Recurso em Sentido Estrito

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Larissa do Nascimento Pinheiro - [email protected] - IP: 191.189.10.85


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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


(RESE)
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

O recurso em sentido estrito, também conhecido como RESE, se assemelha ao agravo


de instrumento do processo civil, pois destina-se, grosso modo, a atacar decisão
interlocutória. E, por atacar diversos tipos de decisão interlocutória, não há um
momento específico na persecução penal para inserir a presente peça.

• Atenção: O RESE não é cabível de toda e qualquer decisão interlocutória, mas tão
somente das decisões interlocutórias previstas no art. 581 do CPP.

1.1. IMPRECISÃO TÉCNICA DO CAPUT DO ART. 581 DO CPP

Como já destacado anteriormente, caberá o RESE de decisões interlocutórias,


desde que previstas no rol do art. 581 do CPP. Não obstante, a redação do caput
do citado artigo é no sentido de que também é cabível de despacho ou de
sentença. Vejamos:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou


sentença: (...)

No entanto, conforme entendimento pacificado na doutrina e na jurisprudência,


trata-se apenas de imprecisão técnica do legislador.

1.2. CARÁTER RESIDUAL

De início, é importantíssimo destacar que o RESE possui caráter residual em


relação ao recurso de apelação. Isto é, apenas será cabível o recurso em sentido
estrito quando não for hipótese de cabimento do recurso de apelação. Essa regra
é interpretada do art. 593, §4º, do CPP:

Art. 593, § 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso
em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Poderá, portanto, ocorrer uma situação na qual uma das hipóteses de cabimento
previstas no rol do art. 581 seja objeto de decisão dentro de uma sentença
(condenatória ou absolutória). Nesses casos, não será cabível o RESE, mas sim o

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recurso de apelação, pois, como já vimos, este último é o recurso utilizado para
atacar sentença.

• Exemplo: uma das decisões interlocutórias previstas no art. 581 é aquela


que decreta a prescrição (inciso VIII). Se, por exemplo, em sentença
(condenatória ou absolutória) o magistrado reconhece a prescrição de
determinado crime, essa decisão deverá ser atacada por recurso de
apelação, pois trata-se de sentença. Situação diferente seria se essa
prescrição fosse decretada no curso do processo.

1.3. HIPÓTESES TACITAMENTE REVOGADAS PELA LEP

Com uma breve leitura do art. 581 já se percebe que muitas das decisões ali
previstas são de competência do juízo das execuções penais. Ocorre, contudo,
que essas hipóteses estão tacitamente revogadas pela Lei n.º 7.210/84 (Lei de
Execução Penal – LEP).

A LEP introduziu em nosso ordenamento jurídico o agravo em execução, que,


conforme estudaremos adiante no curso, é recurso cabível das decisões proferidas
pelo juízo das execuções (art. 197 da LEP)1.

Deste modo, como a LEP é posterior ao CPP, as decisões previstas no art. 581, de
competência do juiz das execuções penais, não são mais atacadas por RESE, mas
sim por agravo em execução.

Houve, portanto, a revogação tácita dos seguintes incisos do art. 581: XI, XII, XVII,
XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV.

Recomendamos que você passe, de modo sutil, um traço sobre esses dispositivos
em seu Vade Mecum.

1.4. MÉTODO PARA IDENTIFICAR O RESE

Já vimos que o RESE é cabível das hipóteses previstas no art. 581 do CPP. Contudo,
vimos também que o RESE é residual em relação ao recurso de apelação, bem
como algumas hipóteses do art. 581 foram tacitamente revogadas e hoje são
atacadas por agravo em execução, em razão do advento do art. 197 da LEP.

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Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.

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Dito isso, é possível dizer que existe uma espécie de regra para eliminar todas as
dúvidas acerca do real cabimento do RESE. Basta, para tanto, seguir a seguinte
lógica:

I) Se for decisão anterior à sentença (condenatória ou absolutória), verifique


as hipóteses do art. 581 do CPP. Se for uma delas, o RESE é o recurso cabível.

II) Se for decisão inserida na sentença (condenatória ou absolutória), será


cabível o recurso de apelação.

III) Se for uma decisão posterior ao trânsito em julgado da sentença


condenatória, proferida pelo juízo das execuções penais, o recurso cabível
será o agravo em execução.

2. COMO A FGV JÁ COBROU E COMO IDENTIFICAR A PEÇA

Quanto à identificação da peça, não há grandes segredos. A banca evidenciará uma


dentre as decisões previstas no art. 581 do CPP.

Entretanto, importante destacar que, até hoje, em todas as vezes que a FGV cobrou o
RESE, foi para atacar uma decisão de pronúncia (art. 581, inciso IV ). Assim, nessas
provas, a FGV sempre deixou evidente que a decisão a ser atacada seria a pronúncia2.
Vejamos:

(3º Exame de Ordem) – (...) O magistrado, na mesma audiência, prolatou


sentença de pronúncia, não nos termos da denúncia, e sim pela prática do crime
descrito no art. 124 do Código Penal, punido menos severamente do que aquele
previsto no art. 123 do mesmo código, intimando as partes no referido ato. Com
base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, na condição de advogado(a) de Helena, redija a peça cabível
à impugnação da mencionada decisão, acompanhada das razões pertinentes, as
quais devem apontar os argumentos para o provimento do recurso, mesmo que
em caráter sucessivo.

(11º Exame de Ordem) – (...) Finda a instrução probatória, o juiz competente, em


decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime
apontado na inicial acusatória. O advogado de Jerusa é intimado da referida
decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira). Atento ao caso apresentado e

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Atenção: a decisão de pronúncia é apenas uma dentre as decisões atacadas por RESE. E, embora a banca
tenha manifesta preferência pela pronúncia, nada impede que ela aborde outras hipóteses de cabimento.

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tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabore o recurso cabível e date-
o com o último dia do prazo para a interposição.

(28º Exame de Ordem) – (...) Com a juntada da documentação, de imediato, sem


a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos
termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual seja, 18 de junho de
2018, segunda-feira, ocasião em que as partes foram intimadas. Considerando
apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Túlio, redija a
peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses
jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para
interposição, considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis
em todo o país.

(31º Exame de Ordem) – (...) Os autos foram para conclusão, e foi proferida
decisão pronunciando o réu nos termos da denúncia. Pessoalmente intimado, o
Ministério Público se manteve inerte. A defesa técnica e Rômulo foram intimados
em 10 de março de 2020, uma terça-feira. Considerando apenas as informações
expostas, na condição de advogado(a) de Rômulo, apresente a peça jurídica
cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando
todas as teses jurídicas de direito material e direito processual cabíveis. A peça
deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando que de
segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (Valor: 5,00).

3. A PEÇA

3.1. COMPETÊNCIA

a) Peça de interposição: Esta deve ser endereçada ao juízo de primeira instância,


isto é, ao juízo que proferiu a decisão.

Em regra, a FGV costuma deixar expresso o juízo competente, indicando inclusive


o nome da comarca. Contudo, se assim a banca não o fizer, não invente uma
cidade, utilize reticências (os famosos “três pontinhos”), tal como no exemplo
abaixo:

Ao Juízo da...Vara Criminal da Comarca de...do Estado de...

Se, contudo, for competência da Justiça Federal utilize:

Ao Juízo Federal da...Vara Criminal da Subseção Judiciária de...do Estado


de...

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Sendo JECRIM, use:

Ao Juizado Especial Criminal da Comarca de...

Atente-se, também, para quando for hipótese de Tribunal do Júri:

Ao Juízo da Vara Criminal do Tribunal do Júri da Comarca de...do Estado de...

b) Peça de razões: A peça de razões deve ser endereçada ao tribunal competente,


afinal de contas é este que analisará o conteúdo do recurso.

Se for competência da Justiça Estadual utilize:

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado...

Se for competência da Justiça Federal utilize:

Egrégio Tribunal Regional Federal da... Região

Sendo JECRIM, use:

Egrégia Turma Recursal

3.2. NOME DA PEÇA

Trata-se de peça dupla. Portanto, a peça de interposição deve ser nomeada como
recurso em sentido estrito; e a peça de razões deve ser nomeada como razões do
recurso em sentido estrito.

Como verbo da peça, como se trata de recurso, utilize a palavra interpor.

3.3. FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento legal do RESE será o art. 581 do CPP, devendo sempre ser utilizado
um de seus incisos, de acordo com a decisão que será atacada.

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3.4. TEMPESTIVIDADE

Além de datar a peça no fechamento com o último dia do prazo, a FGV passou a
atribuir pontuação, a partir do 35º Exame de Ordem, ao candidato que discorresse
acerca da tempestividade da peça.

Por isso, após o preâmbulo e antes do tópico dos fatos, abra um simples parágrafo
para expor que a peça está sendo juntada dentro do prazo legal (verifique o
modelo ao final deste material).

Recomendamos, portanto, o seguinte exemplo redacional:

“Conforme determina o art. 586 do CPP, o prazo para interpor o recurso


em sentido estrito é de 5 (cinco) dias. No presente caso, a defesa técnica
foi intimada da decisão no dia 02/08/2020, sexta-feira.

Assim, considerando a continuidade e as demais características da


contagem do prazo processual penal, tem-se hoje, 09/08/2020, o último
dia do prazo, configurando-se a tempestividade do recurso ora interposto.”

3.5. HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RESE E SUAS TESES

A tese principal do RESE provavelmente estará relacionada diretamente com a sua


hipótese de cabimento, isto é, com as decisões previstas nos incisos do art. 581
do CPP. Por isso, faremos agora um breve estudo acerca destas hipóteses, sem
considerar, evidentemente, as tacitamente revogadas:

a) Inciso I – Decisão que não recebe a denúncia ou queixa: Atente-se para


dois pontos importantíssimos:

I) Cabe apenas da decisão que rejeita, não da decisão de recebe a


inicial acusatória.

II) Cabe, aqui, utilizar interpretação extensiva para também


considerar como hipótese de cabimento a decisão que rejeita o
aditamento da denúncia.

b) Inciso II – Decisão que conclui pela incompetência do juízo: Perceba que


o texto não trata sobre decisão que nega a arguição de incompetência. Com
fundamento nesse inciso, o RESE é cabível, portanto, quando o juiz
reconhece de ofício sua incompetência; ou quando, provocado pelas partes,
conclui pela incompetência.

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Destaco novamente: não caberá RESE da decisão que negar a arguição de


incompetência3.

Se essa alegação de incompetência, contudo, for trabalhada no bojo de uma


peça de exceção de incompetência, e a tese for acolhida pelo juiz, o
fundamento do RESE será o próximo inciso (art. 581, inciso III).

• Importante: Com fundamento no inciso II será cabível RESE, por


exemplo, da decisão que desclassifica a conduta do réu para crime não
doloso contra a vida, na primeira fase do procedimento do tribunal do
júri (art. 419), reconhecendo a incompetência deste para o julgamento
e remetendo os autos ao juízo singular.

c) Inciso III – Decisão que julga procedente as exceções, salvo a de


suspeição: No processo penal existem as exceções de suspeição,
incompetência de juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada
(art. 95 do CPP).

Quanto ao presente inciso, dois pontos devem ser observados:

I) O texto legal trata apenas da decisão que julga procedente a


exceção, isto é, da decisão que julga improcedente não caberá o RESE.4

II) O RESE não será cabível da decisão que jugar procedente a exceção
de suspeição, por expressa determinação legal.

d) Inciso IV – Decisão que pronunciar o réu: Esse foi o fundamento da peça


em todas as ocasiões em que o RESE foi cobrado como peça no Exame de
Ordem.

A pronúncia, como estudaremos oportunamente, é uma das quatro


possíveis decisões do magistrado ao final da primeira fase do júri. Pronunciar
o réu significa submetê-lo ao julgamento em plenário, quando o juiz
entender que, no caso, existe materialidade do fato e indícios suficientes
de autoria ou participação (art. 413 do CPP).

e) Inciso V - Decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar


inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revoga-

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Isso não impede, todavia, que essa decisão seja atacada por habeas corpus. Contudo, o HC nunca foi
cobrado na era FGV, em razão de sua abrangência. Assim, leve esse conhecimento para a sua prática
profissional, após aprovação no Exame de Ordem.
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Isso não impede, todavia, que essa decisão seja atacada por habeas corpus.

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la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante: Para


melhor compreender este inciso, é necessário o separar em institutos:

I) Quanto à fiança: Atente-se que cabe RESE apenas da decisão


judicial. Da decisão do delegado de polícia acerca da fiança, caberá
petição à autoridade judiciária. Aí, da decisão desta ultima caberá, sim,
o RESE.

II) Quanto à prisão preventiva: Caberá RESE da decisão que indeferir


o pedido de prisão preventiva ou revogá-la, não da decisão de decreta
a preventiva. Aqui, portanto, quem possui legitimidade é quem ocupa
o polo ativo da ação penal, sobretudo o Ministério Público.

III) Quanto à liberdade provisória: Caberá RESE da decisão que


conceder a liberdade provisória, não da decisão que a negar. Aqui
também, portanto, quem possui legitimidade é quem ocupa o polo
ativo da ação penal, sobretudo o Ministério Público.

IV) Quanto à prisão em flagrante: Caberá RESE da decisão que relaxar


a prisão em flagrante. E a lógica anterior aqui também se aplica: quem
possui legitimidade é quem ocupa o polo ativo da ação penal,
sobretudo o Ministério Público.

f) Inciso VII – Decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor:
Trata-se, também, de decisão judicial. E, nesse sentido, as hipóteses de
quebra de fiança estão localizadas nos seguintes artigos do CPP, os quais
recomendamos a leitura: 327, 328 e 341.

g) Inciso VIII – Decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo,
extinta a punibilidade: Lembre-se de que as causas extintivas da
punibilidade estão previstas no art. 107 do Código Penal, em um rol
exemplificativo. Atente-se também para o caráter residual do RESE, o qual
já estudamos no item 1.2 da presente aula.

h) Inciso IX – Decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da


prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade: Trata-se de
hipótese semelhante ao inciso anterior. Aqui, contudo, é caso de
indeferimento.

i) Inciso X - Decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus: É


preciso que essa decisão (negando ou concedendo o habeas corpus) seja de
juiz de 1ª instância, caso contrário poderemos estar diante da hipótese de

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cabimento de outro recurso: o recurso ordinário constitucional (ROC), que


será estudado futuramente.

j) Inciso XIII – Decisão que anular o processo da instrução criminal, no todo


ou em parte, ou que reconhecer a ilicitude da prova e determinar seu
desentranhamento: Nesse inciso, atente-se ao caráter residual do RESE.

k) Inciso XIV – Decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir:
Trata-se da lista prevista no art. 426 do CPP, o qual também recomendamos
a leitura.

l) Inciso XV – Decisão que denegar apelação ou a julgar deserta: Aqui,


estamos diante de uma exceção. Em regra, o recurso cabível de uma decisão
que denega um recurso é a carta testemunhável, que também estudaremos
futuramente.

Todavia, quando esse recurso denegado for uma apelação, dessa decisão
caberá o RESE, com fundamento neste inciso.

Nesse sentido, entende-se:

I) Denegação: Quando estiverem ausentes os pressupostos objetivos


e subjetivos de admissibilidade dos recursos (tempestividade e
legitimidade, por exemplo). Situação esta em que o juízo a quo
denegará o recurso interposto.

II) Deserção: No processo penal, verifica-se a deserção quando houver


a falta de preparo do recurso do querelante em crimes de ação penal
exclusivamente privada.

m) Inciso XVI – Decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude


de questão prejudicial: Questão prejudicial é aquela prevista nos artigos 92
e 93 do CPP.

n) Inciso XVIII – Decisão que decidir o incidente de falsidade: O incidente


de falsidade está previsto nos arts. 145 a 148 do CPP. Quando julgado
procedente, causa a exclusão do documento impugnado e, se julgado
improcedente, ocasiona a sua manutenção como prova.

Perceba que o RESE será cabível tanto na hipótese de procedência quanto


na hipótese de improcedência.

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o) Inciso XXV – Decisão que recusar homologação à proposta de acordo de


não persecução penal: Trata-se de inciso inserido pela Lei n.º 13.964/2019
(Pacote Anticrime).

Nesse sentido, o art. 28-A, §7º, do CPP5, estabelece que o juiz poderá recusar
a homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando
não for realizada a adequação a que se refere o §5º deste artigo.

• Atenção: Embora o rol do art. 581 do CPP seja taxativo, existem algumas hipóteses
de cabimento do RESE previstas fora do CPP. São três as decisões e a leitura dos
seguintes dispositivos é obrigatória:

I) Art. 294, parágrafo único, do Código de Trânsito Brasileiro.6

II) Art. 6º, parágrafo único, da Lei n.º 1.508/51.7

III) Art. 2º, inciso III, do Decreto-lei n.º 201/67.8

• Atenção: As situações previstas nos incisos do art. 581 do CPP não são,
propriamente, as teses que você irá trabalhar, mas sim hipóteses de cabimento do
recurso, isto é, decisões que serão atacadas por RESE. Ocorre que, como já
mencionado, a tese principal do seu RESE provavelmente estará relacionada com
a hipótese de cabimento.

Assim, por exemplo, se você interpuser um RESE atacando uma decisão de


pronúncia (art. 581, inciso IV, do CPP), evidente que a sua tese principal estará
relacionada à desconstituição da pronúncia. Isso, contudo, não impede que outras
teses sejam trabalhadas no seu RESE (nulidades, absolvição, desclassificação etc).

5
Art. 28-A, § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou
quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
6
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da
ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público
ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. Parágrafo
único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do
Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
7
Art. 6º Quando qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos termos do Art. 27 do
Código do Processo Penal, para o processo tratado nesta lei, a representação, depois do registro pelo
distribuidor do juízo, será por este enviada, incontinenti, ao Promotor Público, para os fins legais.
Parágrafo único. Se a representação for arquivada, poderá o seu autor interpor recurso no sentido estrito.
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Art. 2º, III - Do despacho, concessivo ou denegatório, de prisão preventiva, ou de afastamento do cargo
do acusado, caberá recurso, em sentido estrito, para o Tribunal competente, no prazo de cinco dias, em
autos apartados. O recurso do despacho que decreta a prisão preventiva ou o afastamento do cargo terá
efeito suspensivo.

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• Atenção: Conforme determina o inciso I do art. 581, da decisão que não recebe a
denúncia/queixa caberá o RESE. Excepcionalmente, contudo, se o processo estiver
tramitando nos Juizados Especiais Criminais, da decisão que rejeita a inicial
acusatória (denúncia/queixa-crime) não caberá o RESE, mas sim recurso de
apelação, conforme determina o art. 82 da Lei n.º 9.099/959.

3.6. PEDIDOS

No RESE, existem dois pedidos que devem ser feitos:

a) Peça de interposição: Ao final da petição, é preciso que você peça “que o


recurso seja recebido, processado e remetido ao Tribunal para julgamento,
juntamente com as razões do recurso.”

Ainda, é necessário que você também requeira a realização do juízo de


retratação10, previsto no art. 589 do CPP11, nos moldes apresentados na
peça que está juntada ao final deste material.

b) Peça de razões: Deve constar o pedido de “conhecimento e provimento


do recurso”.

Observe como esses pedidos são feitos no modelo ao final deste material.

3.7. PRAZO

Conforme determina o art. 586 do CPP, o prazo para interpor o recurso em sentido
estrito será de 5 (cinco) dias. Esse prazo deve ser utilizado tanto na peça de
interposição quanto na peça de razões. E isso deve ser feito porque, embora o

9
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser
julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede
do Juizado.
10
Juízo de retratação: O juízo de retratação é um instituto peculiar do recurso em sentido estrito e
encontra previsão legal no art. 589 do CPP. Ele permite que o juiz reforme a própria decisão, sem que
seja necessário remeter o recurso interposto ao tribunal. É, basicamente, o juiz considerando os
argumentos da parte recorrente e reavaliando a sua decisão. E, para a sua prova de segunda fase, o juízo
de retratação é item a ser pontuado. Basta, para tanto, que na peça de interposição você escreva um
pequeno parágrafo requerendo que o juiz realize o juízo de retratação, nos moldes da peça modelo que
está no final deste material.
11
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois
dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe
parecerem necessários.

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prazo da peça de razões seja de 2 (dois) dias (art. 588 do CPP), no Exame de Ordem
você está apresentando as duas peças juntas. Então, por lógica, deve haver
tempestividade em relação ao prazo da interposição (5 dias, pelo art. 586 do CPP).

4. CASO PRÁTICO

Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante
preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa
decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida.
Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa
sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo,
motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via.

Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das
demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério
Público decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de
homicídio doloso simples, na modalidade dolo eventual (art. 121 c/c art. 18, inciso I,
parte final, ambos do Código Penal). Argumentou o ilustre membro do Parquet a
imprevisão de Jerusa acerca do resultado que poderia causar ao não ligar a seta do
veículo para realizar a ultrapassagem, além de não atentar para o trânsito em sentido
contrário.

A denúncia foi recebida pelo juiz competente e todos os atos processuais exigidos em
lei foram regularmente praticados. Finda a instrução probatória, o juiz competente, em
decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar Jerusa pelo crime apontado na
inicial acusatória.

O advogado de Jerusa é intimado da referida decisão em 02 de agosto de 2020 (sexta-


feira). Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos,
elabore o recurso cabível e date-o com o último dia do prazo para a interposição. (Valor:
5,0)

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