
que as retas EM, GM, HN e FN (ou suas equivalentes AB, CD, AD e BC) são
tangentes à circunferência inscrita no losango. Então, pelo Teorema de Brianchon
30 Transformações Geométricas na OBM
A E B
H
P F
D G C
A
B
F
G
Ga
M
Oa D
I A
M
P
C F N P′ G
P2 P1004
T
M1 M1004
P1 P1005
P2006 P1006
D N
C
O
A M B P
tem-se que
P
A F
B
E
C
D
A
B
C
D
Exemplo 10 (OBM 2009, Problema 5). Seja ABC um triângulo e O seu circun-
centro. As retas AB e AC cortam o circuncírculo de OBC novamente em B1 ̸= B
e C1 ̸= C, respectivamente, as retas BA e BC cortam o circuncírculo de OAC em
A2 ̸= A e C2 ̸= C, respectivamente, e as retas CA e CB cortam o circuncírculo
de OAB em A3 ̸= A e B3 ̸= B, respectivamente. Prove que as retas A2 A3 , B1 B3
Eureka! 43 35
A2
A
A3
O
C
B
B3 C2
C1
B1
X P′
B
N
P
K
Y
D M C
E
X′
F H
D
F′ C
B H′
X
Uma segunda solução pode ser obtida usando o círculo de Apolônio. Continuando
do primeiro parágrafo, seja HM a bissetriz de ∠BHC, então há um círculo de
Apolônio que passa por H e M. Se F pertencer a essa circunferência, o problema
está resolvido, pois ela é o lugar geométrico dos pontos P tais que PM é bissetriz
interna de ∠BPC. Do Lema 4, sabe-se que HH = HX e, como BC ⊥ HX e o
centro do círculo de Apolônio está na reta BC, obtém-se que BC é a mediatriz de
HX. Consequentemente, X pertence ao círculo de Apolônio. Como F, X, B = E
e C = D formam uma quádrupla harmônica, obtém-se que CX CF = BF , que, pela
BX
A
X
Y
IB O F
E I B
Z D
C IA
Solução. Da forma como o quadrilátero BDEC foi construído, segue que ele é
um quadrilátero harmônico, pois
BD AB AC CD
= = = .
BE EA EA EC
Então, o feixe formado pelas retas CA, CB, CM e CE é harmônico e, como M é
ponto médio de AB, tem-se que CE ∥ AB, pois caso contrário se eles se intersectam
em E ′ teríamos que E ′ , B, M e A formariam uma quadrupla harmônica, o que
implicaria que M também seria ponto médio do segmento E ′ A. Desse paralelismo,
obtém-se que B é o ponto médio do arco CE e, consequentemente, BE = BC = b.
Com isso, e como ∠BEC = ∠BCA, tem-se que os triângulos CBE e ABC são
b2
semelhantes. Consequentemente, obtém-se que CE = .
a
Eureka! 43 39
B
M
X D A
E
Como os lados de XYZ são paralelos aos lados do triângulo órtico de DEF (pois
os lados de ambos os triângulos são perpendiculares aos lados de DEF), tem-se que
os triângulos ABC e XYZ são homotéticos. Pelo Lema 7, sabe-se que P é o ponto
de Lemoine de DEF. Pelo Lema 8, sabe-se que o conjugado isogonal de P (ponto
Q) em relação ao triângulo DEF, isto é, o baricentro de DEF, é o circuncentro de
XYZ. Por fim, como AX, BY e CZ concorrem no centro da homotetia que leva
XYZ em ABC (ponto K), tem-se que K é colinear com o baricentro de DEF e com
o ponto O, isto é, ele está na reta IO.
40 Transformações Geométricas na OBM
O
E
X
I
Q
F C
P Z
K
Y D
B
E O
X
X′ N
F T P C
D
M B
Exemplo 16 (OBM 2014, Problema 6). Seja ABC um triângulo com incentro
I e incírculo ω. O círculo ωA tangencia externamente ω e toca os lados AB
e AC em A1 e A2 , respectivamente. Seja rA a reta A1 A2 . Defina rB e rC de
Eureka! 43 41
B1
F E
B D P
H C B2
A1
A2 Z
42 Transformações Geométricas na OBM
[9] http://mathworld.wolfram.com/EulerLine.html
[10] http://mathworld.wolfram.com/AntipedalTriangle.html
Artigo: Teorema de Casey, a ida e a volta
• Nível avançado
Régis Prado Barbosa
Cólegio Etapa - São Paulo.
Essa é a forma mais conhecida do teorema de Casey. Em sua forma mais geral
considera-se também casos em que algumas das quatro circunferências tangenciam
a quinta internamente e outras externamente. Nesses casos se duas das quatro
circunferências tangenciarem do mesmo modo, ambas internas ou ambas externas,
usa-se a tangente externa tij na relação. Caso tangenciem de modo diferente,
usa-se tij que é o comprimento da tangente comum interna. As demonstrações
são praticamente análogas. A nossa proposta é explorar apenas a forma mais
conhecida.
Na figura a seguir as quatro circunferências são tangentes internamente a uma
quinta
Eureka! 43 45
t12
C2
C1 t23
t24 t13
t14 O
C3
C4
t34
R1
α S2
90
α α
◦
2α β β
−α
◦
90 − α
C3
P1 α β Q2
C1 Q1 H P2 C2
R2
S1
Seja H o ponto sobre a reta que passa pelos centros tal que C3 H é a reta
perpendicular a C1 C2 . Considere o ponto X a interseção das retas P1 R1 e Q2 S2 .
Definem-se os ângulos:
α = ∠C1 P1 R1 e β = ∠C2 Q2 S2 .
Usando que a soma dos ângulos internos do triângulo △P1 XQ2 é 180◦ , tem-se:
∠R1 XS2 = 180◦ − α − β,
e como P1 Q1 é diâmetro da circunferência Γ1 :
∠P1 R1 Q1 = 90◦ .
Do fato que o triângulo △P1 C1 R1 é isósceles em C1 , segue que:
∠C1 R1 P1 = α → ∠C1 R1 Q1 = 90◦ −α ⇒ ∠C1 Q1 R1 = 90◦ −α ⇒ ∠R1 Q1 H = 90◦ +α,
e pela ortogonalidade entre as circunferências Γ1 e Γ3 , sabemos que ∠C3 R1 C1 =
90◦ . Logo, observando os ângulos em torno do ponto R1 , podemos concluir que:
∠C3 R1 Q1 = α.
Analogamente, prova-se que:
∠S2 P2 H = 90◦ + β e ∠C3 S2 P2 = β,
logo somando os ângulos do pentágono Q1 R1 C3 S2 P2 , temos:
∠R1 C3 S2 = 360◦ − 2α − 2β = 2 · ∠R1 XS2 , assim X está sobre a circunferência Γ3 .
Eureka! 43 47
H
I
E F B
B1
C
A
Eureka! 43 49
H
F
I
E C
B1
B
A
EI = FH e EI ∥ FH ⇒ é um paralelogramo ⇒ EF = HI.
C4 Pi Ci Pi t2i4 ri
′ = ⇒ 2
= ′
C4 Pi KPi R ri
r
ri
e portanto ti4 = R para 1 ≤ i ≤ 3. Por hipótese, sabemos que
ri′
t13 · t24 = t12 · t34 + t14 · t23 .
X1
C2′
C3′
Eureka! 43 51
de C1′ em relação à reta que passa pelos centros de Γ2′ e Γ3′ . Em qualquer
dos casos possíveis, teremos as três circunferências tangentes a uma reta,
do mesmo lado.
• Se o menor raio for r2′ . Passaremos a ter um ponto Γ2′ . Novamente, pelo
argumento dos pontos onde o comprimento das tangentes é fixado, sabemos
que podemos ter nenhum, um ou dois pontos com a propriedade citada para
C2′ . Para verificar que há pelo menos um, consideremos a tangente externa
Γ1′ e Γ3′ de comprimento t13
′
e o ponto X2 que a divide em pedaços t12
′
e t23
′
.
X2
C1′
C3′
C1
C2
C3
C4
C1′
O′
C2′ C3′
C2
C1 C3
C4
Caso seja uma reta com a tangência do mesmo lado e estando os pontos de
tangência na ordem Γ1 , Γ2 , Γ3 e Γ4 , teremos:
t13 · t24 = (t12 + t23 ) · (t23 + t34 ) = t12 · t23 + t12 · t34 + t223 + t23 · t34 =
= t12 · t34 + (t12 + t23 + t34 ) · t23 = t12 · t34 + t14 · t23
O
B
A hC hB
hA
D F T E
Usando o Teorema de Ptolomeu, que pode ser visto como Teorema de Casey onde
cada ponto pode ser visto como uma circunferência degenerada de raio 0, teremos:
CT · AB = AT · BC + BT · AC ⇒
CT · 2R · sen ∠C = AT · 2R · sen ∠A + BT · 2R · sen ∠B ⇒
CT · sen ∠C = AT · sen ∠A + BT · sen ∠B.
hA p
= AT = 2R · sen α ⇒ AT 2 = 2RhA ⇒ AT = 2RhA .
sen α
√ √
Analogamente, BT = 2Rhb e CT = 2Rhc . Substituindo estas três na equação,
teremos:
A ′ = lA ∩ l, B ′ = lB ∩ l e lc ∩ l
A ′′ = lB ∩ lC , B ′′ = lA ∩ lC e C ′′ = lA ∩ lB .
56 Teorema de Casey, a Ida e a Volta
Devido à construção, A ′ está sobre a reta BC, B ′ está sobre a reta AC e C ′ está
sobre a reta AB, pois a reflexão destes pontos em relação aos respectivos lados
serão eles mesmos.
A ′′ C
D
E
A
B B ′′
J lC
B′ F A′ C′
L l
lB lA
C ′′
Vejamos que:
∠A ′′ C ′′ B ′′ = ∠A ′ C ′′ B ′ = ∠A ′′ B ′ A ′ − ∠B ′ A ′ C ′′ (ângulo externo)
= 2 · ∠CB ′ A ′ − (180◦ − 2 · CA ′ B ′ ) (ângulos das reflexões de l)
= 2 · (∠CB ′ A ′ + ∠CA ′ B ′ ) − 180◦
= 2 · (180◦ − ∠C) − 180◦
= 180◦ − 2∠C
∠BJA = ∠B ′′ JA ′′ = 180◦ − 12 ∠C ′′ B ′′ A ′′ − 12 ∠C ′′ A ′′ B ′′
= 180◦ − 21 (180◦ − 2∠B) − 12 (180◦ − 2∠A)
= ∠A + ∠B = 180◦ − ∠C.
Eureka! 43 57
portanto r √
′′ hB r hB · r
T (B ) = · =
cos ∠B cos ∠B cos ∠B
Seja R ′′ o circunraio do △A ′′ B ′′ C ′′ , então, usando lei dos senos:
A ′′ C ′′ = 2R ′′ · sen ∠A ′′ B ′′ C ′′
= 2R ′′ · sen (180◦ − 2∠B)
= 2R ′′ · sen 2∠B
= 4R ′′ · sen ∠B · cos ∠B.
Assim, √
·r
T (B ′′ ) · A ′′ C ′′ = coshC∠B √ · sen ∠B · cos ∠B
′′
√ · 4R
= 4R r · hB sen ∠B.
′′
√ p p
T12 · T34 + T14 · T23 = 4R ′′ r hB sen ∠B + hA · sen ∠A
√ p
= 4R ′′ r hC sen ∠C
= T13 · T24 .
58 Teorema de Casey, a Ida e a Volta
Problemas propostos
1. (OBM/1996) Seja ABC um triângulo equilátero inscrito em uma circunfe-
rência Γ1 ; Γ2 é uma circunferência tangente ao lado BC e ao menor arco BC
de Γ1 . Uma reta através de A tangencia Γ2 em P. Prove que AP = BC.
• Nível avançado
Jonathas David de Lima Santos
Mairiporã - SP
Régis Prado Barbosa
Cólegio Etapa - São Paulo.
Introdução
Para motivar os resultados que vamos apresentar neste artigo, inicialmente
vamos apresentar um problema olímpico de geometria. Ao final vamos mostrar
como as ideias e ferramentas apresentadas neste artigo podem ser utilizadas para
resolvê-lo.
Plano projetivo
Uma classe de retas retrata uma direção no Plano Euclidiano, assim duas
retas são da mesma classe se, e somente se, elas são paralelas. O Plano Projetivo
é obtido a partir do Plano Euclidiano adicionando-se para cada classe de retas
um ponto do infinito ( ou ponto impróprio) que pertence a todas as retas
daquela classe e uma reta do infinito (ou reta imprópria) que é composta por
todos os pontos do infinito.
No Plano Projetivo, podemos considerar que para quaisquer duas retas distintas
no plano, existe um ponto de interseção entre elas, mesmo se as retas forem
paralelas. O ponto do infinito sobre da reta r será denotado por ∞r .
Razão Cruzada
Considere quatro pontos colineares A, B, C e D. Definimos a razão cruzada
desta quádrupla como:
CA DA
(A, B; C, D) = ÷
CB DB
É importante destacar que utilizamos segmentos orientados como se fossem
vetores. Isto significa que se um sentido é positivo, então o oposto é negativo e
para quaisquer pontos X e Y temos
Eureka! 43 63
YX = −XY
Vale destacar também que algum desses pontos pode ser um ponto no infinito.
Nesse caso de maneira simplificada consideramos infinito sobre infinito em módulo
igual a 1.
Também podemos definir a razão cruzada para quatro retas PA, PB, PC e PD
concorrentes no ponto P utilizando senos de ângulos orientados.
sen(∠CPA) sen(∠DPA)
P(A, B; C, D) = (PA, PB; PC, PD) = ÷ )
sen(∠CPB) sen(∠DPB
P(A, B; C, D) = (A, B; C, D)
Demonstração: Bastar usar Lei dos senos nos triângulos CPA, CPB, DPA e
DPB e cancelar os termos iguais.
■
Considere pontos A ′ , B ′ , C ′ e D ′ colineares tais que estão sobre as retas PA,
PB, PC e PD, respectivamente.
Pelo (7) temos as seguintes igualdades:
(A, B; C, D) = (A ′ , B ′ ; C ′ , D ′ )
Eureka! 43 65
• Dados uma reta l, um ponto P e o feixe de retas que passam por P (CP ). A
transformação de l para CP que leva cada ponto X na reta PX. Notação:
X 7→ PX.
∠BDI ∠IDC
∠PDQ = ∠PDI + ∠IDQ = + = 90◦
2 2
Solução. Vamos considerar que o ponto E pode se mover no arco BDC sem
a restrição sobre ser menor que metade do ângulo A. Sejam K1 ∈ EI ∩ Γ e
K2 ∈ DG ∩ Γ , com K1 ̸= E e K2 ̸= D, basta provarmos que K1 = K2 . A
transformação f : E → K1 é projetiva, pela simples projeção de Γ para si mesmo
por I.
Observe que E 7→ AE 7→ AF 7→ F é uma transformação projetiva já que
AE 7→ AF é uma reflexão em relação à bissetriz interna AD e preserva a razão
cruzada. O ponto G é resultado de uma homotetia de centro I e razão 12 e, como
D ∈ Γ , o K2 é resultado de uma projeção sobre Γ . A transformação F 7→ G 7→ K2
é projetiva. Assim, g : E → K2 dada por E 7→ AE 7→ AF 7→ F 7→ G 7→ K2 é uma
transformação projetiva.
Portanto, basta mostrar que f = g para três pontos distintos E.
• Se E = C, temos que F = B e K1 é o ponto médio do arco AB. É bastante
conhecido em olimpíadas de matemática que DI = DB e K1 I = K1 B então
DK1 é mediatriz BI, logo G ∈ DK1 . Logo K1 = K2 .
• Se E = B, é análogo ao caso anterior.
• Se E = D, temos que {F} = AD ∩ BC e K1 = A então G ∈ AD. Nesse caso,
temos K1 = K2 = A.
68 Pontos que se movem!
• Q = T.
Eureka! 43 69
• Q = ∞AT .
• Q = BC ∩ AT .
Afirmação: A ′ ∈ (AYZ).
70 Pontos que se movem!
4. Seja (O) um círculo e l uma reta. A reta perpendicular a l que passa por
O intersecta (O) em A e B. Sejam P1 e P2 pontos em (O). Sejam também
P1 A ∩ l = X1 , P1 B ∩ l = X2 , P2 A ∩ l = Y1 e P2 B ∩ l = Y2 . Prove que
(AX1 Y1 ) e (AX2 Y2 ) se intersectam sobre (O).
Resoluções
1. Resolução: Movendo o ponto E sobre a reta PO, a transformação f : E →
D1 preserva a razão cruzada, onde D1 ∈ BE tal que D1 A ⊥ BA, pois é uma
projeção sobre a reta r perpendicular para AB por A. Considere também a
transformação g : E → D2 , onde D2 A ⊥ BA e ∠ACD2 = ∠EAB, temos que
AE 7→ CD2 preserva a razão cruzada pois é uma composição de translação
e rotação, assim E 7→ AE 7→ CD2 7→ D2 é projetiva.
Basta provar que f = g para três posições de E.
• E = AB ∩ PO ⇒ f(E) = g(E) = A.
• E = O ⇒ f(E) = g(E) = B1 simétrico de B em (O).
• E = P ⇒ f(E) = g(E) = r ∩ BC.
• X = B ⇒ f(X) = g(X) = B.
• X = C ⇒ f(X) = g(X) = C.
• X = ∞BC ⇒ f(X) = S tal que S ∈ (O) e TS ∥ BC. Por outro lado,
g(X) = S, pois Y é o simétrico do ponto de tangência de (I) com BC,
os arcos BT e AS possuem mesma medida, AS é isogonal a AT e, por
homotetia e propriedades do mixtilinear, A, Y e S são colineares.
3. Solução. Neste problema temos dois pontos variáveis sobre a reta l, porém
para resolver o problema basta provar que AH = AG fixando um desses
pontos e movendo o outro sobre a reta. Vamos fixar o ponto C (o ponto E
também fica fixo) e vamos mover o ponto D.
Consideramos as duas transformações f : D 7→ G1 , onde G1 é a reflexão de
H em relação a AB, e g : D 7→ G2 , onde G2 ∈ FC∩ω diferente de F. Perceba
74 Pontos que se movem!
que f : D 7→ ED 7→ H 7→ G1 e g : D 7→ AD 7→ F 7→ CF 7→ G2 preservam a
razão cruzada de acordo com as transformações vistas anteriormente.
Basta verificar que f = g para três posições de D.
• P1 = A ⇒ f(P1 ) = g(P1 ) = P2 .
• P1 = P2 ⇒ f(P1 ) = g(P1 ) = T onde M é o ponto médio do segmento
Y1 Y2 e T ∈ AM ∩ (O) diferente de A. Vale destacar que M é o
circuncentro do triângulo Y1 P2 Y2 e ∠MP2 Y2 = ∠MY2 P2 = ∠BAP2 e
MP2 é tangente a (O).
• P1 = Z ⇒ f(P1 ) = g(P2 ) = A.
Problemas propostos
1. (USA IMO TST 2019) Seja ABC um triângulo e sejam M e N os pontos
médios de AB e AC, respectivamente. Seja X um ponto tal que AX é
tangente ao circuncírculo de ABC. Denote ωB a circunferência por M e B
tangente a MX e ωC a circunferência por N e C tangente a NX. Prove que
ωB e ωC se intersectam sobre a reta BC.
2. (USA IMO TST 2012) Num triângulo acutângulo ABC, com ∠A < ∠B e
∠A < ∠C. Seja P um ponto variável no lado BC. Os pontos D e E estão
nos lados AB e AC, respectivamente, tais que BP = PD e CP = PE. Prove
que enquanto P se move sobre o lado BC, o circuncírculo do triângulo ADE
passa num ponto fixo diferente de A.
Referências Bibliográficas
[1] Zveryk, Vladyslav. The Method of Moving Points. July 29, 2019.
[2] Chen, Evan. Euclidean Geometry in Mathematical Olympiads. Mathematical
Association of America, 2016.
[3] Handa, Gunmay e MUDGAL, Anant. A Special Point on the Median. Mathe-
matical Reflections 2, 2017.
[4] Akopyan, A. V. e ZASLAVSKY, A. A. Geometry of Conics. American
Mathematical Society, 2007.
• Nível Avançado
Rafael Tupynambá Dutra
Belo Horizonte - MG
18
30
33 9
19
24
12
-5
Propriedades Algébricas
Uma corrente de Steiner, como o logotipo da OBM, pode ser construída
aplicando-se uma inversão a uma figura originalmente simétrica, como já detalhado
em um artigo da 4a edição da Revista Eureka! [5]. A Figura 2 mostra essa
configuração original para uma corrente de 6 círculos. Para as equações, será
conveniente trabalhar no plano complexo. Definindo a raiz sexta da unidade
2πi
ω = e 6 , os 6 círculos da corrente são posicionados com centros em ωk , para
k ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5}. Eles têm raio 1/2, assim como o círculo interior, enquanto
que o círculo exterior possui raio 3/2. No caso geral, os raios dos n círculos da
corrente são sen n π
, enquanto que o raio do círculo interno é 1 − sen n
π
e o do
círculo externo 1 + sen n . π
ω2 ω
-1 z 1
ω4 ω5
Figura 2: Disposição
√ inicial simétrica de n = 6 círculos. O centro de inversão
3
z = 13 1
− 26 3 i foi utilizado para obter Figura 1.
r′
r
y y′
v x′
x w
z
ρ2 ρ2 ρ2 r
1
′
r = − = (14)
2 |z − w| − r |z − w| + r |z − w|2 − r2
Da mesma forma, podemos calcular a posição do centro do novo círculo v (que
não é resultado da inversão do centro original w). Uma homotetia de centro z e
razão r ′ /r leva w em v, de forma que
r′
v=z+ (w − z) (15)
r
Usando essas fórmulas, podemos obter os seguintes teoremas sobre a corrente
de Steiner resultante. A notação Sn [ae , ai ; b0 , . . . , bn−1 ] é usada para se referir a
uma corrente de Steiner cujos n círculos possuem curvaturas b0 , . . . , bn−1 , nesta
ordem, sendo ae e ai as curvaturas dos círculos externo e interno. Em geral, cada
corrente possui 4n tais representações, já que podemos escolher o círculo inicial
da corrente, o sentido de rotação na corrente e a ordem entre ae e ai .
Teorema 10 (Correntes de Steiner de 6 círculos). Uma corrente de Steiner de 6
círculos com curvaturas dadas por S6 [ae , ai ; b0 , b1 , b2 , b3 , b4 , b5 ] satisfaz:
b0 + b3 = b1 + b4 = b2 + b5 (16)
b0 + b2 + b4 = b1 + b3 + b5 (17)
Eureka! 43 81
b0 + b1 + b2 + b3 + b4 + b5 = 9(ae + ai ) (18)
81
b20 + b21 + b22 + b23 + b24 + b25 = (ae + ai )2 + 9ae ai (19)
4
Demonstração. Como todas as equações a serem provadas são homogêneas, po-
demos assumir sem perda de generalidade que o raio de inversão é ρ = 1. As
curvaturas podem ser diretamente calculadas invertendo a equação (14).
Para o círculo externo, usamos w = 0 e r = 1/2, obtendo
1
ae = 2|z|2 −
2
Note que escolhemos um ponto z interior ao círculo interno, de modo que
|z| < 1/2 e a equação para ae satisfaz a convenção ae < 0. Vamos a seguir calcular
as outras curvaturas em função do valor de ae . Para o círculo interno, usamos
w = 0 e r = 3/2, para obter
2 3 4 − ae
ai = − |z|2 + =
3 2 3
Aqui, tivemos que realizar uma mudança de sinal, já que |z| < 3/2, mas a
curvatura do círculo interno ai precisa ser positiva.
Para os 6 círculos restantes, utilizamos w = ωk e r = 1/2, de forma que
2 1 1
bk = 2 z − ωk = 2 z − ωk z − ωk −
−
2 2
bk = ae + 2 − 2 ωk z + ωk z (20)
Para obter as equações (16) e (18), basta usar ωk + ωk+3 = 0 para calcular
X
5 X
5
2
b2k = (ae + 2)2 − 4(ae + 2) ωk z + ωk z + 4 ωk z + ωk z
k=0 k=0
82 Racionalizando o Logotipo da OBM
P5 P5
Como k=0 ωk = 0, o termo do meio é nulo. E como k=0 ω2k = 0, o
último termo se reduz a
X
5
2
4 ωk z + ωk z = 6 · 8|z|2 = 24ae + 12
k=0
Assim, temos
X
5
b2k = 6(ae + 2)2 + 24ae + 12 = 6a2e + 48ae + 36
k=0
cos2 π5 ae + ai
b0 + b1 + b2 + b3 + b 4 2 ae + ai
= π · = 1+ √
5 sen 5
2 2 5 2
b0 z 0 + b3 z 3 = b1 z 1 + b4 z 4 = b2 z 2 + b5 z 5 (21)
b0 z 0 + b2 z 2 + b4 z 4 = b1 z 1 + b3 z 3 + b5 z 5 (22)
b0 z0 + b1 z1 + b2 z2 + b3 z3 + b4 z4 + b5 z5 = 9(ae ze + ai zi ) (23)
81
b20 z20 + b21 z21 + b22 z22 + b23 z23 + b24 z24 + b25 z25 = (ae ze + ai zi )2 + 9ae ai ze zi (24)
4
Demonstração. A equação (15) pode ser escrita como
1 1 1
v = ′ z + (w − z)
r′ r r
A partir dela, podemos calcular os produtos para o círculo externo
ae ze = (ae − 2)z
bk z k = b k z + 2 ω k − z
de forma que
X
5 X
5
b2k z2k = b2k z2 − 4bk z2 + 4bk ωk z + 4z2
k=0 k=0
84 Racionalizando o Logotipo da OBM
X
5
12z
bk ω k = − = −3(3ai + ae )z
ρ2
k=0
de forma que
X
5
81
b2k z2k = (ae + ai ) + 9ae ai − 36(ae + ai ) − 12(3ai + ae ) + 24 z2
2
4
k=0
X
5
81
b2k z2k = (ae + ai )2 + 9ae ai − 48ae − 72ai + 24 z2
4
k=0
Propriedades Geométricas
Vamos agora usar as propriedades fornecidas pelos Teoremas 10 e 11 para
inferir aspectos geométricos da corrente mostrada na Figura 1. A Figura 4 mostra
uma versão rotacionada da mesma corrente, com escala ajustada de forma que o
círculo externo seja unitário.
Essa figura tem muitas propriedades geométricas interessantes. Por exemplo,
representando por cm o centro do círculo de curvatura m, temos que as retas
← −−c−→ e ← −−→ ←−−→ ←−−→
c−5 12 c30 c33 são paralelas, assim como o par de retas c−5 c9 e c18 c30 , e também
←−−−→ ←− −→ ← −− →
o trio de retas c−5 c30 , c9 c18 e c12 c24 . Interessantemente, o paralelismo das retas
←
c9−c−→ ←−−→
18 e c12 c24 decorre diretamente do fato de que esses dois pares de círculos
vizinhos apresentam razão 2 entre eles: 18/9 = 24/12 = 2. Surpreendentemente,
outras propriedades geométricas de interesse também decorrem desse fato, como
mostraremos no Teorema 12.
18 9
30
19
33
24 12
-5
P′
T1
P Q′
Q
E O1 O2
T2
Imagine que traçamos uma reta qualquer pelo ponto E, que intersecta os dois
círculos nos pontos P, Q, Q ′ e P ′ . Existe uma inversão de centro E que leva P
em P ′ e Q em Q ′ (pares anti-homólogos). E existe uma homotetia de centro E
que leva P em Q ′ e Q em P ′ (pares homólogos).
Os triângulos PO1 Q e Q ′ O2 P ′ são isósceles (raios) e semelhantes, já que a
←−→ ←−→
homotetia leva um no outro. Logo, as retas PO1 e P ′ O2 se encontram em um
ponto T2 tal que o triângulo PT2 P ′ é isósceles. Assim, existe um círculo centrado
em T2 que tangencia os dois círculos nos pontos P e P ′ . O mesmo argumento
prova que existe um outro círculo tangente aos dois círculos originais em Q e Q ′ .
Como a inversão transforma P ↔ P ′ e Q ↔ Q ′ e preserva tangências, concluímos
que a inversão precisa preservar o círculo interno e o externo.
Aplicamos essa conclusão ao teorema da seguinte forma. Seja E o centro
homotético externo1 dos círculos C0 e C5 (vide Figura 6). A inversão IE de centro
E que transforma C0 ↔ C5 é tal que Ce ↔ Ce e Ci ↔ Ci . Mas, fixando-se
os círculos externo e interno, a posição de um círculo da corrente determina as
posições dos outros. Logo, IE transforma C1 ↔ C4 e C2 ↔ C3 . Assim, o ponto E
também é o ponto homotético externo dos círculos C1 e C4 . Dessa forma, uma
homotetia HE de centro E e razão b b0 = b1 leva C5 em C0 e C4 em C1 , o que
5 b4
← −→ ←−→
implica que as retas z0 z1 e z4 z5 são paralelas.
1 Assumimos aqui b0 ̸= b5 . O caso b0 = b5 precisa ser tratado separadamente.
Eureka! 43 87
P1
P4z T2,3 z2
3
z4 z1
R
zi
T4,5 T0,1
E
ze
z5
T5,0 z0
b0 z 0 + b3 z 3 b1 z 1 + b4 z 4 b2 z 2 + b5 z 5 ae ze + ai zi
R= = = =
b0 + b3 b1 + b 4 b2 + b5 ae + ai
Esse ponto R é, por definição, o centro homotético interno dos pares (C0 , C3 ),
(C1 , C4 ) e (C2 , C5 ). Três homotetias de centro R e razão negativa − bb3 , − b 4
0 b1
enquanto que uma homotetia de centro T5,0 com a mesma razão negtiva − b b5 =
0
88 Racionalizando o Logotipo da OBM
←−−−→
Mas a inversão negativa IR leva T5,0 em T2,3 . Logo, a reta T5,0 T2,3 é paralela às
←−→ ← →
−
retas z z e z z .
0 1 4 5
A seguir, usamos o fato de que a inversão IE mantém fixos T5,0 ↔ T5,0 e
T2,3 ↔ T2,3 para concluir que esses dois pontos estão à mesma distância de E e,
←−−−→ ←−−−→
portanto, à mesma distância da reta T0,1 T4,5 , que é perpendicular a T5,0 T2,3 e
passa por E. Por fim, note que, como b b0 = b5 = 2, T0,1 é o ponto médio entre z0
1 b4
←−→
e P1 e, similarmente, T4,5 é o ponto médio entre z5 e P4 . Assim, a reta P1 P4 é a
← −− −→
reflexão da reta ←
z0−→
z5 em relação à reta T0,1 T4,5 e, portanto, contém o ponto T2,3
e o ponto E. Como a inversão IE transforma C2 ↔ C3 , concluímos que essa reta
←−→
P1 P4 contém também os centros z2 e z3 .
Propriedades Numéricas
Agora vamos estudar o problema de encontrar correntes de Steiner de 6
círculos S6 [ae , ai ; b0 , b1 , b2 , b3 , b4 , b5 ] com todas as curvaturas inteiras. Para
tanto, procuramos soluções inteiras para as equações (16), (17), (18) e (19). Como
b0 + b2 + b4 = 92 (ae + ai ), precisamos ter ae + ai ≡ 0 (mod 2). Além disso,
temos o seguinte resultado sobre as curvaturas módulo 3.
b0 + b2 + b 4 = b1 + b3 + b5 ≡ 0 (mod 9) (26)
b0 + b3 = b1 + b4 = b2 + b 5 ≡ 0 (mod 3) (27)
Suponha, por absurdo, que exista uma solução em que os bk não são todos
múltiplos de 3. Então nenhum deles pode ser múltiplo de 3. Por (26), descobrimos
que precisamos ter b0 ≡ b2 ≡ b4 (mod 3) e b1 ≡ b3 ≡ b5 (mod 3). Sem perda de
generalidade, podemos assumir b0 ≡ b2 ≡ b4 ≡ 1 (mod 3) e b1 ≡ b3 ≡ b5 ≡ −1
(mod 3).
Escrevendo b0 = 3u0 + 1, b2 = 3u2 + 1, b4 = 3u4 + 1, b1 = 3u1 − 1,
b3 = 3u3 − 1, b5 = 3u5 − 1, a equação (26) nos diz que
u0 + u2 + u4 + 1 = u 1 + u 3 + u 5 − 1 ≡ 0 (mod 3)
−u0 − u2 − u4 + u1 + u3 + u5 − 1 ≡ 0 (mod 3)
18 9
21
9 15 10
18
21 10 3
6 3
15
-2 -2
b0 + b2 = b1 + b3 (28)
b0 + b1 + b2 + b3 = 2(ae + ai ) (29)
3
b20 + b21 + b22 + b23 =
(ae + ai )2 + 2ae ai (30)
2
Exercício 5. Mostre que uma corrente de Steiner Sn [ae , ai ; b0 , . . . , bn−1 ] com
n círculos só pode ter todas as n + 2 curvaturas inteiras se n ∈ {3, 4, 6}.
Para n = 4, a menor solução inteira é a corrente S4 [−1, 7; 2, 2, 4, 4] mostrada
na Figura 8. Já a solução S4 [−2, 16; 3, 6, 11, 8] mostrada na Figura 9 é a menor
Eureka! 43 91
4 4 4
4 2 7
7
2 2
2
-1 -1
Empacotamentos de Apolônio
A seguir, mostraremos que uma corrente de Steiner com curvaturas inteiras,
como a S6 [−5, 19; 9, 12, 24, 33, 30, 18] das Figuras 1 e 4, pode ser usada para
construir um empacotamento de círculos de Apolônio como o da Figura 10, onde
todos os infinitos círculos possuem curvaturas inteiras.
A construção se dá da seguinte forma. A partir de uma corrente inicial
S6 [ae , ai ; b0 , b1 , b2 , b3 , b4 , b5 ], construímos uma nova corrente constituída de 6
círculos S6 [ae , ai′ ; b0 , b1 , b2′ , b3′ , b4′ , b5′ ] que possui em comum o círculo externo
Ce e dois círculos vizinhos da corrente C0 e C1 , mas agora com um novo círculo
interno Ci′ e uma nova continuação de 4 círculos C2′ , C3′ , C4′ , C5′ . Assim, por
92 Racionalizando o Logotipo da OBM
8
8 11
16
11 16 3
6 3
6
-2 -2
1089 1128
708
403 483
930
480 537
432 297 882
441
780
105
96
331
1176
993
201
66
414 403
171 609 1302
1434
873
499
180
48
273
234
585
315
43 99
1056
1008
306
528
816
705 489
720
1353
102 366
537
283
1314
849
187
18
810
243
129 390
180 624
897
726
252 307
282
264 954
318
1353
1080
609
459
600
99
408
300
1092
684
153 163
969
379 633
1260
438 1272
657
331
1332
849
1164
513
459
30 171
9
606
283
198 273 1185
1176
540 588
297 552
369
210 115
372
139 393
384
204
1401
888
192
483
1230
342
546
211 657
900
1425
459
1242
660
534
348
19
342
33
894
379
1113
780
228
576
516
243 705
1152 486
1305 451
822
330 504
138
1164
186
618 1329
427
834
195 609
330
312
174 330
345
264
168
1230
1398
873
180 99 498
72
705
537
451 990
993
1098
379
235
24
954
504
249 462
417 450
355
225 570
1194 1257
696
139
753
67
1470
156
1458
729
355 444
900
243 921
486
177
259 558
1110
1113
564
12 30
414 540
681 267 537
762
465 235 417
561
307
894
306 876
441 369
105
67
174
162
81
750
1350
1281
387
612
297
606
27 876
900
489
441
283
187
249
54
492
630
297
1089
171
1092
-5
486
945 966
180 307
57
657
331
36
259
966
798
378
321
705
708
384
315
585
1182
1206
633
211
91
330
582
288 561
369 387
216
211 105 153 403
480
930
1134 777
513
606 402
222 246 714 1158
1041
8 8 16 2
a2i − 2ae + (b0 + b1 ) ai + a2e − (b0 + b1 )ae + b0 + b21 − b0 b1 = 0
3 3 9
Essa equação possui duas raízes inteiras: o primeiro valor já conhecido de ai
e um segundo valor ai′ que pode ser calculado como
8
ai′ = 2ae + (b0 + b1 ) − ai (35)
3
Uma vez conhecido o novo valor de ai , as equações (31), (32), (33) e (34)
podem ser usadas para calcular os novos valores de b2 , b3 , b4 e b5 :
3
b2′ = (ae + ai′ ) − b0 + b1 (36)
2
b3′ = 3(ae + ai′ ) − b0 (37)
b4′ = 3(ae + ai′ ) − b1 (38)
3
b5′ = (ae + ai′ ) + b0 − b1 (39)
2
Eureka! 43 95
quanto a corrente conjugada S6 [ae , ai ; b0 , b1 , b2 , b3′ , b4′ , b5′ ] são pareadas. Assim,
′ ′
210 231
99 141
249
483
498
279
306
471
405
174 82 178
306 561
555
30
294
162
45
202
159
150
75 213 366
39
345
93 130 171
58
9
261
142
471
450
510
18 18 18
129 178
309
243
246
135 90 63
93
183
138
333
78
34
318
94 94
21
261
165
70
477
303
126 126 201
294 147 126 126 462
33
225 387
225
390
207
219
114
82 114
165
118
198
369
102 282
58 135
10
363
549 130
54 54
186
543
189 270
15
183 183
261
459
210
90 90 210
513
178
318
81
69
270
381
258
114 114
78
249
375
42
525
285
123 178 414
105 546
537
142
153
267
51 165
162
81
3
306
201
87
106
46
261
111
453
450 225
231
106
111
261
306
106
6 46
231
106
453
450 225
201 87 165
162
81
51
267
42
153
537
142
105 546
414
114
78 249
114
375
258
10
141 130 303
69 270
381
15
318
178
81
513
459
210
90 90 210
261
183 183
186
363
189
54 549
543
270
130
54
118
369
102 282
198
58 135
165
114 114
82
33
21
219
207
390
387
225 225
126 126
201
147
70 126 126
34
294 462
303
477
165
255 153 255
94 94
9
261
318
138
-2
333
183
78
18 18 18
93
135
246
90 63
243
510
465
219 219
450
471
142 261
58
93 39 130 171
30
345
45
366
213
159
150
75 202
162 294
555
82
306 306 561
471
405
174
178
279
249
99
498
483
141
210 231
99 99
87
99 63 27 27 63 99
87
15 15
147 147
39 35 35 39
219 219
183 183
75 75 75 75
11
135 135
71 243
231
243
231
71
111 111
183
75 75 183
219 219
147
75 75 147 147
75 75 147
3 3
87
39 39 39 87
99 99
63 35 35 63
279
159
267
135
99 15 15 135
99
267
279
159
27 135
243
71
231
111 111
71
231
243
135
27
59
27 27
11 11
123 243 243 123
159 159
279 279
267
99 99 267
135
147
75 23 75
147
135
15 15
147 147
135
243
231
75 39 39 75 75 39 39 75 231
243
135
71 111 111
71
63 63
99 99
87 35 35 87
59 123 123
59
39 39 39 39
243 243
243 243
23 23
123 123
147 147
219 219
183
75 75 75 75 183
75 75 75 75
3 3 3
39 39
39 39
75 75 75 75
183 183
75 75 75 75
23 23
219 219
147 147
123 123
39 59
243
243
123
39 39 243
123
243
59
39
87
99
35 35 87
99
63 63
15 15
71 111 111 71
231 231
75 75 75 75
243 243
39 39 39 39
135 135
147 147
147 147
11 23
11
75 75
135 135
267 99 99 267
3 3
279 279
27 27
159 159
243 243
123 123
59
27 27
231
111 111 231
243 243
135 135
71 71
15 15
159 159
279
99 99 279
267 267
135 135
63 35 35 63
99 99
87 87
39 39 39
-1
147 75 75 147 147 75 75 147
219 219
183 183
75 75
71
111
135
231
243
11 111
231
243
135
71
75
183
75
219
147
39 35
87
99 63
15 27 27
15 63
35 39
99
87
147
75
219
183
75
99 99
135 135
267 279
159 159 279 267
239 239
122 58 119
58 122
82 44 44 82
210 210
18 18
132 132
215 215
127 127
63 63
191
196 196
178
114 114 178
98
68
103
140
23 140 68
103
98
34 34
4 4
124
154
167
42 98 98 42 154
167
124
79
47 242 242
47
167
194 194
202 202
159 159
12 12
154 154
202 202
215 215
60 60
188 58 71 71 58 188
199 199
140 140
95 95
106 119 106
98 162 162
98
119 124 124 119
47
10 10
122 122
108
90
119
92
15 68
140
183
186
50 50
186
183
140
68 15 92
90
119
108
55 55 66
130
138
159
28 215
236
218
79 84
66 172
170 119
130 130
119
172
170
84 79 218
215
236
28 159
138
130
167 167
31 31
7
140 170 170 140
111 111
132
95
132
44 44 132
95
132
20 39 39
20
130 130
180 180
162 162
178
42 42
151 151 178
52 151
156 156
151 52
116 116
55 55
34 34
84 84
87 87
52 106
140 140
106 52
124 135 135 124
36 36
127 127
74 74
2 2
172 172
175 175
207 236 236
207
130
231
31 231
228
130
100 100
71
196 196
127
127
196 196
71
100 100
31
130 130
231 231
228 228
202 202
100 100
236 236
207 207
175 175
172 172
74
124
127
135
36 36 135
127
74
124
140 140
52 106 106
52
87 87
84 84
34 34
7
55 116 116 55
52 52
151 151
156 156
42 42
20 20
210 231 231 210
130
39 39 130
31 132
140
111
95 132
44 170 170
44 132 95
111
132
140 31
167 167
130 159 130 130 159 130
28 28
138 236
218 218
236
138
215
79 84 170 119 119 170
84 79 215
66 55 55 66
172 172
92 92
10 10
68 68
15 15
119 140 186 186
140 119
108 108
183 183
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47
4 4
122 122
106
98 98 106
119
95 95
140 199 199 140
12 12
58 71 71 58
188 188
-1
60 60
215 215
202 202
154 154
159 159
202 202
194 194
167
242 242
124
167
47 79 47 167
124
154
42 98 98 42 154
34 34
98
103
68
178
183
114
135
140
154
23 154
140
135
114
183
178
103
68
98
196 196
191
132
215
210 82
127
122
44
63
58 239
18 18 119
239
63
58
44
127
122
82
215
210
132
59 70
272
174
88 83
326 320
211
336
123 264
195
184 280
80
19
104
243
432 344
427
454
283
360
342 342
464
115
331
179
270 270
136
14
280
134
99 152
35
144
166
8
182
43
248
155
192 192
251
296
158 187
174
278
163 283
304
24 24
480 366
483
331 323
155
40
203
230
339
352
120 168
342
387
352
56 139
187
264
238
150
59
475
235 176
238
355 118 395
280
328 464
227
280
446
462 128 384
206
190 475
190 320 259
454
350
115
110
427
320 238
299
64
38
406
278
94 323
11
355
299 416
376
320
294 294
208
216
280
91 488
430
395
315 451
96
379 358
328 382
416
139
110
152
118
110
115 414
422
315
56
131
438
184
336
443
275 350
259
136
254
40 91 78 78
358
302
179
16
86
211 339 310
184
248
206
411
422
326
104
48
427
398
323
310
406
235
208 112 240 240
35
166 352
134
203 256
347
102
299
304
275
107 304
334
262 392
168
3
403 440 382
291 371
376
104 496
206
451
390 456
112 467
230
248
307
75 251 328
294
83 80
318
200
208
131
328
336
70
6
203
488
496
227 224
291
160
443 440
286
286
443 440
160
291
488
496 227 224
203
70
336
328
131
208
83 80
200
318
75 251 328
307
294
230
112 467
390 456
248
496
451
104 206
376
371
291
403 440 382
35
16
334
262 392
168
275
304
347
107 304
299
203
256
102 134
48
352
166
406
208 112 240 240
235
310
398
323
411 427
422
206
326
104
86
248
40
302 179
91 78 78
11
358
254
336
275 350
443 259
184 136
438
118 131
152 422
315
139 115
56
414
110 110
315
328
382
280
379 358
416
451
96 488 395
216
91
430
208
38
294 294
320 416
299 376
355
94
323
8
64
278
110
406
320 238
427
299
190 475
190 320 259
59
446 206
238
462
128 384
280 280
355
118 464
24 24
235 395 328 227
176
475
150
40
230 352 352
139
56
342
187
339
-2
387
46
203
155 331 323
483
480 366
334
14
470
318 318
283
163 304
43
278
296
174
35
251 158 187
248 192 192
155
182
166
144
134
19
99 280
152
136
270 270
179
464 331
342 342
115
454
360
283 427
432 344
243
80 104
59 70 88 83
280
184
336 195
211
326
123 320
264
174 272
432
230 299
360 371 251 200
267
223
183
147
115 246
166 87
63 271
43 102
298 187 298
282
151
27
202
54
279
10
91
235
15
262 178
283
247 67 159
291
90
238
210
187
22
207
163
234
235
99 234
171
58
7
118 142 178 82
31
262
199
127
294
75
222 222
42 42 42
190
103
154
283
286
187
111 283
214 138
286
166
94
271
202
55 243
70
19
258 258
207 178
87
106 106
267
175
66 139 127
238 238
39
150 150
130 271
82
3
243 175
283
202 258 202
174
91 231 231
103
67
226
255
34 262
295
226
235
147
79
6
199
259
142
223
223
142
259
199
147
235
79
226
103
67
202
226
283
174
91
255
258
34 231 231
202
262
295
82
39 175
243
130 271
150 150
238 238
175 139 127
267
106
66 106
207
19 178
87
7
258 258 70
166
243
214 138
286
283
94 271 202
55
111
42 42 42
286
187
283
154
103 190
250
274
31
223 115 114
75 139
247
222 222
294
127 199
262
142 178
118
58 82
22
171
10 -2
235
234 234
163
99
15
207
187
238 90 210
67
247 291
159
283
262 178
27
195
138 138 138
91
279
54 202
235
151
298
63
282
43 102 187 298
87
271
166
115 147
246
183 223
267
Referências Bibliográficas
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ner porism, and spherical designs. The American Mathematical Monthly, v.
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mática. Eureka! 4, p.42-46. OBM - Olimpíada Brasileira de Matemática,
1999.
Olimpíadas ao redor do mundo
n2
f(f(. . . f (n) . . .)) =
| {z } f(f(n))
f(n) vezes
4a2 + a = 3b2 + b.
f x3 + y3 = xf y2 + yf x2 ,
Solução:
Fazendo x = y = 1, obtemos f(2) = f(2) + f(1)2 , donde f(1) = 0, e, fazendo
y = 0, obtemos 0 = f(1) = f(x) + f(x)f(0), donde, ou f é identicamente nula, ou
f(0) = −1.
103
Caso i) f(−1) não é 0. Seja g(x) = f(x + 1). Então f(x) = g(x − 1), e a
equação funcional fica g(xy) = g(x + y − 1) + g(x − 1)g(y − 1), para quaisquer x, y
reais. Temos g(0) = f(1) = 0 e g(−1) = f(0) = −1. Além disso, g(−2) = f(−1)
não é 0. Fazendo x = 2 e y = −1, obtemos g(−2) = g(0) + g(1)g(−2) =
g(1)g(−2), donde g(1) = 1. Fazendo y = 2, obtemos g(2x) = g(x + 1) +
g(x − 1)g(1) = g(x + 1) + g(x − 1), para todo x. Fazendo y = −1, obtemos
g(−x) = g(x − 2) + g(−2)g(x − 1) = g(x − 2) + c.g(x − 1), onde c := g(−2).
Trocando x por −x, obtemos g(x) = g(−(x + 2)) + c.g(−(x + 1)) = g(x) +
c.g(x + 1) + c(g(x − 1) + c.g(x)), donde 0 = g(x + 1) + g(x − 1) + c.g(x). Como
g(−(x + 1)) = g(x − 1) + c.g(x), temos 0 = g(x + 1) + g(−(x + 1)) = 0, ou
seja, g(y) + g(−y) = 0 para todo y. Trocando (x, y) por (−x, −y), obtemos
g(xy) = g(−x − y − 1) + g(−x − 1)g(−y − 1) = −g(x + y + 1) + g(x + 1)g(y + 1).
Da equação funcional de g, temos g((x+2)(y+2)) = g(x+y+3)+g(x+1)g(y+1).
Portanto, g(xy) + g(x + y + 1) = g(x + 1)g(y + 1) = g((x + 2)(y + 2)) − g(x + y + 3),
donde g(xy+2x+2y+4) = g((x+2)(y+2)) = g(xy)+g(x+y+1)+g(x+y+3) =
g(xy) + g(2x + 2y + 4) (usando a identidade g(2u) = g(u + 1) + g(u − 1) para
u = x + y + 2).
Vamos usar isso para mostrar que g(u + v) = g(u) + g(v) para quaisquer
u, v reais. De fato, fazendo y = −x, obtemos −g(x2 − 4) = g(−x2 + 4) =
g(−x2 ) + g(4) = −g(x2 ) + g(4), e logo g(x2 − 4) = g(x2 ) − g(4), que, junto com
g(−x2 + 4) = g(−x2 ) + g(4) implicam que g(z + 4) = g(z) + g(4) para todo z
real, Daí segue por uma indução simples que g(z + 4k) = g(z) + k.g(4), para todo
z real e todo k natural. Dados u e v reais, podemos escolher k natural tal que
( v+4k−4
2 )2 > 4u, e o sistema 2x + 2y + 4 = v + 4k, xy = u terá solução real x, y,
donde g(u + v) + k.g(4) = g(u + v + 4k) = g(xy + 2x + 2y + 4) = g(xy) + g(2x +
2y + 4) = g(u) + g(v + 4k) = g(u) + g(v) + k.g(4), e logo g(u + v) = g(u) + g(v).
Usando isso (e g(1) = 1) em g(xy) = g(x + y − 1) + g(x − 1)g(y − 1), obtemos
g(xy) = g(x) + g(y) − 1 + (g(x) − 1)(g(y) − 1), ou seja, g(xy) = g(x)g(y),
para quaisquer x, y reais. Daí segue que g(x) = x para todo x real. De fato,
g(k) = k.g(1) = k para todo k natural, e, como g(−x) = −g(x) para todo
x, segue que g(k) = k para todo k inteiro; se p e q são inteiros e q > 0,
p = g(p) = g(q.p/q) = q.g(p/q), donde g(p/q) = p/q. Suponha por absurdo
que para algum x real g(x) não seja igual a x; digamos que g(x) < x. Tome p/q
um racional com g(x) < p/q p= g(p/q) < x, donde, como x − p/q > 0, teríamos
p 2 2
0 ≤ g( x − p/q) = g ( x − p/q) = g(x − p/q) = g(x) − g(p/q) < 0,
absurdo. O caso g(x) > x é análogo. Portanto f(x) = g(x − 1) = x − 1 para todo
x real, o que claramente é uma solução.
Caso ii) f(−1) = 0. É claro que f identicamente nula dá uma solução.
Suponhamos que não seja o caso. Então f(0) = −1 (e f(1) = 0). Fazendo
104 Problemas propostos e soluções
√
Solução: Como 442 < 2023 < 452 , segue que 2023 é irracional, pois não é
inteiro, e, se fosse da forma p/q, com p, q inteiros, q > 1 e mdc(p, q) = 1,
teríamos, elevando ao quadrado, 2023 = p2 /q2 , absurdo, pois a fração p2 /q2 é
irredutível e q2 > 1.
Vamos provar que, se α > 0 é irracional, então, dado um inteiro positivo N,
existem inteiros positivos q, r tais que r < qα < r+ N1
. Dado N ∈ N, consideramos
os N + 1 elementos de [0, 1) da forma {jα} := jα − ⌊jα⌋ (parte fracionária de jα),
SN−1 k k+1
com 0 ≤ j ≤ N. Como [0, 1) = k=0 N , N , existem dois desses elementos,
digamos {j1 α} e {j2 α} num mesmo intervalo N , N e, portanto, se j1 < j2 ,
k k+1
m|q xmm
− p| ≤ m|qc − p| + mq| xmm m
− c| < 6n m
+ 6n = 3n m
. Dado M > m0 , existem
M − m0 + 1 valores de m com m0 ≤ m ≤ M, para os quais |qxm − p(xm + ym )|
assume no máximo 1 + 2M 3n valores distintos, de modo que algum valor s deve ser
106 Problemas propostos e soluções
valores distintos para M grande (de fato basta tomar M = 3(n + m0 )). Assim,
haverá pelo menos n pontos percorridos pelo sapo na reta qx − p(x + y) = s.
ii) c < d. Nesse caso, escolha um racional q
p
com c < q
p
< d. Segue da definição
de c e d que m − q , (e logo também qxm −pm = qxm −p(xm +ym )) troca de sinal
xm p
infinitas vezes. Como, para todo m ≥ 1, |qxm −p(xm +ym )−(qxm+1 −p(xm+1 +
ym+1 ))| ≤ max{p, q} = q, se qxm − p(xm + ym ) e qxm+1 − p(xm+1 + ym+1 ) têm
sinais distintos, temos |qxm − p(xm + ym )| ≤ q, e portanto, para algum inteiro s
com |s| ≤ q, qxm − p(xm + ym ) = s para infinitos valores de m, o que resolve o
problema.
162. Uma prova da IMO tem 6 problemas, e cada problema de cada participante
recebe uma nota inteira n com 0 ≤ n ≤ 7. Dizemos que duas provas de dois
participantes são comparáveis se uma delas, digamos a do participante A é menor
ou igual à prova do participante B, no seguinte sentido: em cada um dos 6
problemas a nota do participante A é menor ou igual à nota do participante B.
Determine o menor inteiro positivo m tal que, se houver m participantes numa
IMO, necessariamente haverá duas provas comparáveis.
Solução: Vamos considerar uma situação mais geral em que há k ≥ 1 ques-
tões, e, para 1 ≤ j ≤ k, a questão j vale nj pontos, i.e., a nota da questão
j pertence a {0, 1, 2, . . . , nj }. Assim, o conjunto das provas (ou, mais precisa-
Qk
mente, das pontuações) possíveis é X = j=1 {0, 1, 2, . . . , nj }. Dada uma prova
Pk
P = (m1 , m2 , . . . , mj ) ∈ X, sua nota total é n(P) = j=1 mk . Um subcon-
junto C ⊂ X é uma cadeia se duas provas quaisquer em C são comparáveis (no
sentido do enunciado); é uma cadeia lenta se existem inteiros a ≤ b tais que
{n(P), P ∈ C} = [a, b] ∩ Z, e é uma cadeia simétrica lenta se tais inteiros a, b
Pk
satisfazem a + b = j=1 nj (que é a nota máxima da prova, ou seja, se a nota
média da cadeia lenta é metade da nota máxima).
Vamos provar por indução em k que X sempre pode ser decomposto como
uma união disjunta de cadeias simétricas lentas. O caso k = 1 é trivial: X é uma
cadeia simétrica lenta nesse caso. Para fazer o passo de indução, basta provar
que, se C = {P1 < P2 < · · · < Pm } é uma cadeia simétrica lenta, então é possível
decompor C × {0, 1, 2, . . . , nk+1 } como uma união disjunta de cadeias simétricas
lentas. Isso pode ser provado por indução em m, tomando uma das novas cadeias
simétricas lentas como (P1 , 0), (P1 , 1), . . . , (P1 , nk+1 ), (P2 , nk+1 ), . . . , (Pm , nk+1 ),
sobrando {P2 , P3 , . . . , Pm } × {0, 1, . . . , nk+1 − 1} para decompor como união de
cadeias simétricas lentas, o que é possível pela hipótese de indução.
107
Assim, o conjunto das provas da IMO pode ser decomposto como uma união
de cadeias simétricas lentas. Se todas as provas de um conjunto são incomparáveis,
há no máximo uma dessas provas em cada cadeia simétrica lenta, e logo o número
de provas no conjunto é no máximo o número de cadeias na decomposição. Por
outro lado, cada cadeia simétrica lenta contém exatamente uma prova com nota
total 21, de modo que o conjunto tem no máximo N elementos, onde N é o número
de provas com nota total 21, e como duas provas distintas com nota total 21 são
sempre incomparáveis, a resposta é N + 1. Basta agora calcular N.
O número de soluções de x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 = 21 com xj ≥ 0, ∀j ≤ 6
é 5 . Se, para j ≤ 6, Xj é o conjunto de tais (x1 , . . . , x6 ) com xj ≥ 8, queremos
26
108
desta forma 27 = −81 + 3αβ · 3 e portanto αβ = = 12.
9
164. Em um triângulo ABC sejam D e E pontos sobre os lados BC e AC,
respectivamente, tais que AB = BD = AE. Se ∠BAE = 60◦ e DE = DC,
determine a medida do ângulo ∠EDC.
B
θ
γ D
ϕ
α
60◦ β
A E C
Observemos que ∠DEC = β, pois DEC é um triângulo isósceles. Se traçarmos
um segmento que liga B a E obtemos dois novos triângulos, ABE e BED. Eles
também são isósceles, sendo que o fato de ∠BAE ser de 60◦ implica em ABE ser
um triângulo equilátero.
B
60◦
γ D
γ
α
60◦ 60 ◦ β β
A E C
Dessa maneira, BE = AB = BD, o que implica que o triângulo EBD é isósceles
com γ := ∠EDB = ∠DEB = 180 − α. Agora, observemos que
180 = 60 + γ + β e 180 = 2β + α.
Substituindo a relação que temos para γ na primeira equação acima temos que
β = α − 60 e, por fim, substituindo na segunda, 180 = 3α − 120, o que nos dá
α = 100◦ .
Sendo assim, dada uma soma de quadrados perfeitos que gera um quadrado
perfeito
a21 + a22 + · · · + a2k = n2 ,
se n é par podemos realizar o processo anterior, obtendo uma soma com k + 1
elementos, agora, se n não é par, multiplicamos a equação por 4 dos dois lados,
ficando com (2n)2 , o que permite realizar o processo desejado. Dessa forma, a
partir de uma expressão como 32 + 42 = 52 é possível encontrar 2005 quadrados
perfeitos cuja soma seja um quadrado perfeito.
110 Problemas propostos e soluções
Uma segunda solução, pode ser obtida de forma indutiva da seguinte forma:
Se n é soma de k quadrado, digamos
como (3n)2 + (4n)2 = (5n)2 , segue que usando estas duas últimas equações
obtemos que
ou seja, f(y − z + f(x − y)) = f(y − z) + f(x − z − f(y − z)), que equivale (fazendo
u = x − y e v = y − z) a f(v + f(u)) = f(v) + f(u + v − f(v)), ∀u, v ∈ Q.
Fazendo v = 0 obtemos f(f(u)) = f(u), ∀u ∈ Q. Seja I a imagem da função f.
Então f(y) = y ⇐⇒ y ∈ I. Por outro lado, como f(y) = y + f(−y), temos
y ∈ I ⇐⇒ f(y) = y ⇐⇒ f(−y) = 0. Além disso, dados v, z ∈ Q, fazendo
u = z + f(v) − v, temos f(v) + f(z) = f(v) + f(u + v − f(v)) = f(v + f(u)), ou seja,
I + I ⊂ I (i.e., se r, s ∈ I então r + s ∈ I). Daí segue por indução que se r ∈ I e
n ∈ N então nr ∈ I. Não podemos ter dois elementos em I com sinais contrários:
se r = p/q > 0 e s = −m/n < 0 pertencessem a I (com p, q, m, n > 0), teríamos
pm = qmr ∈ I e −pm = pns ∈ I, mas então f(pm) = pm, donde f(−pm) = 0,
mas devemos ter f(−pm) = −pm, absurdo. Assim, I ⊂ Q+ = {x ∈ Q; x ≥ 0}
ou I ⊂ Q− = {x ∈ Q; x ≤ 0}. Não há perda de generalidade em supor que
I ⊂ Q+ . De fato, se f satisfaz as condições acima, a função g(x) = −f(−x)
também satisfaz: temos g(0) = 0, g(z) = −f(−z) = z − f(z) = z + g(−z), ∀z ∈ Q e
g(v+g(u)) = −f(−(v+g(u))) = −f(−v+f(−u)) = −(f(−v)+f(−u−v−f(−v))) =
g(v) + g(u + v − g(v)). Assim, se a imagem de f está contida em Q− , então a
imagem de g está contida em Q+ .
Vamos então supor que a imagem I de f está contida em Q+ . Vamos provar que
I = Q+ , e portanto f(x) = max{x, 0}, ∀x ∈ Q, o que implica x ∗ y = f(x − y) + y =
max{x − y, 0} + y = max{x, y}, ∀x, y ∈ Q, o que é uma solução (no caso em que
I ⊂ Q− temos g(x) = −f(−x) = max{x, 0}, ∀x ∈ Q, donde f(x) = − max{−x, 0} =
min{x, 0}, ∀x ∈ Q, e x ∗ y = f(x − y) + y = min{x − y, 0} + y = min{x, y}, ∀x, y ∈ Q,
o que também é uma solução).
Como f(1) = 1 + f(−1), temos f(1) ̸= 0 ou f(−1) ̸= 0. Escolhendo a ∈ {−1, 1}
tal que f(a) ̸= 0, teremos f(a) > 0, Escrevendo f(a) = m/n, com m e n
inteiros positivos, temos m/n ∈ I, donde m = n.m/n ∈ I. Suponha que existe
y > 0 tal que y ∈ / I. Em particular f(y) ̸= y. Assim, d = f(y) − y ̸= 0, e
d = f(−y) ∈ I. Em particular d > 0. Escrevamos f(y) = a/u e f(−y) = b/v,
com a, u, b, v inteiros positivos. Como f(y) = a/u e f(−y) = b/v pertencem a
I, (muv − 1)f(−y) + f(y) = mub + f(y) − f(−y) = mub + y ∈ I. Assim, para
0 ≤ j ≤ muv − 1, temos j(mub + y) ∈ I e (muv − 1)mub + jy = (muv − 1 −
j)mub + j(mub + y) ∈ I, donde f((muv − 1)mub + jy) = (muv − 1)mub + jy
para 0 ≤ j ≤ muv − 1. Note agora que, se f(z) = z e f(z + y) = z + y então
z + y = f(z + y) = f(y + f(z)) = f(y) + f(y + z − f(y)) = y + d + f(z − d), donde
f(z − d) = z − d. Assim, se f(z + jy) = z + jy para 0 ≤ j ≤ muv − 1, para j = 0
obtemos f(z) = z, donde z ∈ I e z + muvy = z + m(av − bu) ∈ I. Da observação
anterior, segue que f(z − d + jy) = z − d + jy para 0 ≤ j ≤ muv − 1. Por indução
segue que f(z − kd + jy) = z − kd + jy para todo k ∈ N e 0 ≤ j ≤ muv − 1. Em
particular, para j = 0, temos f(z − kd) = z − kd para todo k ∈ N. Como já
mostramos que f((muv−1)mub+jy) = (muv−1)mub+jy para 0 ≤ j ≤ muv−1,
112 Problemas propostos e soluções
segue que f((muv − 1)mub − kd) = (muv − 1)mub − kd para todo k ∈ N, mas,
como d > 0, podemos tomar k ∈ N tal que t = (muv − 1)mub − kd < 0, o que é
uma contradição, pois teríamos f(t) = t ∈ I, mas I ⊂ Q+ , absurdo.
Assim, as duas operações que satisfazem as condições do enunciado são
x ∗ y = max{x, y}, ∀x, y ∈ Q e x ∗ y = min{x, y}, ∀x, y ∈ Q.
Zπ
1 π
176. Mostre que dx = .
0 1 + 2023cosx 2
é invertível.
X∞
1 π2
178. Euler provou que 2
= . Sendo P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, . . .}, o
n 6
n=1
Y p2
conjunto dos números primos, determine o valor
p2 − 1
p∈P
181. Prove que existe um número real α > 1 tal que, para todo inteiro positivo
n, {αn } = αn − ⌊αn ⌋ ∈ (1/3, 2/3) e, além disso, ⌊αn ⌋ é par se, e somente se, n é
primo.
115
ALAGOAS
Krerley Irraciel Martins Oliveira UFAL MACEIÓ
AMAPÁ
André Luiz Dos Santos Ferreira IFAP MACAPÁ
AMAZONAS
Disney Douglas de Lima Oliveira UFAM MANAUS
BAHIA
Luzinalva Miranda de Amorim UFBA SALVADOR
Tadeu Ferreira Gomes UNEB JUAZEIRO
CEARÁ
Esdras Soares de Medeiros Filho UFC FORTALEZA
DISTRITO FEDERAL
Diego Marques UNB BRASÍLIA
ESPÍRITO SANTO
Florêncio Ferreira Guimarães Filho UFES VITÓRIA
Valdinei Cezar Cardoso UFES SÃO MATEUS
GOIÁS
Ana Paula de Araújo Chaves UFG GOIÂNIA
MARANHÃO
Nivaldo Costa Muniz UFMA SÃO LUÍS
MATO GROSSO
André Krindges UFMT CUIABÁ
MINAS GERAIS
Antonio Carlos Nogueira UFU UBERLÂNDIA
Daniele Cristina Gonçalves UEMG JOÃO MONLEVADE
Francinildo Nobre Ferreira UfSJ SÃO JOÃO DEL REI
Glauker Menezes de Amorim UFJF JUIZ DE FORA
João Batista Queiroz Zuliani CEFET-MG TIMÓTEO
Lucio Paccori Lima UFV FLORESTAL
Marcelo Ferreira UFTM UBERABA
Marcio Fialho Chaves UFLA LAVRAS
Rosivaldo Antonio Gonçalves UNIMONTES MONTES CLAROS
Seme Gebara Neto UFMG BELO HORIZONTE
PARÁ
Adenilson Pereira Bonfim ETRB BELÉM
Mario Tanaka Filho UFOPA SANTARÉM
PARAÍBA
Alex Pereira Bezerra IFPB CAMPINA GRANDE
José Vieira Alves UFCG CAMPINA GRANDE
Romildo Nascimento de Lima UFCG CAMPINA GRANDE
PARANÁ
Alzira Akemi Kushima CMC CURITIBA
Eduardo de Amorim Neves UEM MARINGA
Elisangela Dos Santos Meza UEPG PONTA GROSSA
PERNAMBUCO
Marcos Luiz Henrique UFPE CARUARU
Thiago Dias Oliveira Silva UFRPE RECIFE
PIAUÍ
Ítalo Dowell Lira Melo UFPI TERESINA
Paulo Sérgio Marques Dos Santos UFPI PARNAÍBA
RIO DE JANEIRO
Jorge Henrique Craveiro de Andrade Colégio PENSI RIO DE JANEIRO
José Luiz Dos Santos Colégio CPM BOM JARDIM
Ricardo de Amorim Oliveira C. E. Logos NOVA IGUAÇÚ
RONDÔNIA
Tomás Daniel Menéndez Rodriguez UFRO PORTO VELHO
RORAIMA
Gilson de Souza Costa UFRR BOA VISTA
SANTA CATARINA
Alda Dayana Mattos Mortari UFSC FLORIANÓPOLIS
Licio Hernanes Bezerra UFSC FLORIANÓPOLIS
Marcelo Zannin da Rosa UFSC ARARANGUÁ
SÃO PAULO
Ali Tahzibi USP SÃO CARLOS
Américo Lopez Gálvez USP RIBEIRÃO PRETO
Armando Ramos Gouveia ITA SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Cláudio de Lima Vidal Colégio Celtas VOTUPORANGA
Débora Bezerra Linhares Libório UMSP SÃO B. DO CAMPO
Edson Abe Colégio Objetivo CAMPINAS
Emiliano Chagas IFSP SÃO PAULO
Luis Antonio Fernandes de Oliveira UNESP ILHA SOLTEIRA
Newman Ribeiro Simões Colégio Luiz de Queiroz PIRACICABA
Raul Cintra de Negreiros Ribeiro Colégio Anglo JUNDIAÍ
Reinaldo Gen Ichiro Arakaki FATEC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Samuel Liló Abdalla Colégio Anglo SOROCABA
SERGIPE
Valdenberg Araújo da Silva UFSE ARACAJU
TOCANTINS
Adriano Rodrigues UFT ARRAIAS