Ebook Técnica Cirúrgica - Laec

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A LIGA ACADÊMICA DE ESTUDOS

CIRÚRGICOS APRESENTA:

E-BOOK

TÉCNICA

CIRÚRGICA

2020/1
ÍNDICE

02 Antissepsia cirúrgica das mãos

04 Tempos cirúrgicos básicos: diérese, hemostasia e síntese.

07 Instrumental cirúrgico

23 Suturas

LIGA ACADÊMICA DE ESTUDOS CIRÚRGICOS - LAEC


ANTISSEPSIA
CIRÚRGICA DAS MÃOS
Relembrando: antissepsia é o conjunto de técnicas usadas no
paciente e na equipe para eliminar a MICROBIOTA
TRANSITÓRIA da pele.

Técnica:

1) Abrir a torneira e molhar as 2) Recolher, com as mãos em concha, o


mãos, antebraços e cotovelos. antisséptico e espalhar nas mãos, antebraços e
cotovelos. No caso de escova impregnada com
antisséptico, pressione a parte da esponja contra
a pele e espalhe por todas as partes.

3) Limpar sob as unhas com as 4) Friccionar a esponja contra a


cerdas da escova ou com palma e dorso das mãos, espaços interdigitais
limpador de unhas. e antebraços por no mínimo 3 a 5 minutos,
mantendo sempre as mãos acima do cotovelo.
5) Enxaguar as mãos em água 6) Enxugar as mãos em toalhas ou
corrente, no sentido das mãos para compressas estéreis, com movimentos
cotovelos, retirando todo o resíduo compressivos, iniciando pelas mãos e
do produto. Fechar a torneira com seguindo pelo antebraço e cotovelo,
cotovelo, joelho ou pés, se a atentando para utilizar as diferentes
torneira não possuir fotosensor. dobras da toalha/compressa para
regiões distintas.

Obs.: é importante salientar que todos os movimentos de fricção


tenham sentido distal para proximal e que cada movimento seja
repetido 15 a 20 vezes.

03
TEMPOS CIRÚRGICOS
BÁSICOS
Diérese, hemostasia e síntese.

DIÉRESE
Conceito:

Divulsão dos tecidos, permitindo a exposição dos órgãos e


estruturas;
Manobras cirúrgicas destinadas a criar uma
descontinuidade dos tecidos;
Via de acesso a planos anatômicos mais profundos;
Divisão separação dos tecidos produzindo uma ferida
contínua através de uma incisão.

Variações técnicas:

Incisão = feita com instrumentos de corte, secciona os


tecidos moles por meio de uma lâmina produzindo
ferimento inciso;
Secção = ato de cortar com tesoura, bisturi elétrico, laser,
ultrassom ou micro-ondas;
Divulsão = separação dos tecidos com pinça, tesoura,
tentacânula, afastadores;
Punção = realizada por meio de instrumento perfurante,
com várias finalidades,tais como a drenagem, coleta de
fragmentos de tecidos e líquidos, injeção de contraste e
medicamentos;
Serração = realizada por meio de serra, principalmente em
cirurgia óssea;
Dilatação = usada para aumentar o diâmetro de canais e
orifícios naturais ou de trajetos fistulosos. É obtida pela
rotura de fibras musculares ou de trajetos fibrosos.

HEMOSTASIA

Conceito: manobra que visa estancar a hemorragia ou o


sangramento no ato cirúrgico.

Importância:

Impede a perda excessiva de sangue;


Propicia melhores condições técnicas e visualização do
campo operatório;
Aumenta o rendimento cirúrgico;
Favorece a cicatrização evitando infecções.

Classificação:

Temporária = pinçamento de um vaso, compressão digital


de um trajeto vascular, garroteamento, ação farmacológica,
parada circulatória (circulação extracorpórea com
hipotermia), tamponamento endovascular, falsa ligadura.

05
Definitiva = ligadura com fios cirúrgicos, cauterização
elétrica, fotocoagulação (laser), sutura, compressão ou
tamponamento (por tempo suficiente), obturação (oclusão
da luz vascular com substâncias exógenas), clipagem,
aplicação de cola de fibrina;
Preventiva = realizada antecipadamente à manipulação
cirúrgica, o vaso é pinçado antes do ponto a ser
manipulado;
Corretiva = o vaso é pinçado após a lesão vascular em seu
trajeto.

Obs.: a hemostasia temporária e definitiva se caracterizam em


relação ao poder do vaso voltar a sangrar.

SÍNTESE
Conceito: aproximação dos tecidos seccionados ou ressecados,
visando facilitar as fases iniciais da cicatrização. Visa reconstruir
a integridade das estruturas, órgãos e tecidos que foram
operados. Tem a finalidade de hemostasiar, aproximar,
sustentar e reparar.

Pode ser feita com fios, fitas, placas, parafusos, telas e colas.

Falaremos mais sobre síntese no capítulo sobre suturas.

06
INSTRUMENTAL
CIRÚRGICO
DIÉRESE, HEMOSTASIA, PREENSÃO, ESPECIAIS E SÍNTESE

DIÉRESE

1) Bisturi

O bisturi é divido em lâmina e cabo para bisturi:

Lâmina = lâmina de corte, possui vários tipos e tamanhos;


Cabo para bisturi = local de encaixe da lâmina, possui 2
tamanhos (número 3 e 4) e cada tamanho tem uma
variante longa (número 3L e 4L).

Obs.: cabo número 3 e 3L são para as lâminas de número 9, 10,


11, 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 40. Cabo número 4 e 4L são para as
lâminas de número 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 36 e 50.
Obs.: forma correta de manipular o bisturi e as tesouras =

Empunhadura em caneta Empunhadura em arco de


violino

2) Tesouras

As tesouras podem ser instrumentos de corte, dissecção ou


divulsão. Têm tamanhos variados. Podem ser curvas ou retas,
sendo as retas geralmente destinadas a cortar fios e as curvas
à dissecção. A ponta da tesoura pode ainda ser aguda, romba
ou aguda-romba.

As tesouras podem ser classificadas como "fortes" ou


"grosseiras", como a Mayo, ou "delicadas", como a
Metzenbaum. A Mayo é geralmente usada para corte de
materiais ou estruturas menos delicadas do corpo, a
Metzenbaum é reservada para estruturas mais delicadas
(descolamento de tecidos).

a) Mayo curva e reta (respectivamente)

08
a) Mayo curva e reta (respectivamente)

b) Tesoura Metzenbaum curva e reta (respectivamente)

Obs.: as tesouras com cabo dourado possuem fio de corte mais


resistente, durável e delicado.

Obs.: forma correta de


manipular tesouras =

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HEMOSTASIA
As pinças hemostáticas podem ser atraumáticas ou
traumáticas.

Pinças atraumáticas

1) Bulldog

2) Satinsky

Obs.: há diversas outras pinças atraumáticas como a Debakey


(reta, curva, 60°, 90°), Blalock, Cooley.

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Obs.: mais
Pinças traumáticas
grosseira e o
serrilhado é em
toda ponta.
3) Rochester curva e reta (respectivamente)

4) Kelly curva e reta (respectivamente)

Obs.: serrilhado nos dois 2/3 distais.

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5) Mixter

Obs.: ponta angulada.


Mais usada em cirurgias de
vesícula.
6) Halstead

Obs.: ou mosquito, mais


delicada, pequena.

7) Crile

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PREENSÃO
Prender e segurar vísceras, órgãos, manipular tecidos.

1) Allis

2) Babcock

Obs.: menor lesão tissular.

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3) Collin oval/coração/circular

Obs.: antissepsia.

4) Duval

Obs.: vesícula biliar, lobos


pulmonares.

14
5) Kocher

Obs.: aponeurose.

6) Foester

Obs.: antissepsia.

7) Cheron

Obs.: antissepsia.

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8) Backaus ou de campo

SÍNTESE
1) Agulhas e fios

2) Pinça dente de rato

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3) Pinça anatômica

4) Pinça Adson

5) Porta agulha Mayo Hegar e Mathieu (respectivamente)

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AFASTADORES
Afastadores dinâmicos

1) Doyen
Necessitam de intervenção
humana

Manobras intra abdominais


2) Farabeuf

Abertura e fechamento da
parede abdominal
3) Suprapúbico

Pelve

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4) Deaver

Cirurgia renal

5) Espátulas rígidas e maleáveis

19
Afastadores estáticos

1) Gosset:
Mantém-se abertos sem a
intervenção humana

Abdome

2) Balfour (Gosset + suprapúbico):

Abdome

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3) Finochietto:

Tórax

4) Weitlaner

Hérnias

21
4) Gelpi

Hérnias

MESA CIRÚRGICA

Obs.: especiais são


aqueles instrumentais
usados em alguns
tempos em
determinadas cirurgias.
Dependendo da forma
que se organiza a mesa
cirúrgica, no lugar dos
especiais podem se
encontrar os
afastadores, pinças de
preensão, cubas, entre
outros.

22
SUTURAS
AGULHAS
A agulha é reconhecida em formas de círculos totais:

Curvas = varia de 1/4 de círculo a 5/8 de circunferência. As


de 1/4 são usadas na oftalmologia e microcirurgias; as de
3/8 (semi-retas) são usadas em músculos, nervos, fáscias,
tendões; as de 1/2 são usadas na pele, músculos,
cavidade oral e nasal, faringe;
Retas = usadas no trato gastrintestinal, cavidade nasal,
nervos, cavidade oral, faringe, pele, tendões e vasos.
Podem ser cilíndricas ou cortantes;

O corte transversal do corpo da agulha apresenta um perfil


cilíndrico, plano ou triangular. Este perfil associado ao tipo de
ponta da agulha (cortante, romba ou plana), confere à agulha
sua capacidade de ultrapassar os tecidos, causando uma
mínima lesão tecidual
As agulhas podem ainda ser:

Cilíndricas ou atraumáticas;
Cortantes ou traumáticas = ponta triangular.

FIOS
Fio ideal:
Mínima reação tecidual;
Fácil manuseio;
Manter força tênsil pelo tempo necessário;
Desprovidos de propriedades eletrolíticas, não ser
alergênicos ou carcinogênicos;
Devem ser baratos e esterilizáveis sem se alterarem;
Deslizar bem pelos tecidos com mínimo atrito.

O fio pode ser mono ou multifilamentar, absorvíveis ou não


absorvíveis, sintéticos ou orgânicos.

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Não absorvíveis Sintéticos:
Monofilamentar =
nylon,
polipropileno;
Multifilamentar =
nylon trançado,
poliéster.

Orgânicos:
Multifilamentar =
seda, algodão,
linho.

Absorvíveis Sintéticos:
Monofilamentar =
maxon, PDS;
Multifilamentar =
dexon (ácido
poliglicólico),
vicryl.

Orgânicos:
Multifilamentar =
Obs.: os fios multifilamentares categute simples,
tendem a acumular secreções e
a causar reações inflamatórias. categute
O uso desse tipo de material
não é indicado em locais
cromado.
contaminados.

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Características dos fios

Nylon:
Derivado de poliamidas;
Elástico e resistente à água;
Pouca reação inflamatória;
Difícil manuseio;
Duro e corrediço, não produzindo nó firme;
Perde resistência ao longo do tempo, podendo ser
degradado e absorvível ao longo de dois anos, apesar de
ser considerado não absorvível;
Preferidos para suturas de pele.

Polipropileno (prolene):
Pouca reação tecidual;
Mantém resistência tênsil por vários anos;
Ideal para sutura intradémica (fácil remoção).

Poliéster:
Requer mínimo de 5 nós para fixação segura (algodão,
seda e polímeros absorvíveis: 3 nós, categute: 4 nós);
Resistente;
Grande durabilidade;
Pouca reação tecidual, pouca resposta inflamatória;
Evitar uso em locais contaminados (multifilamentares);
Excelente para suturas de aponeuroses, tendões e vasos.

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Seda:
Filamento proteico obtido do bicho-da-seda;
Fibras retorcidas ou trançadas;
Fácil manuseio;
Nós firmes;
Degradado ao longo dos anos, perdendo resistência
tênsil.

Algodão:
Fio maleável e agradável ao tato;
Nó forte;
Pode perpetuar processo infeccioso (multifilamentar),
quando em território contaminado (granuloma de corpo
estranho).

PDS e Maxon:
Absorção lenta, com manutenção da força tênsil;
Sutura de tendões, cápsulas articulares e fechamento da
parede abdominal.

Ácido poliglicólico (Dexon) =


Maior resistência;
Reabsorção por hidrólise (60 a 90 dias);
Sutura de músculos, fáscias e tecido celular subcutâneo;
Ocasiona pouca reação inflamatória.

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Ácido poligaláctico (Vicryl):
Absorção em torno de 60 dias;
Sutura de músculos, fáscias, aponeuroses, vísceras ocas,
usado em cirurgias ginecológicas, gastrintestinais, urológicas,
oftalmológicas.

Categute:
Feito da submucosa de intestino delgado de ovelhas ou da
serosa de bovinos;
2 tipos =
1. Categute simples: 8 dias de absorção;
2. Categute cromado: 20 dias de absorção. Têm fácil
manipulação, comporta-se como corpo estranho (reação
inflamatória intensa), usado em suturas gastrintestinais,
amarradura de vasos da tela subcutânea, cirurgias
ginecológicas e urológicas.

Os fios tem uma numeração, quanto mais 0 tiver, mais fino o fio:
Fios finos de 6-0 a 12-0 são indicados em cirurgias plásticas,
microcirurgias, cirurgia vascular e algumas suturas de pele
em locais mais delicados;
Fios intermediários de 3-0 a 0 são indicados em casos de
cirurgia ginecológica e abdominal, suturas do tecido celular
subcutâneo e pele;
Fios grossos de 1 a 3 são indicados quando se precisa de
força tênsil em regiões de grande tensão (abdominal,
torácica etc.).

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SUTURAS
Nó cirúrgico: entrelaçamento ordenado feito com as
extremidades livres do fio cirúrgico com o objetivo de uni-los
e fixa-los.

Existem vários tipos de nós, os mais utilizados são o nó de


cirurgião simples e duplo, nó de sapateiro simples e duplo.
Pode ser feito com as mãos ou com o porta agulhas:
1° nó = APROXIMAÇÃO, não é para apertar o tecido é só para
aproximar; É SEMPRE DUPLO.
2° nó = CONTENÇÃO, evita que o primeiro nó se solte;
3° nó = SEGURANÇA.

Ponto cirúrgico: segmento de fio cirúrgico compreendido


entre uma ou duas passagens deste no tecido. Corresponde
à distância entre dois locais consecutivos de apoio do fio
cirúrgico no tecido orgânico. O ponto cirúrgico é a unidade da
síntese.

Sutura cirúrgica: é o ponto ou conjunto de pontos aplicados


nos tecidos com o objetivo de união, fixação e sustentação
deles, durante o processo de cicatrização. A importância da
sutura cirúrgica diminui na razão direta do progredir da
cicatrização. O ideal para uma sutura seria que pudesse
desaparecer somente quando a cicatrização estivesse
completa.

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Distância entre os pontos = 0,5 - 1 cm.
Distância entre a entrada e a saída do ponto = até 0,5 cm.
Entrar em profundidade iguais em todos os pontos.

Classificação das suturas de acordo com:


Sequência de pontos: contínua ou separada;
Profundidade: superficial ou profunda;
Planos anatômicos: por planos, subtotal ou em massa.
1. Por planos = plano simples, é a aproximação em planos
múltiplos de diferentes camadas de tecidos (serosa,
aponeurose interna, lâmina muscular, aponeurose externa,
tela subcutânea, derme e epiderme);
2. Subtotal = sutura em plano único, transfixando-as
parcialmente e aproximando-as totalmente com pontos
separados.
3. Total (em massa) = plano único, transfixando-se
completamente e aproximando todas as estruturas com
pontos separados.

Finalidade:
Hemostasia;
Aproximar;
Sustentar;
Reparar.

Posição das margens:


Confrontante;
Invaginante;
Evaginante.

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Pontos separados:
Simples (coaptação);
U vertical (sustentação;
X horizontal;
Donatti

Pontos contínuos:
Simples (chuleio);
Ancorada = toda vez que passa o fio na pele cruzar ele por
baixo;
Intradérmica;
Barra grega (manter a anastomose estanque);

1) Simples

2) Chuleio

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3) Chuleio cruzado/ancorado

4) Intradérmica simples

5) "U" horizontal

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6) "X"

7) Barra grega

8) Donatti

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