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Acórdão Nº 1289964
EMENTA
1. A citação é o ato pelo qual o réu, o executado ou o interessado são convocados para integrar a
relação processual (art. 238 do CPC/2015). Para a validade do processo a sua realização é
indispensável (art. 239 do CPC/2015), uma vez que, por meio dela, aperfeiçoa-se a relação
jurídico-processual, conferindo à parte contrária a oportunidade de exercício do contraditório e da
ampla defesa.
2. O ato de citação é, em regra, pessoal, podendo, no entanto, ser efetivado na pessoa do representante
legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado (arts. 242, 243 e 246, I do CPC/2015).
No caso das pessoas jurídicas, a citação postal deve observar a regra do domicílio, ou seja, o
encaminhamento ao endereço da respectiva sede (art. 75, IV do Código Civil), admitindo-se, nesse
caso, que a carta endereçada ao estabelecimento seja recebida por pessoa com poderes de gerência
geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências
(art. 248, § 2º do CPC/2015). Ocasionalmente, reputa-se válida a citação feita pessoalmente ao
responsável legal da pessoa jurídica no local em que se encontre (arts. 242 e 243 do CPC/2015). Além
disso, por força da teoria da aparência, a jurisprudência também admite a validade da citação realizada
na sede da pessoa jurídica recebida sem ressalvas por pessoa que mantenha algum vínculo com a
empresa, ainda que não detenha poderes de representação (STJ. EREsp 864.947/SC, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/06/2012, DJe 31/08/2012).
3. Na hipótese dos autos, a carta de citação foi encaminhada por via postal a suposto endereço
residencial do representante legal da empresa, cujo aviso de recebimento traz registrada assinatura de
terceira pessoa. Além de não ter sido realizada tentativa de citação no correto endereço de domicílio da
pessoa jurídica, a comunicação foi entregue em condomínio residencial a pessoa estranha aos quadros
societários e sem qualquer vínculo comprovado, seja de representação, seja de subordinação. Nesse
caso, tanto os citados dispositivos da lei processual quanto a aplicação da teoria da aparência restam
afastados. Precedentes.
4. O vício na citação ocasiona a sua nulidade (art. 280 do CPC/2015), bem como dos atos processuais
subsequentes (art. 281 do CPC/2015).
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
“Cuida-se de ação de conhecimento proposta por CELSO EDUARDO DA SILVA REIS em desfavor de
JAVAÉ ENGENHARIA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA – ME, partes já qualificadas nos
autos.
Aduz que em 28/06/2013 vendeu para a parte requerida o imóvel situado na QR 402, Conjunto 24,
Lote 16, Samambaia/DF pelo valor de R$ 210.000,00 (duzentos e dez mil reais).
A título de pagamento receberia um apartamento em Águas Claras – Rua Copaíba, Lote 01, Torre D,
n.º 1812, Águas Claras – DF – devidamente quitado, além de lotes no setor Jardim Paquetá,
Planaltina de Goiás – GO.
Aduz que o apartamento estava financiado e ele se comprometeu a quitar o saldo devedor, o que não
ocorreu, tendo sido vendido para outrem. Afirma, também, que não recebeu os imóveis de Planaltina
de Goiás.
Discorre sobre o seu direito a rescisão contratual, à multa compensatória e lucros cessantes.
O réu foi citado (ID 45758039) e deixou transcorrer in albis o prazo para contestar.
Referidos valores, que poderão ser obtidos por simples cálculos no início da fase de cumprimento de
sentença, deverão ser corrigidos desde a propositura da ação e acrescido de juros de mora de 1% ao
mês desde a citação.
Por conseguinte, julgo o pedido, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC.”
Nas razões recursais (ID 15012034) requereu, preliminarmente, a concessão da gratuidade de justiça
sob o argumento de que a empresa se encontra inativa há três anos, condições financeiras insuficientes
a arcar com despesas processuais.
Ainda em preliminar, suscita nulidade processual - citação não válida porque sido entregue em
endereço residencial não relacionado à empresa e assinada por terceiro desconhecido.
No mérito, afirma que não houve descumprimento contratual, uma vez que os nove lotes previstos na
cláusula primeira do contrato foram transferidos ao comprador, além daqueles oferecidos como
garantia, totalizando dezoito imóveis, o que leva à improcedência dos pedidos formulados.
É o relatório.
VOTOS
Citação é o ato pelo qual o réu, o executado ou o interessado são convocados para integrar a relação
processual (art. 238 do CPC/2015).
Para a validade do processo, sua realização é indispensável (art. 239 do CPC/2015), uma vez que, por
meio dela, aperfeiçoa-se a relação jurídico-processual, conferindo à parte contrária a oportunidade de
exercício do contraditório e da ampla defesa.
Ato de citação é, em regra, pessoal, podendo, no entanto, ser efetivado na pessoa do representante
legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado (arts. 242, 243 e 246, I do CPC/2015).
No caso de pessoa jurídica, a citação postal deve observar a regra do domicílio, ou seja, o
encaminhamento ao endereço da respectiva sede (art. 75, IV do Código Civil), admitindo-se, nesse
caso, que a carta endereçada ao estabelecimento seja recebida por pessoa com poderes de gerência
geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências
(art. 248, § 2º do CPC/2015).
Ocasionalmente, reputa-se válida a citação feita pessoalmente ao responsável legal da pessoa jurídica
no local em que se encontre (arts. 242 e 243 do CPC/2015).
Além disso, por força da teoria da aparência, a jurisprudência também admite validade de citação
realizada na sede da pessoa jurídica recebida sem ressalvas por pessoa que mantenha algum vínculo
com a empresa, ainda que não detenha poderes de representação (STJ. EREsp 864.947/SC, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 06/06/2012, DJe 31/08/2012).
Desse modo, a validade da citação da pessoa jurídica realizada por via postal requer a observância
dessas condições: a) o envio ao endereço de funcionamento da pessoa jurídica com o consequente
recebimento no local, sem ressalvas, por pessoa que tenha algum tipo de relação com a empresa
(societária, administrativa ou empregatícia); ou b) recebimento pessoal pelo responsável ou
representante legal da pessoa jurídica em qualquer lugar que se encontre.
No entanto, após duas tentativas frustradas de citação em endereços diversos que foram informados
pelo próprio requerente/apelado Celso Eduardo (ID 15011793; ID 15012011) — o primeiro no Lago
Sul, que foi devolvido sem cumprimento com a informação “mudou-se” (ID 15012008); o segundo
em Taguatinga, que foi devolvido por motivo de “endereço insuficiente” (ID 15012013) — foi
encaminhada citação por via postal a suposto endereço residencial do representante legal da empresa,
encontrado por meio de consulta aos sistemas informatizados (ID 15012026; ID 15012017, p. 3), cujo
aviso de recebimento juntado aos autos traz registrada assinatura de terceira pessoa (ID 15012028).
Verifica-se que além de não ter sido realizada tentativa de citação no correto endereço de domicílio da
pessoa jurídica — circunstância facilmente constatável pela documentação acostada aos autos com a
inicial —, a comunicação foi entregue em condomínio residencial a pessoa estranha aos quadros
societários e sem vínculo comprovado com a empresa, seja de representação, seja de subordinação.
Nesse caso, não tendo sido a citação endereçada à sede da empresa e tendo sido o aviso de
recebimento assinado por terceiro estranho à relação, tanto os citados dispositivos da lei processual
quanto a aplicação da teoria da aparência restam afastados.
1. Consoante jurisprudência desta Corte Superior, com base na teoria da aparência, considera-se
válida a citação quando, encaminhada ao endereço da pessoa jurídica, é recebida por quem se
apresenta como representante legal da empresa, sem ressalvas quanto à inexistência de poderes de
representação em juízo. Não se aplica a referida teoria quando a comunicação for recebida por
funcionário da portaria do edifício, pessoa estranha aos quadros da pessoa jurídica. Precedentes.
2. Agravo interno desprovido” (STJ. AgInt no AREsp 476.491/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, julgado em 19/11/2019, DJe 22/11/2019)
“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CITAÇÃO.
TEORIA DA APARÊNCIA. INAPLICABILIDADE. NULIDADE RECONHECIDA. VÍCIO
TRANSRESCISÓRIO. PREJUÍZO EVIDENTE.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de
1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. A jurisprudência desta Corte, abrandando a regra legal prevista no art. 223, parágrafo único,
segunda parte, do Código de Processo Civil de 1973, com base na teoria da aparência, considera
válida a citação quando, encaminhada ao endereço da pessoa jurídica, é recebida por quem se
apresenta como representante legal da empresa, sem ressalvas quanto à inexistência de poderes de
representação em juízo.
4. O Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 248, § 4º, traz regra no sentido de admitir como
válida a citação entregue a funcionário de portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, norma inaplicável à hipótese dos autos.
5. Agravo interno não provido” (STJ. AgInt no AREsp 913.878/SP, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 30/09/2019, DJe 04/10/2019)
1. Nos termos do art. 238 do CPC, a citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o
interessado para integrar a relação processual. E o artigo 239 condiciona a validade do processo à
citação do réu ou do executado.
2. Quando se trata de pessoa jurídica, a citação pode ser realizada pelos correios, com recebimento
pela pessoa do representante legal ou do procurador do réu, executado ou do interessado, em
qualquer lugar em que estes se encontrem, conforme o art. 246, I e o art. 242, combinado com o art.
243, todos do CPC.
3. Ainda quanto às pessoas jurídicas, o recebimento da carta de citação será válido quando ocorrer
pela pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda por funcionário
responsável pelo recebimento de correspondências. Inteligência do art. 248, §2º, CPC.
5. A citação na ação monitória pode ser efetivada por todos os meios permitidos para o procedimento
comum, da forma deferida pelo mesmo Código de Processo Civil, que, em seu artigo 700, §7º.
6. No caso concreto, tanto os dispositivos do CPC, quanto a Teoria da Aparência restam afastados,
uma vez que o encaminhamento da Carta de Citação ocorreu para o endereço residencial do
representante legal da pessoa jurídica/ré, constando assinatura de recebimento por terceira pessoa
física, sem vínculo comprovado com a empresa ré.
8. Reconhecida a nulidade de citação via postal e cassada a sentença, forçoso determinar o retorno
dos autos à origem, com vistas ao regular prosseguimento do feito, a partir da abertura de prazo
para o exercício do contraditório e da ampla defesa pela pessoa jurídica demandada.
1. Afasta-se a preliminar de não conhecimento do recurso por ilegitimidade ativa quando esta
questão se confunde com o próprio mérito recursal.
3. Por se tratar de petição que intenta trazer à tona questões que deveriam ser conhecidas de ofício
pelo juiz e que são capazes de impedir o prosseguimento do processo, defende-se a desnecessidade de
formalidades processuais ou mesmo que a alegação seja feita pelas próprias partes no processo,
sendo aceito o peticionamento por qualquer pessoa.
4. A norma que estabelece o procedimento da execução fiscal, Lei n° 6.830/80, dispõe em seu artigo
8° que a citação será realizada por meio postal, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a
requerer por outra forma. A citação será como regra postal.
5. Tratando-se de demanda proposta em face de pessoa jurídica, esta citação postal deverá observar,
primeiramente, seu domicílio, ou seja, o endereço de sua sede, nos moldes do artigo 75, IV, do
Código Civil.
6. No caso dos autos, verifica-se que o exequente, na petição inicial da execução fiscal, requereu a
citação da pessoa jurídica no endereço residencial da administradora da empresa executada, a
despeito de instruir sua petição com documentos que indicam ao menos dois endereços da pessoa
jurídica.
7. A teoria da aparência não pode ser aplicada a demandas em que a citação não foi endereçada à
sede da empresa e o Aviso de Recebimento foi assinado por pessoa que não guarda qualquer
relação (societária, administrativa ou empregatícia) com a pessoa jurídica.
8. Preliminar de não conhecimento do recurso rejeitada. Agravo conhecido e provido" (TJDFT.
Acórdão 1228305, 07182207220198070000, Relator: ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, 6ª
Turma Cível, data de julgamento: 29/1/2020, publicado no DJE: 18/2/2020)
I. Por representar o ato processual que angulariza a relação processual e abre as portas para o
contraditório e a ampla defesa, a citação deve guardar absoluta obediência aos termos da lei, sob
pena de nulidade insanável, a teor do que dispõe o artigo 280 do Código de Processo Civil.
II. Não pode ser considerada válida citação de pessoa jurídica realizada em endereço diverso da sua
sede e cujo aviso de recebimento não foi assinado por seu gerente, administrador, empregado ou
preposto.
III. A teoria da aparência, amplamente admitida pela jurisprudência com apoio no artigo 248, § 2º,
do Código de Processo Civil, pressupõe que a citação tenha sido realizada no endereço da pessoa
jurídica, a despeito de recebida por pessoa desprovida de poderes de representação.
IV. Sem que tenha sido observado o próprio endereço da pessoa jurídica, pressuposto elementar da
regularidade da citação, não se legitima o emprego da teoria da aparência, sob pena de ofensa ao
devido processo legal.
V. A aplicação da teoria da aparência não pode conduzir ao extremo de se admitir como válido ato
citatório realizado em endereço incorreto e sem a mínima identificação da relação existente entre a
pessoa nominada no aviso de recebimento e a pessoa jurídica citanda.
VI. Pronunciada a nulidade da citação, a relação processual é afetada desde o seu nascedouro,
segundo estatui o artigo 281 do Código de Processo Civil.
2. A citação é ato imprescindível ao desenvolvimento válido do processo, uma vez que aperfeiçoa a
sua existência pela formação de relação triangular entre juiz, autor e réu, garantindo o exercício do
contraditório e da ampla defesa.
3. Por representar o ato processual que angulariza a relação processual e abre as portas para o
contraditório e a ampla defesa, a citação deve guardar absoluta obediência aos termos da lei, sob
pena de nulidade insanável, a teor do que dispõe o artigo 280 do Código de Processo Civil.
4. Segundo o § 2º, do art. 248, do Código de Processo Civil, "Sendo o citando pessoa jurídica, será
válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda,
a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências." Teoria da Aparência.
5. Entretanto, para a aplicação da teoria da aparência, imprescindível que a citação deva sempre
ocorrer no endereço relativo ao domicílio da empresa.
6. In casu, o ato citatório ocorreu em endereço diverso da pessoa jurídica, além de ter sido recebido
por pessoa que não mais compunha o quadro societário e nem figurava como preposto, empregado
ou administrador da empresa citanda. Nulidade da citação reconhecida.
I. Por representar o ato processual que angulariza a relação processual e abre as portas para o
contraditório e a ampla defesa, a citação deve guardar absoluta obediência aos termos da lei, sob
pena de nulidade insanável, a teor do que dispõe o artigo 280 do Código de Processo Civil.
II. Não pode ser considerada válida citação de pessoa jurídica realizada em endereço diverso da sua
sede e cujo aviso de recebimento foi assinado por quem não se identifica como seu gerente,
administrador, empregado ou preposto.
III. A teoria da aparência abranda o rigor formal da citação apenas quando o ato é realizado no
endereço do ente moral e na pessoa de quem se apresenta como seu gerente, administrador,
empregado ou preposto.
1. Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido liminar, interposto pela empresa agravante, contra
decisão proferida em cumprimento de sentença, que rejeitou a exceção de pré-executividade. 1.1. A
agravante pede a reforma da decisão agravada. Sustenta que a citação na ação de conhecimento
seria nula, uma vez que a pessoa que assinou o Aviso de Recebimento não é funcionária da empresa e
o endereço onde ocorreu o ato não é mais a sede da demandada. Pede a concessão de liminar, para
"declarar a nulidade da sentença revogando a decisão agravada e determinando-se o prazo para
oferta de resposta".
2. É nula a citação da requerida, primeiro porque o endereço onde o ato ocorreu não é mais da
empresa, segundo porque há provas de que a pessoa citada não é empregado, mandatário,
administrador, preposto ou gerente da agravante.
4. Segundo o § 2º, do art. 248, do Código de Processo Civil, "Sendo o citando pessoa jurídica, será
válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda,
a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências".
5. Precedente do desta Corte: "A comprovação de que o mandado de citação não foi recebido por
qualquer dos funcionários da empresa fragiliza o ato citatório, devendo ser declarada a sua
nulidade em homenagem aos princípios do contraditório e ampla defesa, bem como ao devido
processo legal." (20110111025215APC, Relator: Sérgio Rocha, Revisor: Carmelita Brasil, 2ª Turma
Cível, DJE: 06/07/2012).
1. Apelação interposta contra sentença proferida nos autos da ação de busca e apreensão em
alienação fiduciária.
2. Vislumbra-se que o recurso de apelação foi interposto antes do término do prazo recursal, motivo
pelo qual não há que se falar em sua intempestividade. Preliminar afastada.
3. Segundo o art. 238 do CPC, a "citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o
interessado para integrar a relação processual". Segundo o art. 239 do mesmo Codex "para a
validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de
indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido".
3.1. O art. 242 esclarece que a citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do
representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. O § 1º do referido
dispositivo esclarece que "Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário,
administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados".
3.2. No caso dos autos, é nula a citação da requerida. 3.2.1 Porquanto. No endereço da empresa, a
pessoa que recebeu a contrafé não foi identificada como empregado, mandatário, administrador,
preposto ou gerente da pessoa jurídica requerida.
3.2.1. Precedente da Casa: "A teoria da aparência não pode ser invocada para validar citação na
hipótese em que o oficial de justiça nem ao menos identifica a qualificação funcional da pessoa em
nome da qual é efetivada, máxime quando o ato não se realiza no endereço em que se situa a sede
da pessoa jurídica." (20140111700768APC, Relator: James Eduardo Oliveira, 4ª Turma Cível, DJE:
23/01/2017),
I. Por representar o ato processual que angulariza a relação processual e abre as portas para o
contraditório e a ampla defesa, a citação deve guardar absoluta obediência aos termos da lei, sob
pena de nulidade insanável, a teor do que dispõe o artigo 247 do Código de Processo Civil de 1973.
II. Em razão da sua essencialidade, a citação deve atender, com absoluta fidelidade, aos requisitos
legais, sob pena de levar à invalidação da própria relação processual.
III. A citação é orientada pelo princípio da pessoalidade, na esteira do que prescreve o artigo 215,
caput, do Código de Processo Civil de 1973.
IV. A denominada teoria da aparência abranda o rigor formal da citação quando o ato é realizado no
endereço do ente moral e na pessoa de quem se apresenta como seu empregado ou preposto.
V. A teoria da aparência não pode ser invocada para validar citação na hipótese em que o oficial de
justiça nem ao menos identifica a qualificação funcional da pessoa em nome da qual é efetivada,
máxime quando o ato não se realiza no endereço em que se situa a sede da pessoa jurídica.
VI. Uma vez pronunciada a nulidade da citação, a relação processual é afetada desde o seu
nascedouro, segundo estatui o artigo 248 do Código de Processo Civil de 1973.
Dessa forma, o vício na citação ocasiona a sua nulidade (art. 280 do CPC/2015), bem como dos atos
processuais subsequentes (art. 281 do CPC/2015).
Vale ressaltar que o vício de nulidade de citação é um dos defeitos processuais de maior gravidade no
sistema processual civil, não se tratando de mera formalidade, mas, sim, de forma de assegurar a
concretização dos princípios constitucionais mais relevantes do ordenamento jurídico processual,
quais sejam: a ampla defesa e o contraditório (STJ. AgInt no AREsp 913.878/SP, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 30/09/2019, DJe 04/10/2019.
Por outro lado, é inequívoco que a parte apelante tomou ciência do ajuizamento da presente demanda,
tanto que interpôs recurso de apelação contra a sentença. Assim, o comparecimento espontâneo do
réu, consoante mencionado nas razões de apelação (ID 15012034, p. 13), supre a falta de citação (STJ.
AgInt nos EDcl no AgInt no AREsp 1155939/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 30/09/2019, DJe 04/10/2019).
Destarte, por força dos princípios processuais e constitucionais, a sentença deve ser anulada,
retornando os autos à origem para que seja reaberto, em favor da apelante JAVAE-ENGENHARIA, o
prazo para a apresentação da defesa, após o que o feito deverá ter regular prosseguimento.
É como voto.
DECISÃO