Arquitetura, Matéria e Historiografia

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Luciana da Silva

Florenzano
Renata Hermanny
de Almeida
Rômulo Simões
a rquitetura, matéria e historiografia:
interfaces entre investigação tecnológica e
pesquisa histórica, a partir de tijolos
cerâmicos em santa leopoldina [es]

Angélica

148
pós-

Re sumo
Considerando a potencialidade do material construtivo como ferramenta para a
historiografia, este artigo consiste em análise de tijolos cerâmicos presentes no
sistema construtivo de edificações do Sítio Histórico de Santa Leopoldina, no
Estado do Espírito Santo, Brasil, protegido em esfera estadual em 1983. Para
além da necessidade de documentação dos sistemas construtivos tradicionais
brasileiros e da imprescindibilidade de subsídios técnicos para intervenção no
patrimônio edificado, aborda-se a importância da investigação tecnológica para
compreensão do processo construtivo da edificação. O critério adotado parte da
análise física e mineralógica de um grupo amostral e da interpretação desta
análise, admitindo a historicidade da arquitetura como ferramenta de
conhecimento da sociedade. Para fundamentação teórica, busca-se o
conhecimento da matéria prima do objeto de estudo, bem como os métodos
típicos empregados no século XIX, para a produção de tijolos cerâmicos.
Metodologicamente, a análise compreende a realização de ensaios laboratoriais
para caracterização física e mineralógica dos tijolos, cujos resultados são
correlacionados à pesquisa histórica da produção de tijolo cerâmico em Vitória,
capital do Estado, entre o século XIX e o início do século XX. O resultado
consiste em considerações acerca da fabricação dos tijolos cerâmicos em Santa
Leopoldina e contribui para a compreensão dos métodos construtivos utilizados
pelos imigrantes europeus não lusitanos que, ao chegarem ao Brasil, a partir da
segunda metade do século XIX, colonizam o interior do Espírito Santo.

Palavras-chave
Tijolo cerâmico. Sítio histórico. Santa Leopoldina-ES.

doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v24i44p148-163

Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 24, n. 44, p. 148-163, set-dez 2017
architecture, matter, and historiography:
interfaces between technological investigation
and historical research based on ceramic bricks in
the city of santa leopoldina [es]

149
pós-

Abstract
Considering the potential of building materials as a tool for historiography,
this article analyzes ceramic bricks in the constructive system of the
buildings at the Santa Leopoldina Historical Site in the State of Espírito
Santo - protected at the state level in 1983. Beyond the need for
documentation of traditional Brazilian construction systems and the
indispensability of technical support for intervention in the constructed
heritage, we address the importance of technological research in
understanding the building process. The adopted criteria are based on a
physical and mineralogical analysis of a sample group as well as an
interpretation of this analysis, considering the historicity of architecture as a
knowledge tool for society. As a theoretical foundation, there is a need to
understand the raw materials used in the bricks, as well as the typical
methods employed in the 19 th century for their production. Methodologically,
the analysis involves laboratory tests for the physical and mineralogical
characterization of the bricks. The results were correlated with the historical
research on the production of ceramic bricks in Vitória, capital of Espírito
Santo, between the 19th and early 20th centuries, and include
considerations regarding the manufacture of ceramic bricks in Santa
Leopoldina, helping to understand the constructive methods used by non-
Lusitanian European immigrants who colonized the interior of the state from
the second half of the 19th century onwards.

Keywords
Ceramic brick. Historical site. Santa Leopoldina-ES.

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Introdução
A documentação do patrimônio arquitetônico e urbano é, sobretudo, um
estudo técnico e científico orientado para a elaboração de subsídios
metodológicos e instrumentos de representação e intervenção em estrutura
preexistente. Contudo, o conhecimento do patrimônio edificado é importante
não só para a preservação da materialidade arquitetônico-urbana, e
consequente valor artístico e técnico, como, também, para a dimensão
histórica e o valor de rememoração de edificações históricas. Oliveira (2005, p.
3) salienta sobre tal necessidade, quando destaca que:
Buscar os procedimentos e técnicas construtivas do passado, além de ser
um resgate da memória do “fazer”, permite um conhecimento mais
aprofundado do acervo construtivo que nos foi legado, para melhor
podermos intervir na sua conservação [...]
No Brasil, Weimer (2005) observa que, até as últimas décadas do século XX, o
estudo sobre as técnicas construtivas brasileiras compreende a análise da
arquitetura erudita e monumental, aquela geralmente edificada utilizando a
150 pedra como sistema construtivo. Obviamente, tais estudos não contemplam a
abrangência do tema, já que são diversos os métodos construtivos utilizados no
pós-

Brasil, a partir do século XIX, momento no qual há uma alargada incorporação


de métodos e materiais construtivos, quando da abertura dos portos e da
abolição do tráfico negreiro.
Um dos reflexos da abolição do tráfico negreiro e da proximidade com a
abolição da escravatura é a imigração em massa para o território brasileiro. No
estado do Espírito Santo, os imigrantes aportados em meados do século XIX são
os responsáveis pela ocupação dos primeiros núcleos urbanos em regiões não
costeiras. O primeiro núcleo da região centro-serrana, a cidade de Santa
Leopoldina, ocupada inicialmente por colonos suíços e imigrantes de origem
germânica, torna-se polo central da economia espírito-santense a partir da
produção e comercialização cafeeira. Com o monopólio da distribuição do café
da região centro-serrana para a capital Vitória, os imigrantes prosperam e
constroem uma arquitetura utilizando em ampla escala o tijolo cerâmico como
elemento construtivo das alvenarias autoportantes.
Esta produção arquitetônica é caracterizada pelo Sítio Histórico de Santa
Leopoldina, reconhecido como patrimônio cultural e tombado pelo Conselho
Estadual de Cultura, em 1983. As edificações acauteladas são remanescentes
da arquitetura edificada segundo saber técnico-construtivo dos imigrantes
europeus provenientes de outras regiões da Europa, diferente daquele saber
técnico-construtivo utilizado na edificação da capital do estado, Vitória, onde
luso-brasileiros são maioria até meados do século XIX.
Com relação às alvenarias de tijolo cerâmico, no Brasil, sabe-se que o tijolo
cerâmico é utilizado desde o primeiro século de ocupação, especialmente em
capitais como Salvador e Recife (ROCHA, 2012). Entretanto, Weimer (2005)
observa que o material só se torna potencialmente empregado em larga escala
a partir de 1850, adquirindo bastante utilização nas últimas décadas do século
XIX. A partir de então, as edificações são erguidas com a utilização
predominante de alvenarias estruturais com o uso de tijolos maciços. Este é o
caso das edificações do Sítio Histórico de Santa Leopoldina, onde a ampla

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maioria é erguida com alvenarias de tijolo cerâmico, possuindo, em alguns
casos, alvenarias de pedra no pavimento térreo dos sobrados.
Contudo, no Espírito Santo, ainda permanecem poucos estudos científicos
voltados ao conhecimento das técnicas construtivas e dos materiais utilizados
por esses construtores. Sobre tal lacuna, Ribeiro (2009) desenvolve pesquisa
sobre as alvenarias e argamassas históricas, nas quais há estudos sobre as
edificações remanescentes do século XIX no Espírito Santo e pesquisas sobre
as técnicas construtivas empregadas nas edificações históricas do Estado,
especialmente as de tradição portuguesa. Todavia, permanecem restritos os
estudos orientados ao saber relativo às técnicas construtivas utilizadas pelos
imigrantes que colonizam o interior do Espírito Santo, e nenhum material
científico sobre as alvenarias tradicionais em tijolos cerâmicos, da mesma
maneira, frequentes nas edificações dos demais sítios históricos tombados em
esfera estadual.
Frente ao exposto, este artigo tem como objetivo levantar hipóteses sobre o
processo construtivo do tijolo cerâmico produzido no Estado do Espírito Santo
entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX.

151
Em escala específica, objetiva-se realizar a caracterização física e mineralógica
pós-
de um grupo amostral dos tijolos cerâmicos do Sítio Histórico de Santa
Leopoldina, identificando, a partir de uma articulação entre a pesquisa
tecnológica e a pesquisa histórica, etapas e particularidades do modo de
fabricar estes tijolos.
A pesquisa tecnológica consiste nos ensaios realizados em laboratório para
caracterização física e mineralógica do material coletado. A caracterização física
engloba as características dos tijolos cerâmicos quanto à porosidade, massa
específica e resistência mecânica, por meio dos ensaios de absorção total em
água, massa unitária com picnômetro de Hubbard e resistência mecânica a
compressão. A análise da composição mineralógica ocorre por meio da difração
de raios-x (DRX), método do pó, identificando os minerais presentes em nove
amostras coletadas.
A pesquisa histórica aborda o processo de produção dos tijolos cerâmicos na
capital do Estado, Vitória, em meados do século XIX e início do século XX.
Sobre tal produção, a pesquisa analisa textos de historiadores e pesquisadores
que abordam o período citado no Espírito Santo, e a leitura de jornais da
época. As informações obtidas são correlacionadas com a revisão de literatura,
compreendendo os métodos construtivos utilizados em meados do século XIX
para a produção de tijolo cerâmico, e com a caracterização física e
mineralógica dos tijolos coletados.
A articulação da pesquisa histórica com a pesquisa tecnológica permite tecer
considerações sobre a fabricação dos tijolos cerâmicos utilizados nas
edificações do Sítio Histórico de Santa Leopoldina. Os resultados obtidos
contribuem para preencher uma lacuna na historiografia brasileira, na medida
em que promovem resgate do saber fazer dos imigrantes construtores do
patrimônio espírito-santense, oriundo do primeiro momento de ocupação do
território do interior do Estado, em meados do século XIX. A contribuição
teórica consiste na articulação dos dados científicos da composição física e
mineralógica dos tijolos com o contexto socioeconômico do Estado e da
produção do material cerâmico. Simultaneamente, realiza a documentação do

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sistema construtivo do Sítio Histórico de Santa Leopoldina e subsidia dados
essenciais para o restauro das edificações históricas.

Arqueologia da arquitetura e as técnicas


tradicionais de fabricação de tijolo
cerâmico
A abordagem adotada encontra similitude à arqueologia da arquitetura, método
de análise vindo da arqueologia e direcionado ao patrimônio edificado, que
consiste em analisar o edifício a partir das informações obtidas pela
arquitetura. Adotando as definições de Quirós Castillo (2002), assume-se a
arqueologia da arquitetura como uma disciplina histórica. Nesse sentido, o
critério adotado refere-se à análise e à interpretação dos tijolos cerâmicos com
o ambiente construído, admitindo a historicidade da arquitetura como
ferramenta de conhecimento da sociedade (QUIRÓS CASTILLO, 2002).
Para tanto, busca-se o conhecimento da matéria prima do material, bem como
152 os métodos típicos empregados até século XIX na produção de tijolos
cerâmicos. Assim, destaca-se a matéria-prima dos tijolos cerâmicos,
pós-

compreendendo as argilas e os desengordurantes (PETRUCCI, 1975, p. 2). A


argila é um material natural, terroso, de granulação fina e constituída,
essencialmente, por partículas cristalinas extremamente pequenas de um
número restrito de minerais, conhecidos como argilominerais, podendo,
também, conter outros minerais (quartzo, mica, pirita, calcita, dolomita, entre
outros), matéria orgânica, sais solúveis e outras impurezas (SANTOS, 1989).
Para a produção cerâmica, usam-se somente as argilas de estrutura laminar,
onde estão inseridos os grupos das caulinitas, montmorilonitas e ilitas
(PETRUCCI, 1975). As caulinitas são frequentes na fabricação de porcelanas e
cerâmicas sanitárias, por serem as mais puras e mais refratárias. Torraca (1986)
observa que as taxas de porosidade e resistência da argila dependem do tipo
de argila, da adição de materiais que contêm sódio ou potássio e da
temperatura de cozimento.
Sobre a produção de tijolo cerâmico, Davey (1961) destaca que os tijolos são
fabricados ao longo dos séculos seguindo os mesmos métodos e técnicas, com
poucas modificações em seu processo; sendo a maior alteração a introdução
dos fornos circulares contínuos no início do século XIX. Com relação às etapas
de produção cerâmica, Petrucci (1975, p. 20) salienta que a fabricação dos
produtos cerâmicos compreende as seguintes etapas: 1) exploração das jazidas;
2) tratamento da matéria-prima; 3) moldagem; 4) secagem; 5) queima.
Quanto às duas primeiras etapas, é pertinente salientar a variedade de argilas e
a importância da escolha adequada desta para a produção de tijolos; fator já
mencionado, inclusive, por Vitruvio, no ano de I a.C (VITRUVIO, 2007).
Mateus (2002) observa que os critérios tradicionais se restringiam à avaliação
da pureza e plasticidade da argila. Leseigneur e Guilluy (1988), também
salientam, nos métodos tradicionais, a preparação da terra por meio da retirada
de todas as impurezas da argila, como pedras e raízes.
Em relação às técnicas tradicionalmente empregadas para moldagem, as peças
eram moldadas em cima de uma mesa de madeira polvilhada com areia, sendo

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(a) (b)

Figura 1: (a) Mesa do moldador; (b) Moldes duplos.


Fonte: Duhamel (1763).

também comum, nos métodos artesanais, colocar areia dentro do molde para
evitar a fixação da argila na mesa ou no interior do molde (Figura 1). O

153
pós-
moldador, então, colocava o barro nos moldes e o pressionava, compactando-o
e ajeitando a argila nos cantos. Em seguida, retirava o excesso com uma régua
e acrescentava uma borrifada de água ou areia para manter a umidade da
argila (ROCHA, 2012). Quanto ao tamanho dos moldes, estes eram maiores
que o tijolo pronto, pois, após o cozimento, o tijolo sofre retração, já que,
durante a queima, a argila perde umidade e se retrai (SANTOS, 2012).
Com a industrialização, a moldagem torna-se mecanizada, incorporando novos
métodos de amassamento e preparação da matéria-prima e surgem máquinas
responsáveis por este processo, denominadas amassadeiras. A industrialização
também possibilita o surgimento de máquinas que faziam o procedimento
repetitivo da moldagem através do processo de extrusão ou da prensagem dos
tijolos. A prensagem consistia em introduzir a argila, quase seca e bem densa,
dentro do molde, sendo então comprimida por uma prensa (CAMPBELL;
PRICE, 2005). Santos (2012) destaca que os tijolos prensados eram mais
precisos, pois apresentavam menor retração durante a queima e menor
porosidade. Outro processo surgido no século XIX era o método da extrusão,
que consistia em introduzir a argila, no estado plástico, em um bocal, o qual
era pressionado depois. O resultado era uma faixa uniforme e contínua,
moldada e cortada com arames (CAMPBELL; PRICE, 2005).
Em relação à secagem dos objetos cerâmicos, Davey (1961) destaca que os
tijolos eram deixados em uma cama de areia para endurecer até que pudessem
ser tratados no forno. Rocha (2012) observa que, se o tempo estivesse sem
chuva, os tijolos eram colocados para secar em um local aberto, mas com
cobertura, sendo revirados pelo menos uma vez antes da etapa final de
queima. Leseigneur e Guilluy (1988) observam a importância da secagem
completa dos tijolos, afirmando que se estes não estivessem bem secos,
corriam o risco de rachar durante a queima.
A etapa final da fabricação dos tijolos consiste na queima em fornos. Trata-se
da fase fundamental de fabricação cerâmica, pois é o processo responsável por
garantir a resistência e durabilidade do produto final (SANTOS, 2012). Davey
(1961) observa que os fornos desenvolvidos pelas primitivas civilizações
atingiram, em média, apenas 600ºC de temperatura em seu interior, o que não
era capaz de produzir tijolos resistentes e, portanto, poucos exemplares

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perduraram no tempo. Sobre as queimas mais rudimentares, Rocha (2012)
relata um tipo de forno, cujo método consistia em queimar, simultaneamente,
tijolos e telhas em estruturas bem rudimentares chamadas de medas:
Os fornos antigos queimavam, simultaneamente, tijolos e telhas, e eram
chamados de medas. Trata-se do forno de Duhamel (1753) [...]. Nele, os
tijolos eram dispostos em fiadas intercaladas com espaçamento entre
elas, longitudinais e transversais, preenchidos com material combustível. A
pilha era revestida de barro e palha, processo denominado de encamizar,
ateava-se o fogo e abria-se paulatinamente, orifícios para se estimular a
combustão (ROCHA, 2012, p. 215).
Mateus (2002) observa que estes fornos eram construídos próximos ao local em
que os tijolos seriam utilizados, atentando para a efemeridade destes, pois não
eram previstos para durar por muitos anos.

Materiais, métodos e caracterização dos


1 O objetivo da comparação com tijolos cerâmicos de santa leopoldina
154 as amostras da Igreja Matriz de
Santa Leopoldina consiste em As propriedades e características dos tijolos de Santa Leopoldina são analisadas
pós-

cruzar informações de cunho (Tabela 1) com base em inspeções visuais e em amostras coletadas de três
histórico, argumentadas nas edificações situadas no sítio histórico. As amostras possuem tamanhos variados,
considerações sobre a
fabricação dos tijolos.
de acordo com a necessidade de cada ensaio, respeitando valores mínimos
exigidos. A composição mineralógica é obtida pela difração de raios-x, e as
amostras são comparadas entre si e com outras duas amostras coletadas da
Igreja Matriz de Santa Leopoldina, erguida com sistema misto de pedra e tijolos
cerâmicos aproximadamente na mesma época das outras três edificações
analisadas1 .

Tabela 1: Ensaios laboratoriais e


tipo de caracterização.
Fonte: Autores (2016).

As edificações situam-se na mesma rua e apresentam trechos do sistema


construtivo expostos, permitindo a coleta de amostras do tijolo cerâmico (Figura 2).
Durante a inspeção visual, na análise macroscópica da amostragem, é possível
verificar fragmentos de quartzo, superfícies irregulares e pulverulência nas
amostras (Figura 3).
Em relação à coloração, as amostras da edificação 01 apresentam tons mais
claros, que podem indicar tijolos pouco queimados e menor quantidade de
óxido ferro (Fe2O3). Em contrapartida, a edificação 02 possui tijolos com uma
coloração mais avermelhada. Os tijolos da edificação 03 são mais similares aos
da edificação 02, mas possuem coloração ainda mais avermelhada (Figura 4).
A análise macroscópica também aponta diferenças na dimensão das amostras,
mesmo entre tijolos assentados em uma mesma construção, como na

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(a) (b) (c)
Figura 2: Elenco de edificações estudadas na pesquisa – (a) edificação 01; (b) edificação 02; (c) edificação 03.
Fonte: Autores (2016).

Figura 3: (a) fragmentos de

155
quartzo edificação 02; (b) tijolo
da edificação 02 e edificação 03.
pós-
Fonte: Autores (2016).

(a) (b)

(a) (b) (c)


Figura 4: (a) edificação 01; (b) edificação 02; (c) edificação 03.
Fonte: Autores (2016).

Figura 5 (a) e (b): Comparação


entre tijolos assentados na
mesma alvenaria, na fachada
posterior da edificação 01.
Fonte: Autores (2016).

(a) (b)

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edificação 01. Nos trechos em que os tijolos estão aparentes, a variação das
peças oscila entre 1 a 2 cm no comprimento e na altura (Figura 5). Dessa
maneira, com relação à amostragem, os tijolos possuem dimensões que variam
entre 21 a 26 cm de comprimento, 13 a 15 cm de largura e 5 a 7 cm de
espessura.
Com relação à caracterização física da amostragem, a relação dos cheios e
vazios é verificada por meio de ensaios de absorção total em água (%) e
massa unitária (g/m³) com picnômetro de Hubbard (Tabela 2). Os resultados
indicam que as amostras possuem entre 30.80 a 41.49% de poros acessíveis,
com massa específica variando de 0.91 a 1.49 g/cm³. Os tijolos mais densos e
menos porosos correspondem à edificação 03 e os mais porosos são os da
edificação 01, que também possuem menor massa específica.
Os resultados obtidos nos ensaios de resistência mecânica são compatíveis
com o resultado de poros acessíveis e massa específica: apontam tijolos mais

Tabela 2: Resultado ensaio de


absorção total em água e
156 massa unitária com picnômetro
de Hubbard e localização das
pós-

amostras na edificação 01.


Fonte: Autores (2016).

densos e menos porosos para a edificação 03, que obteve alta carga de
ruptura, e tijolos mais porosos e com menor massa específica, rompendo-se na
prensa com uma carga baixa, para a edificação 01 (Tabela 3).
Com relação à caracterização mineralógica, os possíveis compostos
mineralógicos identificados em todas as amostras são: mica, quartzo (SiO2),
feldspatos, hematita (Fe2O3), goethita (FeOOH), (gipso (Ca(SO4)•2H2O),
caulinita (Al2Si2O5(OH)4) e palygorskita (Mg2Al2)Si8O20(OH)2•4H2O). As amostras
são agrupadas em três grupos, de acordo com sua semelhança mineralógica.

Tabela 2: Resultado resistência


mecânica dos tijolos da
edificação 01, 02 e 03.
Fonte: Autores (2016).

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Grupo 01
Neste grupo estão duas amostras da
edificação 01 (AM03 e AM05),
formadas principalmente por quartzo e
mica (Figura 6). Em menor
quantidade, as amostras possuem
feldspatos e hematita. Como não há
picos de caulinita e goethita,
provavelmente a queima dos tijolos se
deu acima de 550ºC, destruindo a
estrutura da caulinita e da goethita. A
presença de hematita pode ser
produto da transformação da goethita,
Figura 6: Difratograma amostras grupo 01. já que o aquecimento em
Fonte: Autores (2016). temperaturas entre 250 a 350 ºC
transforma a goethita em hematita.

157
pós-
Grupo 02
Neste grupo estão duas amostras,
relativas à edificação 02 (AM01) e à
Igreja Matriz de Santa Leopoldina
(Ed.04 - AM01) (Figura 7). A
composição mineralógica aponta a
presença de gipso e caulinita, sendo
também identificados quarzto, mica,
feldspato e palygorskita.

Figura 7: Difratograma - Amostras grupo 02.


Fonte: Autores (2016).

Grupo 03
As amostras desse grupo se referem à
edificação 01 (AM06), à edificação 02
(AM06) e a todas as amostras da
edificação 03 (AM01, AM02 e AM03)
(Figura 8). A composição das amostras
é bastante semelhante, com a
presença de quartzos, feldspatos e, em
menor quantidade, mica e hematita e
ausência de argilominerais.

Figura 8: Difratograma - Amostras grupo 03.


Fonte: Autores (2016).

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Considerações sobre a produção de tijolo
cerâmico em Santa Leopoldina (1880 – 1920)
•Investigação histórica
Embora seja pertinente considerar os reflexos da Revolução industrial no Brasil,
onde a partir de 1850 ocorre um período de intensa importação de materiais de
construção, no Espírito Santo essa não é a realidade da capital e tampouco das
colônias instaladas no interior do Estado. Nesse contexto, em Vitória, Alves
(2015, p. 57) destaca que “poucas foram as construções que puderam contar
com o tijolo, que muitas vezes era trazido de fora da província”.
Com a chegada dos imigrantes europeus não lusitanos, a partir de 1860, e
consequente participação na construção civil, outros materiais são utilizados,
para além da pedra e do barro. Sobre a existência de olarias, Ribeiro (2011)
enfatiza que na primeira metade do século XIX estas são escassas em Vitória,
destacando a importação de telhas e tijolos, ao contrário da cal, cujo excedente
é exportado. Mas, a partir de 1850, o panorama da
158 produção cerâmica no Espírito Santo se modifica com o
surgimento de olarias e a chegada dos imigrantes. De fato,
pós-

o desenvolvimento de olarias em Vitória (Tabela 4), a partir


de 1890, torna mais disponível a utilização dos tijolos
cerâmicos nas obras de arquitetura.
Considerando, portanto, que, na última década do século
Tabela 4: Olarias em Vitória, cadastradas entre 1984
XIX, em Vitória, o tijolo é um material ainda caro e que
e 1912. começa a ter maior utilização, acredita-se na probabilidade
Fonte: Tabela elaborada pelos autores (2016) a partir de fabricação ainda no modelo não mecanizado, no interior
de Alves, 2015, p. 128. do Espírito Santo, utilizando processos rústicos e artesanais
de produção.
Nesse contexto, quanto às novas colônias do Estado,
Grosselli (2008) afirma que as comunidades de imigrantes
que habitam as colônias de Porto de Cachoeiro de Santa
Leopoldina, Rio Novo e Santa Isabel, possuem
conhecimento tecnológico superior aos colonos luso-
brasileiros; fato este que também pode indicar a
possibilidade de fabricação pelos colonos do próprio
material de construção. De fato, não há na literatura
publicada qualquer afirmação sobre a entrada dos tijolos
cerâmicos na colônia de Santa Leopoldina.
No campo historiográfico, corroborando a hipótese de
produção local, de acordo com Grosselli (2008), em 1880,
Santa Leopoldina possui quatro fábricas, antes mesmo das
olarias que se têm cadastro em Vitória. Reforçando essa
informação, em nota no jornal A Província do Espírito Santo,
em 1888 (Figura 9), verifica-se a existência de uma olaria em
Porto do Cachoeiro de Santa Leopoldina, cujo dono
forneceria os tijolos necessários para a construção da Igreja
Figura 9: Publicação jornal A província do Espírito Matriz; que viria a ser construída em 1903, utilizando como
Santo. sistema construtivo uma alvenaria mista de pedra e tijolo
Fonte: (MATRIZ DE SANTA LEOPOLDINA, 1888).
cerâmico.

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•Investigação Tecnológica
Ao observar as informações obtidas na investigação tecnológica, verifica-se que os
resultados dos ensaios laboratoriais subsidiam referências importantes, que
podem ser associadas à pesquisa sobre a produção de tijolo cerâmico, no século
XIX e nas primeiras décadas do século XX, em Santa Leopoldina. Com relação à
caracterização física, os resultados revelam indícios sobre o processo de
fabricação, pois as análises dos ensaios de absorção total em água e massa
unitária apontam tijolos porosos, com 37.29% e 1.37 g/cm³ de massa específica
(média dos resultados), que podem ser reflexo de um processo de produção
artesanal e não mecanizado. Ainda que estes possam estar com a porosidade
acessível elevada, devido ao grau de deterioração, é provável que tenham sido
moldados artesanalmente já que a superfície é irregular e os tamanhos das
amostras diferem em alguns centímetros, revelando um padrão não muito preciso.
Cabe ressaltar, como visto, estas características são incomuns em um processo
como a extrusão ou a prensagem da argila, cujo resultado final apresentava tijolos
menos porosos, superfície mais regular e certa padronização das peças, uma vez
que os tijolos apresentavam menor retração durante a queima.

159
2 Sobre a presença de caulinita, pós-
Santos (2012) destaca a Sobre a superfície dos fragmentos coletados, na edificação 01 é possível
possibilidade de uma verificar certa lixiviação das amostras em contato com a água, indicando a
amostragem intemperizada e
com degradação biológica,
possibilidade de queima parcial dos tijolos, o que pode sugerir a fabricação em
onde microorganismos forno mais rudimentar ou, talvez, mão-de-obra não especializada. Observa-se
existentes, sintetizadores de que a qualidade da argila e o controle da temperatura provavelmente ocorriam
ácido sulfúrico, podem de forma empírica, já que na análise tátil-visual constata-se a presença de
transformar a matéria cerâmica
em caulinita.
fragmentos grandes de quartzo, indicando que a argila não foi devidamente
tratada antes da moldagem.
Com relação à resistência mecânica das amostras, são encontrados valores
distintos entre as três edificações, sendo que a edificação 01 possui resistência
bastante inferior às edificações 02 e 03. Ainda que tenha sido analisado
somente um tijolo por edificação, pode-se interpretar que os tijolos não tiveram
queima uniforme durante a fabricação. Considerando que as edificações podem
ou não terem sido construídas na mesma época, acredita-se, também, na
possibilidade de fabricantes diferentes, ainda que, em alguns casos, eles possam
ter utilizado a mesma matéria-prima. Portanto, considerando a possibilidade da
utilização da mesma matéria-prima em algumas amostras, provavelmente os
tijolos apresentam resistências mecânicas distintas devido ao estado de
conservação, mas, essa condição pode ser, também, reflexo de processos de
fabricação distintos, em fornos artesanais com queima irregular em toda a
superfície. Assim, possivelmente, os tijolos cerâmicos do Sítio Histórico de Santa
Leopoldina eram fabricados em pequenas olarias, com diferentes fabricantes.
A caracterização mineralógica permite descobrir informações mais precisas sobre a
queima dos tijolos, já que a identificação dos minerais presentes nas amostras
fornece dados sobre possíveis temperaturas dos fornos. Dessa forma, no grupo
01, que se refere às amostras da edificação 01, a ausência de picos de caulinita
indica que a temperatura atingiu mais de 550ºC, pois, a partir dessa
temperatura, a caulinita transforma-se em metacaulinita amorfa (SANTOS, 2012).
A cor mais clara dos tijolos se deve, provavelmente, ao teor mais baixo de óxido de
ferro. Em contrapartida, nas amostras do grupo 02, composto pela edificação 02
e a Igreja Matriz, a existência de caulinita2 pode indicar que a temperatura de

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queima não ultrapassou 550º. Ainda, como nesse grupo foi encontrado gipso,
que não resiste a mais de 200ºC, pode-se afirmar que as amostras não foram
calcinadas. No grupo 03 estão amostras semelhantes às da edificação 01, 02 e
03, com queima superior a 550ºC, com ausência de argilo-minerais.
A caracterização mineralógica também apresenta minerais semelhantes entre
algumas amostras, o que pode indicar a mesma matéria-prima utilizada
durante a fabricação. O agrupamento das amostras semelhantes também pode
ajudar a traçar considerações sobre a temporalidade das edificações, já que
não se tem registros das datas exatas de construção. Dessa forma, o grupo 01,
composto somente por amostras da edificação 01 (AM01 e AM03) pode indicar
que as alvenarias foram construídas em período distinto da amostra AM06, na
mesma edificação, ou que a casa foi construída em período distinto das demais
edificações, ou que esta teve tijolos fabricados com matéria-prima diversa da
utilizada nas edificações 02, 03 e na Igreja Matriz de Santa Leopoldina
(edificação 04). Por outro lado, algumas amostras de edificações diferentes são
semelhantes do ponto de vista mineralógico, como as edificações 02 e 04.
3 Contudo, a coloração mais Sendo a edificação 04 a Igreja Matriz, cujos tijolos provavelmente foram
160 clara também pode indicar a fabricados localmente, pode-se interpretar que o mesmo fabricante produziu os
presença de carbonatos, que tijolos da edificação 02.
pós-

podem estar presentes na


própria argila, ou ter sido Ainda sobre os minerais encontrados, destaca-se a presença de caulinita, grupo
adicionados como material de argilominerais pouco frequente na fabricação de tijolos cerâmicos, sendo
fundente.
mais comum na produção de porcelanas, já que são argilas mais refratárias.
4 O gispo presente também pode Portanto, as amostras são fabricadas com argila branca, e apresentam,
ser uma reação secundária do
enxofre.
provavelmente, alto teor de óxido de ferro, o que caracteriza sua cor vermelha3 .
Tanto a goethita quanto a hematita são minerais de óxido de ferro, e podem ser
responsáveis pela coloração avermelhada das amostras (SANTOS, 2012). As
amostras também são constituídas de palygorskita, argilomineral fibroso, que
pode ser usado como asbesto/amianto. Também é encontrado gipso, mineral
composto basicamente por sulfato de cálcio hidratado, cuja presença é comum
nas argilas, sendo considerado uma impureza4 .
Portanto, com base na investigação tecnológica, correlacionada à pesquisa
histórica e à revisão de literatura, acredita-se que os tijolos utilizados nas
edificações de Santa Leopoldina eram fabricados na região, tendo sido
moldados de forma não mecanizada, em um processo artesanal, com
temperatura de queima de variável intensidade conforme o lote e o construtor.
É provável que os tijolos tenham sido queimados com técnicas diferentes,
resultando em tijolos com padrões e qualidades distintas.
Considerando as técnicas artesanais de fabricação de tijolos cerâmicos, com
relação aos métodos utilizados para produção dos tijolos de Santa Leopoldina,
a amostragem analisada reflete critérios pouco precisos na escolha da matéria-
prima, já que algumas peças contêm fragmentos de quartzos e minerais como
gipso e palygoskita. Contudo, não se pode afirmar se entre os oleiros que
fabricaram os tijolos de Santa Leopoldina havia consenso sobre os
procedimentos adotados. Portanto, tendo em vista que as amostras analisadas
diferem na resistência mecânica e no aspecto, sendo que algumas apresentam
pulverulência e certa lixiviação em contato com a água, provavelmente não
havia padrão tanto na escolha e tratamento da matéria prima quanto na
queima das peças.

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Conclusões
Para concluir a discussão, considerando o conhecimento das técnicas
construtivas tradicionais para preservação do patrimônio material e também
do intangível, volta-se a uma tentativa de compreensão do saber-fazer típico
dos imigrantes que povoaram o núcleo urbano da antiga colônia de Santa
Leopoldina. Contudo, para além do Sítio Histórico de Santa Leopoldina,
afirma-se a pertinência deste estudo enquanto tentativa de compreensão da
história da construção, admitindo a potencialidade do material construtivo
como ferramenta para a historiografia. Análise que adquire ainda maior
relevância dentro do contexto brasileiro, onde ainda permanecem vagos
estudos abrangendo técnicas construtivas por regiões (GENOVEZ, 2012). A
essas lacunas na historiografia brasileira, pode-se acrescentar o
desconhecimento sobre arquitetura civil e popular, especialmente dos
núcleos urbanos brasileiros oriundos do século XIX, embora sejam
importantes testemunhos dos modos de viver e das peculiaridades do lugar.
Frente ao exposto, a interface da investigação tecnológica com a pesquisa
histórica pode ser alinhada à arqueologia da arquitetura, em particular se

161
se considera Genovez (2012) e sua ênfase na arqueologia da arquitetura
pós-
como uma espécie de caminho voltado a encontrar documentos materiais
que permitam obter dados de caráter histórico e técnico da construção, e,
numa escala mais abrangente, como parte da história das sociedades que o
produziram (GENOVEZ, 2012, p. 40).
De fato, não se pode isolar o objeto, neste caso, o edifício, do contexto que
o produziu e, portanto, não se pode interpretar documentos materiais
desvinculados dos fatos sociais e culturais do ambiente construído. Isto é,
no caso da investigação tecnológica realizada nos tijolos das três edificações
de Santa Leopoldina, a interface com a pesquisa histórica do núcleo
urbano e da produção cerâmica em Vitória é indispensável para reforçar o
elo entre construção das partes e história do todo. A interação entre as
duas abordagens propicia considerações mais sólidas sobre a produção dos
tijolos cerâmicos em Santa Leopoldina e colabora na construção da
historiografia das técnicas construtivas brasileiras oriundas da transição
entre os séculos XIX e XX.
Para concluir de forma mais adequada e reduzir limitações nesta
interpretação histórica, análises estratigráficas das superfícies constituem-
se como ferramenta de abordagens futuras. Por fim, cabe ressaltar, tecer
considerações sobre fatos inéditos na historiografia, deve ser, seguramente,
um fenômeno abrangente, envolvendo múltiplas questões. A identificação
dos fatos e acontecimentos jamais será incontestável.

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Nota dos Autores
Este artigo é parte integrante da dissertação de mestrado da autora Luciana da
Silva Florenzano, orientada pela Profa. Dra. Renata Hermanny de Almeida, com
colaboração do Prof. Dr. Rômulo Simões Angélica e defendida em maio de
2016. A pesquisa foi financiada pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior) em parceria com a FAPES (Fundação de Amparo

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à Pesquisa e Inovação no Espírito Santo). pós-
“FLORENZANO, Luciana da Silva. Conservação de tijolo cerâmico em
alvenarias históricas: Subsídios para restauração do Sítio histórico de Santa
Leopoldina. 2016. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016”.

Nota do Editor
Data de submissão: 26/12/2016
Aprovação: 26/08/17
Revisão: Lina Rosa

Luciana da Silva Florenzano


Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Centro de Artes. Vitória, ES.
[email protected]

Renata Hermanny de Almeida


Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Centro de Artes. Vitória, ES.
[email protected]

Rômulo Simões Angélica


Universidade Federal do Pará (UFPA). Instituto de Geociências. Belém, PA.
[email protected]

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