Sentença
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11/04/2024
Número: 0014749-20.2020.8.08.0035
Classe: REINTEGRAÇÃO / MANUTENÇÃO DE POSSE
Órgão julgador: Vila Velha - Comarca da Capital - 6ª Vara Cível
Última distribuição : 31/03/2023
Valor da causa: R$ 15.000,00
Processo referência: 00147492020208080035
Assuntos: Esbulho / Turbação / Ameaça, Indenização por Dano Material
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
THAYSAN SANDES NASCIMENTO (REQUERENTE) PAULO ROBERTO DA CRUZ COSTA (ADVOGADO)
MAICON FERNANDES FERREIRA (ADVOGADO)
LILIANE APARECIDA SANTOS (ADVOGADO)
WAGNER DE JESUS CAETANO (ADVOGADO)
EDNALDO SILVA DO NASCIMENTO (REQUERIDO) ROBSON FERREIRA (ADVOGADO)
MARIA DA CRUZ ELOI DE SOUZA (REQUERIDO) ROBSON FERREIRA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
41057 10/04/2024 08:18 Sentença Sentença
685
Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo
Sentença
Agravo de instrumento às fls. 183-220 com pedido de tutela recursal para sustar a
ordem de desocupação do imóvel.
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conforme acórdão de fls. 275-82.
Acórdão de fls. 388-89 recebeu o recurso em seu duplo efeito e determinou que o
agravado se abstenha de impedir o acesso da residência dos agravantes à via pública, retirando
o veículo da área de passagem, sob pena de multa.
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requerida que consistam em esbulho ou turbação.
Nos termos do art. 560 do CPC, o possuidor tem direito a ser mantido na posse
em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho e, conforme disciplina do art. 1.196 do
Código Civil, considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade.
A análise de todo o contexto probatório revela que a relação dos réus com o
imóvel objeto da lide é de mero comodato, sem uma aquisição legítima que autorize o
afastamento daquele cujo imóvel pertence.
Portanto, não existe nos autos nenhum elemento de convicção que sugira
minimamente a aquisição de posse pelos requeridos – no máximo uma mera detenção.
Portanto, aplica-se no caso concreto o disposto nos arts. 1208 do Código Civil:
Por esses motivos, considero que a parte autora nunca perdeu a posse sobre o
imóvel objeto da lide, sendo irrelevante o tempo em que os réus residam na parte dos fundos do
imóvel e, mormente quando a convivência tornou-se insuportável para o proprietário.
De fato, existe prova de que os réus residam há muitos anos na parte dos fundos
do imóvel, mas, não há nenhuma prova de algo além de um mero comodato.
São os réus quem devem provar que não houve comodato, do contrário ocorreria
uma DOAÇÃO PRESUMIDA, sem elementos mínimos probatórios a justificar esta tese.
Segundo, porque não existe doação verbal de imóvel (CC, art. 541).
Ou seja, o titular do domínio não pode ser penalizado por dar amparo a parente
desabrigado deixando-o residir com sua família e ter como resultado de sua boa ação o
perdimento do próprio imóvel.
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Considero, portanto, que a posse exercida parte requerida é injusta, por vício
de precariedade, na medida em que foi autorizada a residir no imóvel objeto da ação por
determinado período de tempo e para um objetivo específico – moradia não permanente e, nesta
ocasião, recusa-se em desocupar e devolver o imóvel ao legítimo dono.
A prova oral não foi categórica em confirmar a doação sugerida pelos réus, mas,
sim uma mera permissão de utilização.
[1] Em relação ao imóvel objeto da lide, lote registrado sob a matrícula n.º 45.699,
concedo a proteção possessória à parte requerente, no sentido de reintegrá-la na posse plena do
imóvel objeto desta ação, indevidamente ocupado pela parte requerida.
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Intimem-se.
Juiz de Direito
gab/mcd/
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