Guia Metodologico para Implantacao de Infraestrutura Verde
Guia Metodologico para Implantacao de Infraestrutura Verde
Guia Metodologico para Implantacao de Infraestrutura Verde
para Implantação de
Infraestrutura Verde
patrocínio
Equipe Técnica
Organizadora Autores (em ordem alfabética)
patrocínio
Agradecimentos
Aos pesquisadores Caio Pompeu Cavalhieri, Edna Baptista dos Santos Gubitoso,
Luiz Gustavo Faccini e Paula Kaori Yamamura Ielo
4. Considerações 75
Referências 77
Lista de Siglas 78
Espera-se que, com este guia, os gestores públicos sejam capazes de identificar e
priorizar as áreas com os maiores déficits de funções ambientais em seu municí-
pio e de escolher diferentes tipologias de infraestrutura verde para implantação,
especialmente na área urbana, ampliando a provisão de serviços ambientais para
os cidadãos.
Este guia está estruturado em capítulos que abordam questões conceituais sobre
infraestrutura verde e serviços ambientais (Capítulos 1 e 2), seguidos por capítulo
que descreve o passo a passo da aplicação da metodologia (Capítulo 3) e pelo capí-
tulo de fechamento, que aponta as limitações da aplicação da metodologia e indica
recomendações para superá-las (Capítulo 4).
Bom trabalho!
Descrição Aplicação
conjunto de áreas áreas públicas não edificadas
intraurbanas com cobertura
vegetal arbórea nativa e Vantagens
introduzida, arbustiva ou • melhoria do microclima e da
rasteira contribuindo para a qualidade do ar
qualidade de vida e equilíbrio • proteção do solo e corpos
ambiental nas cidades d’água
Foto: Parque da Cidade • atenuação do desequilíbrio
(Jundiaí - SP). IPT (2019) Limitações climático
não identificada • refúgio para a vida silvestre
• qualidade de vida
• equilíbrio ambiental
Descrição Aplicação
são Unidades de Conservação áreas públicas não edificadas
(UC) que asseguram a
representatividade de Vantagens
amostras significativas e
• proteção dos ecossistemas
ecologicamente viáveis
e biodiversidade
das diferentes populações,
• regulação do microclima
habitats e ecossistemas do
• qualidade de vida
Foto: Parque Natural Municipal território nacional e das águas
• equilíbrio ambiental
Morro do Ouro (Apiaí, SP). jurisdicionais, preservando o
• turismo sustentável
IPT (2018) patrimônio biológico existente
• proteção de belezas naturais
• educação ambiental
Limitações
• restrição da expansão urbana
Descrição Aplicação
espaços territorialmente nas cidades
demarcados com a função
de conservar e/ou preservar Vantagens
os recursos naturais e/ou • melhoria da qualidade do ar
culturais a eles associados, • qualidade de vida
utilizados como estrutura para o • manutenção do microclima
desenvolvimento e preservação da região e da diversidade
Foto: Limeira, SP. IPT (2016) de ecossistemas naturais genética
• educação ambiental
Limitações
compatibilizar a manutenção
do habitat com a agricultura
Descrição Aplicação
espaços livres lineares espaços livres para recreação
servindo como conexão entre
fragmentos e que integram Vantagens
equipamentos e outras áreas
• conexão de fragmentos
com funções importantes para
de vegetação
a cidade
• melhoria do microclima
Limitações • manutenção da
Foto: Mairiporã, SP. biodiversidade
IPT (2019) • restrição da expansão urbana
• proteção dos cursos d’água
Descrição Aplicação
são ruas arborizadas que nas ruas das cidades
integram o manejo das
águas pluviais compostas por Vantagens
canteiros pluviais; circulação • conexão para avifauna
viária mais restrita; preferência e microfauna
para pedestres e ciclistas e sem • amenização do clima
circulação de veículos pesados • limitação do tráfego de
Foto: Araraquara, SP. veículos pesados
Luccas Longo (2019) Limitações • redução da carga difusa
necessidade de calçada com
espaço adequado para plantio
de árvores
Descrição Aplicação
são vias que conciliam a nas vias das cidades
arborização urbana com
diversos usos: veículos, Vantagens
pedestres, ciclovias; paradas
• conciliação de diversos usos
de ônibus; mobiliário urbano;
como veículos, pedestres
bancos, áreas com mesas de
e ciclovias seguras
bares e restaurantes, bancas
Foto: Santos, SP. IPT (2019) de jornal e telefones públicos
Limitações
não identificada
Descrição Aplicação
são hortas comunitárias ou • espaços residuais
particulares onde se realizam • áreas não ocupadas
cultivos, idealmente sem • fachadas
agrotóxicos, em espaços
residuais, áreas não ocupadas, Vantagens
fachadas e tetos verdes • socialização, educação
podendo ser de diferentes e geração de renda monetária
Foto: São Paulo (SP). tamanhos e não monetária
Luiz Campanha (2019)
Limitações
não identificada
Descrição Aplicação
são lagoas que funcionam grandes áreas abertas
como bacias de retenção
recebendo o escoamento Vantagens
superficial de outros sistemas,
• armazenamento de grandes
onde a água pluvial permanece
quantidades de água
retida na estrutura, como se
• recuperação da qualidade
fosse um alagado construído,
da água
Foto: Seattle, Washington. porém não destinado a
• cooperação com o habitat
Paulo R. M. Pellegrino e Natha- receber efluentes
niel S. Cormier (2008)
Limitações
necessidade de grandes áreas
Descrição Aplicação
superfície vegetada coberta ambientes urbanos
por água formada por zona de
entrada: bacia de sedimenta- Vantagens
ção para remover sedimentos • purificação das águas pluviais
grossos e médios; zona macró- • promoção da retenção/
fita: área rasa com vegetação remoção de contaminantes
para remover partículas finas e
Foto: Parque Natural Municipal poluentes solúveis; e canal de Limitações
Fazenda do Carmo (São Paulo, “bypass”: alto fluxo para prote-
não identificada
SP). IPT (2019) ger a zona de macrófitas
Lagoa Seca
Descrição Aplicação
depressão vegetada que • vias urbanas
recebe as águas das chuvas • rios
contribuindo para diminuir • parques lineares
o escoamento superficial, • jardins públicos e privados
retardando a entrada das
águas no sistema de drenagem Vantagens
e possibilitando a infiltração
• redução do escoamento
Foto: Osasco (SP). IPT (2019) com a recarga de aquíferos
superficial
• quando seca, possibilita
Limitações
o uso para recreação
não identificada
Canteiro Pluvial
Descrição Aplicação
são jardins de chuva • vias urbanas próximas
compactados para pequenos ao meio fio
espaços auxiliando no • edifícios
processo de evaporação,
evapotranspiração e infiltração Vantagens
• purificação das águas pluviais
Limitações
• redução do escoamento
Foto: Portland, Oregon. • risco de contaminar o solo superficial e de ilhas
Paulo R. M. Pellegrino e • risco de contaminar o lençol de calor
Nathaniel S. Cormier (2008) freático • promoção da biodiversidade
• captura de CO2
Jardim de Chuva
Descrição Aplicação
são depressões topográficas • áreas residenciais
existentes ou reafeiçoadas • vias urbanas próximas
para receberem o escoamento ao meio fio
da água pluvial proveniente • hortas
de telhados e demais áreas
impermeáveis limítrofes Vantagens
• purificação das águas pluviais
Foto: São Paulo (SP). Limitações • manutenção da
IPT (2019) • necessidade de grandes biodiversidade
espaços para implantação • redução de ilhas de calor
• captura de CO2
• redução do escoamento
superficial
Biovaleta
Descrição Aplicação
são depressões lineares preen- • vias urbanas próximas
chidas com vegetação, solo e ao meio fio
elementos filtrantes para pro- • estacionamentos
mover a filtração de poluentes
e a infiltração da água, podendo Vantagens
ou não direcionar a água para • redução do escoamento
um outro sistema como o jardim superficial
Foto: Seattle, Washington. de chuva • reposição do lençol freático
Paulo R. M. Pellegrino e • elemento estético
Limitações
Nathaniel S. Cormier (2008)
não recomendada para áreas
densamente urbanizadas
Bioengenharia de Solos
Descrição Aplicação
tecnologia utilizada para esta- taludes, encostas e ambientes
bilizar e/ou recompor ambien- fluviais degradados
tes em diferentes contextos
de degradação – encostas e Vantagens
ambientes fluviais, combinan-
• aumento da estabilidade
do vegetação com materiais
de encosta
inertes, com ganhos ecológi-
• melhoria do regime hídrico
Foto: Faxinal do Soturno (RS). cos, estéticos e econômicos
do solo
Fabrício J. Sutili (2005)
Limitações • criação e provisão de habitats
• necessidade de de obra
especializada
• limitação no período de
dormência das sementes
• disponibilidade de espécies
adaptadas às condições locais
Pavimento Permeável
Descrição Aplicação
são pavimentos que per- • calçadas
mitem a infiltração da água • estacionamentos
das chuvas por não possuir • quintais residenciais
agregados miúdos em sua • espaços públicos de lazer
composição
Vantagens
Limitações
• redução do escoamento
Foto: Instituto de Pesquisas risco de contaminar o lençol superficial
Tecnológicas (São Paulo, SP). freático • recarga do lençol freático
IPT (2019) • filtragem de alguns poluentes
• redução de acúmulo de água
da chuva
Interseção Viária
Descrição Aplicação
são ilhas de distribuição de vias urbanas
trânsito viário com áreas vege-
tadas em seu interior
Vantagens
Limitações • organização viária
não identificada • coleta de água das chuvas
• aumento da biodiversidade
Foto: São Paulo (SP).
• criação e provisão de habitats
IPT (2019)
• amenização do microclima
• melhoria do visual estético
Jardim Vertical
Descrição Aplicação
são todas as formas de cresci- qualquer superfície delimitada
mento e desenvolvimento da verticalmente
vegetação em uma superfície
vertical, podendo ser plantada Vantagens
diretamente no solo, em jardi-
melhoria do conforto térmico
neiras ou em outras estruturas
de suporte
Foto: São Paulo (SP).
IPT (2019) Limitações
se mal empregada, pode gerar
infiltrações e acúmulo de água
Telhado Verde
Descrição Aplicação
estrutura que pode substituir a • recobrimento da cobertura
área natural de infiltração das de edificações
águas alterada pela edificação,
podendo ser extensivas ou Vantagens
leves (plantas de pequeno
• detenção e retardamento da
porte - solo raso) e sistemas
entrada das águas no sistema
intensivos (plantas de grande
de drenagem
Foto: Unidade de Conservação porte - solo profundo)
• redução da temperatura
Legado das Águas (Miracatu,
interna das edificações
SP). IPT (2018) Limitações
• criação e provisão de habitats
• ocorrência de infiltração
e umidade na edificação
Cisterna
Descrição Aplicação
estrutura utilizada para coletar aumentar a eficiência do uso
a água das chuvas para reuso das águas das chuvas
como o consumo humano ou
animal, irrigação de culturas, Vantagens
limpeza ou fins sanitários
redução do escoamento
superficial
Limitações
Foto: São Paulo (SP). necessidade de espaço
IPT (2019)
Descrição Aplicação
são áreas verdes permeáveis • casas e condomínios
inseridas em propriedades parti- residenciais
culares (residências, clubes de • condomínios comerciais
lazer, escolas, áreas de lazer de
condomínios, comércio), como Vantagens
quintais, jardins e pomares,
• beleza cênica
onde o acesso para qualquer ci-
• sensação de bem estar
Foto: Vinhedo (SP). dadão, nem sempre é permitido
• contemplação
Leo Longo (2019)
• recreação
Limitações
• redução do escoamento
não identificada superficial
Infraestrutura
Verde
Os serviços ambientais são todas as atividades
humanas que favorecem a conservação ou a
Serviço de provisão Serviços culturais
Produtos obtidos a Benefícios melhoria dos ecossistemas e, como consequên-
partir dos ecossistemas imensuráveis de cia, contribuem com a manutenção dos serviços
natureza educacional,
estético-paisagista, ecossistêmicos fornecidos (MINISTÉRIO DO
recreativa ou religiosa MEIO AMBIENTE, 2019). Os espaços verdes das
cidades, como parques urbanos, praças e ruas
arborizadas, são exemplos de infraestrutura
Serviços Ambientais
verde que fornecem serviços ambientais no
ambiente urbano, relacionados ao bem estar da
Serviço de regulação Serviços de população, ao equilíbrio ambiental, à proteção
Benefícios obtidos a suporte dos recursos hídricos e do solo e à conservação
partir de processos Serviços que contri-
naturais que regulam as buem para a produção da biodiversidade (BOX 2.1). A Avaliação Ecos-
condições do ambiente de outros serviços sistêmica do Milênio (MILLENNIUM ECOSYS-
TEM ASSESSMENT, 2003) classifica os serviços
ecossistêmicos em quatro categorias: provisão,
regulação, culturais e de suporte (Figura 2.1).
Figura 3.1: Passos para a seleção das tipologias de infraestrutura verde apropriadas à realidade do município.
Desse modo, essa etapa consiste na leitura do território por meio de indicadores
que possam ser quantificados, analisados quanto à sua importância e associados
ao conjunto de dados do município. Este guia recomenda a análise de 13 indicado-
res, os quais representam nove serviços ambientais e quatro funções ambientais
(Figura 3.2). Tais indicadores foram propostos de forma a retratar as áreas priori-
tárias para a ampliação do provimento de serviços ambientais por meio da aplica-
ção da infraestrutura verde no meio urbano.
!
ATENÇÃO: A forma de cálculo do indicador pode ser adaptada para dife-
rentes situações, dependendo dos objetivos traçados, das informações
disponíveis e da realidade na qual se está trabalhando. Um exemplo é
espacializar a informação por meio de mapeamentos participativos, de
forma a incorporar os aspectos trazidos pela comunidade ou pelos pró-
prios técnicos da Prefeitura.
Nascentes Impermeabilizadas
Garantir disponi-
Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos
bilidade e manejo
Identificador: Indicador 01 - I1 sustentável da água
Serviço ambiental: Manutenção da Vazão Hídrica e saneamento para
todos
Categoria: Regulação
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Manutenção da Vazão Hídrica na área piloto
O potencial de geração de sedimentos indica áreas com suscetibilidade à erosão e com uso e
ocupação do solo favorável aos processos de assoreamento de cursos d’água e reservatórios
de abastecimento. As áreas com médio e alto potencial de geração de sedimentos são priori-
tárias para a instalação de infraestrutura verde.
Cambissolos CX1 B M A MA
CX2 B M A MA
CX10 B M A MA
CX11 B M A MA
Latossolos LVA2 B M A MA
LVA14 B M A MA
LVA17 B M A MA
LVA19 B M A MA
LVA23 B M A MA
LVA41 B M A MA
LVA56 B M A MA
Neossolos RQ-1 B M A A
RL-1 B M A A
Organossolos GX-1 B B B B
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto
As Áreas de Preservação Permanente (APP) no entorno de corpos d’água são essenciais para
a filtração do escoamento da água das chuvas e diminuição do aporte de sedimentos aos
mananciais. Nas cidades, a ocupação urbana das áreas no entorno de córregos, rios e lagos
lagos, a instalação de infraestrutura verde é prioritária.
Mapeamento dos cursos d’água do município e de sua faixa marginal de 30 m, conforme APP
estipulada pelo Código Florestal Brasileiro vigente. Cruzar as informações das faixas margi-
nais mapeadas com as do mapa de vegetação. As APP sem vegetação serão prioritárias para
instalação de infraestrutura verde.
O nível de prioridade para instalação de infraestrutura verde será de acordo com a taxa de
impermeabilização das bacias hidrográficas dos cursos d’água mapeados:
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto
Os locais com maior histórico de alagamento são prioritários para a adoção de medidas de
manejo de águas de chuvas, como a adoção de técnicas de infraestrutura verde.
Espacializar os locais identificados pelos órgãos de defesa civil, gerar mapa de densidade de
ocorrências utilizando a função de kernel no Sistema de Informações Geográficas e classificar
o resultado em três níveis, por meio do método de classificação por intervalos naturais, resul-
tando na prioridade para instalação de infraestrutura verde em:
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto
A suscetibilidade à inundação pode ser calculada por meio da análise integrada da suscetibilidade
das bacias hidrográficas, a partir de índices morfométricos, e dos graus de suscetibilidade a partir
da aplicação do modelo denominado HAND (Height Above Nearest Drainage), recortado nas áreas de
planícies e terraços. Para fins de priorização para aplicação de infraestrutura verde, adota-se a seguinte
classificação:
Caso o município não disponha dessas informações cartografadas, pode-se utilizar o conhecimento da
equipe da prefeitura para a identificação das áreas de alta, média e baixa prioridade para a aplicação
de infraestrutura verde.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto
As áreas com relevo plano no entorno de rios canalizados estão mais sujeitas a processos de
inundação e alagamento, problemas comuns nas cidades. Essas áreas são prioritárias para a
instalação de infraestrutura verde.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto
Proteger, recupe-
rar e promover o
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo
uso sustentável
Gênico de Fauna e Flora
dos ecossistemas
Identificador: Indicador 4 - I4 terrestres, gerir de
Serviço ambiental: Manutenção de Habitat forma sustentável as florestas, com-
Categoria: Suporte bater a desertificação, deter e reverter
a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade
Divisão da área de estudo em unidades amostrais (na área piloto foram adotadas unidades
amostrais hexagonais de 10 ha). Cálculo da porcentagem de cobertura vegetal nativa nas
unidades amostrais da área de estudo. A classificação de prioridade para implantação de
infraestrutura verde será a seguinte:
• Baixa prioridade: unidades amostrais com até 30% de cobertura vegetal nativa;
• Média prioridade: unidades amostrais com cobertura vegetal nativa entre 30% e 60%; e
• Alta prioridade: unidades amostrais com mais de 60% de cobertura vegetal nativa.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Manutenção de Habitat na área piloto
Assegurar padrões
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo Gênico de produção e
de Fauna e Flora de consumo sus-
Identificador: Indicador 5 - I5 tentáveis
Cálculo do índice “Distância média do vizinho mais próximo - MNN” utilizando ferramentas auxiliares de análise espacial da paisagem,
tais como o Fragstats ou a ferramenta Patch Analyst que podem ser operados por meio de Sistema de Informações Geográficas.
a) Selecionar as classes de vegetação natural com predomínio de porte arbóreo e juntar em uma única classe;
b) Calcular o índice MNN para os fragmentos da classe selecionada e classificar em 3 classes, de acordo com o método Natural
Breaks (Jenks);
c) Desenhar faixa marginal dos fragmentos utilizando como distância a medida da 1ª classe do índice MNN;
d) Reclassificar as áreas das faixas marginais conforme as três classes do MNN.
Para compor o índice os mapas gerados na etapa 1 e 2 (duas variáveis) foram somados, considerando as 3 classes de cada mapa (1 a
3), resultando em 6 classes (1 a 6). As classes de prioridade para implantação de infraestrutura verde são as seguintes:
Tornar as cidades
Função ambiental: Bem estar das Populações e os assentamen-
Humanas tos humanos
Identificador: Indicador 6 - I6 inclusivos, seguros,
resilientes e sus-
Serviço ambiental: Recreação, Saúde Física
tentáveis.
e Mental
Categoria: Cultural
Após o mapeamento das áreas verdes (incluindo áreas gramadas) por meio de imagens dis-
poníveis, mapeiam-se os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) indicando os habitantes. Traça-se faixa de 300 m a partir dos limites das áreas verdes
mapeadas. Os setores censitários dentro dessa faixa são classificados como de baixa priori-
dade para instalação de Infraestrutura Verde. O restante da área é classificado em média
ou alta prioridade, conforme os habitantes por setor censitário: mais habitantes indica
maior prioridade.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Recreação, Saúde Física e Mental na área piloto
A vulnerabilidade social está associada aos contextos de trabalho e renda, educação e saúde,
condições de transporte, habitação e saneamento. O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS)
caracteriza as condições dos grupos de indivíduos à margem da sociedade, em processo
de exclusão social, principalmente econômicos. Identificar áreas com alta vulnerabilidade
social para indicar a implantação de infraestrutura verde, como agricultura urbana,
é relevante para planejar atividades produtivas para serem alternativa de geração de renda
para a população local.
O IVS varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1 (um), maior é a vulnerabilidade social do ter-
ritório e, quanto mais próximo de 0 (zero), menor será a vulnerabilidade social. Classificação do
IVS: Muito Baixa (0 - 0,2); Baixa (0,2 - 0,3); Média (0,3 - 0,4); Alta (0,4 - 0,5); Muito Alta (0,5 - 1).
O Atlas da Vulnerabilidade Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fornece
mapa em arquivo shapefile com as Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH) de todos os
municípios de São Paulo. É necessário inserir o IVS no arquivo shapefile para cada UDH da região
de interesse e depois classificar em três níveis de prioridade para aplicação de infraestrutura verde,
conforme o IVS:
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Diminuição da Vulnerabilidade Social na área piloto
Assegurar padrões
de produção e
Função ambiental: Equilíbrio Ambiental
de consumo sus-
Identificador: Indicador 8 - I8 tentáveis
Serviço ambiental: Redução do efeito de ilhas
de calor
Categoria: Regulação
Ilhas de calor são áreas com temperatura maior que as áreas vizinhas. Áreas com alta taxa
de impermeabilização do solo promovem o aumento da temperatura da superfície. Identifi-
car essas áreas num território indica onde é necessário introduzir infraestrutura verde para
reduzir o efeito de ilhas de calor, melhorando a qualidade de vida da população e reduzindo
o consumo de energia para aliviar o calor.
Definição
Obter imagens de satélite com banda termal. As imagens dos seguintes satélites são disponibilizadas gratuitamente
na internet: Landsat-8, que dispõe de 2 bandas termais com resolução espacial original de 100 m, reamostradas para
30 m; Aster, que apresenta 5 faixas termais com resolução de 90 m; CBERS-4, que possui uma banda com resolução
de 80 m. Outra forma de obtenção de imagens para o mapeamento da temperatura de superfície é por meio de sen-
sores acoplados a aeronaves remotamente pilotadas (ARP). Para a obtenção da Temperatura da Superfície Terrestre
(TST) a partir de imagens do satélite Landsat-8, utiliza-se as seguintes fórmulas e parâmetros: Lλ = ML *Qcal + AL
onde:
T = Temperatura efetiva do satélite em Kelvin (K)
K2 = Constante de calibração 2 = 1.321.08 (K)
K1 = Constante de calibração 1 = 774.89 (K)
Lλ = Radiância espectral em Watts / (m2 sr μm)
Após esses procedimentos realizados na banda 10 do Landsat-8, os valores de temperatura em Kelvin são subtraídos
pelo seu valor absoluto, gerando uma nova imagem de temperatura em graus Celsius e gerado o mapa de tem-
peratura de superfície. Para definição de classes de prioridade, devem-se avaliar os dados gerados para a área de
interesse. Quanto maior a temperatura de superfície maior será a prioridade.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Redução do Efeito de Ilhas de Calor na área piloto
Tornar as cidades
e os assentamen-
Função ambiental: Equilíbrio Ambiental tos humanos
Identificador: Indicador 9 - I9 inclusivos, seguros,
resilientes e
Serviço ambiental: Melhoria da Qualidade do Ar
sustentáveis.
Categoria: Regulação
O indicador refere-se à densidade de árvores em vias com grande trânsito de veículos. Iden-
tificar vias sem árvores permite planejar a implantação de infraestrutura verde para fins de
redução da dispersão de material particulado – mistura de partículas líquidas e sólidas em
suspensão no ar. Os veículos são uma das principais fontes desse poluente, tornando impor-
tante a presença de árvores nas calçadas para formar uma barreira vegetal, possibilitando
sua retenção na biomassa aérea, com consequente melhoria da qualidade do ar local.
As vias com grande fluxo de veículos e as rotas de ônibus são obtidas pela base de dados do
município. Cada árvore da arborização urbana deve ser mapeada por pontos no limite de
10 m no entorno dessas vias. Alguns municípios têm as árvores mapeadas, bastando que
seja recortada para o buffer de 10 m no entorno das vias. A partir dos dados de pontos de
árvores, utiliza-se a ferramenta de densidade de pontos no Sistema de Informações Geográ-
ficas, com vizinhança (Neighbourhood) circular de 100 m de raio. Para a classificação do mapa
gerado de densidade de pontos, é necessária a análise estatística dos dados, considerando
apenas a amplitude útil para a classificação em três níveis, utilizando o método de classifica-
ção por intervalos naturais (método de otimização de Jenks). O próximo passo é vetorizar o
mapa gerado, para fazer o recorte com os limites do buffer de 10 m no entorno das vias, clas-
sificando em alta, média e baixa prioridade para aplicação de infraestrutura verde: quanto
menor a densidade de árvores, maior será a prioridade.
Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade do Ar na área piloto
As áreas do mapa síntese consideradas com com prioridade alta do mapa síntese, o qual vai
prioridade muito alta para implantação de in- variar de acordo com a área de estudo. Assim,
fraestrutura verde são as que agregaram maior quanto maior o intervalo, mais heterogênea
sobreposição de áreas de prioridade alta para será a situação ambiental da área de estudo,
cada indicador (de 19 a 21 áreas sobrepostas, podendo ser considerada uma maior quantida-
na área piloto). Já as áreas do mapa síntese de de classes diferentes para representá-la. Da
consideradas com prioridade muito baixa para mesma forma, quanto menor o intervalo, mais
aplicação de infraestrutura verde são as que homogênea será a situação ambiental da área
agregaram menor sobreposição de áreas de de estudo, requerendo menor quantidade de
prioridade alta para cada indicador (de 5 a 7 classes para representá-la.
áreas sobrepostas, na área piloto). As demais
classificações representam agregações inter- A indicação das áreas prioritárias para criação
mediárias de áreas de prioridade alta para cada de parques e unidades de conservação, é outro
indicador, que, na área piloto, teve a seguinte resultado que pode ser obtido na análise da
distribuição: alta, de 16 a 18 áreas sobrepostas; situação ambiental da área de estudo. Esse
média, de 11 a 15 áreas sobrepostas; e baixa, resultado, descrito a seguir, gerou um mapa de
de 8 a 10 áreas sobrepostas. Deve-se salientar oportunidades de criação de parques e unida-
que a definição das cinco classes de prioridade des de conservação para a área de estudo, o
(muito alta, alta, média, baixa e muito baixa) de- que ampliará o fornecimento de serviços
penderá do intervalo de sobreposições de áreas ambientais a partir da implantação de infraes-
trutura verde.
Proteger, recupe-
rar e promover o
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo Gênico uso sustentável
de Fauna e Flora dos ecossistemas
Serviço ambiental: Manutenção da Diversidade terrestres, gerir
de forma sustentável as florestas,
Genética (Fluxo Gênico)
combater a desertificação, deter e
Categoria: Suporte
reverter a degradação da terra e
deter a perda de biodiversidade
Uma escala de avaliação foi definida e aplicada para identificar o potencial de cada
tipologia em fornecer os serviços ambientais, onde: (-) significa potencial nulo ou
não se aplica; (+) significa menor potencial e (++) significa maior potencial. Para
esta avaliação foram consideradas as tipologias prioritárias que pudessem atender
às necessidades dos gestores, procurando entender a escala de aplicação para
situações reais da cidade.
Áreas Verdes
Urbanas (par- (++) (+) (++) (+) (++) (++) (+) (++) (++)
ques urbanos,
praças, zoo)
Espaços Natu-
rais Protegidos (++) (++) (++) (++) (++) (+) (+) (+) (+)
(UC, RL, TI - pe-
riurbano, rural)
Cinturão Verde-
-greenbelt (++) (++) (++) (+) (++) (+) (+) (+) (+)
(conecta áreas
urbanas e rurais)
Corredores Ver-
des Urbanos
(corredores (++) (++) (++) (++) (++) (++) (+) (++) (++)
ripários, parques
66
lineares)
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo- Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
gias de infraestrutu- Gênico de Fau- ções Humanas
ra verde na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição da ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar
/ Caminhos
Verdes
Vias de Uso
Múltiplo / Ruas (+) (+) (+) (+) (+) (++) (+) (++) (-)
Completas
Agricultura
(+) (+) (+) (-) (-) (++) (+) (+) (+)
Urbana / Hortas
Comunitárias
Lagoa Pluvial /
Bacia de Reten- (++) (++) (++) (-) (-) (+) (+) (+) (++)
ção*
67
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo- Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
gias de infraestrutu- Gênico de Fau- ções Humanas
ra verde na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar
Construído /
Wetland *
Lagoa Seca * (++) (+) (++) (-) (-) (+) (+) (+) (+)
Canteiro Pluvial (-) (-)
(+) (+) (+) (+) (+) (+) (+)
*
Jardim de (++) (+) (+) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Chuva *
68
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo-
gias de infraestrutu-
Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
ra verde Gênico de Fau- ções Humanas
na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar
Biovaleta *
Bioengenharia (++) (++) (++) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
de Solos *
Pavimento (-) (-) (-) (-) (-)
(++) (++) (++) (+)
Permeável*
Interseção
(+) (+) (+) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Viária *
69
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo-
gias de infraestrutu-
Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
ra verde Gênico de Fau- ções Humanas
na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Di- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, minuir a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar
Telhado Verde (+) (+) (+) (+) (+) (+) (-) (+) (+)
Cisterna (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+)
Espaços Verdes
Particulares (++) (+) (+) (+) (+) (+) (-) (+) (++)
(jardins)
70
(*) Melhores Práticas de Manejo de Águas Pluviais (MPM); Práticas de Desenvolvimento de Baixo Impacto (LID)
( - ) potencial nulo; ( + ) < potencial; ( ++ ) > maior potencial
No ambiente de SIG, consultando a tabela de atributos do mapa síntese resultante
do cruzamento do mapeamento dos diferentes indicadores de serviços ambien-
tais, é possível reconhecer os serviços ambientais mais deficitários em cada área
mapeada. Assim, por meio da consulta da Matriz de Correlação entre Infraestrutu-
ra Verde e Serviços Ambientais será possível identificar o grupo de tipologias mais
adequadas para implantação na área, levando-se em consideração a escala de
aplicação, bem como os recursos disponíveis.
!
ATENÇÃO: Se a Prefeitura não dispuser de profissional com experiência
em SIG, pode-se utilizar somente a Matriz de Correlação entre Infraestru-
tura Verde e Serviços Ambientais aplicada ao conhecimento dos gestores
sobre a realidade local.
Onde:
O ISN de cada serviço ambiental para cada unidade territorial a ser analisada na
área de estudo, permite responder algumas questões importantes para o planeja-
mento regional da paisagem relacionado à implantação de infraestrutura verde:
!
ATENÇÃO: A unidade territorial de análise pode ser tanto o município
como um todo, quanto a subprefeitura, bairro, etc.
Essa análise pode ser feita para a área de estudo como um todo (por exemplo:
subprefeitura do Butantã), utilizando-se a área total de cada classe de prioridade
para o cálculo do ISn, ou para uma porção da área de estudo, calculando-se o ISn
para cada unidade territorial de análise (por exemplo: distritos do Butantã, Mo-
rumbi, Raposo Tavares, Rio Pequeno ou Vila Sônia).
ARTMANN, M.; BASTIAN, O.; GRUNEWALD, K. Using the concepts of green infrastructure and
ecosystem services to specify Leitbilder for compact and green cities-the example of the landscape
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CORMIER, N. S.; PELLEGRINO, P. R. M. Infra-estrutura verde: uma estratégia paisagística para a água
urbana. Paisagem e Ambiente, n. 25, p. 127-142, 2008
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