Barroco e Brites, 2022
Barroco e Brites, 2022
Barroco e Brites, 2022
Capít ulo 2
1. Particularidades da ética
.
M tituir como um ser éti'co, pois a
to para se cons d
A •
dade social, sustentam a capacidade humana de orientar eticamente a exis-
justo, injusto etc.), é supos inde endentemente da concor ancia ou tência do ser social.
ética implica julgamentos de valor ( p
A constância ou coerência em termos da práxis ética, o que Heller (1998,
não com os valores). . _ . , dio etc.) é também uma exigência
, . d pa1xoes (raiva, o , . d p. 138) trata como "firmeza de caráter", reside na vida orientada continua-
O autodommio as 'vência ética democrahca, onde
. , . para uma conv1 mente por motivações humano-genéricas, que se elevando acima da singu-
da sociabilidade; prmapio. . fundamental: a alteridade, ou o respeito laridade, trabalha regularmente de modo consciente para reforçar seu próprio
a relação com uma categoria é~ca à tegoria ética responsabilidade, uma caráter (BARROCO, 2016b, p . 78).
i se também, ca
ao(s) outro(s)• Re e~ ' d _ e'ti'cas na medida em que eles assu-
. diví uos sao , Portanto, a relação ética entre consciência, liberdade, sociabilidade e
vez que as escolhas d oS m . .
- A nsequências sociais. . _ alteridade objetiva-se na responsabilidade do indivíduo, cuja práxis gera
mem que suas açoes tem co
_ 'ti' exige que O indivíduo ultrapasse a dimensao alternativas de valor e exige escolhas conscientes em face das finalidades e
Dessa forma, a açao e ca . .
. 'd d lt d xclusivamente ao atendimento das necessida- dos riscos envolvidos nas decisões de valor. Segundo Heller (2000, p. 25), é
de sua smgulan a evo a ae . d
· com O "nós" a exemplo de atitu es como o necessária "a concentração de todas as nossas forças na execução da escolha
des do "eu" para se relaaonar '
· d d companheirismo etc. (BARROCO, 2016b, p. 58). (ou decisão) e a vinculação consciente com a situação escolhida e, sobretudo,
altruísmo, asolidane a e, O
, · 'ti' a a soo'abilidade é mediada pela liberdade. No,,entanto, com suas consequências".
Napraxise c, .
com isso não estamos afirmando o princípio liberal segundo o qual a minha A práxis ética é dirigida à universalidade dos valores, sendo motivada
liberdade termina onde começa a do outro",4 pois esse princípio supõe uma por exigências humano-genéricas. Isso quer dizer que a práxis supõe a sus-
liberdade individualista, ou seja, uma liberdade que não pode ser comparti- pensão da dimensão singular do indivíduo -mergulhada nas exigências da
lhada com ninguém. Isso significa que o egoísmo presente no individualismo cotidianidade - para o estabelecimento de objetivações orientadas por va-
nega a própria ética, pois ela supõe a sociabilidade, ou seja, a coexistência lores que representam conquistas emancipatórias do gênero humano, a
soáal e a alteridade. exemplo da liberdade.
A ética supõe que - nas escolhas entre alternativas de valor - o in- Tendo a liberdade e a emancipação humana como fundamentos, a
divíduo não seja coagido, isto é, deve ter um mínimo de participação cons- ética alimenta as escolhas de valor voltadas à ampliação e à liberação de
ciente nas escolhas, pois, no caso de o indivíduo ser obrigado a decidir pelo forças e capacidades humanas essenciais, e à superação dos impedimentos
uso da força, psicológica ou física, ele não executaria uma escolha conscien- à sua manifestação. ·
te e livre. Essa questão é complexa no contexto da alienação, em que as
escolhas são perpassadas por influências ideológicas, determinações socio-
econômicas e pela luta de classes. Ao mesmo tempo, sendo histórica, a li- 2. Ética e política
berdade não é absoluta e, nesse caso, ela se realiza em graus de menor ou
maior objetividade. Com o desenvolvimento histórico do ser social e a constituição das
. ~ atributos h~os essenciais construídos a partir do trabalho - a sociedades de classe, fundadas na propriedade privada dos meios de pro-
~ d e , a consoencia, a teleologia, a universalidade e a liberdade - , d ução, na divisão social do trabalho e na exploração do trabalho, os valores
aliceiçad~ no caráter alternativo das ações humanas, nas escolhas de valor ético-morais desenvolvem-se em face de relações complexas e contraditórias.
e na capacidade humana de objetivar valores que visam interferir na totali- Na sociedade capitalista, o valor de troca adquire uma dimensão universal
e uma função de guia das relações entre os homens. · · ·
Esse aspecto é determinante para a configuração das objetivações que não
'-Sable • lhnllde libenl. ver Marx (2010). pertencem à esfera econômica, mas passam a se apoiar no critério de troca para
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1. Assistentes sociais - Ética profissional 2. Serviço social I. Barroco, Maria
Lucia Silva II. Título. m. Série. VOLUME9
22-129338 CDD-361.3