Problemas de Olimpiadas Do Brasil 5
Problemas de Olimpiadas Do Brasil 5
Problemas de Olimpiadas Do Brasil 5
AOS LEITORES 2
ARTIGOS
ADEDANHA OU "DE COMO OS DEUSES MATEMÁTICOS
TROUXERAM A PAZ AO MUNDO" 17
Pablo Emanuel
QUADRILÁTEROS E TRIÂNGULOS 23
Marcelo Mendes
DESIGUALDADES ELEMENTARES 34
Antonio Caminha Muniz Neto
PROBLEMAS PROPOSTOS 57
AGENDA OLÍMPICA 60
COORDENADORES REGIONAIS 61
Sociedade Brasileira de Matemática
AOS LEITORES
Comitê Editorial.
PROBLEMA 1
São escolhidos 2 números inteiros entre 1 e 100 inclusive, tais que a diferença é 7
e o produto é múltiplo de 5. De quantas maneiras pode ser feita a escolha?
PROBLEMA 2
Num paralelogramo ABCD, BD é a diagonal maior.
Ao fazer coincidir B com D, mediante uma dobra, se forma um pentágono
regular.
Calcular as medidas dos ângulos que a diagonal BD forma com cada um dos
lados do paralelogramo.
PROBLEMA 3
Em cada um dos 10 degraus de uma escada existe uma rã.
Cada rã pode, de um pulo, colocar-se em outro degrau, mas quando uma rã faz
isso, ao mesmo tempo, uma outra rã pula a mesma quantidade de degraus em
sentido contrário: uma sobe e outra desce.
Conseguirão as rãs colocar-se todas juntas num mesmo degrau?
PROBLEMA 4
PROBLEMA 5
Ana, Beatriz, Carlos, Diego e Emilia jogam um torneio de xadrez.
Cada jogador enfrenta uma vez só cada um dos outros quatro jogadores.
Cada jogador consegue 2 pontos se ganha a partida, 1 ponto se empata e 0 pontos
se perde a partida.
Ao finalizar o torneio, as pontuações dos 5 jogadores são todas diferentes.
Encontre o máximo número de empates que pode ter tido o torneio e justifique
por que não pode ter havido um número maior de empates.
SEGUNDO NÍVEL
PROBLEMA 1
Um número natural de três algarismos é chamado de tricúbico se é igual à soma
dos cubos dos seus dígitos. Encontre todos os pares de números consecutivos tais
que ambos sejam tricúbicos.
PROBLEMA 2
A figura representa a quarta parte de um círculo de
raio 1. No arco AB, se consideram pontos P e Q de
forma tal que a reta PQ seja paralela à reta AB.
Sejam X e Y os pontos de interseção da reta PQ com as
retas OA e OB respectivamente. Calcular
PROBLEMA 3
A primeira fileira da tabela ao lado é preenchida com
os números de 1 a 10, em ordem crescente. A segunda
fileira é preenchida com os números de 1 a 10, em
qualquer ordem.
Em cada casa da terceira fileira se escreve a soma dos
dois números escritos nas casas acima. Existe alguma
maneira de preencher a segunda fileira de modo que os
algarismos das unidades dos números da terceira fileira
sejam todos distintos?
PROBLEMA 4
Seja ABC um triângulo equilátero. M é o ponto médio do segmento AB e N é o
ponto médio do segmento BC. Seja P o ponto exterior a ABC tal que o triângulo
ACP é isósceles e retângulo em P. PM e AN cortam-se em I. Prove que CI é a
bissetriz do ângulo MCA.
PROBLEMA 5
São dados 12 pontos que são os vértices de um polígono regular de 12 lados.
Rafael deve traçar segmentos que tenham seus dois extremos em dois dos pontos
desenhados.
É permitido que cada ponto seja extremo de mais de um segmento e que os
segmentos se cruzem, mas é proibido traçar três segmentos que sejam os três
lados de um triângulo em que cada vértice é um dos 12 pontos iniciais.
Encontre o número máximo de segmentos que pode traçar Rafael e justifique por
que não é possivel traçar um número maior de segmentos.
Primeiro Nível
Segundo Nível
Primeiro Dia
Duração da prova: 4 horas
PROBLEMA 1
Achar o menor inteiro positivo n tal que as 73 frações
SOLUÇÃO
Se n + 2 é primo, maior que 91, todas as frações são irredutíveis. Assim, um valor
possível de n é 95. Verifiquemos que é o menor possível.
Se n + 2 < 97 e n + 2 é par (n é par) há frações redutíveis, por exemplo
Se 19 n + 2 91, obviamente há uma fração redutível.
Se n + 2 < 19, então n + 2 tem um múltiplo entre 19 e 91, e portanto, há uma
fração redutível.
Se n + 2 = 93 = 3 . 31, então é redutível.
PROBLEMA 2
Seja ABC um triângulo retângulo em A. Construir o ponto P sobre a hipotenusa
BC, tal que se Q for o pé da perpendicular traçada desde P ao cateto AC, então a
área do quadrado de lado PQ é igual à área do retângulo de lados iguais a PB e
PC. Mostrar os passos da construção.
SOLUÇÃO
ii) Marque em r o ponto B' tal que e B, B' estejam num mesmo
PROBLEMA 3
Há 1999 bolinhas em uma reta; algumas são vermelhas e as demais azuis
(poderiam ser todas vermelhas ou todas azuis). Debaixo de cada bolinha
escrevemos o número igual à soma da quantidade de bolinhas vermelhas à direita
dela mais a quantidade de bolinhas azuis à esquerda dela. Se, na sequência de
números assim obtida, houver exatamente três números que aparecem uma
quantidade ímpar de vezes, quais podem ser estes três números?
SOLUÇÃO
Segundo Dia
Duração da prova 4 horas.
PROBLEMA 4
Seja A um número de seis algarismos, três dos quais estão coloridos e são iguais a
1, 2 e 4.
SOLUÇÃO
i) B = 7 : tome C = 2471
ii) B= tome Analogamente tratamos o caso em
que só há algarismos 0 e 7 em B.
Suponhamos, de agora em diante, que nem todos os algarismos de B
sejam iguais a 7 ou zero.
iii) B não é equivalente a 0 (mod 7):
Como {0, 124, 142, 214, 241, 412, 421} é um sistema completo de
restos, módulo 7, (isto é, esses números, quando divididos por 7 deixam
todos os restos possíveis: 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6) obtemos C justapondo, à
direita de B, uma permutação conveniente de 124.
iv) B 0 (mod. 7):
Se a1 7,0 então B' = (ak…a2 0 a1)10 não é múltiplo de 7, pois 10B –B' =
9a1. Como {0, 1024, 1042, 2014, 2041, 4012, 4021} também é um
sistema completo de restos, módulo 7, obtemos C como em (iii) (isto é,
somando 100B' a um dos seis números 1024,…,4021).
PROBLEMA 5
É dado um quadrado de lado 1. Demonstrar que, para cada conjunto finito de
pontos no bordo do quadrado, é possível achar um vértice do quadrado com a
seguinte propriedade: a média aritmética dos quadrados das distâncias de tal
vértice aos pontos do conjunto é maior ou igual a .
SOLUÇÃO
PROBLEMA 6
Uma formiga caminha pelo piso de um pátio circular de raio r e avança em linha
reta, mas às vezes se detém. Cada vez que se detém, antes de continuar a
caminhar, gira 60o alternando o sentido (se da última vez ela girou 60 o para a
direita da próxima vez gira 60 o para a esquerda, e vice-versa). Achar o maior
comprimento possível do caminho percorrido pela formiga. Demonstrar que o
comprimento assim obtido é efetivamente, o máximo possível.
Podemos supor que a formiga só se detém uma vez, pois, caso se detenha mais
vezes podemos substituir seu caminho por outro de mesmo comprimento onde ela
só se detém uma vez, como na figura abaixo
1a. demonstração
2a. demonstração
Problemas e Resultados
A prova deste ano foi considerada difícil. Pela primeira vez em muitos
anos nenhum participante obteve a pontuação máxima (42 pontos). A maior
pontuação obtida este ano foi de 39 pontos.
Primeiro Dia
Duração da prova: 4 horas e 30 minutos
PROBLEMA 1
Determine todos os conjuntos finitos S de pontos do plano com pelo menos três
elementos que satisfazem a seguinte condição:
PROBLEMA 2
Seja n 2 um inteiro fixo.
a) Determinar a menor constante C para a qual a desigualdade
Segundo Dia
Duração da prova: 4 horas e 30 minutos
PROBLEMA 4
Determine todos os pares (n, p) de inteiros estritamente positivos tais que
p é primo,
n 2p, e
(p – 1)n + 1 é divisível por np–1.
PROBLEMA 5
Duas circunferências estão contidas no interior de uma circunferência
e são tangentes a em pontos distintos M e N, respectivamente. A
circunferência passa pelo centro de . A reta que passa pelos dois pontos de
interseção de intersecta em A e B. As retas MA e MB intersectam
respectivamente em C e D.
Prove que CD é tangente a .
PROBLEMA 6
Determine todas as funções f : R R tais que
para quaisquer x, y R.
- Caros colegas, nós todos sabemos que um número só pode ser par ou
ímpar, não existindo uma terceira opção. Como somos três, algum de nós não vai
ter opção alguma.
Este era realmente um problema muito sério. Para resolvê-lo, foi
chamado o melhor matemático da Terra na época, chamado Zerinhoum. Ele
pensou durante várias semanas em como resolver o problema dos reis, e
finalmente chegou a uma solução:
Esta é a forma que os deuses jogam. Mas vós da Terra sois muito
desorganizados para poder escolher tantos números de forma tranqüila. Portanto,
eu vos ensinarei uma forma alternativa de jogar este jogo. Vós vos arrumareis em
um círculo. Uma pessoa será designada a contar. Então vós gritareis a palavra
mágica “Adedanha” e todos mostrarão as mãos. Os resultados serão somados, e
aquele que havia sido designado fará o seguinte procedimento: Em primeiro lugar
falará “Um”, e apontará para o céu, para que nunca vos esqueçais de que foram os
deuses que vos ensinaram este jogo. Então apontará para si mesmo e falará
“Dois”. Depois apontará para o jogador à sua esquerda e falará “Três”, e depois
seguirá apontando para o jogador à esquerda deste e assim por diante, sempre
acrescentando um ao número que havia falado anteriormente, até chegar à soma
que havia sido calculada. O jogador que estiver sendo apontado neste momento
será o vencedor. Se a soma for 1, o jogador que estiver à direita do que estiver
contando será declarado vencedor. Se for 0, será o que estiver à direita deste.
- A pessoa que está contando vai apontar para si mesma quando estiver
falando “2”. Depois vai dar uma volta completa no círculo e vai apontar para si
mesma novamente quando estiver no “2 + n”, e novamente no “2 + 2n”. Ou seja,
ela vai estar apontando para si mesma se e somente se estiver falando um número
cujo resto na divisão por n seja 2. Da mesma forma, vai estar apontando para o
jogador à sua esquerda se e somente se estiver falando um número que deixa
resto 3 ao ser dividido por n. E assim por diante, de forma que cada jogador terá
associado a si um número entre 0 e n – 1 tal que ele é o vencedor se e somente se
o resultado da soma deixa aquele resto quando dividido por n.
- Tens toda a razão, sábio homem. Mas em verdade vos digo que é tolice
que um jogador exiba uma quantidade de dedos maior ou igual à quantidade de
jogadores. Com efeito, suponde que um jogador coloque um número maior ou
igual a n. Os primeiros n dedos só vão ter o efeito de fazer com que a contagem
dê uma volta completa no círculo, sem alterar em nada quem será o vencedor.
Portanto, ele pode subtrair n da sua quantidade sem que isto altere o resultado. Se
o número persistir maior ou igual a n, basta voltar a subtrair, até que o número
fique entre 0 e n – 1.
E foi assim que a lenda me foi contada pela minha avó, que ouviu de sua
avó, que ouviu de sua própria avó, e assim por diante, até o princípio dos tempos.
Você deve estar achando meio esquisita a maneira de somar que foi
ensinada pelos deuses. No entanto, eles a usaram em várias outras coisas que nos
são muito familiares. Se você não acredita, responda rápido a estas perguntas:
21 + 5 = 2 ( + um múltiplo de 24 ) ,
21 + 5 = 2 (mod 24) .
2 + 2 = 1 (mod __ )
2 +__ = 0 (mod 17)
26 = 3 (mod __ )
3 3 = 1 (mod 4)
1 = – 1 (mod 2)
2 2 2 2 = 1 (mod 5)
3 3 3 3 = 1 (mod 5)
(esta talvez você não saiba, mas n n n n = 1 (mod 5), sempre que n
não é múltiplo de 5. Você pode ver isto e muito mais no artigo do professor
Carlos Gustavo Moreira, na EUREKA! No. 2. Pergunta: se n é múltiplo de 5,
quanto é n n n n (mod 5)? )
Agora que você já sabe o segredo dos deuses matemáticos, já pode jogar
adedanha da forma original, como os deuses a conceberam, e manter a paz no
mundo sem fazer esforço.
QUADRILÁTEROS E TRIÂNGULOS
Marcelo Mendes
Nível Intermediário
QUADRILÁTEROS INSCRITÍVEIS
Além disso, se ocorrer uma situação onde dois ângulos iguais “olham” para um mesmo
segmento, então os extremos desse segmento e os vértices dos dois ângulos formam um
quadrilátero inscritível.
TEOREMA DE PTOLOMEU
Há também uma extensão para esse teorema que vale para quadriláteros não
inscritíveis: AB CD + AD BC > AC BD, isto é, numa situação geral vale AB
CD + AD BC AC BD.
PROBLEMAS
2. Prove que um trapézio é inscritível se, e somente se, ele for isósceles
(lados não paralelos iguais).
Exemplo 1. Qual é o número mínimo de pessoas que devemos reunir para que
tenhamos certeza de que entre elas há duas que fazem aniversário no mesmo
mês?
Exemplo 3. Em uma reuniao há n pessoas. Mostre que existem duas pessoas que
conhecem exatamente o mesmo número de outros participantes (admitimos que
“conhecer”seja uma relação simétrica, ou seja, se a conhece b, então b conhece
a).
Nos casos anteriores, foi bastante simples identificar as gavetas. Nem sempre
é assim. Os exemplos a seguir ilustram situações em que é necessário “construir”
as gavetas a serem usadas.
Solução: Neste caso, está claro que os objetos são os 5 pontos. O ponto chave da
resolução está na identificação das gavetas. Devemos subdividir o quadrado dado
em 4 partes de modo tal que a distância entre dois pontos situados em uma destas
partes nunca seja maior que . A Fig. 1 mostra como fazê-lo: basta dividi-lo
nos quatro quadrados determinados pelas retas que unem os pontos médios dos
lados opostos. Em cada uma destas quatro “gavetas”, a distância máxima entre
dois pontos é igual à sua diagonal, que mede . Portanto, dados 5 pontos, pelo
Figura 1
Solução: Antes de mais nada, observe que podemos escolher 100 números do
conjunto sem que exista um par onde um número divide o outro: basta tomar os
números 101, 102, …, 200. É claro que se acrescentamos mais um número p
(obrigatoriamente menor ou igual a 100) a essa coleção, um múltiplo seu já estará
lá. Na verdade, podemos garantir que esse múltiplo é da forma 2 rp (basta tomar p
e multiplicá-lo sucessivamente por 2 até que ele se torne maior do que 100).
Mostraremos que isso ocorre para qualquer conjunto de 101 elementos. Ou seja,
todo subconjunto com 101 dos números de 1 a 200 sempre contém um número e
um múltiplo seu obtido através de multiplicação por uma potência de 2. Note
que esta afirmativa é mais forte do que a dada do enunciado, mas, como veremos,
nos permite estruturar uma demonstração. Isto ocorre com frequência nos
problemas envolvendo o Princípio das Gavetas: parte do sucesso nas soluções
depende da habilidade em perceber o que deve ser demonstrado. Voltando à
solução, observemos que todo inteiro n se escreve, de modo único, na forma n =
2rb, onde r é um inteiro não negativo e b é um número ímpar. Por exemplo, 18 =
21.9 , 36 = 22.9 e 125 = 20.125. Para os números de 1 a 200, os valores possíveis
de b são os ímpares de 1 a 199, que são 100. Aqui estão nossas gavetas! Já que
há 100 valores possíveis de b, qualquer coleção de 101 números de 1 a 200 possui
dois números x = 2rb e y = 2sb com o mesmo b (isto é, temos dois objetos que
serão colocados na mesma gaveta). Se r < s, então x divide y; senão, y divide x, o
que conclui a demonstração.
Figura 2
Consideremos os segmentos que incidem em um dos vértices p1. Como eles são
5, há pelo menos 3 deles que são contínuos ou pelo menos 3 que são tracejados.
Admitamos que haja 3 contínuos (o argumento seria análogo no outro caso).
Denotemos por p2, p3 e p4 vértices ligados a p1 por segmentos contínuos (veja a
Fig. 3). Se algum dos segmentos p2p3, p2p4 ou p3p4 é contínuo, este segmento,
juntamente com os que ligam seus extremos a p1, formam um triângulo contínuo.
Por outro lado, se nenhum deles é contínuo, eles formam um triângulo tracejado,
o que completa a demonstração.
Figura 3
Terminamos com uma lista de problemas que podem ser resolvidos com as
técnicas aqui ilustradas. As soluções serão publicadas nos próximos números da
EUREKA!.
PROBLEMAS
a) N(a, 2) = a;
b) N(a, b) = N (b, a);
c) N(a, b) N (a – 1, b) + N (a, b – 1); observe que, em consequência,
N(a, b) existe para todo par (a, b).
13) Uma fábrica produz pelo menos uma unidade de um produto X por dia e no
máximo 10 unidades deste produto por semana. Mostre que dado qualquer
inteiro positivo n existe um conjunto de dias consecutivos em que a produção
total é igual a n [ Sugestão: mostre que existe um número k (dependente de n)
suficientemente grande para o qual os conjuntos {S1, S2,…Sk} e {S1 + n, S2 +
n, …, Sk + n} tem pelo menos um elemento comum, onde Si é a soma das
produções nos dias 1, 2, …, i.].
14) Mostre que toda sequência com n2 + 1 elementos possui uma subsequência
crescente com n + 1 elementos ou uma subsequência decrescente com n + 1
elementos.
15) Sejam mn + 1 elementos tais que a1 < a2 < …< amn + 1. Mostre que ou existem
m + 1 destes números tais que nenhum é divisor de um outro ou existem n + 1
deles tais que cada um é divisor do seguinte.
a) Mostre que é possível conectar estes pontos com n2 segmentos de reta sem
que um triângulo de vértices nos pontos dados seja formado.
b) Mostre que se os pontos são conectados por n2 + 1 segmentos de reta, então
pelo menos um triângulo é formado.
19) São dados n pontos azuis e n pontos vermelhos no plano. Mostre que é
possível formar n pares de pontos (um azul e um vermelho em cada par) de
modo que os n segmentos de reta definidos por estes pares não se cruzem.
20) Mostre que dados 5 pontos do plano em posição geral há 4 que formam um
quadrilátero convexo.
DESIGUALDADES ELEMENTARES
Antonio Caminha Muniz Neto
Nível Avançado.
1
1 ... 1k 1 1 1
k k ... k 1
2 k 1 1 2 k 1 2 2 2 2
2 2
2 k 1 vezes
Portanto, sendo 2 k a maior potência de 2 menor ou igual a n, temos
Mas , e a desigualdade do
enunciado é imediata.
O exemplo acima foi colocado de propósito. Ele chama atenção para o fato de
que nem sempre precisamos de algo mais que raciocínio para resolver problemas
envolvendo desigualdades. A proposição abaixo mostra um pouco mais sobre
como podemos derivar desigualdades interessantes com muito pouca matemática.
a1 a 2 ... a n
i. A média aritmética de a1 , a2 ,..., a n como o número .
n
ii. A média geométrica de a1 , a2 ,..., a n como o número n a1a 2 ... a n .
Para haver igualdade, devemos ter igualdade em todas as passagens. Então, deve
ser
a1 ... a n a n 1 ... a 2 n
n n a1... a n , n
n a n 1... a2 n e
n a1 ...a n n a n 1 ...a 2 n
2 2 n a1... a n a n 1... a2 n
Para as duas primeiras igualdades, segue da hipóteses de indução que deve
ser
a1 ... a n e a n 1 ... a2 n
a1 ... a n a ... a k k
n 2k k
n 2k k
k 2 a1... a n a 2 a na 2 a2 a ,
2
a1 ... a n
e daí a1 ... a n ( 2 k n )a 2 k a , ou ainda
n a n a1 ... a n , que era a
desigualdade desejada.
Para haver igualdade, segue do item i que deve ser a1 ... a n a ... a . Em
particular, todos os números a1 , a2 ,..., a n devem ser iguais. É fácil ver que se
esses números forem todos iguais então há igualdade.
Corolário 2.1 : Dados n > 1 reais positivos a1 , a 2 ,..., a n , temos
( a1 a2 ... a n ) 1
a1 a1 ... a1 n 2 ,
2 n
com igualdade se e só se a1 , a2 ,..., a n forem todos iguais.
Exemplo 2 : (Olimpíada Israelense) Sejam k e n inteiros positivos, n > 1. Prove
que
1
kn 1
kn 1 ... 1
kn n 1 n
n k 1
k 1
Prova : Basta ver que
Por ser uma soma de quadrados, temos f ( x ) 0 para todo real x, e daí deve ser
0 , i.e.,
4( a1b1 a2 b2 ... a n bn )2 4( a12 a22 ... a n2 )( b12 b22 ... bn2 )
Cancelando o fator 4 e extraindo a raiz quadrada de ambos os membros,
chegamos na desigualdade de Cauchy. Examinemos agora a igualdade. Se houver
igualdade, quer dizer, se for 0 , então o trinômio tem uma raiz real :
( a1 b1 )2 ( a2 b2 )2 ...( a n bn )2 0
Mas aí todos os parênteses devem ser nulos, i.e., bi ai para todo i. Então,
havendo igualdade os ai e bi devem ser proporcionais. É evidente que se eles
forem proporcionais a igualdade ocorre.
Temos a seguir alguns corolários importantes.
com igualdade se e só se existir um real positivo tal que ai para todo i, quer
dizer, se e só se os ai forem todos iguais. Para obter a desigualdade do enunciado,
basta dividir ambos os membros da desigualdade acima por n.
Corolário 3.2 : Se n > 1 é inteiro e a1 , ..., a n , b1 , ..., bn são reais positivos,
então
a1
b1
a
n
... bn a1b1 ... a n bn a1 ... a n
2
,
ai
Prova : Faça x i , yi ai bi e aplique a desigualdade de Cauchy para os
bi
números x1 ,..., x n , y1 ,..., y n .
Exemplo 3 : (Teste de Seleção da Romênia para IMO) Sejam x1 , x 2 ,..., x n 1
reais positivos tais que x1 x 2 ... x n x n 1 . Prove que
x n 1 ( x n 1 x1 ) ... ( x n 1 x n )
Prova :
1
n2
na1b1 a2b2 ...an bn a1 a2 ...an b1 b2 ...bn
n
=
1
n2
( ai a j )( bi b j ) 0 ,
i , j 1
Note que a condição do enunciado é suficiente para haver igualdade. Por outro
lado, suponha que tenhamos a igualdade. Como ( ai a j )( bi b j ) 0 para todos i,
j, devemos ter ( ai a j )( bi b j ) 0 para todos os i, j. Suponha que existisse um
índice k com bk bk 1 . Então b1 ... bk bk 1 ... bn , e de
( ai a k 1 )( bi bk 1 ) 0 segue que ai a k 1 para i k. Portanto
a1 a2 ... a k a k 1 . De ( a i a k )( bi bk ) 0 e i k concluímos que
a k 1 ... a n . Logo, todos os ai devem ser iguais.
Corolário 4.1 : Sejam a1 , a 2 ,..., a n reais positivos e k um natural. Então
a1k a 2k ... a nk
n n
a1 a 2 ... a n k
,
f y f x f y
f
x y
y f y
x y f
f y Trocando
x 3y
f x
2 1 3
f 4
2
2
2
2
2
4 4
x
por y e raciocinando como acima segue que, para
t 0, 14 , 12 , 43 ,1 ,
f 1 t x ty 1 t f x tf y (*)
Por indução sobre k inteiro positivo podemos concluir de maneira análoga que (*)
m
continua válida para todo t da forma , onde 0 m 2 k é inteiro. Como todo
2k
real em [0,1] é limite de uma seqüência de números dessa forma, segue que (*)
continua válida para todo t em [0, 1].
As afirmações a seguir são agora bastante evidentes, e vão ser nosso principal
guia quando quisermos decidir se uma dada função é ou não convexa ou côncava.
Nele, c ab
2 . É evidente que d f (c ) f a 2 b e e f ( a ) f ( b)
2
. Daí,
f a 2 b f ( a ) f ( b)
2 e f é convexa.
Prova : Façamos a prova, por indução sobre n > 1, para o caso em que f é
convexa, sendo o outro caso análogo. O caso n = 2 é nossa hipótese. Suponha
agora que para um certo n > 1 e todos x1 ,..., x n I e t1 ,..., t n [0,1] , com
t1 ... t n 1 , tenhamos
e f t1 x1 ... t n x n t1 f x1 ... t n f x n
Considere agora x1 ,..., x n 1 I e t1 ,..., t n 1 [0,1] , com t1 ... t n 1 1 . Se
t n1 1 então t1 ... t n 0 e nada há a fazer. Senão, defina
t1 x1 ... t n x n
y 1 t n 1
s1 x1 ... sn x n ,
t
onde s j 1 t . Como s1 ... sn 1 , segue da hipótese de indução que y I .
j
n 1
Daí,
f 1 t n 1 y t n 1 x n 1 1 t n 1 f ( y ) t n 1 f ( x n 1 ) ,
a1 a a n
1 b1 1 2b ... 1 bn 2 n 1
.
2 n
a1 a a n
2 a1
2 2a ... 2 na 2 n 1
2 n
n n
f a j n f 1n a j nf 1n n
2 n 1
j 1 j 1
Exemplo 6 : Utilizando a função logaritmo natural e a desigualdade de Jensen,
vamos dar outra prova da desigualdade entre as médias aritmética e geométrica.
Prova : Sejam a1 ,..., a n reais positivos. Existem reais x1 ,..., x n tais que
a j ln x j para todo j. Como f x ln x é uma função côncava, vem que
f x1 ... f x n
n
f x1 ... x n
n
,
ou seja,
ln n x1 ... x n ln x1 ... x n
n
Como f é crescente, chegamos ao resultado desejado.
Vale notar, para quem tem familiaridade com derivadas, que é possível provar
que, se f '' existe, então f é convexa se e só se f ''( x ) 0 para todo x em I e f é
côncava se e só se f ' ' ( x ) 0 para todo x em I.
3 a1 b1 a2 b2 a3 b3 3 a1a2 a3 3 b1b2 b3
10. Sejam n > 1 e x1 , x 2 ,..., x n reais positivos cuja soma é 1. Prove que
x1 xn n x1 ... x n
... n 1
1 x1 1 x n n 1
1 1
a1 a 2 ... a n a1 a 2 ... a n ,
n n
com igualdade se e só se a1 , a2 ,..., a n forem todos iguais.
2
n
( x1 x 2 ... x n ) ( x1 x 2 x 2 x3 ... x n 1 x n x n x1 )
Sugestão: Faça ci = e use o ítem anterior para (ai) e (ci) e para (bi) e
(ci).
Referências:
Seja um conjunto de potências distintas de k. Observação: x1, x2, …xn não são
necessariamente positivos.
PROBLEMA 2
Sejam a, b, c, d números reais tais que
Calcule
abcd.
PROBLEMA 3
Considere um triângulo ABC e BD e CE as bissetrizes dos ângulos B e C,
respectivamente ( D AC e E AB). A circunferência circunscrita a ABC tem
centro O e a circunferência ex-inscrita tangente ao lado BC tem centro Ia. Estas
duas circunferências intersectam-se nos pontos P e Q.
(i) Mostre que PQ é paralelo a DE.
(ii) Prove que IaO é perpendicular a DE.
PROBLEMA 4
Sejam Q+ e Z o conjunto dos racionais extritamente positivos e o conjunto dos
inteiros. Determine todas as funções f : Q+ Z satisfazendo as seguintes
condições:
(1) f (1999) = 1
(2) f(ab) = f (a) + f(b), para quaisquer a, b Q+.
(3) f(a + b) min{f(a), f(b)}, para quaisquer a, b Q+.
A notação min{x, y} denota o menor dentre os inteiros x e y. Por exemplo,
min{3, 4} = 4 e min{3, 3} = 3.
PROBLEMA 5
(i) Se m, n são inteiros positivos tais que 2 n – 1 divide m2 + 9, prove que n é
uma potência de 2.
(ii) Se n é uma potência de 2, prove que existe um inteiro positivo m tal que
2n – 1 divide m2 + 9.
SOLUÇÕES DE PROBLEMAS PROPOSTOS
ii) Suponha que a não seja um quadrado perfeito. Neste caso, a pode ser
escrito na forma a = k2s, onde s é um produto de primos distintos. Como
, devemos ter b = t2 . s (t N) já que ab deverá ser um
quadrado perfeito (observe que se tomarmos s com exponente ímpar
diferente de 1, podemos incluí-lo em t2); Daí:
Nota: observe que o ítem (ii) representa a situação genérica e inclui as soluções
de (i), fazendo s = 1.
ii) Suponha que a não seja um cubo perfeito. Observe que a pode ser escrito
na forma: onde e são produtos de primos distintos. Já
que devemos tomar
(de fato, é racional, e,
elevando ao quadrado, obtemos que (e logo
) também é racional, donde, assumindo a b,
são racionais e inteiros). daí:
Sabe-se que :
Têm-se a relação:
Fatorando vem:
Sabe-se que:
Seja:
Logo:
Notações:
(1)
(3)
(c.q.d.)
25) Durante o ano de 1998, uma pequena livraria, que abria nos sete dias da
semana, vendeu no mínimo um livro por dia e um total de 600 livros no
ano todo. Diga, justificando, se existiu, obrigatoriamente, um período de
dias consecutivos onde foram vendidos exatamente 129 livros.
Aqui está uma solução, que usa apenas a noção de limite e o fato que
Vamos discretizar o problema, supondo que primeiro deixamos passar uma fração
de um vaso para o outro, a água e o vinho se misturam, e depois retiramos
do novo volume do segundo vaso. Após n passos o primeiro vaso estará vazio.
Errata: No Você sabia… da EUREKA! No. 4, página 21, sobre um polinômio que
assume apenas valores negativos ou primos, há um erro tipográfico na terceira
linha da expressão do polinômio: onde está "…[ e3 . (e + 2) . (a +1)2 + …" leia-se
"…[e3 . (e + 2) . (a + 1) 2 + …".
PROBLEMAS PROPOSTOS
somente se é inteiro.
29) Seja n > 1 um número inteiro. Existem n lâmpadas L0, L1, ... , Ln–1
colocadas em um círculo. Cada lâmpada está ACESA ou APAGADA.
Uma seqüência de passos S0, S1, ... , Si, ... é executada. O passo Sj afeta
apenas o estado da lâmpada Lj (deixando o estado de todas as outras
inalterado) da seguinte forma:
a. Existe um inteiro positivo M(n) tal que depois de M(n) passos todas as
lâmpadas estão ACESAS de novo;
PROBLEMA "CUÁTICO":
Prove que para qualquer conjunto de inteiros positivos A e para todo inteiro
positivo k existe um conjunto infinito de números primos S tal que o produto de k
elementos distintos de S está sempre em A ou o produto de k elementos distintos
de S nunca pertence a A.
AGENDA OLÍMPICA
Você sabia…
Que se an + 1 é primo (com a e n naturais) então n = 2k para algum k natural?
Tente provar isso!, (primos desta forma são conhecidos como primos de
Fermat generalizados.) E que se a = 2 só se conhecem 5 primos
desta forma (3, 5, 17, 257 e 65537), os chamados primos de Fermat?
E que, por outro lado, se conhecem muitos primos de Fermat generalizados
grandes (como 10183016384 + 1 e 6723416384 + 1, respectivamente o 16o e
18o. maiores primos conhecidos em 27/7/99)?
COORDENADORES REGIONAIS