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Tradução
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v.17 n.3 Dezembro. 2022 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print)
Dossiê Autoetnografias: (In)visibilidades, reflexividades e interações entre “Eus” e “Outros”
Resumo
Este artigo une o pensamento feminista negro (Collins, 2009) e a autoetnografia para defender a autoetno-
grafia feminista negra (AFN) como um meio teórico e metodológico para as acadêmicas negras narrarem
criticamente o orgulho e a dor da feminilidade negra. Enraizada em meu desejo de “erguer a voz” [“Talk
Back” (hooks, 1989)] à opressão sistêmica como uma mulher negra birracial (preta e branca), eu posiciono
a raiva como uma força produtiva que alimenta a voz através do AFN como um ato de resistência. Neste ar-
tigo, a AFN é usada para explorar autorreflexivamente minhas experiências cotidianas como uma ‘‘outsider
de dentro’’ [“Outsider Within” (Collins, 1986)] e problematizar a onipresença do racismo e do sexismo (no
mínimo) na vida cotidiana das mulheres negras. Situando a minha raiva como justa e justificável, localizo a
minha voz diretamente em resposta às imagens de controle, tais como a safira raivosa4 que denota as mulhe-
res negras como raivosas, como indisciplinadas, ao mesmo tempo que enfatizo a necessidade de “políticas
sexuais negras progressistas” que testemunham a raiva produtiva das mulheres negras.
Palavras-chave: Raiva; Autoetnografia; Identidade Birracial; Pensamento Feminista Negro; Resistência e
Voz.
1 To cite this article: Rachel Alicia Griffin (2012) I AM an Angry Black Woman: Black Feminist Autoethnography, Voice, and Resistance, Wo-
men's Studies in Communication, 35:2, 138-157, DOI: 10.1080/07491409.2012.724524; To link to this article: http://dx.doi.org/10.1080
/07491409.2012.724524
2 Associate Professor of Race and Communication Associate Chair (2021-) Department of Communication, University of Utah. Ethnic Studies
(affiliated faculty), University of Utah. Published online: February, 2012.
3 Silvio Matheus Alves Santos é Doutor em Sociologia pela USP e atualmente Pesquisador Bolsista CAPES de Pós-Doutorado na Sociologia
– IFCH/UNICAMP. Email: [email protected] / ORCID: 0000-0002-4110- 8064. Carlos P. Reyna é Doutor em Cinema pela UNICAMP e
atualmente prof. Associado III do PPGCSO e do Departamento de Cinema do IAD da Universidade Federal de Juiz de Fora / ORCID: 0000-
0003-0049-2706.
4 Nota do Tradutor (N.T.): A autora deste texto desenvolverá mais explicações e análises sobre esta caricatura ao longo do trabalho. Mesmo
assim, apresento sucintamente um entendimento geral. A caricatura de “Safira Raivosa” retrata as mulheres negras como rudes, barulhentas,
maliciosas, teimosas e autoritárias. Safira expressa uma imagem de controle e/ou estereótipo que visa retratar duramente as mulheres negras. É
bastante conhecido nos EUA e em sua cultura nacional. Em síntese, “é um mecanismo de controle social que é empregado para punir as mulheres
negras que violam as normas sociais que as encorajam a serem passivas, servis, não ameaçadoras e invisíveis.”. Ver link: https://www.ferris.edu/
HTMLS/news/jimcrow/antiblack/sapphire.htm
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Dossiê Autoetnografias: (In)visibilidades, reflexividades e interações entre “Eus” e “Outros”
Eu SOU uma Mulher Negra com Raiva51. Sem alianças nas interseções de marginalização e privilégio.
arrependimento, racionalmente e com razão. Eu estou Convido os leitores em minha jornada para posicionar a
morrendo de raiva! Eu estou frustrada e furiosa! Estou AFN como um meio para as mulheres negras acadêmicas
devastada e meu sangue está fervendo a uma temperatura destacarem e desafiarem as falhas da sociedade norte-
tão alta que acho que meu coração pode parar de bater americana em reconhecer totalmente o racismo e o
a qualquer momento! Estou com tanta raiva que me sexismo. Em resposta às falhas, EU SOU uma mulher
sinto neurótica; sinto como se minha mente tivesse se negra com raiva.
perdido para meu olhar crítico (Pelias, 2000). Todas Para aqueles que estão com raiva ao meu lado, Eu
as manhãs, quando acordo e inspiro nosso mundo, dou as boas-vindas à sua presença e só posso esperar
minha raiva é acompanhada por uma dor aguda que que este artigo ajude a fortalecer sua firme adesão
torce meu espírito e desafia minha fé. Tornar minha à escrita autoetnográfica como meio de resistência.
dor uma questão de registro público como uma mulher Este trabalho é dedicado a todas as mulheres negras
negra 26. birracial é aterrorizante. Desde que me lembro, que tiveram que morder a língua com tanta força que
meu corpo negro/branco, branco/negro tem sido um ela chega a sangrar para proteger seu corpo, mente,
tabu: uma detestada ponte feminina suspensa entre alma, entes queridos, sustento ou até mesmo sua
locais raciais (Anzaldúa, 1990; Ono, 1997). Escrito vida. Preparando-nos para essa empreitada, Calafell
para aqueles que abraçam os binários como absolutos, e Moreman (2009) nos lembram que “As feministas
atropelam a agência com sua debandada essencialista negras há muito defendem a importância de ouvir as
e alimentam o frenesi de desumanizar os Outros, este experiências das mulheres negras e atender às políticas
artigo ilumina a onipresença da opressão na vida das que fundamentam essas vozes”. Mais expressamente
mulheres negras em geral e em minha própria vida em relação às mulheres negras, inúmeros estudiosos
como uma acadêmica negra birracial em particular. dentro e fora do campo da comunicação marcaram a
Para tanto, abordo primeiramente a invisibilidade invisibilidade do conhecimento por parte de e sobre
da mulher negra no campo da comunicação e no da mulheres negras (Collins, 1986, 2009; Davis, 1998,
academia, de maneira mais ampla. Então, eu processo 1999; hooks, 1981; Houston, 1992; Houston &
cronologicamente por meio da minha introdução Davis, 2002). Refletindo sobre a história, Davis
pessoal ao pensamento feminista negro para posicionar (1998) pergunta: “Onde está a voz crítica que fala da
a pesquisa feminista negra em conversa com a identidade da mulher negra constituída na experiência
autoetnografia. Conectar os dois leva a uma discussão da escravidão, exílio, peregrinação e luta?” (p. 83).
sobre a autoetnografia feminista negra (AFN) 73, seguida Falando aos estudiosos contemporâneos, Houston e
pelo meu uso da raiva para alimentar minhas reflexões Davis (2002) oferecem: “O fato lamentável é que os
autoetnográficas feministas negras. Finalmente, eu estudiosos da comunicação ainda precisam desenvolver
termino com uma discussão sobre as ricas possibilidades um corpo substancial de estudos que explorem as
da AFN como meio de resistência que pode inspirar experiências comunicativas vividas pelas mulheres
5 N.T.: a palavra Angry será traduzida por “Raiva” posto que esta é a afro-americanas” (pp. 2-3).
palavra que mais se encaixa com o que é desenvolvido pela autora e As mulheres negras têm muito com o que se irritar
com algumas das principais referências apresentadas pela mesma, como
é o caso de Audre Lorde (1984) e sua obra Sister outsider: Essays and na academia, incluindo a ínfima representação de
speeches by Audre Lorde. acadêmicas negras (Gregory, 2002; “The Profession”,
6 Escolho me identificar como uma mulher Negra birracial para marcar
tanto a confissão quanto a atribuição em relação à performance identi- 2011) 84 , e a dificuldade de publicar pesquisas
tária. Por isso, me identifico como birracial para marcar minhas raízes relacionadas à raça (Hendrix, 2002, 2005, 2010; Orbe,
culturais Negras e Brancas. No entanto, meu corpo é muitas vezes lido
apenas como preto. Eu marco isso como uma escolha política, que re- Smith, Groscurth, & Crawley, 2010), ambos
conheço que pode ser lida como ofensiva. Por exemplo, muitas vezes alimentando a ausência de estudos emancipatórios
me perguntam: “Por que você não pode ser apenas Negra?”, o que in-
terpreto como um pedido, tanto de Brancos quanto de Negros, para que por parte de e sobre mulheres negras.
eu seja “Negra e ponto final” - como um facilmente carimbado “En-
tendido.” Embora compreenda o desejo de simplicidade que interpreto
apoiando tais pedidos, em alinhamento com Collins (2009), que chama
a atenção para a rica diversidade entre as mulheres negras, prefiro re- 8 De acordo com The Chronicle of Higher Education (“The Profes-
conhecer todas quem sou em vez de escolher entre oposições binárias. sion”, 2011) Edição Almanac (informando sobre as estatísticas mais re-
7 N.T.: A expressão ou conceito de Autoetnografia Feminista Negra será centes disponíveis), no outono de 2009, nos Estados Unidos, dos 4,7%
apresentada ao longo do texto com a sigla “AFN”, seguindo a forma do total, 6,6% dos associados e 7,9 % dos professores assistentes eram
adotada pela autora do texto. identificados como negros e mulheres.
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Localizando um Terreno Comum: (Beale, 1970; Crenshaw, 1995; King, 1988). Levar em
Pensamento Feminista Negro e Autoetnografia conta a multiplicidade de vulnerabilidades sistêmicas
que as mulheres negras podem encontrar nos permite
No campo da comunicação, “Outras histórias” mapear interseccionalmente como, por exemplo, os
autoetnográficas (Calafell & Moreman, 2009) esforços feministas foram prejudicados pelo racismo;
que trabalham contra forças sistêmicas como racismo, pela unidade racial frustrada pelo classismo; e
sexismo, heterossexismo e classismo da perspectiva pela consciência de classe adiada para preservar o
das mulheres negras permanecem raras.131Como uma patriarcado (Collins, 2009; Davis, 1981; hooks, 2000).
metodologia posicionada para abraçar a subjetividade, A autoetnografia feminista negra também oferece um
envolver a autorreflexividade crítica, falar em vez de ser meio narrativo para que se destaquem as lutas comuns à
falado, interrogar o poder e resistir à opressão (Calafell feminilidade negra sem apagar a diversidade entre elas,
& Moreman, 2009; Denzin, 1997; Jones, 2005; aliada à estratégia de “erguer a voz153” ou “repudiar”
Warren, 2001), a autoetnografia pode ser produtivamente (Talking Back164) (hooks, 1989) aos sistemas de
associada ao pensamento feminista negro para que as opressão (por exemplo, sexismo, racismo, capacitismo,
acadêmicas negras possam “olhar para dentro (para heterossexismo, classismo).
si mesmas) e para fora (para o mundo) conectando o Dando vida ao significado de “talking back”, bell
pessoal ao cultural” (Boylorn, 2008, p. 413). Além disso, hooks oferece:
mulheres negras com acesso a privilégios acadêmicos
podem usar a AFN como um meio de falar com, Passar do silêncio para a fala é para os oprimidos, coloni-
em meio a, e às vezes para as mulheres negras “que zados, explorados e aqueles que se erguem e lutam lado
não têm acesso direto aos fóruns públicos de nossas a lado um gesto de desafio que cura, que torna possível
conferências, periódicos e livros” (Houston, 1992, p. uma nova vida e um novo crescimento. É esse ato de fala,
55). Afirmando a declaração de Collins (2009) de que de “talking back”, que não é um mero gesto de palavras
o insight experiencial das mulheres negras oferece vazias, que é a expressão de nosso movimento de objeto
um “ângulo de visão único” (p. 39) apesar de nossa a sujeito – a voz liberada. (1989, pág. 9).
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Meu Corpo Não É Seu Playground Midiatizado de America’s Next Top Model com modelos aparecendo
em Blackface213é humilhante e problemático. Em
Voltando-se para um campo de extermínio resposta à minha frustração, espelhada pelas críticas
contemporâneo para o corpo feminino negro, a mídia negativas que recebeu na mídia, a Sra. Banks ofereceu:
é como um esquadrão de execução do qual não há
escapatória. Para onde quer que eu me volte como uma Quero ser bem clara: eu, de forma alguma, coloco meus
“espectadora feminista negra” (Madison, 1995; hooks, ‘‘Top Models’’ em blackface [...]. Eu sou uma mulher ne-
1992), vejo imagens do meu corpo refém como Outro; gra. Eu estou orgulhosa. Eu amo meu povo e a luta pela
aprisionada nas imagens controladoras da mammy, qual passamos continua e a última coisa que eu faria é
jezebel, safira, matriarca e a rainha do bem-estar mais fazer parte de algo que degradou minha raça. Sinto muito
contemporânea, hoodrat191, aberração, negra maluca, por qualquer um que assistiu “Top Model” e ficou ofendi-
super-mulher, ou alguma combinação delas (Collins, do com as fotos porque eles não entenderam a verdadeira
2009; hooks, 1989, 1992; Hull et al., 1982; Neubeck história por trás delas ou mesmo se você viu o episódio
& Cazenave, 2001; Reynolds Dobbs, Thomas, inteiro e ainda ficou ofendido, eu realmente peço des-
& Harrison, 2008). Nas trincheiras da “política culpas porque essa não é minha intenção [. . .]. Minha
sexual negra” (Collins, 2005), que informam quem intenção é espalhar beleza e quebrar barreiras. (Acesse
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exigem para que as mulheres Negras perseverem, ção, mudar de posição, reposicionar-nos em relação a
tenham sucesso e até mesmo apenas respirem. nossas identidades individuais e coletivas. Em aliança,
Embora a autoetnografia feministas negra (AFN) somos confrontados com o problema de como comparti-
não possa retificar os repetidos fracassos da sociedade lhamos ou não o espaço, como podemos nos posicionar
dominante em respeitar a humanidade das mulheres com indivíduos ou grupos que são diferentes uns dos
Negras, nem erradicar os danos que as mulheres outros e estão em desacordo uns com os outros, como
negras já sofreram e continuam sofrendo, o que a podemos conciliar o amor de uma pessoa por diversos
AFN pode fazer é marcar nossa presença determinada grupos quando os membros desses grupos não se amam,
e nossas ricas contribuições dentro e fora da academia; não podem se relacionar e não sabem como trabalhar
documentar nossa força em meio à rotina das lutas juntos. (p. 219).
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