Huanca 2006
Huanca 2006
Huanca 2006
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
RIO CLARO
2006
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Campus de Rio Claro
______________________________________________
Prof. Dr. Geraldo Perez
_______________________________________________
Profa. Dra. Edna Maura Zuffi
______________________________________________
Profa. Dra. Lourdes de la Rosa Onuchic
(Orientadora)
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______________________________________________
Roger Ruben Huaman Huanca
Resultado: _________________________________________________________________
DEDICATÓRIA
A Deus Criador, pela proteção, e por colocar na minha caminhada pessoas que, direta
ou indiretamente, contribuíram para que a realização deste trabalho fosse possível, sem o qual
nada é possível.
À Professora Doutora Lourdes de la Rosa Onuchic, querida amiga, pela compreensão
e apoio ao escolher-me como seu orientando e por acreditar que pudéssemos realizar esta
pesquisa visando à sala de aula e ver o que há por trás de cada problema - Fazer Matemática?
Uma orientadora e educadora que não mede esforços para fazer de nós, professores de
Matemática, verdadeiros profissionais da Educação Matemática.
Aos Professores Doutores Geraldo Perez e Edna Maura Zuffi, membros da Comissão
Examinadora, pelas valiosas sugestões na época do Exame de Qualificação.
À CAPES pelo apoio financeiro.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática da UNESP – Rio Claro.
À Direção, Coordenação, professores e alunos da turma 2.7 do Ensino Médio da
Escola Estadual Joaquim Ribeiro, de Rio Claro, que gentilmente colaboraram para a
realização desta pesquisa.
Aos membros do Grupo de Trabalho e Estudo sobre Resolução de Problemas –
GTERP, pelas discussões e sugestões sobre a minha pesquisa.
Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UNESP –
Rio Claro, pelo companheirismo e sugestões. Especialmente a Valdir, amigo, pela dedicação e
disponibilidade em reservar parte do seu precioso tempo em meu favor.
Aos meus irmãos, Jaime e Rolando: Graças a eles, nunca estive sozinho mesmo de
longe.
ÍNDICE
Introdução ................................................................................................................................... 10
CAPÍTULO 1 .............................................................................................................................. 14
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................................. 20
Resolução de Problemas
2.1. Introdução ........................................................................................................................... 20
2.2. Perspectivas históricas sobre Resolução de Problemas no currículo de Matemática ......... 20
2.2.1. Problemas no currículo da matemática escolar ...................................................... 20
2.2.2. Mudanças no papel da Resolução de Problemas .................................................... 24
2.2.3. O que se pode aprender do passado sobre o conceito de compreensão .................. 26
2.2.4. Temas sobre Resolução de Problemas ................................................................... 28
2.3. Reformas sociais e mudanças no ensino de Matemática no século XX ............................. 31
2.4. Três caminhos diferentes de abordar Resolução de Problemas .......................................... 33
2.4.1. Teorizar sobre Resolução de Problemas ................................................................. 33
2.4.2. Ensinar Matemática para resolver problemas ......................................................... 34
2.4.3. Ensinar Matemática através da resolução de problemas ........................................ 37
2.5. A Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da
Resolução de Problemas ..................................................................................................... 39
2.5.1. Um ensino eficiente de Matemática ....................................................................... 41
2.5.2. Uma aprendizagem eficiente de Matemática .......................................................... 41
2.5.3. Uma Avaliação eficiente de Matemática ................................................................ 42
2.5.4. O “saber fazer” em Matemática .............................................................................. 43
2.5.5. O Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da resolução
de problemas ........................................................................................................... 43
2.6. O GTERP frente à Resolução de Problemas – Pesquisas existentes .................................. 45
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................................. 48
A Metodologia de Pesquisa
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................ 82
A aplicação do Projeto
6.1. Introdução ......................................................................................................................... 139
6.2. O Projeto na e além da sala de aula .................................................................................. 140
CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................ 219
Capítulo 1
1.1. Introdução
Neste capítulo inicial, apresentamos nossa trajetória pessoal, escolar e acadêmica, e,
também, a profissional.
Expressamos nossa opção pela Educação Matemática depois de nos termos envolvido
com outras possibilidades educacionais.
Durante nosso curso de graduação, nossa decisão se firmava cada vez mais. Para poder
nos sustentar, tínhamos que trabalhar. Foi, então, que começamos nossas atividades no
14
Capítulo 1 Meu relacionamento com a Educação Matemática
Antes de vir ao Brasil, já ouvíamos sobre as mudanças na educação brasileira, pois nós
tínhamos companheiros peruanos que estavam trabalhando ou estudando na USP, São Paulo.
Então, passamos a acreditar que, no Brasil, haveria mais chances de ser um pesquisador. É
verdade que os problemas de ensino e aprendizagem no Peru também ocorriam no Brasil, por
exemplo a dificuldade dos alunos em aprender Matemática, mas, no Brasil já se discutia sobre
eles. Achamos, então, que para nós, seria uma condição oportuna, a de vir a este país.
Quando chegamos ao Brasil, o primeiro contato que tivemos foi com o IME, Instituto
de Matemática e Estatística – USP – São Paulo, onde fizemos algumas disciplinas como aluno
especial na Pós-Graduação. A partir daí conhecemos pesquisadores da área de Educação
Matemática. Fomos indicado por eles para fazer o Mestrado no programa de Pós-graduação
em Educação Matemática na Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Rio Claro,
pois este curso, de acordo com eles, vinha ao encontro de nossa grande preocupação com a
sala de aula. Isto se nos apresentava devido à:
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Capítulo 1 Meu relacionamento com a Educação Matemática
1
GTERP – Grupo de Trabalho e Estudo em Resolução de Problemas, coordenado pela profa. Dra. Lourdes de la
Rosa Onuchic.
2
Conselho Nacional de Professores de Matemática dos Estados Unidos da América
16
Capítulo 1 Meu relacionamento com a Educação Matemática
17
Capítulo 1 Meu relacionamento com a Educação Matemática
Apresentamos abaixo algumas fotos das atividades dos alunos com o teodolito.
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Capítulo 1 Meu relacionamento com a Educação Matemática
“... eu gostei dessa atividade porque consegui aprender trigonometria de uma maneira
diferente. E pude perceber que para tudo que vamos fazer, vamos usar a Matemática ....”
(Elaine)
“... para nós foi uma experiência super legal, deixou a nossa aula de Matemática mais
interessante. Muitas pessoas pensam que a Matemática é uma coisa chata, que temos que ficar
calculando, mas essa aula provou diferente. Ela provou que podemos brincar com a
Matemática e mesmo brincando podemos adquirir conhecimento...” (Raissa e Patrícia)
Concluímos que com esse aparelho modelo caseiro foi possível medir ângulos e
comprimentos, calcular a altura de objetos no espaço, difícil de medir sem se usar trenas ou
réguas. Sentimos que a determinação e a força de vontade podem superar qualquer obstáculo,
nos ensinando belas lições práticas de vida.
Somente a partir de 2004 iniciamos uma outra fase dessa busca, quando ingressamos
no curso de Mestrado em Educação Matemática na UNESP, com a finalidade de realizar um
estudo voltado para questões que nos levassem a dar continuidade ao nosso trabalho como
pesquisador em Educação Matemática visto que, a partir desse momento, seria possível testar
uma proposta usando a resolução de problemas com algumas aplicações na vida diária.
3
Disciplina ministrada pelo prof. Dr. Geraldo Perez
19
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Capítulo 2
Resolução de Problemas
2.1. Introdução
Resolver problemas faz parte da natureza humana. Bem antes da invenção dos
números, os primeiros homens tiveram que desenvolver métodos para resolver problemas da
vida como, por exemplo, localizar-se no tempo e no espaço e, também, para tentar descrever e
explicar o mundo físico. Eles criaram maneiras de comparar, classificar e ordenar, medir,
quantificar, inferir os elementos fundamentais que a tradição da cultura nomeia de
Matemática.
Ao longo da história, matemáticos, filósofos, psicólogos, educadores e pesquisadores
têm reconhecido a importância da resolução de problemas e da existência de diferenças
pessoais na capacidade de se chegar a uma solução. A “era da resolução de problemas”,
fundamentada a partir de recomendação feita no documento “Uma Agenda para a Ação”, do
NCTM, em 1980, diz que Resolução de Problemas deveria ser o foco da matemática escolar
nos anos 80. No início da década de 90, a UNESCO, através da sua declaração mundial sobre
Educação para todos, também declara claramente que a resolução de problemas deve ser um
instrumento essencial da aprendizagem, do mesmo modo que a leitura, a escrita e o cálculo.
Usaremos Resolução de Problemas quando nos referirmos à teorização da resolução
de problemas (Problem-Solving) e resolução de problemas quando nos referirmos ao
processo de resolução do problema (problem solving).
20
Capítulo 2 Resolução de Problemas
A resolução desse problema não é apresentada no texto, nem alguma sugestão é feita.
Para isso, num encontro do GTERP, esse problema foi colocado, discutido e trabalhado. A
solução encontrada, com recursos de hoje, mostra-se assim:
1 1 1 1 48 + 6 + 4 + 3 61
Então, em 1 hora, teriam enchido: + + + = = da cisterna
6 48 72 96 288 288
61
se da cisterna _______________ 1h
288
288
1= da cisterna _______________ x
288
É proporcional? Sim, todos concordaram. Por quê? Há uma comparação multiplicativa
entre as duas grandezas.
21
Capítulo 2 Resolução de Problemas
44
Portanto x = 4h 43mim 16 s e a resposta correta seria: Para enchê-la com os quatro
61
44
orifícios juntos será preciso 4h 43mim 16 s.
61
1 cisterna 6h 288
Boca 288 288 288
y h y = 61 = = ≅ 0,787da cisterna
61 6 6 ⋅ 61 366
288
Olho direito 1 cisterna 48h
z = 61 =
288
=
288
≅ 0,098 da cisterna
z
288
h 48 48 ⋅ 61 2928
61
288
1 cisterna 72h 288 288
Olho esquerdo 288 w = 61 = = ≅ 0,066 da cisterna
w h 72 72.61 4392
61
288
Pé 1 cisterna 96h
288 288
288 p = 61 = = ≅ 0,049 da cisterna
p h 96 96.61 5856
61
E, adicionando as partes
0,787 da cisterna + 0,098 da cisterna + 0,066 da cisterna + 0,049 da cisterna = 1 cisterna
O que verifica a validade da resposta.
22
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Stanic & Kilpatrick, 1989, mostram ainda que métodos particulares de resolução de
problemas têm também uma longa história. Por exemplo, uma técnica parecida com a Regra
da Falsa Posição que aparece no papiro de Ahmes. Eles dizem que Vera Sanford (1927), em
seu trabalho “a história de problemas de álgebra”, deu um exemplo da regra da falsa posição
usando um problema do século XV, trabalhado por Phillipo Calandri:
A cabeça de um peixe pesa 1 3 do peso total dele, seu rabo pesa 1 4 e seu corpo
Sanford explicou que a regra da falsa posição foi usada para resolver esse problema do
seguinte modo: Se o peso total do peixe fosse 12 onças, então sua cabeça pesaria 4 onças, e o
rabo 3 onças e, conseqüentemente, o corpo pesaria 5 onças. Evidentemente o peso total do
peixe é o mesmo múltiplo de 12, que 30 é de 5. Então o peixe pesa 72 onças.
Seguindo no tempo, Stanic & Kilpatrick (1989) dizem que até o final do século XIX e
começo do século XX encontram-se, nos livros-texto de Matemática, problemas muito
semelhantes a esses da Antigüidade. Mas, realmente, eles chamam a atenção de que, nesses
exemplos, é assumida uma visão muito limitada sobre aprendizagem de resolução de
problemas.
Onuchic (1999) diz que, até muito recentemente, ensinar a resolver problemas
significava apresentar situações-problema e, talvez, incluir um exemplo com uma solução
técnica específica. Um exemplo disso é o problema, apresentado na página 97 do livro-texto
de William J. Milne (1897), A Mental Arithmetic:
23
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Depois desse problema ter sido colocado e resolvido vem, no texto, uma lista com
outros dez problemas que podem ser resolvidos segundo o mesmo modelo de solução adotado
para o primeiro. O texto de G. A. Wentworth, de 1900, intitulado “A Álgebra da nova escola”
é bastante semelhante a esse. Clifford B. Upton, num texto intitulado “A utilidade social da
Aritmética”, de 1939, tentou fazer as crianças pensarem sobre o processo de resolução de
problemas ao apresentar problemas sem números, mas ele não foi avante com a discussão,
procurando saber o que se pode aprender a partir desses problemas. Brooks (1871), pelo
menos, falava sobre “o método para resolver um problema”, mas mesmo textos escritos
especificamente para professores apresentavam visões limitadas de resolução de problemas.
Stanic & Kilpatrick (1989) afirmam que, como esses exemplos mostram, os problemas
têm uma longa história no currículo de Matemática. Todavia, predominaram basicamente,
neste último século, discussões sobre resolução de problemas para o ensino, em que se tem
exigido simplesmente, dos estudantes, que resolvam problemas com regras, resolvam
problemas específicos e desenvolvam abordagens mais gerais da resolução de problemas.
Embora o ensino e a aprendizagem de resolução de problemas estejam agora recebendo uma
grande ênfase, os educadores matemáticos não têm examinado completamente questões do
porquê nós deveríamos ter que trabalhar resolução de problemas para todos. O papel da
resolução de problemas nos currículos de matemática escolar é o resultado de forças
conflitantes, ligadas e amarradas por idéias antigas e duradouras sobre os benefícios do
conhecimento matemático e para uma variedade de eventos que interagiam e que aconteceram
perto do início do século XX.
24
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Smith, insistiam dizendo que substituir o estudo da Matemática pura com problemas aplicados
seria errado. Obviamente o local de problemas e resolução de problemas no currículo de
matemática escolar tem sido um tópico polêmico durante um longo tempo.
Onuchic (1999) enfatiza o trabalho de Felix Klein que, em 1892, se interessou pelo
professor que deveria trabalhar Matemática com seus alunos, nas escolas. Começou a escrever
monografias em que trabalhava a matemática elementar sob um ponto de vista avançado e,
nelas, deixava aos professores a responsabilidade de desenvolver caminhos por ele sugeridos.
Klein já sentia a preocupação com um ensino de matemática envolvendo a necessidade de
professores melhor preparados.
Onuchic (1999) questiona: Será que as coisas mudaram ao longo do tempo? Não é
assim que, na maioria das escolas, ainda hoje, se trabalha resolução de problemas? Há,
atualmente, educadores matemáticos preocupados com um ensino-aprendizagem de melhor
qualidade? Resolução de problemas se apresenta como um bom caminho para isso?
26
Capítulo 2 Resolução de Problemas
27
Capítulo 2 Resolução de Problemas
28
Capítulo 2 Resolução de Problemas
• Resolução de problemas como prática: Dos cinco sub-temas, resolver problemas como
prática tem tido a maior influência no currículo de Matemática. Neste sub-tema, os
problemas não dão justificativa, motivação, recreação, ou servem como veículo, mas visam
à prática necessária para reforçar habilidades e conceitos ensinados diretamente.
idéias sobre descobertas matemáticas de uma maneira que os professores pudessem entender e
aplicar.
A experiência de Polya em ensino e aprendizagem de Matemática levou-o aos
seguintes questionamentos: Como surgiu a Matemática? Como as pessoas fazem descobertas
matemáticas? Seria melhor se os alunos compreendessem a Matemática trabalhada, depois de
eles verem como ela tinha sido feita de início pelo professor, ou seria melhor se eles
pudessem sentir algum ‘gosto’ pela descoberta da Matemática feita por eles mesmos? A
experiência de Polya como um matemático o levou a concluir que a face final da Matemática,
apresentada dedutivamente em revistas de Matemática e livros texto, não faz justiça ao
assunto. Ainda diz que a Matemática acabada requer argumentação demonstrativa, enquanto o
processo de fazer Matemática requer raciocínio plausível.
Para Polya, a resolução de problemas era uma arte prática, “como nadar, ou esquiar,
ou tocar piano”. Um indivíduo aprende tais artes imitando e praticando.
Segundo Polya (1975), segunda edição tradução de Heitor Lisboa de Araújo (1978),
“o estudante deve adquirir tanta experiência pelo trabalho independente quanto lhe for
possível. Mas se ele for deixado sozinho, sem ajuda ou com auxílio insuficiente, é possível
que não experimente qualquer progresso. Se o professor ajuda demais, nada restará para o
aluno fazer. O professor deve auxiliar, nem demais nem de menos mas, de tal modo que, ao
estudante, caiba uma parcela razoável do trabalho”. Ele reconhece que estas técnicas de
resolução de problemas precisam ser ilustradas pelo professor e discutidas pelos alunos, e
praticadas de uma maneira não mecânica. Além disso, ele observou que, embora problemas
rotineiros possam ser usados para completar certas funções pedagógicas, de ensinar o aluno a
seguir um procedimento específico ou usar a definição corretamente, é somente através do
uso prudente de problemas não rotineiros que os alunos podem desenvolver suas habilidades
de resolver problemas.
Na formulação de Polya, o professor é a figura chave. Somente um professor sensível
consegue determinar o tipo certo de problema a ser trabalhado e providenciar a quantidade
apropriada de orientação. Porque o ensino também é uma arte, ninguém pode programar ou
mecanizar o ensino de resolução de problemas.
Hoje, há ainda aqueles que seguem o trabalho de Polya, mas que reduzem, a grosso
modo, a heurística a habilidades de procedimento, quase tomando uma visão algorítmica de
heurística (isto é, heurísticas específicas ajustadas a situações específicas). Uma heurística
torna-se uma habilidade, uma técnica, mesmo, paradoxalmente, um algoritmo. De certa
forma, resolução de problemas como arte fica reduzida à resolução de problemas como
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Capítulo 2 Resolução de Problemas
habilidade quando tentativas são feitas para implementar idéias de Polya enfocando os passos
e colocando-os em livros-texto.
Dos três temas apresentados por Stanic & Kilpatrick: contexto, habilidade e arte,
vemos resolução de problemas como arte como o mais defensável, o mais justo e o mais
promissor. Mas, ao mesmo tempo, é o tema mais problemático porque é o mais difícil de
operacionalizar em livros-texto e em salas de aula.
Com permissão das autoras Onuchic, L.R. e Allevato, N.S.G. (2004), visando facilitar
sua leitura e esclarecer os leitores sobre os caminhos percorridos pela Resolução de
Problemas, transcrevemos aqui parte do artigo intitulado “Novas reflexões sobre o ensino-
aprendizagem de Matemática através da Resolução de Problemas”.
No início do século XX, o ensino de Matemática foi caracterizado por um trabalho
apoiado na repetição, no qual o recurso à memorização de fatos básicos era considerado
importante. Alguns anos depois, dentro de outra orientação, os alunos deviam aprender com
compreensão, deviam entender o que faziam. Essas duas formas de ensino não lograram
sucesso quanto à aprendizagem dos alunos. Na verdade, alguns alunos aprendiam, mas a
maioria não. Nessa época começou-se a falar em resolver problemas como um meio de
aprender Matemática mas, nas décadas de sessenta e setenta, o ensino de Matemática no
Brasil e em outros países do mundo foi influenciado por um movimento de renovação
conhecido como Matemática Moderna. Essa reforma que, como as outras, não contou com a
participação de professores de sala de aula, deixava de lado as anteriores. Ela apresentava
uma Matemática estruturada, apoiada em estruturas lógica, algébrica, topológica e de ordem,
e enfatizava a teoria dos conjuntos. Realçava muitas propriedades, tinha preocupações
excessivas com abstrações matemáticas e utilizava uma linguagem universal, precisa e
concisa. Entretanto, acentuava o ensino de símbolos e uma terminologia complexa que
comprometia o aprendizado. Nessa reforma o ensino era trabalhado com um excesso de
formalização, distanciando-se das questões práticas.
Todas essas reformas não tiveram o sucesso esperado. Os questionamentos
continuavam: Estariam essas reformas voltadas para a formação de um cidadão útil à
sociedade em que vivia? Buscavam elas ensinar Matemática de modo a preparar os alunos
para um mundo de trabalho que exige conhecimento matemático? Os anos setenta marcaram
uma era de crescimento preocupada com um currículo de Matemática projetado, inicialmente,
31
Capítulo 2 Resolução de Problemas
4
O NCTM é uma organização profissional, sem fins lucrativos. Tem mais de 125 000 membros e é a principal
organização para professores de matemática desde K-12 (Pré-primário até a Escola Secundária).
32
Capítulo 2 Resolução de Problemas
33
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Alba Thompsom (1989) afirma que resolução de problemas deve ser tratada como um
novo conteúdo a ser ensinado. Nesse trabalho transparece a expressão da frustração que
resultou do ensino da Matemática Moderna. Iniciava-se uma fase em que novas linhas
poderiam promover mudanças e via-se a resolução de problemas como uma possível solução
para os problemas encontrados no ensino da matemática. Thompsom, nesse artigo, trata das
34
Capítulo 2 Resolução de Problemas
dificuldades em relação a esse tema e reitera as idéias de Schoenfeld (1985), onde razões para
a constatação da complexidade de aprender e ensinar resolução de problemas é devida às
muitas interconexões que o aprendiz precisa fazer entre:
• seus recursos matemáticos (por exemplo o conhecimento de conceitos, fatos e
procedimentos);
• heurísticas (métodos e regras de invenção e descoberta matemática);
• controle dos mecanismos necessários para gerenciar esses recursos e processos;
• crenças dos alunos sobre a natureza da Matemática, em geral, e sobre a resolução de
problemas em particular;
• a variedade de fatores afetivos e contextuais que envolvem a resolução de problemas.
A autora ainda fala sobre a busca de respostas à seguinte questão: como ajudar os
alunos em cada uma das áreas acima e como ajudá-los a estabelecer a necessária interconexão
entre elas?
Segundo Schroeder & Lester (1989), ‘ao ensinar para resolver problemas de
Matemática’, o professor se concentra sobre modos em que a Matemática que está sendo
ensinada pode ser aplicada na resolução tanto de problemas rotineiros como de não rotineiros.
Embora a aquisição do conhecimento matemático seja de primeira importância, o propósito
essencial para aprender Matemática é ser capaz de usá-la. Portanto, aos estudantes são dados
muitos exemplos de conceitos e de estruturas matemáticas sobre o que eles estão estudando e
muitas oportunidades para aplicar aquela Matemática estudada na resolução de problemas.
Posteriormente, o professor que ensina para resolver problemas está muito preocupado com a
habilidade dos estudantes em saber transferir o que eles aprenderam no contexto de um
problema para outros. Uma forte ligação desta abordagem pode afirmar que a única razão para
aprender Matemática é ser capaz de usar o conhecimento ganho para resolver problemas.
Um grande risco da adoção desse aspecto é que ele pode levar a ver a resolução de
problemas apenas como uma atividade que os alunos só podem realizar depois da introdução
de um novo conceito ou depois de praticar habilidades de cálculo.
Como objetivo de reforçar essas idéias, recorre-se a Van de Walle (2001) que dá a esse
tipo de caminho o nome de paradigma do teach-then-solve (ensine–então–resolva) onde há
uma nítida separação entre o que é ensinar Matemática e o que é resolver problemas. Ainda,
ele afirma que, nesse caminho, tradicionalmente o professor inicia o trabalho apresentando o
novo conteúdo, e mostrando, em seguida, algumas aplicações através de exemplos. Depois o
professor dá uma imensa lista de exercícios de fixação onde o aluno deverá aplicar o novo
conhecimento. O aluno não fixando bem os conceitos, pois tem somente uma absorção
35
Capítulo 2 Resolução de Problemas
passiva de idéias, depende exclusivamente da ação do professor. Este caminho de ensino está
separado do aluno e de seu aprendizado. A aprendizagem, segundo Van de Walle, deveria
começar “onde o aluno está”, isto é, partindo do que ele já sabe.
Brasil (1964) define este modo de ensinar como o “ensino atomístico”, isto é, que
consiste em empregar muitas aulas no preparo dos “átomos” necessários para a apresentação
posterior de um problema. Ainda diz que as vantagens que se esperam do ensino “atomístico”
são apenas aparentes, uma vez que os alunos, no momento de empregarem os ‘elementos’,
geralmente fracassam, pela falta de estabilidade dos conhecimentos adquiridos sem
funcionalidade inteligível.
Nessa mesma linha de investigação, Brasil (1964) explica que tradicionalmente o
problema ou atividade é dado pelo professor na verificação e na fixação da aprendizagem.
Atentando novamente, porém, para a história, notamos que o problema antecede
invariavelmente as descobertas, é o provocador dos estudos e o orientador das construções
teóricas. Ele questiona assim: Por que no início da Matemática, especialmente, invertemos a
ordem natural das coisas? E ele mesmo responde dizendo que o professor costuma iniciar
expondo a teoria que, historicamente, se estruturou na resolução de uma seqüência de
problemas, e a desliga dos mesmos para ressaltar-lhe apenas os aspectos lógicos; depois, ele
diz que se mostra sua aplicação na resolução de alguns daqueles problemas que, então,
passam a ser empregados como meio de verificação, para ver se o aluno aprendeu a aplicar a
teoria, ou como exercício para a fixação da aprendizagem.
Nesse período um outro aspecto enfatizado por Onuchic (1999), no ensino de
Matemática, ao dizer que a resolução de problemas foi fundamentada na aplicação e no
domínio de estratégias, é o fato de que muitos entenderam que esse posicionamento seria
atingido pela repetição. No ensino por repetição, o aluno era submetido a uma série de listas
de problemas, semelhantes uns aos outros, através dos quais o aluno treinava uma
determinada técnica ou estratégia de resolução. Em tais listas, constituídas de problemas do
mesmo tipo e que podiam ser resolvidos de modo semelhante, os alunos visavam promover a
fixação do caminho adotado para chegar à solução. Ademais, se o aluno repetisse, nas
avaliações, o que o professor havia feito, concluía-se que o aluno tinha aprendido. Ainda,
nesse raciocínio, Onuchic esclarece esse aspecto, dizendo que a repetição de uma estratégia
ou técnica operatória, mesmo que realizada corretamente, não garante a compreensão do
conceito ou conteúdo matemático envolvido.
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Capítulo 2 Resolução de Problemas
No item anterior, foi dito por Brasil (1964) que, no ensino “atomístico”, os “átomos”
são preparados antes da apresentação de um problema, mas que o problema, poderia ter sido
apresentado desde o começo, em seus casos mais simples, dando oportunidade ao estudo dos
“átomos em funcionamento no todo”, e esse seria um caminho diferenciado para a
aprendizagem.
Para proceder assim, seria necessário ordenar a apresentação dos problemas de modo
que as dificuldades fossem crescendo lentamente, forçando a aquisição de cada elemento, um
a um, sempre em funcionamento dentro da resolução de problemas.
Atualmente, a partir da última década do século XX, somos confrontados com uma
outra mudança no foco do uso da Resolução de Problemas no currículo escolar: ensinar
Matemática através da resolução de problemas. Neste sentido D’Ambrósio, B. S. (2003)
destaca um capítulo, do Livro do Ano de 1989 - NCTM, onde Schroeder e Lester (1989),
insistindo, disseram que, desde que o papel da resolução de problemas é desenvolver a
compreensão de Matemática nos alunos, ensinar via resolução de problemas é a abordagem
mais apropriada. Eles argumentaram que proponentes desta abordagem consideram resolução
de problemas não como um tópico, um padrão, ou parte de conteúdo, mas uma postura
pedagógica. Hoje, este enfoque é referido como ensinar Matemática através da resolução de
problemas. A influência das visões de Polya (1981) e de Dewey (1933), citado por
D’Ambrósio, B. S. (2003, p.46) na resolução de problemas como arte são evidentes nesta
visão do papel da resolução de problemas no currículo escolar.
Segundo D’Ambrósio, esta nova visão também aproxima o tema da resolução de
problemas, de Stanic e Kilpatrick, como um veículo. Na verdade, problemas que servem
como veículos para introduzir ou desenvolver conceitos de Matemática começaram a aparecer
em materiais curriculares de Matemática nos anos 90. Proponentes do ensino da Matemática
através da resolução de problemas baseiam sua pedagogia na noção de que alunos que
confrontam situações problemáticas usam seus conhecimentos existentes para resolver
aqueles problemas e, no processo de resolução de problemas, constroem novo conhecimento e
nova compreensão. Para D’Ambrosio (2003), pesquisas recentes em psicologia e ciência
cognitiva descrevem a aprendizagem como o processo de dar sentido às idéias do indivíduo
com base em suas compreensões. Teorias que descrevem como as pessoas aprendem, ou
constroem conhecimento, servem como base para ensinar Matemática através da resolução de
problemas.
37
Capítulo 2 Resolução de Problemas
...
Mundo “real”
Figura 1 - apresentada por Schroeder e Lester, 1989, p. 36
38
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Schroeder e Lester reforçam que o caminho “ensino via resolução de problemas” seja
considerado não somente como um dos objetivos de se ensinar Matemática, mas,
principalmente, como um meio de se fazer Matemática. Ao analisar os aspectos relevantes das
diferentes maneiras de abordar esse assunto, eles ressaltam que o ensino via resolução de
problemas é a abordagem mais coerente com as recomendações do NCTM, segundo as quais:
1. Habilidade e conceito matemático devem ser aprendidos no contexto da resolução de
problemas.
2. O desenvolvimento de processos de pensamento de ordem superior deve ser
estimulado através de experiências em resolução de problemas.
3. O ensino de Matemática deve ocorrer, por investigação orientada, em um ambiente de
resolução de problemas.
Aprendizagem
Visões construtivistas de
Fazer Matemática como as crianças aprendem
A natureza de saber e
fazer Matemática
Um ensino
eficiente de
Matemática
Assim, para que haja aprendizagem, pode-se lançar mão de visões construtivistas de
como as crianças aprendem. Para isso é importante saber fazer Matemática, isto é, reconhecer
a natureza de saber e fazer Matemática. Também, é preciso que haja uma avaliação
integrando-a ao ensino para melhorar ambos. Ainda, ensinar através da resolução de
problemas, ou seja, ensinar num ambiente de resolução de problemas é uma forte
recomendação.
Estas quatro idéias são melhor entendidas no contexto do movimento de reforma em
Educação Matemática, uma revolução na Matemática escolar que começou em 1989, quando
o NCTM publicou seu primeiro documento “Standards”.
40
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Segundo Van de Walle (2001), o que os estudantes aprendem é quase que inteiramente
dependente das experiências que os professores lhes dão, a cada dia, na sala de aula. As ações
dos professores é que encorajam os estudantes a pensar, questionar, resolver problemas, e
discutir suas idéias, estratégias e soluções. Ainda, Van de Walle diz que professores e distritos
escolares precisam estar comprometidos com o desenvolvimento contínuo do ensino. Os
professores devem ter uma oportunidade continuada para refletir sobre sua prática e melhorar
sua compreensão de estratégias pedagógicas, da aprendizagem do estudante e do conteúdo
matemático. O desenvolvimento profissional não pode acabar junto com seu programa de
treinamento inicial.
No mundo e no Brasil também há grupos trabalhando para melhorar, mas poucos para
atender a todos os professores em todas as escolas.
Van de Walle (2001), na página 6, diz que o princípio da aprendizagem está baseado
em duas idéias fundamentais:
Primeira - aprender Matemática com compreensão é essencial. A Matemática, hoje
em dia, requer não somente habilidades computacionais mas, também, habilidade em pensar e
41
Capítulo 2 Resolução de Problemas
raciocinar matematicamente, para poder resolver novos problemas e aprender novas idéias
com as quais os estudantes se depararão no futuro.
Segunda - o princípio da aprendizagem estabelece, bastante claramente, que os
estudantes devem aprender Matemática com compreensão. A aprendizagem aumenta nas salas
de aula onde, aos estudantes, se pede que avaliem suas próprias idéias e aquelas de outros;
que sejam encorajados a fazer conjecturas matemáticas e testá-las; e desenvolver suas
habilidades de raciocínio. A aprendizagem, como vista nesse princípio, depende claramente
de um esforço ativo dos estudantes, que ocorre melhor num ambiente que enfatiza a resolução
de problemas, o raciocínio e a interação plena entre eles.
Van de Walle diz que, nas palavras dos autores dessa citação, a avaliação não seria
simplesmente feita para os estudantes. Mais do que isso, ela também seria feita pelos
estudantes, para guiar e aumentar sua aprendizagem. Uma avaliação continuada transmite aos
estudantes o quê de matemática é importante. A avaliação, que inclui observações paralelas e
interação dos estudantes, os encoraja a se articularem e, assim, poder esclarecer suas idéias.
Um retorno, a partir de avaliações diárias, ajuda os estudantes a estabelecerem objetivos e a se
tornarem aprendizes mais independentes. A avaliação deveria também ser um fator
importante para ajudar na tomada de decisões instrucionais. Por ganharem continuamente
informações sobre o progresso e a compreensão do aluno, os professores podem tomar,
diariamente, melhores decisões que apóiem a aprendizagem do estudante. Para a avaliação ser
eficiente, os professores deveriam usar uma variedade de técnicas de avaliação, compreender
seus objetivos matemáticos profundamente e ter uma boa idéia de como seus estudantes
podem estar pensando sobre a Matemática que está sendo desenvolvida.
42
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Como uma matéria prática, a matemática é uma ciência de padrão e ordem. Seu
domínio não são moléculas ou células, mas números, chance, forma, algoritmos e
mudança. Como uma ciência de objetos abstratos, a matemática se apóia sobre a
lógica mais do que sobre a observação enquanto seu padrão de verdade. Ainda,
emprega observação, simulação e mesmo experimentação como meio de descobrir a
verdade.
(MATHEMATICAL SCIENCES EDUCATION BOARD, 1989, p. 31)
43
Capítulo 2 Resolução de Problemas
Podemos sentir, no quadro abaixo, algumas das razões que nos levaram a essas
mudanças.
Responsabilidade é
Os alunos devem A avaliação apóia a
do professor que visa
aprender com aprendizagem e
a aprendizagem do
compreensão. informa aos
Três processos aluno.
Responsabilidade é professores quanto
distintos
dos alunos. Como? ao crescimento dos
Sabendo relacionar as alunos e, também,
idéias que têm com as informa aos
novas idéias que se professores quanto
quer construir. ao seu próprio
trabalho.
Ensino-Aprendizagem
Um processo duplo
É um ser maior. É maior que o ensino. É maior que a aprendizagem.
Acontece simultaneamente durante a construção do conhecimento,
através da resolução de problemas, tendo os alunos como co-
construtores desse conhecimento.
Ensino-Aprendizagem-Avaliação
44
Capítulo 2 Resolução de Problemas
45
Capítulo 2 Resolução de Problemas
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
SALA DE AULA
M A
E T
T R
O A Elizabeth Quirino de Azevedo (2002)
Luciene Souto Botta (1997) D V
O É Equações algébricas
Números racionais e proporcionalidade. L 3a. série do Ensino Médio
5a. a 8a. séries do Ensino Fundamental. O S Proposta de mudança.
G D
I A
A
D R
Leonardo Paulovich (1998)
E E Wagner José Bolzan (2003)
S
Conceitos algébricos iniciais. O Números e operações.
7a. e 8a. séries do Ensino Fundamental e Médio, E L Ensino Médio Profissionalizante de Mecânica.
licenciatura em Matemática e professores em exercício. N U A Matemática acadêmica na oficina de trabalho.
S Ç
I Ã
N O
O
|
Silvanio de Andrade (1998) D Walter Paulette (2003)
A E
P Cálculo Diferencial e Intergral e aplicações.
Porcentagem. R
5a. e 8a. séries do Ensino Fundamental. P Curso Superior de Administração de Empresas.
E R Proposta de ensino.
Perspectiva Progressista de Educação. N O
D B
I L
Livia Lopes Azevedo (1998)
Z
A
E
M Mariângela Pereira (em andamento)
α
G A
Logaritmos.
E S
M Divisibilidade e números racionais.
Curso Superior de Licenciatura em Matemática. 3o. Ciclo do Ensino Fundamental.
Proposta de mudança.
Flávia Sueli Fabiani (1998) Norma Suely Gomes Allevato (Em andamento)
β
Números complexos. Cálculo Diferencial e Integral.
Ensino Médio Profissionalizante. Curso Superior de Administração de Empresas.
Calculadoras / História da Matemática Software gráfico.
46
Capítulo 2 Resolução de Problemas
47
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
Capítulo 3
A Metodologia de Pesquisa
3.1. Introdução
Neste capítulo, pretendemos abordar e discutir a opção metodológica que delimita o
processo de desenvolvimento de uma pesquisa em Educação Matemática.
Entre as várias idéias de metodologia de pesquisa existentes decidimos optar pela
Metodologia de Romberg.
5
Disciplina ministrada pelo professor Dr. Geraldo Perez com a colaboração da professora. Dra. Miriam Godoy
Penteado.
48
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
6
Manual de Pesquisa em Ensino e Aprendizagem de Matemática
7
Perspectivas sobre o Conhecimento e Métodos de Pesquisa
49
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
Figura 2
1. As escolas foram criadas por grupos sociais para preparar seus jovens a viverem em
sociedade.
O termo pesquisa refere-se a processos, a coisas que se faz e não a objetos que se
pode tocar e ver. Além disso, fazer pesquisa não pode ser visto como um
desempenho mecânico ou como um conjunto de atividades que indivíduos seguem
de um modo prescrito ou predeterminado. As atividades envolvidas em fazer
pesquisa reúnem mais características de uma arte do que de uma disciplina
puramente técnica. Como em todas as artes, há um consenso num amplo sentido
51
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
Visto que fazer pesquisa é uma arte, segue o esboço, proposto por Romberg, das dez
atividades colocadas para o desenvolvimento de uma pesquisa.
1. Fenômeno
de interesse
2. Modelo
Preliminar
3. Relacionar
com Idéias
de Outros
4. Perguntas 5. Selecionar
ou Estratégias
conjecturas de Pesquisa
6. Selecionar
7. Coletar
Procedimentos Evidências
de Pesquisa
8. Interpretar as
Evidências
coletadas
9. Relatar
Resultados
10. Antecipar
Ações de
Outros
Figura 3
52
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
1. Fenômeno de interesse
Romberg diz que toda pesquisa se inicia com uma curiosidade, alguma coisa ou aquilo
que nos interessa sobre um fenômeno determinado do mundo real. Em Educação Matemática,
o fenômeno envolve professores e alunos, a forma como os alunos aprendem, como eles
interagem com a Matemática, como respondem ao ensino e à aprendizagem, como os
professores planejam seu trabalho e muitas outras questões. Então, no momento em que ficou
posto o objeto de estudo, quando se diz: vou trabalhar sobre isto, o fenômeno de interesse fica
conhecido.
2. Modelo Preliminar
Modelo preliminar é um fluxograma que mostra aspectos importantes, como as variáveis
do fenômeno de interesse, e como estes aspectos estão relacionados. Não se sabe, ao certo, se
o trabalho vai ser desenvolvido assim, seguindo essa ordem, mas foi assim que, pela primeira
vez pensou-se fazer. Pode até ser alterado ao longo da pesquisa que, então, pode mudar
completamente seu rumo. Nesse sentido, um modelo é simplesmente um conjunto de
descrições de variáveis e das relações implícitas que há entre elas.
Segundo Romberg, 1992, página 51,
Para a maioria dos estudiosos, um modelo é simplesmente um esquema heurístico
para ajudar a esclarecer um fenômeno complexo. Situações reais são raramente bem
definidas e freqüentemente estão envolvidas em um meio que torna difícil obter uma
afirmação clara. Formular um modelo provisório normalmente ajuda, porque fazer
isto envolve especificar as variáveis que se acredita estarem operando na situação
real. Obviamente, o modelo é uma simplificação, visto que alguns aspectos da
realidade serão significativos e outros irrelevantes. Apesar disso, o modelo serve de
ponto de partida ou de orientação para a situação de interesse.
Jeremy Kilpatrick (1981), citado por Romberg na página 51 de seu artigo, afirmou que
bons pesquisadores, assim como bons artistas em qualquer campo, são mais criativos ao
identificar variáveis e relações que os capacitam a olhar novamente para fenômenos
53
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
familiares do que pessoas com menos imaginação. Assim, o modelo preliminar está ligado ao
que estamos imaginando, vendo até onde a idéia pode nos levar.
54
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
4. Perguntas ou Conjecturas
Com este passo acabará o primeiro bloco. Então, nosso problema ficará identificado.
Pode-se saber a que se deve responder ou, se for uma afirmação, que conjectura quer-se
defender. Assim, o problema se torna um desafio para o pesquisador.
Romberg diz que este é um passo muito importante no processo da pesquisa porque, à
medida que se examina um fenômeno particular, várias perguntas potenciais aparecem e
decidir que perguntas examinar não é fácil. Citando Lakatos (1976), ele diz que “A noção de
fortes influências leva a uma característica importante da maioria dos programas de pesquisa,
isto é, a natureza cumulativa de uma série de estudos dentro de uma determinada estrutura”.
As perguntas geralmente tomam as seguintes formas: Como as coisas chegaram a ser
assim? (orientadas no passado); Qual é a situação das coisas hoje? (orientadas no presente);
ou O que acontecerá se eu fizer tal coisa? (orientadas no futuro).
A partir de uma observação específica, está o fato de que a maioria dos estudos
orientados no passado e no presente são de caráter descritivo, enquanto que os orientados no
futuro são preditivos. Esta distinção leva a uma discussão entre a possibilidade de se formular
argumentos causais a partir de dados descritivos. Os experimentalistas afirmam que somente
pela manipulação de variáveis sob situações controladas é possível construir com confiança
argumentos causais. Outros estudiosos dizem que é possível construir tais argumentos a partir
de dados descritivos baseados em campos teóricos.
Diz Romberg que, mais do que simplesmente levantar questões interessantes, os
pesquisadores fazem geralmente uma ou mais conjecturas (suposições ou previsões
fundamentadas) sobre o que seria necessário para responder as questões. As conjecturas estão
baseadas em algumas relações entre as variáveis que caracterizam o fenômeno e as idéias
sobre aquelas variáveis-chave e suas relações delineadas no modelo.
55
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
7. Coletar evidências
8. Interpretar as evidências coletadas
9. Relatar resultados a outros
10. Antecipar as ações de outros
7. Coletar evidências
Este passo, na fala de Romberg, pode ser direto, uma vez que se tenha decidido coletar
certas informações para construir um argumento considerando as perguntas feitas. Por
exemplo, se conduzir uma pesquisa é apropriado, os procedimentos para coletar dados podem
ser planejados, embora freqüentemente complexos. Por outro lado, se se está examinando a
cultura de uma sala de aula, os procedimentos para coletar informações podem se expandir ou
tornarem-se mais focados à medida em que se coletem os dados.
56
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
57
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
Para Romberg, as decisões sobre os métodos a utilizar são tomadas como uma
conseqüência das atividades 1 a 4. As atividades 5 a 10 são aquelas em que o pesquisador
decide:
• Que evidência é necessária para endereçar as perguntas ou conjecturas levantadas;
• Como coletar, analisar e interpretar essa evidência;
• Como relatar suas descobertas para outros.
Porém, para ele, os pesquisadores raramente iniciam uma pesquisa com uma estratégia
fixada para reunir evidências ou com um método específico de análise em mente. Dado este
aviso há dois aspectos para o uso do termo métodos de pesquisa que precisam ser entendidos.
Primeiro, os métodos específicos discutidos na literatura de pesquisa devem incluir a maneira
na qual a informação é coletada, o modo como ela é agregada e analisada, ou, às vezes como
ela é relatada.
Segundo, os métodos atuais que um pesquisador usa para coletar evidência dependem de pelo
menos cinco fatores: visão de mundo; a orientação de tempo das perguntas que estão sendo
feitas; se a situação atualmente existe ou não; a fonte antecipada de informação; e produzir o
julgamento. O fator “visão de mundo” situa os métodos utilizados dentro das crenças de uma
particular comunidade de pesquisa. O fator “orientação de tempo” refere-se a reconhecer se
as perguntas levantadas estão no passado, no presente ou no futuro. O terceiro fator trata de
ver se as “situações” existem ou ainda precisam ser criadas. O fator “fonte de evidência”
deve ser artefatos (livros, discursos e outros), ou respostas às perguntas feitas, ou observações
de ações. O fator “julgamento” refere-se a avaliar os estudos como uma categoria distinta de
métodos de pesquisa. Existe na literatura uma quantidade considerável de métodos específicos
que estão baseados neles ou que utilizam esses cinco fatores citados.
Romberg apresenta dois casos diferentes de métodos usados pelos pesquisadores:
(I) Métodos usados com evidência existente e (II) Métodos usados quando uma situação
existe e evidência deve ser desenvolvida.
I. Métodos usados com evidência existente
Há três métodos nos quais os pesquisadores não têm poder para gerar novos dados; ou
seja, eles devem encontrar o que já existe e não podem alterar a forma em que os dados
aparecem. Esses métodos são: Historiografia; Análise de conteúdo; Análises de tendência.
58
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
II. Métodos usados quando uma situação existe e evidência deve ser desenvolvida
Há muitos métodos diferentes de investigação nos quais uma situação existe e a
evidência específica precisa ser obtida. Em cada método, o pesquisador tem controle sobre a
forma pela qual a informação é obtida e agregada. Dentre os citados por Romberg (1992),
alguns deles são: pesquisa retrospectiva; pesquisa de massa descritiva; entrevistas
estruturadas; observações estruturadas; estudos de casos; pesquisa-ação e etnografia.
• Pesquisa retrospectiva.- Este método é usado para estudar questões que são orientadas no
passado – uma vez que a situação tenha existido, indivíduos que foram participantes na
situação passada podem ser entrevistados usando-se este método.
• Pesquisa de massa descritiva.- Este método muito comum é usado para estudar questões
orientadas no presente. O procedimento consiste em conseguir uma amostra de
participantes cuidadosamente retirados da situação para responder a um conjunto de
questões pré-determinadamente estruturadas.
• Entrevistas estruturadas.- Este método é semelhante ao da pesquisa de massa descritiva
exceto que é assumido que, por ouvir (e codificar) respostas, os pesquisadores podem obter
mais informações esclarecedoras do que usando pesquisas de massa.
• Observações estruturadas.- Este método é usado para estudar grupos nos quais as ações
de diferentes membros possam ser vistas. Por exemplo, para documentar os tipos de
interação, entre professor e aluno, que ocorrem durante uma aula de matemática e para
determinar a extensão à qual os alunos se engajam em aprender.
• Estudos de caso.- Este método é usado para organizar e relatar informação sobre as ações,
percepções e crenças de um indivíduo ou de um grupo sob condições ou circunstâncias
específicas. O pesquisador está interessado em contar uma história detalhada sobre um
caso particular. O que distingue um estudo de caso de outros métodos de estudo de campo
é que os pesquisadores estão escrevendo uma história natural de uma particular situação. O
59
Capítulo 3 A Metodologia de Pesquisa
60
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Capítulo 4
4.1. Introdução
Vamos situar nossa pesquisa ao longo do fluxograma apresentado no modelo de
Romberg. Inicialmente, neste capítulo, agruparemos as quatro atividades apresentadas no
primeiro bloco: fenômeno de interesse; modelo preliminar; relacionar com idéias de outros; e
pergunta ou conjectura, visando identificar o problema de nossa pesquisa. Apresentaremos os
passos dados no decorrer da pesquisa, partindo do fenômeno de interesse até a determinação
da pergunta ou conjectura. O fenômeno de interesse surgiu da vontade de buscar um caminho
para trabalhar, em sala de aula, o tópico Trigonometria. Então, criamos um modelo preliminar
que, acreditávamos, pudesse guiar nossa pesquisa. Fomos em busca do que outros
pesquisaram sobre o assunto, para poder relacionar nossas próprias idéias com as idéias
desses outros, a fim de encontrar justificativas para a proposta a ser colocada. Ao analisar o
que outros pesquisaram sobre o assunto, sentimos que deveria surgir uma conjectura ou uma
pergunta para ser trabalhada por nós.
61
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
durante suas atividades escolares ou, até mesmo, diante de uma situação-problema de seu
cotidiano que envolva o conhecimento matemático.
O modelo preliminar nos deu uma primeira imagem da pesquisa que pretendemos
fazer, sendo que o fluxograma abaixo mostra aspectos importantes que se constituem nas
variáveis do fenômeno de interesse. O fluxograma serve como ponto de partida e sugere uma
orientação que reflete a idéia inicial do pesquisador sobre o fenômeno que pretende trabalhar.
Sendo assim, há uma possibilidade de que o fluxograma de pesquisa não seja seguido ao pé da
letra, ou seja, que pode ser alterado de acordo com a realidade da pesquisa desenvolvida.
62
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Escolher uma escola com Falar com a Direção da Falar com os professores
Ensino Médio para Instituição pretendida de Matemática dessa
escola sobre a pesquisa
desenvolver a pesquisa
pretendida
Conteúdo: Trigonometria
Trabalho realizado
anteriormente
Aplicação do Projeto, em
sala de aula, na Instituição
escolhida
O papel do pesquisador
Conclusões
finais
63
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Nesta etapa, ao relacionar com idéias de outros, o pesquisador se depara com quem já
trabalhou sobre o seu fenômeno de interesse, onde se pode assumir que as idéias deles podem
ser usadas para esclarecer, ampliar ou até mesmo alterar o modelo preliminar construído.
Nesse sentido a Educação Matemática vem apresentando um grande número de
pesquisas com tendências variadas que procuram, de acordo com seu fenômeno de interesse,
contribuir para uma melhoria no ensino de Matemática. Essas tendências apresentam alguns
eixos diretivos que norteiam o desenvolvimento de diferentes estratégias. Destacam-se, entre
outros, como metodologias de ensino, a “Resolução de Problemas”, o uso de “Jogos e
Materiais Concretos”, a “Etnomatemática”, a “Modelagem Matemática”, a “Informática
Educativa” e o uso da “História da Matemática”, além de alguns estudos de cunho
psicológico, freqüentemente centrados numa perspectiva construtivista de ensino da
Matemática.
Schifter e Fosnot (1993), na página 9, dizem que
Se a criação de redes conceituais que constituem cada mapa da realidade de um
indivíduo – incluindo sua compreensão matemática – é o produto de atividade
construtiva e interpretativa, então segue que, não importa quão lucidamente e
pacientemente os professores expliquem para seus estudantes, eles não podem
compreender por seus estudantes.
64
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
ciência aplicada, a Astronomia. Essa relação era tão íntima que, só no século XIII, tornou-se
proveitoso considerar os dois assuntos como tópicos separados.
Citando Kennedy (1993, p. 1) escrevemos
O mesmo tipo de interação entre teoria e aplicação ocorreu continuamente dentro do
próprio corpo do material teórico – interação entre análise numérica e geométrica.
Considerações algébricas, no sentido de operações discretas efetuadas sobre classes
de objetos, desempenharam um papel primordial e essencial, embora o simbolismo,
freqüentemente considerado como sendo a marca da álgebra, só tenha sido
introduzido no séc. XVI. Assim, a história da trigonometria mostra, em seu interior,
o crescimento embrionário de três partes clássicas da matemática: álgebra, análise e
geometria.
65
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Em seu livro, na página 35, Brighenti, afirma que no século XVII, com o surgimento
do Cálculo Infinitesimal, com Euler (1748),
a Trigonometria passou a ter a forma atual, surgindo uma nova dimensão para as
noções do seno, do cosseno e da tangente. A medida do raio foi adotada como
unidade e as funções trigonométricas podem, então, ser aplicadas a todo número real
e não apenas a um ângulo, como era feito até então.
aprendendo. Dizem os PCN–EM que saber aprender é a base para prosseguir aperfeiçoando-
se ao longo da vida. Certamente cabe, a todas as áreas do Ensino Médio, ajudar no
desenvolvimento da autonomia e da capacidade de pesquisa para que cada aluno possa confiar
em seu próprio conhecimento.
Dadas essas considerações sobre a importância da Matemática no Ensino Médio, agora
podemos citar alguns objetivos indicados, nos PCN–EM, para colaborar com a aprendizagem
real e significativa pretendida para o aluno.
• compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam
a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral;
• desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas, de
comunicação, bem como o espírito crítico e criativo;
• utilizar, com confiança, procedimentos de resolução de problemas para
desenvolver a compreensão de conceitos matemáticos;
• estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos, e entre esses temas e o
conhecimento de outras áreas do currículo.
Para os PCN–EM, os elementos essenciais de um núcleo comum devem compor uma
série de temas ou tópicos, em Matemática, escolhidos a partir de critérios que visam ao
desenvolvimento das atitudes e habilidades já descritas.
O critério central é o da contextualização e da interdisciplinaridade, é o potencial de
um tema permitir conexões entre diversos conceitos matemáticos e entre diferentes formas de
pensamento matemático.
Um exemplo claro disso pode ser observado com relação às funções. Uma parte
importante da Trigonometria refere-se às funções trigonométricas e seus gráficos. Outro tema
que exemplifica a relação aprendizagem de matemática com o desenvolvimento de
habilidades e competências é a Trigonometria, desde que seu estudo esteja ligado às
aplicações, evitando-se o investimento excessivo no cálculo algébrico das identidades e
equações para enfatizar os aspectos importantes das funções trigonométricas e da análise de
seus gráficos. Especialmente para o indivíduo que não prosseguirá seus estudos nas carreiras
ditas exatas, o que deve ser assegurado são as aplicações da Trigonometria na resolução de
problemas que envolvem as medições, em especial o cálculo de distâncias inacessíveis, e na
construção de modelos que correspondem a fenômenos periódicos.
68
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Pesquisadores da Educação acreditam que o Ensino Médio deve preparar o aluno para
responder as seguintes questões:
Qual a relação entre ciência e humanidades?
Quão importante é essa relação para o bem estar dos seres humanos?
69
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
de funções estabelece como pré–requisito o estudo dos números reais e de conjuntos e suas
operações. ... Na unidade trigonometria, o trabalho deve ser feito sobre triângulos retângulos
e triângulos quaisquer.
Uma combinação desses três tópicos é o essencial para cada uma das três séries do
Ensino Médio. Podem ser acrescentados outros temas ou dar mais enfoque a alguns dos temas
já apresentados, uma vez que esta é apenas uma sugestão e cada escola deve se adequar a suas
necessidades e as da comunidade a que serve.
Também é útil lembrar que o modo como o professor prepara e executa suas aulas é
importantíssimo e influencia muito na maneira como os alunos enxergam a disciplina. A
utilização do trabalho em grupo e formas alternativas de avaliação contribuem, e muito, para
uma melhor aprendizagem e levam o estudante a tomar gosto pela disciplina, ao invés de
enxergá-la como uma simples obrigação.
71
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Nos Standards 2000, na página 287, dirigindo-se a estudantes dos graus 9–12, lê-se
que os estudantes da escola secundária enfrentam escolhas e decisões que determinam o curso
de suas vidas. Enquanto eles abordam o fim de uma escolaridade requerida, devem ter
8
Princípios e Padrões para a Matemática Escolar - NCTM
72
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
oportunidade de explorar os interesses de uma carreira que pode mudar durante a “High
School”. Ainda, o NCTM coloca, na página 288, que se espera que todos os estudantes
estudem matemática em cada um dos quatro anos em que se sentem envolvidos com a High
School.
O NCTM, nos Standards 2000, com a finalidade de atingir um ensino de matemática
de qualidade, nos apresenta 6 (seis) princípios: Eqüidade, Currículo, Ensino, Aprendizagem,
Avaliação e Tecnologia, que devem reger toda a Educação Matemática escolar. Nele podemos
ler que excelência em Educação Matemática requer eqüidade.
O Princípio da Eqüidade requer altas expectativas e apoio forte para todos os
estudantes. A eqüidade requer acomodações e diferenças para ajudar cada um a aprender
matemática. Acomodação, nesse sentido, não significa dar moradia ou outras vantagens, mas
são aulas de reforço para alunos que não conseguem aprender dentro do tempo planejado. Se
o professor puder dar um tempo especial para que haja aprendizagem, isto faz diferença. A
eqüidade requer recursos e apoio para todas as salas de aula e todos os alunos. Ainda deve
haver material necessário para trabalhar com todos.
O Princípio do Currículo deve ser coerente e enfocar sobre a matemática essencial e
estar bem articulado através das séries. Um currículo é mais do que uma coleção de
atividades.
O Princípio do Ensino diz que um ensino de matemática eficiente requer
conhecimento do que os estudantes sabem e do que precisam aprender e, então, passa a
desafiá-los e a apoiá-los a saber bem.
O Principio da Aprendizagem diz que os estudantes precisam aprender matemática
com compreensão e, para isso, devem ativamente construir novo conhecimento a partir de
experiência e conhecimento anterior.
O Princípio da Avaliação afirma que a avaliação apoiaria a aprendizagem de
matemática essencial e daria informações úteis tanto a professores quanto a alunos.
O Princípio da Tecnologia diz que a tecnologia é essencial no ensino e na
aprendizagem da matemática. Ela influencia a matemática que está sendo ensinada e aumenta
a aprendizagem dos alunos.
Também, os Standards 2000 apresentam 5 (cinco) Padrões de Conteúdo (0 quê?):
Números e Operações; Álgebra; Geometria; Medida; e Análise de Dados e Probabilidade, que
explicitamente descrevem o conteúdo que os estudantes devem aprender.
73
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
representadas é fundamental para mostrar como se pode entender e usar essas idéias. Os
modelos permitem uma visão do fenômeno de um mundo real.
Para nossa comunidade de pesquisa, trabalhar Matemática através da resolução de
problemas se apresenta como um bom padrão de procedimento. Damos destaque ao padrão de
procedimento resolução de problemas, mas deixamos claro que não se deixa de fazer uso dos
demais padrões apresentados, sempre que esses processos se mostrem necessários dentro da
resolução do problema proposto, dado como ponto de partida para a construção de novos
conhecimentos.
Nos Standards 2000, pode-se ver que a Trigonometria não está relacionada como um
padrão de conteúdo mas pode-se reconhecer que está bastante ligada aos cinco padrões
mencionados. Chamamos a atenção para a importância e a necessidade de os alunos
conhecerem a matemática pertinente a esses padrões para, num tratamento de situações que
envolvem medidas inacessíveis ou fenômenos periódicos entre outros, seja feito um bom e
coerente trabalho em Trigonometria.
76
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
TRIGONOMETRIA
Triângulo Retângulo
Funções Circulares
Redução ao
Conceitos Básicos Primeiro Quadrante
Transformações Relações
Trigonométricas Trigonométricas
Equações Inequações
Trigonométricas Trigonométricas
Resolução de
Triângulos Quaisquer
77
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
9
A prova coordenada envolve colocar figuras geométricas num plano coordenado.
79
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Optamos por estabelecer uma pergunta. Apoiados nessas idéias e com o desejo de
poder motivar alunos e professores diante de situações trigonométricas, a pergunta de nossa
pesquisa assim se configura: O uso da Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação
de Matemática através da Resolução de Problemas constitui-se num bom caminho
alternativo para a construção de conceitos e conteúdos trigonométricos pelos alunos do
Ensino Médio?
80
Capítulo 4 Identificando o problema de nossa pesquisa
Nosso problema está assim definido. Na verdade o que queremos, ao responder a essa
pergunta, é mostrar que resolução de problemas é, entre outros, um dos principais caminhos
para ensinar, aprender e avaliar a Matemática trabalhada em sala de aula pois, como afirmou
Van de Walle (2001, p. 40), a maioria, se não todos, os conceitos e procedimentos
matemáticos importantes podem ser melhor ensinados através da resolução de problemas. Ou
seja, tarefas ou problemas podem e devem ser propostos de modo a engajar os estudantes no
pensar e desenvolver aquela Matemática importante que eles precisam aprender.
81
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Capítulo 5
5.1. Introdução
Seguindo o modelo de Romberg, daremos continuidade à nossa pesquisa descrevendo
as duas atividades apresentadas no segundo bloco de seu modelo: selecionar estratégias e
selecionar correspondentes procedimentos. Escolhida uma estratégia geral, será preciso
selecionar estratégias menores necessárias à sua definição. Trabalho análogo será feito para o
procedimento geral. Estes procedimentos serão, depois, postos em ação.
Ao ressaltar o papel da Matemática no Ensino Médio, como base para força de
trabalho ou para ingresso à universidade, passaremos a defender nossa pergunta: “O uso da
Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da Resolução
de Problemas constitui-se num bom caminho alternativo para a construção de conceitos
e conteúdos trigonométricos pelos alunos do Ensino Médio?”.
Temos um problema e buscaremos caminhos para resolvê-lo. Para a resolução deste
problema é necessário que se faça uma seleção de estratégias e procedimentos que, postos em
ação, levem à criação de um Projeto de Trabalho.
A decisão sobre que métodos usar decorre diretamente das questões selecionadas, da
visão do mundo onde as questões estão situadas, do ‘modelo preliminar’ que foi
construído para explicar o ‘fenômeno de interesse’, e das conjecturas que se faz
sobre a evidência necessária.
(ROMBERG, 1992, p. 52)
O que é estratégia?
Segundo o Dicionário Aurélio – Básico da Língua Portuguesa, (1988), estratégia é a
arte de planejar, aplicando os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos
específicos.
Que estratégias podem ser levantadas para resolver o nosso problema?
82
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
O que é procedimento?
Procedimento é um processo. É um método para cumprir os atos planejados e
percorrer os caminhos do processo.
Que procedimentos podemos adotar para resolver o nosso problema?
E1. Escolher uma instituição com Ensino Médio para desenvolver nosso Projeto de
pesquisa.
P1. A escolha da instituição.
5.2.1. P1 em ação - As Instituições com Ensino Médio
A idéia de desenvolver as atividades, com alunos do Ensino Médio, surgiu devido à
nossa participação no GTERP, a uma das Disciplinas cursada na PGEM e por termos
trabalhado, durante um bom tempo, com alunos do Ensino Médio. Por outro lado, acreditamos
que os alunos do Ensino Médio, já possuindo uma certa maturidade, podem chegar a um
83
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
ponto de compreensão que os leve a aceitar com mais facilidade a necessidade de aprender
Matemática.
Para nossa pesquisa de campo havia três possibilidades: uma instituição particular com
Ensino Médio regular, ou pública com Ensino Médio regular ou, ainda, uma instituição com
Ensino Médio técnico.
Os alunos das instituições particulares, muitas vezes conseguem sucesso porque têm
melhores condições para complementar seu conhecimento, quer por parte da escola ou mesmo
da família ou, ainda, de outros cursos paralelos. Já os alunos de escola pública, sem esses
recursos, acabam muitas vezes por fracassar, visto que o conhecimento oferecido por ela é,
em geral, deficiente, não lhes dando, muitas vezes, oportunidade de crescer. Mesmo que a
educação seja encarada como uma esperança para o futuro, ainda persistem desigualdades de
oportunidades educacionais, o que é preocupante!
Para a realização desta pesquisa, escolhemos uma instituição pública com Ensino
Médio regular, por senti-la um espaço onde se encontram predominantemente as classes
menos favorecidas e, por isso mesmo, o ensino se constitui em seu maior desafio.
Assim, definimos que nossa pesquisa seria realizada na Escola Estadual Joaquim
Ribeiro, de Rio Claro, SP, escola respeitada, que recebe alunos, na grande maioria,
provenientes de classes menos privilegiadas.
E2. Falar, com a Direção da instituição pretendida, sobre o projeto de pesquisa que
desejávamos realizar, através de uma metodologia de ensino alternativa, para o trabalho em
sala de aula de Matemática, no Ensino Médio.
P2. Fazer uma visita à instituição escolhida para solicitar permissão de nela aplicar
nosso projeto de pesquisa.
5.2.2. P2 em ação – Visita à instituição escolhida
Uma vez definida a instituição, fomos visitar essa escola. Havíamos obtido
informações dessa instituição por um dos professores de Matemática que lá trabalhara e que,
então no doutorado, fazia parte da PGEM da UNESP–Rio Claro. Isso nos ajudou no contato
com a Direção e a Coordenação da Escola, facilitando, de certa maneira, nosso trabalho. Essa
instituição se localiza no centro da cidade de Rio Claro, na Rua 6, número 437, estado de São
Paulo. Na escola funcionam: o Ensino Médio nos três turnos: matutino, vespertino e noturno e
o Magistério nos períodos matutino e vespertino.
84
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
A escola conta com 20 salas de aula, um anfiteatro, sala de teatro, sala de vídeo, vários
laboratórios: um de Física, um de Química, um de Biologia e dois de Informática. Conta
também, com uma sala para a Diretoria, duas salas para a Vice-Diretoria, uma sala de
Coordenação Pedagógica, uma Secretaria, uma Sala de Professores, uma Cozinha, uma
Cantina, uma Biblioteca, uma Sala de Vídeo e instalações sanitárias.
Em relação aos recursos humanos, a escola possui uma Diretora, dois Vice-Diretores,
duas Coordenadoras Pedagógicas (uma no período diurno e outra no período noturno), um
Secretário, seis Agentes de Organização Escolar, seis Agentes de Serviço Escolar, 52
Docentes, sendo 35 efetivos e 17 ACT (admitido em caráter temporário).
A Escola Estadual Joaquim Ribeiro é considerada de porte médio, com
aproximadamente mil e quinhentos alunos matriculados no ano letivo de 2005. Nesse ano
eram 45 classes: 16 no período matutino, com quatro classes de 1a série, cinco de 2a série, seis
de 3a série e uma 4a série de Magistério; no período vespertino funcionaram 14 classes, sendo
oito de 1a série, quatro de 2a série, duas de 3a série; no período noturno havia 15 classes, sendo
quatro de 1a série, cinco de 2a série e seis de 3a série.
Soubemos que, no Plano Pedagógico da escola, a verificação do rendimento escolar
abrangia provas e trabalhos de pesquisa. A avaliação era, em geral, expressa por notas inteiras
de 0 a 10 e, em relação ao critério de freqüência, os alunos estavam obrigados a atender no
mínimo a 75% da carga horária do período letivo.
Segundo a Coordenadora Pedagógica, há um comprometimento dos professores na
participação das reuniões de HTPC (horas de trabalho pedagógico coletivo). Para os
professores que ministram um número superior a 28 horas/aula, era obrigatória a participação
em três HTPC por mês. Caso esse número fosse inferior a 28, a obrigatoriedade passava a ser
de apenas duas reuniões, e, se o professor ministrasse aulas em mais escolas, havia
obrigatoriedade de participação em pelo menos uma HTPC.
Quando expusemos à Direção a idéia de nosso trabalho de pesquisa, a Diretora
concordou conosco prontamente e solicitou um documento por escrito sobre o projeto
(documento em anexo). Também, ela pediu que se conversasse com a Coordenadora sobre
ele. Segundo a Coordenadora, a escola possui um tipo de trabalho bastante flexível quanto a
formas diferenciadas de ensino. Ela, prontamente, concordou com o conteúdo Trigonometria
e disse que gostaria que esse trabalho se apoiasse nos PCN+–EM, especificamente visando à
aplicação com o cotidiano. Na conversa com a Coordenadora, ouvimos dela “... toda vez que
eu falo, numa reunião de educação, sobre a abordagem de um tópico, dou sempre como
exemplo ‘para que serve a trigonometria?’, porque esse foi problema meu ...”.
85
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
86
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
A bem da verdade, não foi possível realizar o encontro pretendido com os professores
de Matemática dessa instituição, pois já se havia programado dar início ao ensino de
Trigonometria, na 2ª série do Ensino Médio, no 1º bimestre do ano letivo.
Assim, também, a escolha do professor aconteceu rapidamente, pois um dos
professores da Escola Estadual Joaquim Ribeiro, que trabalharia Trigonometria, havia sido
membro do GTERP e, portanto, já conhecia um pouco o trabalho de ensinar Matemática
através da resolução de problemas.
E4. Buscar uma turma e conhecer o período onde poderia ser trabalhada a
Trigonometria nessa instituição.
P4. Escolher período e turma onde seria trabalhada a trigonometria.
5.2.4. P4 em ação – Os participantes, o período e a turma escolhidos
Os participantes de nossa pesquisa serão a professora da turma, a turma 2.7 de
estudantes do período vespertino e o pesquisador.
A professora participante leciona na instituição escolhida e está fazendo o Mestrado
em Educação Matemática, na Unesp – Rio Claro, o que facilitou nossa escolha da turma.
Para definir o perfil de nossos estudantes, buscamos dados junto à secretaria da escola
e informações da professora. A escolha da turma foi feita pela professora. Inicialmente
estavam matriculados 35 alunos. No primeiro bimestre foram transferidos alguns alunos,
restando 27 alunos presentes.
Uma característica da Instituição escolhida é a de ter uma heterogeneidade no perfil
dos alunos, muito possivelmente por sua localização central. Observamos que alguns dos
alunos vêm de famílias um pouco menos carentes. São pais que se esforçam para poder dar
estudo a seus filhos, o que para eles é muito importante. Por outro lado, há alunos cujos pais
não se preocupam tanto. Devido a isso, é provável que alguns alunos apresentem problemas,
tanto com a aprendizagem quanto com a disciplina.
Iniciando nosso trabalho com os alunos da turma escolhida, fizemos um debate com a
classe buscando esclarecer alguns pontos sobre a dinâmica de sala de aula adotada para o
87
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
88
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Termo de Compromisso
Introdução: Este Termo de Compromisso tem por objetivo estabelecer parâmetros para
nortear o desenvolvimento e a organização de um trabalho diferenciado em Matemática,
apontando as responsabilidades e os direitos dos alunos e da professora. O trabalho será
realizado com a turma 2.7 do Ensino Médio da Escola Estadual Joaquim Ribeiro, na
disciplina Matemática.
Avaliação: Cada aluno será avaliado individualmente, de acordo com o artigo 24, inciso V–a,
da L.D.B. da Educação Nacional, lei Nº 9394 de 20/12/1996, nos seguintes itens:
89
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Ciente dessas normas, de pleno acordo com todas as condições propostas, assinam
abaixo.
_______________________________ _______________________________
Professor (a) Aluno (a):
90
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
91
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
a visão do ensino da Matemática com compreensão lança mão de problemas como geradores
de novos conceitos e novos conteúdos.
Para elaborarmos os problemas geradores de novos conceitos e novos conteúdos,
necessários ao nosso projeto, usamos livros didáticos, revistas especializadas e calendários de
problemas contidos em revistas de Educação Matemática, isto é, situações-problema
adequadas à construção de novos conceitos e de novos conteúdos pertinentes à Trigonometria.
Em nossa opinião, é importante reconhecer que a Matemática deve ser trabalhada
sempre através da resolução de problemas. Tarefas envolvendo problemas são o veículo pelo
qual um currículo deve ser desenvolvido. A aprendizagem será uma conseqüência do processo
da resolução do problema.
- O papel do professor
Dentro desse trabalho, o papel do professor muda de comunicador de conhecimento
para o de observador, organizador, consultor, mediador, interventor, controlador e
incentivador da aprendizagem. O professor lança questões desafiadoras e ajuda os alunos
a se apoiarem, uns nos outros, para atravessar as dificuldades. O professor faz a
intermediação, leva os alunos a pensar, espera que eles pensem, dá tempo para isso,
acompanha suas explorações e resolve, quando necessário, problemas secundários.
- Resultado na lousa
Com o trabalho dos alunos terminado e entregue por escrito, o professor anota ou pede
aos alunos que coloquem na lousa os resultados obtidos por diferentes grupos: resultados
certos, errados e aqueles feitos por diferentes caminhos.
92
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
- Plenária
Os alunos todos, de todos os grupos, participam de uma assembléia plena. Como todos
trabalharam sobre o problema dado, estão ansiosos quanto a seus resultados. Procuram
defender seus pontos de vista e participam.
- Consenso
A partir da análise feita, com a devida retirada das dúvidas, busca-se consenso sobre o
resultado pretendido.
- Formalização
Num trabalho conjunto de professor e alunos, com o professor dirigindo o trabalho, é
feita uma síntese do que se objetivava aprender a partir do problema dado. São colocadas
as devidas definições, identificadas as propriedades e feitas as demonstrações. É
importante destacar, nesse momento, o que de matemática nova se construiu, usando as
novas terminologias próprias ao assunto considerado.
Tendo trabalhado cada uma dessas estratégias selecionadas, criamos condições para
realizar a estratégia geral EG.
EG. Criar um projeto de trabalho e, usando os procedimentos auxiliares trabalhados,
chegar ao procedimento geral PG que, quando posto em ação, leva à criação de um projeto de
trabalho, para a sala de aula de uma turma de alunos da 2ª série do Ensino Médio, da Escola
Estadual Joaquim Ribeiro.
PG. Criação do projeto de trabalho
93
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
5.2.7.1. Introdução
10
The four faces of mathematics
94
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
tivesse sido um dia defensável, certamente não se aplicaria aos dias de hoje, quando a maioria
das ocupações requer conhecimento e aptidões muito especializados e onde a velocidade da
mudança é tal que ninguém pode predizer, mais do que uns poucos anos adiante, quais serão o
conhecimento e as aptidões mais importantes para esse novo tempo.
No dizer de Onuchic (2004), mudar nosso sistema de educação matemática
radicalmente, como primeiro objetivo para a vasta maioria dos estudantes, é criar uma
consciência do quê, do como e do porquê da Matemática. É mais do que desenvolver
habilidades que somente uma pequena minoria de estudantes irá usar. E isso nos faz chegar a
duas importantes razões para mudar: que os cidadãos de amanhã apreciem o papel penetrante
da Matemática na cultura onde vivem e que os indivíduos que têm talento e interesse por ela
sejam expostos à verdadeira natureza e extensão dela.
Em sua tese de mestrado, Azevedo (2002, p. 89), afirma que
Não é fácil a construção de um projeto de trabalho em Matemática para a sala de
aula. É um trabalho que requer ajuste e concordância de um conjunto de fatores que
vão desde a construção do projeto até a obtenção de um espaço físico, passando por
um conjunto de ações como preparação de material instrucional, localização de um
ambiente adequado e a administração do tempo destinado à sua aplicação. Para a
elaboração de uma proposta de ensino-aprendizagem de Matemática, no contexto de
um projeto de trabalho para a sala de aula, é necessário levar-se em conta alguns
pontos de vista como:
- a escolha do tema;
- os objetivos do projeto;
- a escolha da metodologia adotada; e
- a elaboração de um roteiro de atividades.
96
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
E continuam dizendo que desde a Antiguidade e até hoje, o homem sempre teve
necessidade de avaliar distâncias inacessíveis. Na verdade, são muito poucas as distâncias que
podem ser medidas diretamente, com uma trena, por exemplo. Praticamente tudo o que
desejamos saber sobre distâncias no mundo em que vivemos é calculado com o auxílio da
Trigonometria. Apesar dessa importância, eles afirmam que os livros didáticos, para o Ensino
Médio, dedicam muitas páginas ao ensino de trigonometria, não deixando claro, nem para o
aluno, nem para o professor, para que serve este abundante material trabalhado.
Onuchic (1999) considera que o trabalho de ensino de matemática e particularmente
da Trigonometria deve acontecer numa atmosfera de investigação orientada em resolução de
problemas. Os alunos devem ser desafiados a resolver um problema e devem desejar fazê-lo.
O problema deve conduzi-los a utilizar seus conhecimentos anteriores e, por outro lado, o
problema deverá exigir que busquem novas alternativas, novos recursos, novos
conhecimentos para obter a solução.
O tema Trigonometria vem ocupando lugar de destaque no currículo das disciplinas de
Matemática nas escolas de Ensino Médio e Superior. Porém, pesquisas apontam que o mesmo
97
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
é apresentado de maneira alienada das situações cotidianas e, além disso, é estudado através
de fórmulas que os alunos usam sem produzir o menor significado a respeito delas.
Ao contrário, com nosso projeto, queremos dar oportunidade aos alunos de poderem
fazer reflexões que lhes dêem condições para desenvolver sua capacidade de pensar frente a
situações-problema envolvendo Trigonometria.
Para trabalhar esse tema, na 2ª série do Ensino Médio, devemos estar conscientes de
que conhecimento matemático, já trabalhado com esses alunos, poderemos dispor. Ao
reconhecer que certos conceitos são absolutamente necessários para realizar esse trabalho,
fizemos um levantamento do que é preciso rever e do que de novo devemos construir,
distribuindo-os em três unidades:
98
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
11
Como diz Brasil (1964) tradicionalmente o problema é empregado, pelos professores, na verificação e na
fixação da aprendizagem. Porém, na história das ciências, notamos que sempre o problema antecede as
descobertas, é o provocador dos estudos, o orientador das construções teóricas e o gerador de novos conceitos e
novos conteúdos.
99
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
100
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
um pequeno grupo de aprendizes que trabalham juntos com um objetivo comum e isto é,
resolver problemas.
Este projeto foi estruturado para ser desenvolvido na Escola Estadual Joaquim
Ribeiro-Rio Claro/SP, com estudantes da turma 2.7 do Ensino Médio de 2005. Seriam
participantes do projeto 37 alunos, que, em sua aplicação, seriam divididos em grupos. O
projeto foi previsto para 40 aulas de 45 minutos.
Inicialmente nosso projeto foi pensado para ser aplicado no 2º semestre de 2005 e,
então, haveria tempo para a sua elaboração. Nossa orientadora, por razões de trabalho, foi
para os Estados Unidos, deixando-nos a incumbência de preparar o roteiro de atividades a ser
aplicado nesse período. Poucas idéias a respeito haviam sido discutidas.
Em contatos havidos, entre Pesquisador e Direção da Escola, soubemos que a
Trigonometria seria trabalhada, nesse ano, no primeiro semestre. Ao saber, nossa orientadora,
das mudanças ocorridas, tratou de nos enviar, por correio eletrônico, sugestões para a
composição desse roteiro. Aceitando algumas dessas sugestões e buscando ajuda na literatura
pesquisada, elaboramos um Roteiro de Atividades.
Como a professora da turma já havia feito seu planejamento anual para a disciplina,
ela já havia escolhido problemas, em diferentes livros didáticos, para trabalhar a trigonometria
no triângulo retângulo. Assim, ao criarmos nosso Roteiro de Atividades, na parte do trabalho
envolvendo triângulos retângulos, vários dos problemas planejados pela professora foram
incluídos no projeto.
Para nós, todas as atividades oferecidas aos alunos como trabalho, desde que eles não
as saibam resolver mas que estejam interessados em resolvê-las, serão vistas como problemas,
mesmo que não haja um enunciado formal para elas ou que elas se apresentem nas formas
“resolver” ou “simplificar”.
101
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
ROTEIRO DE ATIVIDADES
12
Esse problema foi publicado na “Revista de Educação Matemática” - SBEM/SP, ano 8, N° 8, 2003 – p. 28.
102
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
A B
c
Problema 414
Um telhado tem uma secção transversal
que é um triângulo retângulo. A figura mostra as
dimensões aproximadas desta secção transversal.
a) Identifique os triângulos semelhantes.
b) Ache a altura h do telhado.
13
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 458, 2004.
14
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 528, 2004.
103
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 515
Carolina está parada em um dos cantos de um pequeno jardim retangular de lados 3m
e 4m. Ela deseja caminhar até o canto oposto, indo do ponto A até o ponto B (como mostra a
figura abaixo) e decide caminhar acompanhando os lados do jardim. Se Carolina houvesse
decidido caminhar pela diagonal, indo de A até B diretamente em linha reta, quanto ela
caminharia a menos?
B
a) 1 m
b) 2 m
c) 3 m
d) 4m 4m
A 3m
15
Extraído de SARESP 2005
16
Extraído do livro “Matemática – Volume único”, de Walter Facchini, 1996, p. 282.
17
Adaptado do livro “Matemática – Volume único”, de Walter Facchini, 1996, p. 282.
104
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 518: Dois aviões partiram do mesmo aeroporto às 9 h. Um dos aviões voa para o Norte
a uma velocidade constante de 248 km/h. O outro avião voa para Oeste a uma velocidade
constante de 356 km/h. Quão distantes um do outro estarão às 12h 30min?
Tarefa 619: Os arranha-céus, mostrados na figura abaixo, estão conectados por uma passarela
com vigas de apoio. Você pode usar o Teorema de Pitágoras para achar o comprimento
aproximado de cada viga de apoio. Ache o comprimento de cada viga de apoio.
Tarefa 720: Você quer pendurar um quadro a 3 pés de um gancho perto do teto de uma
galeria de arte, como mostra a figura. Além do comprimento de arame necessário para
pendurá-lo, você precisa mais 16 polegadas de arame para amarrar o arame na parte de trás do
quadro. Ache o comprimento total de arame necessário para pendurar esse quadro.
2 pés e 6 pol
18
Adaptado do livro: “Matemática Interativa” – Reis e Trovon, 2004, p. 141.
19
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 537, 2004.
20
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 539, 2004.
105
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 821: Você usa quatro estacas e barbante para marcar a fundação de uma casa. Você
quer ter certeza de que a fundação é retangular.
a). Um amigo mede os quatro lados com 30 pés, 30 pés, 72 pés, e 72 pés. Ele diz que estas
medidas provam que a fundação é retangular. Ele está correto?
b). Você mede uma das diagonais com 78 pés. Explique como você pode usar esta medida
para dizer que a fundação será retangular.
30 pés
72 pés
78 pés
72 pés
30 pés
Tarefa 922: Para estimar a altura h da pista de um monotrilho, seu amigo segura um quadrado
de papelão no nível do olho. Seu amigo alinha a extremidade superior do quadrado de papelão
com a pista e a extremidade inferior com o chão.
Você mede a distância do chão até o olho de seu amigo e a distância de seu amigo até a pista
do monotrilho.
Na figura, XY = h – 5,75 pés que é a diferença entre a altura da pista h e o nível do olho de
seu amigo. Escreva uma proporção envolvendo XY. Então, como você pode determinar h?
pés
pés
pés
21
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 545, 2004.
22
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 530, 2004.
106
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Į
Į Į 3 Į 2 x
1
30° 30° 30° 30°
2 6 4 21
Problema 723
No triângulo retângulo dado ache o valor de x.
3 3
45°
x
23
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 551, 2004.
107
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 824
Ache os valores de s e t (comprimentos de dois lados de um triângulo 30°-60°-90°) e
justifique os resultados.
60°
t s
30°
5
Problema 925
Uma rampa de skate requer uma elevação de um pé para cada três pés de comprimento
horizontal. Na figura abaixo, ache os comprimentos de lados b e c e a medida de ș.
4 pés
Problema 1026
Uma rampa lisa, de 20 m de comprimento, faz ângulo de 30o com o plano horizontal.
Uma pessoa que sobe esta rampa inteira eleva-se verticalmente, em metros:
a) 17 b) 10 c) 15 d) 5 e) 8
24
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 552, 2004.
25
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 309,
2001.
26
Vunesp
108
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 1127
Uma plataforma basculante é uma rampa usada para descarregar caminhões, como
mostra a figura abaixo. Que altura uma rampa de 80 pés atinge quando é inclinada por um
ângulo de 30°? de um ângulo de 45°?
rampa
Altura da
rampa Ângulo de
elevação
80 pés
Tarefa 11: O triângulo eqüilátero tem 3 lados de mesma medida e 3 ângulos de mesma
medida. Determine:
a) A altura x; ȕ
b) Os ângulos Į e ȕ; x
c) Seno, cosseno e tangente de Į e de ȕ.
Į Į
27
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 553, 2004.
109
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
5
Į
12
30
O que é possível concluir?
Tarefa 13: Um móvel parte de A e segue numa direção que forma com a reta AC um ângulo
de 30°. Sabe-se que o móvel caminha com uma velocidade constante de 50 km/h. Após 3
horas de percurso, a qual distância o móvel se encontra de AC ?
Tarefa 14: A figura abaixo representa o perfil de uma escada cujos degraus têm todos a
mesma extensão e a mesma altura. Se AB = 2 m e BCˆ A mede 30°, encontre a medida da
extensão de cada degrau. A
B C
Tarefa 1528: Um garoto está empinando uma pipa, e o fio forma com a horizontal um ângulo
de 30°. A que altura do solo se achará a pipa quando estiver na vertical que passa por uma
árvore situada a 300 m do garoto. Sabe-se que tg 30° = 0,57.
Tarefa 16: No triângulo retângulo abaixo, calcule sen Bˆ ; cos Bˆ ; tgBˆ ; sen Cˆ ; cos Cˆ ; tgCˆ .
10
1
A B
3
28
Extraído do livro “Matemática – Volume único”, de Walter Facchini, p. 282, 1996.
110
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 17: Um avião levanta vôo em B e sobe fazendo um ângulo constante de 15° com a
horizontal. A que altura estará e qual será a distância percorrida quando alcançar a vertical
que passa por uma igreja situada a 2 Km do ponto de partida? (sem 15°=0,26; cos 15°=0,97 e
tg 15°=0,27).
Tarefa 18: Calcule o valor de x, nos triângulos abaixo:
a) b)
c) d)
Problema 1229
Um observador está em um ponto A do aterro do Flamengo e vê o Pão de Açúcar
segundo um ângulo de 10º com o plano horizontal (medindo com o teodolito). Ele anda em
direção ao seu objetivo até um ponto B distante 650m de A e agora vê o Pão de Açúcar
segundo um ângulo de 14º. Qual é a altura do Pão de Açúcar em relação ao plano de
observação?
29
Extraído da Coleção do Professor de Matemática da SBM - Temas e Problemas –Elon Lages Lima e outros
2001.
111
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 1330
Um topógrafo está posicionado a 50 pés da base de uma árvore grande, como mostra a
figura abaixo. Ele mede o ângulo de elevação ao topo da árvore como 71,5º. Quão alta é a
árvore?
Ângulo de
elevação
71,5º
50 pés
Problema 1431: Um biólogo quer saber a largura w de um rio para colocar adequadamente os
instrumentos para estudar os poluentes na água. Do ponto A, o biólogo caminha rio abaixo
30 metros e vê o ponto C. A partir desta visada está determinado que ș = 58°. Quão largo é o
rio? Verifique seu resultado numericamente usando uma calculadora ou uma tabela
trigonométrica.
30 m
30
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 308,
2001.
31
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” Larson, Hostetler & Edwards, p. 312,
2001.
112
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
113
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
(VFROD(VWDGXDO´-RDTXLP5LEHLURµ
Curso: Ensino Médio
Série: 2.7
Disciplina: Matemática
NOME N°
• Objetivos:
¾ Construir um ou dois teodolitos por grupo.
¾ Reconhecer o funcionamento do teodolito
¾ Observar as semelhanças entre triângulos
¾ Compreender melhor os conceitos trabalhados em sala de aula, através da prática.
• Material necessário
114
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
1 – A precisão:
Cole a tampa do copo sobre o xerox do
transferidor. Ela será a base de rotação do
teodolito.
O centro da tampa deve coincidir com o do
transferidor. Alinhe os dois pontos usando o arame
fino como guia.
2 – O ponteiro:
O arame fino é o ponteiro do teodolito. Ele
permitirá fazer a leitura, em graus, no transferidor.
Para instalá-lo, faça dois furos diametralmente
opostos na lateral do copo, próximo de sua boca, e
passe o arame por eles, deixando-o atravessado no
copo.
3 – A mira:
O tubo de antena será a mira por onde se avistarão
os pontos a medir. Cole o tubo ou o cano fino na
base do copo, de forma que ele fique paralelo ao
ponteiro.
115
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Após a construção do teodolito os grupos sairão para o pátio da Escola, um grupo por
vez, a fim de reconhecer a função do teodolito e poder resolver os problemas abaixo
utilizando o teodolito e fazendo uso da trigonometria já conhecida.
Problema 15
Utilizando o teodolito construído e uma trena, determinar a altura de um prédio
pertencente à Escola, justificando todos os passos dados.
Problema 16
Utilizando o teodolito construído e uma trena, determinar a altura do poste da rua ao
lado da Escola, justificando todos os passos dados.
Problema 17
Medir a altura, desde o chão até o topo, de uma antena parabólica situada no telhado
do corredor da Escola.
Tarefa 1932: Para achar a distância d de uma casa na praia até uma casa na ilha, um topógrafo
mede a distância da casa da praia até o ponto B, como mostra a figura abaixo. Um
instrumento chamado teodolito é usado para encontrar a medida de B̂ . Calcule a distância d.
32
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring, Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 563, 2004.
116
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 20: Um navegador viaja em linha reta ao encontro de um farol. Num determinado
instante ele avista a luz desse farol sob um ângulo de 30º em relação à sua trajetória e, depois
de percorrer 150m, passa a avistá-la sob um ângulo de 45º. Qual a altura do farol em relação
ao nível do mar?
Tarefa 2133: O ângulo de elevação da base para o topo de um deslizamento de água é
aproximadamente 13°. O deslizamento de água se estende horizontalmente cerca de 58,2 m.
Calcule a altura h do deslizamento.
Tarefa 22: Ao meio dia, sol a pino, um garoto empina um papagaio, e a linha que o segura,
bem esticada, forma com o chão um ângulo de 60o. Como a sombra do papagaio está distante
20 m de onde se encontra o garoto, podemos afirmar que o papagaio está a uma altura de:
a) 17,40 m b) 28,10 m c) 34,60 m d) 38,50 m e) 35,14 m
Tarefa 23:
Uma canoa atravessa um rio, num trecho onde a largura é 100 m, seguindo uma
direção que forma 60º com a margem.
a) Qual é a distância percorrida pela canoa?
b) Quantos metros desvia-se do rio abaixo em relação ao ponto de partida?
Tarefa 24: Qual é a área do triângulo ABC da figura, na qual AB = 4 cm e BC = 2cm ?
33
Traduzido do livro: “Geometry – Reasoning, Measuring , Applying”, Larson, Boswell & Stiff, p. 563, 2004.
117
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 18
Qual é a medida, em radianos, de um arco de 225º?
Problema 19
7π
Em que quadrante se localiza um arco de rad?
6
Problema 20
O ponteiro dos minutos de um relógio ao percorrer 20 minutos descreve um arco de
quantos graus?
60
?
45 15
30
118
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 2134
Um círculo tem um raio de 10 centímetros. Ache o comprimento do arco interceptado
por um ângulo central de 240º, como mostra a figura abaixo.
s
ș = 2400
R = 10 cm
Problema 2235
Um rolo cortador de grama cujo raio mede 10 polegadas faz 1,2 revoluções por
segundo, como mostra a figura abaixo.
a) Ache a velocidade angular do rolo em radianos por segundo.
b) Ache a velocidade do trator que está puxando o rolo.
10 pol
34
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 289,
2001.
35
Idem anterior.
119
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 26: Marque os arcos da tabela da atividade anterior num círculo trigonométrico,
conforme o exemplo dado, se Į = 120º
y
0
120
Tarefa 27: Num dia, o relógio marcava12 horas. Se assinalássemos 15h30min no relógio
nesse dia, qual seria a medida, em graus, percorrida pelo ponteiro
a) dos minutos b) das horas
π
Tarefa 2836: Se o ponteiro menor de um relógio percorre um arco de rad, o ponteiro maior
12
percorre um arco de:
π π π π
a) rad. b) rad. c) rad. d) rad. e) ʌ rad.
6 4 3 2
36
UFGRS-RS
37
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 294,
2001.
38
Idem anterior.
120
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 2340
Seja (-3, 4) um ponto do lado terminal de ș. Ache o seno, cosseno, e tangente de ș.
39
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 290,
2001.
40
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 314,
2001.
121
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 24
Uma rampa reta e plana de 12 m de comprimento une dois pisos horizontais de uma
praça. A medida Į do ângulo obtuso que a rampa forma com o piso inferior é tal que
cos Į = - 4/5.
Qual é a altura do piso superior, em relação ao piso inferior.
Problema 2541
Calcule as funções seno e cosseno nos quatro ângulos quadrantes 0, ʌ/2, ʌ e 3ʌ/2.
Problema 26
Resolver as questões abaixo:
a) Qual é o valor de sen120 0 + cos 510 0 ?
5π 3π
b) Qual é o valor de sen 2 + sen 2 ?
4 4
Problema 27
Dê o sinal de cada um dos seguintes números reais; fazendo sua representação no
círculo trigonométrico.
a) sen50 0 b) sen110° c) cos 200°
d) cos 400° e) cos 310° f) sen600°
Tarefa 35: Divida uma circunferência em 8 partes iguais e localize sobre ela as extremidades
dos seguintes arcos:
π 4π
a) rad b) -120º c) π rad d) − rad e) 330º
3 3
41
Idem anterior.
122
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 36: Desenhe uma circunferência e localize sobre ela as extremidades dos seguintes
arcos:
3π 5π 7π
a) rad b) 225º c) - 45º d) − rad e) rad f) – 360º
4 4 4
Tarefa 37: Há alguns valores que, devido à sua aplicação, são chamados de valores notáveis.
Tomando por base as definições de seno e cosseno e as atividades anteriores, complete a
tabela abaixo.
sen (x)
cos (x)
sen( x)
Tarefa 38: Usando a tabela da tarefa anterior e lembrando que tg ( x) = , complete a
cos( x)
tabela dos valores notáveis da tangente. (lembre-se de que não existe divisão por zero.)
tg (x)
Tarefa 39: Você verificou que, para alguns valores de x, a tangente não existe. Usando o
círculo trigonométrico, justifique a não existência da tangente nesses valores de x.
cos 0 0 ⋅ sen0 0 + cos 90 0 + sen90 0
Tarefa 40: Calcule o valor de A =
sen 270 0
senπ + cos π
Tarefa 42: Qual é o valor de ?
2 + tgπ
42
Fuvest-SP
123
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 44: Encontre os arcos correspondentes a cada ângulo nos outros três quadrantes e
determine o seno e cosseno de:
a) 30º c) 150º e) 120º
b) 45º d) 315º f) 225º
13π
Tarefa 45: Dado um arco que mede rad,
3
a) Transforme essa medida em graus.
b) Encontre a menor determinação.
c) Em que quadrante se localiza esse arco?
)
d) Localize aproximadamente esse arco AM no círculo trigonométrico.
)
e) Encontre a medida (negativa) em graus do arco AM da questão anterior.
124
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 2843
3
Usar os valores sec u = − e tg u > 0 para achar os valores de todas as seis funções
2
trigonométricas.
Problema 29
Para escorar um muro vertical localizado em um terreno plano e horizontal, foi usada
uma barra de ferro de 2,6m de comprimento, reta, apoiada em um ponto P do terreno e em um
ponto Q do muro. A medida Į do ângulo obtuso que a barra forma com o terreno é tal que
2 3
sec α = − . Determine a distância entre o ponto Q e o solo.
3
Problema 30
Uma rampa reta e plana, com 100m de comprimento, deve ser construída unindo dois
pontos com um desnível de 50m. Qual será a inclinação dessa rampa?
Problema 31
A partir do meio-dia, considere todos os arcos de medida x rad, com 0 ≤ x < 2π ,
descritos pela extremidade móvel do ponteiro dos minutos de um relógio, de modo que
tg 4 x − tg 2 x = 0 .
a) Esboce um esquema representando, no mostrador de um relógio, as posições desse ponteiro
para cada arco de x rad que é raiz da equação.
b) Qual é o tempo necessário para que esse ponteiro atinja a posição correspondente ao maior
arco possível do item a?
43
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 377,
2001.
125
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 32
Em um certo trecho, a largura de um rio é 40 m e suas margens são paralelas. Uma
ponte será construída em linha reta, oblíqua às margens do rio, ligando dois pontos A e B
dessas margens. A medida Į do ângulo agudo que a ponte formará com cada uma das
margens é tal que sec α = 2 ⋅ tgα . A distância entre os pontos A e B é:
45 3
a) 45 3m b) m c) 80m d) 60m e) 60 3m
2
Problema 3344
Simplifique a expressão senx cos 2 x − senx
Problema 3445
Fatore cada expressão:
a) sec 2 θ − 1
b) 4tg 2θ + tgθ − 3
Problema 35
É dada a equação 2 senx ⋅ cos x = senx
a) Resolver a equação no intervalo 0 ≤ x < 2π
b) Obter o número de raízes da equação no intervalo 0 ≤ x < 2π
c) Obter a soma das raízes da equação no intervalo 0 ≤ x < 2π
Problema 3646
a) Resolva 2 senx − 1 = 0
b) Resolva 3tg 2 x − 1 = 0
44
Idem anterior.
45
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 379,
2001.
46
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 392,
2001.
126
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 3747
a) Resolva 2 sen 2 x + 3 cos x − 3 = 0
b) Ache todas as soluções de cos x + 1 = senx no intervalo [0 , 2ʌ[
§ x·
c) Ache todas as soluções de 3 tg ¨ ¸ + 3 = 0
©2¹
3 π
a) Sabendo que senx = , com ≤ x ≤ π , determine o valor de cos x
2 2
4 π
b) Dado cos x = , com 0 ≤ x ≤ , calcule senx e tgx
5 2
π
c) Se sec x = 2 , com 0 ≤ x ≤ , determine cos x, senx, tgx e cot gx
2
π
d) Dado sec x = −2 , com ≤ x ≤ π , determine cos ecx
2
e) Sendo cos x = a − 1 e senx = a − 2 , determine o valor de a.
Tarefa 47
Resolva as questões abaixo:
m 3
a) Determine o valor de m que satisfaz, simultaneamente, as igualdades: sen( x) = e
3
6m
cos( x) = .
3
5
b) Sendo cos x = , x do 4º quadrante, calcule o valor de y = sen x + tg x.
13
d) Simplifique a expressão
(sec 2
)( )
x − 1 ⋅ cos ec 2 x − 1
1 + tg 2 x
47
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 395,
2001.
127
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 4949: Use os valores dados para avaliar (se possível) as demais funções
trigonométricas.
3 1
a) senx = , cos x =
2 2
5 3
b) cos sec θ = , tgθ =
3 4
2
c) sec θ = 2 , senθ = −
2
7 25
d) tgx = , sec x = −
24 24
§π · 3 4
e) cos¨ − x ¸ = , cos x =
©2 ¹ 5 5
2 2 5
f) sen(−x) = − , tgx = −
3 5
Tarefa 5050: Verifique que valores de x são soluções das equações abaixo.
1) 2 cos x − 1 = 0
π 5π
(a) x = (b) x =
3 3
2. cos sec x − 2 = 0
π 5π
(a) x = (b) x =
6 6
48
Traduzido do livro: “SAT II Math – The Princeton Review”, p. 162, 2003-2004.
49
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 381,
2001.
50
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 400,
2001.
128
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
3. 3tg 2 2 x − 1 = 0
π 5π
(a) x = (b) x =
12 12
4. 4 cos 2 2 x − 2 = 0
π 7π
(a) x = (b) x =
8 8
5. 2 cos 2 x + 3 cos x + 1 = 0
4π
(a) x = (b) x = π
3
6. sec 4 x − 3 sec 2 x − 4 = 0
2π 5π
(a) x = (b) x =
3 3
Tarefa 5151: Usando a substituição x = 2tg ș, 0 < ș < ʌ/2, expressar 4 + x 2 como uma
função trigonométrica de ș.
51
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 380,
2001.
129
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 38
Duas vigas, AB e CB , escoram uma parede vertical, de modo que os pontos A e C
do solo estejam em uma reta horizontal que passa por um ponto D da parede, conforme
mostra a figura:
Parede
3m
Į ȕ
Solo A 3m C 6m D
Determine a soma das medidas Į e ȕ, em graus, dos ângulos agudos que as vigas formam
com o solo.
Problema 3952
a) Ache o valor exato de cos75°.
π
b) Ache o valor exato de sen .
12
Problema 4053
4 π 12
Ache o valor exato de sen(u + v) , dado que senu = , com 0 < u < , e cos v = − ,
5 2 13
π
com <v<π .
2
Problema 4154
Simplifique cada expressão:
§ 3π ·
(a). cos¨θ − ¸ (b). tg (θ + 3π )
© 2 ¹
52
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards,
p. 404 - 405, 2001.
53
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 405,
2001.
54
Idem anterior.
130
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Como resultado desse trabalho feito fora da sala de aula, levar para essa sala as idéias
lá construídas para resolver, analiticamente, problemas que fazem uso dessas funções
trigonométricas observadas.
131
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
§ 5π π · 5π π
2. (a) cos¨ − ¸ (b) cos − cos
© 4 6¹ 4 6
( ) (
2
Tarefa 5457: Se x – y = 60º, então o valor de sen x + sen y + cos x + cos y )2
é igual a:
a) 0 b) 1 c) 2 d) 3 e) 4
Tarefa 5558
sen( x + h) − senx § senh · § 1 − cosh ·
a) Verifique que = (cos x)¨ ¸ − ( senx)¨ ¸ , onde h ≠ 0 .
h © h ¹ © h ¹
§ π· § π·
b) Ache todas as soluções de sen¨ x + ¸ + sen¨ x − ¸ = −1 no intervalo [0 , 2ʌ[.
© 4¹ © 4¹
55
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 408,
2001.
56
Idem anterior.
57
Fatec-SP
58
Idem anterior.
132
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 42
Imagine um balanço no playground. Quando nos movimentamos no balanço, na
verdade temos duas funções: a altura h(x) do banco do balanço em relação ao chão, que varia
em função do ângulo x, e a distância d(x) do banco do balanço em relação à reta
perpendicular ao chão, que passa pelo ponto A do varão, onde a corda do balanço está
amarrada, que, também, varia com o ângulo x. As duas funções variam de forma cíclica, o que
sugere sua investigação por uma função trigonométrica.
d(x)
C
h(x)
Vale destacar que a situação limita o domínio da função ao intervalo [- π/2 , π/2]. Para
investigar o problema, em detalhes, responder as seguintes questões:
(a) Qual a altura do varão onde a corrente do balanço está amarrada?
(b) Qual a medida do comprimento da corrente do balanço?
(c) Como utilizar a tabela construída, a partir dos dados coletados no parque, tanto para a
altura h(x) como para a distância d(x) para cada ângulo x medido?
(d) Como reconhecer, no experimento, as funções h(x) e d(x)?
(e) Como construir o gráfico dessas funções?
133
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 43
O perfil da telha ondulada, representada na figura abaixo, pode ser descrito pela
x
função f ( x) = 5 cos , em que os valores absolutos de x e f(x) indicam medidas em
2
centímetros. Determine as medidas h e d, indicadas na figura, sendo que A e B são cristas de
ondas.
Problema 44
Em uma fazenda, uma estrada reta liga duas porteiras A e B; outra estrada reta liga B a
uma porteira C, sendo CB = 5 km, m( BAˆ C ) = 30 0 e m(CBˆ A) = 105 0 .
134
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 4559
De um ponto A na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, avista-se um ponto P na
praia de Icaraí em Niterói (estes dois pontos estão em lados opostos do canal de entrada da
Baía de Guanabara). De um ponto B na praia do Flamengo, distante 1 km de A, também se
avista o ponto P (figura abaixo). Um observador no Rio de Janeiro mediu os ângulos
BAP = 119º e ABP = 52º. Qual é a distância entre A e P?
Problema 46
[
A função f(x) = sen x, x real, tem como gráfico a senóide que, no intervalo 0,360 0 , está ]
representada na figura abaixo.
π ʌ 3π 2ʌ x
2 2
-1
Se g(x) = a sen 3x, onde a real é diferente de zero, assinale como verdadeira (V) ou falsa
(F) cada uma das afirmações a seguir:
( ) O domínio da função g é igual ao domínio da função f, independente do valor de a.
( ) Para todo a, o conjunto imagem da função f está contida no conjunto imagem da
função g.
( ) O período da função g é maior que o período da função f.
59
Extraído da Coleção do Professor de Matemática da SBM - Temas e Problemas –Elon Lages Lima e outros
2001.
135
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Problema 47
a) Construa o gráfico da função y = −1+ sen x , dando o domínio, a imagem e o período:
b) Determinar o domínio, a imagem, o período e o gráfico da função definida por y = sen (2 x ) .
c) Construa o gráfico da função y = 3 + 2. cos x , dando o domínio, a imagem e o período:
d) Construa o gráfico, dê o período, o domínio e o conjunto imagem da função:
§ π·
y = cos¨ x − ¸ .
© 3¹
Após navegar mais 4 milhas até B, verifica o ângulo LBˆ C = 75 0 . Quantas milhas separam o
farol do ponto B?
60
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 325,
2001.
61
Idem anterior.
62
Idem anterior.
136
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 6363: A água utilizada na casa de um sítio é captada e bombeada do rio para uma caixa
de água a 50 metros de distância. A casa está a 80 metros de distância da caixa de água e o
ângulo formado pelas direções caixa de água – bomba – e caixa de água – casa é de 60º. Se se
pretende bombear água do mesmo ponto de captação até a casa, quantos metros de
encanamento serão necessários?
Tarefa 6464:
Suponha que a população de um certo predador, no tempo t (em meses), numa região é
§ 2π t ·
dada por P = 10000 + 3000sen¨¨ ¸¸ e a população de sua fonte principal de alimento (sua
© 24 ¹
2π t
presa) é dada por P = 15000 + 5000 cos . Use o gráfico dos modelos abaixo para explicar
24
as oscilações no tamanho de cada população.
Tarefa 6565
De uma praia é possível ver duas ilhas X e Y. Um observador assinala nesta praia dois
pontos A e B distantes 1 km entre si e, com seu instrumento, mede os seguintes ângulos:
XAY = 62º, YAB = 54º, ABX = 46º e XBY = 74º. Qual é a distância entre X e Y?
63
Unicamp-SP
64
Traduzido do livro: “Precalculus with limits – A graphing Approach” – Larson, Hostetler & Edwards, p. 342,
2001.
65
Extraído da Coleção do Professor de Matemática da SBM - Temas e Problemas –Elon Lages Lima e outros
2001.
137
Capítulo 5 A resolução do problema de pesquisa: estratégias e procedimentos
Tarefa 6666
Para calcular a distância entre duas árvores situadas nas margens opostas de um rio,
nos pontos A e B, um observador que se encontra junto a A afasta-se 20 m da margem, na
direção da reta AB, até o ponto C e depois caminha em linha reta até o ponto D, a 40 m de C,
do qual ainda pode ver as árvores.
D
C
Tendo verificado que os ângulos DCB e BDC medem, respectivamente, cerca de 15º e 120º,
que valor ele encontrou para a distância entre as árvores, se usou a aproximação da raiz
quadrada de 6 = 2,4?
66
Vunesp
138
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Capítulo 6
A aplicação do Projeto
6.1. Introdução
Todos sabemos que entre escrever um projeto e aplicar esse projeto há uma diferença
muito grande. Ainda mais, em nosso caso, onde pretendíamos aplicá-lo no segundo semestre
mas que, devido ao planejamento da Escola, o trabalho com Trigonometria deveria ser feito
no primeiro semestre.
A idealização de um projeto depende de muitas variáveis: local de aplicação, tempo
destinado para essa aplicação, a turma com quem ele seria trabalhado, a dinâmica organizada
para ela, o planejamento do professor da turma, os recursos destinados a ele, etc.
Assim, dentro das idéias que já tínhamos para organizar esse trabalho, foi preciso que,
junto à professora da turma, que havia sido membro do GTERP mas que nunca havia posto
em prática a metodologia de ensino-aprendizagem-avaliação de Matemática através da
resolução de problemas em suas salas de aula, fosse criado nosso projeto.
Inicialmente, avaliado o tempo destinado ao trabalho com Trigonometria nessa escola,
apoiados nas sugestões enviadas por nossa orientadora e no planejamento da professora da
turma e usando literatura nacional e estrangeira, levantamos as idéias centrais e muitas
situações-problemas que as gerassem.
Como se pode ver, nem todos os problemas selecionados por nós, no roteiro de
atividades, poderão ser trabalhados, com os alunos, dentro do período de tempo a ele
destinado. Assim, durante nosso trabalho, em sala de aula, muitos dos problemas propostos
no projeto, assim como muitas das tarefas escolhidas não puderam ser, de fato, trabalhadas em
sala, ou como trabalho fora dela. Entretanto, dentre os apresentados no projeto, apesar de não
terem sido trabalhados, mantiveram-se nele por os considerarmos bastante interessantes.
Faremos agora uma descrição de como ocorreu essa aplicação. Serão trabalhados, com
detalhes, alguns episódios ocorridos em cada semana de aulas onde, usando a metodologia de
ensino-aprendizagem-avaliação de Matemática através da resolução de problemas, novos
conceitos e novos conteúdos trigonométricos foram construídos com os alunos. A habilidade
de trabalhar algebricamente esses conceitos foi, muitas vezes, levada em consideração.
139
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
1ª semana – aulas 1 – 2 – 3 – 4 – 5
Na primeira semana de trabalho, observamos a preocupação da professora em revisar
alguns tópicos do conteúdo programático de Matemática já trabalhados com os alunos, tais
como: equação do 1º grau, equação do 2º grau e análise de gráficos.
Na 3ª aula dessa semana o pesquisador foi apresentado à classe. Falou sobre seu
projeto, pediu a colaboração dos alunos, falou que iria trabalhar dentro de uma metodologia
diferente, que trabalhariam em grupos e sempre a partir de um problema.
O pesquisador distribuiu os alunos em grupos e entregou, a cada grupo, uma cópia do
Problema 1 do projeto. Ele tinha por objetivo, ao pedir que resolvessem esse problema, fazer
uma revisão dos conjuntos numéricos, desde N até R.
Problema 1
“A letra E, na figura abaixo, é formada por dez unidades quadradas. Corte essa figura
em quatro partes que possam ser rearranjadas formando um quadrado”.
O problema pedia que a letra E, na figura acima, formada por dez unidades quadradas,
fosse cortada em quatro partes que pudessem ser rearranjadas formando um quadrado.
Os alunos, de início, fizeram tentativas para resolver esse problema. Ficaram
interessados por ele, mas não conseguiam chegar a uma resposta. Um dos grupos sugeriu que
se cortasse o E em 4 partes: dois retângulos 3x1, um retângulo 1x3 e um quadrado 1x1.
140
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Assim,
Com essas partes montariam um quadrado 9x9 e o quadradinho 1x1, no dizer deles,
seria colocado sobre um dos quadrados menores componentes do quadrado 9x9. Assim,
141
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
De fato. Dado E e sendo a área de cada quadrado unitário u2, então, a área de E é 10 u2.
Queremos quebrar esse E em quatro partes e ao rearranjá-las obter um quadrado de área
10u2. Assim, nosso quadrado seria
Mais uma vez o pesquisador perguntou: então, qual será o lado desse quadrado se sua
área vale 10u2?
Demos tempo para que pensassem, mas, mesmo assim, ninguém conseguiu responder.
Lembrei aos alunos que já havia falado com eles sobre números irracionais e que se a
área era 10u2 e a área do quadrado sendo l × l = l 2 = 10u 2 , então l = 10u .
Mais uma vez, o pesquisador intervindo perguntou: – onde na figura E podemos
encontrar 10u ? Ele precisou mostrar que a figura é formada por quadrados de lado u e
também por retângulos de lados 2u e u, 3u e u e 5u e u Considerando um dos retângulos
3u x u , pudemos, pesquisador e alunos, perceber que ele pode ser decomposto em dois
triângulos retângulos, ao traçarmos sua diagonal d. Lembrando o Teorema de Pitágoras,
vimos que:
(3u)2 + u2 = d2
Motivados por essa explicação, alguns alunos conseguiram perceber que se cortassem
o outro retângulo 3u x u da mesma maneira ficariam com quatro triângulos retângulos de
catetos u e 3u, e hipotenusa 10u .
142
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
3
3 5 pois ⋅5 = 3
5
3
0
5
143
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
B A B
A B A
C
C C E
E E D
D D
3 pizzas 5 pessoas
3 pizza
5 pessoa
3
Resposta: cada pessoa comeu de uma pizza inteira.
5
A decimal não exata será um número racional quando for uma dízima periódica
simples ou uma dízima periódica composta, pois as dízimas têm suas frações geratrizes.
144
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
3
5
dizendo o número de latas de cimento está para o número de latas de areia assim como 2 está
2 latas de cimento
para 5 e disse isto é uma razão, uma das personalidades do número racional,
5 latas de areia
que expressa uma comparação multiplicativa entre as duas grandezas: latas de cimento e latas
de areia.
Com duas latas de cimento e cinco de areia, disse ela, faço 7 latas de massa e, se quero
63 latas dessa massa, o que devo fazer? Quantas latas de cimento coloco? E quantas de areia?
Ao fazer 63 ÷ 7 , reconheço que multipliquei por 9 a quantidade de massa. Assim,
devo multiplicar por 9 a quantidade de cimento e a quantidade de areia. Logo 2 × 9 = 18 e
5 × 9 = 45.
Resposta: O pedreiro usará 18 latas de cimento e 45 latas de areia.
145
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
a c
Portanto, se = é uma proporção, vale sempre ad = bc.
b d
• Divisão em partes proporcionais
• Regra de três: simples e composta
• Misturas
• Porcentagem
• Descontos
• Juros simples e Juros compostos
• Taxas
• Escalas
• Semelhanças de triângulos
• Razões Trigonométricas
• Etc.
Somente no final da quinta aula é que tarefas extra classe foram selecionadas: tarefas 1, 2,
3, 4 ,5 e 6. Assim, somente no início da segunda semana é que a professora fez a correção de
algumas na lousa.
2ª semana – aulas 6 – 7 – 8 – 9 – 10
O início desta semana (aulas 6 e 7) foi marcante, quando o pesquisador, apoiado pela
professora, ao falar sobre seu projeto, falou com os alunos sobre um contrato, que seria
acordado entre professora e alunos, para estabelecer parâmetros necessários ao
desenvolvimento e à organização de um trabalho diferenciado nas aulas de Matemática. Esse
contrato, que chamamos Termo de Compromisso, apontaria os direitos e deveres de
professora e alunos.
Foi dito que, nesse Termo de Compromisso, cada aluno seria avaliado individualmente
nos itens: freqüência, tarefa, trabalho em grupo, participação nas diversas atividades e a prova
requerida por lei e pela instituição.
Uma primeira versão desse documento foi apresentada aos alunos e discutida, em
detalhes, com eles. Houve concordância e alunos e professora o assinaram.
Depois disso, o pesquisador apenas observou o trabalho da professora, embora
tivessem programado juntos o transcorrer das aulas dentro da metodologia adotada.
146
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 5
Carolina está parada em um dos cantos de um pequeno jardim retangular de lados 3m
e 4m. Ela deseja caminhar até o canto oposto, indo do ponto A até o ponto B (como mostra a
figura abaixo) e decide caminhar acompanhando os lados do jardim. Se Carolina tivesse
decidido caminhar pela diagonal, indo de A até B diretamente, em linha reta, quanto ela
caminharia a menos?
B
a) 1 m
b) 2 m
c) 3 m
d) 4m 4m
A 3m
A aula acabou. Não houve tempo para os alunos resolverem esse problema em classe.
147
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
A
a Å cateto  = 90°
cateto Æ b Bˆ + Cˆ = 90°
hipotenusa Aˆ + Bˆ + Cˆ = 180°
C c B
A A
C B C H B
Dividindo este triângulo com a linha pontilhada, obtiveram dois novos triângulos:
A A A
C H B C H H B
Utilizando então semelhança de triângulos, disse ela, podemos encontrar relações entre
as medidas dos lados destes dois novos triângulos e o triângulo original. Para isso, vamos dar
nomes às medidas dos lados destes dois novos triângulos, conforme mostra a figura a seguir:
a h b
m n
C H B
c
148
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Propriedade 1
Vamos começar considerando os triângulos HBA e ABC: Hˆ ≅ Aˆ , pois ambos são
ângulos retos. Pela propriedade AA, temos então: ∆ HBA ~ ∆ ABC. Da semelhança dos
b c
triângulos, devemos ter então = , de onde obtemos a relação: b 2 = c ⋅ n .
n b
Propriedade 2
Vamos agora considerar os triângulos HCA e ACB: observe que Hˆ ≅ Aˆ , pois ambos
)
são ângulos retos e C pertence aos dois triângulos. Então, a propriedade AA garante que ∆
a c
HCA ~ ∆ ACB. Da semelhança dos triângulos, devemos ter então = , de onde obtemos a
m a
relação: a 2 = c ⋅ m .
Propriedade 3
c⋅h
Vamos calcular a área s do triângulo ABC. Como sua altura é h, devemos ter: s = .
2
Entretanto, podemos colocar este triângulo em outra posição. Neste caso, sua altura é b e a
a ⋅b
área s é dada por: s = . Comparando as duas relações obtidas para a área s , encontramos
2
c ⋅ h a ⋅b
= , multiplicando ambos os lados por 2, obtemos a relação: c ⋅ h = a ⋅ b .
2 2
Propriedade 4
Pela propriedade anterior, disse a professora, sabemos que c ⋅ h = a ⋅ b . Isolando h nesta
a ⋅b a2 ⋅b2
igualdade, temos h = . Elevando ambos os membros ao quadrado, obtemos: h 2 = .
c c2
149
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Um dos alunos disse: professora, parece que a semelhança de triângulos foi usada
somente para deduzir as propriedades 1 e 2. O que a semelhança tem a ver com as áreas?
Disse, então, a professora: parece que não precisou mesmo. Mas, vejam que para
provar a propriedade 4, usamos as propriedades 1 e 2. Além disso, a propriedade 4 pode
também ser deduzida por semelhança. Para isso, verifique que os triângulos AHC e BHA são
semelhantes.
Para terminar, observem que, disse ela, pelas propriedades 1 e 2 temos a 2 = c ⋅ m e
b 2 = c ⋅ n . Assim, substituindo as expressões de a 2 e b 2 temos: a 2 + b 2 = c ⋅ m + c ⋅ n e, colocando
A
a
b
C c B
Aulas 9 e 10
Como já haviam sido revistos o conceito de razão, o Teorema de Pitágoras, e a
semelhança de triângulos retângulos, a professora, ao iniciar o tópico Trigonometria no
triângulo retângulo, chamou a atenção da importância dos conceitos que seriam trabalhados
nos problemas 6, 7 e 8, tanto para a matemática quanto para as ciências físicas, biológicas,
astronomia, engenharia e mais outras. Na vida prática disse ela, a aplicação destes
conhecimentos pode nos auxiliar na construção de objetos, como móveis, casas; na
demarcação de terrenos e áreas planas; na compreensão dos fenômenos óticos e em vários
outros tipos de cálculos que envolvam medidas de lados e ângulos num triângulo retângulo.
150
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 6
Observem os triângulos abaixo. Eles são de tamanhos diferentes. Entretanto, em todo
triângulo retângulo cujo comprimento do cateto menor dividido pelo comprimento do cateto
maior seja ½, o ângulo oposto ao lado menor mede 30°. Qual é o valor de x? Qual é o valor
de Į?
Į
Į Į
Į 3 2 x
1
30° 30° 30° 30°
2 6 4 21
α
B
151
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Sobre um dos lados do ângulo α, tomamos arbitrariamente os pontos A, A1, A2, A3,..., e
por estes pontos, traçamos perpendiculares ao lado BA , as quais encontram o outro lado do
ângulo, respectivamente, nos pontos C, C1, C2, C3,...
C C1
α
B
A A1 A2 A3...
Obtemos, assim, os triângulos retângulos ABC, A1BC1, A2BC2, ..., todos semelhantes
entre si. A partir deles, estabelecemos as seguintes proporções:
AC A1C1 A2 C 2
= = = ... = r1
BC BC1 BC 2
Vejam que a razão de semelhança r1 é a mesma, para todo triângulo semelhante a ABC,
com ângulo reto em A, A1, A2...
Analogamente
BA BA1 BA2
= = = ... = r2
BC BC1 BC 2
AC A1C1 A2 C 2
= = = ... = r3
BA BA1 BA2
AC
sen α =
BC
BA
cosα =
BC
O número r3 é chamado tangente do ângulo agudo α e indicado por:
AC
tgα =
BA
152
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Os números senα, cosĮ e tgα são chamados razões trigonométricas do ângulo α e não
dependem dos pontos A, A1, A2, ... . Só variam quando variar o ângulo.
C
a
b
B α
c A
AC cateto oposto b
senα = = =
BC hipotenusa a
BA cateto adjacente c
cos α = = =
BC hipotenusa a
AC cateto oposto b
tgα = = =
BA cateto adjacente c
Analogamente, temos que:
c b c
senCˆ = ; cos Cˆ = ; tgCˆ =
a a b
A partir daí, a professora perguntou: – qual das razões trigonométricas definidas é a
mais adequada para o Problema 6?
Os alunos responderam: – o seno não serve porque depende da hipotenusa. O cosseno
também não serve. A que serve é a tangente.
Nesse momento a professora pediu que calculassem tangente de 30º. Eles não sabiam
co x
identificar esse número, pois diziam tg 30 0 = = . Ela deixou esse problema em aberto,
ca 21
dizendo que nas próximas aulas isso seria trabalhado.
153
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
3ª semana – aulas 11 – 12 – 13 – 14 – 15
Aulas 11 e 12
Para trabalhar com triângulos retângulos especiais: (30º-60º-90º) e (45º-45º-90º), os
problemas 7, 8 e 10 foram selecionados.
Os alunos não tiveram dificuldade em perceber que no
Problema 7
No triângulo retângulo abaixo ache o valor de x.
3 3
45°
x
para achar a hipotenusa nesse triângulo especial (45º-45º-90º) bastava aplicar o Teorema de
Pitágoras. 32 + 32 = x 2
9 + 9 = x2
18 = x2
x = 18
Chegando a esse ponto, os alunos, em sua maioria, ainda não sabiam identificar que
tipo de número era esse encontrado para x.
Foi preciso que a professora interviesse e mostrasse que fatorando
18 2
9 3 18 = 2 x 32 e 18 = 3 2
3 3 ≅ 3 × 1,414 = 4,242
1
2 co
enveredou por outro caminho. Lembrando-se que sen45 0 = e que sen 45 0 = , escreveu
2 h
2 3 6 6 2 6 2
sen 45 0 = = então 2 x = 6 . Portanto x = = = = 3 2 ≅ 4,242 .
2 x 2 2 2 2
67
Esse aluno veio de uma Escola privada onde tivera Trigonometria na 1ª série do Ensino Médio.
154
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 8
Ache os valores de s e t (comprimentos de dois lados de um triângulo 30°-60°-90°) e
justifique os resultados.
A professora desenhou na lousa
60°
t s
30°
5
Já, no problema 8, houve mais dificuldade para os alunos pois, nesse triângulo
retângulo, pedia-se para encontrar os valores de s e t.
Aplicando o Teorema de Pitágoras, os alunos chegaram a s2 + 52 = t2 mas, diante de
uma equação com duas incógnitas, se assustaram e pediram ajuda.
A professora precisou mostrar que se agregassem ao triângulo retângulo dado um
outro triângulo retângulo congruente a ele poderiam obter um triângulo equilátero.
60°
D
Como num triângulo equilátero altura, mediana e bissetriz coincidem então CB é
altura, mediana e bissetriz no triângulo ACD, relativamente ao ângulo C.
AB = BD = s. Portanto AB + BD = 2s = t e, então s = t/2. Substituindo esse valor em
t2
s2 + 52 = t2, vem + 5 2 = t 2 logo, t 2 + 100 = 4t 2
4
100 = 3t 2
100 10 10 3 t 103 3 10 3 5 3
t = 2
, assim, t = e t= e ainda s = = = =
3 3 3 2 2 6 3
155
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 10
Uma rampa lisa, de 20 m de comprimento, faz ângulo de 30o com o plano horizontal. Uma
pessoa que sobe esta rampa inteira eleva-se verticalmente, em metros:
a) 17 b) 10 c) 15 d) 5 e) 8
É interessante notar que, neste problema, os alunos perceberam que sua resolução era
semelhante à do Problema 8.
Assim, os grupos, em sua maioria, trabalharam com mais confiança. Fizeram um
desenho representando o problema. Montaram um triângulo equilátero e perceberam que se o
lado era 20 m, então s = 10 m.
Aula 13
Nas tarefas deixadas 10 e 11, os alunos se apoiaram nos problemas feitos em classe
para realizá-las.
O objetivo desta aula para a professora era resolver essas tarefas fazendo uso dos
conceitos de razões trigonométricas nesses mesmos problemas.
Aproveitando a tarefa 10, a professora levou os alunos à construção de uma tabela,
para valores notáveis dos ângulos 30º, 45º e 60º.
Construiu o quadrado de lado 1 e traçou sua diagonal. Fazendo
Æx= 2
x
1 Æ Į = 45º
Į
1
co 1 2
Eles fizeram sen 45 0 = = =
h 2 2
156
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
ca 1 2
cos 45 0 = = =
h 2 2
co 1
tg 45 0 = = =1
ca 1
Para a Tarefa 11, a professora construiu o triângulo eqüilátero e atribuiu ao lado o
valor 2. Como já havia sido trabalhado o triângulo equilátero e confirmado que nele altura,
mediana e bissetriz se confundem, os alunos completaram os dados do triângulo dodo.
Assim
co 1 co 3
sen30 0 = = sen60 0 = =
h 2 h 2
30º 30º
2 2 ca 3 ca 1
cos 30 0 = = cos 60 0 = =
h 2 h 2
3
co 1 3 co 3
tg 30 0 = = = tg 60 0 = = = 3
60º 60º ca 3 3 ca 1
1 1
2
Alguns alunos questionaram a professora sobre a escolha dos valores dados aos lados:
ora 1, ora 2.
Justificativa: qualquer valor serviria. Esses foram escolhidos para facilitar os cálculos.
Com esses resultados foi construída a seguinte tabela:
3 2 1
cos
2 2 2
tg 3 3
1
3
157
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 12
Um observador está em um ponto A do aterro do Flamengo e vê o Pão de Açúcar
segundo um ângulo de 10º com o plano horizontal (medido com o teodolito). Ele anda em
direção ao seu objetivo até um ponto B distante 650m de A e agora vê o Pão de Açúcar
segundo um ângulo de 14º. Qual é a altura do Pão de Açúcar em relação ao plano de
observação?
Aulas 14 e 15
O objetivo principal para estas aulas era o de fazer com que os alunos
compreendessem melhor os conceitos trigonométricos trabalhados em sala de aula, através de
suas aplicações.
A atividade construção do teodolito foi aplicada na aula 14 com a orientação direta do
pesquisador.
Segundo Elon Lima e outros (2001), um teodolito é um instrumento que mede
ângulos, tanto no plano horizontal quanto no plano vertical.
Para medir uma distância inacessível, necessita-se de uma trena, que nada mais é do
que uma fita métrica comprida que possa medir distâncias relativamente pequenas no plano
horizontal e de um teodolito. A trena e o teodolito são instrumentos equivalentes à régua
graduada e ao transferidor quando trabalhamos no papel.
Os alunos já haviam sido avisados antes de que deveriam trazer o material necessário
para a construção de um teodolito caseiro.
Na sala de aula, com os alunos em grupos, o pesquisador distribuiu um roteiro para a
atividade construção do teodolito.
158
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
(VFROD(VWDGXDO´-RDTXLP5LEHLURµ
Curso: Ensino Médio
Série: 2.7
Disciplina: Matemática
NOME N°
• Objetivos:
¾ Construir um ou dois teodolitos por grupo.
¾ Reconhecer o funcionamento do teodolito
¾ Observar as semelhanças entre triângulos
¾ Compreender melhor os conceitos trabalhados em sala de aula, através da prática.
• Material necessário
159
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
1 – A precisão:
Cole a tampa do copo sobre o xerox do
transferidor. Ela será a base de rotação do
teodolito.
O centro da tampa deve coincidir com o do
transferidor. Alinhe os dois pontos usando o arame
fino como guia.
2 – O ponteiro:
O arame fino é o ponteiro do teodolito. Ele
permitirá fazer a leitura, em graus, no transferidor.
Para instalá-lo, faça dois furos diametralmente
opostos na lateral do copo, próximo de sua boca, e
passe o arame por eles, deixando-o atravessado no
copo.
3 – A mira:
O tubo de antena será a mira por onde se avistarão
os pontos a medir. Cole o tubo ou o cano fino na
base do copo, de forma que ele fique paralelo ao
ponteiro.
160
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Grupo 1:
Posicionados no pátio, os alunos receberam instruções do pesquisador sobre o
funcionamento do teodolito para resolverem o problema dado.
161
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Grupo 2:
Para o Grupo 2 foi dado, a pedido deles, um problema não constante do projeto. Os
alunos desse grupo fizeram um pedido inusitado: ao serem informados pelo pesquisador de
que teriam que medir a altura de algum objeto de difícil alcance, escolheram a fachada da
escola. Uma vez posicionados, os alunos receberam as mesmas instruções que o pesquisador
dera ao Grupo 1.
Grupo 3:
Vendo que o primeiro grupo já havia comentado o procedimento de sua atividade e
vendo que o segundo grupo tinha realizado suas medições fora da escola, este grupo, com
muitas meninas, também queria sair da escola. Atendendo a esse pedido, o pesquisador
apresentou o problema 16.
162
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 16
Utilizando o teodolito construído e uma trena, determinar a altura do poste da rua ao
lado da Escola, justificando todos os passos dados.
Grupo 4:
O pesquisador, após dar as instruções, entregou o seguinte problema:
Problema 17
Medir a altura, desde o chão até o topo, de uma antena parabólica situada no telhado
do corredor da Escola.
163
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
164
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Este foi um dos grupos que teve ótimo desempenho. Os alunos resolveram o problema
com o mínimo de erro. Porém, perguntaram ao pesquisador: – está certo? O pesquisador
disse: – perguntem, ao responsável pela manutenção da escola, qual é a altura desse prédio. A
resposta dada por ele apresentava uma pequena diferença da altura obtida pelos alunos. Como
garantir quem errou? Foram os alunos ou o responsável pela manutenção da escola que
forneceu a medida? O pesquisador disse que seria interessante usar um teodolito moderno
para se obter uma medida realmente precisa para os padrões atuais.
165
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Também, com a trena, mediram a distância do teodolito até à entrada. Porém, diferente
do Grupo 1, a distância era maior, ocasionando mais erros.
166
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Além da distância, a fachada não estava no mesmo nível, ou seja, eles tiveram que
desconsiderar os degraus. Por preguiça, mediram um único degrau e multiplicaram pelo
número de degraus, esquecendo-se de que estes poderiam não ser de mesma altura.
Foi uma surpresa para o pesquisador quando para efetuar a multiplicação, um dos
alunos usou um método que eu lhes havia ensinado, no dia de minha apresentação para a
turma, como pesquisador: a tabuada com os dedos. Nesse dia, o pesquisador lhes havia dito
que conhecia um processo rápido de multiplicação com os dedos. Ficaram curiosos. O
pesquisador falou que geralmente as tabuadas de 1 a 5 são de fácil aprendizagem. Mas que
alguns alunos têm problemas com as demais. Então, perguntou como utilizar os dedos para
realizar multiplicações nas tabuadas de 6 a 10? Como fazer 8x9 com os dedos? E apresentou
os seguintes passos:
1º) Identificar os dedos da mão da seguinte forma: atribuir o valor 6 para o menor dedo, 7
para o seguinte e assim sucessivamente até o valor 10 para o polegar, como mostra a figura.
167
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
2º) Encostar o dedo equivalente ao 8 no dedo equivalente ao 9 da outra mão, como mostra a
figura.
3º) O resultado será um número de dois dígitos, onde o número de dezenas será igual à soma
de todos os dedos que estiverem abaixo deles incluindo os que estão em contato, e o número
de unidades será igual ao produto do número de dedos que estiverem acima, como mostra a
figura abaixo. O resultado será a soma das dezenas com as unidades.
168
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
“jogar sujo”: mediram o objeto com a trena para verificar se o teodolito realmente funcionava.
Deu certo!
169
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Os alunos desse grupo também tiveram dificuldade em usar a trena, por causa do
trânsito. Devido às falhas relatadas, esse grupo não alcançou sucesso com esse experimento.
Ficou evidente, para nós, que se deveria providenciar antecipadamente uma corda de
isolamento junto à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Com ela, garantidamente, o
trabalho teria sido mais seguro e, portanto, teria atingido melhores resultados.
Grupo 4: outro grupo que não teve sucesso devido à falha na construção do teodolito foi este.
Não temos mais registros desse grupo porque a bateria da câmara fotográfica acabou
naquela hora. Foi realmente uma pena. Por outro lado, sempre aprendemos com os erros: é
sempre útil levar uma bateria de reserva.
170
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
4ª semana – aulas 16 – 17 – 18 – 19 – 20
Enquanto que, na 1ª e 2ª semanas, o pesquisador foi apenas um observador em sala de
aula, na 3ª semana, ele passou a ser um observador-participante, sendo que, nessa semana,
teve uma participação ativa com a construção e aplicação do teodolito. A partir desse instante,
professora, pesquisador e alunos passaram a atuar num ambiente mais propício a um trabalho
de Matemática através da resolução de problemas. Respeitando o Termo de Compromisso e
seguindo o mais de perto possível o projeto planejado, a metodologia adotada em nossa área
de trabalho estava se firmando, tornando possível ensinar, aprender e avaliar através da
resolução de problemas.
Nesta quarta semana, o compromisso professora e pesquisador foi se consolidando e a
aceitação, por parte de ambos, da metodologia adotada para a sala de aula, se refletiu no
trabalho com os alunos, seguindo mais comprometidamente o roteiro de aula, elaborado por
Onuchic que, em seqüência, diz: formar grupos e entregar uma atividade; o papel do
professor; resultados na lousa; plenária; análise dos resultados; consenso; e formalização (ver
p. 92 e 93).
Aulas 16 e 17 – Para estas aulas, o pesquisador participou mais ativamente no trabalho
de sala de aula. A Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da
Resolução de Problemas foi se firmando. Então, graus e radianos e suas medidas foram
trabalhadas a partir dos problemas 18, 19 e 20.
Atendendo aos objetivos do projeto, selecionamos esses problemas a fim de que
pudessem provocar nos alunos uma boa participação num trabalho envolvendo ângulos e suas
medidas. A professora colocou, ao mesmo tempo, os três problemas na lousa, pretendendo
comparar as duas diferentes unidades de medida.
Problema 18
Qual é a medida, em radianos, de um arco de 225º?
Problema 19
7π
Em que quadrante se localiza um arco de rad?
6
Devido a interesses da professora, os alunos trabalharam individualmente. Eles
copiaram os problemas e, quase que imediatamente, perguntaram: o que é radiano? A
professora, num trabalho expositivo, desenhou duas circunferências, reservou uma para graus
e outra para radianos.
171
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
π
rad
900 2
2700 3π
2 rad
172
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Aula 18
Nesta aula foi pedido aos alunos que formassem grupos. O problema 20 foi escrito na
lousa. Como os alunos haviam trazido variados objetos circulares, a professora lhes pediu
que, com um pedaço de barbante, levado por ela, medissem o comprimento da circunferência
e de seu diâmetro. Como os objetos eram diferentes, os alunos encontraram diferentes valores
para a circunferência e o diâmetro. Depois das medidas feitas a professora pediu que eles
dividissem o comprimento da circunferência pelo diâmetro e, então, os alunos perceberam
que os valores obtidos era muito parecidos entre si. Esse número obtido, na realidade, se
houver precisão nas medidas, é sempre o mesmo, é constante e vale 3,14159... e, como
decimal não exata e não periódica é um número irracional. O nome dado a esse número é ʌ,
lê-se pi, que é a letra grega correspondente ao nosso P.
Assim, chamando de C o comprimento da circunferência de raio r e de d o seu
C C
diâmetro, ela escreveu = π e como d = 2r, então, = π ∴ C = 2π r
d 2r
Problema 20
O ponteiro dos minutos de um relógio ao percorrer 20 minutos descreve um arco de
quantos graus?
60
?
45 15
30
Foi resolvido pelos alunos. Explorando, a professora pôde levantar muitas questões,
como por exemplo: a cada 5 minutos qual é o ângulo percorrido? Em que sentido o tempo é
percorrido?
Foi deixada a tarefa 28.
173
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Aulas 19 e 20
Com os alunos em grupos, foi enunciado na lousa o problema 21
Problema 21
Um círculo tem um raio de 10 centímetros. Ache o comprimento do arco interceptado
por um ângulo central de 240º, como mostra a figura abaixo.
s
ș = 2400
R = 10 cm
174
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
5ª semana – aulas 21 – 22 – 23 – 24 – 25
Romberg (1992, p.56) também diz que o termo pesquisa–ação refere-se a uma
estratégia de pesquisa usada para investigar situações de escolaridade, onde o pesquisador
assume o que precisa ser documentado e compreendido.
Nesta semana o pesquisador passou a atuar dentro da linha de pesquisa–ação. Ele foi, a
partir desse momento, um professor–pesquisador que trabalhou para produzir conhecimento
novo, contribuindo para discutir as ações sobre as questões abordadas e assumindo o que foi
preciso para ser documentado.
Aulas 21 e 22
Um objetivo para estas aulas era o de provocar os alunos com problemas apropriados
para a identificação do círculo unitário, a simetria de arcos e a redução de arcos ao 1º
quadrante.
Nas atividades programadas para estas aulas, nosso interesse primeiro foi o de adotar,
inteiramente, como dinâmica de trabalho, a Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação
de Matemática através da Resolução de Problemas.
Seis grupos foram formados. Foi entregue, por escrito, aos alunos o problema 24.
175
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 24
Uma rampa reta e plana de 12 m de comprimento une dois pisos horizontais de uma
praça. A medida Į do ângulo obtuso que a rampa forma com o piso inferior é tal que
cos Į = - 4/5. Qual é a altura do piso superior, em relação ao piso inferior?
Os grupos reunidos leram o problema e, como primeira ação, resolveram fazer uma
representação da situação.
O professor-pesquisador observou os grupos, acompanhando suas discussões sem
intervir nelas. Nesse momento, a professora da turma era observadora. Ela estava surpresa,
imaginando como os alunos poderiam ir em busca da solução sem que se lhes dissesse nada
sobre como proceder.
Visando à construção do conteúdo simetria de arcos trigonométricos e querendo que
os alunos soubessem reduzir arcos maiores a arcos do primeiro quadrante, o pesquisador
esperou receber, por escrito, as resoluções dos grupos para, então, na plenária, poder explorar
erros e acertos, antes de formalizar qualquer conhecimento construído.
O que parecia surpreendente para a professora aconteceu. Quando o pesquisador
começou a dar atenção aos questionamentos dos alunos nos grupos, eles queriam respostas.
Muitas vezes, o pesquisador precisou fazer uma revisão rápida sobre a classificação dos
ângulos: agudos, obtusos, complementares, suplementares, conceitos já conhecidos do Ensino
Fundamental.
Os grupos haviam desenhado a rampa e, só depois da fala do pesquisador, é que
compreenderam qual era o ângulo obtuso Į, no desenho. Também conseguiram encontrar a
medida do ângulo suplementar de Į, isto é, 180º - Į, um ângulo agudo na figura.
Como já haviam trabalhado a trigonometria no triângulo retângulo, aplicaram a esse
ângulo uma das razões trigonométricas e escreveram sen (180º - Į).
Diante das perguntas dos alunos, o pesquisador, já sabendo que conhecimento queria
construir com eles, fez uso de um caminho que imaginara para atingir seus objetivos. Falando
sobre o plano cartesiano, situou o triângulo no segundo quadrante e pediu aos componentes do
grupo, com o qual trabalhava, que procurassem dar sentido àquele dado do problema:
cosĮ = - 4/5. Parece que alguns entenderam o que foi dito e, então, souberam justificar a
posição do triângulo no segundo quadrante.
Os seis grupos entregaram, por escrito, suas resoluções. Notando que o tempo corria
rapidamente, o pesquisador pediu que dois, dos seis grupos, colocassem suas resoluções na
lousa. Todos os alunos foram chamados, como um grande grupo, para participar da plenária,
176
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
onde o pesquisador, tomando as rédeas do trabalho, começou a explorar, com todos juntos, as
resoluções colocadas na lousa.
O Grupo 2 apresentou sua resolução, correta, mostrando ter entendido o problema
quando o pesquisador lhes falou sobre a congruência de ângulos e sobre ângulos
suplementares. Usou a relação fundamental da trigonometria e, partindo de cos Į = -4/5,
encontrou o valor de sen Į.
177
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
178
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
179
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
N M
Į A
x
O
P Q
180
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
180º - Į Į
x
O
x
O
180º + Į
181
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
x
O
360º - Į
Aula 23
Foram corrigidas as tarefas 35 e 36. Parece que não houve dúvidas.
Nesta aula, nosso objetivo era o de trabalhar com ângulos especiais: 00, 90º, 180º, 270º
e 360º.
Além de seno, cosseno e tangente serão trabalhadas as funções recíprocas cotangente,
secante e cossecante.
Inicialmente, aos alunos em grupos, o pesquisador colocou na lousa o Problema 23,
fazendo com que eles calculassem funções trigonométricas de ângulos maiores do que 90º.
182
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 23
Seja (-3, 4) um ponto do lado terminal de ș. Ache o seno, cosseno e tangente de ș.
(-3 , 4) 4
2
r
-2
Este problema não ofereceu dificuldade à maioria dos alunos e não houve necessidade
de ajuda.
O Problema 25, também posto na lousa, tem por objetivo trabalhar os ângulos
notáveis, isto é, os ângulos quadrantes, aqueles que terminam nos eixos coordenados.
Problema 25
Calcule as funções seno e cosseno nos quatro ângulos quadrantes: 0rad, (ʌ/2)rad, ʌ rad
e (3ʌ/2) rad.
y π
2
ʌ 0
x
O
3π
2
Uma aluna, buscando sen 0, disse: – Professor, eu acho que é zero mas não sei
justificar.
O professor-pesquisador, então, perguntou: – Por que você acha isso?
Mais uma vez, os alunos olhando no círculo trigonométrico desenhado, puderam ver
que o seno, no primeiro quadrante, cresce de 0 até 1 e o cosseno decresce de 1 até 0.
Então, usando as definições de seno e cosseno escreveram
co 0 ca 1
sen0 = = =0 cos 0 = = =1
h 1 h 1
π co 1 π ca 0
sen = = =1 cos = = =0
2 h 1 2 h 1
co 0 ca − 1
senπ = = =0 cos π = = = −1
h 1 h 1
3π co − 1 3π ca 0
sen = = = −1 cos = = =0
2 h 1 2 h 1
Foram deixadas as tarefas 37, 38 e 39. Na tarefa 37 pedia-se para completar a tabela de
ângulos especiais. Na tarefa 38 pedia-se para completar a tabela com valores da tangente.
Aulas 24 e 25
Começamos estas aulas com a correção das tarefas 37, 38 e 39. A tarefa 37, completar
a tabela, exigia apenas colocar valores conhecidos. Já a tarefa 38 exigia o conhecimento do
conceito de tangente e, como não havíamos trabalhado essa função na aula anterior, houve
senx
uma pequena dificuldade. Os alunos precisavam substituir, na definição, tg x por , com
cos x
cos x ≠ 0 , e, precisavam também fazer uso da tabela anterior. Assim, houve operações com
frações e racionalização de números irracionais. Por exemplo:
sen 0 00 sen30 0 1
2 1 1 3 3
tg 0 =
0
= =0 e tg 30 =
0
= 2
= = = = .
cos 0 0
1 cos 30 0 2
3
2 3 3 3 3 3
184
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 26
Resolver as questões abaixo:
a) Qual é o valor de sen120 0 + cos 510 0 ?
5π 3π
b) Qual é o valor de sen 2 + sen 2 ?
4 4
Este problema foi feito pela maioria dos alunos pois exigia apenas conhecimento já
construído. Escolhemos discutir com detalhes apenas a questão (d).
Nessa questão, acompanhando o trabalho dos grupos, o professor-pesquisador
percebeu, ao andar pela sala de aula, que a maioria começou reduzindo 450º ao primeiro
quadrante, fazendo 450º 360º e, portanto, 1 volta mais 90º .
090º 1
Daí sen 450 0 = sen90 0 = 1 .
Analogamente, ao reduzir 13ʌ ao primeiro quadrante, fizeram 13ʌ 2ʌ , obtendo
1ʌ 6
portanto 6 voltas + ʌ. Daí, cos 13π = cos π = −1 .
Observamos que um dos grupos foi fazendo subtrações sucessivas de 2ʌ em 13ʌ. Assim, esse
grupo fez 13 ʌ - 2 ʌ - 2 ʌ - 2 ʌ -2 ʌ - 2 ʌ - 2 ʌ = ʌ. Assim deu 6 voltas e, ainda restou ʌ.
Alguns alunos, fizeram apelo à conversão de radianos para graus e, outros, usando a
calculadora, fizeram 13π = 13 ⋅ 180 , pensando em 13πrad = 13 ⋅ 180 0 = 2340 0 .
Depois fizeram 2340º 360º obtendo portanto, 6 voltas + 180º.
180º 6 Logo cos 13πrad = cos 180 0
E, sabendo que cos 180º = -1, concluíram que cos 13ʌ = -1.
Depois de terem achado os valores das parcelas foram, na maioria, quase que
obrigados pelo professor-pesquisador a apresentar a resposta do problema dado.
sen (450º) – cos(13ʌ) + tg(1845º) = 1 – (-1) + 1 = 1 + 1 + 1 = 3
6ª semana – aulas 26 – 27 – 28 – 29 – 30
Aulas 26 e 27
Para essas aulas foram selecionados, na ordem, os problemas 29 e 28. O objetivo
desses problemas é o de trabalhar identidades trigonométricas.
Com alunos já agrupados, por vontade própria, foi entregue aos grupos o problema 29.
Problema 29
Para escorar um muro vertical localizado em um terreno plano e horizontal, foi usada
uma barra de ferro de 2,6m de comprimento, reta, apoiada em um ponto P do terreno e em um
ponto Q do muro. A medida Į do ângulo obtuso que a barra forma com o terreno é tal que
2 3
sec α = − . Determine a distância entre o ponto Q e o solo.
3
186
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
2 3 1
Partindo de sec α = − e sabendo que sec α = , cos α ≠ 0 , os alunos
3 cos α
1 1 −3 −3 3 − 3
puderam escrever cos α = = 2 3 = = = mas lembrando que
sec α − 3 2 3 2 3 3 2
ca OP − 3 − 3 ⋅ 2,6m
cos α = , fizeram cos α = = . Então, OP = = − 3 ⋅ 1,3m e aí
h 2,6m 2 2
pararam.
Muitos deles não se lembraram, nem olhando para a figura, do Teorema do Pitágoras
com o qual poderiam ter trabalhado assim:
2
OP + d 2 = (2,6m) 2 onde d é a distância do ponto Q ao solo.
187
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
O Grupo 2, trabalhando muito bem esse problema, fez, com algumas correções do
pesquisador, assim:
188
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
2 3
alunos haviam chegado ao valor de cos Į, ao partir de sec α = − .
3
Daí para a frente o grupo pôde continuar a resolução do problema seguindo sugestões
do professor-pesquisador: a de fazer uso de identidades trigonométricas.
189
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
190
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Aula 28
As tarefas deixadas foram trabalhadas no início dessa aula.
Os alunos não tiveram dificuldade em trabalhar o problema 28 e as tarefas 46 e 47.
O objetivo desta aula é mostrar a diferença entre identidades e equações
trigonométricas.
Com os alunos formados em grupos foi entregue o problema 30.
Problema 30
Uma rampa reta e plana, com 100m de comprimento, deve ser construída unindo dois
pontos com um desnível de 50m. Qual será a inclinação dessa rampa?
Os alunos gostaram desse problema, parecido com aquele resolvido em sala de aula,
mas que pedia não uma distância mas um ângulo de inclinação.
Todos os grupos chegaram à solução do problema, apenas um deles precisou de ajuda.
As resoluções foram muito semelhantes.
191
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
O enfoque do professor foi o de chamar a atenção para o fato de que, neste problema,
50m 1
resolveu-se uma equação trigonométrica senα = = e buscando o valor de Į,
100m 2
chegaram a 30º.
O Grupo 4 soube, com palavras, resolver o problema.
192
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Aulas 29 e 30
Para estas aulas foram selecionados os problemas 31 e 32 e as tarefas 49 e 50,
constantes do roteiro de atividades. A idéia central, nessas atividades, foi a de resolução de
equações trigonométricas que, como se sabe, dependem muito da álgebra já construída.
Com os alunos distribuídos naturalmente em grupos foi entregue, por escrito, o
problema 31.
Problema 31
A partir do meio-dia, considere todos os arcos de medida x rad, com 0 ≤ x < 2π ,
descritos pela extremidade móvel do ponteiro dos minutos de um relógio, de modo que
tg 4 x − tg 2 x = 0 .
a) Esboce um esquema representando no mostrador de um relógio as posições desse ponteiro
para cada arco de x rad que é raiz da equação.
b) Qual é o tempo necessário para que esse ponteiro atinja a posição correspondente ao maior
arco possível do item a?
Em todos os grupos vimos que aparecia primeiramente o desenho de um relógio e que
se mostrava diferente do trabalho com círculos trigonométricos em que o ponto de partida não
era mais aquele indicado no círculo por A. Agora, o ponto de partida era meio-dia.
Ao lerem o enunciado do problema, houve muita discussão nos grupos. Que números
deveriam colocar no mostrador do relógio? 1, 2, 3, ... , 12 para as horas ou 15, 30, 45, 60 para
os minutos?
Era dada uma equação trigonométrica. Como achar suas raízes?
Alunos disseram: - Parece uma equação do 4º grau. Nunca ouvimos falar nisso. Um
dos grupos chegou até escrever SOCORRO. Foi preciso que o professor-pesquisador fizesse
intervenções fortes e levantasse muitos questionamentos, apelando para conhecimentos
matemáticos do Ensino Fundamental.
Vocês enxergam uma equação no problema?
Sim, há um sinal de igual entre os dois membros tg 4 x − tg 2 x = 0 .
O que vocês querem descobrir nessa equação?
O valor de x.
Como descobrir esse valor?
Responderam: - Aí é que está o problema. “Se fosse do 2º grau, aplicaríamos o
Báskara e buscaríamos o ǻ”.
193
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
O pesquisador disse: – Mas não é do segundo grau, e agora? Vocês não se lembram do
que já estudaram antes?
Trabalhando com um dos grupos, o professor-pesquisador pediu: – Escrevam a
equação do problema.
Eles fizeram tg 4 x − tg 2 x = 0 e o professor-pesquisador perguntou: – O que há de
comum nessas parcelas do primeiro membro? Vocês se lembram dos casos estudados em
fatoração algébrica? Qual era o primeiro caso?
Alguém respondeu: – pôr o fator comum em evidência?
Lembrando disso, escreveram tg 2 x (tg 2 x − 1) = 0 .
E o professor-pesquisador novamente perguntou: – Vocês se lembram que se um
produto é zero, pelo menos um dos fatores deve ser zero? Ou seja, se a ⋅ b = 0 , então, ou a = 0
ou b = 0 ou ambos são zero.
Isso não é visível em nossa equação?
Responderam, prontamente, sim!
Como nossa equação é tg 2 x (tg 2 x − 1) = 0 , então, para a questão (a), podemos separar
as seguintes possibilidades:
ou tg 2 x = 0 ou tg 2 x − 1 = 0
tg 2 x = 0 tg 2 x = 1
tgx = 0 tg 2 x = 1
Qual o valor de x tal que tgx = 0 tgx = ±1
Disseram Em que ponto, no intervalo 0 ≤ x < 2π ,
se tgx =
senx
= 0 , então tgx = 1 ?
cos x
π
Sabendo que tgx = 1 para x = e vendo que,
senx = 0 x = 0 rad 4
® , então ®
¯cos x ≠ 0 ¯ x = π rad devido à simetria pontual,
Como o problema pede 0 ≤ x < 2π , vemos π 5π
x = π rad + rad = rad é também
que os dois valores servem. Ainda mais, 4 4
que eles são simétricos. solução.
Em que pontos, no intervalo 0 ≤ x < 2π ,
tgx = −1 ?
3π 7π
Viram que, para x = e x= , a tgx = −1 .
4 4
194
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
195
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Na parte (b), que pedia o tempo necessário para que o ponteiro dos minutos atingisse a
posição correspondente ao maior arco possível do item (a), o Grupo 2 indicou apenas o maior
arco 315º.
Na verdade eles deveriam ter percebido que a 360º --------- 60 min
então 315º ---------- x
360 0 60 min
Como há proporcionalidade entre essas grandezas, existe a proporção =
315 0 x
360 60 min 60 min⋅ 315 315 min
e simplificando = . Logo x = =
315 x 360 6
196
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
7ª semana – aulas 31 – 32 – 33 – 34 – 35
Esta semana teve as três primeiras aulas realizadas em sala de aula. As aulas 34 e 35
foram reservadas para uma atividade extra classe.
Aulas 31 e 32
Os objetivos para estas aulas eram os de, através da resolução de problemas, chegar às
fórmulas de soma e diferença de arcos.
Nossos alunos, nessa turma, já estavam bastante animados com o trabalho em grupos e
sempre a partir de problemas. Havia interesse, da parte deles, em contribuir para o bom
desenrolar da construção de novos conceitos e novos conteúdos.
O professor-pesquisador entregou aos grupos, por escrito, o problema 38.
Problema 38
Duas vigas, AB e CB , escoram uma parede vertical, de modo que os pontos A e C
do solo estejam em uma reta horizontal que passa por um ponto D da parede, conforme
mostra a figura:
Parede
3m
Į ȕ
Solo A 3m C 6m D
Determine a soma das medidas Į e ȕ, em graus, dos ângulos agudos que as vigas formam
com o solo.
197
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Os grupos leram, como já era hábito, o problema sem perguntar nada ao professor-
pesquisador. Um dos alunos disse: – Que bom, o problema já veio com o desenho pronto. Vai
ser mais fácil para nós.
Apesar disso, não foi tão fácil assim.
O professor-pesquisador queria chegar, com esse problema, à fórmula do seno, do
cosseno e da tangente da soma e da diferença de ângulos, assunto que ainda não fazia parte do
conhecimento dos alunos.
Deu-se tempo aos alunos para pensarem mas, o professor-pesquisador dando chance
aos alunos de consultarem alguns livros existentes na sala de aula, fez com que esses alunos
identificassem algumas fórmulas que poderiam levá-los a resolver o problema mas, sempre
consultando o professor-pesquisador.
Três grupos entregaram ao professor-pesquisador suas resoluções.
O Grupo 4 resolveu o problema, sem saber da existência de fórmulas embora usando a
calculadora científica. A partir da definição de tangente, calculou a tg ȕ e, depois, com a
calculadora um valor aproximado de ȕ. Calculou a tg Į e, da mesma maneira, o valor
aproximado de Į, adicionando depois esses valores, chegou à resposta aproximada do
problema.
198
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
199
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
A’ B’
b
a
x
O A B
OB ' = cos b
No ǻ OB’C, ®
¯ B ' C = senb
A' B '
No ǻ CA’B’, sena =
CB '
No ǻ OB’C, senb = CB '
A' B '
Então sena ⋅ senb = ⋅ CB ' = A' B ' e como AB = A' B ' Então AB = sena ⋅ senb
CB '
OB
No ǻ OBB’, cos a =
OB'
No ǻ OB’C, cos b = OB'
200
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
OB
Então cos a ⋅ cos b = ⋅ OB ' = OB . Portanto OB = cos a ⋅ cos b
OB'
e como OA = OB − AB = cos a ⋅ cos b − sena ⋅ senb
Portanto cos(a + b) = cos a ⋅ cos b − sena ⋅ senb
O pesquisador disse aos alunos que, se em vez de (b) se tomasse (-b), sabendo-se que
cos(-b) = cos b e sen(-b) = - sen b, então,
cos(a − b) = cos a ⋅ cos(−b) − sena ⋅ sen(−b) = cos a ⋅ cos b + sena ⋅ senb
Assim, cos(a − b) = cos a ⋅ cos b + sena ⋅ senb
§π · (1)
°° sen¨ 2 + d ¸ = cos d
Sabendo que ® © ¹
π
°cos§¨ + d ·¸ = − send (2)
°¯ © 2 ¹
Então, a fórmula que encontramos para cos(a + b) nos leva a calcular sen (a + b).
§π ·
De (2) , fazendo d = a + b , sen(a + b) = − cos¨ + a + b ¸ ..............(3)
©2 ¹
Como cos(a + b) = cos a ⋅ cos b − sena ⋅ senb , então,
− cos(a + b) = − cos a ⋅ cos b + sena ⋅ senb .
§π · §π · §π ·
Em (3), − cos¨ + a + b ¸ = − cos¨ + a ¸ cos b + sen¨ + a ¸ senb
©2 ¹ ©2 ¹ ©2 ¹
§π · §π ·
Mas, por (1) e (2), cos¨ + a ¸ = − sena e sen¨ + a ¸ = cos a
©2 ¹ ©2 ¹
Então, sen(a + b) = sena ⋅ cos b + senb ⋅ cos a
Não houve tempo para trabalhar as outras expressões. Mas, mostramos aos alunos que
há uma Matemática que prova todas elas.
201
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Aula 33
Foi apresentado, na lousa, como fixação, o problema 39.
Problema 39
a) Ache o valor exato de cos75°.
π
b) Ache o valor exato de sen .
12
202
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Problema 40
4 π 12
Ache o valor exato de sen(u + v) , dado que senu = , com 0 < u < , e cos v = − ,
5 2 13
π
com <v<π .
2
O problema 40 foi posto na lousa, mas por falta de tempo, foi deixado como tarefa.
A tarefa 54 também foi deixada
O objetivo para essa atividade era que os alunos pudessem ver, na prática, a ocorrência
de funções trigonométricas.
Nestas duas aulas, nossa intenção era a de desenvolver mais um trabalho fora da sala
de aula, com algumas situações que envolvessem funções trigonométricas. Num primeiro
momento surgiram dificuldades, não parecia tão fácil fazer isso. Mas não desanimamos e
fomos em busca de alguma situação que pudesse atender à nossa intenção.
Num dos encontros do GTERP, o pesquisador fez comentários sobre essa idéia.
Durante as discussões, foram surgindo sugestões interessantes mas, a que mais
vingou, foi aquela de um dos membros do grupo que disse: – li num jornal de São Paulo um
artigo que falava sobre movimentos oscilatórios periódicos. Ele levantou a possibilidade de
amarrar uma corda numa árvore na qual uma pessoa se pendurasse e produzisse movimentos
oscilatórios.
Uma outra participante do grupo argumentou que não seria fácil encontrar uma
árvore, nas redondezas, que permitisse fazer isso. Todos, interessados, procuravam achar um
modo de fazer a idéia dar certo. Até que uma outra participante do grupo sugeriu ir-se até um
parque que tivesse balanços. Disse que ela conhecia um desses parques. Sabia onde ficava e
até seu nome: Parque Municipal Lago Azul.
Na quinta-feira feira, 5 de maio de 2005, pela manhã, fomos: o pesquisador e um
membro do GTERP fazer o reconhecimento do local. Lá, localizamos alguns balanços e
avaliamos os que estavam em condições para a coleta de dados.
203
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
204
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Deixamos a Escola por volta de 13h 45min e, em dois carros, fomos, oito alunos, o
pesquisador e dois membros do GTERP: um para participar da pesquisa e outro para
fotografar.
205
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Esse funcionário nos emprestou ferramentas para nivelar o chão e fixar o pontalete.
Também nos acompanhou durante todo desenvolvimento dessa atividade. Alguns alunos se
prontificaram a ajudar nessas tarefas.
Quando tudo já estava acertado: solo, pontalete, régua e transferidor,
o pesquisador pediu a uma aluna que se sentasse num dos balanços e se balançasse, fazendo
movimentos tanto no sentido horário quanto no anti-horário, tomando como referência o
transferidor.
206
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Então, foi apresentado, pelo pesquisador, aos alunos o seguinte problema: Quando nos
movimentamos no balanço, o que está acontecendo?
Esperando que eles fizessem referência ao ângulo indicado no transferidor, o que eles
responderam foi: – a menina está se levantando do chão.
Nesse momento, o membro do GTERP presente puxou um dos banquinhos do
balanço
e disse: – olhem, vejam que estou levantando o banquinho. Ao levantá-lo, pôde-se ver que a
altura h(x) do banco do balanço em relação ao chão variava em função do ângulo x marcado
no transferidor e, também, a distância d(x) do banco do balanço variava em ralação à reta
perpendicular ao chão (pontalete). Isso sugeria um trabalho com funções trigonométricas.
207
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
208
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Um dos membros do GTERP perguntou: – Se para cada medida do ângulo tem-se uma
medida correspondente da altura do banquinho em relação ao chão, tem-se aí uma função?
Todos estavam cientes de que se estava trabalhando com funções, um conteúdo que
eles haviam aprendido desde a 8ª série do Ensino Fundamental. Sentiam-se animados por
“ver” que a cada valor de x marcado no transferidor eles tinham um valor para a altura h(x),
do banquinho até o chão, e um valor para a distância d(x) do mesmo em relação ao pontalete.
O membro do GTERP enfatizou que qualquer medida feita por eles não seria exata,
mas que o erro cometido deveria ser o menor possível. Para ser mais precisa, deveriam ser
feitas várias medidas e obter-se a média dela.
Terminada a coleta de dados, retornamos à Escola. Quando chegamos, um dos alunos
se dirigiu ao membro do GTERP dizendo que a altura máxima ocorre quando o ângulo era de
90º. Esse aluno ainda estava pensando na atividade extraclasse que acabara de desenvolver.
Um outro aluno disse que se já conhecíamos as medidas no sentido horário, foi desnecessário
fazer as medidas no sentido anti-horário, pois havia simetria.
Os dados obtidos pelos oito alunos que participaram da atividade de campo no
playground estão refletidos na tabela abaixo.
Legenda:
h – altura do banquinho em relação ao chão
d – distância do banquinho em relação pontalete
s.a – sentido anti-horário
s.h. – sentido horário
8ª semana – aulas 36 – 37 – 38 – 39 – 40
Devido aos feriados e eventos escolares ocorridos nesse bimestre, nosso calendário
escolar ficou de certa forma prejudicado. No planejamento da professora da turma, a partir de
maio ela deveria iniciar um outro tópico do programa. Então, com trigonometria, o
pesquisador pôde somente usar três das aulas do projeto em duas semanas. Depois disso, a
sala voltou integralmente às mãos da professora da turma.
O pesquisador, que iria trabalhar as idéias centrais da parte final de seu roteiro, não
teve oportunidade de fazer isso. Parece que vencer todo programa ou quase todo é um
objetivo forte nas escolas. Assim, para nosso projeto foram destinadas as aulas 36, 37 e 38.
Aulas 36 e 37
Para essas aulas foi selecionado o problema 42. O objetivo desse problema era o de
fazer com que os alunos que foram ao parque, juntamente com seus colegas que não foram,
pudessem ver, agora, dentro de sala de aula, aqueles conceitos lá trabalhados.
Problema 42
Imagine um balanço no playground. Quando nos movimentamos no balanço, na
verdade temos duas funções: a altura h(x) do banco do balanço em relação ao chão, que varia
em função do ângulo x, e a distância d(x) do banco do balanço em relação à reta
perpendicular ao chão, que passa pelo ponto A do varão, onde a corda do balanço está
amarrada, que, também, varia com o ângulo x. As duas funções variam de forma cíclica, o que
sugere sua investigação por uma função trigonométrica.
210
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
d(x)
C
h(x)
Vale destacar que a situação analisada limita o domínio da função ao intervalo [- π/2 , π/2].
Para investigar o problema, em detalhes, os alunos deverão responder as seguintes questões:
(a) Qual a altura do varão onde a corrente do balanço está amarrada?
(b) Qual a medida do comprimento da corrente do balanço?
(c) Como utilizar a tabela construída, a partir dos dados coletados no parque, tanto para a
altura h(x) como para a distância d(x) para cada ângulo x medido?
(d) Como reconhecer, no experimento, as funções h(x) e d(x)?
(e) Como construir o gráfico dessas funções?
211
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
1,6m
2-h
2m
d
C B
h
CB d
Para achar d(x), olhando no desenho, escreveram senx = = e, devido à
AC 1,6m
proporcionalidade, d = senx ⋅ 1,6m . Como d varia em função do ângulo x, então
d ( x) = senx ⋅ 1,6m .
A questão (e) pedia a construção dos gráficos. Nessa questão os alunos se mostraram
mais confusos. Esqueceram-se dos dados da tabela construída no parque e não sabiam o que
fazer.
212
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Com ajuda do pesquisador, a maioria dos alunos, dando valores a x, buscavam obter
valores para h(x) e d(x). Um dos alunos, ao buscar valores que gerassem pontos para o gráfico
de d(x), usando a calculadora, chegou a seguinte tabela:
0 0 d(x) = 0x1,6m 0
π 1
30º = = 0,5 d ( x) = 0,5 ⋅ 1,6m 0,80
6 2
π 2
45º = = 0,7 d ( x) = 0,7 ⋅ 1,6m 1,12
4 2
π 3
60º = = 0,8 d ( x) = 0,8 ⋅ 1,6m 1,28
3 2
π
90º = 1 d ( x) = 1 ⋅ 1,6m 1,60
2
O pesquisador, então, pediu que todos comparassem os resultados obtidos nesta tabela
com os resultados da tabela construída a partir dos dados coletados.
Eles perceberam que os resultados eram um pouco diferentes. Como justificar essas
diferenças perguntou o pesquisador? Qual das tabelas é mais confiável?
Responderam que se os cálculos, feitos em sala de aula, estivessem corretos, eles
confiariam mais no cálculo matemático pois, argumentaram, que quando se mede com as
mãos podemos cometer erros.
Faltou, na tabela feita em sala de aula computar os ângulos negativos: - 30º, - 45º, -
60º, - 90º que seriam uma fonte para perceber a simetria das curvas.
Também não foi muito explorado o conceito de periodicidade dessas curvas nem no
parque, nem na sala de aula, embora um aluno, que foi ao parque, na volta à escola, tenha dito
ao membro do GTERP que “se conhecíamos as medidas no sentido horário era desnecessário
fazer as medidas no sentido anti-horário, pois havia simetria”.
Para a construção do gráfico da função d(x) os alunos utilizaram os valores dados na
tabela feita em sala de aula, conhecidos os valores de sen x para determinados valores do
ângulo.
213
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
d(x) m
2
1,6
1,2
1,1
1
0,8
0 π π π π x
6 4 3 2
Analogamente, para construir o gráfico de h(x), foi preciso construir uma tabela,
utilizando valores de cos x, em sala de aula com a ajuda do pesquisador.
0 1 h( x) = 2m − 1,6m ⋅ 1 0,4
π 3
30º = = 0,8 0,6
6 2
h( x) = 2m − 1,6m ⋅ 0,8
π 2
45º = = 0,7 h( x) = 2m − 1,6m ⋅ 0,7 0,8
4 2
π 1
60º = = 0,5 h( x) = 2m − 1,6m ⋅ 0,5 1,2
3 2
π
90º = 0 h( x) = 2m − 1,6m ⋅ 0 2
2
214
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
h(x) m
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0 π π π π x
6 4 3 2
E verificamos que através desses gráficos muito do que aconteceu no parque pôde ser
relatado.
Aula 38
Esta seria a última aula nossa para o desenvolvimento do projeto.
Aos alunos, em grupos, foi entregue o problema 43, cujo objetivo era o de construir
gráficos de funções.
Problema 43
O perfil da telha ondulada, representada na figura abaixo, pode ser descrito pela
x
função f ( x) = 5 cos , em que os valores absolutos de x e y = f(x) indicam medidas em
2
centímetros. Determine as medidas h e d, indicadas na figura, sendo que A e B são cristas de
ondas.
215
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
Como tínhamos, nesse dia, uma única aula, e os alunos, que não sabiam trabalhar com
arco metade, estavam confusos, o pesquisador, para não perder tempo, chamou todos os
alunos para juntos trabalharem na resolução desse problema.
O pesquisador perguntou: – O que este problema está pedindo? Quais são seus dados?
Como relacioná-los?
Chamou à lembrança deles, o que havia acontecido no parque. Perguntou: – Aqui
também precisamos falar em altura e distância? Há alguma função trigonométrica expressa
neste problema?
x
Nesse momento, responderam: – Sim, é a função f ( x) = 5 cos .
2
Vocês saberiam construir uma tabela para essa função, com os valores de ângulos
π 3π
notáveis: 0rad, rad, ʌ rad, rad e 2ʌrad, como fizeram para as funções y = senx e
2 2
y = cos x onde o argumento era x e a amplitude 1?
Juntos com os alunos, na lousa, o pesquisador registrou uma tabela para a função
y = cos x .
x
Dizendo que o argumento, no problema dado, era , e então, a tabela deveria registrar
2
também isso, desde que na função na função o argumento era dado pela metade de x.
x
Passou-se a construção da tabela para f ( x) = 5 cos vendo que, a amplitude agora
2
x
era 5 e o argumento .
2
O que isso significa perguntou o pesquisador?
x
Vamos construir o gráfico de f ( x) = 5 cos e buscar resposta a esse problema.
2
x
Queremos construir o gráfico de f ( x) = 5 cos .
2
Sabendo que o domínio da função y = cos x é o conjunto dos números reais e sua
amplitude é 1, quando tomarmos, para argumento, a metade do arco temos que a amplitude
continua a mesma mas o argumento se modifica proporcionalmente.
x
No nosso problema, f ( x) = 5 cos . Então, a amplitude se altera. É agora 5, isto é,
2
x
− 5 ≤ y ≤ 5 , e o argumento leva a um período de 0 a 4ʌ, porque metade cabe duas vezes
2
216
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
§ X ·
dentro do todo ¨ x = X = 2 x ¸ . Então os pontos notáveis dos períodos se mostram
© 2 ¹
assim:
y f ( x) = 5 cos
x
5 2
0 π ʌ 3π
2
2ʌ 3ʌ 4ʌ x
2
-1
y = cos x
-5
217
Capítulo 6 A aplicação do Projeto
2π
Também, no gráfico, pode se ver que d = = 4π onde d é o período da função
1
2
x
f ( x) = 5 cos .
2
Assim, h = 10cm e d = 4ʌ rad.
Foram deixadas as tarefas 56 e 57.
218
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
Capítulo 7
7.1. Introdução
Para esta atividade, buscaremos o que ficou evidente depois de colocado em ação
nosso procedimento geral - a aplicação do projeto de trabalho em sala de aula, com tudo o que
se refere às ações dos alunos, da professora e do pesquisador.
Sobre coletar evidências, Romberg diz que este passo pode ser dado livremente, desde
que se tenha decidido coletar informações suficientes para a construção de um argumento que
leve em consideração a pergunta feita.
A primeira vez que conversamos com a professora da turma, com relação ao projeto
de trabalho para a sala de aula e definição da data de sua aplicação, foi no mês de fevereiro de
2005. A partir daí, o pesquisador, de forma adequada na pesquisa, desempenhou um papel
determinante na coleta de dados.
219
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
220
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
Pedimos aos alunos, em cada grupo, que entregassem, por escrito, cada atividade
trabalhada. Apoiado nelas, o professor passava à formalização dos tópicos matemáticos
planejados para o dia. Esse material constituiu-se em mais um conjunto de dados, este com o
objetivo de auxiliar na análise dessa atividade. Desta forma garantia-se ter um registro mais
completo. Além disso, pediu-se aos alunos que fizessem reproduções escritas, em seus
cadernos, dessas atividades concluídas.
Acreditávamos que, para avaliar o progresso dos alunos, não seria suficiente atribuir-
lhes uma “nota”, por meio de uma prova bimestral, como a lei exige. Então, como estava
combinado com eles, no Termo de Compromisso, haveria outros componentes para sua
avaliação. Assim, durante o decorrer das aulas ficávamos, professora e pesquisador,
observando com freqüência as reações e as maneiras de os alunos se portarem durante as
atividades e, por esse motivo, principalmente, fizemos uso dessa produção escrita.
221
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
O recurso das atividades recolhidas por escrito, individualmente ou em grupo, tem tido
uma aceitação crescente por parte dos professores que procuram implementar um sistema de
avaliação coerente com o trabalho realizado na aula. Contudo, há um conjunto de questões
que se colocam ao professor quando ele pretende pedir uma atividade por escrito aos seus
alunos: O que é uma atividade por escrito em Matemática? Que indicações podem ser dadas
para a sua realização? Como os avaliar nessas atividades por escrito?
Com os alunos, durante o horário normal de atividades, foram levantados
questionamentos, sempre com o objetivo de que o trabalho desenvolvido por eles, nos grupos,
estivesse relacionado às atividades de resolução de problemas a serem entregues por escrito.
Para nós, uma atividade recolhida por escrito é uma produção escrita em forma de
texto. Estes textos, elaborados pelos grupos de alunos, com o objetivo de comunicar, de
maneira escrita, o processo de resolução do problema, servem para reconhecer de que modo
cada atividade pode contribuir para sua aprendizagem e, também, para registrar o
desenvolvimento do grupo durante sua realização.
7.2.1.4. Entrevistas
222
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
1. Que mudanças a senhora acredita serem necessárias para haver eficiência na “nova
escola” pretendida?
Vontade política, reflexão profunda da Universidade, no que se refere à formação inicial
das Licenciaturas, e parcerias dos mais diversos segmentos da sociedade com a escola
pública.
2. Quanto é dever da Direção e da Coordenação da escola, amparadas pela Diretoria de
Ensino, propor um trabalho efetivo, junto aos professores, para mudanças em
conteúdo (O quê) e métodos (como) na Matemática?
Orientar, dar suporte, acompanhar o Plano de Trabalho dos componentes da matriz
curricular principalmente durante os períodos de planejamento, replanejamento, HTPCs
(horas de trabalho pedagógico coletivo). Possibilitar e disponibilizar tempo para
orientação técnica e/ou cursos oferecidos pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino.
Manter um acervo específico de cada disciplina sempre disponível para a utilização do
professor, tanto para seus estudos, como para utilização em sala de aula.
3. A senhora acredita que as propostas colocadas, para a Matemática do Ensino Médio
nos PCNs, se apresentam razoáveis para a prática de sala de aula?
Sim, entretanto ainda falta maior preparação dos professores. Sua formação inicial está
(ainda) voltada à visão do conteúdo como fim e os PCNs colocam o conteúdo como meio
para desenvolvimento de competências e habilidades no educando.
4. Os projetos, apresentados por estudantes do Programa de Pós-Graduação em
Educação Matemática, da UNESP, colaboraram, de alguma forma, para uma
mudança importante para o trabalho nas salas de aula desta instituição?
Com certeza. Pena que aconteceu em apenas uma sala e, como o professor não foi
formado para um trabalho coletivo, não apresentou o projeto para seus companheiros de
disciplina.
5. Em sua instituição nosso projeto fez com que os alunos se animassem diante da nova
metodologia, por nós aplicada em sala de aula. Como vocês respondem a isso?
6. Como Resolução de Problemas, na sua opinião, pode contribuir para a criação de
uma “nova Escola”?
7. Como vê a senhora um trabalho diferenciado partindo de problemas do cotidiano e
aplicações para serem explorados em sala de aula?
223
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
Também, depois da aplicação do projeto, foi feita uma entrevista com a professora da
turma.
1. Qual foi sua reação quando lhe fizemos a proposta para desenvolver parte de nossa
pesquisa em suas aulas de Matemática?
Quando você falou que iria à escola e eu fiquei sabendo que iria dar aulas para as
turmas da tarde, que não eram tão voltadas para o Vestibular... que os alunos não eram tão
esforçados... que não eram “bons alunos”... fiquei preocupada. Não era o que eu esperava
pois, até então, acreditava que eu daria aulas de manhã, onde os alunos, não que sejam
melhores, mas sim mais esforçados, que geralmente têm objetivos de prestar o Vestibular...
continuar seus estudos... e isso implica num maior esforço na disciplina.
Quando você confirmou que iria fazer sua pesquisa e eu recebi a confirmação de que
daria aulas para algumas turmas da tarde, fiquei com certo receio de até comprometer sua
pesquisa ou de que você não conseguisse o resultado esperado, até sabendo que você queria
apenas observar o que iria acontecer.
Na minha primeira reação, fiquei assustada, com medo de decepcionar, porque a classe
era considerada “fraca” e eu não a conhecia. O período da tarde é tido, em geral, como fraco e
224
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
há muita evasão. As classes são muito “rotativas”, isto é, com muita mudança de alunos, e,
por isso, minha primeira reação foi de receio.
Depois que eu vi que você aceitou encarar...que a dona Lourdes gostou da idéia de os
alunos terem dificuldades em Matemática, de não serem “alunos ideais”, então percebi que
era uma oportunidade de eu aprender mais até como professora, de estar oferecendo a eles, os
alunos, alguma coisa diferente e de estar ajudando você, mas sabendo que mais me ajudando
do que o ajudando. Então, passei a ver com bons olhos... o receio deu lugar a uma expectativa
grande quanto à experiência.
2. Em sua opinião, que participação você acredita ter tido no desenvolvimento dessa
pesquisa?
Não sei se eu ajudei muito na sua pesquisa. Só sei que, em sala de aula ou quando
estávamos em campo, minha participação foi no sentido de seguir suas orientações, de
maneira a ajudar. Mas não acredito que eu tenha tido uma participação muito grande. Fiz meu
papel de professora normal, orientando os alunos e tentando fazer o possível para que você
pudesse fazer seu trabalho de pesquisa.
225
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
4. Se não havia ainda usado essa metodologia, de que forma ocorria seu trabalho com
Trigonometria em suas aulas de Matemática?
Como falei, eu acho que a usava sem explicitar e não de uma maneira tão correta como
deveria ser. Mas, quando fiz o trabalho, com essa turma, em Trigonometria, geralmente
começava com muitos problemas envolvendo triângulo retângulo, atividades com eles
medindo, usando régua, transferidor e esquadro. Fiz uma atividade com eles para que
constatassem algumas coisas como as medidas de uma árvore, de um prédio, distâncias ... são
situações-problema e, por isso, são essenciais. Mas o problema era dar continuidade ... que, de
repente, isso se “quebrasse”... e começava aquela matemática formal. Acho que isso ficou a
desejar. Mas, no início do ensino de Trigonometria, eu trabalhava bastante com problemas e
depois formalizava as propriedades.
226
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
227
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
8. Depois das atividades desenvolvidas pelo pesquisador em sua sala de aula, como você
gostaria de abordar o trabalho, com Trigonometria, com alunos de Ensino Médio?
Com certeza vou rever meu trabalho com trigonometria. Acho que, por enquanto, não
vou dar aulas para o Ensino Médio, mas já pensei em trabalhar a parte de medidas e
construção do teodolito. Até aprendi a fazer um outro, usando compasso que é bem preciso.
Acho que esse trabalho, com material concreto, onde os alunos vão e fazem medidas e
vêem que aquilo é uma situação do dia-a-dia, é importante e quando eu for trabalhar com esse
assunto de novo, se for possível, se eu tiver condições, na classe, de me preparar para fazer
um trabalho diferente, envolvendo material manipulativo, diferente do tradicional, onde você
só explica e o aluno capta, onde aqueles que têm mais condição conseguem entender e os que
não têm acabam “boiando” ... mas isso envolve muita coisa ... eu teria que estudar tudo isso,
ver a quantidade de alunos, material ... , falta material ... você quer construir o teodolito. Você
manda que tragam ... mas um transferidor eles não vão trazer, eles não vão comprar. A escola,
às vezes, também não oferece xerox, não oferece nada. Há coisas que você não pode pegar e
tem que oferecer fichas de trabalho que, às vezes, você tem que tirar do seu salário, que é um
salário horrível.
Às vezes, para um trabalho como esse, o professor é acomodado. A gente se acomoda
... eu me acomodei .... Não estou querendo justificar essa inércia, mas a gente se acomoda
porque se você vai fazer uma coisa diferente, ela pode não funcionar, as classes estão lotadas
e você vê que é melhor ficar no tradicional. Há alunos que não respeitam o trabalho que você
faz e, então, você se acomoda por que é mais fácil. Material e recursos não se tem. Tudo isso
faz você se limitar. Atividades desse tipo exigem planejamento. Quanto tempo você, Roger,
não se preparou para ir para lá? E você é um professor experiente.... Exige um tempo para
você parar e refletir para preparar uma aula. Muitas vezes, o professor dá 40 aulas por
semana. É sobre-humano. Eu conheço um professor que dá 60 aulas. Quando um professor
vai ter tempo ou vontade de fazer alguma coisa diferente? Esse tempo era para estar incluído
na carga horária dele ... um tempo para preparar a aula dentro da escola.
Enquanto não tivermos condição acho que será difícil mudar. Por outro lado se
tivermos vontade e não desanimarmos, podemos fazer um trabalho legal e eu vou tentar ...
vou tentar fazer um trabalho diferente.
228
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
1. Inicialmente, nesta entrevista, gostaria que você falasse um pouco sobre o que
ocorreu antes de realizarmos uma das atividades de campo por nós escolhida.
Em março de 2005, a nossa orientadora viajou para os Estados Unidos para participar
de um congresso do NCTM, e eu fiquei, a pedido dela, acompanhando de perto seu trabalho
de pesquisa. Fomos em busca de problemas de Trigonometria vinculados ao cotidiano.
Num primeiro momento, tivemos dificuldade em localizar problemas desse tipo.
Como sugestão de nossa orientadora, tivemos a oportunidade de ir até o campus da USP, em
São Carlos. Lá, conversamos com uma professora68 do Departamento de Matemática do
ICMC – USP, que havia desenvolvido um trabalho de Matemática com resolução de
problemas, num projeto FAPESP, voltado para alunos do Ensino Médio de uma escola
pública de São Carlos, visando ao nosso interesse em trabalhar Trigonometria.
Ela nos recebeu muito bem e de pronto, para nossa decepção, nos informou que os
problemas sobre trigonometria, dos quais ela tinha conhecimento eram, na realidade, muito
artificiais. Era uma decepção, pois nesse encontro estávamos em busca de problemas
envolvendo funções trigonométricas associados a uma matemática que está além da sala de
aula. Dissemos a ela que, na verdade, acreditávamos que as aplicações das funções
trigonométricas pudessem ser muito interessantes. Ela, a professora, reconheceu isso e nos
ajudou, de certa maneira, fornecendo algumas fitas de vídeo que traziam problemas
associados a lançamentos de foguetes, mas que fugiam um pouco do cotidiano.
68
Dra. Edna Maura Zuffi.
229
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
balanços, para que eles mesmos percebessem que o movimento feito pelo balanço é
oscilatório e periódico e coletassem os dados. Depois, como sugestão, que em sala de aula
fossem construídos gráficos das funções que representam o movimento do balanço e que, na
verdade, são funções trigonométricas envolvendo seno e cosseno.
Essa idéia era interessante. Mas para sua prática tínhamos algumas dúvidas, tanto que
a discutimos em uma das reuniões do GTERP, com vários membros do grupo, incluindo
Marcos e Raquel que, com entusiasmo, levantaram as condições que teríamos de impor para
realizar esse evento com os alunos. Por exemplo, como deveríamos visualizar os ângulos, se
seriam ângulos notáveis ou não, quais instrumentos deveríamos usar: régua, esquadro,
transferidor, compasso ... . Enfim, o que nos seria útil nessa situação de fora da sala de aula.
Ouvimos as considerações dos elementos do grupo. Anotamos da melhor maneira
possível, e realizamos, no dia 5 de maio de 2005 esse atividade com os alunos.
Por outro lado, para desenvolver o trabalho em sala de aula, já tínhamos vários
problemas que nossa orientadora havia sugerido, por correio eletrônico, visto que estava nos
Estados Unidos. Tínhamos uma correspondência bastante freqüente com ela e ela nos pediu
que fôssemos até sua casa para retirar dois livros que tratavam a Trigonometria em geral,
tanto no triângulo retângulo quanto no círculo trigonométrico e cujos problemas eram
bastante apropriados ao trabalho para a sala de aula.
Como já dissemos, nossa intenção era a de desenvolver trabalhos também para fora da
sala de aula, com situações que tratassem funções trigonométricas. Podemos dizer que, num
primeiro momento, surgiram muitas dificuldades para tornar isso possível. Mas não
desanimamos e pudemos ir em busca de uma situação que fosse desenvolvida fora da sala de
aula, já que, para a sala de aula, tínhamos alguns problemas já elaborados, com enunciados
conhecidos e que não apresentavam dificuldades para o desenvolvimento do trabalho em sala
de aula.
justamente para possibilitar a medida da altura onde o balanço estava fixado. Prontamente
fomos atendidos e conseguimos essa régua. O técnico que nos atendeu até chegou a montá-la
para nós. Depois nos dirigimos ao Departamento de Matemática da UNESP de Rio Claro,
buscando conseguir um transferidor grande de madeira. Não o encontramos lá. Achamos,
então que ele poderia ser encontrado na Escola Estadual Joaquim Ribeiro. De fato, lá o
encontramos.
Uma vez que havíamos conseguido a régua, fomos à Escola e encontramos a
professora que nos cedeu o transferidor. Os alunos já estavam em sala de aula, dispostos em
grupos. O pesquisador, que me acompanhava, havia levado alguns problemas. Distribuiu-os
entre os grupos e os alunos logo se empenharam em resolvê-los. Também estava presente,
nessa ocasião, a professora Luciana, participante do GTERP, que, a pedido do pesquisador
portava uma câmara fotográfica para documentar, não só a nossa presença, mas, também, a
atividade que seria desenvolvida no parque.
Depois de alguns instantes, conversando com a professora da turma, nos retiramos da
sala de aula com um grupo formado por apenas oito alunos, pois só tínhamos dois carros para
nos levar. A professora permaneceu em sala de aula para trabalhar com os demais alunos um
problema curioso deixado pelo pesquisador, utilizando a Metodologia de Ensino-
Aprendizagem de Matemática através da Resolução de Problemas. Dirigimo-nos, então, ao
parque e ao chegarmos, procuramos um funcionário que nos auxiliasse. O senhor Noel foi
designado para essa função e, bastante solícito, nos acompanhou durante todo o
desenvolvimento da atividade.
Durante a parte da manhã já havíamos escolhido uma estaca, que ele (senhor Noel)
fixou para servir de suporte para o transferidor de madeira. Ao lado deste, fixamos a régua
usada pelos topógrafos.
Naturalmente tínhamos uma preocupação com o solo, pois este se mostrava arenoso e
com alguns desníveis, mas para nossa atividade esse deveria ser o mais plano possível. Com
um pouco de trabalho, alguns alunos ajudaram o senhor Noel a puxar a areia e deixaram o
solo nas condições que desejávamos.
Na seqüência, pedimos a uma aluna que se dirigisse ao balanço, se sentasse no
banquinho e se balançasse periodicamente. Esse movimento foi desenvolvido tanto no sentido
horário como no anti-horário, tomando como referência o transferidor.
Os alunos, aos poucos, foram se envolvendo com a atividade. Alguns se posicionaram
para fazer anotações e outros queriam medir. Medir o quê? Quando o balanço se deslocava
em relação à estaca vertical, tínhamos uma variação em relação a esta e a altura do banquinho
231
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
em relação ao solo, já que o balanço estava fixado a aproximadamente 2 metros do solo. Dois
alunos, um de cada lado, seguravam o banquinho na marca do ângulo desejado. Identificamos
alguns ângulos notáveis em ambos os sentidos: horário e anti-horário, 30º, 45º e 60º,
justamente para que os dados pudessem ser coletados.
Numa das situações, recordo que um aluno disse “se nós já tivermos as medidas no
sentido horário, pra que fazer no sentido anti-horário? Elas serão as mesmas”. Perceba que o
aluno já estava compreendendo muito bem aquilo que estava acontecendo.
De certa maneira, todos os alunos se envolveram. Todos estavam cientes de que
estávamos trabalhando com funções, um conteúdo que eles já haviam aprendido na 1ª série
do Ensino Médio, e eles notavam que, a cada valor da medida do ângulo em relação à estaca
vertical, tínhamos um valor para a medida da distância do banquinho em relação a ela e um
valor para a medida da altura dele em relação ao solo.
Voltando à escola, alguns alunos foram refletindo sobre a situação desenvolvida no
parque. Um deles me perguntou: - “Quando o ângulo era de 90°, naturalmente o banquinho
estaria na altura máxima em relação ao solo, não é verdade?” Respondi que sim. Ele havia
sozinho refletido sobre essa possibilidade.
Os alunos se envolveram de tal maneira que certamente essa atividade marcou a todos
eles que tiveram a oportunidade de participar dessa aula de Matemática fora da sala de aula.
Aproveitando os dados coletados, o pesquisador nos disse que desenvolveria, com
esses alunos, a construção dos gráficos das funções relacionadas com o movimento do
balanço, que nada mais são do que funções trigonométricas.
232
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
233
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
234
Capítulo 7 Finalização da Pesquisa
tirar dúvidas e perguntavam muito. Pena foi, disse ela, que dois grupos não foram
capazes de construir corretamente o teodolito e, conseqüentemente, os resultados não
foram bons. Em sua fala, o trabalho de construção deveria ter sido acompanhado mais
de perto.
Na entrevista realizada com um membro do GTERP, filmada gravada e transcrita,
foram coletadas as seguintes evidências:
• Os problemas idealizados no projeto para abordar Trigonometria, tanto no triângulo
retângulo quanto no ciclo trigonométrico, eram bastante apropriados para um trabalho
diferenciado em sala de aula, através de suas resoluções.
• Situações-problema envolvendo trigonometria, para um trabalho em sala de aula
foram encontradas em literatura nacional e estrangeira. Mas surgiram, para o
pesquisador, muitas dificuldades para tornar possível o desenvolvimento de trabalhos
fora da sala de aula, com situações que envolvessem funções trigonométricas.
• Todos os alunos que tiveram oportunidade de participar da aula de Matemática
realizada no playground (fora da sala de aula) envolveram-se com a coleta de dados.
Alguns se posicionaram para fazer anotações e outros queriam medir. Medir o quê?
Com esses dados coletados o pesquisador pretendia construir, em sala de aula, gráficos
das funções trigonométricas relacionadas ao movimento do balanço.
• No final da aula 7, a professora propôs o Problema 5 aos alunos. A aula acabou e não
houve tempo para que os alunos resolvessem esse problema em classe. Na aula
seguinte, a professora, ao iniciar seu trabalho, não o retomou, porque acreditava que os
alunos deviam aprender antes todos os conceitos e conteúdos necessários à resolução
daquele problema. Ela não estava, ainda, muito envolvida com nossa metodologia.
Também os problemas 9 e 11, que envolviam aplicações interessantes do mundo real,
não foram trabalhados pela professora. Ela, mais uma vez, mostrou que acreditava que
ainda era necessário trabalhar bem as bases da trigonometria no triângulo retângulo,
antes que os alunos pudessem resolvê-los.
• Para resolver o Problema 10, os grupos, em sua maioria, trabalharam com mais
confiança. É interessante notar que, neste problema, os alunos perceberam que sua
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que essas dissertações ou partes delas cheguem às mãos dos professores que estão atuando
nos Ensinos Fundamental e Médio, contribuindo assim para uma reflexão desses professores
sobre suas próprias práticas.
Das evidências coletadas, foram selecionadas aquelas que atendem melhor à pergunta
norteadora de nossa pesquisa.
Um planejamento anual bem organizado, preocupado com conteúdo, metodologia,
número de aulas, disponibilidade de tempo para preparo de material didático e cumprimento
de exigências legais torna-se necessário para o desenvolvimento de um trabalho que quer
fazer uso da Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da
Resolução de Problemas.
Iniciando nosso trabalho com os alunos da turma escolhida, fizemos um debate com a
classe buscando esclarecer alguns pontos sobre a dinâmica de sala de aula adotada,
destacando a importância da Matemática para suas vidas e a necessidade que se tem em
utilizá-la sempre.
O Termo de Compromisso refere-se às regras que podem orientar professor e aluno
no decorrer das atividades estabelecidas para um trabalho organizado e eficiente. Esse
documento, preparado para ser obedecido ao longo do ano letivo, tem, por finalidade, fazer
com que o professor possa desenvolver seu trabalho dentro de um ambiente que compreende
um conjunto de comportamentos do aluno esperados pelo professor e, de outro lado, um
conjunto do professor esperados pelo aluno.
A necessidade do Termo de Compromisso é justificada pelo fato de o jovem de
nossa sociedade não ter muito compromisso com a aprendizagem escolar. Também
podemos notar que há falta de compromisso dos profissionais da Educação para formar
cidadãos capazes de agir e modificar o seu meio.
O Termo de Compromisso tem como objetivo principal a formação do cidadão. Um
cidadão que conhece seus direitos e seus deveres. Nesse sentido, compreende-se a cidadania
como participação social que adota, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, respeito e
cooperação.
Na realização desta pesquisa, durante a coleta de dados na aplicação do projeto, demos
destaque especial às atividades produzidas pelos alunos durante o desenvolvimento das tarefas
propostas, pois seguramente acreditamos que a Metodologia de Ensino-Aprendizagem-
Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas constitui-se num bom
caminho para a construção de conceitos e conteúdos trigonométricos.
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As atividades propostas por nós foram encaradas como ponto de partida para o
desenvolvimento de conceitos trigonométricos. Estas atividades consistiam de problemas
geradores, que tinham como finalidade propiciar a criação de um ambiente de aprendizagem,
na sala de aula, em que a partir de problemas os alunos construíam os conceitos, promoviam
discussões em grupos e reflexões, com a turma toda, sobre o trabalho realizado e favoreciam
o aprendizado.
As pesquisas realizadas por Holdan (1995) mostraram que o tempo gasto em tarefas
extraclasse contribui, de maneira modesta, mas significativa, para melhorar o desempenho
dos alunos. As tarefas extraclasse constituem uma parte essencial do processo de ensino.
Alguns elementos para uma prática eficaz são: distribuir a prática ao longo do tempo é
preferível a concentrá-la; tarefas que incluem oportunidades de exploração de tópicos futuros
são preferíveis àquelas que não as incluem; a prática, no mesmo contexto, facilita a
aprendizagem inicial e a prática de conteúdos múltiplos facilita a transferência.
A seguir, analisamos duas atividades extraclasse, uma envolvendo a construção do
teodolito e outra focalizando o movimento do balanço no playground.
Na construção do teodolito, os alunos tiveram várias dúvidas, principalmente com
relação ao uso do instrumento. Tanto o pesquisador quanto a professora deveriam ter
verificado a precisão de todos os instrumentos construídos, já que não queriam explicar
antecipadamente seu funcionamento, objetivando aguçar a curiosidade dos alunos. Devido a
isso, dois grupos construíram o teodolito de maneira imprecisa, ou seja, quando o teodolito
era posicionado na vertical, a haste não ficava alinhada com o ângulo zero. No entanto, eles
acreditavam ter feito de maneira correta, pois achavam que o teodolito seria usado na
horizontal. Assim, quando foram medir distâncias inacessíveis no pátio da Escola e numa rua
próxima à mesma, não puderam medir corretamente os ângulos.
A professora ao ser questionada sobre a construção do teodolito em sala de aula e sua
aplicação no pátio da Escola disse que o envolvimento dos alunos na atividade com o
teodolito foi muito legal e que, quando os alunos voltaram para a sala de aula, queriam tirar
dúvidas e perguntavam muito. Em sua fala, o trabalho de construção deveria ter sido
acompanhado mais de perto.
Na aula de Matemática realizada no playground, ao movimentarmos o balanço, foi
possível perceber que ele se deslocava em relação à estaca vertical. Assim, tínhamos uma
variação em relação a esta e à altura do banquinho em relação ao solo, já que o balanço
estava fixado a aproximadamente 2 metros do solo. Todos os alunos que tiveram
oportunidade de participar dessa aula mostraram-se bastante envolvidos com a coleta de
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dados. Eles estavam cientes de que estávamos trabalhando com funções, um conteúdo que já
haviam aprendido na 1ª série do Ensino Médio. Também notaram que a cada valor da medida
do ângulo em relação à estaca vertical, tínhamos um valor para a medida da distância do
banquinho em relação a ela e um valor para a medida da altura dele em relação ao solo.
Alguns deles se posicionaram para fazer anotações, enquanto outros realizavam medições.
Com os dados coletados o pesquisador pretendia construir, em sala de aula, gráficos das
funções trigonométricas relacionadas ao movimento do balanço.
É preciso que os professores estejam realmente comprometidos com o
desenvolvimento contínuo do ensino. Sabemos que as ações dos professores podem
encorajar ou desencorajar os estudantes quanto a pensar, questionar, discutir suas idéias,
resolver problemas e buscar suas soluções. Nesse sentido, deveria haver uma reflexão
profunda da Universidade, no que se refere à formação inicial do professor, para que possa
haver uma mudança necessária que permita eficiência na “nova escola” pretendida. Além
disso, os diretores e coordenadores das escolas deveriam dar suporte e acompanhar o plano
de trabalho de cada disciplina durante os períodos de planejamento, replanejamento e
horas de trabalho pedagógico coletivo. Amparados pela Diretoria de Ensino, também
deveriam possibilitar e disponibilizar tempo para orientação técnica e/ou cursos oferecidos
pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino.
Nos Standards 2000, na página 22, está escrito “A avaliação deveria apoiar a
aprendizagem de matemática essencial e dar informações úteis tanto aos professores quanto
aos estudantes”. Van de Walle diz que mais do que isso, ela deveria ser feita pelos estudantes,
para guiar e aumentar sua aprendizagem.
Uma avaliação continuada transmite aos alunos o quê de Matemática é importante.
Com avaliações constantes, os alunos podem estabelecer objetivos e se tornarem aprendizes
mais independentes. Por ganharem continuamente informações sobre o progresso e a
compreensão do aluno, os professores podem tomar melhores decisões que apóiem a
aprendizagem do estudante. A habilidade de integrar a avaliação com o processo de ensino é
decisiva para aumentar a aprendizagem e melhorar o ensino.
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7.4. Conclusões
Ao concluir nossa pesquisa, destacamos aspectos relevantes do trabalho com
Trigonometria no Ensino Médio apoiado na Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação
de Matemática através da Resolução de Problemas.
O tema Trigonometria vem ocupando lugar de destaque no currículo das disciplinas de
Matemática nas escolas de Ensino Médio e Superior. No estudo desse tema, as funções
trigonométricas têm grande importância, pois podem ser aplicadas tanto no dia-a-dia quanto
na Ciência e na alta Tecnologia.
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que estavam aprendendo, a estabelecer relações, a obter mais profundas percepções acerca da
Matemática e a aumentar suas habilidades em resolução de problemas.
Acreditamos que a Matemática deve levar os alunos a pensar, a levantar idéias
matemáticas, a comunicar-se ao falar e escrever sobre elas, a desenvolver formas de
raciocínio, a estabelecer conexões entre temas matemáticos e não matemáticos e a
desenvolver a capacidade de resolver problemas, explorá-los, generalizá-los e até propor
novos problemas a partir deles.
Em nossa pesquisa, os alunos, ao resolver problemas em sala de aula, se engajaram em
todos os cinco padrões de procedimento descritos nos Standards 2000, ou seja, resolveram
problemas, raciocinaram matematicamente, compartilharam idéias e desenvolveram sua
própria compreensão na construção de conhecimentos matemáticos, fizeram conexões entre
idéias matemáticas, tornando sua compreensão mais profunda e mais duradoura e utilizaram
representações matemáticas. Na verdade, esses alunos tiveram a oportunidade de conhecer
Matemática e de fazer Matemática.
Não há dúvida de que ensinar a partir de problemas é difícil. As atividades precisam
ser planejadas ou selecionadas a cada dia, considerando a compreensão dos alunos e as
necessidades de atender ao conteúdo programático.
Poderíamos ter aplicado nosso projeto de trabalho, idealizado para estudar
Trigonometria na e além da sala de aula, desde o começo do trabalho com Trigonometria, mas
não foi bem assim que aconteceu, porque a professora já havia começado a abordar o tema de
acordo com seu planejamento da disciplina.
Não conseguimos trabalhar com todos os problemas planejados, por falta de tempo
especialmente no final da aplicação do projeto. Por dificuldade de conseguir problemas para
realizar aplicações de matemática fora da sala de aula, fizemos uso de situações-problema que
simulavam problemas do cotidiano.
Embora estivéssemos mais preocupados com o processo de Ensino-Aprendizagem de
Matemática, no trabalho realizado em sala de aula consideramos a avaliação integrada a esse
processo. A avaliação foi contínua e exigiu uma investigação sobre os procedimentos
adotados para cada aula, a partir de cada problema trabalhado, visando melhorar o progresso
tanto dos alunos quanto o do professor. Através da resolução de problemas pudemos prover
dados de avaliação contínua que foram usados para tomar decisões instrucionais.
A experiência com os alunos e a professora envolvidos em parte de nossa pesquisa foi
muito boa e eles puderam perceber uma nova forma em aprender e fazer Matemática através
da resolução de problemas.
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Referências
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