Primeiro Reinado

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Primeiro Reinado

O Primeiro Reinado foi o período da monarquia brasileira que se iniciou


em 1822, após a independência do país. D. Pedro I governou o país até
1831, quando renunciou ao trono.

- O Primeiro Reinado foi o período da história do Brasil iniciado a partir


da independência do país, em 1822. Essa fase estendeu-se até 1831,
quando o imperador D. Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de
seu filho, Pedro de Alcântara, futuro D. Pedro II.

Independência do Brasil:

- O Primeiro Reinado foi resultado direto do processo de independência


do Brasil, que teve como ponto de partida a transferência da Corte
portuguesa para o Rio de Janeiro a partir de 1808. Quando isso
aconteceu, uma série de transformações aconteceu no Brasil: a cidade do
Rio de Janeiro cresceu e desenvolveu-se, os portos foram abertos e o
comércio prosperou. Dessa forma, o Brasil deixou de ser colônia,
tornando-se parte do Reino de Portugal.

- Os ânimos do Brasil estavam relativamente sob controle até 1820,


quando eclodiu a Revolução Liberal do Porto, em Portugal. Essa
revolução foi realizada pela burguesia portuguesa, que demandava o
retorno do rei português para Lisboa e a revogação das medidas que
haviam sido implantadas no Brasil.

- A Revolução Liberal do Porto foi muito mal recebida pelas elites


econômicas do Brasil, que encararam essa revolta como uma tentativa de
recolonizar o país. Assim, surgiu um movimento pela independência do
Brasil, o qual considerou Pedro, filho de D. João VI, como a pessoa ideal
para liderar esse processo.

- Após ser pressionado pelas Cortes portuguesas (espécie de parlamento)


a retornar a Portugal, Pedro percebeu que o único caminho a ser tomado

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era declarar a independência do Brasil. Assim, em 7 de setembro de 1822,
aconteceu o grito do Ipiranga, por meio do qual o regente declarou a
independência do Brasil. Pedro foi, então, coroado imperador, tornando-
se D. Pedro I.

Guerras de independência:

- Diferentemente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não


foi pacífica. Houve províncias que permaneceram leais aos portugueses,
por isso, foi necessário travar guerra a fim de garantir a unidade territorial
do país. Um nome de destaque nessa luta contra os portugueses e seus
aliados no Brasil foi lorde Cochrane, comandante contratado por D. Pedro
I.
- Entre as regiões que se rebelaram contra a independência, podemos
citar as províncias do Pará, Maranhão, Bahia e Cisplatina. Em meados de
1823, os conflitos contra a independência do país estavam sob controle, e
os apoiadores de Portugal já estavam derrotados.

- Por que o Brasil se tornou uma monarquia?


- Quando o Brasil declarou a sua independência, seus realizadores
optaram por instaurar a monarquia como forma de governo do país. Era
um caso único na América do Sul, já que as antigas colônias espanholas
nessa parte do continente tinham tornando-se repúblicas. Na América
Latina, além do Brasil, só o México se transformou, durante um curto
período de tempo, em uma monarquia.

OBS: Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, a


escolha da monarquia em vez da república aconteceu por alguns motivos|
1|:
1. Os idealizadores da nossa independência temiam que o território do
Brasil fosse fragmentado caso instaurassem a república no país.

2. A elite brasileira havia sido letrada nas tradições monarquistas de


Portugal.

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3. Essa forma de governo evitava que transformações no status
quo acontecessem.
Consolidação da independência:

- Após a declaração de independência, o Brasil tinha desafios imediatos a


serem superados. Primeiramente, era necessário cessar a guerra travada
contra as províncias rebeldes. Depois, era fundamental garantir o
reconhecimento internacional e, por fim, era importante redigir uma
Constituição para estruturar o país.

- A princípio, as nações vizinhas relutaram em reconhecer a


independência do Brasil pelo fato de o país ter se tornado uma
monarquia. Grande parte do reconhecimento da nossa independência
ocorreu em virtude das ações da Inglaterra e dos Estados Unidos.

- Os ingleses foram responsáveis por mediar as negociações entre Brasil


e Portugal. O reconhecimento da independência do Brasil pelos
portugueses só ocorreu em 1825, mediante pagamento de indenização e
com o compromisso firmado pelo Brasil de não incentivar a
independência das colônias portuguesas na África.

Constituição de 1824:

- Após a independência, a nova nação precisava de uma Constituição.


Para essa tarefa, era necessário formar uma Assembleia Constituinte, que
deveria ser escolhida por meio de eleições. Os trabalhos da Constituinte
iniciaram-se em maio de 1823 e foram marcados pelo atrito entre D. Pedro
I e as elites econômicas e políticas do Brasil.

- As discordâncias entre os parlamentares e D. Pedro I ocorreram em


decorrência da arbitrariedade e da autoridade do imperador nas tomadas
de decisões. No caso da Constituição, os parlamentares defendiam a
existência de maiores liberdades individuais e a limitação do poder real.
Em contrapartida, D. Pedro I queria poderes ilimitados para governar o
Brasil.

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- Como não concordava com os termos da Constituição elaborada pelos
parlamentares, D. Pedro I decidiu vetar o documento, que ficou conhecido
como Constituição da Mandioca. Essa ação aconteceu em 12 de
novembro de 1823 e foi acompanhada de um evento
chamado Noite da Agonia. Nessa ocasião, D. Pedro I ordenou que tropas
cercassem e dissolvessem a Assembleia Nacional Constituinte. Nesse
dia, vários parlamentares foram presos.

- Após esse episódio, uma nova Constituição começou a ser elaborada


por uma comissão formada pelo imperador. Essa Constituição ficou
pronta em 1824 e foi outorgada por ordem do imperador. O documento
reafirmava que o Brasil seria uma monarquia e instituía ao imperador
poderes absolutos sobre a nação. Para isso, foi criado o Poder
Moderador, representado exclusivamente por D. Pedro I. Foi determinada
também nessa Constituição a imposição do voto censitário. Assim, só
poderiam votar aqueles tivessem renda anual acima de 100 mil réis.

Como terminou o Primeiro Reinado?

- Os desgastes na relação de D. Pedro I com grande parte da sociedade,


em especial com certa elite política e econômica, fizeram com que o
imperador renunciasse o trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara.
Dessa forma, em 1831, o Primeiro Reinado chegou ao fim.

Entre os eventos que contribuíram para fragilizar a posição do imperador,


podemos citar como os de maior destaque:

1. Dissolução da Assembleia Constituinte

2. Confederação do Equador
3. Guerra da Cisplatina
4. Noite das Garrafadas

- O governo de D. Pedro I não era muito popular no Nordeste brasileiro,


principalmente por causa do autoritarismo do imperador. Por isso, a

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região tornou-se foco de críticas ao Império. Nesse contexto, dois nomes
destacaram-se: Cipriano Barata e Joaquim do Amor Divino (frei Caneca),
que veiculavam suas críticas em jornais de circulação local.
- O principal foco de insatisfação era a província de Pernambuco, local
historicamente marcado por tensões. A insatisfação da região na década
de 1820 era, em grande parte, herdada da Revolução Pernambucana,
movimento separatista de viés republicano que aconteceu em 1817. Os
ideais republicanos, associados com a insatisfação com o imperador,
levaram a uma nova rebelião:

A Confederação do Equador:

- Essa revolta teve como estopim a dissolução da Assembleia


Constituinte e a nomeação de um governador que não era desejado pela
elite local. Na época, havia também uma forte especulação de que a
região seria invadida pelos portugueses. A junção de todos esses fatores,
associados à memória viva da Revolução Pernambucana, fizeram a
província rebelar-se.

- A Confederação do Equador iniciou-se em 2 de julho de 1824 em Recife,


Pernambuco. Sob a liderança de frei Caneca e Manoel de Carvalho Paes
de Andrade, o movimento logo se espalhou pelo Nordeste, alcançando o
Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão. A reação do
imperador foi violenta: foi ordenada uma série de execuções em
Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro. Em setembro, os rebeldes já tinham
sido derrotados.
A crise do Primeiro Reinado também está associada com a Guerra da
Cisplatina, travada entre 1825 e 1828. Nesse conflito, o Brasil lutou pela
manutenção da província Cisplatina a fim de evitar que ela fosse anexada
pelas Províncias Unidas (atual Argentina). Essa guerra foi extremamente
impopular no Brasil.

- Tudo começou quando habitantes locais da Cisplatina iniciaram uma


rebelião, declarando a separação da província do Brasil e sua vinculação
com as Províncias Unidas. A reação brasileira ocorreu com a declaração

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de guerra contra os rebeldes e contra as Províncias Unidas. Ao longo dos
três anos de conflito, o Brasil amargou uma série de derrotas, que
destruiu o moral do exército e arruinou a economia do país.

- O fim da guerra ocorreu com a assinatura de um acordo entre o Brasil e


as Províncias Unidas. Ambas as partes concordaram em abrir mão da
Cisplatina, fato que levou à queda da popularidade do imperador. Assim,
em 1828, foi reconhecida a independência da República Oriental do
Uruguai.

- Além do autoritarismo, da violência e da economia arruinada, o jogo


político também contribuiu para minar a posição do imperador. Durante o
Primeiro Reinado, foram formados, gradativamente, dois blocos entre os
políticos: o partido brasileiro e o partido português. Enquanto o primeiro
representava a oposição ao imperador, o segundo oferecia-lhe apoio.
Esses desentendimentos entre brasileiros e portugueses fizeram com que
um confronto aberto acontecesse. Esse episódio ficou conhecido
como Noite das Garrafadas e durou dias nas ruas da cidade do Rio de
Janeiro. Como resultado, D. Pedro I renunciou ao trono.

- Ao deixar sua posição, o imperador ofereceu o trono ao seu filho, Pedro


de Alcântara. Como o príncipe só poderia assumir o poder quando tivesse
18 anos de idade, iniciou-se no país uma fase de transição, conhecida
como Período Regencial.

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