Saneamento Rural

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Graduanda: Tuany Regis (20205096) Docentes: Maria Elisa Magri e Paulo Belli
Filho Disciplina: ENS7007 - Saneamento Ambiental no Meio Rural
Atividade 1 – Resenha Individual

Wetlands e sua aplicabilidade no meio rural

O tratamento de efluentes domésticos é um desafio significativo em


todo o mundo, especialmente em áreas rurais. Diferente das áreas urbanas,
onde as cidades possuem sistemas de esgoto conectados a estações de
tratamento, as áreas rurais frequentemente não possuem esses sistemas, o que
torna o tratamento de efluentes um desafio maior.

O principal desafio no tratamento de efluentes no ambiente rural é


a falta de infraestrutura adequada. Muitas propriedades rurais não possuem
sistemas de esgoto adequado e frequentemente estão localizadas muito longe
das estações de tratamento mais próximas. Os dados analisados de
esgotamento sanitário rural, apenas 5,45% dos domicílios estão ligados à rede
de coleta de esgotos e 33,25% utilizam a fossa séptica como solução para o
tratamento dos dejetos. O restante 61,30% domicílios depositam os dejetos
“fossas rudimentares”, lançam em cursos d´água ou diretamente no solo a céu
aberto. (IBGE/PNAD,2015). Como consequência, há falta de recursos
financeiros e técnicos para a construção e manutenção de sistemas de
tratamento de efluentes no Brasil.

Todavia, existem soluções que podem ser implementadas para


superar esses desafios e tratar efluentes de forma eficaz no ambiente rural. Uma
opção é a utilização de sistemas de tratamento descentralizados, que podem ser
adaptados às necessidades de cada propriedade rural. Esses sistemas podem
incluir tecnologias como sistemas de fossas sépticas, filtros de areia, lagoas de
estabilização e wetlands construídos.
Mitsch (1993) define wetlands como áreas alagadas que compõem
um ecossistema, sendo cobertas por água a pouca profundidade integral ou
sazonalmente, oferecendo boas condições para o crescimento de macrófitas. As
wetlands construídas podem ser, ainda, encontradas na literatura como sistemas
alagados construídos, zonas de raízes, ou leitos cultivados. Segundo Vymazal
(2006), as wetlands construídas são sistemas projetados para utilizar processos
naturais no auxílio do tratamento de águas residuais, envolvendo vegetação,
solo e microrganismos associados a zonas úmidas.

O uso de wetlands para o tratamento de água e esgoto apresenta


uma série de benefícios em relação aos métodos convencionais de tratamento.
Esses sistemas são mais baratos, mais fáceis de manter e requerem menos
energia do que os sistemas de tratamento convencionais. Sabe-se que um dos
maiores desafios do tratamento do esgoto doméstico em uma estação é a
dificuldade para remover de maneira eficaz poluentes químicos como fosforo e
nitrogênio que são prejudicais quando lançados a corpos hídricos porque levam
à eutrofização do mesmo. Algumas das vantagens de se utilizar os wetlands são
de acordo com a tabela 6 de Nascimento (2015): Considerável redução de
patógenos, remoção satisfatória de matéria orgânica, sólidos suspensos,
nitrogênio e fósforo. Não requer produtos químicos ou equipamentos mecânicos,
não possui mau cheiro.

O tratamento por meio de wetlands é uma tecnologia social que pode se


mostrar uma ferramenta importante para o desenvolvimento sustentável do meio
rural brasileiro. Analisando alguns trabalhos e estudos com essa tecnologia
como o de Nascimento (2015), os resultados são satisfatórios para atender os
parâmentros de lançamento nos corpos hídricos pela resolução nº 430 do
CONAMA (BRASIL, 2011). E podem apresentar uma solução economicamente
e sustentável viável para suprir alguns pontos de defasagem da sociedade rural
brasileira já que essa população de acordo com IBGE, em 2020, era de cerca de
29,2 milhões de pessoas, o que corresponde a 13,9% total do país. Apesar de
desafiador, com uma boa gestão e incentivo econômico do governo para
implantação do sistema, nas comunidades mais rurais, que são as mais
prejudicadas, a implementação de wetlands pode ajudar a melhorar a qualidade
de vida dos residentes locais e promover a inclusão social que é um direto a
todos. Por fim, é importante ressaltar que o tratamento adequado de efluentes
seja ele descentralizado ou não é crucial para a proteção da saúde dos
brasileiros, além de garantir a qualidade da água que segue para o corpo
receptor e por meio do ciclo hidrológico e flui novamente para os seres vivos.
REFERÊNCIAS

Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 57251 Brazilian Journal of


Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 57248-57265. 2021
IBGE PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Síntese de
Indicadores.2015/IBGE. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de
Janeiro: IBGE, 2016. 108p
MITSCH, W.J.; GOSSELINK, J.G. Wetlands. New York: Van Nostrand
Reinhold,1993.
NASCIMENTO, L. TAINA. Estudo do uso de Wetlands Construídas no
Tratamento de Esgoto Doméstico em Comunidades Rurais. Universidade de São
Paulo, Lorena, 2015.
VYMAZAL, JAN et al. Wetlands and Natural Resource Management. Cap. 5:
Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. Springer Berlin Heidelberg,
2006.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. 2. ed. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1996. 243p. (Princípios
do tratamento biológico de águas residuárias, v. 1.).

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