MireleReginaSilva Rev
MireleReginaSilva Rev
MireleReginaSilva Rev
BAURU
2019
MIRELE REGINA SILVA
Versão corrigida
BAURU
2019
Silva, Mirele Regina
O uso do laser de baixa intensidade em
indivíduos com zumbido e sem perda auditiva /
Mirele Regina Silva. – Bauru, 2019.
95 p. : il. ; 31cm.
Assinatura:
Data:
Aos meus pais, Afonso e Elisabete, que abdicaram seus sonhos pelos
nossos, seus quatro filhos. São meu maior exemplo de amor incondicional.
A vocês devo meu caráter, valores e felicidade.
Tê-los em minha vida, faz de mim uma pessoa abençoada.
Amo vocês!
AGRADECIMENTOS
The use of Low Level Laser in individuals with tinnitus and without hearing
loss
Key words: Tinnitus. Normal Hearing. Low Level Laser. Laser therapy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
° grau
± mais ou menos
% porcentagem
cm centímetro
cm2 centímetros quadrados
CO monóxido de carbono
CO2 dióxido de carbono
dB decibel
dBNA decibel nível de audição
DP desvio-padrão
Hz hertz
J joule
J/cm2 joule por centímetro quadrado
kHz quilohertz
min minutos
mW miliwatts
N número
nm namômetro
Q25 primeiro quartil
Q75 terceiro quartil
R coeficiente de correlação de Spearman
s segundo
W watts
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 19
2 REVISÃO DE LITERATURA 23
2.1 ZUMBIDO 25
2.2 LASER DE BAIXA INTENSIDADE 29
3 PROPOSIÇÃO 37
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS 41
4.1 CASUÍSTICA 43
4.1.1 Critérios de seleção 43
4.1.1.1 Critérios de inclusão 43
4.1.1.2 Critérios de exclusão 44
4.1.1.3 Seleção amostral 44
4.1.1.4 Randomização e cegamento da amostra 44
4.2 DESFECHOS 45
4.2.1 Audiometria tonal, audiometria de altas frequências e
imitanciometria 45
4.2.2 Avaliação do zumbido 46
4.2.2.1 Tinnitus Handicap Inventory (THI) 46
4.2.2.2 Escala visual analógica (EVA) 46
4.2.2.3 Acufenometria 47
4.3 PROTOCOLO DE FOTOBIOMODULAÇÃO (LASER DE BAIXA
INTENSIDADE) 47
4.3.1 Garantia de benefícios 51
4.4 FORMA DE ANÁLISE DE DADOS 51
5 RESULTADOS 53
6 DISCUSSÃO 67
7 CONCLUSÕES 79
REFERÊNCIAS 73
ANEXOS 89
1 Introdução
1 Introdução 21
1 INTRODUÇÃO
desenvolvimento datar de antes dos anos 60. Desta forma, são encontrados na
literatura artigos internacionais sobre este assunto (ROCHKIND et al., 1988; SHIOMI
et al., 1997; SCHAFFER et al., 2000; NGAO et al., 2013), porém, com divergências
quanto ao protocolo de aplicação e a eficácia desse tratamento.
Assim, segundo Ngao et. (2013), existe uma atenção especial da indústria
pelo uso da terapia com laser de baixa intensidade como uma abordagem para o
tratamento do zumbido crônico. Porém, devido ao escasso número de estudos e as
divergências metodológicas e de resultados quanto a aplicação desse tratamento
para combater o sintoma do zumbido, o presente estudo se propôs a verificar o
efeito do laser de baixa intensidade em indivíduos com o sintoma de zumbido.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da
fotobiomodulação em pacientes com sintoma de zumbido sem acometimentos
auditivos.
2 Revisão de Literatura
2 Revisão de Literatura 25
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ZUMBIDO
de sinal das células ciliadas internas e ao longo das fibras do nervo auditivo, e, Tipo
IV - classificado como “zumbido extra-sensorial”, nele os elementos sensoriais do
zumbido sensorioneural (incluindo amplificação, transdução e transformação) podem
ser suportados por distúrbios extra-sensoriais (por exemplo, distúrbios circulatórios
da cóclea ou hidropsia da endolinfa). Desta forma, mediante a complexidade e
subjetividade desse sintoma, por muito tempo houve um baixo interesse por parte
dos otorrinolaringologistas em pesquisas nessa área (SANCHEZ et al., 2005).
A abordagem sobre o modelo de geração e percepção do zumbido
proposto por Jastreboff (1990), até hoje é o mais aceito pela comunidade científica.
Suas pesquisas propõem uma nova visão dos mecanismos de sua geração e
percepção, e fornecem uma interpretação fisiológica de suas características. Além
disso, os estudos mostram que o sintoma não deve ser simplesmente categorizado
em periférico e central, mas devem ser levados em consideração todos os níveis
envolvidos em cada caso - gerador, redes neurais de reconhecimento de padrões e
circuitos de associação (JASTREBOFF; JASTREBOFF, 2017).
O modelo de Jastreboff (1990) sugere que os córtices de associação, o
sistema límbico e o córtex pré-frontal estão envolvidos na percepção do zumbido,
em sua classificação e atribuição de certos estados emocionais, da mesma forma as
redes de reconhecimento e classificação de sinais, que através da modificação
plástica são capazes de alterar o reconhecimento de um padrão de atividade
neuronal. Tais suposições podem explicar a inibição residual; o rápido início do
zumbido, mas com atenuação muito mais lenta; a eficácia do mascaramento
contralateral e o mascaramento do zumbido por tons de uma ampla gama de
frequências; sua resistência ao mascaramento, e a eficácia em longo prazo do
zumbido mascarado por sons que não o mascaram auditivamente.
Diversos fatores podem gerar o zumbido, dentre eles pode-se citar:
acometimentos da orelha média, exagerada exposição aos ruídos, acúmulos de
cerúmen no conduto auditivo, lesões de cabeça e pescoço, doenças psiquiátricas,
neuropatias, alterações do metabolismo ou da pressão sanguínea, uso de
medicamentos ototóxicos, uso de determinados antibióticos, de cafeína, de álcool ou
de nicotina, entre outros (MATOS; ROCHA; MONDELLI, 2017).
A origem do zumbido pode ser audiológica ou neurológica, acompanhada
de componentes acústicos, emocionais e de atenção. Essas origens se sobrepõem
e trocam efeitos (KEHRLE et al., 2015). Noreña (2011), Cardoso et al. (2014) e
2 Revisão de Literatura 27
Rocha e Mondelli (2017) sugerem que o zumbido pode ocorrer por consequência de
uma lesão e/ou um transtorno funcional no sistema auditivo sensorioneural como um
todo, seja originário na orelha interna ou das vias auditivas centrais, e que a área
das lesões cocleares é acompanhada por uma redução na atividade coclear,
mantendo dessa forma, a atividade neural aumentada principalmente no Sistema
Nervoso Auditivo Central (SNAC) para compensar esse déficit, o que gera uma
hiperatividade das estruturas nervosas que resultam em um "ruído neural".
O zumbido pode ser causado por uma sequência de mudanças centrais e
conexões com vários subsistemas do sistema nervoso, córtex pré-frontal e outras
áreas corticais e límbicas. Essas mudanças são desencadeadas pela diminuição do
estímulo sonoro, o que ocasiona uma grande compensação aferente que talvez seja
uma forma de prevenir ou reverter mal adaptações no sistema nervoso auditivo
central, subjacentes ao zumbido (MOFFAT et al., 2009; KEHRLE et al., 2015;
ROCHA; MONDELLI, 2017).
A literatura destaca que existe relação entre as queixas de zumbido e a
perda auditiva (HENRY et al., 2014; SUMERA et al., 2015). Entretanto, Teixeira et al.
(2016) sugerem que em indivíduos que apresentam audição normal com a presença
de zumbido pode haver uma perda da modulação das células ciliadas externas com
as células ciliadas internas normais, ocasionando, desta forma, uma atividade
anormal das vias auditivas, sendo interpretada incorretamente como um som.
Como citado por Sanchez et al. (2015), o zumbido pode ser um alerta
para o comprometimento precoce das vias auditivas periféricas, antes mesmo de
que algum comprometimento auditivo seja detectado pelo paciente ou indicado pela
audiometria convencional. Contudo, a origem do zumbido em indivíduos sem perda
auditiva é de difícil compreensão, e apesar de não representar a maioria dos casos,
esses pacientes constituem uma porção importantíssima por apresentarem
características atribuídas exclusivamente ao zumbido, e não a perda auditiva
(SANCHEZ et al., 2005).
Uma vez que o zumbido causa um grande impacto na qualidade de vida
dos indivíduos, faz-se de extrema importância pesquisas realizadas nessa área,
para definir a possível etiologia do zumbido. Portanto, exames físicos e
complementares podem trazer maiores informações sobre esse sintoma,
possibilitando um melhor direcionamento no tratamento. Dentre esses exames
encontram-se a otoscopia; audiometria tonal; audiometria vocal; imitanciometria;
28 2 Revisão de Literatura
que usa energia luminosa para modular a fisiologia celular e tecidual para obter
benefício terapêutico, sem um efeito térmico macroscópico. A energia do laser no
espectro de luz vermelha e infravermelha é capaz de penetrar nos tecidos, de modo
que as mitocôndrias, que são as fontes de energia de todas as células, metabolizem
combustível e produzam energia para a célula na forma de ATP. O aumento da
produção de ATP pode levar ao aumento do metabolismo celular, o que promove o
processo de recuperação de danos, devolvendo as células a um estado saudável e
revertendo muitas condições degenerativas (PENG et al., 2012). Mais avanços na
compreensão do mecanismo da TLBI continuam a serem obtidos, levando a uma
maior aceitação na medicina convencional. Além disso, isso tem levado à utilização
dessa técnica em doenças graves, como acidente vascular cerebral, ataque
cardíaco e doenças cerebrais degenerativas (FARIVAR; MALEKSHAHABI; SHIARI,
2014).
Apesar de ser ainda considerado uma prática controvérsia, a eficácia
terapêutica da TLBI já foi documentada para diferentes aplicações médicas
(TAUBER et al., 2003). Segundo Gomes e Schapochnik (2017), o laser de baixa
intensidade traz muitos benefícios, dentre eles, menciona-se a ação anti-
inflamatória, cicatrizante, antiedematoso e analgésica que tem apresentado
prognóstico altamente satisfatório ao paciente.
Além de ser usada como um tratamento para vários sintomas, o uso da
TLBI tem aumentado devido à sua natureza não-invasiva, pois esta não tem
potencial de produzir efeitos perniciosos nos tecidos ou no sistema biológico, se for
realizada com dose correta, por profissional especializado. Assim, ela tem se
tornado um recurso de primeira escolha em diversas áreas da saúde, por ser uma
facilitadora no processo de reabilitação do paciente e facilmente administrada em
ambientes de atenção primária (PENG et al., 2012; LEE et al., 2016a; GOMES;
SCHAPOCHNIK, 2017).
É importante ressaltar que para que o laser seja considerado de baixa
intensidade, o equipamento deve possuir uma potência abaixo de 500mW. Dessa
forma, pode-se utilizá-lo como um recurso terapêutico modelador de processos
biológicos por bioestimulação ou bioinibição, dependendo da forma que ele será
aplicado (GOMES; SCHAPOCHNIK, 2017).
Lee et al. (2016a) citam que uma característica útil do laser é a
capacidade de penetrar nos tecidos moles. Dependendo do comprimento da onda e
2 Revisão de Literatura 33
3 PROPOSIÇÃO
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 CASUÍSTICA
4.2 DESFECHOS
4.2.2.3 Acufenometria
(continua)
Vermelho = 660 ± 10
Comprimento de Onda (nm)
Infravermelho = 808 ± 10
48 4 Casuística e Métodos
(conclusão)
Vermelho = 2J (sublingual)
Energia por ponto (J) Vermelho = 4J (intra-canal)
Infravermelho = 9J (mastoide)
Vermelho = 4J
Energia Total por Orelha (J)
Infravermelho = 9J
5 RESULTADOS
Tabela 2 – Análise do tempo de zumbido em indivíduos com sintoma de zumbido crônico, em função
do grupo de intervenção
Grupo Média N DP Q25 Mediana Q75 p-valor
Grupo 1 11,80 10 10,04 5,00 9,00 12,00
0,617
Grupo 2 9,30 10 7,85 5,00 8,50 10,00
*p<0,05 – Teste de Mann-Whitney
Legenda: N=número; Q25=primeiro quartil; Q75=terceiro quartil; DP=desvio-padrão
Após a análise dos resultados mostrou que não houve diferença entre os
grupos quanto a presença ou ausência de resposta na audiometria de altas
frequências em nenhum dos momentos de avaliação. Não foi possível comparar os
grupos nas frequências 9000, 10000 e 11200Hz em ambas as orelhas no momento
inicial, visto que todos os sujeitos de ambos os grupos apresentaram presença do
limiar. O mesmo aconteceu na frequência de 18000Hz da orelha esquerda no
momento inicial, em que todos os participantes de ambos os grupos apresentaram
56 5 Resultados
ausência do limiar. Já no momento final não foi possível comparar os grupos nas
frequências 9000, 10000, 11200 e 12500Hz na orelha direita e 9000, 10000 e
11200Hz na orelha esquerda, visto que todos os sujeitos de ambos os grupos
apresentaram presença do limiar. O mesmo aconteceu na frequência de 18000Hz
da orelha esquerda no momento final, em que todos os participantes de ambos os
grupos apresentaram ausência do limiar (Tabelas 3 e 4).
(conclusão)
Grupo 1 Grupo 2
Variável Momento Efeito p-valor
Média DP Média DP
Grupo 0,915
Inicial 17,50 17,20 15,50 16,74
Acufenometria Momento 0,121
Esquerda
Final 13,00 15,85 13,50 14,73 Momento*Grupo 0,539
*p<0,05 – ANOVA de medidas pareadas a dois critérios
Legenda: DP=desvio padrão
Momento
Efeito: F(1, 18)=11,387, p=0,003
28
26
24
22
20
18
THI
16
14
12
10
8
Inicial Final
Momento
Figura 6 - Ilustração da análise do questionário Tinnitus Handicap Inventory em indivíduos com
sintoma de zumbido crônico, em função do momento de avaliação
Tabela 7 – Análise da escala visual analógica para verificar o nível de insatisfação com o zumbido em indivíduos com sintoma de zumbido crônico, em função do grupo de intervenção, do momento de avaliação e do número da sessão
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 Sessão 6 Sessão 7 Sessão 8 Sessão 9 Sessão 10 Sessão 11 Sessão 12 Efeito p-valor Comparações múltiplas
Nível do Fator
Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP Média DP
Grupo 1 5,84 2,09 5,68 2,06 5,42 1,98 5,11 2,16 5,05 1,84 5,26 1,48 4,74 1,56 4,84 1,34 4,47 1,58 4,26 1,45 3,89 1,82 4,34 1,80 Grupo 0,032* Grupo 1 < Grupo 2
Grupo
Grupo 2 6,73 2,24 6,30 2,55 6,60 2,41 6,05 2,25 6,55 2,37 6,35 2,43 6,35 2,37 6,00 2,51 6,55 2,21 6,20 2,37 6,30 2,41 6,20 2,56 Momento 0,524
Inicial 6,63 2,11 6,34 2,06 6,29 2,21 5,76 2,14 6,00 2,11 5,97 1,93 5,68 2,03 5,71 1,87 5,84 2,06 5,39 2,10 5,32 2,40 5,61 2,30 Grupo*Momento 0,897
Sessão 1 > Sessões 4, 7, 8, 9,
10, 11 e 12;
Momento Sessão 2 > Sessões 10, 11 e 12;
Final 5,98 2,26 5,68 2,55 5,78 2,34 5,43 2,36 5,65 2,39 5,68 2,24 5,45 2,31 5,18 2,29 5,25 2,29 5,13 2,30 4,95 2,52 5,00 2,49 Sessão <0,001*
Sessão 3 > Sessões 10, 11 e 12;
Sessão 5 > Sessão 11;
Sessão 6 > Sessão 11
Grupo 1 Sessão 1 >
Grupo 1 Sessões 7, 9, 10, 11 e 12;
Grupo 1 Sessão 2 >
Grupo 1 Sessões 9, 10, 11 e 12;
Grupo 1 Sessão 3 >
Inicial 6,11 2,20 5,89 1,76 5,78 2,11 5,22 2,05 5,11 1,69 5,33 1,22 4,67 1,32 5,11 1,05 4,78 1,48 4,33 1,32 4,00 1,87 4,67 1,94 Sessão*Grupo <0,001*
Grupo 1 Sessões 10, 11 e 12;
Grupo* Grupo 1 Sessão 4, 5 e 6 >
Momento Grupo 1 Sessão 11;
Grupo 2 Sessão 1 e 3
> Grupo 2 Sessão 11
Final 5,60 2,07 5,50 2,37 5,10 1,91 5,00 2,36 5,00 2,05 5,20 1,75 4,80 1,81 4,60 1,58 4,20 1,69 4,20 1,62 3,80 1,87 4,05 1,71 Sessão*Momento 0,973
Inicial 7,10 2,02 6,75 2,30 6,75 2,30 6,25 2,20 6,80 2,20 6,55 2,31 6,60 2,17 6,25 2,30 6,80 2,10 6,35 2,26 6,50 2,27 6,45 2,36 Sessão*Grupo*
Grupo 2 0,993
Final 6,35 2,49 5,85 2,83 6,45 2,63 5,85 2,40 6,30 2,63 6,15 2,65 6,10 2,64 5,75 2,80 6,30 2,41 6,05 2,59 6,10 2,64 5,95 2,85 Momento
*p<0,05 – ANOVA de medidas pareadas a três critérios
Legenda: DP=desvio-padrão
62 5 Resultados
Grupo
Efeito: F(1, 35)=4,9799, p=0,032
8
7.5
6.5
6
EVA
5.5
4.5
3.5
Grupo 1 Grupo 2
Grupo
Figura 7 - Ilustração da análise da escala visual analógica para verificar o nível de insatisfação com o
zumbido em indivíduos com sintoma de zumbido crônico, em função do grupo de intervenção
5 Resultados 63
Fator: Sessão
Efeito: F(11, 385)=6,6179, p<0,001
7.5
6.5
6
EVA
5.5
4.5
4
Sessão 1 Sessão 3 Sessão 5 Sessão 7 Sessão 9 Sessão 11
Sessão 2 Sessão 4 Sessão 6 Sessão 8 Sessão 10 Sessão 12
SESSÃO
Figura 8 - Ilustração da análise da escala visual analógica para verificar o nível de insatisfação com o
zumbido em indivíduos com sintoma de zumbido crônico, em função da sessão
64 5 Resultados
Fator: Sessão*Grupo
Efeito: F(11, 385)=3,8877, p<0,001*
8.5
8
7.5
7
6.5
6
5.5
5
EVA
4.5
4
3.5
3
2.5
2
Grupo
Grupo 1
Grupo
Sessão 1
Sessão 2
Sessão 3
Sessão 4
Sessão 5
Sessão 6
Sessão 7
Sessão 8
Sessão 9
Grupo 2
Sessão 10
Sessão 11
Sessão 12
SESSÃO
Figura 9 - Ilustração da análise da escala visual analógica para verificar o nível de insatisfação com o
zumbido em indivíduos com sintoma de zumbido crônico, em função de sessão e grupo de
intervenção
Tabela 8 – Correlação entre o tempo de zumbido e as variáveis escala visual analógica para verificar
o nível de insatisfação com o zumbido e questionário Tinnitus Handicap Inventory em indivíduos com
sintoma de zumbido crônico
(continua)
Tempo de zumbido
Variáveis Grupo 1 Grupo 2 Total
N R p-valor N R p-valor N R p-valor
EVA Inicial 10 -0,084 0,818 10 -0,342 0,334 20 -0,215 0,364
EVA Final 10 0,393 0,261 10 -0,230 0,522 20 -0,052 0,828
EVA Final - Inicial 10 0,441 0,202 10 -0,024 0,949 20 0,200 0,398
THI Inicial 10 -0,252 0,483 10 -0,180 0,619 20 -0,296 0,206
5 Resultados 65
(conclusão)
Tempo de zumbido
Variáveis Grupo 1 Grupo 2 Total
N R p-valor N R p-valor N R p-valor
THI Final 10 0,141 0,698 10 -0,050 0,890 20 -0,128 0,591
THI Final - Inicial 10 0,285 0,424 10 0,383 0,274 20 0,212 0,370
*p<0,05 – Teste de Correlação de Spearman
Legenda: R=coeficiente de correlação de Spearman
66 5 Resultados
6 Discussão
6 Discussão 69
6 DISCUSSÃO
orelha, com leve pressão e angulação de 90º graus em relação ao osso mastoideo.
Tauber et al. (2000) descreveram que um dos métodos utilizados para tratar
patologias auditivas é direcionando o feixe de laser da mastoide correspondente
para a borda lateral da órbita oposta, de acordo com o feixe direção da técnica de
raios X de Schuller. O osso temporal humano representa estruturas anatômicas
complexas, e a realização de uma análise da dosimetria da luz bem definida é
obrigatória para determinar os parâmetros de irradiação, tais como comprimento de
onda, dose de luz e local a ser tratado, uma vez que altas doses de energia podem
bioinibir ou induzir danos dentro da cóclea.
Foi também aplicado como parte do protocolo de tratamento 2J de laser,
comprimento de onda vermelho na veia lingual, bilateralmente. Apesar de escassa a
literatura referente a terapia de fotobiomodulação sublingual, Ailioaie et al. (2014)
refere que a circulação sanguínea no dorso da língua é abundante, de modo que a
irradiação a laser dessa área pode trazer grandes benefícios, sendo não invasiva e
indolor, quando comparamos com a irradiação sanguínea a laser intravenosa (ILBI).
A fotobiostimulação, bem como a técnica de irradiação trasmucosa sublingual, é um
tratamento natural que fornece às células vivas uma fonte de energia na forma de
fótons, tratando com sucesso muitas patologias, doenças auto-imunes ou problemas
funcionais de um sistema ou órgão corporal de forma não invasiva (AILIOAIE et al.,
2014; SILVA et al., 2018).
Para verificar a situação auditiva de todos os indivíduos que participaram
da pesquisa, na fase de avaliação foram realizados os procedimentos Audiometria
Tonal, Audiometria de Altas Frequências e Acufenometria. Além disso, para analisar
o nível de incomodo com o zumbido no início e final de cada sessão foram aplicados
em todos os pacientes o THI e a EVA.
Para esse estudo, foi realizado audiometria tonal (250Hz a 8kHZ) para
descarte de qualquer perda auditiva e posteriormente audiometria de altas
frequências (9kHZ a 20kHz), pois pesquisas mostram que indivíduos que
apresentam zumbido podem já apresentar problemas de origem coclear, mesmo
antes de manifestarem algum tipo de perda auditiva (BUZO; CARVALLO, 2013;
TUGUMIA et al., 2016; VALIENTE et al., 2016). A avaliação audiológica tonal e de
altas frequências é amplamente utilizada em estudos que avaliam a função auditiva,
por serem procedimentos padronizado para demostrar a sensibilidade auditiva do
72 6 Discussão
indivíduo nas frequências de 125Hz a 20kHz (VALIENTE et al., 2016; OPPITZ et al.,
2018).
Como pode-se observar nas Tabelas 3 e 4, os resultados mostraram que
não houve diferença entre os grupos quanto a presença ou ausência de resposta na
audiometria de altas frequências em nenhum dos momentos de avaliação.
Um estudo realizado por Salahaldin et al. (2012) em que 101 orelhas
foram tratadas com laser de baixa intensidade revelou uma melhora da audição de
cerca de 8dB para baixas e altas frequências de 39 audiogramas, e 5dB em 41
deles. De acordo com Sahyeb, Costa Filho e Alvarenga (2003) e Oppitz et al. (2018),
avaliar as altas frequências permite verificar alterações por lesão antes que se
perceba um comprometimento das frequências tonais habituais, sendo utilizada no
monitoramento da audição de indivíduos sob risco de desenvolverem alterações
auditivas. No entanto, não existem diferenças entre a sensibilidade auditiva quando
comparados homens e mulheres, nem para a orelha direita e esquerda para os sons
de altas frequências. Tais resultados sugerem um padrão de respostas semelhantes
para todas as populações e faixas etárias.
Outro exame realizado foi a acufenometria. Ela foi realizada afim de
pontuar o volume e a frequência em que se encontra o zumbido. Não foram
encontradas diferenças significantes em relação a aplicação inicial e final para
ambos os grupos após a intervenção (Tabela 5). Entretanto, ao compararmos os
grupos pode-se notar que o grupo que recebeu a laserterapia teve uma diminuição
do zumbido singelamente maior quando comparado com o grupo placebo, em
ambas as orelhas. Esse dado está de acordo com a pesquisa de Mollasadeghi et al.
(2013), na qual os autores mostraram uma melhora na acufenometria quando
comparado pré e pós aplicação do laser de baixa intensidade. Assim, os resultados
demonstraram significante redução do volume do zumbido em relação aos valores
iniciais, quando comparado com o grupo placebo, em todos os momentos da
pesquisa. Essa resposta também foi detectada em indivíduos do grupo placebo
imediatamente após o tratamento, que relataram melhora significativamente menor
do que o grupo de intervenção.
O THI foi aplicado no início da pesquisa e após a última sessão para
verificar a melhora do desconforto ocasionado pelo zumbido. Pode-se averiguar que
a queixa dos indivíduos com zumbido crônico diminuiu significativamente após a
intervenção, independentemente do grupo de intervenção (Tabela 6). Tais
6 Discussão 73
resultados estão de acordo com a pesquisa realizada por Ngao et al. (2013), em que
os dados demonstraram melhora do THI quando comparados os resultados iniciais e
os finais. No entanto, quando comparados os grupos, as diferenças não foram
significantes. Pode-se atribuir a melhora dos resultados ao efeito Hawthorne, uma
vez que o paciente acredita que está sendo tratado, e por esse motivo acaba
sentindo um maior conforto.
Após a realização dos exames audiológicos e aplicação do questionário
THI foi aplicado a Escala Visual Analógica em todos os pacientes no início e no
término de cada sessão para averiguar o resultado imediato das aplicações. Com
relação ao resultado das sessões, a sessão 1 teve maior melhora em relação a
todas as sessões finais. A partir da sessão 2 houve melhora com relação as 3
últimas sessões. Desta forma os resultados mostraram que houve uma melhora
maior nas sessões iniciais quando comparada as finais, independente do grupo. Em
relação as interseções entre momento de avaliação e grupo de intervenção, o Grupo
1 teve mais melhoras significativas que o Grupo 2, apesar dos resultados mostrarem
melhora tanto no grupo que recebeu o tratamento, quanto no grupo placebo (Tabela
7).
Ngao et al. (2013) relataram em sua pesquisa que os pacientes do grupo
que recebeu o tratamento e os do grupo placebo foram questionados sobre como o
zumbido afetou seu estilo de vida e emoção, e foram orientados a responder a EVA.
Embora a maioria dos pacientes de ambos os grupos tenha relatado melhora ou
ausência de alterações em todos os sintomas avaliados, não houve diferença
estatisticamente significativa entre o grupo tratado e o grupo placebo em termos de
melhora, sem alterações ou piora nos sintomas.
Já no estudo de Demirkol et al. (2017) houve melhora significativa entre
os grupos tratados pelo laser nos momentos iniciais e finais, enquanto o grupo
placebo não teve nenhum tipo de melhora. Mollasadeghi et al. (2013) também
relataram melhora dos resultados da EVA após o tratamento com a
fotobiomodulação nos momentos iniciais e finais, quando comparados ao grupo
placebo.
Quando fala-se de zumbido e fotobiomodulação aplicado aos seres
humanos, diversos resultados, tanto positivos (TAUBER et al., 2003; OKHOVAT et
al., 2011; MOLLASADEGHI et al., 2013; DEMIRKOL et al., 2017), quanto negativos
(TEGGI et al., 2009; GOODMAN et al., 2013; NGAO et al., 2013; DEHKORDI et al.,
74 6 Discussão
7 CONCLUSÕES
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