Contrato Administrativo

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UNIVERSIDA DE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão dos Recursos Naturais e Mineralogia

Tema: Contratos administrativos

Cadeira: Direito Administrativo II

Curso: Direito

2⁰ano

Nomes dos estudantes:

Beauty Memory Kenneth

Celso Eliseu Júlio

Higon Cassiano Marcelino

Júlio Manuel Adriano Cacebola

Tafadzwa Elias Emas Uenganai Moyo

Docente: Rosina Zandamela

Tete 2022

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Indice

1. Introdução……………………………………………………………………………………..03

1.1 Objectivos………………………………………………………..…………………………03

1.1.1. Objectivo geral………………………………………………………………………….03

1.1.2. Objectivo específico………………………….…………………………………………03

2. Noção de contrato………………………………………………………….………………….04

2.1. Contrato Administrativo……………………...……………………………………………04

2.2. Enquadramento legal…………………………………………..……………….


…………..04

3. A Formação do Contrato Administrativo…………………………………………….


………..04

4. Principais Espécies de Contratos


Administrativos…………………………………………….05

5. Regime Jurídico dos Contratos Administrativos………………………...……………………06

6. Execução do contrato administrativo………………………………………….………………08

6.1. Garantias de execução do Contrato administrativo………………………………………..08

6.2. Poderes de supremacia da Administração pública na execução do contrato


administrativo………………………………………………………….…………………………
09

7. Extinção do contrato administrativo……………………………………….………………….13

8.Problematização……….………………………………………....…………………………….15

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9. Conclusão…………………………………………………………….………………………..17

10. Referência bibliográfica…………...…………………………………………………………18

1. INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho que temos como tema contrato administrativo, possui como objectivo
demonstrar e esclarecer questões pertinentes aos contratos administrativos, pretendemos também
explanar como se dão os contratos da administração pública, seu conceito, características,
informações essenciais para entendermos de que forma a Administração publica realizam
contratos para o melhor funcionamento da máquina pública e de contrapartida dar conhecimento
para o que haja o rescindimento do contrato ou sua extinção.
O contrato administrativo se destaca por sua forma peculiar no que diz respeito a sua celebração,
onde a Administração estabelece previamente as regras, independente de ajuste com o particular,
visando sempre o interesse público.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

˗Analisar os contrato administrativos.

1.1.2. Objectivos específicos


˗Enunciar o conceito do contrato administrativo
˗Explicar as formas do contrato administrativo
˗Identificar as especiais de contrato administrativo
˗Demonstrar os regimes jurídico do contrato administrativo
˗Esclarecer a forma de execução e extinção do contrato administrativo

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2. Noção de contrato

Antes de nos aprofundarmos no conceito de contrato administrativo, apresentaremos o conceito


de contrato num âmbito mais amplo:

Contrato é conceituado como uma manifestação recíproca de vontades entre dois entes,
conformando uma relação jurídica bilateral na qual são estabelecidos os respectivos interesses
das partes e com base em uma vontade nascida do consenso, autônoma e diferenciada das
vontades individuais originais, que passará a reger a relação formada.

2.1. Contrato Administrativo

Muitas vezes, porém, a Administração Pública actua de outra forma, desta feita em colaboração
com os particulares, usando a via do contrato, que é uma via bilateral, para prosseguir os fins de
interesse público que a lei põe a seu cargo. Isso significa que, estes casos, a Administração
Pública, em vez de impor a sua vontade aos particulares, necessidade chegar a acordo com eles
para obter a sua colaboração na realização dos fins administrativos.

2.2. Enquadramento legal

De acordo com o n.˚: 1 do art.176 da (Lei n.˚ 14/2021, de 10 de agosto) define o Contrato
Administrativo como "O acordo de vontades pelo qual é constituída, modificada ou extinta uma
relação jurídica administrativa.

3. A Formação do Contrato Administrativo

Trata-se de regras que versam sobre os elementos essenciais do contrato administrativo:

A competência para contratar, a obtenção do mútuo consenso em que o contrato administrativo


se traduz, a autorização das despesas públicas a realizar através do contrato, e a forma e
formalidades de celebração do contrato administrativo.

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A escolha dos particulares está sujeita a normas muito restritivas. Pode ser feita através de ajuste
directo, concurso limitado ou concurso público (art. 179º CPA).

A regra geral é que todo o contrato administrativo tem de ser celebrado precedendo concurso
público, salvo se a lei autorizar outro processo (180º LPA).

A liberdade contratual da Administração Púbica não é limitada somente pelas regras legais
relativas à escolha do contraente privado: também a liberdade de conformação do conteúdo da
relação contratual está condicionada pela proibição da exigência de prestações
desproporcionadas ou que não tenham uma relação directa com o objecto do contrato.

Os contratos administrativos estão sujeitos à forma escrita (art. 181º).

Acontece muitas vezes que as leis administrativas preveem a figura da adjudicação. Esta é um
acto administrativo: trata-se do acto pelo qual o órgão competente escolhe a proposta preferida e,
portanto, seleciona o particular com quem pretende contratar. A adjudicação é assim, um acto
administrativo, ou seja, um acto jurídico unilateral, ao passo que o conteúdo é um acto jurídico
bilateral, um acordo de vontades.

4. Principais Espécies de Contratos Administrativos

Nos termos do nº 2 do 176º as principais espécies de contratos administrativos, são sete (7):

Empreitada de obras públicas: é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega


de executar uma obra pública, mediante retribuição a pagar pela Administração;

Concessão de obras públicas: é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega


de executar e explorar uma obra pública, mediante retribuição a obter directamente dos utentes,
através do pagamento por estes de taxas de utilização;

Concessão de serviços públicos: é o contrato administrativo pelo qual um particular se


encarrega de montar e explorar um serviço público, sendo retribuído pelo pagamento de taxas de
utilização a cobrar directamente dos utentes.

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Concessão de uso privativo do domínio público: é o contrato administrativo pelo qual a
Administração Pública faculta a um sujeito de Direito Privado a utilização económica exclusiva
de uma parcela do domínio público para fins de utilidade pública.

Concessão de exploração de jogos de fortuna e azar: é o contrato administrativo qual um


particular se encarrega de montar e explorar um casino de jogo, sendo retribuído pelo lucro
auferido das receitas dos jogos.

Fornecimento contínuo: é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega,


durante um certo período, de entregar regulamente à Administração certos bens necessários ao
funcionamento regular de um serviço público.

Prestação de serviços: abrange dois tipos completamente diferentes um do outro: contrato de


transporte é o contrato administrativo pelo qual um particular se encarrega de assegurar a
deslocação entre lugares determinados de pessoas ou coisas a cargo da Administração; e o
contrato de provimento é o contrato administrativo pelo qual um particular ingressa nos quadros
permanentes da Administração Pública e se obriga a prestar-lhe a sua actividade profissional de
acordo com o estatuto da função pública.

5. Regime Jurídico dos Contratos Administrativos

O regime jurídico dos contratos administrativos é constituído quer por normas que conferem
prerrogativas especiais de autoridade à Administração Pública, quer por normas que impõe à
Administração Pública especiais deveres ou sujeições que não têm paralelo no regime dos
contratos de Direito Privado.

Aplicam-se ao presente Regulamento os seguintes Regimes Jurídicos:

Regime Geral:

O Regime Geral para a contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens e de


prestação de serviços ao Estado é o Concurso Público.

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O Concurso Público é a modalidade de contratação na qual pode intervir todo e qualquer
participante interessado, desde que reúna os requisitos estabelecidos nos Documentos do
Concurso.

O Concurso Público processa-se de acordo com um encadeamento lógico de fases. As fases do


processo são as seguintes: (i) Preparação; (ii) Lançamento; (iii) Apresentação e abertura de
propostas e documentos de qualificação; (iv) Avaliação das propostas e documentos de
qualificação; (v) Saneamento; (vi) Classificação; (vii) Recomendação do Júri; (viii) Decisão; (ix)
Reclamação e recurso; (x) Adjudicação.

Os Documentos do Concurso podem exigir, como condição de aceitabilidade da proposta, a


prestação de garantias. As referidas garantias podem ser definitivas ou provisórias, e o seu valor
encontra limites máximos estipulados no Regulamento. Serão, normalmente, aceites pela
Entidade Contratante as seguintes formas de garantia: (i) garantia bancária; (ii) caução em
dinheiro; (iii) cheque visado; (iv) títulos de divida pública; e (v) seguro-garantia. Porém, os
Documentos do Concurso podem prever outras formas de garantia.

A proposta de preços deve ser apresentada em moeda nacional, o Metical, salvo nos casos
excepcionais previstos nos Documentos de Concurso.

Regime Especial:

Por contraposição ao Regime Geral (Concurso Público), temos o designado Regime Especial,
que permite à Entidade Contratante adoptar normas distintas das definidas pelo Regulamento.

As normas especiais devem constar no Anúncio e dos Documentos de Concurso, e são


admissíveis nos casos em que a Entidade Contratante pretenda:

• Proceder a uma contratação no âmbito de um Tratado ou acordo internacional entre


Moçambique e outro Estado ou organização internacional, que exija a adopção de um regime
especial, ou;

• Proceder a uma contratação no âmbito de projectos financiados, com recursos provenientes de


uma agência oficial de cooperação estrangeira ou organismo financeiro multilateral, sempre
que a adopção de normas distintas seja uma condição do respectivo acordo ou contrato.

Regime Excepcional:
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Por último, existe ainda o Regime Excepcional, o qual permite, com fundamento no “Interesse
Público”, que sejam escolhidos pela Entidade Pública Contratante qualquer um dos seguintes
procedimentos pré-contratuais:

• Concurso com Prévia Qualificação;

• Concurso Limitado;

• Concurso em Duas Etapas;

• Concurso por Lances; e

• Ajuste Directo.
Importa referir que as contratações feitas ao abrigo do Regime Excepcional regem-se,
subsidiariamente, pelas normas do Concurso Público previstas no Regulamento.

6. EXECUÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

Celebrado o contrato, segue - se a fase da sua execução. Note - se que na formação do contrato
administrativo a administração pública aparece despida dos seus poderes de autoridade,
cumprindo - lhe garantir a efetivação do material das regras e princípios que regera a formação
contratual.

Adjudicado o contrato, ao concorrente selecionado cabe - o executar o contrato com ele


outorgado - princípio de execução pessoal. Esta regra admite excepções:

➢ Se as prestações não tiverem caráter privado: pessoal, dispuser em sentido contrário e a


Administração pública autorizar pode contraente privado transferir, no todo ou uma
parte, as obrigações assumidas por meio de contrato de trespasse, subconcessão ou outra
forma legalmente possível;
➢ No caso de declaração judicial de falência ou insolvência contraente particular, o
contrato não caducará se administração pública consentir, que seja executado pelos
credores Administração Pública consentir que seja cumprido Em caso de morte do
contraente, pode a, Administração permitirá aos seus herdeiros que prossigam na
execução do contrato.
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6.1. Garantias de execução do Contrato administrativo

A execução do contrato é assegurada pela prestação de garantia defensiva adequada ao bom e


cumprimento pontual das obrigações assumidas (artigo 46 do Decreto n.º 15/2010). A garantia é
assegurada através da prestação de uma canção bancária. A caução é prestada antes da
celebração do contrato, mas após a adjudicação.

Nenhuma contraente privada pode ser pago por adiantamento sem que preste caução no valor
igual ao pagamento solicitado (n°4). Nos termos do n.º 3 do mesmo artigo, A garantia definitiva
poderá ser dispensada nos casos de contratação de empreitada de obras, fornecimentos de bens e
prestação de serviços de pequena dimensão e na selecção de pessoas singulares para a prestação
de serviços de consultoria.

6.2. Poderes de supremacia da Administração pública na execução do contrato


administrativo

Na fase de execução do contrato administrativo a Administração Pública goza de um conjunto de


prerrogativas públicas especiais inexistentes no regime geral, designadamente (art. 178 LPA) que
são:

➢ Modificar, unilateralmente, o conteúdo das prestações, desde que seja mantido o objecto
do contrato e o seu equilíbrio financeiro.
➢ Dirigir o modo de execução das prestações.
➢ Rescindir, unilateralmente , os contratos por imperativo de interesse público devidamente
fundamentado , sem prejuízo do pagamento de justa indemnização.
➢ Fiscalizar o modo de execução do contrato.
➢ Aplicar as sanções relativas à inexecução do contrato.

Poder de modificar, unilateralmente, o conteúdo das prestações

A Administração pode modificar, unilateralmente, o conteúdo das prestações, desde que seja
mantido o objecto do contrato e o seu equilíbrio financeiro (art. 178, al. a) LPA).

Este poder visa adequar o contrato à dinâmica do interesse público, actualizando as cláusulas
relativas ao conteúdo das prestações, mantendo - se, obviamente, o objecto do contrato e a sua
equação financeira.
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Deve notar – se que este poder é normalmente exercido nos casos de contratos de longa duração
(contratos de concessão) por as cláusulas neles inscritos não mais corresponderem às
necessidades colectivas actuais.

O poder de modificação unilateral do conteúdo das prestações não pode alterar o objecto do
contrato. Isto é, se o contrato versa sobre o transporte ferroviário, o objecto não pode ser alterado
para o transporte aéreo. Como escreve Marcello CAETANO a propósito " a Administração pode
mudar o contrato mas não pode mudar de contrato; se a Administração quiser mudar de contrato,
deverá então fazer uso do poder de resgate da concessão, e celebrar outro contrato

Com efeito, o poder de modificação unilateral do conteúdo das prestações, e não o objecto do
contrato, deve ser fundamentado e é feito por apostilas, e insere - se na necessidade de alterar

(art. 54, n.º, do Decreto n. ° 15/2010).


Poder de dirigir o modo de execução das prestações

O poder de dirigir o modo de execução das prestações consiste na faculdade que a Administração
pública tem de emanar ordens, directivas e instruções de carácter vinculativo ao contratado
privado sobre o modo de execução técnica, jurídica (por exemplo, a necessidade de interpretar os
conceitos vagos e indeterminados utilizados no contrato) e / ou financeira das prestações
contratuais iniciais ou adicionadas, posteriormente, pelo exercício do poder de modificação
unilateral.

Este poder deve limitar - se ao estritamente necessário para a prossecução do interesse público
em causa e deve processar - se de modo a não perturbar a execução do contrato, com observância
das regras e procedimentos legais ou contratuais aplicáveis e sem diminuir a iniciativa e
responsabilidade do contratante privado. A Administração Pública não dispõe de privilégio de
execução prévia se o contraente privado não acatar as ordens, instruções e directivas emanadas, o
que é dizer não há como impor coercivamente o cumprimento das orientações, mas o
incumprimento das orientações não deixará de ter influência para o curriculum do contraente
privado, até porque é passível de aplicação de sanções.

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Poder de rescindir, unilateralmente, os contratos

Nos termos da alínea c) do artigo 178 da LPA, a Administração pode rescindir, unilateralmente,
os contratos por imperativo de interesse público devidamente fundamentado, sem prejuízo do
pagamento de justa indemnização.

A Administração Pública pode rescindir, unilateralmente, o contrato administrativo por duas

Razões:

➢ A primeira é por motivos do interesse público, o facto de terem surgido novas imposições
circunstanciais, que só a modificação unilateral não é suficiente para dar cobro, optando,
neste caso pela resolução do contrato.
➢ A segunda é por motivos de alteração anormal e imprevisível das circunstâncias em que
as partes fundaram a decisão de contratar, afectando - se gravemente a possibilidade real
de continuação do contrato. Neste caso, a origem da resolução contratual é o chamado
fait du prince, ou " facto do príncipe " O " facto do príncipe " tem lugar quando o Estado
edita uma medida, cujo efeito rompe o equilíbrio do contrato e que não estava dentro das
previsões das partes.

Nas duas situações, a Administração deve pagar uma indemnização ao particular contraente
correspondente aos danos emergentes e aos lucros cessantes .

Poder de fiscalizar o modo de execução do contrato

O poder de fiscalizar o modo de execução do contrato consiste na faculdade que a Administração


tem de acompanhar a execução do contrato, vigiando, para evitar surpresas futuras que possam
ser irremediáveis. A fiscalização pode ser técnica, financeira ou jurídica, determinando as
necessárias correcções à boa execução da obra, sem embargo obviamente de aplicar as sanções
em caso de desacatos.

Poder aplicar as sanções relativas à inexecução do contrato

À inexecução do contrato pelo contraente privado corresponde as devidas sanções, a serem


aplicadas pela Administração. Portanto, o poder de aplicar sanções consiste na faculdade que a
Administração tem de aplicar multas contratuais, de rescindir unilateralmente o contrato ( diga -

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se que o contraente privado pode também rescindir unilateralmente o contrato ) e de sequestrar o
contrato , nos casos de concessões.

Analisemos detidamente estes três elementos do poder de aplicar sanções:

A) Poder de aplicar multas

As multas a aplicar podem consistir numa penalidade ou numa medida compulsória até o faltoso
cumprir com as suas obrigações determinada, às vezes, percentualmente, tendo em conta o valor
do contrato (vinte por cento, que pode dar lugar à rescisão). As multas podem ser determinadas
nos regulamentos, leis ou nas cláusulas contratuais.

b) Poder de rescindir o contrato como sanção por parte da Administração

A Administração pública pode rescindir o contrato como sanção, nos casos em que o contraente
privado não cumpra grosseiramente com as obrigações assumidas.

São, as seguintes , as causas de rescisão por parte da Administração ( n . ° I do art . 56 do


Decreto n . 15/2010 ) :

➢ Incumprimento pela Contratada de cláusulas contratuais, especificações, projectos ou

Prazos.

➢ Mora por prazo superior a sessenta dias, no cumprimento pela Contratada de obrigações
constantes de cláusulas contratuais, especificações, projectos e prazos de execução ou
fornecimento, ou prazo menor que tenha sido estabelecido nos Documentos de Concurso.
Cumprimento defeituoso reiterado de obrigações contratuais pela Contratada.
➢ Sistemática inobservância pela Contratada das determinações da autoridade designada
para acompanhar e fiscalizar a execução da obra ou serviços.
➢ Declaração de falência, insolvência ou dissolução da contratada.
➢ Morte ou extinção da Contratada.

c) Poder de rescindir o contrato pelo particular contraente

O particular pode, em caso de incumprimento pela Administração Pública, rescindir


unilateralmente o contrato administrativo. O número 2 do artigo 56 do Decreto n. 15/2010
Estabelece os seguintes fundamentos para o efeito:

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➢ A impossibilidade de acesso à área, local ou objecto para execução das obras ou para
fornecimento de bens ou prestação de serviços nos prazos contratuais, ou de acesso às
fontes de materiais originais especificados nos Documentos de Concurso ou na proposta,
por acto imputável à Entidade Contratante.
➢ O atraso por prazo superior a sessenta dias, nos pagamentos, totais ou parciais, devidos
pela Entidade Contratante em razão da execução das obras, fornecimento de bens ou
prestação de serviços;
➢ O decurso de sessenta dias a contar da recepção da ordem escrita da Entidade Contratante
ordenando a suspensão da execução da obra ou prestação de serviços, por motivos não
imputáveis à Contratada, salvo em caso de força maior ou caso fortuito.

7. EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

Causas normais de extinção do contrato administrativo

São causas normais de extinção do contrato administrativo, as seguintes: o cumprimento, a


Revogação por mútuo consenso e a rescisão unilateral por incumprimento das partes (cfr. art.55
do Decreto n.º 15/2010).

Cumprimento

O cumprimento consiste em as partes (contratante e contratada) realizarem as prestações a que se


obrigaram, de forma espontânea ou forçada. A Administração Pública cumpre o contrato quando
realiza todas as prestações a que se encontra obrigada pelo contrato, pagando, logicamente, o
preço. O contraente particular cumpre o contrato quando, também, realiza a prestação, por
exemplo, entrega a obra, os bens ou serviços, sem defeitos.

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Revogação por mútuo consenso

A revogação por mútuo consenso consiste na extinção dos efeitos do contrato por acordo entre a
entidade contratante e a entidade contratada, celebrado por escrito, fixando - se no acordo as
respectivas consequências jurídicas.

O acordo de revogação segue o princípio da equivalência da forma pela qual foi celebrado o
contrato.

Causas anormais de extinção do contrato administrativo

São causas anormais de extinção do contrato administrativo, a ocorrência do caso de força maior
e o caso imprevisto, nomeadamente, as áleas extraordinárias.

Caso de força maior

O caso de força maior, na terminologia do direito inglês, an act of God, " consiste no facto
Imprevisível e estranho à vontade dos contraentes que impossibilita absolutamente o
cumprimento das obrigações.

O caso de força maior é facto imprevisível, irresistível, inevitável e que escapa à vontade das
partes, que impossibilita parcial ou totalmente a execução do contrato, levando, este facto, à sua
extinção.

O caso de força maior é, um facto superveniente, isto é, não previsto no momento da contratação,
mas a sua causa é conhecida, porém, irresistível, tal causa. É independente da vontade das parte é
imprevista e imprevisivel.

São os casos de ocorrência durante a execução, de actos de guerra, subversão, hostilidades ou


invasão, tumultos, rebelião, terrorismo, epidemias, radiações atómicos, inundações, ciclones,
tremores de terra, e outros cataclismas naturais que, directamente, impossibilitam a realização de
obrigações contratuais.

Devemos sublinhar que ocorrendo caso de força maior e a situação voltando à normalidade, o
particular contraente deve realizar normalmente as suas prestações. As consequências de caso de
força maior, quando verificado com efeito no contrato, é a exoneração do contraente privado das
suas obrigações contratuais que tenham sido afectadas.

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O caso de força maior pode levar à não extinção do contrato, momento em que se pode repôr o
equilíbrio financeiro; ou pode levar à resolução do contrato.

Caso imprevisto ou teoria de imprevisão

Diz - se caso imprevisto, " o facto imprevisível e estranho à vontade dos contraentes que,
determinando a modificação das circunstâncias económicas gerais, impede a execução do
contrato ou contribui de modo decisivo para torná-la muito mais onerosa do que nos riscos
normais.

Ocorrido o caso imprevisto, o devedor não fica exonerado da obrigação de cumprir o ajuste
celebrado, sendo lhe, porém, facultado, rescindir o contrato, ser indemnizado ou revisão das
cláusulas de remuneração.

O caso imprevisto leva à alteração das " áleas. Diz - se " álea os acontecimentos futuros que
influem na componente económica ou financeira do contrato. As " áleas " podem ser ordinárias,
quando, embora desfavoráveis às partes. Estas assumiram-nas como risco normal do curso do
tempo na execução do contrato; são extraordinárias as que desafiam todos os cálculos financeiros
possíveis que as partes tinham em vista no momento de celebração do contrato, por exemplo, a
subida galopante dos preços das matérias-primas.

8. PROBLEMATIZAÇÃO

Com a observação do presente trabalho, relativamente aos contratos administrativos, pode se


constatar que nos contratos de concessão das obras públicas, o particular se encarrega de
executar e explorar uma obra, mediante retribuição a obter directamente dos utentes, atrás do
pagamento por estes de taxa de utilização. Taxas essas, que em algum momento são fixadas sem
a opinião dos utentes.

Desta forma, com fundamento nos argumentos apresentados, coloca-se a seguinte questão:

-Até que ponto o contrato de concessão das obras públicas, pode contribuir para a satisfação dos
utentes dessas obras?

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Em primeiro lugar, é importante frisar que a simples execução de uma obra que era necessária
para o uso público, já contribui para a satisfação dos utentes. Mas a satisfação essa, que deixa de
se averiguar em algum momento, quando esses utentes não participam na formação dos contratos
de concessão das obras públicas, com isso, podendo-se verifica em alguma momento, uma
estipulação de taxas de cobrança aos utentes entre o concedente e o concessionário, não
aceitáveis aos utentes (altas taxas).

Altas taxas desencorajam o uso de um serviço público.

Em Moçambique, foi lançado um movimento cívico contra a instalação de portagens na circular


de Maputo. A ONG reclama que a colocação não foi antecedida de debate público e denuncia
falta de estradas alternativas.

A construção da circular de Maputo, iniciada em 2012 á 2021, com uma extensão de 70


quilómetros, foi bem acolhida na altura por muitos sectores, pois era vista como uma alternativa
para ajudar a descongestionar o tráfego rodoviário da capital para o centro e norte do país, até aí
limitado a estrada nacional número 1 (N1).

Contudo, a decisão da instalação das portagens, que entrariam em funcionamento no segundo


semestre do ano, foi alvo de críticas.

Apesar do exemplo acima apresentado, ser de uma construção do sector público, é o que muitas
vezes acontece nos contratos de concessão das obras públicas. Então, incentivamos nós, a
participação dos utentes das obras, na formação dos contratos de concessão das obras públicas.

Outro caso, que mostra claramente a não satisfaçao dos utentes de uma obra pública, é o
caso publicado pelo CDD( centro para democracia e desenvolvimento), no dia 16 de março
de 2022, Director: Prof. Adriano Nuvunga I www.cddmoz.org

Altas taxas cobradas na portagem transformam a Ponte Maputo˗KaTembe, num factor de


exclusão e empobrecimento das famílias

˗Longe de ser uma solução para a mobilidade e expansão urbana para o sul da capital, a ponte

por dia. Assumindo que o mês tem em média 20 dias úteis, o utente que usa viatura ligeira gasta

Maputo – KaTembe está a empobrecer muitas famílias. Numa semana apenas, excluído sábado e

domingo, cada utente que usa viatura ligeira precisa de ter 1.600 meticais para fazer duas viagens

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mensalmente 6.400 meticais, muito acima de salário mínimo nacional.

9. CONCLUSÃO
Tendo desenvolvido o trabalho, concluímos que o contrato o seu núcleo essencial é integrado por
duas vontades relacionadas entre si, portanto, administrativo consiste numa realidade jurídica
essencialmente diferente da figura clássica do contrato em Direito privado, pois o contrato seria
uma forma propugnante a própria essência do Direito público e só poderia ser adoptado pela
Administração pública (Estado), quando este travasse relações de Direito privado; ou quando
muito, aquilo a que se poderia chamar contrato de Direito Público.
Como também concluímos que quando o Estado entra em relações jurídicas com os particulares,
isso quer dizer que a autoridade dos órgãos que nelas se representam está sujeita à observância de
normas de Direito em virtude das quais assume, e se compromete a cumprir, as obrigações.

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10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


✓ CAETANO, Marcello. Manual de Direito Administrativo, Vol. I, 1ª Edicao. Coimbra,
Livraria Almeida, 1997.
✓ DO AMARAL, Diogo Freitas. Curso de Direito Administrativo. Vol. III. Coimbra.
Livraria Almeida, 1989. 393 a 411.
Legislação

✓ Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto - Procedimento Administrativo


Web Site

✓ MMO – Moçambique Media Online, acedido em 06 de outubro, pelo site:


https://escola.mmo.co.mz/o-contratoadministrativo/

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