Assessoria em Serviço Social
Assessoria em Serviço Social
Assessoria em Serviço Social
Serviço Social
Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudella Nanias
Profa. Karina Dala Pola
Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago
Assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violência Doméstica
contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente é funcionária pública do município de Quatá/
SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social. Exerce também a função de
docente e líder junto ao curso de Serviço Social da Universidade Paulista (Unip), campus de Assis/SP.
U510.23 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Carla Moro
Virgínia Bilatto
Sumário
Assessoria em Serviço Social
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL.................................................................................................................... 11
1.1 O cenário atual e suas incidências na questão social............................................................ 19
1.2 O serviço social, o ambiente organizacional e suas demandas.......................................... 26
2 AS TENDÊNCIAS NA ÁREA DE GESTÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL................ 32
2.1 O papel do gestor social..................................................................................................................... 37
2.2 As ferramentas de gestão social..................................................................................................... 38
2.3 A importância da descentralização na gestão social.............................................................. 39
2.4 Rede: alianças e parcerias no intuito de fomentar a gestão social.................................. 39
2.5 A gestão social e o serviço social.................................................................................................... 44
3 CONSULTORIA.................................................................................................................................................... 48
3.1 A história da consultoria.................................................................................................................... 49
3.2 Consultoria como atividade profissional e os tipos de consultoria.................................. 50
3.3 Características do consultor............................................................................................................. 54
4 ASSESSORIA: CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................... 57
Unidade II
5 O SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA E CONSULTORIA...................................................................... 64
5.1 As possibilidades da atuação profissional na área da assessoria/consultoria.............. 72
5.2 Espaços de atuação de assessoria/consultoria do serviço social....................................... 76
5.3 Atuação nas universidades .............................................................................................................. 76
5.4 Atuação em espaços públicos como os conselhos de direitos e secretarias................. 78
5.5 Atuação em movimentos sociais.................................................................................................... 80
5.6 Atuação em empresas privadas....................................................................................................... 81
5.7 Atuação em organizações não governamentais...................................................................... 81
6 ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DE
ASSESSORIA/CONSULTORIA............................................................................................................................. 83
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UM CONDICIONANTE PARA O TRABALHO
COMO ASSESSOR/CONSULTOR DO ASSISTENTE SOCIAL...................................................................... 87
7.1 A responsabilidade social nos espaços organizacionais........................................................ 92
7.1.1 Primeiro setor............................................................................................................................................ 92
7.1.2 Segundo setor – organizações privadas......................................................................................... 93
7.1.3 Terceiro setor – ONGs e OCIPs............................................................................................................ 94
7.2 Balanço social......................................................................................................................................... 96
7.3 Normas SA 8000: norma de gerenciamento social................................................................. 97
8 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOB A ÓTICA DO SERVIÇO SOCIAL.................................................. 98
APRESENTAÇÃO
Os temas Consultoria e Assessoria vêm sendo estudados, refletidos e pesquisados pelo serviço social
devido ao crescimento da atuação de profissionais nessa nova área do saber.
Nesse contexto, o assistente social deve estar qualificado para desempenhar adequadamente sua
função e obter resultados positivos, na medida em que se apresenta como consultor/assessor ético e
flexível, buscando alternativas de ação em equipe e em rede, rompendo com a caridade e a benevolência.
Iniciaremos o estudo discutindo a relação estabelecida entre a categoria trabalho e o serviço social,
compreendendo este como um trabalho socialmente necessário na sociedade contemporânea.
Discutiremos a respeito das questões sociais como objeto profissional no cenário atual e suas
incidências, isto é, como o mundo globalizado e o sistema neoliberal vêm fomentando a exclusão social
e enfraquecendo o Estado, o que amplia a demanda por ações do assistente social. E, nesse contexto,
como o profissional de serviço social pode e deve comprometer-se e intervir nessas questões que se
apresentam no seu espaço de trabalho, apoiado em projetos ético-políticos que busquem ultrapassar
as perspectivas que enfocam apenas as relações pessoais, e enfatizar as demandas reais que vêm
a seu encontro.
Em seguida, iremos nos aproximar do conceito e da definição de consultoria. No que diz respeito à
consultoria, indicaremos também os tipos existentes e o perfil requerido ao profissional que pretende
atuar nessa área. Essas informações serão oferecidas para que seja possível uma maior aproximação a
nosso objeto de estudo, que é como pontuamos a assessoria e a consultoria.
Por fim, vamos apreender os conceitos de consultoria e de assessoria e a relação deles com o serviço
social. Esse referencial pretende oferecer os subsídios necessários à compreensão da relação estabelecida
entre o serviço social e atuação no âmbito da assessoria e da consultoria.
7
A importância de estudar esse tema decorre dos requisitos que os assistentes sociais apresentam ao
desempenhar a função de assessores/consultores, pois são profissionais capacitados e conhecedores de
política pública social e sabem atuar na mobilização social, dois elementos fundamentais para se prestar
consultoria e assessoria em responsabilidade social. Contudo, vale ressaltar que o profissional de serviço
social não é somente um interventor, é também um profissional múltiplo que apresenta flexibilidade
para atuar em diversos setores estruturais da sociedade brasileira.
O estudo de consultoria e assessoria no serviço social busca fazer com que o acadêmico amadureça
teoricamente e avance em sua prática, mesmo que em estágio curricular, provocando novos impulsos
na realidade social, e também para lançar luz sobre a necessidade de especialização e compromisso com
a profissão. O presente estudo na área da consultoria e da assessoria busca ainda mostrar que o serviço
social vem ganhando espaço no mercado de trabalho, especificamente nessa área.
Cabe destacar ainda que o caminho que o profissional de serviço social deve trilhar é o do conhecimento
científico apoiado em reflexões e instrumentos teórico-metodológicos bem fundamentados, construídos
por meio de um projeto ético-político que permita a ocupação de uma ação assistencialista, consolidando
transformações sociais para um mundo mais justo a todos.
Esse caminho será iluminado pelas discussões presentes neste material, buscando contemplar o
objetivo geral desta disciplina, que é: oferecer ferramentas que possibilitem o conhecimento da
intervenção profissional, nas diferentes dimensões, visando oportunizar as respostas profissionais
demandadas pela sociedade. Possibilitar que os alunos reconheçam a consultoria em serviço social
como estratégia e instrumento de trabalho, como disposto no Plano de Ensino. Dessa maneira, será
possível capacitá-lo para atuação na área da assessoria e consultoria em serviço social.
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo é prover aos clientes e seus colaboradores instrumentos de melhoria contínua,
alinhando as atividades com o desenvolvimento corporativo a fim de promover qualidade de vida, otimizar
a produtividade e lucratividade, favorecendo um excelente clima organizacional. Disponibilizamos aos
nossos clientes um moderno sistema gerenciador de atendimentos via web, que possibilitará relatórios
quali-quantitativos, com indicadores precisos da utilização dos serviços (SOCIAL, [s.d.]).
O texto foi extraído do site corporativo de uma empresa que há 15 anos presta consultoria e
assessoria na área social. Apesar de composta de forma interdisciplinar, como sugere o próprio texto, ela
8
conta com maioria de assistentes sociais atuantes. Portanto, representa um espaço sócio-ocupacional
que cada vez mais vem sendo ocupado por nossa categoria profissional.
Por ser trabalho, o serviço social também está sujeito a todas as mudanças e alterações que
condicionam a classe que vive do trabalho na atualidade. A assessoria e a consultoria precisam também
ser compreendidas nesse processo em que as mudanças contemporâneas influenciam nosso mercado
de trabalho, nossa práxis e a realidade que nos cerca. Dentre uma série de alterações postas no
mercado de trabalho do assistente social, destaca-se a necessidade da atuação como gestor em
diversas áreas e espaços.
Iniciamos nossas discussões acerca da categoria trabalho para, na sequência, abordarmos também
as mudanças atuais no mercado de trabalho de nossa profissão. Assim, poderemos apreender todas as
questões que abarcam a prática do assistente social no âmbito da assessoria e da consultoria.
9
10
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Unidade I
Prezado aluno, damos início a nossos estudos buscando entender a categoria trabalho e a sua
relação com o serviço social. Na sequência, vamos voltar nosso olhar à compreensão sobre o ambiente
organizacional no qual o serviço social vem sendo inscrito e as demandas postas à nossa profissão
contemporaneamente, como a gestão social.
Sabemos que o assistente social é um profissional que se ocupa com as relações sociais, entre
outras questões profissionais. No caso de nossa profissão, essas relações sociais são entendidas
como expressões do atual estágio de desenvolvimento da sociedade capitalista. Atualmente
vivemos o estágio monopolista ou imperialista. A seguir, nossas discussões acerca do período que
estamos vivendo, com indicações para o desenvolvimento econômico, político e social.
Observação
Assim, cabe destacar que, de acordo com Netto (2001), atualmente o capitalismo vivencia a fase
denominada monopólio. Nessa fase, o capital busca o controle dos mercados para manter elevada a
extração do lucro. Em decorrência disso, são comuns as fusões e compras de empresas capitalistas
privadas. Esse processo vem assentado no desenvolvimento e na expansão da tecnologia, da informática
e da robótica, sendo que esses “fenômenos” também são meios usados pelo capital com a finalidade de
ampliar o lucro.
Em virtude dessas mudanças, observamos que há uma ampliação do trabalho morto empreendido pelas
tecnologias assentadas na informática e na robótica e, consequentemente, vemos a redução do trabalho vivo,
expresso no trabalho desempenhado pelos seres humanos. Logo, temos a elevação do desemprego e uma
massa de pessoas que não consegue mais atender às necessidades, muitas vezes de sobrevivência, como a
alimentação. Por isso, temos uma ampliação da demanda que é posta ao assistente social.
11
Unidade I
Saiba mais
Lembrete
A primeira categoria refere-se aos profissionais qualificados que são constantemente pressionados
para manterem-se capacitados e atualizados, enquanto a segunda categoria permanece longe do
mercado de trabalho. Este é estrito e cheio de exigências, dificultando a inserção do profissional
desqualificado, deixando-o à margem do mercado, ou melhor, do seu espaço de atuação.
Não colocamos aqui tal reflexão como uma constatação técnica e teórica, pois esses profissionais
sentem no cotidiano e na prática as exigências e as solicitações que os provocam, deixando em evidência
a necessidade que têm para adequarem-se, tomarem uma nova postura teórica e capacitarem-se
tecnicamente, apoiados num projeto ético-político.
Ao nos depararmos com vagas de empregos, a primeira exigência é mão de obra qualificada, o
que significa que se buscam profissionais especializados, pois se trata de um mercado que exige um
trabalho em quatro mãos, ou seja, quatro perfis em um único profissional: que tenha conhecimento
e embasamento científicos e olhar crítico; que se aprofunde nas discussões sobre temas emergenciais e
polêmicas da atualidade; que esteja dentro do contexto político, econômico e cultural; e com flexibilidade
em buscar alternativas de ação em equipe e em rede.
Com essas exigências, a pergunta é: que sinais esse mercado globalizado está colocando aos
profissionais de serviço social, entre outros profissionais, num processo contínuo de novas configurações?
12
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Esses questionamentos devem ser respondidos pelos profissionais em curto prazo, pois algumas
tendências estão se delineando:
• a perda de vínculos trabalhistas para uma grande parcela da população, com o crescimento de
trabalhos terceirizados, temporários e precários;
• empregos estáveis para uma pequena e altamente qualificada parcela da população, com acesso
a direitos trabalhistas e sociais.
São esses os sinais do tempo e do espaço muito concretos que vivenciamos. Desse modo, novas
tendências do mercado de trabalho devem ser objeto de reflexão dos assistentes sociais, tendo em
vista saber analisar e intervir no foco central das transformações atuais, ou seja, a inter-relação entre
empresa e indivíduo.
Observação
Saiba mais
Em O papel mediador em serviço social, Leandro (2011) aponta que é necessário que os profissionais
de serviço social busquem novos caminhos e construam novos paradigmas compartilhados com
comunidades científicas atendidas num plano estratégico para que as transformações ocorram de
maneira eficaz, dando outra face ao serviço social e apresentando práticas inovadoras. Contudo, para
isso é necessário:
2. Ser polivalente, ou seja, capaz de lidar simultaneamente com as demandas do mercado e atuar em
rede com as demais políticas sociais.
3. Ser um profissional informado e capacitado sobre os fatos políticos e econômicos e sobre a rotina
de trabalho e setores afins, bem como estar atento às políticas internas e culturais das instituições onde
estão inseridos.
13
Unidade I
4. Ser um profissional articulador, empreendedor e flexível, que saiba atuar em parceria e fazer novas
alianças com a rede.
Trata-se de olhar para essas exigências do mercado de trabalho como algo atingível e possível, pois
elas estão sintonizadas com as principais tendências profissionais de organizações da sociedade civil,
do poder público, como também das empresas que favorecem profissionais que apresentam aspectos
positivos intelectuais, sociais, educacionais, culturais, entre outros.
Para melhor compreensão, deve-se entender que no mercado de trabalho o assistente social está
sujeito a duas determinações históricas:
• Estrutural: quando impõe aos profissionais de serviço social condições na divisão de trabalho e
técnica, exigindo a prestação de serviço relacionado apenas à reprodução social. Isto é, quando a
intervenção do profissional se dá no nível das condições sociais de existência da população usuária
de tais serviços, na qual só se encaminha para programas de transferência de renda e entrega de
cestas básicas. É o que pudemos ver nos espaços midiáticos sobre enchentes e deslizamentos de
terra no verão de 2011, no estado do Rio de Janeiro, em que assistentes sociais fizeram cadastros e
ofertaram “kits de sobrevivência” aos desabrigados. Isso caracteriza os profissionais como sujeitos
“apolíticos” em face da primazia da concentração de riqueza e da rentabilidade que regem a
ordem socioeconômica, que os coloca como subalternos no elenco das ocupações em geral em
relação à política partidária.
Faz-se necessário, portanto, que o profissional legitime socialmente a profissão por meio
de um processo de qualificação profissional para que conquiste oportunidades no mercado de
trabalho. Isso implica permanente negociação com a sociedade para dar visibilidade à profissão e
14
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
O trabalho do assistente social pode ir de encontro com as dimensões político-ideológicas, nas quais
há um contraditório jogo de relações de poder entre os interesses do empregador e do seu público-alvo:
as classes subalternas. Cabe ressaltar que essa dimensão política possui o rico potencial de promover a
transposição da alienação do trabalhador; o assistente social deve refletir sobre as demandas impostas
pelo capitalismo neoliberal e, assim, mobilizar seu público-alvo a lutar pelos seus direitos de cidadãos e
a serem protagonistas de sua própria história.
Iamamoto (2001, p. 20) reitera que o profissional de serviço social deve alterar o direcionamento
de seu trabalho, sendo sujeito de sua ação, requalificando o fazer profissional, identificando suas
particularidades e descobrindo novas alternativas, pois:
Para a autora, na atual conjuntura, o serviço social vem sendo tratado como um tipo de trabalho
especializado que se realiza somente no campo de atuação de processos e nas relações de trabalho:
práxis social. E, ainda, aponta que a prática profissional também é vista como condicionante
interno e condicionante externo. O primeiro condicionante denominado como interno refere-
se a como o profissional vai desempenhar estratégica e tecnicamente sua ação e sua capacidade
de realizar um diagnóstico da realidade. Já o segundo condicionante denominado como externo
diz respeito a um conjunto de fatores que independe do profissional, pois se trata das relações
de poder institucional, dos recursos que são colocados à disposição para execução dos trabalhos
quando empregam os assistentes sociais, as políticas sociais específicas, os objetivos e as demandas
do espaço empregador, a questão social da população usuária etc. Em síntese, a prática profissional
é vista como a atividade do assistente social na relação com o usuário, os empregadores e os
demais profissionais.
Devido a esses condicionantes, o assistente social deve focar o trabalho como participante no
processo de trabalho, moldando-se em função das condições e relações sociais em que se realiza sua
atuação, pois, durante a jornada de trabalho, a ação do assistente social submete-se às exigências
impostas de seu empregador durante um tempo conforme as políticas, as diretrizes, os objetivos e os
recursos da organização, e é no limite dessas condições que o profissional deve:
É nessa ótica do condicionante externo, cara às análises correntes da prática prisional, que vem
sendo contestada e moldando tanto material quanto socialmente a ação do profissional do assistente
social.
Para melhor compreensão, cabe aqui dizer que o material (matéria-prima) do trabalho do assistente
social são as questões sociais em suas múltiplas manifestações sociais – violência doméstica contra
pessoas com deficiências e contra criança e adolescentes, relação de gênero, entre outros –, vivenciadas
pelos sujeitos sociais em suas relações diárias e que respondem às ações, pensamentos e sentimentos
desses sujeitos e que são abordados pelo profissional de serviço social em diversos recortes, delimitando
o objeto de ação do trabalho profissional. Isto é, a questão social em suas variadas expressões é o objeto
de trabalho do cotidiano do assistente social (IAMAMOTO, 2001).
Para tanto, definir a questão social como objeto profissional do assistente social não estabelece a
especificidade profissional. Contudo, o que Faleiros (2001) propõe é qualificar a questão social, o que
significa abranger o que compete ao assistente social no âmbito dessa questão, isto é, entrarmos na
discussão da expressão dela para não minimizar o espaço de atuação profissional.
16
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Nesse sentido, o objeto profissional deve ser inserido na teoria e na prática do serviço social, não
sendo entendido de forma isolada, mas dentro do contexto padrão de conexão de forças, pois é esse
objeto que define a delegação de poder do sujeito – seja no campo individual quanto no coletivo – na
sua relação de cidadania, de identificação das discriminações, de autonomia. Isso vai ao encontro do
(re)pensar como o objeto de serviço social vem sendo colocado e como podemos dar objetividade à
atuação profissional.
Há nessa questão uma provocação aos profissionais de serviço social para que repensem como
reconstruir o objeto profissional com a finalidade de garantir o processo de intervenção e as
particularidades de cada situação que se insere no contexto em que atuamos profissionalmente.
Observação
Basta ao assistente social ter como suporte instrumentos básicos de trabalho: a linguagem associada
à sua formação teórico-metodológica, técnico-profissional e ético-política. Isso porque suas ações
e atividades dependem da competência na leitura, do acompanhamento dos processos sociais e do
estabelecimento nas relações e vínculos sociais com os sujeitos sociais (equipe, parceiros e público-
alvo). O assistente social é chamado a desempenhar sua função num trabalho coletivo, dispondo de
autonomia ética e teórica, cujo produto em suas dimensões materiais e sociais “é fruto do trabalho
combinado ou coorporativo, que se forja com o contributo específico das diversas especializações do
trabalho” (IAMAMOTO, 2001, p. 107).
Fica evidente que essas profundas modificações na técnica e na divisão social do trabalho – processo
sob a hegemonia do capitalismo econômico – vêm provocando mudanças no perfil profissional exigido
pelo mercado de trabalho no que diz respeito às funções e atribuições do profissional de serviço social,
alterando suas formas aplicadas de produção e de gestão do trabalho.
17
Unidade I
Para tanto, o assistente social deve dispor de condições mínimas de trabalho asseguradas pelas
instituições empregadoras, que lhe permita proceder à escuta, reunião, contatos e encaminhamentos
necessários para atuação técnico-operativa, em consonância com os artigos 4º e 5º do Código de Ética
Profissional, lei que regulamenta a atuação, as competências e a atribuição profissional. É necessário
também que garantam recursos materiais e humanos para que o profissional atue na realização de
forma competente e efetiva, possibilitando-lhe o exercício dos princípios e do sigilo profissional.
Em geral, os profissionais de serviço social são contratados e assalariados, mas sabe-se que há
profissionais que atuam na prática de caráter autônomo, legalmente reconhecido como profissional
liberal. Contudo, mesmo com o fortalecimento da classe profissional de serviço social, apoiada no
Código de Ética Profissional e com a Resolução CFESS nº 418/2001, que dispõe da Tabela Referencial
de Honorários do Serviço Social, o salário dos assistentes sociais ainda não é respeitado de acordo
com a referida tabela e está bastante inferior ao de outros profissionais, mesmo considerando a nova
Lei nº 12.317/2010 que estabelece a jornada de trabalho do assistente social para 30 horas semanais,
sem que haja redução salarial.
Mesmo com tantas dificuldades, o assistente social deve ser qualificado e ético, atendendo com
competência às demandas geradas pelo mercado de trabalho. Para isso, o profissional deve saber decifrar
e trabalhar pautado na ética, na cidadania e na política social, pois, no desenho concreto das solicitações
que estão sendo feitas por esse mercado de trabalho exigente e estrito, o profissional poderá traduzi-las
na concretização de ações proativas, voltadas para:
Dessas exigências emergiram novos temas que vêm sendo discutidos e pesquisados, na perspectiva
de não apenas atendê-las, mas sim de colocá-las em prática fomentando a atuação profissional no
limiar deste novo século.
Lembrete
18
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Observação
Iniciaremos nossos estudos sobre as diferentes expressões da questão social geradas pelo
capitalismo atualmente. Para isso, precisamos voltar nosso olhar para o desenvolvimento econômico
em sua fase monopolista. Como sabemos, a partir da década de 1970, o capitalismo assume sua fase
monopolista que está assentada no controle dos mercados e também na ampliação do lucro. Uma
das modalidades utilizadas para ampliar o lucro é a inserção da tecnologia no processo produtivo.
Assim, com as nanotecnologias instaladas sob o signo da informática e da robótica, a mão de obra
trabalhista passa a ser supérflua e obrigada a se alojar na exclusão total do mercado de trabalho, forçada
à exclusão social.
Mesmo que toda a tecnologia tenha vindo para “facilitar” a vida dos trabalhadores, Kurz (1996)
acrescenta, retomando a teoria de Marx, que o capitalismo começa a libertar o homem do sofrimento
do trabalho, mas o escasso “tempo livre” é hoje um mero prolongamento do “trabalho” por outros
meios, como prova a indústria da diversão. Na atualidade, a lógica do “trabalho” apoderou-se das esferas
cindidas e insinua-se na cultura, no esporte e até mesmo na intimidade.
Significa dizer que essa liberdade é camuflada, pois, se a intenção da tecnologia era “liberar”
o trabalhador de seu trabalho para que utilizasse o seu tempo livre para o lazer e a cultura, ele,
ao contrário, vem aproveitando esse tempo para trabalhar ainda mais, alienando-se no seu ofício
e no uso excessivo das tecnologias existentes. Assim como Karl Marx se posicionou em relação à
Revolução Industrial, Kurz (1996) retoma sua tese para explicitar que a nanotecnologia, a cibernética
e a robótica vêm exercendo com a mesma intensidade o que os teares exerceram nos proletariados
na Revolução Industrial.
19
Unidade I
Cabe ressaltar que toda essa globalização é resultado da soma de forças significativas no cenário
contemporâneo, segundo Eduardo Fonseca (apud ROSALEM; SANTOS, 2010) conhecidas como:
• a formação de áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, tais como: o Mercosul, a
União Europeia e o Nafta;
Nota-se que o neoliberalismo surge como categoria que altera as dimensões, as funções e as
orientações da política social fornecidas pelo Estado, que são bases para a atuação do profissional de
serviço social, por exemplo:
• Estado-mínimo e privatização:
— quebra de monopólios;
— desregulamentação;
— acusação de “corporativismo”.
Observação
À vista do neoliberalismo, o mercado pode tudo e, nesse sentido, torna-se absoluto, não levando
em conta que seu jogo livre deixa de garantir a satisfação das necessidades fundamentais de toda
a população. Sendo assim, o mercado é incapaz de evitar a destruição de recursos naturais, o
desaparecimento de programas de seguridade social, a não construção de moradia pelo Estado,
20
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
a falta de controle de preços etc. Isso impõe ao cenário atual do “mundo do trabalho” políticas sociais
que atingem a classe trabalhadora, como a redução de salários, o aumento dos preços de produtos e
serviços básicos (transporte, água, luz, consulta médica), aumentando o desemprego e fomentando a
exclusão social.
Observação
Dessa forma, o Estado deixa de ser o grande empregador do serviço social devido ao intenso
desenvolvimento do terceiro setor.
Essa participação social ganha, nesse sentido, com mais intensidade, o conteúdo político e social,
pois, justamente, é o campo da política social que articula e avança para criar novas formas de ampliação
do espaço de liberdade humana e de democracia.
Saiba mais
http://www.abong.org.br/
21
Unidade I
Como já mencionado, cada vez mais o mercado de trabalho requisita dos profissionais de serviço
social amplos conhecimentos na área social (conhecimentos da política pública e conhecimentos
científicos). A despeito da relativa especialização que o próprio mercado assegura e que determinados
postos de trabalho exigem, há procura de profissionais que saibam planejar e executar atividades e que
visem assegurar o processo de melhoria na qualidade de vida da população usuária, bem como garantir
o atendimento das necessidades básicas apoiados em um plano de ação ao usuário e dos segmentos
que se encontram em vulnerabilidade biopsicossocial em relação às crises econômicas existentes na
sociedade contemporânea. Isso faz com que o profissional de serviço social, apoiado num projeto
ético‑político, demonstre que está capacitado.
Mas qual é o papel reservado às profissões sociais, inclusive ao assistente social no limiar deste
novo século?
No entanto, o serviço social vem enriquecendo desde a implantação da Lei Orgânica de Assistência
Social – Lei nº 8.742, em 1993; passando pela implantação do Sistema Único de Assistência Social –
SUAS, em 2005; até os dias atuais com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais em 2009,
ora em curso. Vivemos num processo de descentralização e de municipalização.
Dessa forma, dos profissionais que atuam na área social destaca-se aqui o assistente social. Ele deve
se apresentar como um crítico das condições sociais ao deparar-se, cotidianamente, com os dilemas
da exclusão social e suas diversas faces e formas de manifestação, recorrendo ao saber científico na
condição de suporte para: refinar sua capacidade de análise; aguçar sua consciência crítico-política;
aprimorar seus instrumentos de intervenção técnica e profissional; fortalecer suas alianças e redes
sociais; associar seu projeto profissional às lutas amplas pela democratização social, cultural, política e
econômica da sociedade; e saber defender-se como um profissional que necessita de espaço adequado
para qualificar sua atuação de trabalho.
22
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Observação
Chegamos num ponto importante e crucial desta unidade: olhar para os espaços organizacionais
(Estado, empresas privadas e organizações não governamentais) de laboração para o assistente social,
nos quais vem atuando de forma bastante fortalecida.
Como exemplo disso, a área empresarial de recursos humanos vem empregando assistentes sociais,
pois se trata de uma área que já se afigurou como um dos maiores setores de comércio, indústria e
serviços, e ainda abre espaço para atuação desse profissional.
Assim como outros espaços organizacionais de trabalho, a empresa solicita e valoriza profissionais
com habilidades e conhecimentos para o planejamento estratégico, conhecimento em marketing e na
responsabilidade social e ambiental, para que se desenvolvam atividades de assessoria e consultoria.
Observa-se que o mercado de trabalho para os profissionais de serviço social vem crescendo
significativamente nos últimos cinco anos. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, esse
crescimento é um reflexo da evolução das políticas públicas, principalmente da política de assistência
social e da saúde, além de outras leis que surgiram na década de 1990 e que fortaleceram a atuação
profissional do assistente social.
O impacto que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fez com que o mercado de trabalho
olhasse diferente para o serviço social, pois, desde 2005, com a implementação do SUAS descentralizando
serviço, foram criados em todo território brasileiro, até meados do ano de 2010, cerca de 5.142 centros
de referência da assistência social (CRAS – proteção social básica) e outros 1.434 centros de referência
especializados da assistência social (CREAS – proteção especial social: média e alta complexidade). Cada
espaço emprega dois profissionais de serviço social, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social
e Combate à Fome. Há também oferta de empregos nas ONGs que vêm crescendo no Brasil e com a
implementação dos centros de atendimento psicossociais (CAPS, que se originam do Sistema Único de
Saúde – SUS).
Até 2005 havia, segundo dados do CFESS (2006), 84 mil profissionais de serviço social cadastrados
nos Conselhos Regionais de Serviço Social e que se encontravam ativamente trabalhando no Brasil. A
maioria encontrava-se empregada no setor público, no caso 78,16%, dos entrevistados. Destes, 40,97%
estavam vinculados a entes municipais e apenas 24% estavam vinculados a instituições estatais, ao
passo que apenas 13% atuavam em instituições federais. Os demais profissionais, ou 20%, estavam
distribuídos entre instituições privadas e organizações não governamentais.
23
Unidade I
Com o crescimento de empregos no mercado de trabalho para os profissionais de serviço social e com
toda a mudança que vem ocorrendo, as organizações empresariais – pela modernização organizacional
ou pelo processo de reestruturação produtiva decorrente do processo capitalista neoliberal – estão
propondo novas formas de produzir trabalhos, estratégias de controle social e produtivo, de gestão dos
recursos humanos, participação e de compromisso com seus funcionários, além de se colocarem como
empresas “responsáveis socialmente”.
Por trazer essas novas oportunidades ao mercado de trabalho, muitas empresas têm sido objeto de
estudos e pesquisas sobre o tema responsabilidade social, sob o olhar do serviço social. Novas expressões
da questão social são vivenciadas no contexto empresarial, o que demonstra que os espaços de atuação
para profissionais compromissados, éticos e capacitados vislumbram soluções adequadas, desde que
se trate de profissionais que vão além do imediatismo e do pragmatismo da organização, que estejam
atentos, saibam intervir e adotem estratégias qualificadas, embasadas em pressupostos éticos que
orientem a ação e a postura profissional.
O exercício profissional está situado no desempenho das funções, informações referentes aos direitos
sociais, elaboração de estudos e de parecer e/ou laudo social, articulação com a rede e parcerias, tendo
como base os pressupostos da responsabilidade social e a missão do espaço onde atua.
Significa dizer que o assistente social deve conquistar e avançar no exigente mercado de
trabalho, atendendo às exigências para ocupar o espaço organizacional tão cobiçado pelos
profissionais graduados em serviço social. Mas só a formação acadêmica não basta, é necessário
que o profissional se especialize, aprenda a dialogar com outros saberes e outras profissões,
apreendendo novos conhecimentos e tendo reflexões críticas para que possam competir
paralelamente com outros profissionais.
Koike (1997) aponta que o mercado de trabalho solicita aos assistentes sociais que sejam
profissionais críticos, com competência, apoiados em fundamentos teórico-metodológicos, instrumentos
técnico‑operativos e em projetos ético-políticos, com habilidade, flexibilidade, criatividade e capacidade de
mediar, negociar, argumentar e resolver frente às dificuldades que vão se apresentando, além de saber
atuar inter e transdisciplinarmente no campo da consultoria.
24
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Após trazermos um contexto histórico do cenário político e social e como o serviço social encontra-
se inserido nesse cenário, trataremos dos novos espaços da atualidade desse profissional no limiar deste
século e dos séculos futuros.
O espaço de trabalho de um profissional de serviço social deve ser trilhado cotidianamente para
além da formulação das políticas públicas, da execução das atividades e da gestão dessas políticas;
necessita que o assistente social saiba identificar as possíveis mudanças que ocorrem nas instituições
e organizações, possíveis e necessárias mediações. Ainda, que saibam fazer uma leitura e análise
desse contexto conjunto da realidade que constituem demandas potencializadoras de novas e futuras
conquistas e de direitos sociais e, até mesmo, de novos serviços e projetos.
Dessa forma, a ação profissional do assistente social pode e deve ser expressa por meio da consultoria
e da assessoria em gestão pública e responsabilidade social: na fiscalização, formulação e gestão dos
projetos e políticas sociais, sempre em equipe multidisciplinar, interdisciplinar e/ou transdisciplinar,
principalmente nos projetos de responsabilidade social.
Esses novos desafios, que os profissionais devem encarar de forma bastante amadurecida, somam-
se à garantia ao cerne do balanço social das organizações em que atuam, para que se fomentem
instrumentos, que apresentem resultados e informações verdadeiras, difundindo os direitos, a cidadania
e a responsabilidade social.
25
Unidade I
Ou como nos coloca Iamamoto (2001), os assistentes sociais atuam na contracorrente do pensamento
neoliberal e hegemônico no Estado brasileiro, já que primamos em nossa profissão pela ampliação dos
direitos sociais dos segmentos vulnerabilizados pela sociedade capitalista contemporânea, sempre
atentos ao disposto no projeto ético-político constituído por nossa categoria.
Saiba mais
Frente a esse cenário, as empresas, os órgãos públicos (de acordo com as políticas sociais instituídas)
e as ONGs encontram-se preocupadas em fazer uma nova definição e em integrar ao recurso humano
do espaço as políticas públicas implementadas e as estratégias da organização para fomentar as
ações internas. Nesse escopo, o profissional de serviço social não pode fugir dessas novas exigências,
pois é com ele que, muitas vezes, esses espaços contam para (re)pensar o planejamento estratégico
e organizacional.
Tais demandas na atuação dos assistentes sociais exigem desses profissionais conhecimentos
para responder às informações políticas do espaço em que atuam de forma coerente. Eles devem ter
competência para executar suas atividades com agilidade e coerência, sempre com reflexões críticas,
ofertando à população usuária atendida/acompanhada um ambiente salubre e agradável. Eles também
devem se fazer entender por meio de uma comunicação clara e fluente, além de saber trabalhar em
equipe para obter êxito, apoiando-se nas metas que o espaço de trabalho oferta em busca de qualidade
e produtividade.
Nota-se que as empresas privadas, os órgãos públicos, as ONGs e os serviços que contratam
consultores e assessores exigem e solicitam profissionais com conhecimento e com flexibilidade.
26
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Os profissionais de serviço social se defrontam com exigências de uma nova “cultura de trabalho”,
principalmente no segundo setor que requisita integração organizada, habilidade na execução das
tarefas e trabalho multidisciplinar na efetivação e no trabalho que deve ser executado.
Percebemos, segundo o destaque de Cesar (1998), que, mesmo com o impacto tecnológico nas
demandas dos profissionais, estes estão indo além do seu espaço institucional; estão exercendo funções de
assessoramento às diretorias de empresas privadas e, por que não dizer, às diretorias das organizações
da sociedade civil, o chamado terceiro setor.
Há ainda assistentes sociais que desempenham atividades “tradicionais”, mas há profissionais que
já vêm atuando pautados no gerenciamento de pessoal, mesmo sem se desvincular da área de recursos
humanos das empresas, marcando sua multifuncionalidade e horizontalização de suas atividades,
propiciando confiança, aprendizado e crescimento dos funcionários e colaboradores, que são requisitos
importantes para essas empresas.
Para tanto, exige-se que o profissional seja qualificado e apresente capacitação técnica, conhecimento
de política pública e privada, conhecimento teórico e esteja qualificado e capacitado, pois lidará com
informações somadas a tecnologias, para lidar com gerenciamento e estratégias que busquem aumento
na qualidade e na produtividade.
Fortalecendo a discussão, apoiamo-nos ainda em Cesar (1998, p.116). Ele defende que os
profissionais devem:
27
Unidade I
Trabalhar, dentro de uma visão holística, o indivíduo com suas demandas, por
meio de programas, projetos em serviços, numa perspectiva de superação
de fetiches e aspectos do senso comum que dificultam a compreensão da
rotina institucional e o enfrentamento das situações nas esferas da vida:
família, trabalho e sociedade.
É nesse viés que o serviço social deve se encontrar e exercer sua função social, assumindo competências
importantes, como gestar estratégias políticas e administrativas.
Gentilli (1998, p. 139) nos apresenta a seguinte argumentação para fortalecer a discussão em questão:
Um bom exemplo é a área empresarial de recursos humanos, que exige e acaba por reforçar a
produtividade do profissional no processo produtivo, estimulando-o a acreditar e a participar desse
processo que reflete suas escolhas e necessidades.
Para tanto, o assistente social precisa compreender que, para fomentar sua ação, deve saber dialogar
com o ambiente organizacional por meio do conhecimento do clima social que, segundo Chiavenato
(1995, p. 77), “refere-se ao ambiente interno das organizações onde o serviço social atua e está ligado
e relacionado ao grau de motivação de seus participantes”. E é denominado por Luz (1996, p. 21) como
sendo: “[...] a qualidade ou a propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada
pelos membros da organização; influenciando seu comportamento”.
28
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Para que essa criação, invenção e construção aconteçam, segundo Hall, as organizações vêm
apoiando-se em modelos de escolas “prescritivas” da estratégia, da abordagem, da dependência de
recursos e ecologia da população de forma racional.
Ao utilizar a decisão estratégica decorrente da análise racional dos ambientes, obteremos inúmeros
vieses de informações do ambiente (DAFT; WEICK, 1987), e a própria racionalidade limitará as tomadas
de decisão (SIMON, 1970), mesmo que utilizemos dados ambientais objetivos. Isso ocorre porque as
organizações são pressionadas pelos ambientes que impõem demandas técnicas e econômicas, tanto na
forma cultural quanto na forma social, a fim de se tornarem, segundo DiMaggio e Powel (1983, p. 77):
Já Scott (2001), num estudo mais recente, considera que as pressões políticas nascem da crise do
desemprego, de práticas inovadoras e da redução dos contribuintes que apoiam as práticas tradicionais
e usuais. Oliver (1992) aponta e considera que as pressões sociais ocorrem nas organizações quando
estas não são agentes proativas da institucionalização e nem pretendem abandonar e rejeitar o
tradicionalismo institucional, não aceitando as mudanças que ocorrem nas leis, história e até mesmo
nas expectativas societárias, desencorajando ou proibindo uma nova prática institucional.
pressões e a formação de um campo. Nesse sentido, devemos, principalmente, para fomentar a ação
do assistente social, recorrer aos stakeholders para que se possa identificar as informações corretas e
gerar elementos para uma análise mais abrangente que fortalecerá a ação profissional.
Observação
Recorrendo ao ambiente organizacional, é possível criar um clima. É por isso que o profissional de
serviço social deve se direcionar a um novo rumo à prática do assistente social que é:
Portanto, significa dizer que o exercício independe da profissão, mas o serviço social dispõe de
autonomia, compromisso com valores e princípios éticos que norteiam a ação profissional, disposto no
Código de Ética Profissional, não se engessando ao ambiente e ao clima impostos pela organização em
que atua.
É necessário, ainda apoiando-se em Iamamoto (2001, p. 114), que o assistente social saiba:
No campo empresarial, além da área de recursos humanos, observa-se a expansão de um novo tipo
de ação profissional, conhecida como “empresa cidadã” ou “empresa solidária”, que investe em projetos
sociais comunitários considerados de interesse público.
Outro campo de destaque é a gestão social pública que se abre a um conjunto de especializações
profissionais e que indica a tendência de se aplicar a qualificação profissional no mercado de trabalho
competitivo que exige níveis de aperfeiçoamento na formação acadêmica e profissional.
30
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
São nesses espaços de ambiente e climas ocupacionais que o assistente social se depara com as portas
abertas desde que o profissional apresente-se com o perfil descrito acima e venha marcando território
em processos organizacionais e na formação política de segmentos diferenciados de trabalhadores.
Segundo dados extraídos do site do CFESS, os profissionais vêm atuando em:
• atuação na instrução de processos sociais, sentenças, decisões, especialmente no campo social e jurídico;
• realização de práticas educativas em vários temas, como: sexualidade, movimento social, direitos
humanos, perícia social, entre outros;
Para tanto, é necessário e merece destaque, novamente, que o profissional de serviço social,
independente do ambiente organizacional:
Realize um trabalho que zele pela qualidade dos serviços prestados e pela
abrangência no seu acesso, o que supõe a difusão de informações quanto
aos direitos sociais e os meios de sua viabilização [...], pois o assistente social
dispõe de relativo poder de interferência de critérios técnico-sociais que
regem o acesso do público-alvo aos serviços prestados pelas instituições,
organizações sociais e privadas (IAMAMOTO, 2001, p. 145).
Cabe ainda ressaltar que, para fomentar a ação profissional no cenário competitivo do
mercado de trabalho, os assistentes sociais devem ser comprometidos e capazes de sintonizar com
o ritmo das mudanças no cenário social contemporâneo em que tudo que é “sólido desmancha
no ar” (IAMAMOTO, 2001, p. 145). Assim, os profissionais devem se inserir como pesquisadores
nesse contexto, e investindo em sua formação intelectual e cultural para acompanhar melhor
as mudanças que ocorrem, extraindo potenciais propostas de trabalho, transformando-as em
“novas” alternativas profissionais.
31
Unidade I
A sociedade do século XXI tem sido fortemente marcada pelas desigualdades socioeconômicas e
devastada pelo desemprego devido ao cenário neoliberalista.
A área social foi a que mais sofreu com esse enorme impacto para defender-se do Estado-mínimo,
que seleciona as políticas sociais naturalizadas. Desde então, esse modelo está vigente em nossa sociedade
e origina a crise que assola os países desenvolvidos, desde 2008. Uma transição do modelo de Estado-
mínimo para um Estado interventor é sinalizada como forma de buscar novas formas de acumulação de
bens, fazendo com que o Estado mude sua estratégia de ação frente à economia e ao social. Isso conteria
os impactos das crescentes crises e, assim, o Estado continuaria a ser vinculado ao sistema capitalista.
Assim, surgiram cooperativas e associações no final da década de 1980 e início de 1990 para responder
às demandas sociais e com a alegação de que o Estado não abrangia totalmente as exigências sociais.
O Estado passou a defender o surgimento de organizações da sociedade civil, alegando que dividiria
a responsabilidade das demandas sociais com esse setor e que seria o responsável por financiar as
intervenções do terceiro setor, o que seria uma terceirização dos serviços públicos. Logo, as empresas
privadas passaram a intervir também nas demandas sociais como forma de buscar um perfil mais
comunitário, rendendo-lhes credibilidade e visibilidade.
Contudo, o Estado deixou de ser o principal ator nos atendimentos às demandas sociais, que sempre
foi e é de sua responsabilidade, e passou a fornecer condições para que as empresas privadas e as
organizações não governamentais atuassem de forma complementar às suas ações.
Cabe ressaltar que a sociedade civil deve cobrar esse posicionamento do Estado para que ele se
responsabilize pelo que é seu dever, caso contrário a população civil estará fortalecendo o sistema
neoliberal e perdendo gradativamente os direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, além
de andar na contramão da cidadania.
Para entender melhor, há três esferas de intervenção social: o Estado (primeiro setor); iniciativa
privada (segundo setor); e organizações não governamentais (terceiro setor). Veja a seguir o quadro
32
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
explicativo que faz uma análise das distinções e semelhanças dessas esferas, de como se compõem os
recursos que os sustentam e de como são destinados:
Esferas de
Destinação dos
Origem dos recursos intervenção Denominação
recursos (setor)
Bem-estar coletivo
Recursos públicos: originários de (serviços de Estado (Poder
1º setor
impostos, tarifas públicas e multas. atendimento ao público Público)
gratuitamente e gestão)
Recursos particulares: fontes privadas. Negócios visam ao lucro 2º setor Empresas privadas
Independente de quem é o gestor, a gestão do social vem gerindo com o mínimo de recursos e
realizando sob a ótica do neoliberalismo mesmo quando se busca metodologias de gestão social.
Mas qual o significado de gestão? Gestão é um termo que se derivou da administração e sua
finalidade é a de governar as organizações ou parte delas. Envolve, segundo Maximiano (2000),
comando (para manter os trabalhadores em atividade), coordenação (para unificar e harmonizar
as atividades e esforços dos trabalhadores), controle de recursos organizacionais (para cuidar das
atividades realizadas e se elas se encontram de acordo com os planos, além de manter a ordem),
planejamento (para traçar planos a médio e a longo prazo) e organização (para montar a estrutura
material e humana para realizar o empreendimento que se deseja), sempre priorizando a eficiência e
a eficácia dos objetivos estabelecidos.
A gestão não é somente um instrumento para atingir objetivos e gerir recurso, ela assume
um caráter de racionalização e, em conjunto com a perspectiva social, envolve a participação e o
empowerment dos sujeitos sociais, foco principal do profissional de serviço social.
33
Unidade I
Observação
A gestão administrativa diz respeito à competitividade, isto é, foca nos lucros e nas produções e
utiliza-se do empreendedorismo empresarial, por isso apresenta um caráter de racionalização. Já a
gestão social está voltada ao empreendedorismo social, o que significa dizer que está focada na
efetividade, eficiência e na eficácia das ações.
Observação
Trata-se de um negócio social entre a sociedade civil em parceria e envolvimento do governo, das
empresas privadas e da comunidade.
Fica claro porque, ao realizar uma intervenção, os profissionais devem articular-se em redes e estar
atentos às dimensões da gestão: é necessário abranger o técnico-operativo, psicossocial e o caráter
político-institucional para não cair no erro de gestão de forma administrativa, em que o foco é o
produto e o lucro.
Nesse sentido, a gestão social, seja no primeiro setor, no segundo setor ou no terceiro setor, deve
pautar-se na busca da emancipação e da autorrealização na vida social, como também na conscientização
das potencialidades individuais e/ou coletivas. Segundo Tenório (1998, p. 09), “gestão social é um
conjunto de processos sociais e deve ser gerenciada entre os atores, sem caráter burocrático e através
da participação social e política”.
34
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Significa dizer que gestão social está fortemente ligada a ações sociais de caráter público, que
visam à amplitude da cidadania dos sujeitos sociais, seja em forma de projetos, programas ou planos
sociais, em resposta às demandas que surgem para o assistente social. É por meio da gestão social que
o assistente social no papel de gestor efetiva o acesso aos bens e serviços sociais disponíveis, apoiados
em compromissos ético-políticos.
O tema gestão é bastante recente e seu foco são as intervenções organizacionais por meio de ações
em vários campos sociais e nas três esferas de intervenção (primeiro, segundo e terceiro setores).
O serviço social, desde a década de 1990, segundo Iamamoto (1999, p. 126), vem formulando,
avaliando e criando propostas em todos os níveis das políticas sociais e de organizações da sociedade
civil. Com isso, construiu um referencial relacionado à gestão, denominado gestão social. Para tanto,
o serviço social passou a dialogar com outros saberes da ciência para formular interdisciplinarmente a
gestão social sob a ótica do serviço social.
Nessa construção, o serviço social desenvolveu dois momentos para o processo de análise, segundo
Minayo (2004):
1º − Análise temática: estudo, apropriação refinamento de conteúdos sobre o tema gestão social.
2º − Análise das relações: relacionar os conteúdos apreendidos, partindo para identificações similares
e diferentes do grande tema e seus subtemas.
Maia (2005, p. 12), a partir desses dois elementos de análise, compôs um quadro analítico-propositivo.
Veja a seguir, com as seguintes categorias ou subtemas e respectivas referências.
Valores (axiologia): princípios referenciais que inspiram e dão direção às construções teórico‑práticas
da gestão social.
Propósitos (teleologia): finalidades ou intencionalidades para onde se quer chegar com a gestão social.
Autor
Tenório Singer Carvalho Dowbor Fischer
Categoria
Justiça, bem-estar
Democracia, Direitos de social,
Valores cidadania, Vida, democracia e Ética da responsabilidade
cidadania e desenvolvimento
convívio, respeito trabalho. e democracia.
equidade. humano e
e diferenças. democracia.
Implementar Desenvolver Realizar ações Transformar o
processos ações para o Gerir processos sociais
sociais públicas desenvolvimento,
sociais para a enfrentamento às ou processos de
Propósitos para responder atividade econômica
ação gerencial necessidades da desenvolvimento social,
às demandas e como meio e bem-
em vista da população a partir com relações de poder,
necessidades da -estar social, fim do
democracia e da do trabalho e da conflito e aprendizagem.
população. desenvolvimento.
cidadania. renda.
Ciências Sociais, Ciências
Economia, Políticas, Teoria da
Economia, Administração, Organização, pesquisa
administração, Ciência Política,
Administração, Ciências Sociais, Teorias da Educação, social, História, Psicologia,
política, Ciências
Focos Administração Ciência política, Administração, teorias
Sociais e Ciências Sociais,
pública, política e Economia e do desenvolvimento;
associativismo, Ciência Jurídica,
Ciências Sociais. Serviço Social. proposta pré-
cooperativismo e ciência tecnológica; paradigmática,
autogestão. paradigma em -epistemológica e
construção. praxilológica.
Projetos,
Políticas econômicas, Políticas públicas;
programas e Espaço local,
Locos ONGs e políticas Governo/Estado e Organizações
políticas sociais; estatais, empresariais Interorganizações eeredes.
Organizações
públicas. Organizações de sociedade; e
trabalhadores. e da sociedade civil.
Estado.
Empresários,
administradores
Sociedade civil/ públicos, políticos,
Trabalhadores da Organizações população ONGs, sindicatos, Indivíduos, grupos e
Agentes administração populares; ONGs; usuária; Estado, pesquisadores, coletividades, Estado,
pública, universidades e nas diferentes movimentos sociais, mercado e sociedade civil.
população. governo. esferas. universidades e
representantes
comunitários.
Processos sociais,
Governança política mediações:
Gestão em rede, integrada e coerente, e educação,poder, conflito
governança,
empoderamento empoderamento, planejamentos. Locais
Processos sociais; dos sujeitos, articulação entre
Economia solidária e transescalares,
articulação entre parceria, controle, social e econômico, o
Metodologia e outras estratégias; financiamento. Redes:
os atores; projetos e público e o privado,
autogestionárias e açõs individuais e
técnicas de programas sociais, o Estado, o mercado
políticas públicas. coletivas; organizaçõs
gestão. governança, e a sociedade civil, de aprendizagem;
intersetorialidade descentralização, construção de identidade
e transparência. negociação e e legitimidade e
publicização. efetividade social.
36
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Fica evidente que a gestão social para serviço social, segundo estudo de Maia (2005, p. 15), “é um
conjunto de processos sociais com potencial viabilizador do desenvolvimento societário emancipatório
e transformador”, pois se funda em formação, práticas e valores da cidadania e da democracia para
enfrentar as demandas e garantir os direitos civis e universais preconizados na Constituição de 1988.
Ela é um campo fértil de conhecimento interdisciplinar, já que há um diálogo entre saberes científicos.
Portanto, compreende-se que o serviço social, como mediador, afirma nessa construção da gestão social
a sua práxis, apoiado nas dimensões teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-políticas, que
materializam os valores da cidadania e da justiça social.
Desempenhar um papel de gestor social é bem diferente do gestor empresarial. O gestor social prima
pela cidadania, participação e acesso dos indivíduos. Para tanto, o assistente social deve ter habilidades
técnicas de intervenção, de articulação em rede e negociação; enquanto o gestor empresarial visa apenas
ao lucro e à produtividade de sua organização, mesmo quando esses espaços promovem ações sociais.
Cabe ressaltar que o gestor social deve compreender e saber realizar uma leitura das questões sociais
no contexto socioeconômico e político presente no cenário contemporâneo para que, ao gerir, faça-o
criativamente, no sentido de transformação social. Ele deve ter liderança e saber atuar em rede e em
equipe de forma descentralizada, pois seu grande desafio é o de produzir resultados para a sociedade,
tendo em vista ações que alcancem objetivos para a melhora na qualidade de vida de seus usuários e
no espaço organizacional em que atua, apoiado em planejamentos estratégicos e organizacionais para
fundamentar sua ação.
• habilidade técnica: como o próprio nome já diz, o profissional necessita de conhecimento técnico
para executar de forma coerente às atividades específicas que lhe cabem;
• habilidade humana: apresentar liderança e saber atuar em equipe, além de ter aptidão para
trabalhar com diversas pessoas, cooperar com outros profissionais, atuar em parceria e saber
delegar com ética.
Segundo Santana (2008), faz-se necessário considerar cinco tópicos extremamente importantes
para desempenhar um papel de gestor social, que são:
• ser um facilitador, ou melhor, ser um dirigente-servidor, isto é, aquele que não apresenta respostas,
mas, ao realizar um questionamento, iguala-se aos demais profissionais;
37
Unidade I
Observação
Por ser um campo novo e desafiador, a gestão social apresenta alguns entraves que dificultam sua
efetivação técnica e política. Um exemplo são os programas sociais ditados pelo primeiro setor, que
deixam o terceiro setor à mercê de suas diretrizes, envolvendo muitos atores sociais e organismos, além
da burocracia que está presente nos órgãos públicos. Contudo, isso vem sendo constante também no
terceiro setor, quando os profissionais necessitam efetivar prestações de contas, preencher relatórios de
monitoramento e avaliação. Não que esses procedimentos deixam de ser importantes, pois são eles que
apontam resultados do trabalho, entretanto, há uma acumulação de afazeres devido à burocratização
dos serviços decorrente da falta de um sistema de informação funcional.
Para desempenhar uma gestão transparente e coerente se faz necessária a utilização de algumas
ferramentas (instrumentos) que auxiliem na função de gestor, cujo desempenho do papel gerencial e
político é o responsável pela execução das políticas dos espaços organizacionais. É necessário que o
gestor siga uma lógica processual, por meio de etapas de um processo contínuo e permanente:
2º − Realizar diagnóstico e prognóstico dos indicadores da realidade social e suas influências externas
e internas.
3º − Decidir sobre a realidade diagnosticada, isto é, procurar alternativas para enfrentar a situação;
planejar estrategicamente para buscar alternativas para realizar sua ação; avaliar e decidir sobre os
recursos existentes e disponíveis. Nessa etapa, fique atento aos objetivos, metas, metodologia, prazos,
indicadores de resultados, avaliação, monitoramento e instituições envolvidas.
38
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
4º − Implementar o que foi planejado, isto é, partir para a ação respeitando os prazos estabelecidos.
5º − Realizar crítica frente ao resultado obtido, no final de cada avaliação (que deve ser feita
periodicamente, a critério do que foi planejado) que ocorrerá durante o processo. Nesse tópico, as
situações podem mudar se pensarmos nas respostas e informações dos stakeholders, principalmente os
externos. Essa crítica fortalecerá as ações já planejadas e/ou fundamentará novas ações.
Se o gestor obtiver um norte por meio das ferramentas operacionais, sua ação será transparente e
com poucos obstáculos a serem enfrentados, além de solucionar possíveis imprevistos e conflitos que
poderão ocorrer.
Conforme vimos anteriormente, a descentralização se faz necessária para gestão social, pois
oferece transparência no poder decisório do gestor: de decisão, política e de serviços. Vejamos a
seguir cada processo.
A descentralização no processo de decisão, como o próprio nome diz, oferece ao gestor autonomia na
tomada de decisões. Para isso, ele precisa buscar respostas de acordo com a sua realidade organizacional
e política para os seguintes questionamentos que deve se fazer: o que o gestor pode decidir? Com que
recursos administrativos e políticos o gestor pode contar para realizar bem sua função? Que influências
o gestor tem nos processos de decisão em relação aos níveis superiores a si?
A descentralização no processo político diz respeito ao poder que influencia as pessoas e é nesse
momento que o gestor deve analisar os graus de envolvimento dos sujeitos sociais cidadãos com a
comunidade, com a organização/instituição, com a política social e com os representantes políticos. Nesse
processo, o gestor precisa buscar respostas para as seguintes perguntas: existe algum envolvimento dos
cidadãos na gestão e como acontece esse envolvimento? Qual a relação entre os políticos, a comunidade
e a unidade descentralizadora?
E, por fim, a descentralização no processo de serviços, que diz respeito à prestação de serviços
compartilhada entre os setores que compõem a unidade descentralizadora. Nesse processo, o gestor
deve se perguntar: que serviços podem prestar à administração? Como se dá a relação entre os internos
da organização e os serviços da rede envolvida?
A descentralização na gestão se faz importante, pois evita possíveis obstáculos e entraves, além de
articular a gestão intersetorialmente e fomentar a participação cidadã.
O serviço social atua em diferentes áreas de intervenção do primeiro, segundo e terceiro setores,
tais como: família, pessoa com deficiência, idoso, habitação, crianças e adolescentes, saúde, previdência,
assistência social e empresas.
39
Unidade I
Mesmo que não haja relação direta das ações entre os setores de atuação do assistente social,
o público-alvo é o mesmo, ocorrendo, muitas vezes, duplicidade nos atendimentos à população
e fragmentação dos recursos e serviços não gerando os resultados esperados pelos profissionais.
Essa dificuldade em intervir em rede ainda acontece porque as políticas sociais caminham
separadamente e são poucas as iniciativas de profissionais em estabelecer trabalhos em rede, ocorrendo
apenas tímidas parcerias institucionais entre o primeiro e o terceiro setores que têm a maior gama
de atendimento do mesmo público. O que significa que há uma tentativa em se “montar” uma rede de
parcerias nos atendimentos, porém essa rede frágil não estabeleceu ainda uma intersetorialidade entre
as diferentes políticas.
Um bom exemplo é a rede de serviços de atendimento que atuam com o segmento de crianças e
adolescentes, especificamente em situação de rua. Essa atuação ocorre de forma interinstitucional entre
ONGs com o Conselho Tutelar, o Ministério Público, a Vara da Infância e da Juventude, a saúde e com a
educação, e não de forma intersetorial como deveria ser para obtenção de resultados.
Segundo a autora, intersetorialidade se faz necessária e é viável nas políticas sociais, mas não pode
ser um termo contrário à setorialidade, pois ambas se completam e não se excluem.
40
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
A intersetorialidade tem seus limites e, por isso, necessita de combinações e complementos entre
a setorialidade, a territorialização, a democratização, a participação e a intersetorialidade, já que esses
elementos somados apresentarão resultados positivos.
Cada organização e/ou setor tem sua especificidade, e realizar parcerias e redes entre cada setor,
somadas aos complementos, como a participação, a territorialização e a democratização, resulta
em intervenções sociais sólidas e amplas, que alcançarão eficiência, efetividade e eficácia nas ações
profissionais, além de potencializar políticas, programas, projetos e serviços sociais.
Você deve estar se perguntando: e a atuação em rede no segundo setor? O que motiva as empresas
ditas ‘cidadãs” e “solidárias” a investir financeiramente na área social?
Para melhor compreensão, devemos sempre pensar que as empresas visam aos lucros e à
produtividade. Com as mudanças no cenário socioeconômico e político na contemporaneidade, as
empresas vêm sentindo essas rápidas transformações e os impactos que elas causam, o que impulsiona
o mundo corporativo e a sociedade civil. Esta cobra dos espaços organizacionais um maior compromisso
social por parte das empresas, sejam elas mistas, estatais ou outras, fazendo pensar mais na melhoria
dos produtos e serviços e a dar respostas sociais. Devido a isso, as empresas, para manterem-se na
competição na lógica do mercado, passaram a se voltar para o social.
Nesse ponto de vista fica evidente que as desigualdades sociais vêm se exaltando e as demandas
sociais por intervenção estimulam as organizações do segundo setor a oferecerem respostas decisivas a
essa realidade exaurida.
As parcerias e as alianças são uma alternativa positiva para o primeiro, segundo e terceiro setores, como
também para a população usuária desses serviços, pois os espaços de organização se inter-relacionam cada
qual com sua lógica. Para isso, é preciso fortalecer a intercomplementação dos recursos e das capacidades
entre os espaços organizacionais, enquanto a aliança social estratégica caracteriza-se como uma parceria.
41
Unidade I
Desde a década de 1980 até os dias atuais, as organizações vêm investindo no social, financiando
ações e executando projetos sociais que denominam de responsabilidade social e/ou preocupação com
o meio ambiente. Mesmo que estejam conscientes de que devem atuar no social, cabe ressaltar que há
interesses embutidos nessas ações. Segundo Austin (2001), as empresas em parceria procuram gerar
benefícios significativos ao investirem em esquemas de cooperação bem-administrados com o objetivo
de beneficiar a identidade de sua marca e reputação, bem como reforçar a ideia de que os funcionários
devem ter mais compromisso com sua função e cargo para que se revelem oportunidades de negócios
e fontes de receita.
Nesse sentido, podemos afirmar que, muitas vezes, o propósito do segundo setor se dá:
• Com a melhoria na imagem e boa reputação no sentido de gerar marketing social, além de
beneficiar a comunidade para gerar o seu negócio.
• Ao promover uma identidade de marca, por meio de suas ações no âmbito social, para favorecer
seus produtos.
• Ao criar uma “cultura social” e uma cultura corporativa, o que consiste em estimular os valores da
empresa, motivando os funcionários a atuarem em equipe para favorecer o seu sucesso.
Assim, o retorno que a empresa que investe em cidadania e responsabilidade social em comunidades
e no terceiro setor obterá será concreto.
Em tempos anteriores, o Estado (primeiro setor) era o maior provedor de recursos financeiros para o
terceiro setor. Contudo, esses financiamentos e recursos foram ficando escassos, pois desde a década de
1980 inúmeras ONGs foram criadas , motivadas pelos movimentos sociais que entendem a falta ação do
Estado para com a grande massa populacional que se encontra em vulnerabilidade psicossocial.
Como esses espaços da sociedade em crescimento, que atuam “cobrindo” a deficiência do atendimento
do Estado (primeiro setor), o segundo setor passou a reconhecer que necessitava ser socialmente
responsável. Em parceria com o terceiro setor, passou a financiar projetos e programas, impulsionando
42
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
as ações desenvolvidas pelo espaço organizacional que realiza com autonomia ações de atendimentos às
demandas sociais.
• aumentar, em escala, sua atuação, abrangendo outros espaços de atuação: regional e até
mesmo nacional;
• unir forças com o primeiro e o segundo setores, no sentido de cooperar e atuar em rede, além de
reunir confiança, conhecimento ou poder político;
Enfim, com as parcerias firmadas, o terceiro setor administra e conquista mais credibilidade para
atuar de acordo com as demandas sociais que batem em sua porta.
Já para o Estado, firmar parcerias e alianças com as empresas privadas e com as organizações não
governamentais é uma questão de estratégia, decorrente dos cortes e gastos da área social, podendo
dividir responsabilidades e até mesmo diversificar suas ações.
Sob a justificativa de falência e insuficiência do primeiro setor para intervir nas demandas da área
social, a única saída para o Estado é dividir responsabilidades com o segundo e o terceiro setores. É nesse
contexto que Austin (2001, p. 58) aponta que:
A sociedade não pode mais olhar para o Estado como sendo o principal
solucionador de problemas. A confiança no governo e nos políticos
diminuiu e os limites que o Estado tem em intervir foram reconhecidos. Isso
desencadeou uma maciça transferência das funções sociais do nível federal
para os níveis locais e do setor público para o setor privado [...]. Realmente, o
discurso de insuficiência estatal embasou e fomentou a entrada dos demais
setores da área social, ocasionando uma maciça transferência das funções
sociais, que, até então, eram exigidas do nível federal, agora se passa para os
níveis locais e sob a gerência de empresas e ONGs.
Na afirmação anterior fica evidente que o Estado passou a disponibilizar recursos para que os demais
setores invistam na área social, descentralizando as demandas sociais e dividindo as pressões dos serviços
públicos e universais.
43
Unidade I
Finalizando este tópico de discussão, nota-se que os interesses para firmar parcerias e alianças
são inúmeros, mas ressaltamos que eles são necessários para fundamentar os serviços e ampliar as
intervenções sociais.
Lembrete
No que diz respeito à visão crítica do serviço social, apoiaremo-nos nas ferramentas técnico‑operativas
da gestão.
A gestão social, no ponto de vista do serviço social, busca uma constante ampliação e efetivação da
cidadania. Nesse sentido, citaremos novamente Maia (2005, p. 2), que expõe:
Nessa perspectiva, a gestão do social está contra o social, conforme nos coloca Maia, defendendo
um projeto societário imposto que tem em suas bases a acumulação de riqueza e o sistema capitalista
neoliberal, no qual estamos inseridos e que produz questões sociais do capital versus trabalho.
Com a infiltração do segundo e do terceiro setores na área social, fica subentendido, conforme vimos
anteriormente, que o Estado está falido por não “dar conta” das demandas sociais. Esse pensamento
pertence à ideologia neoliberal na tentativa de minimizar ações estatais de caráter público preconizadas
na Constituição Federal de 1988.
Assim, o Estado-mínimo busca intervir o mínimo possível e difundir ideias e ações de interesse,
justificando o sistema neoliberal.
44
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Um bom exemplo disso é a área da saúde e suas ênfases nos planos de saúde como forma de
solucionar a precarização da saúde pública, deixando implícito nas entrelinhas que o poder privado
(segundo setor) está mais eficaz e apresenta melhor qualidade para gerenciar o público. Essa é mais uma
ilusão do neoliberalismo, fazendo com que a população arque duplamente com os custos da saúde: ao
pagar os planos de saúde das empresas privadas e ao pagar impostos para melhoria da saúde pública.
Com o retrocesso estatal na área social e a entrada das organizações empresariais e da sociedade
civil em cena, Berghin (2005, p. 42-43) afirma-nos, resumidamente, que:
Assim, o Estado abre caminhos ao financiar o terceiro setor e conceder incentivos fiscais para as
empresas privadas exercerem o “papel cidadão”, descaracterizando os direitos sociais, realizando
filantropia e caridade e fazendo com que a população perca seu caráter reivindicatório. Já que o direito
tornou-se um favor, ela deixa de cobrar a universalização dos serviços. É somente nesse contexto
que o serviço social não vê “com bons olhos” a entrada do terceiro setor na área social, pois com a
implementação da LOAS, do Plano Nacional de Assistência Social — nas três esferas do governo —, e com
o Sistema Único de Assistência Social, essas organizações vêm se adequando às propostas dessas leis e
resoluções e obtendo resultados positivos na área social, apoiadas no fazer do assistente social.
Na intervenção do segundo setor na área social, o serviço social hegemônico faz a leitura de
que é a “devolução” ao meio social, já que o segundo setor concentra o maior percentual de renda,
principalmente as multinacionais e as de grande porte, enquanto na área social concentra-se o menor
45
Unidade I
percentual de renda. Além disso, a hegemonia do serviço social lê da seguinte forma tal situação: as
empresas se vestem de manto cidadão para ofuscar a relação de exploração capital versus trabalho que
dá origem às questões sociais.
Assim, entende-se que o segundo setor quer descaracterizar a cidadania em busca do enfraquecimento
do papel do primeiro setor, o que poderia ocasionar a retirada da agenda pública e política, gerando
conflitos procedentes da questão social e afetando a cidadania.
Outro fator importante são as políticas sociais que atuam na resolução dos problemas sociais. Cohen
e Franco (2007) afirmam que isso não costuma ser muito comum em uma área em que as paixões, as
desinformações e o voluntarismo costumam fazer campanhas quando desejam se sobressair. O segundo
setor agindo assim confunde a população que acredita em boas intenções, sem perceber que os resultados
são limitados e escassos, pois na verdade o que visam é ao marketing social do espaço organizacional do
primeiro, do segundo e até do terceiro setor, dependendo de quem busca esses resultados.
A autora coloca que a gestão do social, conforme acabamos de discutir, é diferente da gestão social,
que se compõe como um processo que considera todo o momento histórico-dialético da sociedade.
Assim, a gestão social baseia-se nos valores e no enfrentamento das expressões das questões sociais,
garantindo os direitos humanos universais, a formação da cidadania e da democracia e viabilizando o
desenvolvimento emancipatório e transformador.
46
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
É preciso haver uma pactuação democrática no nível das três esferas de governo (federal, estadual e
municipal) e entre sujeitos sociais dos níveis social, político e econômico para fortalecer e democratizar,
e uma participação ativa dos cidadãos efetivando a gestão social.
Nessa perspectiva de gestão social, o serviço social deve utilizar de sua práxis profissional para
mediar o acesso da população aos bens e serviços sociais, direcionando-os para a cidadania plena.
Isso demonstra que, entre tantas profissões, o serviço social apresenta características para exercer a
gestão social compromissada com a amplitude da cidadania, pois é uma profissão baseada em corrente
marxista teórico-crítica; atua sob o ponto de vista político de uma ordem societária; é respaldada por
um Código de Ética; e é fundamentada em princípios como a cidadania, a igualdade, a liberdade, a
justiça social, a democracia etc. Para tanto, o profissional qualificado de serviço social deve se apoiar nas
dimensões teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-políticas que o capacitarão a desempenhar
a gestão social.
Concluímos que a gestão social para o serviço social deve atender a duas perspectivas: o rico
conjunto de instrumentais técnicos e metodológicos para gestar programas, projetos e serviços sociais;
e a ferramenta para atuar no sentido de transformar a realidade social, apoiada nos valores éticos, sendo
que uma perspectiva deve sempre complementar a outra. Assim, o profissional de serviço social formulará,
avaliará, implementará e recriará propostas diferenciadas no cerne da política social, fundamentando o
seu objetivo, o direito e a justiça social.
Para a secretária de assistência social, receber mais esta premiação só vem confirmar
que o município de São Gabriel continua sendo referência quando o assunto é uma gestão
eficiente e comprometida com a população.
“São Gabriel é um município referência em diversas áreas, e esse prêmio veio para
confirmar que o governo de gestão participativa trabalha em prol do povo com um trabalho
sério, eficiente e comprometido com o bem do cidadão. Nossa equipe está de parabéns mais
uma vez, em especial nossas técnicas que idealizaram e ajudam implementar o projeto no
município”, salientou a secretária de assistência social, Sonia Candeloro.
Fonte: Currales (2014).
Exemplo de aplicação
O texto representa uma intervenção na área da gestão social. Considerando o exemplo, reflita
buscando identificar o porquê de tal exemplo adquirir um caráter “social”.
Esperamos que você tenha conseguido apreender o que foi discutido até aqui. Desse modo, será
possível colaborar com a compreensão de trabalho aplicada ao serviço social e com as mudanças
processadas no mercado de trabalho e nas demandas postas ao assistente social, assim como acerca dos
aspectos que abarcam o conceito de gestão e gestão social.
Isso nos servirá de embasamento para as discussões que virão no decurso de nossos estudos.
3 CONSULTORIA
Dando sequência a nossos estudos, convidamos você para nos aproximarmos dos conceitos de
consultoria e assessoria. Iniciamos com uma breve retrospectiva histórica sobre o desenvolvimento da
prática laboral denominada consultoria.
48
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
Conforme Jacintho (2004, p. 25), a palavra “consultoria” vem do latim consultare e quer dizer dar
ou receber conselhos ou ser aconselhado por alguém, o que é um hábito antigo do ser humano. Para o
autor, podemos entender a observação que alguns povos faziam dos fenômenos naturais e sua posterior
indicação de conselhos a serem seguidos como as primeiras ações ligadas à consultoria.
Como exemplo das ações primitivas de consultoria, Jacintho (2004) cita a abordagem dos
magos chineses que ofereciam conselhos às pessoas, com base na observação cotidiana dos
eventos da natureza.
Observação
Assim, a consultoria remonta às origens das relações humanas. É ato de conferência para
deliberação de qualquer assunto que requeira prudência. Constitui-se na reflexão em busca de uma
resposta por meio do mais adequado conselho ou de forma mais complexa, mas menos objetiva,
de um parecer.
Registros antropológicos definem como traço comum às sociedades humanas o surgimento de indivíduos
adotados como guias, que aconselhavam suas comunidades em todas as questões, desde relacionamentos, até
ações para caça ou guerra, inclusive aspectos da saúde física e psicológica (JACINTHO, 2004).
Dessa forma, podemos concluir que a consultoria deriva da tradição xamânica, que também deu
origem aos homens sagrados (sacerdotes).
De acordo com Jacintho (2004), na antiga Grécia, os sacerdotes do Oráculo de Delfos proviam
consultorias embasadas nas observações sistemáticas e inteligentes dos fenômenos naturais, entendidas
naquela época como predições de homens escolhidos pelos deuses e dotados de poderes especiais.
Foi nesse ambiente que surgiram os primeiros filósofos e o ideal da busca do conhecimento e do
entendimento racional do mundo e da própria humanidade por meio da ciência.
Foi somente no início do século XX que a consultoria passou a ganhar os moldes da atividade
hoje bem-definida e caracterizada. Especialmente nas décadas de 1940 e 1950 nos Estados Unidos e
na Europa Ocidental ocorreram importantes avanços na sistematização do trabalho de consultoria,
com vinculação eminentemente técnica e científica aliada à experiência e fundamentada em
teorias, mas sempre com foco nas soluções práticas.
Saiba mais
A consultoria pode ser compreendida como o serviço de apoio aos gestores ou proprietários de
empresas para auxiliar nas tomadas de decisões estratégicas, com grande impacto sobre os resultados
atuais e futuros da organização. Iniciaremos com as colocações de Silva (2013) e, na sequência, nos
respaldaremos no disposto por autores como Croco e Guttmann (2005) e Block (1991).
O foco da consultoria é definir a melhor alternativa de ação num ambiente de negócios repleto
de incertezas, riscos, competição e possibilidades desconhecidas, que representam para os gestores da
empresa um problema complexo e de grande importância.
Observação
Há vários tipos de consultoria e dentre eles destacamos a consultoria externa e a consultoria interna.
Saiba mais
50
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
De acordo com Silva (2013), o consultor interno faz parte do quadro de funcionários da organização,
pertencendo a sua estrutura e sendo orientado por sua cultura e seus valores. Essa atividade possui,
como qualquer outra, vantagens e desvantagens.
Dentre as vantagens apresentadas por esse tipo de consultor, destacamos o fato de o profissional
possuir amplo conhecimento da empresa onde atua como consultor. Ele também possui certo
poder informal, que pode facilitar a execução da sua atividade. Entretanto, o consultor interno não
tem o mesmo acesso à atualização prática. Seus conhecimentos são basicamente teóricos, devido à
falta de oportunidades para aplicação desses conhecimentos em diferentes casos e empresas. Dessa
forma, possui menos experiência que o consultor autônomo e suas ideias costumam ter menos
aceitação nos níveis hierárquicos mais altos e, pelo vínculo empregatício, possui menor liberdade
de ação.
Esse modelo de consultor surgiu no Brasil, de acordo com Silva (2013), na década de 1990, mas
esse formato de intervenção foi transplantado dos Estados Unidos em virtude de um movimento de
empresas que procuravam profissionais da área de recursos humanos habilitados para atuar junto aos
aspectos da gestão de empresas.
O objetivo desse tipo de consultoria é ir além da simples mensuração dos resultados alcançados
pelas ações empreendidas. Por isso, o foco da ação dos consultores internos é: “[...] descentralizar o
gerenciamento de pessoas, conferir um aspecto mais estratégico à gestão e, assim, facilitar o alinhamento
entre as pessoas e as estratégias da organização” (SILVA, 2013, p. 171).
51
Unidade I
Na figura a seguir, é possível observar uma distinção entre a consultoria interna e a consultoria externa.
• Autônomo.
• Não tem relação hierárquica com o cliente.
Consultor externo
• Imparcialidade com o projeto.
• Dificilmente enfrenta resistências.
• Funcionário.
• Possui hierárquica com o cliente.
Consultor interno
• Tem objetivos a atingir como funcionário.
• Pode enfrentar resistências.
Croco e Guttmann (2005), por outro lado, nos dizem que podemos dividir a consultoria de quatro
formas, de acordo com os seguintes conceitos:
• serviço ou produto;
• estrutura;
• abrangência;
Segundo Croco e Guttmann (2005) o consultor pode ser interno ou externo, embora seja
desnecessária essa separação, considerando que ambos enfrentarão os mesmos obstáculos para a
aceitação e implementação das ações propostas. O consultor interno, “quando desempenha seu serviço,
lida com a resistência por parte dos executivos, que não dão a devida importância a essa atividade, e
com os funcionários da empresa que às vezes consideram-no um ‘intruso’ em seu ambiente de trabalho”
(CROCO; GUTTMANN, 2005, p. 12). Este profissional também pode sofrer com a resistência dos executivos
devido ao nível hierárquico e por suas sugestões mexerem com a chamada “área de conforto”, o que
gera resistência à mudança. Com os níveis mais baixos, pode gerar um sentimento de inveja pela posição
de consultor, e também pela resistência natural à mudança, criando um clima não colaborativo. Para
superar essas dificuldades e para que sua proposta seja aceita por seu cliente, cabe ao consultor dominar
a técnica de persuasão e negociação.
É preciso considerar também as diferenças significantes apontadas por Block (1991). Segundo o
autor, os consultores internos podem agir mais por imposições postas pela hierarquia empresarial
ou por uma série de fenômenos que condicionam a prática profissional. Nesse caso, nem sempre os
consultores internos são imparciais. Já os consultores externos, de acordo com Block (1991), quase
não irão vivenciar essas situações, ou seja, por não pertencerem ao quadro de funcionários da
52
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
empresa não estão condicionados pela hierarquia do espaço de atuação. Assim, o consultor interno é
mais limitado e vulnerável ao apresentar seu diagnóstico e proposta.
O consultor interno é favorecido por seu conhecimento dos fatores informais existentes, conhece e
convive com as pessoas e o processo, podendo, assim, acompanhar o planejamento e implementação das
ações; enquanto o consultor externo possui maior experiência e conhecimento adquirido pelo trabalho
em diferentes empresas, tem maior aceitação pela alta administração e maior autonomia para criticar
os processos existentes na empresa.
Podemos categorizar a consultoria de acordo com sua estrutura, que é dividida por fatores como:
flexibilidade, metodologia, adequação à realidade do cliente, tempo para contratação e grau de aceitação
(BLOCK, 1991).
A segunda é a chamada consultoria pacote, na qual o consultor utiliza a mesma metodologia para
diferentes situações em diferentes empresas, ou seja, a mesma receita para organizações diferentes.
Outra forma de divisão da consultoria é pela abrangência, ou seja, pela amplitude e profundidade da
atividade do consultor. Suas características comuns são: os níveis hierárquicos envolvidos na contratação
do consultor, o desenvolvimento e implementação que se vai seguir, o tempo de contrato e a resistência
encontrada pelo profissional.
A consultoria especializada é aquela que atua focando apenas um dos setores da empresa. Embora
tenha foco definido, pode influenciar outros departamentos. A contratação ocorre pelo executivo que
dirige a área que será atendida pela consultoria e não pelo diretor geral. Já a consultoria total, ao
contrário da especializada, inclui vários projetos ou departamentos da empresa, sendo o consultor
contratado pela alta administração, para que atue no diagnóstico e implementação de ações para
problemas que afetem a organização como um todo.
A divisão aqui se dá pela forma de relacionamento do consultor com seu cliente e parceiros de
profissão. Algumas características são a existência de algum vínculo empregatício, se a atividade pode
ser realizada remotamente e se há a necessidade de documentos formais.
O consultor associado é aquele que formal ou informalmente está incluído em uma “rede”, onde
cada um é especialista em uma determinada área e se complementam, gerando resultados mais eficazes,
em menor tempo e mais completos. A troca de experiência e conhecimentos entre os consultores é uma
das vantagens que resultam em maiores ganhos para os profissionais envolvidos.
O consultor autônomo perde esse ganho por trabalhar sozinho, embora possua conhecimentos
sobre várias áreas. Normalmente também ministra palestras como forma de aumentar suas possibilidades
de contratação.
53
Unidade I
Por último, temos o consultor virtual que, de forma remota, faz os diagnósticos e propõe ações
voltadas às necessidades informadas pelo cliente. Esse tipo de consultor tem crescido consideravelmente
em tempos de imenso desenvolvimento tecnológico.
Lembrete
Pretendemos destacar aqui quais são as principais características necessárias ao profissional que
deseje atuar na área da consultoria. Grande parte dessas colocações aplica-se também para aqueles
profissionais que atuam prestando assessoria. Na verdade, vamos apresentar uma série de habilidades que
são necessárias ao consultor, ou seja, não há uma receita a seguir, mas sim habilidades e competências
que o profissional atuante nessa área precisará desenvolver. Vamos a elas.
Observação
Uma das primeiras características indicadas por Araujo (1994) para um consultor é o desejo
pela mudança, pela necessidade de alteração de uma determinada situação que está posta. Assim,
o consultor não pode ser um profissional que se adapta à estagnação, mas sim aquele que busca
constantemente promover a mudança como forma de melhorar a qualidade do serviço oferecido.
Araujo (1994) aponta que o consultor, quando atua com a mudança, pode assumir três perfis distintos:
gerador de mudança, implementador de mudança e adotador de mudança. Quando o consultor atua
como gerador de mudança, precisa aprender a converter os problemas identificados em necessidades
sentidas para mudar. Essa conversão deve abarcar todos os envolvidos com a ação. Já quando o consultor
adota o perfil de implementador da mudança, deverá apenas executar as mudanças propostas no cenário
organizacional. E, por fim, ao assumir o perfil de adotador da mudança, é necessário que o profissional
pratique a mudança constantemente, mesmo que de forma inconsciente, para que essa intervenção
faça parte do cotidiano em que é realizada.
mudanças só se operacionaliza se tivermos um profissional competente. A competência, por sua vez, faz
com que o profissional se estabeleça no espaço onde irá atuar.
Para a definição das mudanças a serem processadas, o consultor precisa ser também um atento
observador, já que precisará identificar todas as informações possíveis a respeito do espaço onde irá
exercer sua ação. Araujo (1994) nos coloca que para realizar as mudanças necessárias é fundamental um
bom diagnóstico do local onde a ação será desenvolvida. Por meio desse diagnóstico, o consultor poderá
então definir a forma que irá realizar a ação ou, melhor dizendo, a modalidade de intervenção destinada
para atender aos problemas específicos observados. Derivando dessa compreensão, o autor chama nossa
atenção para outra característica do consultor, sendo essa o motivo pelo qual o profissional assume
também o caráter de “solucionador de problemas” (ARAUJO, 1994, p. 10).
Araujo (1994) aponta que, no processo de diagnóstico, o consultor precisa ter habilidade para inserir
o cliente na mensuração dos problemas a resolver, permitindo dessa maneira, que, posteriormente, o
cliente mostre-se participativo quando desempenhar as ações propostas. O consultor precisa então possuir
competência para recorrer às habilidades e competências do cliente para solucionar os problemas
identificados. Por isso, o cliente ou o assessorado deverá participar das decisões propostas pelo
consultor ou assessor. E mais, os valores dos clientes ou assessorados precisam ser ao menos conhecidos
e considerados por parte do assessor e/ou consultor.
Araujo (1994) entende que seja necessária uma relação recíproca, de troca de saberes e informações
entre esses dois polos. Assim, segundo o autor, a hierarquia estabelecida no interior das empresas e
organizações não deve sobrepor-se no processo de assessoria ou consultoria. O parecer do profissional
precisa ser imparcial, mesmo porque muitas vezes os problemas identificados nas organizações provêm
de condutas daqueles que ocupam cargos elevados dentro da empresa e, portanto, estão em elevadas
posições hierárquicas.
Observação
Tendo tais colocações arroladas, de acordo com Araujo (1994), podemos inferir que o consultor
precisa ser: propositor de mudanças, competente, observador e solucionador de problemas. Além de
tais colocações, o autor indica que o consultor pode assumir dois perfis ou dois papéis. Um dos papéis
indicados pelo autor é o de consultor de recursos e o outro seria o papel de consultor de procedimentos.
55
Unidade I
De acordo com Araujo (1994), quem define o tipo de perfil a ser adotado pelo consultor, grande
parte das vezes, é o cliente que o contrata. Assim, se o desejo do cliente é um consultor de recursos, ele
irá buscar o profissional que atenda a suas necessidades. No entanto, é possível que o profissional inicie
sua intervenção como um consultor de recursos e, em seguida, assuma uma posição de um consultor de
procedimento. Isso irá depender das demandas postas pelo cliente que contratou o profissional.
Além dessas indicações, Araujo (1994) sumaria uma série de peculiaridades que o consultor deve
apresentar. Para ele, seriam fundamentais as chamadas habilidades: “[...] a) intelectuais para solucionar o
problema e b) de inter-relacionamento e políticas para facilitar a mudança, entre outras” (ARAUJO, 1994,
p. 18). Além das habilidades, no entanto, também é necessário que o consultor tenha uma determinada
“personalidade”, com uma série de características.
Derivando dessa compreensão a respeito das chamadas características, Araujo (1994) indica quatro
grupos que são comuns em consultores de sucesso, reforçando as habilidades que aqueles que desejam
atuar como consultores devem buscar potencializar ou desenvolver. Essas características seriam as
seguintes: “[...] habilidades de solução e diagnóstico de problemas, habilidades de implementação,
habilidades de administração e trabalho de organizações, habilidades de inter-relacionamento e
persuasão” (ARAUJO, 1994, p. 23).
O autor ainda indica algumas habilidades que são consideradas inatas ou que podem ser desenvolvidas.
Além desses aspectos, o autor indicou ainda a necessidade de o consultor conseguir atuar de
forma imparcial; de assumir uma postura de liderança nas organizações, sobretudo quando se mostrar
necessário mudar a perspectiva do cliente que o contratou; e, também, os seguintes atributos: empatia,
eficiência, comunicação eficaz e saber ouvir a perspectiva do outro, como necessários ao consultor.
Logo, essas seriam as principais informações sobre o perfil que é necessário e esperado a um consultor.
56
ASSESSORIA EM SERVIÇO SOCIAL
4 ASSESSORIA: CONCEITUAÇÃO
Conforme o dicionário Michaelis, “assessoria” faz menção a: “Cargo ou função de assessor; assessorado”.
Já o termo “assessor” possui a seguinte definição: “1 Adjunto, ajudante, assistente, auxiliar. 2 Dir Pessoa,
versada em Direito, que presta assistência ao juiz leigo. A. de imprensa: aquele que intermedeia as
relações entre empresas e instituições e o público”.
Podemos, então, conceituar assessoria como atividade prestada por um órgão ou conjunto de pessoas
que assessoram um chefe ou uma instituição especializada na coleta de dados técnicos, estatísticos
ou científicos sobre uma matéria. Essa assessoria, no entanto, sempre busca identificar aspectos que
servem para objeto de intervenção posterior.
Assim, a assessoria pode ser prestada por uma empresa de assessoria ou por um assessor independente
que possua alta qualificação profissional, experiência nos assuntos envolvidos, conhecimento técnico e
habilidade para orientação e para motivar as mudanças.
Além dos fatores necessários para desempenhar a assessoria/consultoria, conforme Fonseca (2005),
essa atividade engloba etapas, que são:
• realiza reuniões para apreciação dos métodos e técnicas que serão utilizadas. Executa o
planejamento de como o trabalho será realizado e qual o prazo para cada etapa do processo;
• efetua a avaliação e análise dos resultados atingidos com a implantação das modificações.
Para ocorrer a contratação de assessoria, de acordo com o autor, há um prazo determinado, necessário para
o objetivo proposto. O assessor traz ainda sua experiência acumulada pela prestação de serviço em diversas
empresas, atua de maneira imparcial na análise das situações encontradas e se dedica de forma focada nas tarefas
mais importantes, identificando problemas e propondo soluções para impulsionar as mudanças necessárias.
Nos espaços abertos aos assistentes sociais, as possibilidades, alinhadas ao projeto ético e político,
têm norteado o serviço social nas últimas décadas; este diretamente comprometido com a defesa dos
direitos humanos e sociais, buscando a construção da cidadania em bases democráticas nos âmbitos da
economia, política e da cultura.
57
Unidade I
Nas experiências em que assessor e assessorado são assistentes sociais, é propícia a troca de
conhecimentos. O primeiro mapeia as rotinas que devem ser implantadas ou abandonadas, e o segundo
facilita o acesso às informações sobre tais processos de trabalho, contribuindo para maior possibilidade
de êxito no atendimento às expectativas do prestador e tomador do serviço. Essa unicidade de formação
favorece a discussão pela utilização da mesma linguagem e mesma vocação.
Um bom exemplo é:
Lembrete
De tal maneira, é possível alcançar as mudanças necessárias para a melhoria do espaço de trabalho,
mesmo em projetos de natureza social.
Resumo
Essa prática, com o passar dos séculos, foi assumindo novos contornos.
Hoje ela figura como uma modalidade de atuação profissional que consiste
em uma intervenção na qual o profissional orienta os responsáveis por
determinadas empresas na adoção de comportamentos que possam
potencializar a produção, melhorando o rendimento do que é esperado nas
diversas esferas organizacionais.
organização com uma dada finalidade. O assessor pode ser uma pessoa
física ou então uma empresa, de natureza jurídica.
Exercícios
Nessa perspectiva, o assistente social que for solicitado a trabalhar com planejamento social deve:
I − definir a síntese dos fatos e das necessidades que motivam o plano e a formulação de objetivos.
A) I e II.
B) I e III.
C) II e V.
D) III e IV.
E) IV e V.
61
Unidade I
I – Afirmativa correta.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o planejamento permite prever os recursos (pessoas e finanças, por exemplo) necessários
para desenvolver a ação social proposta. A quantidade de recursos não é obrigatoriamente baixa, pois a
eficácia e a exequibilidade da proposta são prioridades. O assistente social não deve, necessariamente,
desenvolver ações com poucos recursos.
Justificativa: cabe ao profissional que elabora o planejamento estratégico social conhecer a legislação.
Com isso, sua capacidade de prever mudanças legais (institucionais e administrativas) pode ser um canal
de viabilização e factibilidade do plano.
IV – Afirmativa incorreta.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o populismo é uma forma de governar na qual se utilizam vários recursos administrativos
e sociais para obtenção do apoio popular com objetivos eleitoreiros.
Questão 2. Avalie as quatro afirmativas a seguir. O profissional do Serviço Social deve, em sua atuação:
I – realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de
serviço social.
De acordo com o art. 4º da Lei nº 8.662/93, que regulamenta a profissão, constituem-se competências
do assistente social as afirmativas:
A) I e II.
B) II e IV.
C) II e III.
D) I e III.
E) I e IV.
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: conforme o Art. 5º da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão, realizar vistorias,
perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de serviço social é uma
atribuição privativa do assistente social. Isso implica que somente o assistente social pode executar
tais atividades.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com o Art. 4º da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão, prestar assessoria
e consultoria a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas privadas e outras entidades
é uma competência do assistente social, mas outros profissionais também podem executar tal atividade.
Justificativa: segundo o Art. 5º da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão, treinamento, avaliação
e supervisão direta de estagiários de Serviço Social são atribuições privativas do assistente social. Isso
implica que somente o assistente social pode executar tais atividades.
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: conforme o Art. 4º da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão, elaborar, implementar,
executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas,
entidades e organizações populares é uma competência do assistente social, mas outros profissionais
também podem executar tal atividade.
63