Guia Metodologico para Implantacao de Infraestrutura Verde

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Guia Metodológico

para Implantação de
Infraestrutura Verde

patrocínio
Equipe Técnica
Organizadora Autores (em ordem alfabética)

Maria Lucia Solera Aline Ribeiro Machado


Ana Candida Melo Cavani
Caroline Almeida Souza
Projeto gráfico
Maria Lucia Solera
Mariana Hortelani Carneseca Longo
Marina de Almeida Nunes
Giuliana Del Nero Velasco
Priscila Ikematsu
Ano de publicação: 2020
Raquel Dias Aguiar Moraes Amaral

patrocínio
Agradecimentos
Aos pesquisadores Caio Pompeu Cavalhieri, Edna Baptista dos Santos Gubitoso,
Luiz Gustavo Faccini e Paula Kaori Yamamura Ielo

Aos estagiários Keila Karoline Magalhães Marques e Gabriel Queiroz Souza

À auxiliar administrativa Stephanie Marinho Cordeiro

Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT

À Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas - FIPT

3 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Sumário
Apresentação 05
1. O que é Infraestrutura Verde? 08
Escala de aplicação: Regional 12
Escala de aplicação: Local 14
Escala de aplicação: Particular 20
2. Serviços ambientais aplicados à Infraestrutura Verde 22
3. Passo a passo 27
Fichas descritoras dos indicadores 33
Matriz de correlação entre infraestrutura 66
verde e serviços ambientais

4. Considerações 75
Referências 77
Lista de Siglas 78

4 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Apresentação

5 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde 5


Apresentação
Quais os problemas de uma cidade? Ilhas de calor,
má drenagem, solo exposto, arborização urbana
Quais as
inadequada, impermeabilização do solo, baixa
qualidade da água... Quais as necessidades do
necessidades
município para promover a qualidade de vida dos do município
cidadãos e o melhor uso dos recursos naturais? Como
responder a essas questões para auxiliar os gestores para promover
públicos a encontrar soluções para os problemas da sua
cidade e, ao mesmo tempo, fornecer melhor qualidade
a qualidade
de vida a sua população?
de vida dos
É fato que a população urbana tem crescido cidadãos?
significativamente e, consequentemente, as cidades
enfrentarão inúmeros desafios para atender
às necessidades de seus habitantes. É de suma
importância que as cidades sejam planejadas,
cidadãos – os chamados serviços
integrando seus diversos elementos naturais e
ambientais. Assim, a infraestrutura
construídos. Sempre visando a melhor qualidade de
verde pode ser uma alternativa para
vida dos cidadãos e o melhor uso dos recursos naturais,
mitigar a degradação da paisagem
a gestão de um município exige, obrigatoriamente,
urbana, além de proporcionar
pensar em sustentabilidade, redução e aproveitamento
serviços ambientais essenciais para a
de resíduos e, principalmente, em equilíbrio entre
sustentabilidade das cidades.
elementos antrópicos e naturais. As áreas verdes e
permeáveis devem ser inseridas no contexto urbano,
Por reconhecer a importância desse
possibilitando a existência de uma cidade com maior
tema, este guia apresenta uma
qualidade de vida.
metodologia para auxiliar os gestores
públicos a identificar e priorizar áreas
A conservação e restauração da paisagem natural,
para a implantação da infraestrutura
como florestas, banhados e áreas de inundação, são
verde, principalmente no âmbito
componentes essenciais da chamada infraestrutura
municipal, com o objetivo de melhorar
verde. Quando estas áreas sensíveis são protegidas
a qualidade de vida nas cidades
ou implantadas, ocorre uma melhoria na qualidade
e colaborar com programas de
da água e nas condições do habitat da vida silvestre,
políticas públicas voltados ao
além da geração de oportunidades de recreação,
desenvolvimento sustentável.
proporcionando aumento da qualidade de vida dos

6 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Apresentação

A base da metodologia desenvolvida foi identificar as funções ambientais


relacionadas às tipologias de infraestrutura verde e seus respectivos indicadores,
utilizando como área piloto de aplicação os distritos da subprefeitura do Butantã,
no município de São Paulo. O resultado da aplicação da metodologia nessa área
foi a indicação das tipologias multifuncionais da infraestrutura verde possíveis de
serem implantadas nas áreas prioritárias identificadas.

Cada município, ou área de aplicação, poderá usufruir do guia para conhecer


as situações ambientais de sua região por meio de indicadores, definir áreas
prioritárias para ampliação do provimento de serviços ambientais e, finalmente,
selecionar as tipologias de infraestrutura verde apropriadas à sua realidade.

Espera-se que, com este guia, os gestores públicos sejam capazes de identificar e
priorizar as áreas com os maiores déficits de funções ambientais em seu municí-
pio e de escolher diferentes tipologias de infraestrutura verde para implantação,
especialmente na área urbana, ampliando a provisão de serviços ambientais para
os cidadãos.

Este guia está estruturado em capítulos que abordam questões conceituais sobre
infraestrutura verde e serviços ambientais (Capítulos 1 e 2), seguidos por capítulo
que descreve o passo a passo da aplicação da metodologia (Capítulo 3) e pelo capí-
tulo de fechamento, que aponta as limitações da aplicação da metodologia e indica
recomendações para superá-las (Capítulo 4).

Este guia é resultado do Projeto de Capacitação “Desenvolvimento de soluções


tecnológicas para infraestrutura verde”, executado pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), por meio do financiamento da Fundação de Apoio ao Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (FIPT) - Edital de 2017 – Projeto Multidisciplinar –
Modalidade de Projetos de PD&I.

Bom trabalho!

7 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


1.
O que é
Infraestrutura Verde

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde 8


1.
O que é
Infraestrutura Verde?
Por que a infraestrutura verde
é importante para o planejamento
municipal?

A infraestrutura verde mantém os processos ecológicos naturais, assegura a


qualidade do ar e dos recursos hídricos e contribui com a saúde e a qualidade
de vida das comunidades (FIREHOCK, 2010). Busca imitar a natureza por meio da
adoção de uma engenharia suave, trabalhando com a paisagem e se aproveitando
dela para dar soluções multifuncionais e sustentáveis de longo prazo (BRANDÃO,
CRESPO, 2016).

A infraestrutura verde adota o princípio da multifuncionalidade, como a capacida-


de de responder, de forma simultânea, às múltiplas funções e benefícios
atribuídos aos espaços verdes, atuando em diferentes escalas, a depender da
sua aplicação:

• escala de paisagem: prioriza a conexão da vida silvestre, e necessariamente,


maximiza a cobertura florestal no local.
• escala local: abrange, primeiramente, a cobertura das copas das árvores,
as condições de sanidade da arborização urbana, florestas ripárias, conexão
entre os parques da cidade, estradas verdes, jardins comunitários, pavimentos
permeáveis e as outras práticas de infiltração da água de chuva.
• escala particular: limita-se às áreas com necessidade de instalação de jardins
verticais, telhados verdes e jardins particulares.

A infraestrutura verde abrange soluções diversas em diferentes escalas de aplica-


ção e tem capacidade de promover espaços verdes multifuncionais e se integrar

9 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


com a infraestrutura cinza, que são intervenções ra verde, como componente de um ambiente
com base na engenharia convencional. Dessa sustentável, é intrinsecamente interdisciplinar
forma, tem a capacidade de agregar múltiplos (AHERN, 2009). Isso ocorre porque a maioria
serviços ambientais à infraestrutura cinza. das tipologias de infraestrutura verde apresenta
soluções para a prevenção e a recuperação de
Quanto aos aspectos multifuncionais e multies- processos da degradação urbana, resultando na
cala da infraestrutura verde, estes se destinam a provisão de diversos serviços ambientais.
fortalecer as conexões entre diferentes tipos de
espaços verdes e com a infraestrutura cinza. A abordagem do uso de infraestrutura verde no
planejamento e ordenamento urbano é tendência
A infraestrutura verde pode auxiliar na promo- mundial, dado que sua implantação pode colabo-
ção das cidades compactas, propiciando melhor rar com o cumprimento dos Objetivos de Desen-
qualidade de vida, enquanto que sua redução, volvimento Sustentável indicados pela Organiza-
como efeito da ocupação urbana, leva a perda ção das Nações Unidas (BOX 1.1). Já na esfera das
dos serviços ambientais existentes na cidade políticas públicas locais, essa abordagem pode
(ARTMANN; BASTIAN; GRUNEWALD, 2017). auxiliar no avanço dos resultados de programas
de gestão, como o Programa Município Verde
O planejamento e implantação de infraestrutu- Azul do Estado de São Paulo (BOX 1.2).

1.1: Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável (ODS)
Os Objetivos de Desenvolvimento Susten- (ONU BRASIL, 2018).
tável (ODS) foram estabelecidos pela Or- Os 17 ODS, com suas 169 metas a serem
ganização das Nações Unidas (ONU) para alcançadas até 2030, formam uma agenda
compor uma nova agenda de desenvolvi- para o equilíbrio da prosperidade huma-
mento sustentável, substituindo os Obje- na com a proteção do planeta. Além das
tivos de Desenvolvimento do Milênio. O questões econômicas, os ODS consideram
compromisso foi estabelecido em setembro as questões humanas e ambientais, visan-
de 2015, quando 193 Estados-membros da do atender às necessidades das gerações
ONU adotaram os ODS com o compromisso atuais e futuras. Mais detalhes no site da
de erradicar a pobreza, a desigualdade, a in- ONU https://nacoesunidas.org/pos2015/
justiça e combater as mudanças climáticas agenda2030/

10 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


1.2: Programa Município Verde Azul (PMVA)

O Programa Município Verde Azul (PMVA), com as prefeituras paulistas na elaboração


do Governo do Estado de São Paulo, que e execução de suas políticas públicas estra-
tem como finalidade medir e apoiar a efici- tégicas voltadas ao desenvolvimento sus-
ência da gestão ambiental com a descentra- tentável do estado de São Paulo. Maiores
lização e valorização da agenda ambiental informações sobre o PMVA e suas diretivas
nos municípios, apresenta dez diretivas podem ser consultadas no site do Progra-
norteadoras da agenda ambiental local que ma: https://www.infraestruturameioambien-
inclui temas estratégicos. O objetivo princi- te.sp.gov.br/verdeazuldigital/
pal desse programa é incentivar e contribuir

1.1 Tipologias multifuncionais


Para auxiliar os gestores públicos a desenhar a rede de infraestrutura verde compatível à sua rea-
lidade, apresentam-se, neste guia, as diferentes tipologias multifuncionais de infraestrutura verde.
Essas tipologias estão classificadas por escala de aplicação, contendo breve descrição, campo de
aplicação, vantagens e limitações, visando auxiliar o gestor público na composição da infraestrutura
verde mais adequada à realidade de seu município.

11 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


REGIONAL
Escala de aplicação Escala de paisagem (bacia hidrográfica)

Áreas Verdes Urbanas

Descrição Aplicação
conjunto de áreas áreas públicas não edificadas
intraurbanas com cobertura
vegetal arbórea nativa e Vantagens
introduzida, arbustiva ou • melhoria do microclima e da
rasteira contribuindo para a qualidade do ar
qualidade de vida e equilíbrio • proteção do solo e corpos
ambiental nas cidades d’água
Foto: Parque da Cidade • atenuação do desequilíbrio
(Jundiaí - SP). IPT (2019) Limitações climático
não identificada • refúgio para a vida silvestre
• qualidade de vida
• equilíbrio ambiental

Espaços Naturais Protegidos

Descrição Aplicação
são Unidades de Conservação áreas públicas não edificadas
(UC) que asseguram a
representatividade de Vantagens
amostras significativas e
• proteção dos ecossistemas
ecologicamente viáveis
e biodiversidade
das diferentes populações,
• regulação do microclima
habitats e ecossistemas do
• qualidade de vida
Foto: Parque Natural Municipal território nacional e das águas
• equilíbrio ambiental
Morro do Ouro (Apiaí, SP). jurisdicionais, preservando o
• turismo sustentável
IPT (2018) patrimônio biológico existente
• proteção de belezas naturais
• educação ambiental
Limitações
• restrição da expansão urbana

12 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


REGIONAL
Escala de aplicação Escala de paisagem (bacia hidrográfica)

Cinturão Verde (greenbelt)

Descrição Aplicação
espaços territorialmente nas cidades
demarcados com a função
de conservar e/ou preservar Vantagens
os recursos naturais e/ou • melhoria da qualidade do ar
culturais a eles associados, • qualidade de vida
utilizados como estrutura para o • manutenção do microclima
desenvolvimento e preservação da região e da diversidade
Foto: Limeira, SP. IPT (2016) de ecossistemas naturais genética
• educação ambiental
Limitações
compatibilizar a manutenção
do habitat com a agricultura

Corredores Verdes Urbanos

Descrição Aplicação
espaços livres lineares espaços livres para recreação
servindo como conexão entre
fragmentos e que integram Vantagens
equipamentos e outras áreas
• conexão de fragmentos
com funções importantes para
de vegetação
a cidade
• melhoria do microclima
Limitações • manutenção da
Foto: Mairiporã, SP. biodiversidade
IPT (2019) • restrição da expansão urbana
• proteção dos cursos d’água

13 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Ruas Verdes / Caminhos Verdes

Descrição Aplicação
são ruas arborizadas que nas ruas das cidades
integram o manejo das
águas pluviais compostas por Vantagens
canteiros pluviais; circulação • conexão para avifauna
viária mais restrita; preferência e microfauna
para pedestres e ciclistas e sem • amenização do clima
circulação de veículos pesados • limitação do tráfego de
Foto: Araraquara, SP. veículos pesados
Luccas Longo (2019) Limitações • redução da carga difusa
necessidade de calçada com
espaço adequado para plantio
de árvores

Vias de Uso Múltiplo / Ruas Completas

Descrição Aplicação
são vias que conciliam a nas vias das cidades
arborização urbana com
diversos usos: veículos, Vantagens
pedestres, ciclovias; paradas
• conciliação de diversos usos
de ônibus; mobiliário urbano;
como veículos, pedestres
bancos, áreas com mesas de
e ciclovias seguras
bares e restaurantes, bancas
Foto: Santos, SP. IPT (2019) de jornal e telefones públicos

Limitações
não identificada

14 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Agricultura Urbana / Hortas Comunitárias

Descrição Aplicação
são hortas comunitárias ou • espaços residuais
particulares onde se realizam • áreas não ocupadas
cultivos, idealmente sem • fachadas
agrotóxicos, em espaços
residuais, áreas não ocupadas, Vantagens
fachadas e tetos verdes • socialização, educação
podendo ser de diferentes e geração de renda monetária
Foto: São Paulo (SP). tamanhos e não monetária
Luiz Campanha (2019)
Limitações
não identificada

Lagoa Pluvial /Bacia de Retenção

Descrição Aplicação
são lagoas que funcionam grandes áreas abertas
como bacias de retenção
recebendo o escoamento Vantagens
superficial de outros sistemas,
• armazenamento de grandes
onde a água pluvial permanece
quantidades de água
retida na estrutura, como se
• recuperação da qualidade
fosse um alagado construído,
da água
Foto: Seattle, Washington. porém não destinado a
• cooperação com o habitat
Paulo R. M. Pellegrino e Natha- receber efluentes
niel S. Cormier (2008)
Limitações
necessidade de grandes áreas

15 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Alagado Construído / Wetland

Descrição Aplicação
superfície vegetada coberta ambientes urbanos
por água formada por zona de
entrada: bacia de sedimenta- Vantagens
ção para remover sedimentos • purificação das águas pluviais
grossos e médios; zona macró- • promoção da retenção/
fita: área rasa com vegetação remoção de contaminantes
para remover partículas finas e
Foto: Parque Natural Municipal poluentes solúveis; e canal de Limitações
Fazenda do Carmo (São Paulo, “bypass”: alto fluxo para prote-
não identificada
SP). IPT (2019) ger a zona de macrófitas

Lagoa Seca

Descrição Aplicação
depressão vegetada que • vias urbanas
recebe as águas das chuvas • rios
contribuindo para diminuir • parques lineares
o escoamento superficial, • jardins públicos e privados
retardando a entrada das
águas no sistema de drenagem Vantagens
e possibilitando a infiltração
• redução do escoamento
Foto: Osasco (SP). IPT (2019) com a recarga de aquíferos
superficial
• quando seca, possibilita
Limitações
o uso para recreação
não identificada

16 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Canteiro Pluvial

Descrição Aplicação
são jardins de chuva • vias urbanas próximas
compactados para pequenos ao meio fio
espaços auxiliando no • edifícios
processo de evaporação,
evapotranspiração e infiltração Vantagens
• purificação das águas pluviais
Limitações
• redução do escoamento
Foto: Portland, Oregon. • risco de contaminar o solo superficial e de ilhas
Paulo R. M. Pellegrino e • risco de contaminar o lençol de calor
Nathaniel S. Cormier (2008) freático • promoção da biodiversidade
• captura de CO2

Jardim de Chuva

Descrição Aplicação
são depressões topográficas • áreas residenciais
existentes ou reafeiçoadas • vias urbanas próximas
para receberem o escoamento ao meio fio
da água pluvial proveniente • hortas
de telhados e demais áreas
impermeáveis limítrofes Vantagens
• purificação das águas pluviais
Foto: São Paulo (SP). Limitações • manutenção da
IPT (2019) • necessidade de grandes biodiversidade
espaços para implantação • redução de ilhas de calor
• captura de CO2
• redução do escoamento
superficial

17 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Biovaleta

Descrição Aplicação
são depressões lineares preen- • vias urbanas próximas
chidas com vegetação, solo e ao meio fio
elementos filtrantes para pro- • estacionamentos
mover a filtração de poluentes
e a infiltração da água, podendo Vantagens
ou não direcionar a água para • redução do escoamento
um outro sistema como o jardim superficial
Foto: Seattle, Washington. de chuva • reposição do lençol freático
Paulo R. M. Pellegrino e • elemento estético
Limitações
Nathaniel S. Cormier (2008)
não recomendada para áreas
densamente urbanizadas

Bioengenharia de Solos

Descrição Aplicação
tecnologia utilizada para esta- taludes, encostas e ambientes
bilizar e/ou recompor ambien- fluviais degradados
tes em diferentes contextos
de degradação – encostas e Vantagens
ambientes fluviais, combinan-
• aumento da estabilidade
do vegetação com materiais
de encosta
inertes, com ganhos ecológi-
• melhoria do regime hídrico
Foto: Faxinal do Soturno (RS). cos, estéticos e econômicos
do solo
Fabrício J. Sutili (2005)
Limitações • criação e provisão de habitats

• necessidade de de obra
especializada
• limitação no período de
dormência das sementes
• disponibilidade de espécies
adaptadas às condições locais

18 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


LOCAL
Escala de aplicação Escala de ruas, bairros e praças

Pavimento Permeável

Descrição Aplicação
são pavimentos que per- • calçadas
mitem a infiltração da água • estacionamentos
das chuvas por não possuir • quintais residenciais
agregados miúdos em sua • espaços públicos de lazer
composição
Vantagens
Limitações
• redução do escoamento
Foto: Instituto de Pesquisas risco de contaminar o lençol superficial
Tecnológicas (São Paulo, SP). freático • recarga do lençol freático
IPT (2019) • filtragem de alguns poluentes
• redução de acúmulo de água
da chuva

Interseção Viária

Descrição Aplicação
são ilhas de distribuição de vias urbanas
trânsito viário com áreas vege-
tadas em seu interior
Vantagens
Limitações • organização viária
não identificada • coleta de água das chuvas
• aumento da biodiversidade
Foto: São Paulo (SP).
• criação e provisão de habitats
IPT (2019)
• amenização do microclima
• melhoria do visual estético

19 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


PARTICULAR
Escala de aplicação Escala de edificação

Jardim Vertical

Descrição Aplicação
são todas as formas de cresci- qualquer superfície delimitada
mento e desenvolvimento da verticalmente
vegetação em uma superfície
vertical, podendo ser plantada Vantagens
diretamente no solo, em jardi-
melhoria do conforto térmico
neiras ou em outras estruturas
de suporte
Foto: São Paulo (SP).
IPT (2019) Limitações
se mal empregada, pode gerar
infiltrações e acúmulo de água

Telhado Verde

Descrição Aplicação
estrutura que pode substituir a • recobrimento da cobertura
área natural de infiltração das de edificações
águas alterada pela edificação,
podendo ser extensivas ou Vantagens
leves (plantas de pequeno
• detenção e retardamento da
porte - solo raso) e sistemas
entrada das águas no sistema
intensivos (plantas de grande
de drenagem
Foto: Unidade de Conservação porte - solo profundo)
• redução da temperatura
Legado das Águas (Miracatu,
interna das edificações
SP). IPT (2018) Limitações
• criação e provisão de habitats
• ocorrência de infiltração
e umidade na edificação

20 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


PARTICULAR
Escala de aplicação Escala de edificação

Cisterna

Descrição Aplicação
estrutura utilizada para coletar aumentar a eficiência do uso
a água das chuvas para reuso das águas das chuvas
como o consumo humano ou
animal, irrigação de culturas, Vantagens
limpeza ou fins sanitários
redução do escoamento
superficial
Limitações
Foto: São Paulo (SP). necessidade de espaço
IPT (2019)

Espaços Verdes Particulares (jardins)

Descrição Aplicação
são áreas verdes permeáveis • casas e condomínios
inseridas em propriedades parti- residenciais
culares (residências, clubes de • condomínios comerciais
lazer, escolas, áreas de lazer de
condomínios, comércio), como Vantagens
quintais, jardins e pomares,
• beleza cênica
onde o acesso para qualquer ci-
• sensação de bem estar
Foto: Vinhedo (SP). dadão, nem sempre é permitido
• contemplação
Leo Longo (2019)
• recreação
Limitações
• redução do escoamento
não identificada superficial

21 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


2.
Serviços ambientais
aplicados à
Infraestrutura Verde

22 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde 22


2. Serviços ambientais aplicados à

Infraestrutura
Verde
Os serviços ambientais são todas as atividades
humanas que favorecem a conservação ou a
Serviço de provisão Serviços culturais
Produtos obtidos a Benefícios melhoria dos ecossistemas e, como consequên-
partir dos ecossistemas imensuráveis de cia, contribuem com a manutenção dos serviços
natureza educacional,
estético-paisagista, ecossistêmicos fornecidos (MINISTÉRIO DO
recreativa ou religiosa MEIO AMBIENTE, 2019). Os espaços verdes das
cidades, como parques urbanos, praças e ruas
arborizadas, são exemplos de infraestrutura
Serviços Ambientais
verde que fornecem serviços ambientais no
ambiente urbano, relacionados ao bem estar da
Serviço de regulação Serviços de população, ao equilíbrio ambiental, à proteção
Benefícios obtidos a suporte dos recursos hídricos e do solo e à conservação
partir de processos Serviços que contri-
naturais que regulam as buem para a produção da biodiversidade (BOX 2.1). A Avaliação Ecos-
condições do ambiente de outros serviços sistêmica do Milênio (MILLENNIUM ECOSYS-
TEM ASSESSMENT, 2003) classifica os serviços
ecossistêmicos em quatro categorias: provisão,
regulação, culturais e de suporte (Figura 2.1).

É importante ressaltar que existem duas termi-


Figura 2.1 – Categorias de serviços ambientais
nologias mais comumente usadas para se refe-
(MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2003).
rir aos benefícios gerados pela natureza para a
qualidade de vida: serviços ambientais e servi-
ços ecossistêmicos (BOX 2.2). Neste guia ado-
tou-se a terminologia serviços ambientais por se
basear na intervenção humana sobre o am-
biente urbano e por ser um termo amplamente
difundido no Brasil, especialmente devido aos
diversos programas de pagamento por serviços
ambientais (PSA) em implantação no país.

23 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


2.1 - Serviços ambientais associados à infraestrutura verde por categoria
(MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2003).

Categoria de Ser- Serviços Ambien- Função Ambien-


viço Ambiental tais Associados tal Relacionada
à Infraestrutura
Verde

Provisão: relacionados Provisão de: alimentos, Bem estar das Populações


com a capacidade dos água, recursos medicinais Humanas
ecossistemas em prover e matéria-prima
bens: alimento (frutos,
raízes, pescado, caça,
mel); matéria-prima para a
geração de energia (lenha,
carvão, resíduos, óleos);
fibras (madeiras, cordas,
têxteis); fitofármacos;
recursos genéticos e
bioquímicos; plantas
ornamentais e água.

Reguladores: benefícios Manejo da água de chuva, Proteção dos Recursos


obtidos a partir de Aumento da drenagem Hídricos e do Solo,
processos naturais que natural, Diminuição da Equilíbrio Ambiental,
regulam as condições sobrecarga do sistema de Biodiversidade e Fluxo
ambientais que sustentam drenagens convencionais, Gênico de Fauna e Flora e
a vida humana, como: Redução do escoamento Bem estar das Populações
purificação do ar, superficial, Mitigação dos Humanas
regulação do clima, eventos hídricos extre-
purificação e regulação mos, Controle da poluição
dos ciclos das águas, difusa, Aumento da área
controle de enchentes e filtrante, Diminuição da
de erosão, tratamento de perda de solo, Descom-
resíduos, desintoxicação pactação do solo, Manu-
e controle de pragas e tenção da fertilidade do
doenças. solo, Manutenção da umi-
dade do ar, Redução do
efeito das ilhas de calor,
Melhoria da qualidade do
ar, Captura de CO2, Dimi-
nuição do gradiente térmi-
co, Controle biológico,
Polinização, Redução de
ruído, Quebra-vento

24 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Categoria de Ser- Serviços Ambien- Função Ambien-
viço Ambiental tais Associados tal Relacionada
à Infraestrutura
Verde

Culturais: relacionados Recreação, Saúde física Bem estar das Populações


com a importância dos e mental, Turismo, Humanas
ecossistemas em oferecer Experiência natural,
benefícios recreacionais, Convívio social e cultural,
educacionais, estéticos e Valorizar os imóveis,
espirituais. Diminuir a vulnerabilidade
social, Identidade,
Melhoria estética das
cidades (beleza cênica) e
Manutenção de habitat

Suporte: processos Manutenção da diversida- Biodiversidade e Fluxo


naturais necessários para de genética Gênico de Fauna e Flora
que os outros serviços
existam, como a ciclagem
de nutrientes, a produção
primária, a formação de
solos, a polinização e a
dispersão de sementes.

25 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


2.2: Serviços ecossistêmicos e serviços
ambientais

Serviços ecossistêmicos são os bens e bene- intervenções humanas. Portanto, tipologias


fícios que os ecossistemas fornecem às pes- de infraestrutura verde fornecem serviços
soas e as contribuições (diretas e indiretas) ambientais, já que representam benefícios
dos ecossistemas para o bem-estar huma- advindos dos ecossistemas manejados pelo
no. Já os serviços ambientais são os bene- homem.
fícios à qualidade de vida, provenientes de

O planejamento da implantação de uma combinação de tipologias de infraestru-


tura verde pode proporcionar múltiplas funções ecológicas, sociais e econômicas,
melhorando a qualidade de vida no ambiente urbano, por meio da provisão de
serviços ambientais de diferentes categorias. Diferentes tipologias de infraestru-
tura verde apresentam potencial de fornecimento de serviços ambientais, que
dependem de sua natureza e escala de aplicação.

26 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


3.
Passo a Passo

27 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde 27


3. Passo a Passo
Este guia sugere quatro passos principais para a escolha da
melhor rede de infraestrutura verde para atender às necessida-
des de um município: 1) Conhecer as tipologias de infraestrutura
verde e os serviços ambientais associados; 2) Conhecer a situa-
ção ambiental atual por meio de indicadores; 3) Definir as áreas
prioritárias para ampliação do provimento de serviços ambientais
por meio da implantação de infraestrutura verde; e 4) Selecionar
as tipologias de infraestrutura verde apropriadas à realidade do
município (Figura 3.1).

Figura 3.1: Passos para a seleção das tipologias de infraestrutura verde apropriadas à realidade do município.

1. Conhecer as 2. Conhecer 3. Definir áreas 4. Selecionar


tipologias de prioritárias tipologias de
a situação
infraestrutura para ampliação infraestrutura
ambiental
verde e os serviços de serviços verde
ambientais por meio de
indicadores ambientais
associados

1.1. Serviços ambientais


associados à infraestrutura verde

2.1. Indicadores de serviços 2.2. Mapeamento dos serviços


ambientais ambientais (SIG)

4.1. Matriz de serviços ambientais x 3.1. Áreas prioritárias (Mapa


infraestrutura verde síntese dos indicadores)

1.2. Tipologias de 4.2. Seleção da infraestrutura


infraestrutura verde verde (aplicação ao problema)

28 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Para ilustrar o método proposto e permitir que ele seja replicado com sucesso em
outros contextos, este guia traz uma experiência real de mapeamento das áreas
prioritárias para ampliação do provimento de serviços ambientais, por meio da
implantação de infraestrutura verde na Subprefeitura do Butantã, localizada no
município de São Paulo-SP (BOX 3.1).

3.1: Área piloto

A Subprefeitura do Butantã é uma das 32 Tavares e Rio Pequeno. Existem importan-


subprefeituras do município de São Paulo. tes equipamentos públicos, institucionais e
Está composta por cinco distritos: Butan- sociais, como a Universidade de São Paulo,
tã, Morumbi, Vila Sônia, Raposo Tavares o Instituto Butantan, o Palácio dos Bandei-
e Rio Pequeno, ocupando 56,4 km², o que rantes e o Jóquei Clube. Abriga áreas ver-
corresponde a 3,7% da área do município. des, parques municipais como os Parques
Caracteriza-se pelo uso predominante- da Previdência; Luís Carlos Prestes; Alfredo
mente residencial, horizontal, de médio e Volpi e Raposo Tavares, e um número signi-
alto padrão, principalmente nos Distrito de ficativo de praças públicas. Essa diversidade
Morumbi, Butantã e Vila Sônia. O uso para de usos justificou sua utilização como piloto
comércio e serviços e a população de baixa para o projeto.
renda se concentram nos Distritos Raposo

Subprefeitura do Butantã e seus Distritos (Área piloto).

29 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


3.1 Conhecer as tipologias de
infraestrutura verde e os serviços
ambientais associados
Nos capítulos anteriores, apresentamos as diferentes tipologias de infraestrutura
verde (Capítulo 1), bem como os serviços ambientais que podem ser mantidos ou
melhorados a partir da implantação dessas técnicas (Capítulo 2). A abordagem
descrita neste guia parte desse levantamento, que permite aos gestores conhe-
cerem as tipologias existentes e os serviços ambientais associados à infraestru-
tura verde. No entanto, outras tipologias, bem como outros serviços ambientais,
podem ser adicionados ao método proposto nesse guia.

3.2 Conhecer a situação ambiental


por meio de indicadores
Planejar uma rede de infraestrutura verde significa compreender determinada
paisagem e definir quais são os espaços a serem preservados ou recuperados e
de que forma eles serão incorporados à cidade. Uma das maneiras possíveis para
fazer esse planejamento é a utilização de indicadores ambientais que representem
a realidade atual e reflitam as potencialidades, fragilidades, acertos e conflitos a
serem enfrentados pelos gestores.

Desse modo, essa etapa consiste na leitura do território por meio de indicadores
que possam ser quantificados, analisados quanto à sua importância e associados
ao conjunto de dados do município. Este guia recomenda a análise de 13 indicado-
res, os quais representam nove serviços ambientais e quatro funções ambientais
(Figura 3.2). Tais indicadores foram propostos de forma a retratar as áreas priori-
tárias para a ampliação do provimento de serviços ambientais por meio da aplica-
ção da infraestrutura verde no meio urbano.

O mapeamento dos indicadores ambientais no território é fundamental para for-


necer subsídios ao planejamento e tomada de decisão. Os mapas auxiliam na ava-
liação e na visualização de áreas prioritárias para a implantação da infraestrutura
verde visando à manutenção, recuperação ou ampliação dos serviços ambientais
mais importantes no contexto municipal.

Para o mapeamento, devem-se reunir informações cartográficas da melhor quali-


dade possível, considerando os dados disponíveis em bases existentes. A descrição
do processamento adotado para o cálculo de cada indicador está sistematizada
nas fichas descritoras dos indicadores, a seguir apresentadas. Além da forma de
obtenção dos dados e do cálculo do indicador, as fichas mostram a relação com
os ODS, com vistas a incentivar e contribuir com as prefeituras na elaboração e
execução de suas políticas públicas.

30 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Figura 3.2: Funções, serviços e indicadores ambientais relacionados à infraestrutura verde.

F1 - Função Ambiental F1 - Função Ambiental F1 - Função Ambiental


Proteção dos recursos Proteção dos recursos Proteção dos recursos
hídricos hídricos hídricos

S1 - Serviço S2 - Serviço S3 - Serviço Am-


Ambiental Ambiental biental associado à
infraestrutura verde
Manutenção da vazão Melhoria da qualidade
hídrica - Regulação da água - Regulação Mitigação de eventos
hídricos extremos -
I1 - Indicador I2 - Indicadores Regulação
Ambiental Ambientais
I3 - Indicadores
I1 - Nascentes im- I2.1 - Geração de ambientais
permeabilizadas sedimento, I2.2 -
I3.1 - Densidade de
Área desprotegida
alagamentos, I3.2 -
dos cursos d’água, Potencial de inunda-
I2.3 - Áreas ção, I3.3 - Potencial
impermeáveis de inundação e
alagamentos

F2 - Função Ambiental F2 - Função Ambiental F3 - Função Ambiental


Biodiversidade e fluxo Biodiversidade e fluxo Bem estar das populações
gênico de fauna e flora gênico de fauna e flora humanas

S4 - Serviço S5 - Serviço S6 - Serviço


Ambiental Ambiental Ambiental
associado à
Manutenção de habitat Manutenção da diver-
- Suporte sidade genética (fluxo infraestrutura verde
gênico) - Suporte Recreação/ saúde física
I4 - Indicador e mental - Cultural
Ambiental I5 - Indicador
Ambiental I6 - Indicador
I4 - Cobertura Ambiental
vegetal nativa I5 - Corredores
ecológicos I6 - Áreas ver-
des e número
de habitantes

31 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


F3 - Função Ambiental F4 - Função Ambiental F4 - Função Ambiental
Bem estar das populações Equilíbrio ambiental Equilíbrio ambiental
humanas
S8 - Serviço S9 - Serviço
S7 - Serviço Ambiental Ambiental
Ambiental associado associado à associado à
à infraestrutura infraestrutura verde infraestrutura
verde verde
Diminuição da Redução do efeito de
vulnerabilidade social - ilhas de calor - Regulação Melhoria da qualidade
Cultural do ar - Regulação
I8 - Indicador
I7 - Indicador Ambiental I9 - Indicador
Ambiental Ambiental
I8 - Temperatu-
I7 - Índice de ra de superfície I9 - Arborização
Vulnerabilidade em vias
social movimentadas

As fichas descritoras dos indicadores apresentam dois mapas elaborados para a


área piloto: um representando o cálculo do indicador bruto e outro indicando o
resultado classificado em intervalos qualitativos conforme potencial para a im-
plantação de infraestrutura verde. A quantidade de classes deve refletir os dados
analisados e o objetivo de quem elabora o mapa. Se o número de intervalos ou
classes for muito pequeno, pode impedir o leitor de perceber a complexidade da
distribuição do dado. Por outro lado, se o número for muito grande, pode introdu-
zir classificações sem significado prático.

Desse modo, todos os indicadores tiveram seus resultados classificados em três


intervalos qualitativos: baixa, média e alta prioridade para a implantação de infra-
estrutura verde. O critério de priorização adotado para cada indicador está apre-
sentado nas fichas descritoras dos indicadores.

!
ATENÇÃO: A forma de cálculo do indicador pode ser adaptada para dife-
rentes situações, dependendo dos objetivos traçados, das informações
disponíveis e da realidade na qual se está trabalhando. Um exemplo é
espacializar a informação por meio de mapeamentos participativos, de
forma a incorporar os aspectos trazidos pela comunidade ou pelos pró-
prios técnicos da Prefeitura.

32 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Fichas Descritoras dos
Indicadores Ambientais

Nascentes Impermeabilizadas

Garantir disponi-
Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos
bilidade e manejo
Identificador: Indicador 01 - I1 sustentável da água
Serviço ambiental: Manutenção da Vazão Hídrica e saneamento para
todos
Categoria: Regulação

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A impermeabilização do solo nas áreas de cabeceiras de drenagens alteram a condição e o


volume do escoamento de água superficial e o fluxo de água subterrânea, interferindo na va-
zão das nascentes e na produção de água na área de estudo. Assim, quanto maior a porcen-
tagem de área impermeável em relação à área da bacia de contribuição de cada nascente,
maior é a prioridade para a instalação de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Digitalização das nascentes, delimitação das respectivas bacias de contribuição e cálculo da


porcentagem de área impermeável em relação à área da bacia de contribuição de cada nas-
cente. Todas as áreas impermeabilizadas são prioritárias para a instalação de infraestrutura
verde, conforme a seguinte classificação:

• Baixa prioridade: até 20% da área da bacia de contribuição impermeabilizada;


• Média prioridade: entre 20 a 60% da área da bacia de contribuição impermeabilizada; e
• Alta prioridade: acima de 60% da área da bacia de contribuição impermeabilizada.

33 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Área impermeável da bacia de contribuição das nascentes da área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Manutenção da Vazão Hídrica na área piloto

34 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Geração de Sedimentos

Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos Garantir disponi-


Identificador: Indicador 2.1 - I2.1 bilidade e manejo
sustentável da
Serviço ambiental: Melhoria da Qualidade
água e saneamento
da Água para todos
Categoria: Regulação

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

O potencial de geração de sedimentos indica áreas com suscetibilidade à erosão e com uso e
ocupação do solo favorável aos processos de assoreamento de cursos d’água e reservatórios
de abastecimento. As áreas com médio e alto potencial de geração de sedimentos são priori-
tárias para a instalação de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Cruzar as informações pedológicas e de declividade dos terrenos para determinar as classes


de suscetibilidade à erosão (Quadro 1); integrar as classes de suscetibilidade à erosão e o uso
e ocupação do solo na área de estudo (Quadro 2). A matriz de cruzamento resulta em cinco
classes de potencial à geração de sedimentos: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
A prioridade para instalação de infraestrutura verde é a seguinte:

• Baixa prioridade: áreas com médio potencial de geração de sedimentos;


• Média prioridade: áreas com alto potencial de geração de sedimentos; e
• Alta prioridade: áreas com potencial muito alto de geração de sedimentos.

35 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Quadro 1 - Matriz de cruzamento para a determinação da
suscetibilidade à erosão.

Classes de Solo Classes de Declividade


A B C D
(0 a 6%) (6 a 20%) (20 a 35%) > 35%
Argissolos PVA18 M A MA MA
PVA19 M A MA MA
PVA23 M A MA MA
PVA25 M A MA MA
PVA26 M A MA MA
PVA37 M M A MA
PVA41 M M A MA
PVA42 M M A MA
PVA45 M M A MA
PVA55 M M A MA

Cambissolos CX1 B M A MA
CX2 B M A MA
CX10 B M A MA
CX11 B M A MA

Latossolos LVA2 B M A MA
LVA14 B M A MA
LVA17 B M A MA
LVA19 B M A MA
LVA23 B M A MA
LVA41 B M A MA
LVA56 B M A MA

Neossolos RQ-1 B M A A
RL-1 B M A A

Organossolos GX-1 B B B B

36 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Quadro 2 - Matriz de cruzamento para a determinação do
potencial da geração de sedimentos.

Classes de Uso e Classes de suscetibilidade à erosão


ocupação do solo Muito
Baixa Média Alta
Alta
Área Urbana Consolidada B B B B
Área Urbana em Consolidação B M A MA
Aterro Sanitário B M A MA
Campo Antrópico B M A A
Chácara B B M A
Espelho d’Água B B B B
Favela M A MA MA
Hortifrutigranjeiro B B M A
Lixão B M A MA
Loteamento Desocupado M A MA MA
Mata/Capoeira B B B B
Mineração M A A MA
Movimento Terra/Solo Exposto A MA MA MA
Outro Uso B M A MA
Reflorestamento B M A A
Vegetação de Várzea B B B B

37 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Suscetibilidade à erosão observada na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto

38 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Áreas Desprotegidas dos Cursos da Água

Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos Garantir disponi-


bilidade e manejo
Identificador: Indicador 2.2 - I2.2
sustentável da água
Serviço ambiental: Melhoria da Qualidade de Água e saneamento para
Categoria: Regulação todos

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

As Áreas de Preservação Permanente (APP) no entorno de corpos d’água são essenciais para
a filtração do escoamento da água das chuvas e diminuição do aporte de sedimentos aos
mananciais. Nas cidades, a ocupação urbana das áreas no entorno de córregos, rios e lagos
lagos, a instalação de infraestrutura verde é prioritária.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Mapeamento dos cursos d’água do município e de sua faixa marginal de 30 m, conforme APP
estipulada pelo Código Florestal Brasileiro vigente. Cruzar as informações das faixas margi-
nais mapeadas com as do mapa de vegetação. As APP sem vegetação serão prioritárias para
instalação de infraestrutura verde.
O nível de prioridade para instalação de infraestrutura verde será de acordo com a taxa de
impermeabilização das bacias hidrográficas dos cursos d’água mapeados:

• Baixa prioridade: Bacias com taxa impermeabilização de até 20%;


• Média prioridade: Bacias com taxa impermeabilização entre 20 e 60%; e
• Alta prioridade: Bacias com taxa impermeabilização acima de 60%.

39 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Áreas de preservação permanente e cobertas por vegetação na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto

40 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Áreas Impermeáveis

Função Ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos Garantir disponi-


bilidade e manejo
Identificador: Indicador 2.3 - I2.3
sustentável da
Serviço ambiental: Melhoria da Qualidade
água e saneamento
de Água para todos
Categoria: Regulação

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A urbanização nas bacias hidrográficas aumenta as áreas impermeáveis e de telhado, que


interceptam a água das chuvas direcionando-a diretamente para sistemas de drenagem que
desembocam em rios das cidades. Essa água é caracterizada por altas cargas de poluentes
que se concentram nos telhados, calçadas, ruas e outras infraestruturas. Por isso, quanto
maior a porcentagem de área impermeabilizada, pior a qualidade da água das chuvas que
chegará aos rios das cidades. As áreas impermeáveis são prioritárias para introdução de
infraestrutura verde para fins de retenção de poluentes da água das chuvas.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Digitalização das áreas impermeabilizadas da área. Cálculo da porcentagem de área imper-


meável em relação à área total da bacia hidrográfica mapeada no menor nível possível (mi-
crobacia hidrográfica). Priorizar a introdução de infraestrutura verde nas bacias hidrográficas
com maior taxa de impermeabilização:

• Baixa prioridade: até 20 % de impermeabilização na bacia hidrográfica;


• Média prioridade: entre 20 % a 60 % de impermeabilização na bacia hidrográfica; e
• Alta prioridade: acima de 60 % de impermeabilização na bacia hidrográfica.

41 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Áreas impermeáveis observadas na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade da Água na área piloto

42 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Densidade de Alagamentos

Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos Garantir disponi-


Identificador: Indicador 3.1 - I3.1 bilidade e manejo
sustentável da água
Serviço ambiental: Mitigação Eventos Hídricos
e saneamento para
Extremos todos
Categoria: Regulação
Tomar medidas
urgentes para com-
bater a mudança do
clima e seus
impactos

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

Os locais com maior histórico de alagamento são prioritários para a adoção de medidas de
manejo de águas de chuvas, como a adoção de técnicas de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Espacializar os locais identificados pelos órgãos de defesa civil, gerar mapa de densidade de
ocorrências utilizando a função de kernel no Sistema de Informações Geográficas e classificar
o resultado em três níveis, por meio do método de classificação por intervalos naturais, resul-
tando na prioridade para instalação de infraestrutura verde em:

• Baixa prioridade: menor classe densidade do kernel;


• Média prioridade: classe de densidade média do kernel; e
• Alta prioridade: classe de densidade alta do kernel.

43 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Pontos com histórico de alagamento na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto

44 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Potencial de Inundação

Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos Garantir disponi-


Identificador: Indicador 3.2 - I3.2 bilidade e manejo
sustentável da água
Serviço ambiental: Mitigação de Eventos Hídricos
e saneamento para
Extremos todos
Categoria: Regulação
Tomar medidas
urgentes para com-
bater a mudança do
clima e seus
impactos

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

Eventos de inundações e alagamentos são fenômenos naturais que ocorrem geralmente


pela suscetibilidade do terreno e ocorrência de chuvas fortes e rápidas ou chuvas de longa
duração. Estes eventos naturais têm sido intensificados, principalmente nas áreas urbanas,
por alterações antrópicas. Nas cidades, as áreas com alta suscetibilidade à inundação são
prioritárias para a instalação de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

A suscetibilidade à inundação pode ser calculada por meio da análise integrada da suscetibilidade
das bacias hidrográficas, a partir de índices morfométricos, e dos graus de suscetibilidade a partir
da aplicação do modelo denominado HAND (Height Above Nearest Drainage), recortado nas áreas de
planícies e terraços. Para fins de priorização para aplicação de infraestrutura verde, adota-se a seguinte
classificação:

• Baixa prioridade: áreas de baixa suscetibilidade à inundação;


• Média prioridade: áreas de média suscetibilidade à inundação; e
• Alta prioridade: áreas de alta suscetibilidade à inundação.

Caso o município não disponha dessas informações cartografadas, pode-se utilizar o conhecimento da
equipe da prefeitura para a identificação das áreas de alta, média e baixa prioridade para a aplicação
de infraestrutura verde.

45 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Suscetibilidade à inundação na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto

46 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Potencial de Inundação e Alagamento
Garantir disponi-
bilidade e manejo
sustentável da água
Função ambiental: Proteção dos Recursos Hídricos e saneamento para
Identificador: Indicador 3.3 - I3.3 todos

Serviço ambiental: Mitigar Eventos Hídricos


Tomar medidas
Extremos urgentes para com-
Categoria: Regulação bater a mudança do
clima e seus
impactos

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

As áreas com relevo plano no entorno de rios canalizados estão mais sujeitas a processos de
inundação e alagamento, problemas comuns nas cidades. Essas áreas são prioritárias para a
instalação de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Elaboração da Carta de Declividade, gerada a partir do Modelo Digital de Elevação (MDE) ou


da base cartográfica com curvas de nível e pontos cotados. Delimitação de faixa marginal
de 30 m de rios canalizados, considerando os limites estabelecidos em lei para as Áreas de
Preservação Permanente (APP). Cálculo das áreas com declividade entre 0 e 2% e 2 a 5%.
A classificação de prioridade para a instalação de infraestrutura verde será a seguinte:

• Baixa prioridade: declividade acima de 5%;


• Média prioridade: declividade entre 2 a 5%;
• Alta prioridade: declividade de até 2%.

47 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Declividade observada na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Mitigação de Eventos Hídricos Extremos na área piloto

48 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Cobertura Vegetal Nativa

Proteger, recupe-
rar e promover o
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo
uso sustentável
Gênico de Fauna e Flora
dos ecossistemas
Identificador: Indicador 4 - I4 terrestres, gerir de
Serviço ambiental: Manutenção de Habitat forma sustentável as florestas, com-
Categoria: Suporte bater a desertificação, deter e reverter
a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A cobertura vegetal nativa é a grande responsável pela conservação da biodiversidade, do


equilíbrio e da manutenção de processos ecológicos essenciais de ecossistemas naturais.
Identificar áreas com déficit de vegetação permite planejar a implantação de infraestrutura
verde para fins de ampliação e manutenção de áreas com cobertura vegetal que servirão de
habitat para a fauna e flora. O indicador representa a área com cobertura vegetal nativa exis-
tente em relação à área total analisada. Considera-se que quanto menor a área com vegeta-
ção nativa, maior deve ser a prioridade para implantação de infraestrutura verde.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Divisão da área de estudo em unidades amostrais (na área piloto foram adotadas unidades
amostrais hexagonais de 10 ha). Cálculo da porcentagem de cobertura vegetal nativa nas
unidades amostrais da área de estudo. A classificação de prioridade para implantação de
infraestrutura verde será a seguinte:

• Baixa prioridade: unidades amostrais com até 30% de cobertura vegetal nativa;
• Média prioridade: unidades amostrais com cobertura vegetal nativa entre 30% e 60%; e
• Alta prioridade: unidades amostrais com mais de 60% de cobertura vegetal nativa.

49 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Cobertura vegetal nativa nas unidades amostrais da área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Manutenção de Habitat na área piloto

50 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Corredores Ecológicos

Assegurar padrões
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo Gênico de produção e
de Fauna e Flora de consumo sus-
Identificador: Indicador 5 - I5 tentáveis

Serviço ambiental: Manutenção da Diversidade


Genética (Fluxo Gênico)
Categoria: Suporte

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A conectividade é a capacidade da paisagem de facilitar os fluxos biológicos de organismos, sementes e grãos de


pólen, associada ao tamanho e à distribuição dos fragmentos de habitat. A conectividade da paisagem age nos
processos de recolonização após perturbações locais, influenciando na manutenção das populações da fauna e
flora. Este indicador calcula a proximidade entre os fragmentos, por meio da distância média entre cada fragmento
e o vizinho mais próximo de mesma classe, dividido pelo número de fragmentos da classe na paisagem em análise.
No contexto da Infraestrutura Verde, as áreas potenciais para criação de corredores ecológicos na paisagem urbana
são aquelas relacionadas com o sistema viário (calçadas e canteiro central), bem como as Áreas de Preservação
Permanente (APP) de cursos d’água. O indicador representa o índice de área potencial para criação de corredores
ecológicos.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Este indicador consiste em um índice composto de duas variáveis:


1) Identificação e quantificação da área com déficit de vegetação ao longo do sistema viário e da APP:
a) Selecionar a área composta pelas faixas marginais de 10 m do sistema viário e 30 m de cursos d’água (APP);
b) Recortar as árvores dentro do limite da área selecionada;
c) Calcular o adensamento de pontos (Point Density) e classificar em 3 classes, de acordo com o método Natural Breaks (Jenks);
d) Transformar o raster em vetor (Reclassify e Conversion) e recortar a informação da densidade dos pontos para a área selecionada.
2) Distância média do vizinho mais próximo – MNN (m) na área de estudo.

Cálculo do índice “Distância média do vizinho mais próximo - MNN” utilizando ferramentas auxiliares de análise espacial da paisagem,
tais como o Fragstats ou a ferramenta Patch Analyst que podem ser operados por meio de Sistema de Informações Geográficas.
a) Selecionar as classes de vegetação natural com predomínio de porte arbóreo e juntar em uma única classe;
b) Calcular o índice MNN para os fragmentos da classe selecionada e classificar em 3 classes, de acordo com o método Natural
Breaks (Jenks);
c) Desenhar faixa marginal dos fragmentos utilizando como distância a medida da 1ª classe do índice MNN;
d) Reclassificar as áreas das faixas marginais conforme as três classes do MNN.
Para compor o índice os mapas gerados na etapa 1 e 2 (duas variáveis) foram somados, considerando as 3 classes de cada mapa (1 a
3), resultando em 6 classes (1 a 6). As classes de prioridade para implantação de infraestrutura verde são as seguintes:

• Baixa prioridade: Classes 5 e 6.


• Média prioridade: Classes 3 e 4; e
• Alta prioridade: Classes 1 e 2;

51 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Área com déficit de vegetação ao longo do
sistema viário e da APP na área piloto

Distância dos fragmentos de vegetação


arbórea na área piloto

Abaixo: Áreas prioritárias para a instalação


de infraestrutura verde para a provisão do
serviço ambiental Manutenção da
Diversidade Genética (Fluxo Gênico)
na área piloto.

52 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Áreas Verdes e Número de Habitantes

Tornar as cidades
Função ambiental: Bem estar das Populações e os assentamen-
Humanas tos humanos
Identificador: Indicador 6 - I6 inclusivos, seguros,
resilientes e sus-
Serviço ambiental: Recreação, Saúde Física
tentáveis.
e Mental
Categoria: Cultural

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A distribuição das áreas verdes e da população no território possibilita identificar a facilidade


de acesso da população a essas áreas. Quando da ausência de área verde próxima da po-
pulação, pode-se indicar áreas prioritárias para a introdução de infraestrutura verde, como
parques e praças, com a participação da população que será beneficiada.

Metodologia de Obtenção dos Dados

Após o mapeamento das áreas verdes (incluindo áreas gramadas) por meio de imagens dis-
poníveis, mapeiam-se os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) indicando os habitantes. Traça-se faixa de 300 m a partir dos limites das áreas verdes
mapeadas. Os setores censitários dentro dessa faixa são classificados como de baixa priori-
dade para instalação de Infraestrutura Verde. O restante da área é classificado em média
ou alta prioridade, conforme os habitantes por setor censitário: mais habitantes indica
maior prioridade.

53 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Setores censitários inseridos no entorno de áreas verdes na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Recreação, Saúde Física e Mental na área piloto

54 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Vulnerabilidade Social

Acabar com a fome,


Função ambiental: Bem estar das Populações alcançar a seguran-
Humanas ça alimentar e
Identificador: Indicador 7 - I7 melhoria da
nutrição e promo-
Serviço ambiental: Diminuição da Vulnerabilidade
ver a agricultura
Social sustentável
Categoria: Cultural

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

A vulnerabilidade social está associada aos contextos de trabalho e renda, educação e saúde,
condições de transporte, habitação e saneamento. O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS)
caracteriza as condições dos grupos de indivíduos à margem da sociedade, em processo
de exclusão social, principalmente econômicos. Identificar áreas com alta vulnerabilidade
social para indicar a implantação de infraestrutura verde, como agricultura urbana,
é relevante para planejar atividades produtivas para serem alternativa de geração de renda
para a população local.

Metodologia de Obtenção dos Dados

O IVS varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1 (um), maior é a vulnerabilidade social do ter-
ritório e, quanto mais próximo de 0 (zero), menor será a vulnerabilidade social. Classificação do
IVS: Muito Baixa (0 - 0,2); Baixa (0,2 - 0,3); Média (0,3 - 0,4); Alta (0,4 - 0,5); Muito Alta (0,5 - 1).
O Atlas da Vulnerabilidade Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) fornece
mapa em arquivo shapefile com as Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH) de todos os
municípios de São Paulo. É necessário inserir o IVS no arquivo shapefile para cada UDH da região
de interesse e depois classificar em três níveis de prioridade para aplicação de infraestrutura verde,
conforme o IVS:

• Baixa prioridade: 0,0 < IVS < 0,3;


• Média prioridade: 0,3<IVS<0,4; e
• Alta prioridade: 0,4<IVS<1.

55 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Índices de Vulnerabilidade Social observados na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Diminuição da Vulnerabilidade Social na área piloto

56 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Temperatura de Superfície

Assegurar padrões
de produção e
Função ambiental: Equilíbrio Ambiental
de consumo sus-
Identificador: Indicador 8 - I8 tentáveis
Serviço ambiental: Redução do efeito de ilhas
de calor
Categoria: Regulação

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

Ilhas de calor são áreas com temperatura maior que as áreas vizinhas. Áreas com alta taxa
de impermeabilização do solo promovem o aumento da temperatura da superfície. Identifi-
car essas áreas num território indica onde é necessário introduzir infraestrutura verde para
reduzir o efeito de ilhas de calor, melhorando a qualidade de vida da população e reduzindo
o consumo de energia para aliviar o calor.

Definição
Obter imagens de satélite com banda termal. As imagens dos seguintes satélites são disponibilizadas gratuitamente
na internet: Landsat-8, que dispõe de 2 bandas termais com resolução espacial original de 100 m, reamostradas para
30 m; Aster, que apresenta 5 faixas termais com resolução de 90 m; CBERS-4, que possui uma banda com resolução
de 80 m. Outra forma de obtenção de imagens para o mapeamento da temperatura de superfície é por meio de sen-
sores acoplados a aeronaves remotamente pilotadas (ARP). Para a obtenção da Temperatura da Superfície Terrestre
(TST) a partir de imagens do satélite Landsat-8, utiliza-se as seguintes fórmulas e parâmetros: Lλ = ML *Qcal + AL

Elementos da fórmula para conversão para Radiância:


Lλ = Radiância espectral do sensor de abertura em Watts (m2 sr μm)
ML= Fator multiplicativo de redimensionamento da banda 10 = 3.3420E-04
AL = Fator de redimensionamento aditivo específico da banda 10 = 0.10000
Qcal = Valor quantizado calibrado pelo pixel em DN = Imagem banda 10

onde:
T = Temperatura efetiva do satélite em Kelvin (K)
K2 = Constante de calibração 2 = 1.321.08 (K)
K1 = Constante de calibração 1 = 774.89 (K)
Lλ = Radiância espectral em Watts / (m2 sr μm)

Após esses procedimentos realizados na banda 10 do Landsat-8, os valores de temperatura em Kelvin são subtraídos
pelo seu valor absoluto, gerando uma nova imagem de temperatura em graus Celsius e gerado o mapa de tem-
peratura de superfície. Para definição de classes de prioridade, devem-se avaliar os dados gerados para a área de
interesse. Quanto maior a temperatura de superfície maior será a prioridade.

57 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Temperatura de superfície na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Redução do Efeito de Ilhas de Calor na área piloto

58 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Arborização em Vias Movimentadas

Tornar as cidades
e os assentamen-
Função ambiental: Equilíbrio Ambiental tos humanos
Identificador: Indicador 9 - I9 inclusivos, seguros,
resilientes e
Serviço ambiental: Melhoria da Qualidade do Ar
sustentáveis.
Categoria: Regulação

Definição: o que significa e porque é importante medi-lo?

O indicador refere-se à densidade de árvores em vias com grande trânsito de veículos. Iden-
tificar vias sem árvores permite planejar a implantação de infraestrutura verde para fins de
redução da dispersão de material particulado – mistura de partículas líquidas e sólidas em
suspensão no ar. Os veículos são uma das principais fontes desse poluente, tornando impor-
tante a presença de árvores nas calçadas para formar uma barreira vegetal, possibilitando
sua retenção na biomassa aérea, com consequente melhoria da qualidade do ar local.

Metodologia de Obtenção dos Dados

As vias com grande fluxo de veículos e as rotas de ônibus são obtidas pela base de dados do
município. Cada árvore da arborização urbana deve ser mapeada por pontos no limite de
10 m no entorno dessas vias. Alguns municípios têm as árvores mapeadas, bastando que
seja recortada para o buffer de 10 m no entorno das vias. A partir dos dados de pontos de
árvores, utiliza-se a ferramenta de densidade de pontos no Sistema de Informações Geográ-
ficas, com vizinhança (Neighbourhood) circular de 100 m de raio. Para a classificação do mapa
gerado de densidade de pontos, é necessária a análise estatística dos dados, considerando
apenas a amplitude útil para a classificação em três níveis, utilizando o método de classifica-
ção por intervalos naturais (método de otimização de Jenks). O próximo passo é vetorizar o
mapa gerado, para fazer o recorte com os limites do buffer de 10 m no entorno das vias, clas-
sificando em alta, média e baixa prioridade para aplicação de infraestrutura verde: quanto
menor a densidade de árvores, maior será a prioridade.

59 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Densidade de árvores em vias com grande trânsito de veículos na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infraestrutura verde para a provisão do serviço ambiental
Melhoria da Qualidade do Ar na área piloto

60 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


3.3 Definir áreas prioritárias para
ampliação de serviços ambientais
A representação cartográfica é apenas uma parte de um amplo resultado de cole-
ta, edição, gerenciamento e análise de dados espaciais para gerar uma informação
espacial. A aquisição, armazenamento, gerenciamento, manipulação, processa-
mento, exibição e publicação de dados e informações geográficas são feitas por
meio de um Sistema de Informações Geográficas (BOX 3.2).

3.2: Sistemas de Informações Geográficas

Sistemas de Informações Geográficas Exemplos de softwares SIG livres: Quantum


(SIG) são constituídos por uma série GIS (QGIS), disponível para download em:
de programas e processos voltados à https://www.qgis.org/pt_BR e gvSIG,
aquisição, análise, armazenamento, disponível para download em: http://www.
manipulação e apresentação de gvsig.com/pt
informações referenciadas espacialmente.

A classificação final de prioridade para a implantação de infraestrutura verde na


unidade territorial de análise é feita a partir da análise integrada dos indicadores
gerados. No caso dos serviços ambientais compostos por mais de um indicador
(S2 e S3 na Figura 3.2), é necessário calcular, primeiramente, o indicador síntese
do serviço, denominados I2 e I3 na Figura 3.2. O indicador síntese é calculado por
meio da função união, que transforma duas ou mais formas sobrepostas em uma.
Esta tarefa pode ser realizada facilmente por meio das funções disponíveis na Cai-
xa de Ferramentas de Processamento disponíveis dos softwares de SIG.

Os nove mapas relativos aos serviços ambientais apresentados na Figura 3.2,


classificados em três níveis de prioridade (alta, média e baixa), foram integrados
também por meio da função união, resultando no mapa síntese (Figura 3.3). O
resultado final foi dividido em cinco classes de prioridade para implantação da
infraestrutura verde (muito alta, alta, média, baixa e muito baixa). O uso de cinco
classes teve o objetivo de melhorar a visualização das áreas prioritárias identifica-
das.

61 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Figura 3.3 - Áreas prioritárias para ampliação de serviços ambientais por meio da implantação de infraestru-
tura verde na área piloto – mapa síntese.

As áreas do mapa síntese consideradas com com prioridade alta do mapa síntese, o qual vai
prioridade muito alta para implantação de in- variar de acordo com a área de estudo. Assim,
fraestrutura verde são as que agregaram maior quanto maior o intervalo, mais heterogênea
sobreposição de áreas de prioridade alta para será a situação ambiental da área de estudo,
cada indicador (de 19 a 21 áreas sobrepostas, podendo ser considerada uma maior quantida-
na área piloto). Já as áreas do mapa síntese de de classes diferentes para representá-la. Da
consideradas com prioridade muito baixa para mesma forma, quanto menor o intervalo, mais
aplicação de infraestrutura verde são as que homogênea será a situação ambiental da área
agregaram menor sobreposição de áreas de de estudo, requerendo menor quantidade de
prioridade alta para cada indicador (de 5 a 7 classes para representá-la.
áreas sobrepostas, na área piloto). As demais
classificações representam agregações inter- A indicação das áreas prioritárias para criação
mediárias de áreas de prioridade alta para cada de parques e unidades de conservação, é outro
indicador, que, na área piloto, teve a seguinte resultado que pode ser obtido na análise da
distribuição: alta, de 16 a 18 áreas sobrepostas; situação ambiental da área de estudo. Esse
média, de 11 a 15 áreas sobrepostas; e baixa, resultado, descrito a seguir, gerou um mapa de
de 8 a 10 áreas sobrepostas. Deve-se salientar oportunidades de criação de parques e unida-
que a definição das cinco classes de prioridade des de conservação para a área de estudo, o
(muito alta, alta, média, baixa e muito baixa) de- que ampliará o fornecimento de serviços
penderá do intervalo de sobreposições de áreas ambientais a partir da implantação de infraes-
trutura verde.

62 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Criação de Parques e UC

Proteger, recupe-
rar e promover o
Função ambiental: Biodiversidade e Fluxo Gênico uso sustentável
de Fauna e Flora dos ecossistemas
Serviço ambiental: Manutenção da Diversidade terrestres, gerir
de forma sustentável as florestas,
Genética (Fluxo Gênico)
combater a desertificação, deter e
Categoria: Suporte
reverter a degradação da terra e
deter a perda de biodiversidade

Definição: o que significa e porque é importante

A oportunidade de criação de parques e UC consiste no cruzamento do mapa síntese


de déficit de infraestrutura verde com a informação das áreas ocupadas por vegetação
natural. O resultado permitirá visualizar e quantificar as áreas de vegetação nativa em
áreas classificadas como de maior prioridade para implantação de infraestrutura verde.
Essas áreas de vegetação nativa são prioritárias para a conservação, por meio de criação de
parques e UC e tipologias de infraestrutura verde de escala regional.

Metodologia de obtenção dos dados

Obter por meio de Sistema de Informações Geográficas:


1. Mapa de vegetação nativa fora de UC, parques urbanos e praças: Espacialização da
vegetação nativa na área de estudo, considerando somente as áreas com vegetação nativa
fora de UC (federal, estadual, municipal ou privada), de parques urbanos e praças;
2. Mapa síntese de déficit de infraestrutura verde: Mapa síntese das áreas prioritárias
para implantação de infraestrutura verde, que contem três classes de prioridade: Alta, Média
e Baixa;
3. Mapa de oportunidade de criação de parques e UC: Sobreposição dos mapas de
vegetação nativa fora de UC, parques urbanos e praças e do Mapa síntese de déficit de
infraestrutura verde

63 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Vegetação nativa fora de UC, parques
urbanos e praças na área piloto

Áreas prioritárias para a instalação de infra-


estrutura verde na área piloto (Mapa Sínte-
se de Déficit de Infraestrutura Verde)

Abaixo: Oportunidades de criação de


parques e UC na área piloto

64 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


3.4 Selecionar as tipologias de
infraestrutura verde

A última etapa consiste na leitura integrada com a Matriz de Correlação entre


Infraestrutura Verde e Serviços Ambientais (Figura 3.4). Essa matriz foi construída
a partir do agrupamento das tipologias por escala de aplicação – regional, local e
particular, com base no potencial que essas tipologias têm para a melhoria de im-
portantes funções ambientais para a manutenção da qualidade de vida nas cida-
des: proteção dos recursos hídricos; bem estar da população; equilíbrio ambiental
e biodiversidade.

Uma escala de avaliação foi definida e aplicada para identificar o potencial de cada
tipologia em fornecer os serviços ambientais, onde: (-) significa potencial nulo ou
não se aplica; (+) significa menor potencial e (++) significa maior potencial. Para
esta avaliação foram consideradas as tipologias prioritárias que pudessem atender
às necessidades dos gestores, procurando entender a escala de aplicação para
situações reais da cidade.

65 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Figura 3.4: Matriz de correlação entre infraestrutura verde e serviços ambientais
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo- Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
gias de infraestrutu- Gênico de Fau- ções Humanas
ra verde na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição da ção do lhoria da

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar
(Fluxo
Extremos Gênico) Mental Social Calor
Escala Regional (Paisagem, Bacia Hidrográfica)

Áreas Verdes
Urbanas (par- (++) (+) (++) (+) (++) (++) (+) (++) (++)
ques urbanos,
praças, zoo)
Espaços Natu-
rais Protegidos (++) (++) (++) (++) (++) (+) (+) (+) (+)
(UC, RL, TI - pe-
riurbano, rural)
Cinturão Verde-
-greenbelt (++) (++) (++) (+) (++) (+) (+) (+) (+)
(conecta áreas
urbanas e rurais)
Corredores Ver-
des Urbanos
(corredores (++) (++) (++) (++) (++) (++) (+) (++) (++)
ripários, parques

66
lineares)
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo- Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
gias de infraestrutu- Gênico de Fau- ções Humanas
ra verde na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição da ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


(Fluxo
Extremos Gênico) Mental Social Calor
Ruas Verdes
(+) (+) (++) (+) (++) (+) (+) (++) (+)
Escala Local (Ruas, Bairros e Praças)

/ Caminhos
Verdes
Vias de Uso
Múltiplo / Ruas (+) (+) (+) (+) (+) (++) (+) (++) (-)
Completas
Agricultura
(+) (+) (+) (-) (-) (++) (+) (+) (+)
Urbana / Hortas
Comunitárias
Lagoa Pluvial /
Bacia de Reten- (++) (++) (++) (-) (-) (+) (+) (+) (++)
ção*

67
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo- Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
gias de infraestrutu- Gênico de Fau- ções Humanas
ra verde na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


(Fluxo
Extremos Gênico) Mental Social Calor
Alagado
(++) (++) (++) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Escala Local (Ruas, Bairros e Praças)

Construído /
Wetland *
Lagoa Seca * (++) (+) (++) (-) (-) (+) (+) (+) (+)
Canteiro Pluvial (-) (-)
(+) (+) (+) (+) (+) (+) (+)
*
Jardim de (++) (+) (+) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Chuva *

68
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo-
gias de infraestrutu-
Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
ra verde Gênico de Fau- ções Humanas
na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Dimi- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, nuição a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


(Fluxo
Extremos Gênico) Mental Social Calor
(++) (+) (++) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Escala Local (Ruas, Bairros e Praças)

Biovaleta *
Bioengenharia (++) (++) (++) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
de Solos *
Pavimento (-) (-) (-) (-) (-)
(++) (++) (++) (+)
Permeável*
Interseção
(+) (+) (+) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Viária *

69
Funções e serviços F1 Proteção dos F2 Biodiversi- F3 Bem estar F4 Equilíbrio
ambientais x Tipolo-
gias de infraestrutu-
Recursos Hídricos dade e Fluxo das Popula- Ambiental
ra verde Gênico de Fau- ções Humanas
na e Flora
S1. Ma- S2. Miti- S3. Me- S4. Manu- S5. Manu- S6. Re- S7. Di- S8. Redu- S9. Me-
tenção da
nutenção gação de lhoria da tenção de creação, minuir a ção do lhoria da
Diver-
da Vazão Eventos Qualidade Habitat sidade Saúde Vulnera- Efeito de Qualidade
Hídrica Hídricos da Água Genética Física e bilidade Ilhas de do Ar

Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


(Fluxo
Extremos Gênico) Mental Social Calor
Jardim Vertical (-) (-) (-) (-) (-) (+) (-) (+) (+)
Escala Particular (Edificação)

Telhado Verde (+) (+) (+) (+) (+) (+) (-) (+) (+)
Cisterna (+) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (-) (+)
Espaços Verdes
Particulares (++) (+) (+) (+) (+) (+) (-) (+) (++)
(jardins)

70
(*) Melhores Práticas de Manejo de Águas Pluviais (MPM); Práticas de Desenvolvimento de Baixo Impacto (LID)
( - ) potencial nulo; ( + ) < potencial; ( ++ ) > maior potencial
No ambiente de SIG, consultando a tabela de atributos do mapa síntese resultante
do cruzamento do mapeamento dos diferentes indicadores de serviços ambien-
tais, é possível reconhecer os serviços ambientais mais deficitários em cada área
mapeada. Assim, por meio da consulta da Matriz de Correlação entre Infraestrutu-
ra Verde e Serviços Ambientais será possível identificar o grupo de tipologias mais
adequadas para implantação na área, levando-se em consideração a escala de
aplicação, bem como os recursos disponíveis.

!
ATENÇÃO: Se a Prefeitura não dispuser de profissional com experiência
em SIG, pode-se utilizar somente a Matriz de Correlação entre Infraestru-
tura Verde e Serviços Ambientais aplicada ao conhecimento dos gestores
sobre a realidade local.

Além de permitir selecionar as tipologias de infraestrutura verde, a metodologia


permite analisar cada indicador de serviço ambiental separadamente. Isso é pos-
sível conhecendo-se a área de ocupação de cada classe referente aos três níveis
de prioridade (alta, média e baixa), o que possibilita calcular o índice para cada
indicador avaliado e mapeado, conforme as seguintes fórmulas:

Snpn = (ESnpn x Pesopn)


ISn = (Snp1+ Snp2+ Snp3)/ Snp3

Onde:

Snpn = Desempenho da n-ésima classe de prioridade (pn) para instalação de in-


fraestrutura verde para a provisão do n-ésimo serviço ambiental (Sn). Onde: p1=
classe de baixa prioridade; p2= classe de média prioridade; p3= classe de alta
prioridade; S1= Manutenção da Vazão Hídrica; S2= Mitigação de Eventos Hídricos
Extremos; S3= Melhoria da Qualidade da Água; S4= Manutenção de habitat; S5=
Manutenção da Diversidade Genética (Fluxo Gênico); S6= Recreação, Saúde Física

71 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


e Mental; S7= Diminuição da Vulnerabilidade Social; S8= Redução do Efeito de Ilhas
de Calor; e S9= Melhoria da Qualidade do Ar;

ESnpn = Escore da classe de prioridade (pn) para instalação de infraestrutura verde,


para a provisão do n-ésimo serviço ambiental (Sn), representado pela porcenta-
gem da área da unidade territorial de análise ocupada pela classe de prioridade
(pn) do serviço ambiental (Sn);

Pesopn= Peso da classe de prioridade (pn) para instalação de infraestrutura verde


para a provisão do n-ésimo serviço ambiental (Sn) definido como: Pesop1 = 1; Pe-
sop2 = 2; e Pesop3 = 3;

ISn = Índice de prioridade para instalação de infraestrutura verde para a provisão


do n-ésimo serviço ambiental (Sn) na unidade territorial de análise.

O ISN de cada serviço ambiental para cada unidade territorial a ser analisada na
área de estudo, permite responder algumas questões importantes para o planeja-
mento regional da paisagem relacionado à implantação de infraestrutura verde:

!
ATENÇÃO: A unidade territorial de análise pode ser tanto o município
como um todo, quanto a subprefeitura, bairro, etc.

1. Qual serviço ambiental apresen-


tou pior desempenho na unidade
territorial de análise?
O ISn varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior será a prioridade
para a instalação de infraestrutura verde para o provimento do serviço ambiental
(Sn) na unidade de análise. Dessa forma, o pior serviço ambiental da unidade de
análise será aquele que apresentar o maior valor de ISn. As tipologias de infra-
estrutura verde mais adequadas para a ampliação do provimento desse serviço

72 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


podem ser identificadas na Matriz de Correlação entre Infraestrutura
verde e Serviços Ambientais (ver Figura 3.4).

Essa análise pode ser feita para a área de estudo como um todo (por exemplo:
subprefeitura do Butantã), utilizando-se a área total de cada classe de prioridade
para o cálculo do ISn, ou para uma porção da área de estudo, calculando-se o ISn
para cada unidade territorial de análise (por exemplo: distritos do Butantã, Mo-
rumbi, Raposo Tavares, Rio Pequeno ou Vila Sônia).

Na subprefeitura do Butantã, o serviço ambiental “Manutenção da vazão hídrica”,


medido pelo indicador “Nascentes Impermeabilizadas” apresenta a pior situação,
destacando-se como o serviço ambiental que deverá ser prioritário para identificar
tipologias de infraestrutura verde para aumentar sua provisão. No entanto, se a
análise for realizada por distrito, outros serviços são identificados como críticos: no
distrito Raposo Tavares, o serviço ambiental mais crítico é o “Melhoria da qualida-
de do ar”, medido pelo indicador “Arborização em vias movimentadas”; e no distri-
to Rio Pequeno, o serviço ambiental mais crítico é o “Redução do efeito de ilhas de
calor”, medido pelo indicador “Temperatura da superfície”.

2. Qual é a pior unidade territorial


de análise em termos de situação
ambiental?
O cálculo da média dos valores individuais de ISn dos serviços ambientais consi-
derados possibilita identificar a unidade territorial que apresenta a pior situação
ambiental da área de estudo. A unidade territorial de análise com valor médio
de ISn mais próximo de 1 apresentará a pior situação ambiental da área de estu-
do quanto à provisão de serviços ambientais. Na área piloto, o distrito Vila Sônia
apresenta a pior situação ambiental, comparado aos outros distritos da subprefei-
tura do Butantã. Essa informação é importante como critério de priorização para
implantação de infraestrutura verde, considerando as unidades territoriais da área
de estudo.

73 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


3. Qual é a unidade territorial
mais crítica para a provisão de um
determinado serviço ambiental?
Caso a área de estudo contenha mais de uma unidade territorial de análise, o
cálculo de ISn de cada unidade possibilita reconhecer aquela com maior déficit
ou a que contribui menos para o provimento de um dado serviço ambiental (Sn).
Essa informação é importante para priorizar unidades territoriais para melhorar o
fornecimento de um benefício específico para a população.

Na área piloto, para o serviço ambiental “Diminuição da vulnerabilidade social


(S7)”, medido pelo indicador “Índice de Vulnerabilidade Social”, o distrito Raposo
Tavares apresentou valor de IS7 (referente ao serviço ambiental “Diminuição da
vulnerabilidade social - S7) mais próximo de 1, se comparado aos demais distritos,
indicando ser o distrito prioritário para o uso de tipologias de infraestrutura verde
que permitam reduzir a vulnerabilidade social, com a promoção de atividades
produtivas. Consultando-se a “Matriz de Correlação entre Infraestrutura verde e
Serviços Ambientais” pode-se escolher, por exemplo, a tipologia agricultura urbana
para atingir esse objetivo.  

74 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


4.
Considerações

75 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde 75


4.
Considerações
Como qualquer outro método, o apresentado neste guia apresenta algumas limi-
tações já identificadas:

• O método teve como base o uso de recurso tecnológico (Sistema de Informa-


ções Geográficas) que depende de recursos humanos capacitados para utilizá-
-lo nos municípios. Sabe-se que nem sempre esses recursos estão disponíveis
nos municípios;

• O método foi desenvolvido usando-se como estudo de caso uma subprefei-


tura do município de São Paulo, com disponibilidade de dados para calcular e
mapear os indicadores de serviços ambientais, o que nem sempre acontecerá
para municípios fora da região metropolitana de São Paulo.

Além destas limitações, outras certamente surgirão da experiência de uso deste


guia. O guia pode ser útil para os municípios identificarem áreas importantes
para a implantação de infraestrutura verde e geração de serviços ambientais,
utilizando-se a Matriz de Correlação entre Infraestrutura verde e Serviços
Ambientais e o conhecimento técnico acumulado da equipe da prefeitura sobre
o território do município e sobre seus problemas ambientais prioritários. Mesmo
que o método apresentado não possa ser 100% replicado em todos os municípios,
este guia é uma ferramenta para auxiliar nas discussões e tomada de decisão
acerca da implantação de infraestrutura verde nos municípios, podendo ser
adaptada às situações e à realidade de cada município. Assim, recomendamos que
os usuários deste guia usem o seu conteúdo da melhor maneira para atender às
suas necessidades.

76 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Referências
AHERN, Jack. Sustainability, Urbanization and Resilience, First International Conference of
Humanities and Creative Industry, National Chin-Yi University of Technology, Taichung, Taiwan, 4 de
junho de 2009. p. 4-22.

ARTMANN, M.; BASTIAN, O.; GRUNEWALD, K. Using the concepts of green infrastructure and
ecosystem services to specify Leitbilder for compact and green cities-the example of the landscape
plan of Dresden (Germany). Sustainability, v. 9, n. 2, p. 198, 2017.

BRANDÃO, F.C.A., CRESPO, H. A. Diretrizes relacionadas à implantação da infraestrutura verde


para aumentar a resiliência urbana às mudanças climáticas, Rio de Janeiro. 2016. Graduação
(Monografia). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016

CORMIER, N. S.; PELLEGRINO, P. R. M. Infra-estrutura verde: uma estratégia paisagística para a água
urbana. Paisagem e Ambiente, n. 25, p. 127-142, 2008

FIREHOCK, K. A short history of the term green infrastructure and selected literature. Retrieved
February, v. 3, p. 2012, 2010.

MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and human well-being: a framework for


assessment. Washington, DC: Island Press, 2003. 245 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Serviços ambientais. Disponível em: <https://mma.


gov.br/biodiversidade/economia-dos-ecossistemas-e-da-biodiversidade/servi%C3%A7os-
ecossist%C3%AAmicos.html#servi%C3%A7os-ambientais>. Acesso: 19 dez. 2019.

ONU NO BRASIL. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2018. Disponível em:
<http://www.agenda2030.com.br/sobre/>. Acesso em: 4 jan. 2019.

77 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde


Lista de Siglas
UC – Unidades de Conservação
IV – Infraestrutura Verde
TI – Terra Indígena
ONU – Organização das Nações Unidas
ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
PMVA – Programa Município Verde Azul
RL – Reserva Legal
APP – Área de Preservação Permanente
SIG – Sistema de Informações Geográficas

78 Guia Metodológico para Implantação de Infraestrutura Verde

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