2 - A Linguagem Hipermidiática Na Construção Da Aprendizagem
2 - A Linguagem Hipermidiática Na Construção Da Aprendizagem
2 - A Linguagem Hipermidiática Na Construção Da Aprendizagem
Contexto, conceito e características da linguagem hipermidiática, bem como suas implicações nas
práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem.
PROPÓSITO
Identificar as alternativas e novas oportunidades de aprendizagem a partir do estudo e do
conhecimento das possibilidades educacionais da linguagem hipermidiática.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos dicionários on-line e gratuitos, como o Glossário
Ceale, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Dicionário de Terminologia de
Educação a Distância, disponível no portal da ABED, o Dicionário Priberam, entre outros.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Com este conteúdo, você vai adquirir uma visão diferente sobre algo que, provavelmente, já
conhece em parte. Estamos falando das linguagens hipermidiáticas e seus componentes, bem
como de suas possibilidades no campo educacional.
É bem possível que você tenha o hábito de navegar pela Internet usando o celular, lançando mão
de vários aplicativos e realizando uma série de ações no mundo digital. No entanto, acreditamos
que você ainda precise conhecer os propósitos das linguagens hipermidiáticas e saber como se
beneficiar delas para o seu processo de aprendizagem.
Vamos apresentar, para isso, alguns conceitos que ampliem sua visão sobre as linguagens
hipermidiáticas, os processos de comunicação pedagógica, as mídias digitais educativas e o
design educacional. Desse modo, vamos promover formas mais qualitativas e inovadoras no
ensino, e que resultem em uma aprendizagem de mais qualidade.
Falamos em ampliar a visão porque você já tem uma vivência como usuário no campo de
tecnologia, uma vez que pratica a comunicação digital de diferentes formas. No entanto, é
necessário articular essas práticas com o contexto educacional.
Vamos juntos, a partir de agora, olhar para algo que você já conhece – as linguagens digitais – e
construir reflexões críticas para o campo educacional.
MÓDULO 1
Identificar os diferenciais da linguagem hipermidiática
O filósofo francês Pierre Lévy, nos anos 1990 – época do surgimento da internet comercial –,
entendia que as mediações tecnológicas digitais seriam irreversíveis, levando à chamada
sociedade em redes, sociedade digital, e assim por diante.
DIFICULDADES E POSSIBILIDADES
Mesmo depois de tantos anos, no entanto, ainda existem inúmeras carências relacionadas com a
habilitação dos cidadãos aos domínios das linguagens hipermidiáticas, a fim de extrair delas
significados de qualidade, tanto para a sua formação educacional quanto para a vida.
Tais carências estão relacionadas não apenas com as possibilidades de ter conexões e acessos
de qualidade, o que implica a questão da inclusão digital, mas também com o uso mais produtivo
e aprofundado das linguagens hipermidiáticas, fazendo valer o que se aprende. Nesse sentido, o
que mais nos interessa aqui é o ensino e o aprendizado a partir das mídias digitais.
CIBERESPAÇO
CIBERCULTURA
CULTURA DIGITAL
INTELIGENCIA COLETIVA
Conceito elaborado por Pierre Lévy. Pode ser, inicialmente, descrito como uma inteligência
que está distribuída e compartilhada em todo lugar, graças ao ciberespaço, mobilizando
colaborativamente diversas competências. No módulo 3, esse conceito será desenvolvido e
relacionado com a educação.
A EDUCAÇÃO MEDIADA PELO DIGITAL FAZ PARTE
DE UM NOVO ECOSSISTEMA EDUCATIVO QUE
MUITO TEM CONTRIBUÍDO PARA A
RECONCEITUALIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE
ENSINO E DE APRENDIZAGEM. EMBORA SEJA
FREQUENTEMENTE ASSOCIADO A UMA
RACIONALIDADE TECNOLÓGICA, O CONCEITO DE
EDUCAÇÃO MEDIADA PELA INTERNET APLICADA
AOS DIFERENTES CONTEXTOS DE PRÁTICA
REFLETE A POLISSEMIA QUE A CARACTERIZA.
Sabemos que a introdução de tecnologias na área educacional não é novidade há algum tempo,
mas ainda se espera que isso aconteça de forma mais ampla, democrática e inclusiva. As
tecnologias devem contribuir para alterar formas de pensar, de se relacionar e de prover mais
qualidade às aprendizagens (BRUNO, 2008).
LINGUAGEM E SOCIEDADE
Uma linguagem viabiliza a expressão, a comunicação e modos de interação. As linguagens
servem como uma forma de registro histórico da vida do homem em sociedade. Surgem da
necessidade de troca de experiências e sabedoria acumulada nas culturas. Por essa razão, ao
longo da história, as linguagens materializam ou dão forma à cultura, às narrativas e a diversas
manifestações das civilizações.
Quando pensamos nos processos de escrita e registro dos povos da antiguidade – com uso de
barro, pedra, papiro, pergaminho, tábuas ou mesmo das marcações rupestres nas cavernas –, já
verificamos uma consciência social para o uso de linguagens, bem como para a necessidade de
sua decifração, suas leituras e seus domínios. Todos esses processos estão orientados para
disseminação de saberes e conhecimentos.
Entendemos, com isso, que as linguagens visam a diferentes finalidades, têm diversas
formatações e extensões, podendo utilizar variados caracteres ou símbolos.
Foto: Thomas T./Wikimedia Commons/ CC BY-SA 2.0.
Animais representados na Caverna de Chauvet.
A complexidade das linguagens é grande, pois se trata de um produto das culturas, do que se
constrói na memória dos povos. As linguagens abarcam várias dimensões – como as culturais,
sociais, antropológicas, entre outras – e dependem de comunidades em contato para que possam
criá-las, usá-las e expandi-las.
Eventos históricos, sociais e culturais podem contribuir ao longo do tempo para transformações
das linguagens. Por exemplo, as línguas são “vivas”, podem sofrer variações e mudanças. Nesse
contexto, a linguagem das mídias digitais evidencia a maneira atual de a sociedade se organizar e
se deixar representar.
[...] O MODO PELO QUAL A LINGUAGEM OU OS
SIGNOS CIRCULA É AFETADO PELO FATO DE UMA
SOCIEDADE SER INDUSTRIAL, PÓS-INDUSTRIAL,
DA INFORMAÇÃO, DO CONHECIMENTO, EM REDE,
TECNOTRÔNICA, DE MASSA E GLOBAL –
INCLUINDO O SISTEMA TECNOLÓGICO, AS
FORÇAS NECESSÁRIAS ENVOLVIDAS PARA
PRODUZIR E SE COMUNICAR.
Percebemos, com isso, que a linguagem de uma época ou de um meio não é destruída
necessariamente por outra que venha a aparecer. Elas podem se transformar e, muitas vezes, até
conviver. O surgimento da escrita não destruiu a oralidade. A televisão não eliminou o rádio, nem
o computador fez desaparecer a televisão.
Uma linguagem, no entanto, pode perder sua utilidade, função ou importância em determinado
contexto, em determinada época. Os sinais de fumaça, por exemplo, não costumam ser usados e
não fazem sentido no espaço urbano.
As linguagens circulam e, por isso, adquirem novos papéis nas realidades em que atuam. Nesse
caso, circular não se restringe a propagar, mas a encontrar novos usos, passar por
ressignificações por meio das práticas comunicativas.
As novas linguagens, por sua vez, também vão exigir um letramento, ou seja, um domínio da
linguagem em sua relação com as práticas sociais, como resultado de seu uso individual e
coletivo.
Imagem: Shutterstock.com.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Precisamos levar em conta a sociedade digital e a geração digital se quisermos entender o que é
linguagem hipermidiática. Nesse sentido, sabemos que, atualmente, vivemos em uma sociedade
dependente da informação, do conhecimento e de diversas transações e relações que se dão no
mundo virtual, nos meios digitais. Fazemos parte de uma geração digital que tem sua vida, suas
relações sociais, seu trabalho, suas atividades e seu entretenimento suportados pelas tecnologias
digitais.
Por trás de tudo isso, houve a convergência acelerada dos processos informacionais digitais,
atrelados às comunicações, gerando as TDICs – Tecnologias digitais da informação e da
comunicação. Nesse contexto, falamos da linguagem hipermidiática.
HIPERMÍDIA
Hiper
Quer dizer algo que vai além, que supera alguns limites.
Media
Mídia ou o adjetivo midiático corresponde aos meios de comunicação, aos formatos, às intenções
e produções digitais que sustentam propósitos interativos e comunicativos.
Podemos dizer, com isso, que hipermídia é a integração de diversos meios e de diferentes tipos
de textos, sons e imagens de modo interativo e não linear, de tal forma que se navegue entre eles
e se produza, até mesmo, uma versão pessoal desse conjunto de textos. A linguagem
hipermidiática, portanto, é a linguagem das mídias digitais.
A hipermídia, para Santaella (2005), está relacionada com um sistema de comunicação eletrônica
global. Desse modo, a hipermídia integra as pessoas e os meios digitais em uma relação de troca
possibilitada pela comunicação interativa em um espaço informacional.
PRODUTOS HIPERMIDIÁTICOS
Conhecemos e fazemos uso diário de vários produtos hipermidiáticos, que podem ser os sites ,
blogs , podcasts e aplicativos, viabilizados por linguagens verbais – as palavras e os textos – e
não verbais.
Para modificarmos o olhar para tais produtos e encará-los como suportes educacionais, é preciso
conhecer mais sobre metodologias educacionais e a transformação de mídias em objetos de
aprendizagem.
EXEMPLO
Podemos citar os podcasts , explorados no âmbito educacional, inclusive ao final deste conteúdo,
além dos vídeos já utilizados há mais tempo, disseminados por plataformas, como a do YouTube.
LINK
A palavra link pode ser traduzida para o português como ligação. No Brasil, o uso dessa palavra
permanece em inglês. Um link serve para realizar as conexões entre documentos digitais: um
texto que se liga a outro texto, a um vídeo ou a ilustrações, imagens em movimento. Isso significa
que é armada uma teia de interconexões, pois chega-se a outro destino on-line após um clique
no link .
Os links , de certo modo, contribuem para a constituição de uma espécie de narrativa midiática,
favorecendo a construção de uma linguagem tanto para a produção de textos diversos como para
a interpretação. Os links , dessa forma, associam-se à ideia de hipertexto e hipermídia.
HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA
Os conceitos de hipertexto e de hipermídia estão relacionados aos links , já que estes viabilizam
a interconexão de textos, imagens, áudios, vídeos e animações em suportes digitais. Tais
suportes, por sua vez, são acessados em dispositivos tecnológicos, em diferentes telas, e podem
desencadear interações com os seus usuários.
Imagem: Shutterstock.com.
O hipertexto pode ser conceituado como a rede de textos, imagens, sons, animações e outras
linguagens interconectadas no ciberespaço – geralmente, em suportes digitais –, permitindo
diversas formas de interatividade. Alguns também usam a expressão hipertexto eletrônico.
Também é comum considerar os termos hipertexto e hipermídias como equivalentes ou
intercambiáveis.
Os hipertextos – produtos das mídias – devem construir formas de sentido, entre as estruturas de
links , mas também dependem das condições de leitura e letramento dos sujeitos. Em outras
palavras, os hipertextos dependem do domínio que os usuários possuem para avançar na
navegação e construir sentidos entre os próprios links .
ATENÇÃO
Sem dúvida, os hipertextos armazenam uma variedade de possibilidades de textos, com buscas,
interpretações e ganhos em sentidos, que correm sempre o risco de um valor fragmentado e
disperso.
HIPERTEXTO IMPRESSO VERSUS DIGITAL
É bom lembrar que o hipertexto também pode existir fora do contexto digital ou eletrônico, ainda
que com algumas limitações, como acontece no impresso.
Hipertexto impresso
É o caso das enciclopédias, dos grandes almanaques e de algumas obras literárias que têm uma
estrutura hipertextual, possibilitando a leitura não linear, por exemplo.
Hipertextos digitais
HIPERTEXTUALIDADE
A hipertextualidade também atribui um poder de coautoria ao leitor, que escolhe seus trajetos a
percorrer na leitura, resgatando também um sentido de familiaridade com a leitura de modelo mais
tradicional. Naturalmente, por ser uma leitura hipertextual, existe o risco de que o leitor tenha
uma visão mais aprofundada, por um lado, e mais fragmentada, por outro lado.
HIPERLEITURA
Nesse universo de expansão digital, se um link clicado leva a outro, o impulso de busca pode ser
desencadeado pela construção de uma hipertextualidade, que desenvolve os entendimentos
dessas possíveis tramas de sentidos.
A hipertextualidade não está necessariamente relacionada a textos escritos, pois diz respeito a
diferentes formatos de textos e tipos de linguagem. Desse modo, a hipertextualidade também
busca construir sentidos por meio das relações e da disposição dos diferentes elementos
constituintes do hipertexto.
Tal processo permite outras leituras, outros planos ou camadas de sentido. Desse modo, podemos
falar em hiperleitura.
COAUTORIA
Entre os percursos possíveis da hiperleitura, que também dão origem ao verbo hiperler, entende-
se a habilidade que vai além da leitura vista como uma prática convencional. Nesse sentido, a
hiperleitura também é vista como uma forma coautoral de produção, já que os leitores
escolhem a razão que leva a esses percursos, criando uma forma de textualidade.
A hiperleitura se alinha na busca de um percurso de sentidos, em que são visitados os links , que
se expandem em referências que o hiperleitor já possui. Um exemplo são os e-books ou livros
eletrônicos.
Por se tratar de uma variedade de formatos, além do texto escrito, busca-se configurar uma
depuração, com uma leitura ativa, em que se trabalham vários níveis de informação. Os contextos
também são avaliados para a criação de mais sentido. Por exemplo, se o link está relacionado à
origem da informação, ampliam-se os sentidos buscados.
Imagem: Shutterstock.com.
CARACTERÍSTICAS DA HIPERLEITURA
Os percursos de links abertos gerados na hiperleitura podem ser rastreados e recuperados, por
meio do histórico que se formata nos programas de navegação.
ATENÇÃO
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Neste bate-papo, os professores Roberto Paes e Luís Dallier apresentam os principais pontos do
conceito de hipermídia e suas implicações na leitura e na escrita em meios digitais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Uso de meios de comunicação de massa do tipo um para todos, como rádio e televisão, em
que a informação é rapidamente distribuída.
B) Formato enciclopédico dos textos e das publicações, reunindo vários textos no suporte material
impresso.
D) Junção do som e da imagem para formar conteúdos audiovisuais produzidos pela indústria
para serem consumidos de modo contemplativo.
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
GABARITO
MÓDULO 2
Identificar implicações pedagógicas das inovações e linguagem digitais
EXEMPLO
Em relação ao primeiro contato do homem branco com tribos isoladas, mesmo não havendo uma
língua em comum, ocorreu alguma forma de interação, com troca de objetos, gestos, contatos
visuais e corporais.
As linguagens verbal ou não verbal podem ser aprendidas, absorvidas, readaptadas ao longo do
processo de interação. Processos interativos dependem de um fluxo recíproco, em que se fornece
uma informação e se troca por outra, avançando-se na construção de novos sentidos.
Imagem: Shutterstock.com
INTERAÇÃO E CULTURA
MEDIADORES DA INTERAÇÃO
A interação traz em si um fundamento dialógico, baseado nas trocas, que podem ser realizadas
por mediações digitais tecnológicas e por mediações analógicas, interpessoais. O importante é
haver condições, contextos, focos de troca, finalidades comunicativas, seres e objetos
interagentes.
Ainda é importante ressaltar que a interação realizada nas mediações tecnológicas digitais permite
trocas entre os seres humanos, e entre humanos e máquinas. Um exemplo importante que
verificamos atualmente provém da Inteligência Artificial (IA), que promove diversificadas formas de
interação.
A inteligência artificial (IA) tem se desenvolvido para construir uma linguagem interativa que possa
se aproximar, o máximo possível, da performance humana. Além disso, busca-se o desenho de
interfaces e diferenciais de contatos, níveis de usabilidade, navegabilidade, construção de robôs
com características físicas e de inteligência humanas, entre outros fatores.
Foto: Shutterstock.com.
Há muitos estudos que apontam padrões em certas formas de responder. Isso constitui um banco
de dados de respostas, que se associam a perguntas adequadas a elas. Os bancos de dados
apontam respostas mais adequadas em relações interativas como no atendimento a clientes em
algum tipo de serviço – bancos e lojas de e-commerce , por exemplo – ou nos processos de
ensino-aprendizagem, nas interações entre máquinas e aprendizes, a fim de promover essa forma
de fluxo e satisfação.
Nesse caso, os robôs já teriam absorvido inúmeras formas de reação a perguntas semelhantes de
outros alunos, o que cria uma ambiência de compreensão e confiança favorável, como se fosse
humana.
Essa forma de interação é um dos resultados do uso de algoritmos. Os algoritmos podem ser
entendidos como uma sequência que envolve raciocínios, instruções lógicas ou operações
focadas no alcance de um objetivo. Eles precisam ter os dados de entrada – chamados de input
–, as instruções passo a passo, para que se chegue aos dados de saída, e os resultados –
também chamados de output .
Imagem: Shutterstock.com
A interação mediada pela linguagem hipermidiática ou pela inovação tecnológica, desse modo,
contribui para o aprendizado.
ATENÇÃO
Isso não quer dizer que o professor ou tutor não tenha mais funções pedagógicas. O que ocorre é
que parte da tarefa instrucional ou mesmo da rotina de tirar dúvidas pode ser feita com a ajuda da
inteligência artificial e de recursos hipermidiáticos.
MACHINE LEARNING
Ainda nessa linha, também é importante ressaltar as formas de interação a partir da machine
learning – aprendizagem de máquina. Trata-se de um dos recursos da inteligência artificial
baseados em reconhecimento de padrões.
Imagem: Shutterstock.com.
Esses recursos têm levado a interações bastante arrojadas, como o reconhecimento facial, o
reconhecimento de voz por programas instalados em máquinas sofisticadas, entre outras. Além
disso, graças à previsibilidade de ações e respostas a partir de uma enorme quantidade de dados,
é possível personalizar parte da experiência de aprendizado a partir de machine learning .
EXEMPLO
Todos esses recursos de interação e interatividade podem favorecer novas estratégias e formas
de aprendizado.
O conceito de inteligência coletiva foi proposto por Pierre Lévy (1992), em seu livro As Tecnologias
da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática . O livro e o conceito surgem em um
contexto já distante de diversas inovações tecnológicas mais recentes com as quais convivemos,
em um período em que a Internet ainda começava a se configurar em suas práticas e
apropriações culturais e sociais de inteligência.
O conceito, no entanto, não caiu por terra. Ele pode ser ressignificado, já que muitas tecnologias e
a linguagem digital atuam na construção da inteligência coletiva, permitindo a aprendizagem
colaborativa e a construção do conhecimento em rede.
No conceito de inteligência coletiva, é central a ideia de que se pode constituir o pensamento por
meio de conexões sociais, viabilizadas pelos computadores em redes abertas à comunicação e à
informação.
Foto: Shutterstock.com.
QUANDO OUÇO UMA PALAVRA, ISSO ATIVA
IMEDIATAMENTE EM MINHA MENTE UMA REDE
DE OUTRAS PALAVRAS, DE CONCEITOS, DE
MODELOS, MAS TAMBÉM DE IMAGENS, SONS […].
MAS APENAS OS NÓS SELECIONADOS PELO
CONTEXTO SERÃO ATIVADOS COM FORÇA
SUFICIENTE EM NOSSA CONSCIÊNCIA.
TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA
EXEMPLO
As práticas de metodologias que buscam soluções criativas, para novos e velhos problemas,
como o Design Thinking , também podem ser vistas como exemplo de inteligência coletiva ao
usar o conhecimento de modo democrático e aberto, chegando-se a um consenso sobre a melhor
solução desenvolvida pelo grupo em questão.
Essas práticas, possibilitadas pela tecnologia ou pelo contexto hipermidiático, envolvem tanto a
responsabilidade individual quanto a coletiva.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA E
LETRAMENTO DIGITAL
Como lidar com a linguagem hipermidiática e suas inter-relações educacionais? Uma resposta
possível e mais imediata é: são necessários novos letramentos. Para Pinheiro e Araújo (2018), um
letramento tecnológico ou digital se relaciona com o computacional ou hipertextual. Por sua vez, o
letramento computacional ou hipertextual tem a ver com o modo de abordar o universo
educacional com as tecnologias digitais.
EXEMPLO
LINGUAGEM DIGITAL E OS
MULTILETRAMENTOS
O conceito de multiletramentos foi proposto, inicialmente, por pesquisadores do New London
Group , em um manifesto publicado em 1996. O objetivo do manifesto era dar evidência aos
variados meios de comunicação relacionados à grande diversidade linguística e cultural
emergente no mundo digital que conhecemos.
Pode-se dizer que os muiltiletramentos são um domínio necessário para traduzir o acervo que
advém das TDICs – Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – em termos de
linguagens, softwares e aplicativos, em formas de raciocinar, e alteração na forma de armazenar
informações e interpretá-las.
Ao longo das práticas de multiletramentos, tem se constatado uma expansão desse conceito.
Podemos destacar, por exemplo, o entendimento dos multiletramentos como forma de
empoderamento de quem ensina e de quem aprende. Também devemos considerar a
compreensão de que multiletramento está relacionado com múltiplas aprendizagens possibilitadas
pela cultura digital.
TIPOS DE MULTILETRAMENTOS
Roja e Moura (2012, apud ANECLETO; OLIVEIRA, 2019, p. 237), enfatizam que, nas sociedades
contemporâneas, mais especificamente as urbanas, existem dois tipos fundamentais de
multiletramentos.
Primeiro tipo
Segundo tipo
Anecleto e Oliveira (2019), observando o contexto do que se entende por era digital, entendem
que as escolas são modificadas em função dos meios tecnológicos. Tais modificações demandam
a necessidade de diferentes competências para os alunos. Entre essas competências, encontra-
se capacidade de leitura hipertextual.
HABILIDADE INTELECTUAL
HABILIDADE OPERACIONAL
MULTICULTURALIDADE
Relaciona-se com a abrangência de várias culturas, sejam elas locais – como a cultura urbana,
cultura da periferia, cultura de comunidade, cultura artística – ou culturas estrangeiras, entre
outras. Seu significado também abrange as diferentes formas de ver o mundo pelo prisma da
cultura, implicando seus modos de produção, sua forma de fazer arte e de enxergar o mundo,
usando ferramentas físicas e digitais.
Imagem: Shutterstock.com.
MULTIMIDIALIDADE
MULTIMODALIDADE
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
Até aqui, vimos que as linguagens digitais e as inovações tecnológicas envolvem alguns desafios,
certas demandas e várias possibilidades educacionais.
As interações virtuais possibilitadas pela tecnologia no contexto hipermidiático nos apontam para
oportunidades de ensino e aprendizagem em que o diálogo, a interatividade, a colaboração e as
inter-relações são possíveis mesmo em ambientes virtuais, em situações em que professores e
alunos não compartilham o mesmo espaço físico ou tempo.
O caráter múltiplo das linguagens hipermidiáticas e das inovações tecnológicas demanda, por sua
vez, múltiplos letramentos ou práticas de leitura plurais.
Foto: Shutterstock.com.
LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA
Confira os destaques feitos pelos professores Roberto Paes e Luís Dallier acerca dos recursos
tecnológicos, como machine learning , inteligência artificial e Design Thinking na educação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA COLETIVA, FORMULADO POR PIERRE
LÉVY, ESTÁ RELACIONADO COM AS TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E
COM O MODO PELO QUAL O CONHECIMENTO É CONSTRUÍDO E
COMPARTILHADO.
B) Inteligência coletiva e tecnologias da inteligência estão ligadas pelo fato de que a construção
de conhecimento é uma consequência natural das mídias digitais, tornando inválidas outras
formas de se produzir o saber.
C) Pierre Lévy construiu tecnologias capazes de trabalhar a inteligência dos indivíduos em meio
digital, destacando que o conhecimento no mundo virtual é qualitativamente superior ao
conhecimento produzido pelos livros.
GABARITO
1. O conceito de inteligência coletiva, formulado por Pierre Lévy, está relacionado com as
tecnologias da inteligência e com o modo pelo qual o conhecimento é construído e
compartilhado.
Desse modo, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma afirmação sobre a
implicação da linguagem hipermidiática e da inovação tecnológica em relação à inteligência
coletiva e sua importância na educação.
A diversidade do mundo digital demanda multiletramentos, que implicam leituras plurais que deem
conta das diversas linguagens das mídias digitais. Além disso, o uso disseminado de ambientes
virtuais e recursos tecnológicos na educação exige que professores e alunos tenham fluência
digital para dar conta das oportunidades ou possibilidades de ensino e aprendizagem no mundo
digital.
MÓDULO 3
Reconhecer a relação da linguagem e do design de recursos didáticos com a aprendizagem
APRENDIZAGEM E CONECTIVISMO
Vamos tratar, inicialmente, de atividades pedagógicas que valorizam as linguagens midiáticas, não
só como suportes de ensino e aprendizagem, mas também como estratégias de construção de
novos conhecimentos, por conta do que se estabelece com esses diferentes modos de aprender.
É importante entender que o desafio das hipermídias no âmbito educacional é promover espaços
de apropriação cognitiva, argumentativa, crítica e criativa. Dessa forma, se não fosse para dar
algum salto qualitativo nas experiências de aprendizagem, todo o esforço nessa área perderia o
seu sentido.
As apropriações das hipermídias, como vimos, já ocorrem nos espaços sociais, pelas
convergências e acessos multimidialidade. No entanto, a escola tem o papel de orientar como
esses recursos e essas linguagens podem fazer sentidos cognitivos e sociais na formação cidadã
dos estudantes, além de sua orientação instrumental e operacional.
Para Filatro e Cairo (2015), o conectivismo é uma abordagem que entende o processo educativo
como aquele em que o aluno, ao acessar novas informações, relaciona tais informações com as
que tem em sua estrutura mental de representações. Desse modo, ele consegue armazená-las no
longo prazo.
Esse processo faz com que exista, na aprendizagem, um movimento de assimilação, resgate e
reorganização das estruturas cognitivas.
O conectivismo abre precedentes para metodologias ativas, que são vistas como estratégias
pedagógicas que buscam o protagonismo dos alunos e seu envolvimento ativo no processo
ensino-aprendizagem.
Podem ser desenvolvidos e aplicados por professores como material de apoio ou mesmo focados
em autoaprendizagem, funcionando como material autoinstrucional.
Visam a criar uma comunicação didático-pedagógica entre quem ensina e quem aprende.
Podem ser estruturados a partir de variados objetivos, formatos, mediação e níveis de ensino.
Sempre carregam uma intenção pedagógica: alterar alguma condição para quem aprende, em que
se sai de uma condição inicial e se chega a outra superior.
O público-alvo dos materiais didáticos pode ser crianças, adolescentes, jovens e adultos, o que
tem relação também com a maturidade cognitiva desses aprendizes. Além disso, os materiais
didáticos relacionam-se com a condição de resgate de memória, intercombinação de conteúdos e
disposição de vencer desafios presentes em suas atividades.
Os materiais também podem usar diversificadas linguagens, indo das mais apropriadas para o
público infantil, passando pelas demandas de conteúdos mais técnicos, até envolver as formas
mais interativas.
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O desenho (design ) dos materiais ou conteúdo vai depender também do tipo de ambiente, se é
um ambiente massivo, do qual participam muitos alunos simultaneamente, ou um ambiente e
atividades personalizados. De toda forma, os materiais didáticos são recursos primordiais para a
mediação entre aprendizes e professores/tutores.
Os materiais didáticos em EaD, quando autoinstrucionais, são o principal canal de contato entre
os que aprendem, quem ensina ou faz tutoria e as propostas de ensino e aprendizagem. Nesses
casos, os materiais e recursos didáticos podem incluir os AVAs – ambientes virtuais de
aprendizagem –, textos, videoaulas, simulações, animações, atividades gamificadas, podcasts ,
atividades avaliativas, e-books , mapas conceituais, cartilhas, tutoriais, entre outros recursos.
Foto: Shutterstock.com.
ATENÇÃO
No universo dos materiais didáticos, temos ainda os materiais didáticos físicos – muitos deles
impressos – e os materiais didáticos digitais que não exploram a linguagem hipermidiática. Nesse
caso, trata-se mais de uma transposição do suporte impresso para o digital.
ATENÇÃO
Um dos requisitos importantes do design dos materiais didáticos, portanto, é garantia de ação
reflexiva nos estudantes, de modo que possam integrar o conhecimento teórico com o
conhecimento mais prático (FRANCO, 2007).
Explorar a realização ou uso de simulações, recorrer a animações, desafiar por meio de testes e
games , engajar com resolução de problemas e atividades de “mão na massa”, ler textos que
fazem mixagem de diferentes linguagens – tudo isso pode ser visto como formas de tornar a
experiência de aprendizado mais ativa e interessante para o aluno, por meio de um bom design
instrucional ou de aprendizagem.
A partir de Almeida (apud MARCELINO; MARCELINO, 2018), podemos listar alguns pontos que
devem ser levados em conta no design e na realização de atividades pedagógicas que se valem
das linguagens hipermidiáticas:
PROJETO EDUCACIONAL
Ser pertinente ao nível dos alunos com objetivos de aprendizagem a serem atingidos.
ADEQUAÇÃO AO PERFIL DOS APRENDIZES
Privilegiar teorias ativas, que são de base socioconstrutivistas ou conectivistas, atentando para
aquelas que buscam, em princípio, a autonomia na aprendizagem dos estudantes e acreditam em
seu potencial.
QUESTÕES COGNITIVAS, DE ATENÇÃO E
AFETIVAS
Atentar para o que abrange as condições individuais do aprendiz, verificando seus potenciais e
limites para aprender e para interagir socialmente.
METODOLOGIAS DE ENSINO
Optar por aquelas com ênfase na colaboração, cocriação, simulação, imersão, pensamentos
críticos e argumentativo, produção em cultura maker (mão na massa) e letramentos para o uso
de tecnologias.
COMUNICAÇÃO DIDÁTICA
Promover meios e conteúdos que possibilitem fluidez, adesão dos participantes com engajamento
e identificação de interesses comuns, e conexões com a realidade dos aprendizes.
Todos esses pontos não devem ser levados em consideração apenas nos ambientes virtuais, nas
experiências de educação a distância ou híbridas.
Nas aulas presenciais, também é possível explorar os recursos hipermidiáticos e ter um desenho
das atividades pedagógicas que favoreça a interação entre os alunos e a interatividade com
diversos recursos que podem facilitar a aprendizagem e motivar os alunos.
O layout de uma sala de aula presencial, o formato da própria aula, a dinâmicas das atividades e
o uso de recursos digitais – smartphones , projetores multimídia, lousas digitais, entre outros –
podem contribuir para uma aprendizagem mais ativa.
PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
PASSO 4
PASSO 5
PASSO 6
PASSO 7
PASSO 8
PASSO 9
PASSO 1
Idealizar um projeto com design pedagógico, o que implica trabalhar as seguintes fases: analisar,
planejar, desenvolver/implantar e avaliar.
PASSO 2
Identificar o objetivo que leva o professor e seus estudantes a fazer uma curadoria. Por exemplo,
definir o foco de uma pesquisa, levantar os dados, checar informações a partir das fontes
pesquisadas. No caso, as autoras sugerem uma pesquisa mais aprofundada sobre o caso de
Brumadinho – barragem da companhia Vale do Rio Doce –, que teve consequências drásticas
constatadas até os dias atuais.
PASSO 3
PASSO 4
Estimular o uso do pensamento crítico e argumentativo sobre o que foi levantado: analisar,
raciocinar sobre os fatos e tecer opiniões pautadas na pesquisa, a partir de fatos e evidências.
PASSO 5
Orientar sobre como é a estrutura de construção de projetos, acentuando que esta é uma
habilidade que servirá para toda a vida, além da escola.
PASSO 6
Checar e “peneirar” a origem e as fontes de informação, bem como associá-las a outras fontes já
checadas. Trata-se da realização de curadoria contra as fake news .
PASSO 7
PASSO 8
Ter boa comunicação para fazer a apresentação, depois de todo esse levantamento. É nesse
passo que a solução é mostrada.
PASSO 9
Avaliar todo o processo da atividade, tanto do lado do design pedagógico, quanto do lado do
aprendiz e de sua satisfação.
Os nove passos sugeridos por Garcia e Czeszak (2019), por meio de uso de plataformas digitais,
valorizam o que as mídias digitais e a internet oferecem.
O professor e aqueles que estejam envolvidos no desenho da atividade também devem incentivar
o senso crítico em relação ao conteúdo acessado nos meios digitais e ao próprio meio, às mídias.
Com isso, de forma crítica e criativa, torna-se possível nos apropriarmos das linguagens
hipermidiáticas e favorecer a aprendizagem mais integral e emancipatória.
Foto: Shutterstock.com.
DESIGN E APRENDIZAGEM
Nesta conversa, os professores Roberto Paes e Luís Dallier destacam as implicações e
possibilidades do design de aprendizagem.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
D) Materiais e recursos didáticos deixam de ter importância para a mediação pedagógica nas
aulas presenciais, por isso, o design de aprendizagem está relacionado com a educação a
distância.
E) A linguagem dialógica não deve fazer parte do design de materiais didáticos, porque ela se
reserva à fala do professor em sala de aula ou em vídeo.
GABARITO
O desenho dos materiais e recursos didáticos deve considerar diversos aspectos, entre eles, se o
material é autoinstrucional, ou seja, se é o principal meio de o aluno acessar o conteúdo e
aprender. Nesse caso, são importantes a interatividade, a linguagem dialógica, as variadas
linguagens e os diversos recursos que promovam a construção do conhecimento.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos algumas das questões mais relevantes sobre as linguagens hipermidiáticas e seu
inter-relacionamento com o campo da educação. Além disso, trabalhamos conceitos importantes
sobre hipermídia, hipertexto, hiperleitura, letramento, materiais didáticos, design e aprendizagem,
e vimos as implicações desses conceitos na educação a distância e nas experiências em sala de
aula presencial.
A partir dos conceitos abordados, tivemos a oportunidade de abordar alguns aspectos e pontos
das práticas metodológicas relacionadas com a linguagem hipermidiática no ambiente escolar e
virtual.
Ainda há um espaço muito grande a ser preenchido para formação em mídias digitais. O professor
bem-preparado para a comunicação midiática poderá contribuir mais para o desenvolvimento de
competências cognitivas e criativas de seus estudantes.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. Pelos caminhos do letramento visual: por uma proposta multimodal de leitura
crítica de imagens. In : Revista Linguagem em Foco, v. 3, n. 5, set. 2019.
FILATRO, A.; CAIRO, S. Produção de conteúdos educacionais. São Paulo: Saraiva, 2015.
FRANCO, M.A.M. Elaboração de material impresso: conceitos e propostas. In : CORREA, J.
(Org.) Educação a distância. Porto Alegre: Artemed, 2007, p. 21-36.
EXPLORE+
Assista ao vídeo Especial tecnologia na educação – por que usar tecnologia , no canal
Porvir Educação, no YouTube, e tenha uma breve e interessante visão das possibilidades e
dos cuidados do uso das tecnologias na aprendizagem.
CONTEUDISTA
Marilene Garcia
CURRÍCULO LATTES