1 Políticas Públicas

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1 POLÍTICAS PÚBLICAS

1.1 Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias.


O conjunto de ações e decisões tomadas pelo governo e por atores públicos não estatais, com
o intuito de solucionar problemas das sociedades e promover o bem coletivo, compreendem o
conceito de políticas públicas. Em outras palavras, o processo de formulação de política
pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações,
que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real. Para Lowi, há quatro
formatos de políticas públicas. O primeiro é o das políticas distributivas, que são decisões
governamentais que não levam em consideração a restrição de recursos. Essas políticas geram
impactos mais individuais do que universais, ao favorecer determinados grupos sociais ou
regiões em detrimento do bem-estar geral. Exemplos de políticas distributivas incluem
aquelas que promovem o clientelismo e o patrimonialismo. O segundo formato, refere-se às
políticas regulatórias, que são mais visíveis para o público e envolvem a participação de
burocracia, políticos e grupos de interesse. O terceiro formato é o das políticas redistributivas,
que afetam muitas pessoas, causando perdas imediatas para alguns grupos sociais e ganhos
futuros incertos para outros. Essas políticas incluem políticas sociais universais, sistemas
tributários e previdenciários, sendo geralmente desafiadoras de serem implementadas. O
quarto formato são as políticas constitutivas, que lidam com procedimentos. A visão da
política pública como um processo incremental foi desenvolvida por Lindblom (1979),
Caiden e Wildavsky (1980) e Wildavisky (1992).
1.2 Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão;
implementação, seus planos, projetos e programas; monitoramento e avaliação.
As políticas públicas são uma resposta do Estado às necessidades do coletivo que, por meio
do desenvolvimento de ações e programas, objetivam o bem-comum e a diminuição da
desigualdade social. Esses programas e ações precisam ser estruturados de maneira funcional
e sequencial para tornar possível a produção e organização do projeto. Esclarecido isso, o
ciclo das políticas públicas nada mais é que um processo que leva em conta:
A participação de todos os atores públicos e privados na elaboração das políticas públicas, ou
seja, governantes, políticos, trabalhadores e empresas;
O poder que esses atores possuem e o que podem fazer com ele;
O momento atual do país no aspecto social (problemas, limitações e oportunidades);
Organização de ideias e ações.
Ela é tida como um recurso heurístico, sabe o que é isso? Um processo que busca desvendar e
compreender algo ou uma situação. No caso das políticas públicas, é um modelo para
compreender em que pé se encontra o país e o que pode ser feito por ele.
Primeira fase: a formação da agenda - Para começar a elaboração de uma política, é preciso
decidir o que é prioritário para o poder público. A fase da agenda caracteriza-se pelo
planejamento, que consiste em perceber os problemas existentes que merecem maior atenção.
Essa percepção precisa ser consistente com o cenário real em que a população se encontra.
São analisados nessa fase: a existência de dados que mostram a condição de determinada
situação, a emergência e os recursos disponíveis. O reconhecimento dos problemas que
precisam ser solucionados de imediato ganha espaço na agenda governamental. Entretanto,
nem tudo que está na agenda será solucionado imediatamente. Saiba que o planejamento é
flexível e que a viabilização de projetos depende de alguns fatores. São esses:
Avaliação do custo-benefício
Estudo do cenário local e suas necessidades
Recursos disponíveis
A urgência que o problema pode tomar por uma provável mobilização social
Necessidade política
Segunda fase: a formulação da política - É a fase de apresentação de soluções ou
alternativas. É o momento em que deve ser definido o objetivo da política, quais serão os
programas desenvolvidos e as linhas de ação. Após esse processo, se avaliam as causas e são
avaliadas prováveis alternativas para minimizar ou eliminar o problema em questão. Portanto,
a segunda etapa é caracterizada pelo detalhamento das alternativas já definidas na agenda.
Organizam-se as ideias, alocam-se os recursos e recorre-se à opinião de especialistas para
estabelecer os objetivos e resultados que querem alcançar com as estratégias que são criadas.
Nesse ponto, os atores criam suas próprias propostas e planos e as defendem individualmente.
Terceira fase: processo de tomada de decisão - Com as todas as alternativas avaliadas, na
terceira fase se define qual será o curso de ação adotado. São definidos os recursos e o prazo
temporal da ação da política.
Quarta fase: implementação da política - É o momento em que o planejamento e a escolha
são transformados em atos. É quando se parte para a prática. O planejamento ligado à
organização é transformado em ação. São direcionados recursos financeiros, tecnológicos,
materiais e humanos para executar a política.
Quinta fase: avaliação - É um elemento crucial para as políticas públicas. A avaliação deve
ser realizada em todos os ciclos, contribuindo para o sucesso da ação. Também é uma fonte de
aprendizado para a produção de melhores resultados. Nela se controla e supervisiona a
realização da política, o que possibilita a correção de possíveis falhas para maior efetivação.
Inclui-se também a análise do desempenho e dos resultados do projeto. Dependendo do nível
de sucesso da política, o poder público delibera se é necessário reiniciar o ciclo das políticas
públicas com as alterações cabíveis, ou se simplesmente o projeto é mantido e continua a ser
executado.
A boa política pública deve cumprir as seguintes funções:
– Promover e melhorar a cooperação entre os atores;
– Constituir-se num programa implementável
1.3 Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado.
No Brasil, a institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado é
um processo que ocorreu ao longo de várias décadas, influenciado por eventos históricos,
pressões da sociedade civil, mudanças políticas e avanços legislativos. Alguns marcos
importantes incluem:
Ditadura Militar (1964-1985): Durante o regime militar, que perdurou por mais de duas
décadas, houve violações sistemáticas dos Direitos Humanos. A resistência a esse regime
contribuiu para a mobilização da sociedade civil e para a conscientização sobre a importância
dos Direitos Humanos.
Anistia e Redemocratização (1980s): Com o fim da ditadura militar e a promulgação da Lei
da Anistia em 1979, seguida pela redemocratização nos anos 1980, o Brasil começou a
enfrentar seu passado autoritário. A transição democrática foi acompanhada por esforços para
investigar e responsabilizar por violações de Direitos Humanos.
Constituição de 1988: A Constituição Federal de 1988, conhecida como a "Constituição
Cidadã", foi um marco importante na institucionalização dos Direitos Humanos no Brasil. Ela
incorporou princípios e garantias fundamentais, estabelecendo bases sólidas para a proteção
dos direitos individuais e coletivos.
Criação de Órgãos Específicos: O Brasil estabeleceu órgãos específicos para lidar com
questões de Direitos Humanos. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
por exemplo, é responsável por formular e implementar políticas nessa área.
Sistema Nacional de Direitos Humanos (SNDH): O SNDH, criado em 1996, é um mecanismo
que visa articular a atuação dos diferentes órgãos governamentais e da sociedade civil na
promoção e proteção dos Direitos Humanos.
Comissão Nacional da Verdade (CNV): Estabelecida em 2011, a CNV foi responsável por
investigar violações de Direitos Humanos ocorridas durante a ditadura militar. Essa iniciativa
foi um passo significativo na abordagem das violações do passado.
Políticas Afirmativas e de Combate à Discriminação: Políticas específicas foram
implementadas para combater a discriminação e promover a igualdade, como as políticas
afirmativas para grupos historicamente marginalizados, incluindo afrodescendentes e
indígenas.
Participação em Organismos Internacionais: O Brasil tem participado ativamente de tratados e
convenções internacionais de Direitos Humanos, comprometendo-se a seguir padrões globais
e permitindo o monitoramento externo.
1.4 Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e
funcionamento dos sistemas de programas nacionais.
O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Brasil visam conciliar a unidade
nacional com a diversidade regional, permitindo que diferentes níveis de governo atuem de
maneira coordenada para atender às demandas específicas de cada localidade. A efetividade
desse modelo depende da cooperação entre os entes federativos, do fortalecimento da gestão
local e do monitoramento constante da implementação das políticas públicas.
Competências Federativas: A Constituição define as competências exclusivas da União, como
defesa nacional e relações exteriores, e as competências concorrentes, em que União, Estados
e Municípios podem legislar, como saúde e educação. Há também competências exclusivas
dos Estados e Municípios.
Sistema Único de Saúde (SUS): O SUS é um exemplo de descentralização na área de saúde.
Ele é organizado de forma hierarquizada, com a União financiando parte dos serviços, os
Estados coordenando e executando ações em sua jurisdição, e os Municípios sendo
responsáveis pela gestão local da saúde.
Educação: Na área educacional, a descentralização ocorre por meio do regime de colaboração
entre os entes federativos. A União estabelece normas gerais, os Estados elaboram planos e
executam políticas, e os Municípios atuam na oferta de ensino fundamental e educação
infantil.
Transferências Intergovernamentais: A União, por meio de transferências constitucionais e
legais, repassa recursos financeiros para Estados e Municípios. Essas transferências buscam
compensar as desigualdades regionais e permitir a execução de políticas públicas locais.
Conselhos de Políticas Públicas: Muitas áreas contam com conselhos compostos por
representantes dos diferentes níveis de governo e da sociedade civil. Esses conselhos
participam da formulação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas, promovendo a
descentralização decisória.
Programas Nacionais: Apesar da descentralização, alguns programas são desenvolvidos em
nível nacional. Nesses casos, a União define diretrizes e repassa recursos para que Estados e
Municípios executem as ações de acordo com suas realidades locais.
Pacto Federativo: O pacto federativo refere-se ao equilíbrio nas relações entre os entes
federativos. O fortalecimento dos Estados e Municípios é uma preocupação constante para
garantir a efetividade da descentralização e a promoção do desenvolvimento local.
2 DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA
2.1 Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia,
representação política e participação cidadã.

2.2 Divisão e coordenação de Poderes da República.


2.3 Presidencialismo como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas
e especificidades do caso brasileiro.
2.4 Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de
Estado.
2.5 Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009).
2.6 Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial,
etária e de gênero.
2.7 Desenvolvimento sustentável, meio ambiente e mudança climática.
3 ÉTICA e INTEGRIDADE.
3.1 Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo
37 da Constituição Federal de 1988, e do Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994).
3.2 Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro
de 2017). Gestão de riscos e medidas mitigatórias na Administração Pública.
3.3 Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023).
3.4 Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social.
3.5 Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública. Lei nº
14.129/2021. 3.6 Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011.
3.7 Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do
serviço público.
4 DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
4.1 Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade
cultural.
4.2 Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e
adolescentes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com deficiências; pessoas em situação de rua,
povos indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais.
5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
5.1 Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de
37 a 41 da Constituição Federal de 1988).
5.2 Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº
200/1967). 5.3 Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas
alterações).
6 FINANÇAS PÚBLICAS
6.1 Atribuições econômicas do Estado.
6.2 Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento.
6.3 Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado
brasileiro.
6.4 Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).
6.5 Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
101/2000).

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