1.6 Pensamento, Emoção e Comportamento
1.6 Pensamento, Emoção e Comportamento
1.6 Pensamento, Emoção e Comportamento
Terapia Cognitivo-
Comportamental
PENSAMENTO, EMOÇÃO
E COMPORTAMENTO
As peculiaridades na infância e adolescência
As crianças se desenvolvem de muitas maneiras diferentes. Muitos aspectos do
desenvolvimento infantil estão sempre em ação ou esperando que outras partes
o atualizem, por isso o desenvolvimento é simultâneo. Embora o crescimento fí-
sico e a maturidade sejam os sinais mais óbvios de que o desenvolvimento está
ocorrendo, as crianças também se desenvolvem cognitivamente (mentalmente),
socialmente, emocionalmente e sexualmente.
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da infância quanto da fase adulta, um período que requer atenção e proteção es-
peciais. Mas, na maior parte da história da humanidade, a aceitação de uma fase
do ciclo vital como a adolescência não tinha aprovação, as pessoas terminavam a
infância e iniciavam o período adulto. A aceitação generalizada da importância da
adolescência é relativamente recente.
[2] Leckman, J. F., Taylor, E. Clinical assessment and diagnostic formulation. In: Thapar, A., Pine, D.S., Leckman,
J.F., Scott, S., Snowling, M.J., Taylor, E., editors. Rutter's Child and Adolescent Psychiatry. 6th edition. Chichester,
West Sussex, Ames, Iowa: John Wiley & Sons Inc; 2015.
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um período de desenvolvimento intenso e frequentemente estressante, caracteri-
zado por tipos específicos de comportamento.
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para a criança ou adolescente, tendo em mente as limitações destes em identifi-
car e nomear seus sentimentos. Com crianças mais novas, o terapeuta tende a ser
mais ativo e fará uso de uma proporção maior de técnicas comportamentais para
cognitivas.
Avaliação psicológica
Avaliar crianças e adolescentes é um desafio. Na maioria das vezes, a criança ou
o adolescente é encaminhado por adultos (pais, professores, médicos) à consulta
psicológica e podem não estar de acordo com a necessidade desta consulta. Muitas
vezes, o motivo da solicitação da avaliação pode não ser para o problema expresso
pelos adultos.
As avaliações clínicas com crianças e adolescentes exigem que o psicólogo seja cui-
dadoso ao obter informações de fontes e ambientes múltiplos. Embora as crian-
ças/adolescentes sejam capazes de relatar a natureza dos sintomas, às vezes eles
podem não saber exatamente o momento e a duração de seus sintomas. Podem,
inclusive, não relatar os problemas se forem constrangedores ou se interpretarem
como um comportamento “mau” (problemático).
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avaliação e o tratamento são tipicamente multidisciplinares; portanto, as informa-
ções coletadas devem ser compartilhadas entre os profissionais envolvidos no cui-
dado de uma criança/adolescente e da família.
Os pais podem ter trazido a criança sob algum outro pretexto (por exemplo, con-
sulta para os pais, preocupações com os estudos, mesmo que o verdadeiro motivo
seja um comportamento perturbador), ou podem apenas ter coagido a criança a
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vir para a consulta. Embora se possa questionar o raciocínio e o julgamento dos
pais ao fazê-lo, o clínico pode entendê-lo como desamparo decorrente do compor-
tamento agressivo da criança ou de déficits nas habilidades parentais. Às vezes,
os pais podem entrar em contato com o psicólogo antes de trazer a criança. Essas
situações geralmente surgem com crianças mais velhas e adolescentes.
Aliança
terapêutica
Contexto
Avaliação psicossocial
+ história Formulação +
clínica do caso experiências
Tratamento +
intervenções
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Os psicólogos que trabalham com crianças concordam que interagir com criança/
adolescente não é uma brincadeira comum! Como adultos, muitas vezes ficamos
sem ideias ao interagir com as crianças/adolescentes; como psicólogos, também
tendemos a nos preocupar em "dizer a coisa certa" e se a criança/o adolescente
"acatará" as orientações ou intervenções disponibilizadas. No entanto, essas pre-
ocupações podem limitar o processo satisfatório das avaliações e o trabalho tera-
pêutico com a criança/o adolescente.
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A saúde mental de crianças e adolescentes compartilha laços estreitos com outras
especialidades de saúde, como neurologia e pediatria, ao mesmo tempo que está
enraizada no ambiente e na experiência psicossocial da criança. A avaliação de
crianças e adolescentes deve evoluir a partir de uma perspectiva biopsicossocial,
levando em consideração esses aspectos inextricavelmente interligados. A obten-
ção e a entrevista da história clínica são uma das ferramentas mais poderosas à
disposição do profissional de saúde mental de crianças e adolescentes para fazer
um diagnóstico e planejar o manejo.
EXEMPLO PRÁTICO[3]
E. vinha de uma família com baixos níveis socioeconômicos, morava com seus pais, que
tinham cerca de 40 anos, e com seu irmão mais novo, de 9 anos. Os problemas de E.
tornaram-se aparentes quando ele mudou de escola no início do terceiro ano do ensino
fundamental. Na época, ele fora diagnosticado com Transtorno Obsessivo Compulsivo
(TOC) e Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) por um psiquiatra infantil que ele
havia parado de consultar pouco antes do início do atual tratamento. Os pais encerraram
o tratamento com esse psiquiatra, segundo os mesmos, porque o número planejado de
sessões havia terminado.
Os pais acreditavam que E. ainda precisava de ajuda e não achavam que poderiam lidar
com os problemas de ansiedade de seu filho sozinhos. Eles pediram ajuda ao psicólogo da
escola, que os informou sobre o nosso serviço. O tratamento ocorreu na clínica de saúde
mental de um hospital universitário. E. e sua família foram tratados em dez sessões durante
três meses com o programa de TCC específico para crianças e adolescentes.
A TCC foi conduzida em um formato de grupo, com as crianças e suas famílias participando
ativamente, e incluiu reestruturação cognitiva, exposição gradual, treinamentos de manejo
infantil e de habilidades em áreas como assertividade. Os resultados mostram que a terapia
[3] Para acessar o estudo de caso completo: Lundkvist-Houndoumadi, I. & Thastum, M. A "Cool Kids" Cognitive-
Behavioral Therapy Group for Youth with Anxiety Disorders: 123. Part 1, The Case of Erik. Pragmatic Case Studies in
Psychotherapy, Volume 9, Module 2, Article 2, pp. 122-178, 06-26-13 [copyright by authors]
http://pcsp.libraries.rutgers.edu
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reduziu efetivamente os sintomas de ansiedade da criança. Os dados quantitativos e
qualitativos adicionais indicam um resultado terapêutico global positivo, que foi mantido
em 3 meses e 15 meses após a conclusão do tratamento.
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REFERÊNCIAS
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