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CAPÍTULO 7

TECIDO SANGUÍNEO
Martina Andreia Lage Nunes
Taikna Geraldo Prado
Douglas Fernandes da Silva

O sangue é um tipo conjuntivo especial que possui grande quantidade de


MEC. Esse tecido se apresenta no estado líquido e flui pelo sistema circulató-
rio, transportando diversas moléculas – entre elas, temos oxigênio, dióxido de
carbono, hormônios, eletrólitos, água e resíduos do metabolismo celular. A dia-
pedese, que é a passagem das células de defesa do sangue para os tecidos, assim
como a permuta dos elementos nutricionais contidos no sangue com os tecidos,
se processam nos capilares sanguíneos, que são vasos de paredes mais simples,
compostas por tecido epitelial pavimentoso simples, constituídos apenas de
endotélio e sua membrana basal. Em alguns capilares, o endotélio apresenta pe-
quenos poros, podendo ser atravessado pela água, por um grande número de
moléculas hidrossolúveis e pela maioria dos íons. As substâncias lipossolúveis,
como algumas vitaminas e hormônios, dissolvem-se na membrana plasmática
do capilar e atravessam sua extensão sem passar pelos poros. O trânsito de subs-
tâncias através das membranas celulares ocorre por dois mecanismos: difusão e
transporte ativo.
O sangue representa um importante sistema de defesa contra agentes in-
vasores de diversas naturezas, inclusive micro-organismos e outros agentes
externos, devido à presença de células de defesa e elementos humorais. Esse
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tecido desempenha outras funções, como o transporte de oxigênio e de outros


nutrientes, como glicose, aminoácidos, proteínas, gorduras, água, eletrólitos e
elementos minerais, até as várias células do organismo, além de remover o di-
óxido de carbono e outros resíduos do metabolismo celular para detoxicação
ou eliminação. Dessa forma, participa no processo de detoxicação, transporte
e eliminação de substâncias absorvidas pelo organismo, inclusive de agentes
farmacológicos, promovendo sua eliminação através dos pulmões, dos rins, da
pele ou mesmo pelas fezes. Dentre as demais funções desempenhadas por esse
tecido, temos:
• Ajustar o teor de água dos diversos compartimentos líquidos do organis-
mo, regulando a concentração de íons H+ mediante trocas iônicas e pela
ação dos sistemas tampão, fundamentais ao equilíbrio acidobásico osmó-
tico dos líquidos teciduais.
• Manter o pH dentro de limites adequados à função das enzimas e organelas
celulares.
• Distribuir os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas por todo
o organismo e participar dos mecanismos de regulação da temperatura
corporal.
O sangue é formado por duas fases: em primeiro lugar, os elementos figura-
dos (hemácias, leucócitos e plaquetas) são suspensos na segunda fase, a líquida;
esta última é o plasma sanguíneo (sendo composto por 91% de água, com os 9%
restantes representados por proteínas, eletrólitos, gorduras, glicose, hormônios e
numerosas outras substâncias). Para tanto, o homem adulto possui o volume total
de sangue de aproximadamente cinco litros, o que corresponde a 7% de seu peso
corporal; o sangue é composto por plasma em 55% de seu volume, sendo 2% dele
composto por leucócitos e plaquetas e 43% corresponde aos eritrócitos.

PLASMA SANGUÍNEO
O plasma sanguíneo é a fase líquida, sendo a representação da porção não
celular do sangue. É composto por eletrólitos e íons, sendo estes potássio, sódio,
bicarbonato, cálcio, compostos orgânicos (aminoácidos, lipídios, vitaminas, co-
fatores e hormônios), globulinas, albuminas e fibrinogênio. No procedimento
de centrifugação de um tubo de ensaio com sangue, as células se depositam no
fundo, e sobre elas observamos o plasma, uma camada de líquido amarelo-palha
ou âmbar, claro, opaco e viscoso. Em indivíduos normais, esse líquido viscoso
corresponde a 60% do volume de sangue, para um hematócrito de 40%; entre-

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Tecido sanguíneo

tanto, quando recolhemos um volume de sangue em um tubo de vidro, forma-se


um coágulo após alguns minutos. Em seguida, o coágulo se consolida, torna-se
mais firme e sólido por um mecanismo conhecido como retração. Ao se retrair, o
coágulo expele a maior parte do líquido retido no seu interior, e esse líquido é
denominado soro sanguíneo. A água, sob a forma líquida, é o principal compo-
nente do plasma sanguíneo e corresponde a 91% do seu volume. Os 9% restantes
correspondem a proteínas (7%) e outros elementos dissolvidos (2%).
O soro corresponde ao plasma sem as proteínas do sistema de coagulação
e outras retidas no coágulo. Possui como característica não ter a presença de
coaguladores, como o fibrinogênio.

Função e característica bioquímica do plasma


Permite o livre intercâmbio de vários componentes entre o sangue e o líqui-
do intersticial. Esse intercâmbio é realizado através dos poros da membrana da
célula endotelial que constitui o capilar. Em condições habituais, devido às di-
mensões de sua molécula, as proteínas plasmáticas não atravessam a membrana
do capilar, permanecendo no plasma. Entretanto, outras substâncias dissolvidas
no sangue e as moléculas de água podem se difundir livremente.
• A saída da água do plasma através dos capilares é controlada pela pres-
são coloidosmótica (pressão oncótica) e pelo estado da permeabilidade das
membranas. Assim, as proteínas extraem água dos tecidos para os capila-
res e dificultam a saída de água dos capilares para os tecidos.
• As proteínas do plasma são de três tipos principais: a albumina, as globu-
linas e o fibrinogênio.

ELEMENTOS FIGURADOS
O volume celular que compõe o sangue é constituído por elementos que
figuram do sangue, assim é formado pelas hemácias, leucócitos e plaquetas.
Os elementos figurados compõem 45% do sangue, sendo a parte “não líquida”
(celular) que circunda a parte “líquida” (plasma). Eles apresentam diferentes di-
mensões e ocorrem em diferentes proporções no sangue.

Hemácias
• São também conhecidas como glóbulos vermelhos ou eritrócitos. São
células desprovidas de organelas e têm a função de transporte de oxigê-

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nio. Sua estrutura é um disco bicôncavo com 8 μm de diâmetro e 2 μm de


espessura. A membrana dessa célula sanguínea corresponde a 1% de seu
peso total e está relacionada à manutenção e à integridade celular; junto
com o esqueleto, confere flexibilidade, durabilidade e capacidade de resis-
tir a grandes deformações.
• A proteína presente nas hemácias é a hemoglobina. Ela é capaz de se ligar
a 4 moléculas de oxigênio (devido a presença de 4 cadeias tridimensionais,
duas alfa e duas betas, em conformação quartenária) e, assim, transpor-
tá-las pelo corpo. A hemoglobina é o pigmento respiratório que dá a cor
vermelha ao sangue, sendo o mais difundido entre os organismos.
• Eritropoese é o processo pelo qual as hemácias são produzidas pela me-
dula óssea. São células de origem mesenquimal. Durante a vida fetal, são
produzidas no fígado e no baço e amadurecem na medula óssea.
• As hemácias têm vida média de 120 dias. Depois disso, ocorre a diminui-
ção de sua deformabilidade e sua lise celular acontece no baço.
• A quantidade de hemácias existente no sangue é um indicador de gran-
de importância na avaliação clínica dos indivíduos. Sua expressão mais
simples é o hematócrito, que representa o percentual de hemácias contido
no sangue.
• O volume de hemácias tem relação direta com a quantidade de hemoglobi-
na; dessa forma, o hematócrito é um indicador indireto da capacidade do
sangue de transportar oxigênio para os tecidos. O hematócrito normal para
os homens varia de 40% a 42% e para as mulheres, de 38% a 42%.
Doenças relacionadas às hemácias
• Anemia: é a produção insuficiente ou encurtamento da vida média das
hemácias;
• Policetemia: aumento exagerado da produção de glóbulos vermelhos sem
que ocorra redução da sua sobrevida. Essa doença ocorre principalmente
em habitantes de grandes altitudes, indivíduos com doenças pulmonares e
tabagistas.

Leucócitos
• Também conhecidas como glóbulos brancos, são células sanguíneas
incolores e de formato esférico que tem como função a defesa do hos-
pedeiro. São células produzidas na medula óssea e que permanecem

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Tecido sanguíneo

temporariamente no sangue, pois o utilizam como meio de transporte para


alcançar seu destino final, que são os tecidos.
• Os leucócitos são classificados em granulócitos e agranulócitos.
• Granulócitos: apresentam núcleo irregular, citoplasma com grânulos es-
pecíficos e lisossomos que se coram em púrpura. Exemplos: eosinófilos,
basófilos e neutrófilos.
• Agranulócitos: apresentam núcleo mais regular e não têm granulações
especificas. Exemplos: linfócitos e monócitos.
• O número e a porcentagem de glóbulos brancos por microlitro de sangue
no adulto vão de 4.500 a 11.500. As classificações de leucocitose e leuco-
penia se referem ao aumento e à diminuição do número de leucócitos no
sangue, respectivamente.

Neutrófilos
• Também conhecidos como leucócitos polimorfonucleares, são células
arredondadas com diâmetro entre 10 e 14 μm. Seus núcleos são forma-
dos por dois a cinco lóbulos, sendo mais frequentemente formados por
três lóbulos.
• O citoplasma é composto por grânulos específicos e lisossomos que con-
têm proteínas e peptídeos destinados à digestão e à morte de microrga-
nismos. A função dos grânulos é combater os microrganismos e auxiliar
na proteção da célula contra agentes oxidantes.

Eosinófilos
• Apresentam pequenas porcentagens de leucócitos granulócitos, de núcleo
bilobado com grânulos citoplasmáticos corados por eosina. São capazes
de sintetizar, armazenar e liberar mediadores pró-inflamatórios. Assim,
estão ligados à resposta imune do hospedeiro, pois são os responsáveis
pela apresentação dos antígenos.
• Diferenciam-se a partir de células progenitoras da medula hematopoiética,
migram para o sangue e compõem as células sanguíneas presentes no teci-
do conjuntivo; uma vez lá, não retornam mais para a circulação.
• Os eosinófilos maduros apresentam-se com núcleo bilobado e diferen-
tes populações de grânulos, que são os marcadores morfológicos da
maturação.

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• A principal função dessas células é a defesa do organismo contra parasitas,


uma vez que seus grânulos liberam enzimas com atividade antimicrobia-
na, que defendem o organismo.

Basófilos
• Os basófilos sintetizam e armazenam em seus grânulos mediadores quími-
cos; quando estimulados, liberam a histamina.
• Têm dois mecanismos de liberação dos grânulos: piecemeal degranulation
e anaphylactic degranulation.
Piecemeal degranulation: é a liberação de pequena quantidade do conte-
údo granular em lesões patológicas desenvolvidas em respostas a vírus e
em lesões não patológicas.
Anaphylactic degranulation: é a fusão da membrana do grânulo com a
membrana plasmática na reação antígeno-anticorpo.
• O basófilo ativado ou sensibilizado pela imunoglobulina E (IgE) libera os
grânulos cheios de histamina.
• Os basófilos são células sanguíneas encontradas no compartimento vascu-
lar que migram para os tecidos em situações de alergias.

Linfócitos
• Os linfócitos têm de 8 a 10 μm de diâmetro, com núcleo grande e poucas
organelas. São compostos por populações heterogêneas, os linfócitos B e
os linfócitos T. Ambos se originam da medula óssea e, quando maduros,
circulam no sangue e nos vasos linfáticos.
○○ Os linfócitos B produzem anticorpos e fazem a apresentação dos
antígenos para as células sanguíneas.
○○ Os linfócitos T migram da medula óssea e se diferenciam no timo.
Só interagem com o antígeno exógeno se este for apresentado a uma
molécula do complexo principal de histocompatibilida ou MHC
(do inglês major histocompatibility complex). Assim, essa célula de
defesa está restrita à resposta imune associada ao MHC.
• O aumento do número de linfócitos no sangue é denominado linfocito-
se e está associado a infecções virais. O número reduzido de linfócitos é
denominado linfopenia ou linfocitopenia e geralmente está associado à
terapia farmacológica prolongada ou imunodeficiência.

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Monócitos
• São considerados os maiores leucócitos. Possuem o núcleo ovoide e ex-
cêntrico e contêm de 2 a 3 nucléolos. Seu citoplasma é basófilo e contém
lisossomos, que podem lhe dar coloração acinzentada, polirribossomos,
retículo endoplasmático rugoso (RER), complexo de Golgi e mitocôndrias.
• Os monócitos são uma fase de maturação da célula: passa do sangue, onde
ficam alguns dias, atravessa por diapedese a parede dos capilares e vênulas
e penetra alguns órgãos, transformando-se em macrófagos (fase avançada).

Plaquetas
• As plaquetas têm origem da medula óssea vermelha, pois se originam da
fragmentação do citoplasma dos megacariócitos (pela diferenciação dos
megarioblastos). Os megacariócitos serão adjacentes aos capilares sinusoi-
des, facilitando a liberação de plaquetas no sangue.
• Existem cerca de 150 mil a 450 mil plaquetas por microlitro de sangue, e nele
permanecem por aproximadamente dez dias. Nos esfregaços, aparecem em
grupos aglutinados, apresentando uma parte transparente e outra azul-claro.
Lâmina: tecido sanguíneo – esfregaço de sangue humano

Figura 40 – Tecido sanguíneo infiltrado de células sanguíneas. Ampliação: 40x. (HE).

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Figura 41 – Tecido sanguíneo infiltrado de células sanguíneas. Ampliação: 100x. (HE).

Figura 42 – Tecido sanguíneo. H: hemácias ou eritrócitos (células desprovidas de organelas)


com função de transporte de oxigênio; LEUC: leucócitos (células de defesa).
Ampliação: 400x. (HE).

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Figura 43 – Tecido sanguíneo. H: hemácia; P: plaqueta; L: linfócito. Ampliação: 1.000x. (HE).

Figura 44 – Tecido sanguíneo. H: hemácia; P: plaqueta; N: neutrófilo.


Ampliação: 1.000x. (HE).

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Figura 45 – Tecido sanguíneo. H: hemácia; P: plaqueta; B: basófilos. Ampliação: 1.000x. (HE).

Figura 46 – Tecido sanguíneo. E: eosinófilos (E). Ampliação: 1.000x. (HE).

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Esse esfregaço de sangue normal apresenta hemácias (H) ou eritrócitos, pla-


quetas (P), linfócitos (L), neutrófilos (N) e basófilos (B). As áreas claras centrais
dos eritrócitos representam as áreas mais delgadas dos discos bicôncavos. Ob-
serve que os eritrócitos estão em número bem maior que as plaquetas, as quais,
por sua vez, são muito mais numerosas que os leucócitos. Como os neutrófilos
constituem as células existentes em maior número dentre os leucócitos, eles são
encontrados com maior frequência na população dessas células.

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