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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM HISTÓRIA


DISCIPLINA: FONTES E ARQUIVOS PARA A HISTÓRIA DE GOIÁS

VERA LÚCIA OLIVEIRA DO AMARAL

FONTES IMPRESSAS: UM OLHAR HISTORIOGRÁFICO PARA SUL


GOIANO E A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO PARA ANÁLISE DOS
FATOS

MORRINHOS
2023
VERA LÚCIA OLIVEIRA DO AMARAL

FONTES IMPRESSAS: UM OLHAR HISTORIOGRÁFICO PARA SUL


GOIANO E A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO PARA ANÁLISE DOS
FATOS

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em História pela
Universidade Estadual de Goiás, Campus Sul
– Morrinhos, como um dos requisitos para
aprovação na disciplina: Fontes e arquivos
para a História de Goiás.
Orientador: Prof. Dr. Hamilton Afonso de
Oliveira

MORRINHOS
2023
INTRODUÇÃO

A busca por uma história que rompesse com os princípios da


historiografia praticada nas chamadas historiografia metódica/positivista, onde
a história era vista como uma descrição dos fatos históricos, ou seja, uma
hitoria factual. Uma história voltada para politica, narrativa, factuais e
descritivas de fatos históricos, método infuenciado por Augut Kant com suas
ideias prossitivistas.
A históriografia a partir dos Annales, remodelou extraordinariamente os
conjuntos elementos, buscando entre outras coisas uma história problema a se
pesquisar, envolvesse as questões sociais, ampliasse o conjunto de fontes
históricas e não somente as fontes oficiais escritas. Ampliram o leque de
fontes históricas, trazendo repertório teórico- metodológicos dos estudos
históricos no início do século XX, posibilitando novas perpectivas de pesquisa,
contudo as fontes impressas também ganharam amplitude passando a oferecer
diversas possibilidades de documentos e análises.
As fontes documentais fornecem a origem da informação, que para
historiografia é de fundamental importacia saber a localização das informções
disseminadas nas pequisas, pois são elas que daram maior veracidade e
credibilidade ás pequisas históricas, (BARROS, 2019), considera as fontes
históricas como sendo o cerne da pesquisa, ou seja, elas são a alma a essencia
da pesquisa.
As fontes escritas que deixaram de serem apenas os documentos oficiais
e passaram a considerar, documentos escritos em tempos passados,
pergaminhos, jornais, revistas, periódicos, teses de dissertaçãoes, cartas,
diários, mapas relatotos dentre outros como sendo fontes sofreram com a
desconfiança e desprestigios por parte dos históriadores. O uso dessas fontes
não era bem vistas por partes dos históriadores por não deixar claro as
intencionalidades das escolhas de uma fonte em detrimento de outras.
Segundo (LUCA, 2006), que faz uma consideração em seu texto “sempre
será difícil de sabermos que influências ocultas exerciam-se num momento
dado sobre um órgão de informação, qual o papel desempenhado, por exemplo,
pela distribuição da publicidade, qual a pressão exercida pelo governo”.
Assim sendo outro autor como (LE GOFF, 1990), alerta para que o
tratamento dos documentos históricos, fontes documentais tenham os mesmos
cuidados que se tem com os monumentos, como investigações e percepções
das nuances diversas envolvidadas, para que um documento não seja apenas
monumento.
O uso das fontes também tem uma história pois, os interesses dos
historiadores variam com o tempo e o espaço, em uma relação direta com as
circunstâncias e fatos de suas trajetórias pessoais e com suas identidades
culturais. (PINSKI, 2008)
Este estudo visa mostrar a importância da documentação para a
pesquisa em História, para Block, “a incompreensão do presente nasce
fatalmente da ignorância do passado. Mas não vale a pena esgotar-se para
compreender o passado quando nada se sabe do presente”. (BLOCK, 1997
p.100)
A História visa exemplificar por meio das documentações, a forma de
como ela deve ser contada, pois, o campo da investigação e da pesquisa
histórica deve ser explorado por historiadores a fim de tentar compreender o
passado fazendo uma correlação com o presente, observando que o
passado/presente caminham junto na História.
A história não está focada apenas nas relações humanas, mas abre
novas perspectivas principalmente para as ações humanas, portanto, fatos
recorrentes na história geram grandes impactos nas relações e hábitos
humanos.
Em se tratando de fontes documentais a historiografia goiana pode ser
considerada autodidata, pois, é uma história baseada em evidência
documental. Cujo objetivo é a constituição da identidade goiana.
O trabalho com fontes manuscritas é de fato bastante interessante a
todo historiador, portanto deve ser minuciosamente analisada, pois cabe ao
historiador validar ou não determinada fonte.
Desse modo de acordo com, Tânia Regina de Luca, “o historiador
“deveria valer-se de fontes marcadas pela objetividade, neutralidade,
fidedignidade, credibilidade e distanciadas do seu próprio tempo” (DE LUCA,
2006)
1. FONTES IMPRESSAS: UM OLHAR HISTORIOGRÁFICO PARA SUL
GOIANO E A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO PARA ANÁLISE
DOS FATOS

Goiás ainda era uma vasta região desconhecida do interior do Brasil,


que compreendia justamente os sertões de Goiás e Mato Grosso, o Centro
Oeste ou o Brasil Central.
Portanto, esta denominação é recorrente, mas, de sua pretensão original
em abarcar todo esse espaço geográfico, na verdade, foi limitada a Goiás, e
esteve de bom tamanho, pois tudo começava do ponto zero.
No entanto, mais de cem anos passados, não tinha espaço no cenário
das discussões nacionais, onde, muitos equívocos eram cometidos quando
havia necessidade em se referir ao Estado, pois, nada se sabia de sua história,
política, tradições, recursos naturais, economia, cultura.
A história se entrelaça ao crescimento e conhecimento do sul goiano que
até então era bem desconhecido na época, uma das cidades mais promissoras
da época era Santa Rita do Paranahyba, onde, um saco com 30 kg de sal, por
exemplo, que era adquirido em Uberabinha por 10$000, era vendido em Santa
Rita por 19$000, havendo um aumento significativo no valor.
No entanto, cabe ao historiador fazer uma análise do discurso dispondo
de ferramentais que o auxiliem para tal, pois, o objeto desse estudo, foi a
Revista Mensal “A Informação Goyana” de janeiro de 1917 a 1920
(fragmentos), onde traz informações de divulgação a respeito do território
goiano de maneira de demonstrar para o Brasil, que a “modernidade” estava
chegando ao território goiano no início do século XX.
O referido fragmento da revista traz informações e notas da economia e
sociedade goiana entre os anos de 1917 e 1920, com destaque para aspectos
do cotidiano e as dificuldades no transporte das boiadas, as melhorias nas vias
de comunicação e transporte, com a chegada dos primeiros automóveis e seus
impactos no transporte de mercadorias no Sul de Goiás.
Conforme informações da Revista Informação Goyana, Santa Rita do
Paranaíba (atualmente Itumbiara), já estava passando por um relativo
dinamismo e crescimento econômico com as melhorias das vias de
comunicação promovidas pelas estradas de rodagens e o início do transporte
de cargas com o uso dos primeiros caminhões, com isso, essas estradas
mostram o “progresso” chegando ao interior goiano. A revista ainda faz uma
crítica ao governo onde o mesmo deverá cuidar dos 540,833 km², sendo este
um dos primeiros feitos do governo da época.
O referido fragmento da revista traz informações e notas da economia e
sociedade goiana entre os anos de 1917 e 1920, com destaque para aspectos
do cotidiano e as dificuldades no transporte das boiadas, apesar disso, houve
melhorias nas vias de comunicação e transporte, com a chegada dos primeiros
automóveis e seus impactos no transporte de mercadorias no Sul de Goiás.
A mesma revista faz referência à inauguração da linha de automóveis de
Roncador a Bonfim e também referencia a exploração do Rio Paranaíba, tanto
pelo transporte de gado como pela navegação.
Pois, por meio da navegação o transporte de mercadorias se tornava de
menor custo, tornando assim mais viável financeiramente, reduzindo à 4ª parte
os custos, onde, todas as mercadorias importadas para o Sul Goiano e pelo
Triângulo Mineiro, teriam seu valor com um aumento significativo se seu
transporte fosse feito por via terrestre.
O que chama mais atenção neste estudo foi a fatigante jornada de
passagem do gado não só pelo Rio Paranaíba, mas por todo o percurso
percorrido, de modo que os bois passam por caminhos tortuosos pelas
estradas até então sem nenhuma condição de tráfego e vencem a nado as
impetuosas águas correntes do rio, onde após a fatídica travessia os boiadeiros
dividem a boiada em lotes e por fim embarcá-los ao seu destino final, antes
disso, esses animais eram dispostos em pequenos currais até o embarque do
outro lado do rio.
Outra informação bastante relevante se dá ao fato de que a boiada era
composta por um a dois milheiros de cabeça, representando assim de
cinquenta a cem contos de réis, o que na sua maioria era toda a fortuna do
boiadeiro, e depois de um percurso de 200, 300 léguas o boiadeiro chega ao
Sul de Minas, em Barreto, considerado como zona de engorda, o que afetavam
as transações comerciais das boiadas magras e desnutridas.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O campo da investigação e da pesquisa histórica de certo modo visa


compreender o passado de maneira que o traz para o presente, desse modo,
alguns fatos recorrentes na história geram grandes impactos nas relações e
hábitos humanos. Pois, a História não está focada somente nas relações
humanas, está focada nas ações humanas, abrindo novas perspectivas de
conhecimento histórico.
Dentro desse contexto, ao situar Goyaz no cenário das discussões de
sua época e tentar discutir o Brasil também presente em nosso Estado, ou
seja, que Goyaz não estava fora de um contexto da alma brasileira, inclusive a
questão da interiorização da Capital Federal.
Podendo observar que a visão de História não é somente ter uma “visão”
do passado, mas como uma ferramenta para compreender a realidade,
fazendo uma reflexão a respeito do que vivemos.
Desse modo, concluímos que em 1917, surgia no cenário da imprensa
nacional a “Revista Informação Goyana” destinada a ser uma propagandista de
possibilidades naturais e econômicas de “Goyaz e do Brasil Central”, ao
mostrar o imenso vazio do Oeste brasileiro ao restante do País.

REFERÊNCIAS

DE LUCA, Tânia Regina. Fontes impressas: história dos, nos e por meio de
periódicos. In. PINSKY, Carla Bassanezi (Org.) Fontes históricas. São Paulo:
Contexto, 2005.

Bloch, M., Bloch, É., Le Goff, J. (1997). A História, os Homens e o Tempo. In


M. Castro (Ed.), Introdução à História (pp.85-102). Mem Martins: Publicações
Europa-América, Lda.

PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes históricas. Carla Bassanezi Pinsky,


(organizadora). 2ª.ed.,1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008.

A Informação Goyana (GO) - 1917 a 1935 - DocReader Web (bn.br)


http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/historia/informacao-goyana-
408136/

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