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O uso de Biofertilizantes na Agricultura Orgânica

The use of Biofertilizers in Organic Agriculture

Júlia do Nascimento Lapiccirella1; Dener Cássio Ferreira Carneiro Júnior1; Cássia Helena
Rocha1; Ícaro Simão Alves Araujo1; Aline de Oliveira Matoso1

1
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, campus de Iturama-MG, Agronomia. Avenida
Antônio Baiano, 150, Cidade Nova, Iturama-MG, 38280-000, [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]

Resumo
A produtividade das lavouras tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, assim como a
dependência de insumos agrícolas, especialmente os fertilizantes de alta solubilidade. O uso demasiado
de fertilizantes tem ocasionado sérios problemas, tais como o aumento no custo de produção, salinização
dos solos, contaminação do solo e da água, aumento da predisposição das plantas ao ataque de pragas e
doenças. Sendo assim é essencial a busca por novas formas de manejo, que possibilitem o uso racional
dos insumos e a adoção de práticas mais sustentáveis. O presente trabalho teve como objetivo realizar
uma revisão de literatura sobre a utilização de biofertilizantes na agricultura orgânica. Com base nas
pesquisas realizadas, a leitura desta revisão permitirá aprofundar os conhecimentos sobre os
biofertilizantes, as diferentes formas de uso na agricultura orgânica e as vantagens que estes podem
proporcionar para a produção e o meio ambiente.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Agroecologia. Práticas Agroecológicas. Adubação orgânica.

Abstract
Crop productivity has increased considerably in recent decades, as has the dependence on agricultural
inputs, especially high solubility fertilizers. The excessive use of fertilizers has caused serious problems,
such as the increase in production costs, soil salinization, soil and water contamination, and increased
predisposition of plants to attack by pests and diseases. Therefore, it is essential to search for new forms
of management, which enable the rational use of inputs and the adoption of more sustainable practices.
The present work aimed to carry out a literature review on the use of biofertilizers in organic agriculture.
Based on the research carried out, reading this review will allow deepening the knowledge about
biofertilizers, the different forms of use in organic agriculture and the advantages they can provide for
production and the environment.

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Keywords: Sustainability. Agroecology. Agroecological Practices. Organic fertilization.

Introdução
Com a modernização da agricultura, muitos acreditavam que seria cada vez mais simples
produzir e que os alimentos teriam maior valor nutricional. Entretanto, o que se observa é que
houve um direcionamento para modelos de produção que visavam principalmente o aumento
da produtividade. Como consequências ocorreu o aumento da demanda de insumos agrícolas,
destruição de vegetações nativas para ampliação de novas áreas de cultivos, aumento nos custos
de produção e grande êxodo rural dos produtores que não conseguiram se adequar ao novo
modelo de produção, sobretudo agricultores familiares.
A busca por modelos de agricultura mais sustentável torna-se necessário, assim como a adoção
de uma visão holística e sistêmica de todas as etapas das atividades agropecuárias, visando a
transformação dos agroecossistemas para modelos mais sustentáveis e menos dependentes de
insumos como fertilizantes, sementes e agrotóxicos (ALTIERI, 2002; CAPORAL;
COSTABEBER, 2004).
Os princípios e métodos ecológicos, que formam a base da agroecologia são capazes de
confirmar a veracidade e importância de seguir uma produção sustentável, para que assim seja
possível produzir de forma a respeitar os limites da natureza. A junção desses conceitos em
conjunto com a consciência dos produtores, pode permitir um menor uso de insumos, reduzindo
consequentemente os impactos ambientais e o custo de produção (GLEISSMAN, 2005).
A produção orgânica visa uma agricultura mais sustentável, buscando uma melhor interação
entre a vegetação nativa e as espécies de interesse comercial. Essa sustentabilidade tende a
reduzir a necessidade de utilização de defensivos, alcançando assim maior aproveitamento do
uso da água e da terra, preservando a fauna local e reduzindo os impactos na região a qual está
inserida. A sanidade dos vegetais e animais, bem como seus produtos depende da aplicação
consciente do conhecimento dos processos vitais e das soluções de problemas que possam
surgir ao decorrer do cultivo (DEFFUNE, 2007).
A utilização dos Biofertilizantes, na forma de fermentados microbianos enriquecidos, age no
equilíbrio nutricional e como elicitores na indução sistêmica da planta, antibiose, entre outros.
O uso desse material promove também o equilíbrio trofobiótico no sistema de produção
orgânica (MEDEIROS, 2002). Os biofertilizantes possuem compostos bioativos, decorrentes
da biodigestão de produtos de origem animal e vegetal, contendo células vivas de
microorganismos aeróbicos, anaeróbicos e de fermentação, além de metabólitos e quelatos
organominerais.
Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura
sobre a utilização de biofertilizantes na agricultura orgânica.

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Metodologia
Para a realização do trabalho foi empregado á metodologia de pesquisa bibliográfica, a qual é
recomendada para tratar de revisões de literatura, que são desenvolvidas baseadas em livros e
artigos já existentes. Utilizou-se a Revisão Sistemática (RS), que se caracteriza por seguir a
estrutura de um artigo original (Introdução | Metodologia | Resultados | Discussão |
Conclusões).
A revisão abordou a utilização de biofertilizantes na agricultura orgânica, esta contou com
pesquisas em diversos artigos, trabalhos e livros que abordassem o tema, a fim de que fosse
possível estabelecer informações necessárias e ideais para a compreensão e importância da
temática, assim como resultados e discussões sobre o assunto.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas a partir da definição de tópicos, os quais foram
decididos com base em um estudo prévio sobre o assunto e que posteriormente passou pelo
processo de revisão literária, a qual abordou de forma mais aprofundada o tema.
Para obtenção dos dados foi utilizada a literatura presente na plataforma digital Google
Acadêmico, a qual conta com diversos artigos e publicações sobre os biofetilizantes, onde
foram usadas como indexadores as palavras biofertilizantes, agricultura orgânica, fichas
agroecológicas, fabricação dos biofertilizantes, importância e utilização da biofertilização, não
se fazendo restrição aos outros idiomas, como o inglês e o espanhol. Além da plataforma
digital foram utilizadas literaturas acadêmicas, como livros, arquivos, artigos científicos e
trabalhos publicados.

Desenvolvimento

Agricultura orgânica
Os alimentos advindos da produção orgânica vêm sendo cada vez mais consumidos pela
população mundial. A motivação pode ser explicada por uma maior preocupação com a
qualidade dos alimentos que compõe a mesa das famílias, pela preservação da biodiversidade,
a proteção do meio ambiente, melhor qualidade de trabalho para os agricultores, entre outros
diversos motivos que podem ser listados e que possam convencer toda a população a obter
hábitos mais saudáveis e conscientes. A agricultura orgânica segue uma linha de produção
sustentável que respeita o meio ambiente e os seres humanos (SILVA; POLLI, 2020).
Segundo a Associação de Agricultura Orgânica – AAO (2021), a agricultura orgânica é um
processo produtivo que se preocupa com a segurança alimentar e com os processos produtivos
de toda a cadeia alimentar. O qual deve respeitar a organicidade e sanidade da produção de
alimentos vivos, assim consequentemente gerando mais qualidade de vida aos consumidores.
Esse modo de produção busca alternativas e tecnologias que sejam eficientes e se encaixem a

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realidade e as necessidades do local de produção. Não se utiliza produtos químicos como
agrotóxicos, os quais são responsáveis por causar grandes efeitos negativos no equilíbrio
biológico. Deste modo estes e mais fatores são responsáveis pelo desenvolvimento da
agricultura orgânica, a qual também valoriza o trabalho dos agricultores familiares que são
fundamentais para a multiplicação e concretização deste tipo de produção.
Assim como em qualquer outro tipo de agricultura é necessário que a produção siga algumas
regras, para que a mesma seja considerada de fato orgânica. Existem Organismos de Avaliação
da Conformidade Orgânica (OAC), os quais necessitam estarem credenciados ao MAPA ou
então os produtores precisam se credenciar. Deste modo esses organismos irão realizar
identificação de qualidade dos alimentos através de três mecanismos de garantia distintos, os
quais são: Certificação por Auditoria via OAC, Certificação participativa via OAC e Registro
no MAPA via OCS. Em cada um desses existem diferentes meios e modos de produção que
podem ser utilizados para alcançar o selo de certificação orgânica (CARVALHO, 2020).
De modo geral para que o agricultor se torne orgânico é necessário que ele utilize em seus meios
produtivos fontes de energia renovável, realize a reciclagem dos nutrientes, também muito
importante que seja utilizado materiais de origem animal e vegetal para a adubação, e que estes
sejam de preferência oriundos da própria propriedade. Deve se estabelecer um padrão de cultivo
em que as culturas cultivadas sejam de fato adaptadas para a área em questão e que estas
realizem uma interação biológica positiva entre elas. É de extrema importância que haja
valorização na conservação da água, do solo, da energia, dos recursos naturais e da preservação
da biodiversidade, assim tornando possível um manejo orgânico e sustentável (RESENDE,
[s.d].)

Importância e vantagens da utilização de biofertilizantes


A utilização dos biofertilizantes surgiu como uma alternativa de substituir os fertilizantes ou
adubos químicos, ajudando a manter a plantação em equilíbrio e mais resistentes a pragas e
doenças, sendo capazes de fornecer substâncias fitorreguladoras e diversos aminoácidos que
melhoram a eficiência e a taxa de fotossíntese (AGROECOLOGIA, 2010).
Os biofertilizantes possuem elevada atividade microbiana e bioativa, produzindo maior
proteção á planta contra o ataque de pragas e doenças, apresentam propriedades fungicidas,
repelentes, inseticidas e acaricidas sobre diversos organismos alvos, além da sua ação
nutricional sobre o metabolismo vegetal e na ciclagem de nutrientes no solo e depois. É um
produto de baixo custo, podendo ser produzido na própria propriedade do produtor
(MEDEIROS et al., [s.d.]).\ f
O custo e a disponibilidade do produto são umas de suas principais vantagens, onde o custo é
baseado no preparo realizado pelo próprio agricultor com materiais disponíveis na propriedade
ou região, possibilitando maior independência da compra de insumos. Sua aplicação aumenta
a eficiência dos micronutrientes, diminui o uso de energia, acelera a recuperação do solo e o
nível de toxicidade é muito baixo, em sua maioria não há riscos (FALDONI, 2011).

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Os biofertilizantes líquidos, em forma de fermentados microbianos enriquecidos, são za\;.,M
B.ÇL,KMJNH BCVHNJKJUY TER WSA promotores de crescimentos e são indutores de
resistência sistêmica na planta, auxiliando na proteção contra o ataque de doenças, por
antibiose, contra os ataques de pragas, por forma de ação repelente ou afetando o
desenvolvimento e reprodução dos patógenos (VILANOVA; SILVA JÚNIOR, 2009).
As bactérias responsáveis por promover o crescimento das plantas, quando isoladas no solo,
tem grande potencial para serem utilizadas como biofertilizantes, não causando poluição das
águas e nem alterações prejudiciais ao solo, diferente dos fertilizantes químicos (A
LAVOURA, 2020).
Para a proteção do meio ambiente e adequado manejo do solo, é importante que se faça uma
análise, para evitar a baixa produtividade e identificar de fato a quantidade correta de
biofertilizante a ser utilizado (EMBRAPA, 2011).

Tipos de biofertilizantes
Os biofertilizantes são produzidos através do controle do processo de digestão de resíduos
orgânicos, essa digestão é realizada através da ação de diversos microrganismos que
consomem os resíduos orgânicos, transformam e estabilizam em um fertilizante que não
possui cheiro desagradável e exerce papel de extrema importância na produção de produtos
orgânico e agroecológicos. Resumidamente os biofertilizantes são uma fertilização por meio
da vida (BORGES, 2018).
Quando realizada uma análise dos biofertilizantes é possível encontrar diversos nutrientes,
hormônios, álcool e fenol e muitos microrganismos benéficos para as plantas. Todos esses em
conjunto ou individualmente realizam um trabalho magnífico na produtividade e estrutura do
solo, melhoram o desempenho produtivo e a resistência das plantas, também auxiliam na
defesa e disponibilização de nutrientes. Os biofertilizantes são adubos produzidos a partir de
insumos que existem em abundância ou que estejam disponíveis nas propriedades, como:
esterco, leite, caldo de cana, cinzas, entre outros. Estes produtos podem ser enriquecidos
utilizando pó de rocha, microrganismos eficientes e mais outras opções que possam exercer
este papel (MOREIRA, 2016).
A produção dos biofertilizantes pode ocorrer de duas maneiras, sendo elas aeróbicas e
anaeróbicas. Na fermentação do tipo aeróbicas os biofertilizantes são preparados e
desenvolvidos em contato com ar, para isso é necessário que misture os ingredientes com água
e os armazene em tambores, que podem ser de plástico, inox ou alumínio. Essa mistura precisa
passar por revolvimento constante e o recipiente precisa estar fechado, mas de uma forma que
entre ar, mas não água das chuvas.
Na produção de biofertilizante de forma anaeróbica, não ocorre contato com o ar, nestes
também são misturados ingredientes junto com água e armazenados em tambores, que podem
ser de plástico, inox ou alumínio. O recipiente precisa conter uma tampa que vede bem, a
mistura de água e ingrediente deve preencher 75% da capacidade do recipiente em questão e

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o restante ficará sem nada. No centro da tampa deverá ser realizado um furo, onde entrará a
ponta de uma mangueira, a qual ficará com a outra extremidade dentro de uma garrafa com
água ao lado de fora do recipiente. É muito importante que não abra o recipiente antes do
tempo, o qual varia de acordo com os insumos utilizados.
Após sua finalização deve-se coar e aplicar sobre as plantas ou através de fertirrigação pelo
solo. O material coado que sobrar nas peneiras pode também ser utilizado como adubo no
berço ou coroas de plantio (MOREIRA, 2016).
Biofertilizantes e seus processos de fabricação
Como dito anteriormente o biofertilizante é um adubo orgânico que exerce papel importante
na complementação da adubação das plantações e podem ser preparados pelos próprios
agricultores, através da utilização de insumos que tenham presentes em conjunto com produtos
que podem ser facilmente encontrados no mercado e que na maioria das vezes apresentam
valores relativamente baixos. Os biofertilizantes fornecem nutrientes que são essenciais para
desenvolvimento das culturas e auxiliam no controle de doenças e de insetos que possam ser
acometidos nas plantações (EMBRAPA, 2011).
A equipe do Centro de Treinamento da Epagri em São Miguel do Oeste (Cetresmo)
desenvolveu uma receita de biofertilizante líquido, que vem sendo utilizada a mais de 20 anos.
Esta tem apresentado resultados de desempenho significativamente positivos nas hortaliças
que são produzidas na unidade (EPAGRI, 2019).
Receita de biofertilizante para hortaliças
Ingredientes para 100 litros:
– 30 kg de esterco de bovino fresco
– 60 litros de água a 38°c
– 2,5kg de cinza
– 2 kg de calcário
– 2 kg de bórax
– 2 kg de melado ou açúcar mascavo
– 2 kg de fosfato natural
– 2 L de leite
Preparo: Diluir os ingredientes em um recipiente limpo. Mexer duas vezes ao dia. O
biofertilizante leva 60 dias para ficar pronto no verão e 90 dias no inverno. Misturar,
para cada 3 litros de água, 1 de biofertilizante e aplicar 150 a 200ml por planta
(EPAGRI, 2019).
O bokashi é um adubo sólido altamente nutritivo que foi desenvolvido no Japão e este
apresenta fatores que melhoram as condições biológicas do solo e aumentam a disponibilidade
de nutrientes para as plantas. Este adubo tem um custo de produção relativamente baixo e pode
ser desenvolvido através da utilização de materiais como farelo de arroz, esterco, melaço, pó
de rocha e um inoculante constituído por microrganismos eficazes do solo (EPAGRI, 2021).
O inoculante pode ser adquirido através de coletas na propriedade ou em área de mata ou
bambuzal, por meio de uma técnica que consiste em usar um recipiente, que pode ser feito de
bambu em forma de cocho. Dentro dele será inserido arroz cozinho apenas na água, depois o
fechará e o depositará no solo em meio ás folhas secas e caídas. Deixe esse recipiente de três

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a quatro dias no local, quando retornar observará a presença de diferentes cores de bolores e
aqueles que forem de cor preta devem ser eliminados. Coloque o arroz embolorado em um
balde de 20L com água de poço e acrescente 2kg de açúcar mascavo ou 10L de melaço de
cana. Ao passar cinco dias coe o inoculante que estará pronto para ser usado, armazene-o em
garrafas/vasilhames plásticos totalmente limpos e secos (EPAGRI, 2021).
ADUBO BOKASHI
Ingredientes (para produção de uma tonelada):
– 450 kg de farelo de arroz
– 250 kg de esterco de poedeira ou farelo de mamona, soja, farinha de chifre
– 250 kg de farinha de osso, fosfato natural, Biorin ou termofosfato
– 50 kg de pó de rocha
– 3 kg de melaço ou açúcar mascavo (ou 15 litros de caldo de cana)
3 litros de inoculante (coletado de acordo com a receita anterior)
– 300-350 litros de água, dependendo da umidade dos ingredientes (EPAGRI,
2021).

Para o preparo é necessário que misture todos os ingredientes e adicione águaaté completar 50%
de umidade (mistura que pode ser moldada e que não escorra água entre os dedos). O monte
de bokashi deve ser coberto por sacos de aniagem/estopa para que a mistura concentre calor e
não resseque nos primeiros dias. Com o passar dos dias haverá aumento na temperatura da
mistura, devido aos organismos realizando fermentação aeróbica, quando chegar a uma
temperatura entre 50 e 60 graus é necessário que revire o monte, talvez até mais de uma vez
pordia, até que sua temperatura se estabilize e a fermentação pare de ocorrer. Esse processo
levará em torno de 7 a 8 dias para ser finalizado. A dosagem para o bokashivaria de acordo com
o solo e a cultura em questão, mas a média recomendada é de 1 a 5 toneladas por hectare ou
então de 100 a 500 gramas por metro quadrado. Quando o adubo chegar a uma humidade de
aproximadamente 12% poderá ser ensacado e armazenado por um período de até seis meses
(EPAGRI, 2021).
O biofertilizante se caracteriza por ser uma fonte de rápida disponibilização denutrientes, este
pode ser utilizado de forma isolada, mas quando utilizado em conjunto com outras fontes de
nutrientes como adubos verdes, a borra do próprio biofertilizante,compostagem ou a própria
cobertura orgânica do solo exercer uma atuação relativamente mais lenta, assim auxiliando na
reconstrução da estrutura dos solos. Aprodução dos biofertilizantes além de auxiliar no manejo
orgânico da propriedade também pode constituir uma renda extra alternativa para o produtor
(STUCHI, 2015).

Estudos realizados utilizando biofertilizantes na agricultura orgânica


Segundo Galbiatti et al. (2011) os quais realizaram uma pesquisa baseada na comparação do
comportamento da cultura do feijão, onde utilizou-se biofertilizante de origem bovina na
dosagem de 100 m³ ha⁻¹. No trabalho distinguiu-se da seguinte forma: com biofertilizante e
sem biofertilizante. Foi aplicado o efluente de biodigestor utilizando regadores com
capacidade de 18L, e esta foi realizada três meses antes dasemeadura. Puderam concluir com

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esta pesquisa que plantas de feijão que apresentaram melhores níveis de produtividade, foram
as que receberam o efluente de biodigestor à base de esterco bovino (GALBIATTI et al.,
2011).
Batista et al., (2019) avaliaram a eficiência de utilização de biofertilizantes no cultivo orgânico
de meloeiros, sendo que o Biofertilizante II (esterco caprino fresco (adaptação), leite cru;
açúcar mascavo água não clorada; cinzas; sulfato de zinco; calcário dolomítico; enxofre
ventilado (puro); sulfato de magnésio; fosfato de cálcio bibásico; molibdato de amônio
(adaptação); sulfato de cobalto; sulfato de manganês; sulfato de cobre; bórax; termofosfato
(adaptação); Cofermol (cobalto, ferro e molibdênio) e fosfato natural de Irecê (adaptação)),
proporcionou resposta positiva quando utilizado na dose de 15% (900 mL do bioII + 2,1 L de
água), via solo, semanalmente.
A utilização de biofertilizantes na agricultura orgânica apresenta resultados positivos,
principalmente quando associados diferentes tipos de adubos, como a adubação por compostos
orgânicos e aplicação foliar de biofertilizantes. Araújo et al. (2008), avaliaram a adubação por
composto orgânico em associação do biofertilizante “supermagro” aplicado via foliar em
cafeeiros cv. Topázio MG-1190. O composto orgânico foi preparado com esterco de galinha,
palha de café e palha de feijão, já o biofertilizante “supermagro” seguiu a recomendação
proposta. A partir das avalições realizadas em relação ao crescimento das mudas, constatou-
se que o melhor desenvolvimento dos cafeeiros, foi quando utilizado o composto orgânico na
dose de 770 g vaso-1, juntamente com a utilização do biofertilizante em concentrações de
14,6% a 16,2%, sendo considerado as doses demandadas pela planta.
Em junho de 2021 foi realizada uma revisão bibliográfica explanando sobre a eficiência da
utilização de biofertilizantes para a produção de palma forrageira, a qual é utilizada em sua
maioria na região Nordeste, onde o clima semiárido predomina. Estudos preliminares
realizados com essa forrageira apontam que quando cultivadas através de sistema orgânico e
com a utilização de biofertilizantes de diversos tipos, podem melhor se desenvolver. Deste
modo é de extrema importância que se haja maiores pesquisas relacionadas a este assunto,
para que de fato se obtenha respostas mais assertivas sobre quais biofertilizantes e doses
adequadas para o cultivo desta cultura (XAVIER JUNIOR et al., 2021).
São inúmeros os trabalhos de pesquisa que realizam testes com uso de biofertilizantes na
agricultura orgânica e os resultados são os mais promissores possíveis. Provando a veracidade
e a importância que este tipo de adubo exerce sobrea vida dos agricultores familiares, os quais
auxiliam na promoção de uma agricultura mais sustentável a qual permitirá um futuro melhor
para as próximas gerações.

Conclusão
Com a realização desta revisão bibliográfica, foi possível constatar a extrema importância que
os biofertilizantes exercem sobre os agricultores e ao meio ambiente. Também se observou a

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expansão da utilização dos biofertilizantes, os quais estão cada dia mais se difundindo no meio
agrícola, isso se dá devido à ampliação de informações acerca do tema e através da confirmação
de eficiência do uso destes para com as culturas, o que ocorre por meio de pesquisas realizadas
na área.
O fato dos biofertilizantes serem de origem orgânica assume um papel importantíssimo no
manejo da agricultura sustentável, controlando pragas e doenças, melhorando as características
químicas e físicas do solo, reduzindo a dependência de insumos externos e o risco de
contaminação do solo e da água, possibilitando maior biodiversidade do ecossistema,
auxiliando os agricultores a utilizar os insumos presentes em suas propriedades ou na sua região
e consequentemente atenuando seus custos de produção. Assim, se torna imprescindível á
valorização das pesquisas relacionadas à agroecologia e suas práticas como o uso de
biofertilizantes, para que assim o meio ambiente passe a ocupar lugar de destaque dentre os
interesses das nações e ele seja tratado com o respeito e cuidado merecido.

Referências
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