Portaria IAT 509-2023

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ESTADO DO PARANÁ

SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS


O texto abaixo não substitui o publicado no Diário Oficial

INSTITUTO ÁGUA E TERRA


PORTARIA Nº 509, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2023

O Diretor-Presidente do Instituto Água e Terra, nomeado pelo Decreto Estadual nº 54, de 04 de janeiro
de 2023, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas pela Lei Estadual nº 10.066, de 27 de julho
1992, Lei Estadual nº 20.070, de 18 de dezembro de 2019, Decreto Estadual nº 3.813, de 09 de janeiro
de 2020 e Decreto Estadual nº 11.977, de 16 de agosto de 2022, e

• Considerando que a proteção do meio ambiente é um dever do Poder Público Estadual, conforme
dispõe o Art. 207, § 1º, da Constituição Estadual do Paraná;
• Considerando a necessidade de gestão do Instituto Água e Terra na proteção da qualidade do solo e
da água subterrânea;
• Considerando a Resolução CERH nº 122/2023, que estabelece diretrizes e critérios gerais para o
reuso de água no Estado do Paraná, em especial o Art. 17.
• Considerando o conteúdo do protocolo nº 21.303.476-6,

RESOLVE

Art. 1º. Estabelecer critérios para a utilização de água de reuso proveniente de estação de tratamento
de efluentes industriais para fins alimentícios, agrícolas e florestais.

Art. 2º. Esta Portaria não se aplica:

I. Efluentes gerados em empreendimentos de suinocultura, bovinocultura, usinas de beneficiamento de


cana de açúcar, beneficiamento de mandioca ou empreendimentos que são regulamentados por
Resoluções específicas, as quais contemplam a disposição final de efluentes em solo para fins
agrícolas;
II. Efluentes gerados em curtumes, galvanoplastia, postos de combustíveis, refinarias de petróleo.

Art. 3º. A utilização de água de reuso proveniente de estação de tratamento de efluentes industriais,
para fins agrícolas e florestais não poderá conferir às águas subterrâneas características em desacordo
com o seu enquadramento.

Parágrafo único. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas subterrâneas


serão consideradas Classe 3, conforme Resolução CONAMA nº 396/2008 ou outra que vier a substituí-
la.

Art. 4º. Para reuso para fins agrícolas e florestais de efluentes gerados em processos industriais, o
mesmo deve ser obrigatoriamente submetido a processos de tratamento.
Art. 5º. A água de reuso utilizada para fins agrícolas e florestais deverá atender aos valores máximos
para os seguintes parâmetros:

Parâmetros Unidade Valores Máximos


pH Unidades de pH 5 a 9
Condutividade elétrica mS/cm 3200
Óleos minerais mg L-1 Até 10
Óleos vegetais e gorduras animais mg L-1 Até 30
Surfactantes (MBAS) mg L-1 0,5
Alumínio dissolvido mg L-1 0,2
Arsênio total mg L-1 0,03
Bário total mg L-1 1,0
Bicarbonatos meq L-1 10,00
Boro total mg L-1 0,75
Cádmio total mg L-1 0,01
Carbonatos meq L-1 0,10
Chumbo total mg L-1 0,033
Cloretos mg L-1 30,00
Cobalto mg L-1 0,2
Cobre dissolvido mg L-1 0,013
Cromo Hexavalente mg L-1 0,10
Cromo Trivalente mg L-1 1,0
Sulfeto mg L-1 1,00
2-Sulfato (S-SO4 ) mg L-1 250,00
Ferro dissolvido mg L-1 5,0
Manganês dissolvido mg L-1 0,5
Mercúrio Total mg L-1 0,002
Molibdênio mg L-1 0,50
Níquel total mg L-1 0,025
Selênio total mg L-1 0,05
Sódio meq L-1 40,00
Fluoreto total mg L-1 10,0
Zinco total mg L-1 5,0
Cianeto mg L-1 0,022
Vanádio mg L-1 0,1
Fenóis totais mg L-1 0,01
Coliformes Termotolerantes NMP/100 mL 1.000
Ovos viáveis helmintos Ovos/L <1,0

Art. 6º. Para o parâmetro de Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5, considerar:

I. Na utilização de água de reuso proveniente de estações de tratamento de efluentes industriais, para


fins agrícolas e florestais, deverá ser seguido o estabelecido no Anexo VII, da Resolução CEMA nº 70,
de 01 de outubro de 2009 ou outra que vier a substitui-la.
II. Nos casos de o empreendimento apresentar duas alternativas de destinação dos efluentes, como
lançamento em corpo hídrico e reuso para fins agrícolas e florestais, o lançamento em solo deverá
atender os parâmetros outorgados para lançamento em corpo hídrico.

Art. 7º. A determinação das substâncias inorgânicas na água de reuso para fins agrícolas e florestais
poderá ser dispensada desde que seja devidamente comprovada a ausência das mesmas, dada a
origem do efluente. A saber: Arsênio, Cádmio, Chumbo, Cromo total, Cromo Hexavalente, Mercúrio,
Níquel, Selênio, Boro, Cobalto, Ferro, Manganês, Molibdênio, Bário e Vanádio.

Art. 8º. No processo de licenciamento ambiental, o empreendedor deve informar as substâncias típicas
que podem estar presentes nos efluentes líquidos, com base nas matérias-primas e insumos utilizados
no processo.

Art. 9º. O órgão ambiental competente poderá adotar parâmetros complementares à tabela
apresentada acima.

Art. 10. A caracterização do efluente tratado deve ser realizada na mesma frequência estabelecida na
Portaria IAP n° 256/2013 ou outra que vier a substituí-la.

Art. 11. A utilização de água de reuso para fins agrícolas e florestais será vetada nas seguintes
condições:

I. Em locais com poços para captação subterrânea, localizados em distância inferior a 70 m.


II. Em áreas onde exista captação de água superficial para abastecimento público a jusante, com
distância inferior a 70 m.
III. A uma distância inferior a 200 m de núcleos populacionais.
IV. Em locais onde ocorre afloramento rochoso ou haja presença de solos rasos ou incipientes.
V. Em áreas sujeitas a inundação.
VI. Em áreas de preservação permanente.
VII. Em aquíferos com elevada vulnerabilidade.
VIII. Respeitar, no mínimo, 50 metros da vegetação ciliar, a partir do limite estabelecido pela legislação.
IX. Na produção de frutos, hortaliças, raízes e tubérculos, quando o produto estiver em contato direto
com o solo para consumo humano na forma crua.

Art. 12. A utilização de água de reuso, proveniente de estação de tratamento de efluentes industriais,
para fins agrícolas e florestais, deverá ser contemplada no processo de licenciamento do
empreendimento licenciado.

Art. 13. A água de reuso, proveniente de estação de tratamento de efluentes industriais, para fins
agrícolas e florestais deve obrigatoriamente sofrer armazenamento em lagoa(s) revestida(s),
dimensionadas de acordo com o intervalo de rega e períodos de pluviosidade.

Art. 14. No caso de utilização de água de reuso proveniente de estação de tratamento de efluentes
industriais, para fins agrícolas e florestais em áreas em que o interessado não é o proprietário, deverá
apresentar a anuência do mesmo, conforme modelo do Anexo I.
Art. 15. A utilização de água de reuso, proveniente de estação de tratamento de efluentes industriais,
para fins agrícolas e florestais está condicionada à apresentação de projeto elaborado por profissional
habilitado, acompanhado da respectiva ART, conforme Termo de Referencia apresentado no Anexo II.

Art. 16. Os relatórios de ensaios apresentados aos órgãos ambientais, referentes a quaisquer matrizes
ambientais que subsidiem documentos submetidos à apreciação dos mesmos, deverão ser emitidos
por laboratórios que possuam o Certificado de Cadastramento de Laboratórios de Ensaios Ambientais -
CCL, emitidos pelo IAT, conforme Resolução CEMA 100/2017.

Parágrafo único. Os laboratórios que realizam as análises solicitadas terão 18 meses para obtenção do
Certificado de Cadastramento de Laboratórios de Ensaios Ambientais – CCL.

Art. 17. O órgão ambiental competente poderá definir critérios e informações adicionais mediante
justificativa técnica.

Art. 18. Os critérios adotados poderão ser reformulados e/ou complementados de acordo com o
desenvolvimento científico e tecnológico e a necessidade de preservação ambiental.

Art. 19. Os casos omissos e excepcionais deverão ser submetidos à deliberação da Gerência de
Licenciamento - GELI.

Art. 20. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

EVERTON LUIZ DA COSTA SOUZA


Diretor-Presidente do Instituto Água e Terra

Anexos disponíveis no link abaixo:

https://www.iat.pr.gov.br/sites/agua-terra/arquivos_restritos/files/documento/2023-11
/ANEXO_PORT_509_2023.pdf

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