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Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Avaliação Antropométrica de
Idosos e Pacientes Acamados
Objetivo
• Discutir os métodos de avaliação nutricional e antropométrica de pacientes acamados e ido-
sos, bem como fórmulas a serem utilizadas nessas populações quando não houver a possi-
bilidade de locomoção desses pacientes ou quando os seus movimentos forem limitados.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para
o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no
material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades
solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos
ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico
espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Antropométrica de Idosos e Pacientes Acamados
Contextualização
Nós sabemos que os idosos correspondem à parcela da população que mais cresce
ao redor do mundo, inclusive em países como o Brasil. O envelhecimento da população
brasileira impactará em diferentes setores, não apenas na economia do país, mas tam-
bém na área da saúde.
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Introdução
Já é bem estabelecida a importância da avaliação nutricional para o correto diagnós-
tico nutricional, para então embasar o profissional a adotar as estratégias nutricionais
mais eficientes e fidedignas para promover a melhora do estado geral do paciente ou até
mesmo para atuar de maneira profilática nas mais variadas populações.
Mas tome cuidado, lembre-se de comparar os dados coletados do seu paciente com
os grupos populacionais corretos.
Avaliação Nutricional de
Idosos e Pacientes Acamados
Senescência
O envelhecimento é marcado a partir do momento em que nascemos. Além disso,
sabemos que durante certo período ao longo de nossa vida seremos marcados pelo
anabolismo, ou seja, pelo crescimento e desenvolvimento dos tecidos, e durante outro
período haverá o catabolismo, o qual faz parte do processo de envelhecimento. Ainda
se tratando do processo de envelhecimento, as características observadas em cada indi-
víduo podem variar, sendo praticamente impossível, ou no mínimo muito difícil, distin-
guirmos quais características foram determinadas por fatores genéticos ou ambientais
(VITOLO et al., 2014).
Conheça o indonésio Saparman Sodimejo, que faleceu aos 146 anos de idade.
Disponível em: https://youtu.be/qhz_r6-WScU
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funcionais em que a proteína corpórea no idoso sadio é 35% inferior à do adulto jovem,
além de haver a diminuição da densidade óssea, o que torna a osteoporose uma compli-
cação frequente entre idosos.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Existem alguns fatores que costumam influenciar o estado nutricional de idosos, entre
eles: a idade, cognição, dentição, mobilidade, autonomia, aspectos familiares (se mora
sozinho ou com família), escolaridade, situação atual e pregressa de saúde e comorbida-
des. Devemos levar em consideração um estado de saúde que capacite aspectos como a
atividade física, capacidade de mastigar, deglutir e digerir alimentos.
Fatores econômicos
Ambiente
Comportamento emocional Infecção, doença,
alimentar febre ou estresse
Manutenção fisiológico
Padrão Estresse
Doença Ingestão alimentar corpórea e
cultural psicológico
bem-estar
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Avaliação do Estado Nutricional de Idosos e Pacientes Acamados
A avaliação do estado nutricional de pacientes idosos não envolve técnicas que dife-
rem muito das demais populações, entretanto, é importante considerarmos as limitações
eminentes de cada indivíduo, como, por exemplo, casos de Alzheimer ou até mesmo
aspectos cognitivos e sociais relacionados (ÂCUNA et al., 2004; VITOLO et al., 2014).
Basicamente, podemos falar que a avaliação nutricional pode ser feita por intermédio
de técnicas como:
• Anamnese alimentar, incluída a ingestão;
• Parâmetros bioquímicos;
• Histórico clínico;
• Medidas antropométricas;
• Estado psicossocial.
Veja no esquema a seguir como cada uma dessas ferramentas pode ser utilizada para
que ocorra a correta intervenção alimentar.
Doença carencial
Figura 3
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Contudo, de maneira mais específica pode-se utilizar diferentes pontos de corte para
a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC):
Tabela 1
Referência Magreza Eutrófico Sobrepeso
OMS, 1995 <18,5 18,5 a 25 ≥ 27
Perissinotto e cols. 2002 <20 20 a 30 >30
Lipschitz, 1994 <22 22 a 27 >27
Suponhamos que você tenha um paciente idoso e que tenha calculado o IMC dele e avaliado
que ele está classificado como Baixo peso. Legal, mas e agora?
Nesse caso, o seu paciente deverá receber uma orientação dietética imediata, seguida, é cla-
ro, de acompanhamento médico e nutricional constantes. Um ponto muito importante a ser
considerado nesse caso é que a principal causa desse diagnóstico costuma ser a deficiência
crônica de energia (baixo consumo de alimentos), e que é comum ter como consequência a
morbidade, mortalidade, o declínio funcional e a dependência para atividades diárias.
Em outa situação, agora com um paciente classificado como “Adequado”. Nesse caso, a
conduta correta a ser adotada é a orientação nutricional para que esses pacientes se man-
tenham nessa classificação. O grande desafio concerne em acompanhar esses pacientes
para que eles não adquiram peso.
É evidente que para casos de sobrepeso e obesidade devemos orientar a evitar o ganho de
peso e a continuarem a avaliação de parâmetros de risco, como valores antropométricos,
bioquímicos e sinais e sintomas clínicos.
Bom, vamos ver como nós poderemos contornar esse tipo de situação.
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Basicamente, recomenda-se a utilização de uma balança de base larga. O exami-
nador deverá ficar próximo ao paciente, para que ele não se sinta desconfortável ou
vulnerável. Uma outra solução é a utilização da mesma balança (base larga) em conjun-
to com uma cadeira, pois, dessa forma, o paciente poderá se sentar para ser pesado.
Mas atenção: não se esqueça de descontar o peso da cadeira para saber quanto o
paciente está pesando.
Se por algum acaso não houver a possibilidade de levar o paciente até a balança,
vamos ter que resolver de outra forma, correto? Nesse caso, teremos que estimar a mas-
sa corporal total do paciente por meio da utilização de fórmulas. Para isso, precisamos
aferir a circunferência do braço (CB), circunferência da panturrilha (CP), a dobra cutânea
subescapular (DCS) e a altura do joelho (AJ) – veremos adiante como aferir essas me-
didas. Não se esqueça que a CB, CP e AJ devem ser aferidas em centímetros; já a CP,
em milímetros.
Ao mensurar as circunferências, tome muito cuidado para não comprimir os tecidos moles.
É extremamente comum que pacientes idosos e acamados apresentem certa flacidez, prin-
cipalmente nos braços.
Figura 4
Fonte: Getty Images
Os cálculos que deverão ser empregados para a estimativa de massa corporal são os
propostos por Chumlea et al. (1985; 1988). Veja a seguir:
• Gênero masculino:
Massa Corporal = (1,73 X CB) + (0,98 X CP) + (0,37 + DSE) + (1,16 X AJ) – 81,69
• Gênero feminino:
Massa Corporal = (0,98 X CB) + (1,27 X CP) + (0,4 X DSE) + (0,87 X AJ) – 62,35
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PU − PA
% PFR ( Percentual de perda ponderal ) = ×100
PU
Tabela 2
Tempo Perda de Peso Significativa (%) Perda Grave de Peso (%)
1 semana 1a2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 >7,5
6 meses 10 >10
Estimativa de estatura
Sabemos que o ser humano apresenta uma redução de cerca de 1 a 2,5 cm por déca-
da a partir dos 40 anos. Já a OMS, em 1995, relatou uma variação de perda de estatura
de 1,9 até 6,7 cm em homens; e de 2 a 6 cm em mulheres. Esse encurtamento ocorre
em função da redução dos discos intervertebrais, achatamento das vértebras, acentuação
da cifose dorsal, lordose e escoliose. Adicionalmente, pode ocorrer o arqueamento dos
membros inferiores, além do achatamento do arco plantar.
Para aferir a estatura, podemos utilizar as mesmas técnicas que utilizamos em outras
populações, ou seja, empregando o uso do estadiômetro ou até mesmo uma fita métrica
bem presa à parede.
Para aferirmos a estatura, devemos fazer com que o nosso paciente fique de costas para
o estadiômetro, com a face posterior dos joelhos tocando a parede, descalço, com os pés
juntos, em posição ereta, o máximo que conseguir e com a cabeça olhando o horizonte.
Mas existem casos em que o nosso paciente não conseguirá seguir as orientações
preconizadas. Para isso, podemos estimar a sua estatura utilizando a idade (I) em anos
e a altura do joelho (AJ) em centímetros.
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• Gênero feminino:
Figura 5
Fonte: Getty Images
Provavelmente você deve estar pensando: Mas como fazer para aferir a altura
do joelho?
Bom, com o paciente deitado em posição supinada (com a barriga para cima), de-
vemos flexionar a perna direita dele em um ângulo de 90° – o comprimento deve ser
medido entre a planta do pé e a superfície anterior da perna, na altura do joelho, você
pode utilizar uma fita métrica ou até mesmo um antropômetro pediátrico.
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Veja na Figura 6 como fazemos para estimar a altura utilizando a envergadura men-
surada a partir de apenas um dos membros superiores do paciente.
Figura 6
Circunferências
Como nós já sabemos, as circunferências podem estar facilmente relacionadas com
a distribuição de gordura corporal, sendo que as mais utilizadas são: circunferência do
braço, panturrilha, cintura, quadril e pescoço (FISBERG et al., 2009).
Circunferência do braço
Embora existam orientações para que o braço a ser utilizado para aferir essa medida
seja o braço direito, há quem diga que na verdade deva ser o lado não dominante, o que faz
sentido se pensarmos que provavelmente o lado não dominante será o menos desenvolvido.
Independente de qual orientação você vá seguir, o fato é que o membro a ser avaliado
deverá ser o mesmo nas avaliações subsequentes. Ainda se tratando da circunferência
do braço (CB), essa medida é capaz de refletir os depósitos de massa gorda e massa mus-
cular do braço, sendo que os valores de referência não diferem dos utilizados em adultos.
Tabela 3
Desnutrição Desnutrição Desnutrição
Eutrofia Sobrepeso Obesidade
Grave Moderada Leve
Circunferência
<70% 70-80% 80-90% 90-110% 110-120% >120%
do Braço (CB)
CMB = CB − (π × DCT )
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Tabela 4
Desnutrição Desnutrição
Desnutrição Leve Eutrofia
Grave Moderada
Circunferência Muscular
<70% 70-80% 80-90% 90%
do Braço (CMB)
Circunferência da panturrilha
Essa medida deve ser aferida na região de maior circunferência da panturrilha,
sendo um importante e sensível marcador de desnutrição e uma medida sensível da
massa muscular.
Ao passar a fita ao redor do paciente, tenha certeza de que a fita não está torta.
A CC pode ser usada para medir o risco de doença aterosclerótica, com valores supe-
riores a 88 cm para mulheres e 102 para homens. Devemos considerar que em idosos a
CC pode sofrer alterações em função de osteoporose ou alterações na coluna vertebral
(decorrentes da senescência).
Figura 7
Fonte: Adaptado de Getty Images
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Após localizar a região a ser tomada como referencial para a aferição, marque-a com
uma caneta (Figura 8).
Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista
Como demonstrado na Figura 9, a fita deve ser passada ao redor do tronco do pa-
ciente e no plano horizontal. Tome cuidado para que a fita não enrole nem fique torta.
Figura 9
Fonte: Getty Images
Circunferência do pescoço
A circunferência do pescoço (CP) apresenta uma boa correlação com o acúmulo de
gordura corporal e consequente aumento de risco cardiovascular, além de ser um parâ-
metro não invasivo de fornecer dados de fácil obtenção.
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Dobras cutâneas
A aferição de dobras cutâneas apresenta baixo custo e costuma ser fidedigna quando
há a utilização de um aparelho bem calibrado e um avaliador experiente; são medidas
utilizadas com frequência em idosos. As dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular
(DCSE) correlacionam-se significativamente com a quantidade de gordura subcutânea
do corpo (VANNUCCHI et al., 1996).
No caso da DCT, deve-se aferir o ponto médio entre o acrômio e o olécrano na face posterior
do braço: https://bit.ly/2WJO2zI
Subescapular (SB): https://bit.ly/2WE8ylc
Tabela 5
Idade P10 P50 P90
Homens
60 a 69 anos 7,7 12,7 23,1
70 a 79 anos 7,3 12,4 20,6
>80 anos 6,6 11,2 18
Mulheres
60 a 69 anos 14,5 24,1 34,9
70 a 79 anos 12,5 21,8 32,1
>80 anos 9,3 18,1 28,9
Fonte: NHANES III (National Health and Nutrition Examination Survey, 1988-1991)
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Eu Nutricionista
https://bit.ly/2xoP8WZ
Morreu aos 146 anos o Homem Mais Velho do Mundo
https://youtu.be/qhz_r6-WScU
Leitura
Antropometria
https://bit.ly/2JeYk2L
Saúde da Pessoa Idosa: Prevenção e Promoção à Saúde Integral
https://bit.ly/2UgdKdj
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Referências
ACUÑA, K.; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação
nutricional da população brasileira. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Meta-
bologia, São Paulo, v. 48, n. 3, p. 345-361, jun. 2004. Disponível em: <http://dx.doi.
org/10.1590/s0004-27302004000300004>. Acesso em: 23 mar. 2020.
LIPSCHITZ, D. A. Screaning for nutricional in the elderly. Prim Care, v. 21, n.1,
p. 55-67, 1994.
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