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EXMO(A) JUIZ(ÍZA) DA Xª VARA DO TRABALHO DE SETE LAGOAS/MG

NELSON AVIZ, nacionalidade, data de nascimento, estado civil, portador do CPF sob nº ..., RG ...,
residente e domiciliado em .../MG, CEP.... , vem respeitosamente perante vossa Exa. por seu
procurador infra-assinado, apresentar

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

contra ALFA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ..., situada na
rua ..., Sete Lagoas/MG, CEP ..., o que faz pelos fundamentos de fato e de direito a seguir
expostos:

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O Reclamante não possui condições financeiras de arcar os pagamentos das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e o de sua família, conforme declaração de
hipossuficiência colacionada aos autos, com fundamento no Art. 5º, LXXIV, CF/88, c/c, Art. 98,
CPC/15. Face ao exposto, o Reclamante faz jus ao benefício de gratuidade de justiça.

Dessa forma, o Reclamante requer seja concedido o benefício da gratuidade de justiça.

b) DOS FATOS
O Reclamante foi contratado em 17.12.2017 para exercer as funções de serviços gerais, tendo
sido dispensado em 28.04.2018 por justa causa, tendo como última remuneração o valor de
R$1.200,00. Cumpre aqui esclarecer que, a função exercida habitualmente pelo Reclamante
sempre fora a de Técnico de Informática.
O Reclamante laborava no horário de 20h00 as 05h00 com carga horária acima do estabelecido,
além de não receber o adicional noturno pelo período devido. Ademais, além de ter sua carga
horária diária elastecida, o Reclamante dispunha de apenas 20 minutos para o intervalo
intrajornada destinado a descanso e alimentação.

c) DO DIREITO

III.1.A CONTRATO DE TRABALHO


O Reclamante foi contratado em 17.12.2017 para exercer a função de auxiliar de serviços gerais,
laborando de segunda a sábado no horário de 20h as 05h, tendo sido dispensado em 28.04.2018
por justa causa, percebendo como última remuneração o valor de R$1.200,00.

III.1.B - DA DISPENSA IMOTIVADA – ANULAÇÃO DA JUSTA CAUSA


O Reclamante foi dispensado por justa causa em 28.04.2018, pois, segundo a empresa o
Reclamante desempenhou conduta inadequada. Ocorre que a Reclamada em momento algum
apresentou ou informou ao Reclamante elementos que justificassem a penalidade aplicada.

Ficando então, claro e evidente que a dispenda não teve como fundamento qualquer um dos
motivos dispostos no art. 482, CLT.

Assim, requer a reversão da justa causa aplicada, para que possa receber as verbas rescisórias
de direito.

III.1.C - DO DESVIO DE FUNÇÃO E EQUIPARAÇÃO SALARIAL


O Reclamante foi contratado para exercer a função de Auxiliar de Serviços Gerais, conforme
previsão contida na sua carteira profissional de trabalho. Entretanto, de forma habitual, realizava
funções de Técnico de Informática.

Pois bem, o desvio de função está caracterizado no Art. 468, CLT, haja vista que qualquer
alteração na relação de emprego precisa ser de mútuo consentimento. Portanto, se o empregador
muda o colaborador de função sem acordar isso previamente ele, além de estar acarretando
prejuízos ao empregado, ele está cometendo um ato ilícito.
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde
que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Assim, muito embora não haja previsão legal sobre o tema, mas sim entendimento doutrinário e o
devido reconhecimento desta Especializada, faz jus o obreiro ao recebimento da diferença salarial
entre o cargo anotado em sua CTPS e o exercido habitualmente, assim como seus reflexos nas
parcelas de natureza salarial e rescisórias, ou seja, 13º, férias e terço constitucional, aviso prévio,
DSR, horas extras, FGTS e multa compensatória, para todos os efeitos legais, além da retificação
na CTPS

III.1.D - DA RETIFICAÇÃO DA CTPS


Conforme já exposto, O Reclamante teve registrado no documento profissional a função de
“Auxiliar de Serviços Gerais”, mas de acordo com os fatos aqui trazidos, tal anotação não condiz
com o verdadeiro cargo ocupado, sendo que, em verdade o RECLAMANTE ocupava o cargo de
Técnico de Informática.

A Reclamada, ao realizar anotação diversa da realidade fática, feriu o Art. 29 caput e §3 da CLT, o
qual determina que a anotação deverá ser específica e condizente com a função exercida pelo
empregado.

Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias úteis para anotar
na CTPS, em relação aos trabalhadores que admitir, a data de
admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, facultada
a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério da Economia.

§ 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo


acarretará a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que
deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente,
para o fim de instaurar o processo de anotação.

Sendo assim, requer que Vs. Exa. determine a retificação das anotações na CTPS do
Reclamante.
III.2 DO ADICIONAL NOTURNO
Em decorrência da jornada de trabalho citada, o Reclamante faz jus a receber o adicional noturno,
conforme dispõe o artigo 73, da CLT, o que não foi quitado pela Reclamada.

Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o


trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse
efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento),
pelo menos, sobre a hora diurna.

Da mesma sorte, a hora noturna não foi paga com a redução determinada por Lei, razão pela qual
também requer o pagamento.

§ 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e


30 segundos

Face ao exposto, o Reclamante tem direito a receber as horas extras laboradas após as 22h00min
até o término da jornada do dia seguinte, por força da súmula nº 60, do C. TST, com o adicional
de 20% (vinte e cinco por cento), cujos valores integrarão o salário para todos os efeitos legais,
refletindo em férias (com a complementação constitucional de 1/3), 13º salários, aviso prévio e
FGTS.

III.3 DAS HORAS EXTRAS


Ante ao exposto referente a jornada de trabalho diária do Reclamante, é possível observar que a
duração extrapola a carga horária diária de 8 horas, conforme Art. 58/CLT, vez que iniciava sua
jornada as 20h00 e finalizava apenas as 05h00.

Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em


qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde
que não seja fixado expressamente outro limite.

Dessa forma, deverá a Reclamada ser condenada ao pagamento de horas extras excedentes a
08ª diária.

III.4 DO INTERVALO SUPRIMIDO


Conforme já informado, o Reclamante fazia apenas 20 minutos de intervalo intrajornada destinado
para descanso e alimentação,
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis)
horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, O QUAL SERÁ, NO MÍNIMO, DE 1 (UMA) HORA e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas)
horas.

Desse modo, o Reclamante faz jus ao pagamento do período suprimido com o adicional de 50%
sobre a hora trabalhada, conforme Art. 71, §4º, CLT.

§ 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada


mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais,
implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período
suprimido, COM ACRÉSCIMO DE 50% (CINQUENTA POR CENTO) SOBRE O
VALOR DA REMUNERAÇÃO DA HORA NORMAL DE TRABALHO.

III.6 DO DANO MORAL


Diante ao narrado em se tratando da dispensa por justa causa, e a negativa da Reclamada em
comprovar os motivos que causou a dispensa, o Reclamante faz jus ao pagamento do Dano
Moral.

Pois, a forma como se deu a rescisão do contrato de trabalho, causou ao reclamante sofrimento,
humilhação e constrangimento, haja vista que fora deveras injusta.

Ademais, a Reclamada realizou em sua CTPS na parte de anotações gerais que a sua dispenda
fora motivada sendo realizada por justa causa.

Conforme previsto no Art. 29, §4, CLT, é vedado ao empregador realizar qualquer anotação da
conduta do empregado em sua CTPS, sendo tal conduta passível de multa.

§ 4o É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à


conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência
Social.

§ 5o O descumprimento do disposto no § 4o deste artigo submeterá o


empregador ao pagamento de multa prevista no art. 52 deste Capítulo.
Art. 52 - O extravio ou inutilização da Carteira de Trabalho e Previdência
Social por culpa da empresa sujeitará esta à multa de valor igual á
metade do salário mínimo regional.

Ressalte-se que pelo fato de ter sido dispensado por justa causa, ficou impedido de levantar os
depósitos do FGTS e receber o seguro desemprego, além de não fazer jus às verbas rescisórias
(Aviso prévio, férias e 13º salário proporcional, entre outros). Além do constrangimento por ter sido
acusado de uma conduta da qual não praticou.

Diante dos requisitos da obrigação de indenizar presentes no caso em tela, diga-se, a dispensa
imotivada, o dano moral experimentado pelo reclamante através de traumas reiterados, e com
fundamento no artigo 5º, inciso V, da CF/88, deverá a reclamada ser condenada a reparar o dano
moral causado ao reclamante.

III.7 DA MULTA DO FGTS

Conforme consta no próprio holerite do trabalhador, a Reclamada, ilegalmente, descontava o valor


recolhido para o FGTS.

A Lei nª 8.036/90 determina as regras de prazo, valor e procedimentos que devem ser observados
quanto ao pagamento do FGTS, que é encargo do empregador, dessa forma, não cabe às
empresas efetuarem descontos na folha de pagamento do trabalhador.

Diante de tal ilegalidade, requer que seja determinada a restituição dos valores indevidamente
cobrados do trabalhador.

III.8 DAS VERBAS RESCISÓRIAS


O Reclamante fora dispensado pela Reclamada sob a modalidade justa causa, não fazendo jus ao
recebimento das verbas rescisórias, porém, conforme explicitado acima e provado com as provas
documentais e testemunhais, o Reclamante nada fez para dar causa a dispensa.

O Reclamante sempre seguiu atentamente as regras estabelecidas pela Reclamada, mantendo a


assiduidade e pontualidade, nunca deixando de realizar as tarefas a ele delegadas e não praticou
qualquer falta grave que justificasse uma demissão por justa causa.
Portanto, a Reclamada não observou o Art. 477/CLT, o qual determina o pagamento de Multa por
rescisão contratual em demissão sem justa causa, cujo valor devido é de 40% sobre o FGTS,
além das demais normas concernentes às verbas rescisórias.

Face ao exposto, além do prejuízo em perder a única fonte de renda da qual garantia o seu
sustento, o Reclamante, foi lesado quanto aos valores reais rescisórios das quais tem pleno
Direito.

Requer-se então a condenação da Reclamada ao pagamento das verbas rescisórias além da


aplicação das multas do Art. 467 e 477/CLT.

IV. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


Requer a condenação da Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios, no importe de
15%, sobre o valor que resultar da liquidação, nos termos do art. 791-A da CLT.

V. DOS PEDIDOS
a) Gratuidade de justiça;
b) Anulação da justa causa aplicada;
c) Reconhecimento do desvio de função e condenação ao pagamento da equiparação
salarial;
d) Retificação da CTPS para que conste a função habitualmente exercida e remuneração
atualizada;
e) Condenação ao pagamento do adicional noturno no período trabalhado entre 22h00 as
05h00, além da aplicação da hora reduzida prevista no Art. 73, §1º, CLT;
f) Condenação ao pagamento de horas extras;
g) Condenação ao pagamento de intervalo intrajornada suprimido durante todo o contrato
de trabalho;
h) Condenação ao pagamento de Dano Moral;
i) Multa FGTS;
j) Pagamento das verbas rescisórias;
k) Honorários Advocatícios.

VI. DAS PROVAS


Indica como provas a serem produzidas as de caráter documental, testemunhal, pericial e
depoimento pessoal na amplitude do artigo 369 do Código de Processo Civil.

Termos em que pede e espera deferimento.

Local e data.

Advogado
OAB/UF

ROL DE TESTEMUNHAS
Nome: _______________________ Identidade: _______________ Endereço: ________________

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