Curso Teoria e Prátca de Umbanda

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

CURSO TEORIA E PRÁTCA DE UMBANDA

TENDA DE UMBANDA DO CABOCLO BOIADEIRO NAVIZALA,


DIRIGENTE RESPONSÁVEL: MILÉSSIO GOMES DA SILVA ( LÉO D`OGUM)

Aula 01 Historia da Umbanda

Cursista ____________________________________________

ORIGEM DA UMBANDA
A PALAVRA"UMBANDA" PERTENCE AO VOCABULÁRIO QUIMBUNDO, DE ANGOLA, E QUER
DIZER "ARTE DE CURAR".

A Umbanda é uma religião monoteísta e afro-brasileira de matriz africana que mescla


elementos sincréticos e tem suas raízes nos centros de cabula, que surgiram entre os séculos
XVII e XIX. Formalmente organizada por Zélio Fernandino de Morais em 1908, a umbanda
sincretiza rituais africanos, catolicismo e espiritismo kardecista. Seus princípios fundamentam-
se na crença em um deus único, nos orixás e em entidades espirituais, além da prática de
valores como caridade e não discriminação.

A umbanda é uma religião que junta elementos das tradições africanas, indígenas,
kardecista e cristãs, sem ser rigidamente definida por nenhum deles, sendo marcada por sua
singularidade e diversidade. Sua formação e estruturação remontam ao início do século XX,
em São Gonçalo, Rio de Janeiro, onde o sincretismo entre candomblé, catolicismo e
espiritismo deu origem a uma prática religiosa única no contexto brasileiro. Essa religião,
considerada "brasileira por excelência", é fruto de sincretismo cultural e espiritual. O
sincretismo não apenas permite, mas celebra a coexistência harmoniosa de diferentes
influências. O culto aos orixás, intrínseco às tradições africanas, une-se aos elementos
cristãos e às tradições espirituais indígenas. O cerne da umbanda está na síntese entre os
orixás, as divindades africanas que representam forças da natureza, os santos católicos e os
espíritos tradicionais de origem indígena. Essa fusão não é apenas superficial, é uma
integração profunda que forma a base da espiritualidade umbandista. O sincretismo cultural e
religioso não dilui as características individuais desses elementos, mas, pelo contrário, cria
uma teia complexa de significados e simbolismos.

O resultado é uma religião que não apenas atende às necessidades espirituais de seus
praticantes, mas também incorpora valores fundamentais, como a caridade, respeito à
natureza e busca pela harmonia espiritual. A umbanda não é apenas um sistema de crenças,
é uma prática que promove a evolução moral, a compreensão da diversidade e a união entre
diferentes tradições. Nesse contexto, os terreiros de umbanda — seus locais de culto —
assumem um papel vital. Mais do que simples espaços para rituais, eles são centros de
convivência comunitária, onde a integração entre os praticantes e a comunidade é
incentivada. Esses espaços refletem a abertura e a receptividade da umbanda, promovendo
não apenas a espiritualidade, mas também o envolvimento social e comunitário.

A história da umbanda remonta ao sincretismo cultural e religioso ocorrido no Brasil


desde o século XVII. Nesse período, surgiram as primeiras comunidades religiosas afro-
brasileiras, documentadas nas práticas rituais africanas, especialmente nos calundus dos
escravizados. Esses rituais, realizados em rodas de batuques, representavam uma expressão
única de sincretismo entre as crenças africanas, a pajelança indígena e o catolicismo. No
entanto, essas práticas eram ostensivamente perseguidas pelas autoridades civis e
colonizadores portugueses. O calundu, portanto, representava não apenas um espaço de
culto, mas também um ato de resistência cultural. Uma pintura de Zacharias Wagener, datada
do século XVII, ilustra a presença dessas práticas no Brasil.

A partir do calundu, o rito africano evoluiu, dividindo-se em duas vertentes


importantes: a cabula e o candomblé bantu ou Angola. A cabula sincretizava as crenças
africanas com o catolicismo, a pajelança indígena e, mais tarde, o espiritismo kardecista. Com
o aumento do número de escravos e a chegada de diferentes povos africanos, o calundu
tornou-se mais elaborado, originando o candomblé, que manteve o ritualismo bantu com
uma fraca sincretização católica. A prática da umbanda surgiu nesse contexto, entre os
séculos XVII e XIX, nos centros de cabula, conhecidos popularmente como "Macumba".
Esses terreiros de cabula já sincretizavam rituais africanos com o catolicismo e crenças
indígenas.

ORGANIZAÇÃO DA UMBANDA COMO RELIGIÃO

A cidade de São Gonçalo, localizada no estado do Rio de Janeiro, desempenhou


um papel crucial no desenvolvimento e na consolidação da umbanda. Foi nesse cenário que
a religião se estruturou, servindo como berço para uma prática que se espalharia por todo o
Brasil. O contexto de São Gonçalo proporcionou não apenas o surgimento da umbanda, mas
também contribuiu para a criação de uma identidade única, incorporando as características e
influências locais. Zélio Fernandino de Morais foi o responsável por adaptar esses rituais
sob uma roupagem espírita kardecista, fundando assim a umbanda organizada.
Paralelamente, a Macumba Popular, surgida no final do século XIX, no Rio de Janeiro,
diferenciava-se pela influência de rituais jejê-nagô e do esoterismo europeu.

Zélio Fernandino de Morais, o organizador da umbanda.

O início oficial da umbanda ocorreu


quando Zélio Fernandino de Morais,
incorporando o Caboclo das Sete
Encruzilhadas por volta de 1907/1908,
estabeleceu normas enfatizando a
prática de caridade e a igualdade entre
todos os irmãos. O primeiro terreiro
de umbanda, chamado Tenda Espírita
Nossa Senhora da Piedade, foi
fundado em 15 de novembro de
1908.

Ao longo do tempo, ocorreram tentativas de unificação e rupturas na umbanda. A


União Espírita de Umbanda do Brasil, criada em 1939, buscou unificar as práticas, mas
apenas as que seguiam os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas eram
consideradas umbandistas pela ramificação branca e espiritista. Em 1940, Woodrow Wilson
da Matta e Silva apresentou a umbanda como ciência e filosofia, criando a umbanda
esotérica.

A consolidação popular da umbanda ocorreu no terceiro congresso, em 1973,


quando a religião se afirmou como expressiva no campo das atividades assistenciais. A
aceitação mais aberta, no entanto, restringia-se às vertentes com apagamento dos elementos
negros em detrimento do sincretismo católico.

A umbanda se popularizou por meio de sua raiz africanista encontrada na cabula do


Rio de Janeiro, também conhecida como macumba. Esse processo de
"embranquecimento" da umbanda suprimiu elementos africanos, tornando-a mais
palatável às classes alta e média, enquanto vertentes que mantêm mais práticas africanas
são relegadas à marginalidade. A umbanda branca se opõe à tendência de recuperar os
valores africanos presentes na religiosidade popular, resultando em uma dicotomia na
prática da umbanda no Brasil.

PRINCÍPIOS DA UMBANDA

A umbanda fundamenta-se na ideia de que a evolução espiritual está


diretamente ligada à prática do bem. A promoção da igualdade, o respeito à diversidade e a
busca pela paz interior são valores essenciais que permeiam as práticas religiosas dos
umbandistas.

Essa religião manifesta-se em diversas vertentes, cada qual com suas práticas
singulares, como:

 Umbanda Nação,
 Umbandomblé,
 Umbanda Sagrada,
 Umbanda Omolocô,
 Umbanda Crística, entre outras.
 Umbanda Aguas de Angola
 Umbanda popular

O cerne comum dessas vertentes reside no culto a entidades ancestrais e espíritos


associados a divindades de uma gama variada de cultos, abrangendo desde tradições
africanas até hindus, árabes, católicas e mais.

Independentemente da vertente, algumas crenças são compartilhadas:


 A existência de um deus único e onipresente, chamado Olódùmarè, Olorum, Oxalá (na
Umbanda) ou Zambi (na Umbanda Angola);

 A crença nos orixás;

 A presença de guias ou entidades espirituais; e


 A aceitação da lei de causa e efeito, na qual os umbandistas acreditam em retribuição
divina para as ações praticadas.

A umbanda fundamenta-se na obediência a ensinamentos básicos de valores humanos, como


fraternidade, caridade, não discriminação e coletividade. Além desses preceitos, a prática
mediúnica desempenha um papel crucial, na qual médiuns atuam como
"aparelhos", facilitando a comunicação entre espíritos, orixás e seres humanos.

Locais de cultos da umbanda


Os templos de umbanda, conhecidos como terreiros, tendas e Inzo, não são apenas locais de
rituais, mas também centros de convivência comunitária. Esses espaços são frequentemente
utilizados para a realização de atividades sociais, promovendo a integração entre os
praticantes e a comunidade ao redor.

Na umbanda, os rituais desempenham um papel crucial ao evocar os orixás, ancestrais e toda


a hierarquia que engloba orixás menores, guias e protetores. Cada terreiro, liderado por um
pai de santo e guiado por entidades específicas, segue uma tradição única, moldando os
rituais de acordo com essa orientação. As celebrações ocorrem em espaços denominados
Casas ou Tendas, que proporcionam o ambiente propício para as sessões, seja em terreiros,
seja ao ar livre ou salões dedicados. Dentro desse contexto, termos e rituais desempenham
papéis distintos. As "giras" representam encontros espirituais, podendo ser festivas, de
trabalho ou de treinamento. O ato de "bater cabeça" envolve reverência ao líder do
terreiro, variando sua contextualização de um local para outro, geralmente realizado antes da
"defumação", um processo de purificação que dissipa energias negativas com a fumaça
aromática. Outros termos como "passe" (imposição de mãos), "pontos riscados"
(diagramas no chão) e "pontos cantados" (músicas de louvor ou invocação) compõem o
rico conjunto ritualístico. As práticas de "ebó" ou "oferenda" divergem entre as vertentes,
sendo mais comuns em Umbanda de Nação, onde essas ofertas são destinadas a reequilibrar
aspectos da vida.
As oferendas e ebós fazem parte de toda a ritualística de umbanda.

Resumo sobre umbanda

 A umbanda é uma religião brasileira que incorpora elementos sincréticos de diversas tradições religiosas.

 A umbanda combina influências de diversos credos, como candomblé, catolicismo e espiritismo, promovendo
o culto aos orixás e a interação com entidades espirituais.

 Formalmente a religião umbanda foi organizada por Zélio Fernandino de Morais, quando ele reuniu rituais
africanos e católicos ao espiritismo kardecista.

 A umbanda tem como princípios a crença em um deus único, nos orixás e em entidades espirituais, bem
como a prática da caridade, fraternidade e não discriminação.

 A relação entre umbanda e macumba remonta às origens, quando os centros de cabula, denominados
"Macumba", deram origem à umbanda. Atualmente, no entanto, o termo “macumba” é considerado
pejorativo em diversos contextos.

 Enquanto a umbanda tem influências sincréticas e é mais inclusiva, o candomblé mantém tradições mais
específicas, como a ligação direta com as divindades africanas.

Curiosidades sobre a umbanda

 A umbanda é conhecida por acolher entidades de diferentes origens, como caboclos, pretos velhos, crianças e
exus, representando a diversidade espiritual e cultural presente no Brasil.

 A presença de elementos indígenas, como o culto aos caboclos, destaca a capacidade da umbanda de
incorporar influências nativas, enriquecendo ainda mais sua expressão espiritual.

 A umbanda celebra diversas festas ao longo do ano, honrando diferentes orixás e entidades. Essas
festividades envolvem rituais específicos e a participação ativa da comunidade religiosa.

 A umbanda absorveu elementos do espiritismo kardecista, como a prática da mediunidade e a busca pelo
autoconhecimento, demonstrando uma capacidade única de integração de diferentes tradições espirituais.

 Cada orixá possui características específicas e é associado a elementos da natureza. Por exemplo, Oxum é
relacionado à água doce e representa a fertilidade, enquanto Xangô, ligado ao fogo, simboliza a justiça.
HINO DE UMBANDA

Refletiu a luz divina


Em todo seu esplendor
É do Reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na Terra
Luz que refletiu no Mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
Umbanda é paz e amor
Um Mundo cheio de luz
É a força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

José Manuel Alves (mais conhecido como J.M. Alves), português radicado no Brasil,
compositor reconhecido, cujas canções de sua autoria foram gravadas por cantores
conhecidos na época como as Irmãs Galvão, Grupo Piratininga, Osni Silva, Ênio Santos, entre
outros. Em 1955, a marchinha Pombinha Branca, composta em parceria com Reinaldo
Santos, foi gravada por Juanita Cavalcanti. Ainda compôs xotes, valsinhas, baiões, maxixes e
outros gêneros musicais de sua época, e realizou um sonho ao gravar o seu único LP, disco
de vinil, em 1957.

No entanto, era cego. Em busca de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado pela religião e
compôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao Caboclo das Sete
Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la como Hino da Umbanda. Em
1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda, presidido por Henrique Landi
Júnior, foi finalmente oficializada em todo o Brasil.
Originalmente foi composta para ser interpretada como a marcha de um hino, mas depois de
cair nas graças do povo, passou a ser cantada ao som de atabaques nos terreiros de todo o
país.

A Bandeira

A ideia de uma bandeira para a Umbanda surgiu através do Babalorixá Presidente da


Associação de Umbanda de Caxias, Saul de Medeiros, o qual idealizou a bandeira, que
de imediato foi bem recebida pelo povo umbandista de Caxias do Sul e também do Rio
Grande do Sul, mas a ideia é que a bandeira se tornasse nacional.

Em abril de 2008, Saul de Medeiros associou-se com a FUGABC – Federação Umbandista


do Grande ABC, e, em 1 de Junho do mesmo ano, realizaram o lançamento oficial da
Bandeira da Umbanda no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado de Carvalho, na presença
de mais de 1.200 irmãos umbandistas.

A bandeira pelo olhar de seu criador: ”A imagem de um lindo sol radiante, e, de seu
núcleo, sai uma figura que no primeiro instante parece a de um enorme pombo branco,
mas olhando com mais atenção, a forma se modifica deixando transparecer a de um
espectro humano angelical, com enormes asas, como se dirigisse a um destino
determinado, a realizar uma missão”.

Você também pode gostar