AULA Microrganismos e Hospedeiros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA, MICROBIOLOGIA E


IMUNOLOGIA

Microrganismos e hospedeiros:
microbiota residente, transitria e
doenas

Disciplina: Microbiologia Aplicada Nutrio


Professora: Alessandra Machado

O mundo microbiano

 Os microrganismos so ubquos.
 Os ecossistemas so normalmente colonizados por uma
ampla e diversa microbiota, formada principalmente por
bactrias e fungos.
 Microbiota que coloniza o corpo humano numerosa,
complexa e diversa.
 Corpo humano habitado por 100 trilhes de clulas
microbianas (10x mais o nmero de clulas humanas).

Microbiota humana
Os microrganismos que habitam os diversos stios anatmicos do
corpo humano so classificados em dois grupos:

Microbiota
residente

Microbiota
transitria

Microbiota residente, indgena, normal ou autctone

Microrganismos que estabelecem uma residncia


mais ou menos permanente (colonizam), mas que
no produzem doena em condies normais.

Altamente dependente das condies s quais um


indivduo exposto.

Altamente diversa entre indivduos.

Microbiota Residente, Indgena, Autctone ou


Normal
Papel importante na manuteno da integridade do
hospedeiro, quando em equilbrio em um stio especfico

-Oferecem barreiras contra colonizao por patgenos;


- Produzem substncias utilizveis pelo hospedeiro;
- Degradam produtos txicos;
- Participam da
hospedeiros

modulao

do

sistema

imune

dos

Microbiota residente

Carter Anfibintico

Microrganismos podem se comportar como


patgenos
oportunistas
em
situaes
de
desequilbrio ou ao serem introduzidos em stios
estreis ou no especficos.

Microrganismos da microbiota residente humana


Frequentemente so benficos e necessrios manuteno da sade

-Fluxo rpido de contedo;


-Secrees do I.D.

Trato gastrointestinal humano


-Fluxo rpido de contedo;
-pH cido;

Restringem a
colonizao microbiana
Restringem a
colonizao microbiana

- pH neutro;
- Abundncia relativa de nutrientes (CHO no-digerveis
e componentes alimentares que escaparam da digesto
no TGI)
Ambiente propcio para proliferao microbiana

- A motilidade intestinal um
pouco mais lenta

Favorece a colonizao
microbiana.

Sander et al., 2007

Microbiota intestinal
Atua:
Modulao do sistema imune;
Degradao de componentes no digerveis da dieta
Produo de cido graxo de cadeia curta;
Proteo do epitlio intestinal contra patgenos;
Sntese de vitaminas tiamina, riboflavina, piridoxina, B12 e K

Papel importante na manuteno da integridade do


hospedeiro, forte impacto na fisiologia e na nutrio do
hospedeiro e crucial para a vida humana.

Sucesso Microbiana Intestinal


Ps-parto
Colonizadores secundrios:
Bacteroides, Clostridia,
Bifidobacterium

Nascimento
Colonizadores primrios:
E. coli e Enterococcus

A partir dos 6 meses


Microbiota mais diversa e
complexa

At 6 meses

Adulto

Microbiota sofre
Reduo gradual da
interferncia do tipo diversidade Bacteroidetes
alimentao
e Firmicutes e estabilidade

Iniciado em 2007
Trmino previsto 2014
4 regies: boca, pele, gastrointestinal e urogenital
 Caracterizar detalhadamente a microbiota humana e analisar
seu papel na sade e na doena dos seres humanos.

Microbiota transitria, transiente ou alctone


Microrganismos

patognicos,

no

patognicos

encontrados

ou

potencialmente

em superfcies

externas

internas, durante algumas horas, dias ou mesmo semanas.

Pouca importncia se a microbiota residente estiver em

equilbrio. Caso ocorra alterao neste equilbrio, os


microrganismos transitrios podem proliferar-se e produzir
doena.

Interaes bactria-hospedeiro
 O corpo humano um conjunto de nichos ambientais que fornece
nutrientes necessrios para o seu crescimento.
 Corpo no ambiente uniforme crescimento de determinados
microrganismos favorecido.
- Pele: ambiente relativamente seco favorece crescimento de S. aureus
- Pulmes: ambiente altamente oxigenado favorece crescimento do
aerbio Mycobacterium tuberculosis
- Intestino grosso: ambiente anxico favorece crescimento dos
anaerbios estritos Clostridium e Bacteroides

 Hospedeiros mecanismos de defesa


 Microrganismos que conseguem colonizar um hospedeiro com
sucesso sobrepujam esses mecanismos de defesa.

Microrganismos e mecanismos da patognese

Conceitos bsicos

Patgeno organismo que vive na superfcie ou no interior do


hospedeiro, causando danos.

Patogenicidade capacidade do microrganismo provocar


danos em um hospedeiro.

Virulncia grau de patogenicidade, ou seja, a dose ou o


nmero de clulas que resultar em resposta patolgica em
um dado perodo de tempo.

Virulncia

Virulncia microbiana. Diferenas na virulncia microbiana, demostradas com base no


nmero de clulas de Streptococcus pneumoniae e Salmonella typhimurium necessrias para
matar os camundongos.

Fatores de virulncia
Estruturas, produtos ou estratgias que contribuem para o aumento da
capacidade da bactria de causar doena .
 Produo de toxinas e/ou enzimas
 Cpsula e camada limosa
 Fmbrias
 Endotoxina
 Peptideoglicano
 Resistncia aos antimicrobianos

Fatores de virulncia na patognese de Salmonella

Conceitos bsicos
INFECO

DOENA

Infeco: colonizao, multiplicao ou persistncia dos


microrganismos no hospedeiro, quer o hospedeiro seja
prejudicado ou no.
Doena: quando a interao entre o microrganismo e o hospedeiro
leva a um processo patolgico caracterizado por dano ao hospedeiro.

A infeco pode existir sem doena detectvel

Microrganismos e mecanismos da patognese

Adeso especfica
Estratgia que as bactrias usam para se fixar nas clulas e nos
tecidos do hospedeiro
Capacidade de aderncia mediada por estruturas da superfcie
celular bacteriana.
Interaes macromoleculares entre as superfcies das clulas do
patgeno e do hospedeiro.

Ligao seletiva s clulas de regio corprea particular.


Ex: N. gonorrhoeae epitlio urogenital

Principais fatores de aderncia


 Camada limosa rede frouxa de fibras polimricas,
estendendo-se para fora da clula.
S. mutans camada limosa de dextrana promove a ligao
superfcie dental.

 Cpsula envoltrio denso e bem definido que circunda a


clula.
E. coli patognica cpsula promove aderncia borda em
escova das vilosidades intestinais.

Aderncia de patgeneos a tecidos animais. (a) Micrografia de transmisso de Vibrio


cholerae aderido borda em escova das vilosidades intestinais de coelho. Observe a
ausncia de cpsula. (b) Escherichia coli enteropatognica em infeo modelo fatal, em
bezerro. As clulas bacterianas esto aderidas borda em escova das vilosidades intestinais
do bezerro por meio de sua cpsula.

Principais fatores de aderncia


 Fimbrias e pili Estruturas proteicas da superfcie da clula
bacteriana. Atuam pela ligao s glicoprotenas da superfcie da
clula hospedeira, iniciando o processo de aderncia.
N. gonorrhoeae pili facilita a ligao ao epitlio urogenital
Salmonella fmbrias facilitam a ligao ao epitlio intestinal

 Protenas de aderncia
N. gonorrhoeae protena Opa liga-se a receptores do
epitlio urogenital.

Colonizao e crescimento

Quando patgeno tem acesso aos tecidos, o microrganismo


pode multiplicar e colonizar o tecido.
Geralmente, o inculo inicial de um patgeno insuficiente
para causar dano ao hospedeiro.
Patgenos nutrientes e condies ambientais apropriadas
(temperatura, pH, presena ou ausncia de oxignio) que
permitam seu crescimento.

Aes patognicas das bactrias

Destruio dos tecidos


cidos, gs - resultantes do crescimento bacteriano
enzimas degradativas decompe o tecido e
fornece nutrientes para crescimento do microrganismo
Ex: Clostridium perfringens produzem fosfolipase C, colagenase, proteases,
hialuronidase, toxinas, cido, gs destroem o tecido.

Toxinas produtos bacterianos que danificam diretamente o


tecido ou promovem atividades biolgicas destrutivas.

Toxinas
Toxicidade capacidade de um organismo causar uma doena
por meio de uma toxina que inibe a funo ou mata a clula
hospedeira.
Exotoxinas
- protenas txicas liberadas pela clula do patgeno,
medida que ele cresce.
Endotoxinas
- Lipopolissacardeos (LPS) da camada externa de Gramnegativas que esto ligadas clula e liberadas em grandes
quantidades quando as clulas sofrem lise.

Exotoxinas
 Citolticas destroem a integridade
citoplasmtica, promovendo a lise celular.

da

membrana

 AB subunidade B liga-se a um receptor superficial da clula


hospedeira, promovendo a transferncia da subunidade A
atravs da membrana da clula-alvo, que promove danos
clula.
 Superantgenos estimulam um grande nmero de clulas da
resposta imune, resultando em intensas reaes inflamatrias
e danos teciduais.

Toxina citoltica

-toxina de estafilococos uma citotoxina formadora de poros, produzidas por


Staphylococcus. Liberadas na forma de monmeros, sete subunidades proteicas idnticas
oligomerizam-se na membrana citoplasmtica das clulas alvo. O oligmero forma um
poro, liberando todo o contedo celular e permitindo o influxo de compostos
extracelulares e o efluxo de compostos intracelulares. As clulas eucariticas tornam-se
intumescidas e sofrem lise.

Toxina AB

A ao da toxina diftrica de Corynebacterium diphtheriae

Enterotoxinas
Exotoxinas cujas atividades afetam o
intestino
delgado,
provocando
secreo de fluidos para o lmen
intestinal, o que resulta em diarreia.

Geralmente adquiridas pela ingesto


de alimentos ou gua contaminados.

Produzidas
por
vrios
microrganismos:
S.
aureus,
C.
perfringens, B. cereus, V. cholerae, E.
coli e S. enteritidis

Ao da toxina colrica

Endotoxinas

(LPS) da camada externa de


Gram-negativas que esto
ligadas clula e liberadas em
grandes quantidades quando
as clulas sofrem lise.

Diarreia, vmitos, febre e choque


potencialmente fatal

ENDOTOXINA

Propriedades

Exotoxinas

Endotoxinas

Propriedades qumicas

Protenas,excretadas
por Lipopolissacardeo liberado por lise
determinadas Gram-negativas ou celular - parte da membrana externa
Gram-positivas.
de Gram-negativas.

Mecanismo de ao,
sintomas

Especfico, geralmente ligam- Geral, febre, diarreia, vmito


se a receptores ou estruturas
especficas,
atuam
como
citotoxinas, enterotoxinas ou
neurotoxina,
com
ao
especfica em clulas ou
tecidos

Toxicidade

Frequentemente
muito Pouco txicas, raramente fatais
txicas, algumas vezes fatais

Potencial de febre

Geralmente no produz febre

Pirognica,
frequentemente
induz febre no hospedeiro

Fatores do hospedeiro na doena infecciosa


 Fatores de risco do hospedeiro na infeco contribuem para a
susceptibilidade do hospedeiro
Idade
- Crianas: patgenos intestinais tm maior chance de se estabelecer.
- Idosos: mais susceptveis s infeces respiratrias.
Estresse e dieta
- Fontes de estresse fisiolgico (fadiga, dieta pobre, desidratao, mudanas
climticas bruscas) aumentam a incidncia e gravidade das doenas
infecciosas.
Hospedeiro comprometido
- Um ou mais mecanismos de defesa esto inativados
- Probabilidade de infeco maior.

 Fatores de proteo do hospedeiro na infeco

Imunidade natural ou inata:


- Mecanismos de defesa presentes independente da presena de
agentes infecciosos (barreiras fsicas, qumicas e anatmicas).

Imunidade adquirida ou especfica:


- Mecanismos de defesa estimulados pela exposio a substncias
estranhas - imunoglobulinas.

Remoo de partculas,
incluindo microrganismos

Pele barreira fsica, e sua


microbiota normal inibe a
colonizao de patgenos

A lisozima da lgrima e
outras secrees dissolvem
as paredes celulares
bacterianas

O muco e os clios que


revestem a traqueia deslocam
os microrganismos para fora
do corpo

O muco dos pulmes


impede a colonizao
A acidez estomacal inibe
crescimento microbiano
Protenas sanguneas e a linfa
inibem o crescimento
microbiano
Microbiota normal
compete com os
patgenos

O fluxo no trato urinrio


impede a colonizao

Rpida alterao do pH inibe o


crescimento microbiano

Microbiota normal compete


com os patgenos

Barreiras fsicas, qumicas


e anatmicas

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