Modelo Contestação - Prática Trabalhista

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AO DOUTO JUÍZO DA 200ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP

Processo de nº 0101010-50.2020.5.02.0200

AUDITORIA PENTE FINO S. A., inscrita sob o CNPJ de nº ..., cuja sede se localiza
..., vem por sua advogada que esta subscreve, com escritório profissional com endereço
completo onde recebe notificações e intimações, conforme procuração anexa (doc. 01),
respeitosamente vem perante V. Exa., com fundamento no art. 847 da CLT, apresentar
CONTESTAÇÃO a Reclamação Trabalhista a qual lhe move a reclamante ÉRICA
GRAMA VERDE, já devidamente qualificada na inicial, pelas razões de fato e de direito a
seguir aduzidas:

I - PRELIMINARES

DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL

A reclamante pleiteiou o pagamento e regularização da situação do INSS, sob a


justificativa de que não houve recolhimento nos anos de 2018 e 2019. Contudo, conformo o
disposto na Súmula 368, I, do Tribunal Superior do Trabalho, bem como na Súmula
Vinculante n. 53 do Supremo Tribunal Federal, a Justiça do Trabalho, somente, é competente
quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em
pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-
contribuição. Visto isto, requeiro o reconhecimento da incompetência material deste juízo.

INÉPCIA EM RELAÇÃO À EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Na inicial, a reclamante limitou-se a argumentar que na empresa, ora reclamada, há


outra gerente e comentou acerca das funções desempenhadas por esta e indicou o quanto da
remuneração. Note que em momento algum a reclamante requereu a equiparação salarial,
havendo no caso um vício na inicial.

Conforme o disposto no art. 330, §1º, incisos I e II, do Código de Processo Civil, a
petição inicial é considerada inepta quando lhe faltar pedido, razão pela qual requer a extinção
do processo sem resolução de mérito em relação a equiparação salarial, por se falta de pedido.

II - SÍNTESE DOS FATOS

A autora trabalhou na empresa reclamada por exatos 08 (oito) anos, 03 (três) meses e
08 (oito) dias, desempenhando a função de gerente do setor de auditoria de médias empresas.
Função em que lhe tornava responsável por comandar 25 (vinte e cinco) auditores, fiscalizar e
validar as auditorias por estes realizadas. A remuneração recebida pela reclamante em relação
ao desempenho de suas funções era de R$ 20.000,00 (vinte e mil reais), contudo esta também
recebia uma gratificação pela função de R$10.000,00 (dez mil reais).

Por motivações pessoais, a reclamante pediu demissão no dia 07/01/2020, tendo


ajuizado ação trabalhista no dia 30/01/2020, onde reclamou diversos pedidos que acredita
possuir direito, das quais iremos discutir nesta.

III - DO MÉRITO

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

A reclamante laborou na empresa da reclamada do dia 29/09/2011 até 07/01/2020,


totalizando quase 09 (nove) anos de trabalho, requerendo as verbas suprimidas de todo o
período trabalhado

O artigo 11 da CLT em conjunto com a súmula 308, I do TST são claras em definir
que não poderão ser cobrados créditos resultantes das relações de trabalho anteriores a cinco
anos, contados a partir da propositura da ação.

Desta forma, a reclamada requer o acolhimento da prescrição parcial, visto que estão
prescritos quaisquer direitos trabalhistas e pretensões anteriores a 30/01/2015, na chamada
prescrição quinquenal.

HORAS EXTRAS

A reclamante postulou na inicial o pagamento de horas extras, alegando que trabalhava


de segunda-feira a sábado, das 08h às 20h, com intervalo de 01h para refeição, sendo que não
marcava folha de ponto. Devemos, neste ponto, ressaltar que a autora exercia a função de
gerente, o qual, por ser um cargo de confiança não se equipara a fixação de horário de
trabalho de no máximo 08 (oito) horas diárias.

O artigo 62 da CLT estabelece que cargos de confiança, como o de gerente, não estão
sujeitos ao horário de trabalho convencional de 08h por dias, razão pela qual recebe a
gratificação de função, devendo-se respeitar o mínimo legal de 40% do valor do salário. Desta
forma, verificamos que a reclamante não tem direito ao pagamento de horas extras, por
ocupar cargo de confiança e receber a gratificação de função devida no valor de R$ 10.000,00
reais.

Ante o exposto requer a improcedência do pedido de horas extras por não fazer jus ao
benefício em razão do cargo que ocupa.

DO FGTS

A reclamante pediu a condenação da reclamada no pagamento de 40% (quarenta por


cento) a título de indenização sobre o FGTS, contudo, o pleito é indevido, visto que fora a
autora quem pediu demissão no dia 07/01/2020. Desta forma, com base no art. 18, §1º, da Lei
8.036/90, requer-se a improcedência do pedido, visto que o pleito é contrário a previsão legal,
onde a empresa seria obrigada a realizar o pagamento caso rescindisse o contrato de trabalho
sem justa causa, o que não ocorreu no caso em tela.

DA INTEGRAÇÃO DE PRÊMIO AO SALÁRIO

No tocante aos valores percebidos pela reclamante como prêmio, em função do cargo
desempenhado, a reclamante solicitou que este fosse integrado a seu salário. Tal pleito não
merece procedência, visto que o Art. 457, §2º, da CLT, explicita que as importâncias, ainda
que habituais, pagas a título de prêmio não integram a remuneração do empregado, não se
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo
trabalhista e previdenciário.

Assim sendo, a reclamada requer o indeferimento da integração dos valores pagos


como prêmio ao salário, assim como os reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias,
inclusive FGTS, e os pagamentos das diferenças decorrentes.

DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL
Em razão do princípio da eventualidade, caso Vossa Excelência não entenda pela
inépcia do pedido de equiparação salarial, por não haver pedido claro, faz-se necessário
discutirmos a possibilidade de equiparação salarial. Visto isto, note que a autora traz como
paradigma uma funcionária da reclamada que também atua no cargo de gerente do mesmo
setor, a qual recebe um salário 10% (dez por cento) superior ao salário que a reclamante
recebia pelo desempenho de suas funções. Contudo, este exemplo é inviável visto que a outra
gerente é funcionária da empresa reclamada desde 15/01/2009, diferentemente da reclamante
que somente foi admitida em 29/09/2011.

Desta forma, com base no art. 461, §1º, CLT, a demandada requer que o pedido de
equiparação salarial seja indeferido, visto que o trabalho de igual valor para fins de
equiparação salarial não poderá ser com base em funcionários que possuam diferença de
tempo na função superior a 02 dois anos.

DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A reclamante alegou que suas atividades eram desenvolvidas em local de risco por
conta da localidade, onde a empresa fica situada, ser ao lado de uma comunidade violenta,
requerendo o pagamento de adicional de periculosidade. Argumentando que por conta da
violência contida na comunidade, por diversas vezes ouviu disparos de arma de fogo e
chegando até a assistir, da janela de sua sala de trabalho, operações policiais em combate ao
tráfico de drogas no local.

Insta que tal alegação é insuficiente e sequer possui amparo legal para concessão do
adicional de periculosidade, visto que o art. 193 da CLT regulamenta, em seu rol taxativo, os
casos em que o trabalhador possui direito ao adicional, sendo estes:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012)
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de
2012)
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial.
§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza
eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.
§ 4o São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em
motocicleta.
(DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1 DE MAIO DE 1943)

Visto isto, a reclamante supostamente observar operações policiais, ouvir disparos de


arma de fogo ou estar próxima de uma comunidade violenta não são pressupostos legais para
a concessão do adicional requerido, razão pela qual a reclamada requer o indeferimento do
pedido de adicional de periculosidade, salientando que o desconforto, supostamente, sentido
pela requerente não passa de um mero infortúnio.

DOS HONORÁRIOS

A reclamante, também, postulou em sua inicial a condenação em honorários


advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação. No entanto, o
art. 791-A da CLT, prevê que os honorários de sucumbência devidos ao advogado somente
poderão ser fixados dentro dos limites de 5% (cinco por cento) no mínimo e 15% (quinze por
cento) no máximo.

Assim sendo, requeiro a condenação da reclamante em honorários sucumbenciais no


percentual de 15% (quinze por cento) e, em caso de eventual condenação da reclamada,
requer a fixação dos honorários sucumbenciais no mínimo legal, sendo este de 5% (cinco por
cento) sobre o valor que resultar a liquidação da sentença.

IV - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, a reclamada requer:

a) O recebimento da presente contestação escrita, nos termos do art. 847 da CLT


b) O reconhecimento da preliminar de incompetência material deste juízo, com base na
Súmula Vinculante n. 53 do STF c/c a Súmula 368, I, TST;
c) O acolhimento da preliminar de inépcia da inicial, com base no art. 330, §1º, incisos I
e II, do Código de Processo Civil;
d) O acolhimento da prescrição quinquenal, impossibilitando a cobrança de quaisquer
direitos trabalhistas e pretensões anteriores a 30/01/2015, com fulcro no art. 11 da
Consolidação das Leis Trabalhistas concomitante com a Súmula 308, I, do TST;
e) O indeferimento do pedido de pagamento de Horas Extras, com base no art. 62, inc. II,
CLT;
f) O indeferimento do pedido de indenização de 40% (quarenta por cento) sobre o FGTS,
com base no art. 18, §1º, da Lei 8.036/90;
g) O indeferimento do pedido de da integração dos valores pagos como prêmio ao
salário, assim como os reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias, inclusive
FGTS, e os pagamentos das diferenças decorrentes, com fulcro no Art. 457, §2º, da
CLT;
h) O indeferimento do pedido de equiparação salarial, caso não acolhida a preliminar de
inépcia, com base no art. 461, §1º, CLT;
i) O indeferimento do pedido de adicional de periculosidade, com base no art. 193 da
CLT;
j) a condenação da reclamante em honorários sucumbenciais no percentual de 15%
(quinze por cento) e, em caso de eventual condenação da reclamada, requer a fixação
dos honorários sucumbenciais no mínimo legal, sendo este de 5% (cinco por cento)
sobre o valor que resultar a liquidação da sentença, com fulcro no art. 761-A da CLT.
k) A produção de todos os meios de provas admitidos.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Cidade, data.

Advogado(a)/OAB

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