MAQUIAVEL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE

ANDRÉ VINÍCIUS MELO DE CARVALHO

POLÍTICA, ESTADO E DEMOCRACIA

MANAUS – AM
2024
RESUMO DO LIVRO DE MAQUIAVEL – O PRÍNCIPE

A obra "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, transcende os séculos, mantendo a sua relevância
na contemporaneidade. Maquiavel é reconhecido como o pioneiro do pensamento e da ciência política
moderna por sua abordagem realista sobre o Estado e o governo, descrevendo não como ideais, mas
como realmente são. Desde sua publicação até os dias atuais, a obra tem sido objeto de polêmica
devido a interpretações que podem ser consideradas negativas, cruéis ou incisivas.
Maquiavel expõe de maneira crua o dilema entre política e moral, ao afirmar que o político
muitas vezes deve colocar-se acima dos preceitos morais. Isso resulta em uma profunda divisão e
separação entre ambos os domínios. Em "O Príncipe", a política é concebida não como derivada de
fontes externas, como Deus, natureza ou razão, mas como uma atividade intrinsecamente humana.
Este trabalho aborda o resumo da obra O Príncipe, do pensador, diplomata, poeta e músico
do período Renascentista. Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, conhecido como Nicolau Maquiavel
(1469-1527), foi um pensador político, historiador, líder político e autor italiano (natural de Florença.
Ele possuía um profundo entendimento da política de sua época e explorou-a em várias de suas obras.
Maquiavel viveu durante o período em que Lourenço de Médici esteve no poder.
Sua obra contraria os preceitos do politicamente correto ao longo do texto, atingindo o ápice
na máxima "os fins justificam os meios", na qual defende que o governante pode recorrer à crueldade
para alcançar seus objetivos, mantendo ainda uma aparência benevolente.
Além disso, argumentar que o príncipe deve inspirar o temor, e embora não deva
necessariamente ganhar o amor de seus silêncios, é crucial evitar o despertar do ódio.
Considerado um paradigma de estratégia literária, o livro continua sendo tema de intenso
debate devido à sua análise aguçada e à sua interpretação da realidade política. Enfatizado por uma
abundância de restrições que sustentam os argumentos do autor, é uma fonte valiosa de entendimento
histórico e argumentativo, com capacidade para ser amplamente explorada.
A obra ainda hoje pode impressionar pela forma como desafiar as convenções morais,
arraigadas no consciente social, ao revelar a realidade política, e sua linguagem incita a reflexão não
só acerca de seus méritos literários, mas também de sua estilística.
O livro "O Príncipe", escrito por Nicolau Maquiavel, começa com uma dedicatória ao "Ilustre
Lourenço, Descendente de Pedro de Médici" - um diplomata, político e benfeitor de intelectuais,
artistas e poetas, bem como um patrono - na qual o autor declara que, não tendo nada mais valioso do
que os conhecimentos acumulados ao longo da vida, em particular "o entendimento das ações dos
grandes homens", obtidos, como ele afirma, através da análise de eventos contemporâneos e
históricos. No início, o autor recorre à explicação dos principados, conforme delineado por Maquiavel
(1996, p.6):
Todas as nações, os territórios todos que existem e existem sobre os seres humanos, foram e
são governados como repúblicas ou principados. Os principados podem ser de duas categorias: ou
são de herança, nos quais o soberano é príncipe devido à sua linhagem de longa data, ou são recém-
estabelecidos. Podem ser súditos de um príncipe, já familiarizados com sua autoridade, ou
independentes, e podem ser conquistados por meio de tropas estrangeiras ou próprias, graças à fortuna
ou à virtude.
Após a explicação, o autor aborda, nos capítulos, os diferentes tipos de princípios e propõe
métodos para que o príncipe mantenha seu poder ou adquira autoridade sobre estes.
Segundo Maquiavel (1996), os principados hereditários são aqueles que já fazem parte da
linhagem do príncipe, bastando que este siga os passos dos antecessores.
Em relação ao principado misto, Maquiavel (1996, p.7) sustenta a ideia de que "todavia a
complexidade reside nos principados novos. Inicialmente, se trata não de um principado novo em sua
totalidade, mas sim de um membro incorporado a um Estado hereditário".
Após a explicação, destaca-se a situação em que quem se opuser ao governante torna-se seu
inimigo; no entanto, o príncipe não deve considerar como amigos aqueles que o ajudaram a conquistar
o poder, pois, caso o façam, há a possibilidade de, ao se descontentarem com o governo, se revoltarem
contra o príncipe.
Maquiavel (1996) propõe que, para salvaguardar sua autoridade ao conquistar novos
territórios de cultura semelhante, o governante deve erradicar a linhagem do antigo líder e abster-se
de alterar as leis e tributos estabelecidos.
Entretanto, diante de uma cultura, idioma ou legislação diferente, é silencioso que o líder
estabeleça residência no local, de modo que, em situações de tumulto, esteja disponível para resolver
quaisquer problemas. Além disso, conforme Maquiavel (1996, p.10) expressa, "os cidadãos se sentem
gratificados pois a busca pelo líder torna-se mais acessível, proporcionando-lhes mais motivos para
adorá-lo, desejando agir com retidão, e temê-lo , caso optem por agir de forma desviante."
Outra estratégia eficaz, ou solução alternativa, é estabelecer Assentamentos, pois, de acordo
com Maquiavel (1996), não há grande dispêndio com os assentamentos, possibilitando assim sua
organização e manutenção. Os únicos prejudicados serão aqueles dos quais os campos e residências
são tomados para serem subsídios aos novos habitantes.
No que diz respeito aos territórios que possuem leis próprias antes de serem conquistados, o
autor enfatiza ainda a necessidade de permitir que continuem vivendo sob suas próprias leis, cobrando
um tributo e estabelecendo um governo limitado, que mantenham a amizade nesse governo.
Por outro lado, um território no qual o líder ascende ao poder não através da crueldade, mas
sim pelo apoio de seus concidadãos, pode ser denominado principado civil.
Ao elucidar sobre os principiados eclesiásticos, o autor diz não ser da pertinência humana
falar a seu respeito, pois tal ato seria presunçoso e temerário.
Segundo Maquiavel (1996), não é aconselhável que as forças armadas do estado sejam de
origem mercenária, visto que, estes sendo contratados, são infiéis e ambiciosos e, seguindo uma
tendência do livro, o autor utiliza de exemplos, e nesta parte, lança mão do exemplo da Itália que
se encontrava em situação desoladora.
O autor ainda coloca em cheque as tropas auxiliares, que são aquela que, quando há
necessidade, se apresentam quando chamada por um poderoso para que, com seus exércitos, ajude
e defenda. O autor ainda define-as como sendo mais perigosas que as mercenárias, tornando o
principado à ruína certa.
Portando, um príncipe prudente deve preferir suas tropas, ainda que estas o levem a derrota,
do que estas outras forças, sendo que isso não desencadearia em uma vitória real.
Continuando a empregar estratégias bélicas, o autor sustenta a proposição de que é imperativo
que o soberano não se distancie delas, seja por meio de suas ações ou de seu pensamento.
No que tange aos governantes, o escritor os examina, de acordo com Maquiavel (1996),
destacando que estes se destacam por certos atributos que lhes conferem tanta reprovação quanto
elogio, podendo ser exemplificados (pelos governantes que já passaram pela Terra) como liberais,
avarentos, generosos, gananciosos, cruéis, compassivos, diligentes, leais, efeminados, covardes,
ferrenhos, corajosos, humanitários, luxuriosos, castos, simples, astutos, severos, indulgentes, sérios,
levianos, devotos, incrédulos, e assim por diante.
O autor argumenta que não é viável possuir todas as virtudes e que aquelas que as detêm não
conseguem manter-se no poder. Conforme Maquiavel (1996, p.72):
A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as virtudes mencionadas; contudo, é
crucial, e muito, que ele pareça tê-las. Prefiro afirmou que, ao possuí-las e praticá-las constantemente,
elas resultaram em prejuízo para si mesmo.
No entanto, a declaração feita pelo autor não implica que ele menospreze as virtudes, pois de
acordo com Maquiavel (1996), assassinar seus concidadãos, trair seus amigos, renegar a fé, a piedade,
a religião, não são ações virtuosas, pois através Esses meios podem-se conquistar o poder, mas não a
glória.
Quanto à liberdade, é necessário que seja concedido com moderação, não devendo ser
concedido de forma imprudente, sem se preocupar com a contribuição de ser miserável.
Assim, o príncipe não deve esbanjar para não precisar extorquir seus súditos, evitando assim
tornar-se pobre e desprezado pelo seu povo, mantendo-se no poder. Conforme Maquiavel (1996,
p.67):
Entre todas as barreiras que um príncipe deve tomar, está evitar ser menosprezado e odiado,
e a liberdade ou levar a essas situações. Portanto, é mais prudente ter a confiança de avarento, o que
resulta em uma desonra sem despertar ódio, do que, por desejar ser considerado generoso, acabar
sendo rotulado como rapace, o que gera uma má comissão com hostilidade.
O início pode inadvertidamente colocar em risco a estabilidade do seu principado. Portanto, é
de suma importância que ele mantenha um equilíbrio preciso, não se permita ser divertido piedoso, o
que poderia ser interpretado como fraqueza, mas também evitando qualquer ato de crueldade que
possa despertar o ressentimento entre seus súditos. Este delicado equilíbrio entre piedade e firmeza é
crucial para a preservação do poder e da autoridade do príncipe sobre seu reino.
Deve o príncipe se fazer temer, de modo que se não conquistar o amor, fuja ao ódio. Podendo
o O príncipe deve cultivar o temor, de modo que, mesmo que não conquiste o amor, evite o ódio. É
possível para o príncipe ser simultaneamente temido e não odiado. Entre ser amado e temido, é
consideravelmente mais seguro ser temido, pois o homem tende a ser ingrato e volúvel, e o príncipe
que deposita total confiança em suas promessas está destinado à ruína.
As amizades obtidas através de dinheiro, e não por nobreza de caráter, não podem ser
consideradas confidenciais, pois no momento oportuno, não se revelam úteis. Mudando sua linha de
raciocínio, o autor argumenta que o príncipe deve dar pouca importância às conspirações se o povo
estiver a seu favor, mas se não estiver, deve ter todas as possibilidades e todos os indivíduos.
Ao revisitar suas reflexões sobre os príncipes, o autor afirma que um príncipe é admirado
quando é um verdadeiro amigo e um verdadeiro inimigo. Ele também sustenta a tese de que o
príncipe, quando precisar de ajuda, deve ter o cuidado de nunca formar uma aliança com alguém mais
poderoso que ele para atacar outros, pois, em caso de vitória, poderá acabar como prisioneiro.
Além disso, cabe ao príncipe incentivar seus súditos virtuosos, honrando os mais habilidosos
em suas respectivas áreas e encorajando o povo a se dedicar à agricultura, ao comércio e, em épocas
comentadas, a prazeres de festividades e espetáculos.
Em seguida, no capítulo XXIII, surge um acontecimento de extrema relevância, conforme
destacado por Maquiavel (1996, p.96):
A necessidade imperativa de afastar os aduladores é enfatizada, enfatizando a importância de
selecionar indivíduos sábios em sua corte e conceder-lhes exclusivamente a liberdade de expressar a
verdade. O príncipe deve buscar conselhos quando considerar pertinentes, não apenas quando outros
julgarem necessário, garantindo que tais conselhos sejam guiados pela prudência, e não permitindo
que a prudência derive unicamente dos conselhos.
Finalmente, o autor discorda sobre as questões relativas à política italiana. Maquiavel instrui
minuciosamente sobre os métodos para adquirir o poder e insta fervorosamente para que alguém se
lance nesse empreendimento, conduzido à unificação da Itália. Todo o seu ensinamento visa encontrar
um líder virtuoso que possa redimir sua nação, a si próprio e a seu povo.
Tendo uma notável relevância política, a obra "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, destaca-
se como um texto fundamental da época, dirigido a todo o político que almejasse alcançar sucesso
em seu governo.
Maquiavel oferece orientações aos líderes sobre como exercer o domínio e preservar o poder
absoluto, inclusive quando a utilização de forças militares for necessária para atingir esse propósito.
O autor enfatiza que um líder eficaz deve possuir tanta virtude quanto fortuna.
A obra, apesar de sua linguagem complexa, não se torna incompreensível; uma leitura crítica
revela sua capacidade de abordar pontos essenciais do contexto.
Ao examiná-la, percebemos reflexos claros da nossa sociedade, como o uso dos meios de
entretenimento pelo governo como forma de distrair a população, uma prática que ecoa as estratégias
políticas do império romano, conhecida como "pão e circo". Isso se assemelha à maneira como o
governo nacional realizou eventos esportivos de grande porte, como os ocorridos em 2014, e as
Olimpíadas que aconteceram no Brasil em 2016.
Maquiavel mantém sua posição a favor do estabelecimento de colônias, mesmo indo de
encontro aos princípios sociais da democracia contemporânea, ao argumentar que os prejuízos serão
suportados principalmente pelos menos privilegiados, um padrão também observado na política
nacional, onde há um cuidado especial com a restauração dos benefícios do Estado.
O autor também sugere, em diversos trechos, que o líder não deve confiar plenamente nos
outros, visto que a natureza humana é egoísta, e que, por vezes, o dinheiro parece assumir uma posição
de grande importância em seus objetivos, sendo capaz de corromper todas as relações humanas.
A essência primordial da política, segundo Maquiavel, pode ser resumida em dois aspectos
fundamentais: a preservação da estabilidade interna da sociedade e a proteção da soberania nacional
no âmbito das relações exteriores.
O principal objetivo de um governante, uma vez que tenha dominado as situações, consiste
em manter a estrutura do Estado, almejando conquistar os benefícios proporcionados por ele: honra,
reputação, confiança e perdas. Nesse contexto, Maquiavel não propõe uma teoria específica para o
governante, mas sim uma abordagem sobre o jogo no qual este deve se engajar para manter e
consolidar seu poder.
Dois princípios fundamentais permeiam todo o pensamento de Maquiavel:
A constatação da natureza humana como invariável, com uma proteção intrínseca para a
maldade e o egocentrismo;
O reconhecimento do papel do interesse próprio na determinação dos comportamentos
individuais: o conflito é influenciado pela dinâmica social e constitui parte integrante dela.
A construção do Estado implica na organização da vida coletiva e na gestão dos interesses
divergentes entre os cidadãos e grupos, podendo ser alcançada tanto pela supressão quanto pela
regulação dos conflitos. Isso exige o estabelecimento de um poder que se baseie na autoridade, capaz
de instituir mecanismos institucionais (como exércitos, leis, normas fundamentais e religião).
Na fase inicial da consolidação do poder, o foco recai sobre o estabelecimento do comando,
seguido pela formação (seja de um principado ou república) do governo, concebido como uma
entidade que regula o uso da força e atende às demandas da sociedade.
Quando os interesses dos indivíduos estão subordinados a uma ordem estabelecida e
devidamente regulada, surge a ideia de bem comum ou interesse público. A liberdade não é
considerada um atributo direto ou característica definida do Estado, como proposto por Hobbes ou
Locke, mas sim uma variável cujo grau é determinado pelo arranjo institucional resultante das
interações entre as instituições e os interesses no jogo (ou entre as leis e as paixões, conforme
observado por Aristóteles).
Virtude e fortuna conferem qualidade e estabilidade às relações políticas e institucionais.
Portanto, liberdade, virtude e fortuna são elementos constituintes da ordem política. Entre
racionalidade e desilusão, emerge uma teoria que influenciaria significativamente o pensamento
político ocidental: a tradição do realismo político.
O livro "O Príncipe", para além de sua praticidade prática, constitui-se como um tratado
conciso sobre as dinâmicas envolvidas na concessão e perpetuação do poder em um governo
principesco. É caracterizá-lo como um texto possível de cunho teórico, pois ao abordar as estratégias
dos líderes políticos, Maquiavel opera com uma classificação dos governantes, intrinsecamente ligada
a uma categorização dos regimes estatais. Embora suas reflexões se concentrem primordialmente em
contextos principescos, suas lições possuem aplicabilidade expandida para outras modalidades de
governança e sistemas estatais.
Após uma análise profunda da obra em questão, torna-se evidente que sua leitura não é apenas
estimulante, mas também expande significativamente a capacidade cognitiva e perceptiva do leitor.
Este processo permite a assimilação de novos conhecimentos e perspectivas enriquecedoras, as quais
se tornam parte integrante do acervo de experiências ao longo da vida.
É inegável a magnitude da obra em discussão, cuja relevância transcende os limites do âmbito
político, estendendo-se igualmente aos domínios culturais e sociais.
REFERÊNCIA

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010

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