Pontos Chave Do Acórdão 88/2020 Do Tribunal Constitucional
Pontos Chave Do Acórdão 88/2020 Do Tribunal Constitucional
Pontos Chave Do Acórdão 88/2020 Do Tribunal Constitucional
I. Relatório
Resumo do relatório: Tratava este caso de uma situação em que o Recorrente apresentava um recurso cuja
fundamentação se alicerçava na inconstitucionalidade da interpretação normativa resultante da conjugação
das normas do art.432.º/1/b) e do art.400.º1/f) do Código do Processo Penal, doravante designado por CPP.
A., recorrente, alegava que havia uma violação dos princípios da legalidade em matéria criminal e do direito
ao recurso (art.29º/1 e 32º/1 da Constituição, doravante CRP). O que estava em causa era um impedimento
de que uma questão suscitada pudesse ser apreciada por um judicio distinto de que aquele que invocara o
vicio. O Supremo Tribunal de justi
Recurso interposto para o TC da decisão proferida pela Conselheira Presidente do STJ em 16/05/2019 que indeferiu a
reclamação apresentada ao abrigo do art.405 do Código Penal, por decisão de não admissão de recurso para o STJ do acórdão
do TRL de 06/12/2018, que negou provimento ao recuso interposto pelo arguido.
Resultava da conjugação do art.432/1/b)+400/1/f) do CPP, a irrecorribilidade do acórdão proferido pelas Relações que contenha
nulidade invocada em recurso - tal se deve a não haver a consagração da excepção do recurso n ocaso de arguição de nulidade
de acordão.
Artigo 432.º
Recurso para o Supremo Tribunal de Justiça
1 - Recorre-se para o Supremo Tribunal de Justiça:
b) De decisões que não sejam irrecorríveis proferidas pelas relações, em recurso, nos termos do artigo 400.º;
+
Artigo 400/1/f)
Não é admissivel recurso: De acórdãos condenatórios proferidos, em recurso, pelas relações, que con rmem
decisão de 1.ª instância e apliquem pena de prisão não superior a 8 anos;
Tal omissão inviabiliza à arguida o uso da plenitude do direitos de defesa e do direito ao recurso, reduzindo-o ao não permitir
que a nulidade seja apreciada por outro tribunal que aquele que alegadamente cometeu.
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Na apreciação de uma invocada nulidade o recorrente não tem a possibilidade de a sua questão ser dirimida por tribunal
diferente daquele que terá cometido o vício que se pretende ver apreciado, violando o 400º/1/f) o disposto nos arts.29º/1 e 32/1
da CRP:
Artigo 29º (aplicação da lei criminal)/1
Ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei anterior que declare punível a acção ou a omissão,
nem sofrer medida de segurança cujos pressupostos não estejam xados em lei anterior.
+ ——-> o artigo 400 consagra 2 pesos e duas medidas para situações muitas vezes semelhantes e impede que uma
questão suscitada possa ser apreciada por tribunal diferente daquele em que invoca o vicio.
Artigo 32º/1 (garantias de processo criminal)
O processo criminal assegura todas as garantias de defesa, incluindo o recurso.
Decisão STJ 19/06/2019
Resumido: O STJ rejeitou, na sua decisão de 19 de Junho de 2019, a admissibilidade do recurso interposto para o TC, fundamentando
que A. Ao fundamentar a reclamação prevista pelo 72º/2 do TC, não suscitou a incosntitucionaldiade da interpretação normativa
resultante da conjugação do 432/1/f e do 400/1 do CPP. Neste sentido, estaria apenas em causa a arguição da incosnticuinaldiade do
art.400/1 do CPP, por violação das garantias do processo criminal (previsto no 32/1), não havendo invocado qualquer em concreto,
como fundamento de inconsticuionaldiade, as normas individualizadas que manifestam o preceito. Nesta linha, a doutrina e a
jurisprudência, falam em inadequação para suscitar a questão da inconstitucionalidade o requerimento de interposição de
recurso para o TC.
Reclamação do recorrente:
- Questões suscitadas em tempo próprio;
- Mera menção de não apreciação de questão suscitada em recurso (aqui a não utilização da norma cuja inconstitucionaldaide se
alegou) além da omissão de pronuncia, constitui claramente a incosntitucionaldiade a interpretação já referida.
Acordar 676/2019 indeferiu a reclamação apresentada dirigida contra a decisão de inadmissibildiade do recurso com fudnamento na
falta de cumprimento do ónus previsto no 72/2 da LTC e na intempestividade do recurso.
> Estaria em causa uma multa provocada pela prática extemporânea de actos processuais, correspondente ao 3o dia, a qual o arguido
não tinha disponibildiade nanceira para pagar (devido aos encargos de vida que tinha), estando em causa os direitos constitucionais do
art.20º e 32/1 da CRP.
Situação de carência economica, que o impossibilitava do pagamento da mesma.
Requer-se assim pelas supracitadas razões a dispensa de pagamento da multa nos termos do n.º 8 do art.º 139º do Cód. Processo
Civil. Caso assim se não entenda, requer-se a redução da multa também nos termos do n.º 8 do art.º 139º do Cód. Processo Civil,
para que o arguido possa tentar contrair empréstimo junto de algum amigo (o que será difícil), pelo que o mais certo será o mesmo car
privado da apreciação das questões que por si foram invocadas. Ainda que assim se não entenda, e apenas por mero dever de
ofício se requer, pois antecipadamente se sabe que não conseguirá o arguido suportar, requer-se desde já a noti cação para
pagamento da multa nos termos do art.º 107-A do Cód. Processo Penal pelo valor de 0,5 UC, a qual não é paga neste momento em
virtude de se estar a requerer a dispensa de pagamento da mesma.
Representante do MP a rmara que o requerimento fora apresentado no 3 dia útil subsequente ao termo do prazo legal, considerando-
se a validade do acto dependente do pagamento da multa correspondente. Rejeitava o argument ode carência económica visto a multa
ser de 20,4€, arguindo o representante que não acarreta o pagamento grandes di culdades.
Relatora a rmou a não relevar a invocação das disposição do CPP face ao disposto no 69º da LTC.Acrescia que o reclamante se
fundava na suposta carência económica, qual não apresentava qualquer demonstração do alegado. Seria aplicável n ocaso dos auto
apenas o 139º do CPC.
Representante do MP:
-> Por força do 69 da LTC à tramitação dos recursos par ao TC são subsidiariamente aplicáveis as normas do CPC;
-> Pedido de aclaração é um incidente (antes previsto) que não está previsto no actual CPC;
-> Não se deveria tomar conhecimento, “Sempre diremos, contudo, que, a conhecer-se, sempre seria de indeferir, em face da clareza
do Acórdão em causa e do conteúdo do requerimento, no qual se não identi ca qualquer ambiguidade ou obscuridade, antes o
incidente é utilizado para ser manifestada a discordância da decisão.».”
II. Fundamentação
O reclamante apresenta o requerimento ao abrigo da norma do 380/1/b), não convocava por não ter aplicação no
âmbito dos processos de scalização concreta da cosntitucionaldiade, aos mesmos só se aplica o CPC
subsidiariamente em virtude do 69 da LTC.
Assim sendo, ao aplicar subsidiariamente o dispossoto no CPC, c/a prolação do 676/2019, cou esgotado o poder
jursidicional (o que é que um juiz pode fazer numa situação destas? Rati car erros materiais, suprir nulidade e
reformar a sentença, nos termos do 613/1 e 2, 614 e 616 do CPC).
O requerimento con gurava um incidente pós-decisório sem previsão legal, do mesmo não se pode tomar
conhecimento.
sublinhar que, tendo o reclamante sido noti cado expressamente para se pronunciar sobre a pronúncia do Ministério
Público que invocava tal novo fundamento de não admissão, o reclamante, tendo tido oportunidade processual para
o efeito, nada respondeu – tendo as razões da intempestividade do recurso sido devidamente explicitadas no ponto
14 do Acórdão n.º 676/2019.
Códigos anotados:
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- CPP - 405º (fundamentou a decisão de não admissão de recurso); arts.432/1/f e 400/1; 107/5 e 107-A
(correlacionados com o 139 do CPC); 380/1/b
- CPC - 139 do CPC, 139/8, 139/5, 613 a 618 poderes do juiz após proferida a sentença (in concretu, na
fundamentação 613/1 e 2, 614 a 616, os poderes que incumbem ao juiz):
- CRP - 29/1º e 32/1