Apostila - Graficos - Laboratório de Física I

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Laboratório de Física I

Apostila de Gráficos

Prof. Pablo A. Venegas


Departamento de Física
Faculdade de Ciências - Unesp – Bauru

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Prof. Pablo Venegas – Dpto. Física
GRÁFICOS

As principais informações que um gráfico deve ter são as apresentadas na Figura abaixo

Figura 1: Informações que um gráfico deve conter

No gráfico, as abscissas correspondem à variável independente (x) e as ordenadas à variável


dependente (y).

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REGRAS COMUNS A TODOS OS TIPOS DE GRÁFICOS

1) Escala:

• Definir uma escala adequada, que permita que o gráfico ocupe a maior parte do papel
utilizado para graficar. Na Figuras 2, podemos ver três maneiras diferentes de representar
os mesmos dados. No gráfico da Figura 1 temos a melhor representação dos dados. Na
Figura 2, a esquerda, a escala em x esta correta mas a escala em y é muito extensa. No da
direita, as duas escalas foram expandidas. O uso de uma escala muito extensa dificulta a
visualização dos dados.
• Evite dividir a escala em seqüências de números ímpares (1,3,5, etc). Como o papel para
gráficos normalmente é dividido de acordo com o sistema decimal, escalas ímpares
dificultam a visualização e localização dos pontos.
• Nunca anotar os valores das coordenadas contidos na tabela na escala do gráfico.
• Nunca colocar linhas tracejadas indicando as coordenadas dos pontos graficados.

Figura 2: duas maneiras diferentes de representar os mesmos dados num gráfico.

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2) Reta Média ou mais provável: Após desenhar os pontos da tabela de dados, traçar a reta
média (ou curva média) tomando cuidado para que o número de pontos acima e abaixo da
reta (curva) seja mais o menos o mesmo, como ilustrado nas Figuras 1 e 3.

3) Função que representa os dados: Deveremos identificar qual o tipo de função que
melhor representa os dados experimentais, por exemplo:

• Linear: y = ax + b (1)
• Exponencial y = k1 + k2 enx (2)
• Potência y = k1 + k2 xn (3)

4) Determinação dos Parâmetros: Os parâmetros (a, b, k1, k2, n), que determinam a função
que melhor representa os dados experimentais, deverão ser obtidos a partir dos pontos
da RETA MÉDIA. Nunca a partir dos pontos graficados a partir dos dados da Tabela.

Gráficos de Funções Lineares


y
Reta Média
As funções lineares são representadas por
uma equação do tipo: y2

y=a⋅ x+b (4)

y1
onde:
a = coeficiente angular
b = coeficiente linear
x1 x2 x

Figura 3: Gráfico linear

Como determinar os coeficientes da equação:


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1) Coeficiente angular: para obter o coeficiente angular devem-se selecionar dois pontos
quaisquer da RETA MÉDIA, por exemplo (x1,y1), (x2,y2), e calcular:

y2 − y1
a= (5)
x2 − x1
O coeficiente angular representa o grau de inclinação da reta.
Fisicamente: Quanto maior o coeficiente angular, mais rápida será a variação da
variável y em função da variável x. Por exemplo, se tivermos um gráfico da posição em
função do tempo, o coeficiente angular representa a velocidade. Quanto maior o
coeficiente angular, maior a velocidade. Ou seja, quanto maior o coeficiente angular,
maior a distancia percorrida num dado intervalo de tempo.

2) Coeficiente linear: Temos duas maneiras de calcular


Método 1: Se a escala do eixo x começar a partir de um número maior que zero,
para obter o coeficiente linear deve-se escolher um ponto qualquer da RETA
MÉDIA (xn,yn). Tendo calculado o coeficiente angular, substituímos xn e yn na
equação da reta, assim:

b = y n − a ⋅ xn (6)

Método 2: Se a escala do eixo x começar a partir zero ou qualquer número menor


que zero, basta verificar em que ponto a RETA MÉDIA corta o eixo y. O valor de
y corresponderá ao valor do coeficiente linear b já que nesse ponto x=0.

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Exemplo gráfico linear:

100

90
x(m)

80

70
(6.19,63.43)
60 t(seg) x(m)

50 0.00 2.00
1.00 11.00
40 2.00 22.00
3.00 30.00
30 4.00 37.00
(2.6,27.2) 5.00 54.00
20 6.00 60.00
7.00 72.00
10 8.00 83.00
(0.0,0.78)
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
t(seg.)

Figura 4: Exemplo de gráfico linear

Coeficiente angular:
y2 − y1 63.43 − 27.20
a= = = 10.12
x2 − x1 6.19 − 2.61
Coeficiente linear:

• Método 1: usando o ponto (xn,yn)=(2.61,27.2)

b = yn − a ⋅ xn = 27.2 −10.12 ⋅ 2.61= 0.78

• Método 2: usando o ponto de intersecção com o eixo y, isto é (0.,0.78), podemos


verificar diretamente do gráfico que o coeficiente linear vale b=0.78.

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Gráficos de Funções Exponenciais
As funções lineares são representadas por uma equação do tipo:

y = k enx (7)

25000

x y
20000
1.00 2.72
2.00 7.39
3.00 20.09
4.00 54.60
15000
5.00 148.41
6.00 403.43
Y

7.00 1096.63 (9.33,11300.65)


8.00 2980.96
10000
9.00 8103.08
10.00 22026.47

5000

0
0 2 4 6 8 10 12
X

Figura 5: y vs x

LINEARIZAÇÃO

Diferente do caso de uma função linear, neste caso não podemos extrair a informação
sobre os parâmetros diretamente do gráfico. Para obter esta informação é necessário
linearizar os dados. Isto é, deveremos graficar em lugar de x ou y, alguma função de x ou y
que transforme o nosso gráfico curvilíneo numa linha reta. Como as funções exponenciais e
de potência envolvem expoentes, a maneira mais fácil de nos desfazer desses expoentes, é
usar a função logaritmo (usaremos base 10). No caso particular de funções exponenciais, se
aplicarmos logaritmo aos valores da variável y, deveremos obter uma linha reta. Para
entendermos isto mais claramente, iremos inicialmente graficar os mesmos dados da Figura 3
mas com os dados correspondentes a variável y, na escala logarítmica.

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x log(y)

1 0.43
4 2 0.87
3 1.30
4 1.73 (8.58,3.72)
5 2.17
3 6 2.61
y' = Log(Y)

7 3.04
8 3.47
9 3.91
2 10 4.34

(2.70,1.17)
1

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
X

Figura 6: Linearização de uma função exponencial usando logaritmo da variável


y, usando papel com escala decimal.

A partir deste gráfico, que é linear, podemos agora extrair os coeficientes da equação 2.
Como fazer isto?
Aplicamos logaritmos a ambos os lados da equação (2):

y = k 2 e nx
log(y) = log(k2 e nx )
log(y) = log(k 2 ) + n log(e) ⋅ x (8)

Usando as definições y’=log(y), log(k)=b’ e nlog(e)=a, podemos reescrever a equação


anterior como:
y' = a ⋅ x + b (9)

Que corresponde a equação de uma reta. Assim, usando os pontos indicados na Figura 4, o
coeficiente angular devera ser calculado como:

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y ' 2 − y '1 log( y 2 ) − log( y1 ) 3.72 − 1.17
a= = = = 0.43
x2 − x1 x2 − x1 8.58 − 2.70
Como a=n log(e), podemos calcular n como:

a 0.43
n= = =1
log(e) 0.43
Para achar o coeficiente k, podemos pegar qualquer ponto da curva média da Figura 3, por
exemplo (9.33, 11300.65) e substituir na equação (2):

11300.65 = k ⋅ e1⋅9.33 = k ⋅ 11271.13  k ≅ 1

Com que obtemos a forma final da equação correspondente à Figura 3:

y = ex

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25000
x y

1 .0 0 2 .7 2
20000 2 .0 0 7 .3 9
3 .0 0 2 0 .0 9
Y
4 .0 0 5 4 .6 0
15000
5 .0 0 1 4 8 .4 1
6 .0 0 4 0 3 .4 3
7 .0 0 1 0 9 6 .6 3
8 .0 0 2 9 8 0 .9 6 (9 .3 3 ,1 1 3 0 0 .6 5 )
10000 9 .0 0 8 1 0 3 .0 8
1 0 .0 0 2 2 0 2 6 .4 7

5000

0 2 4 6 8 10 12 14
X

5
x lo g ( y )

1 0 .4 3
4 2 0 .8 7
3 1 .3 0
4 1 .7 3 ( 8 . 5 8 ,3 .7 2 )
5 2 .1 7
3 6 2 .6 1
y' = Log(Y)

7 3 .0 4
8 3 .4 7
9 3 .9 1
2 10 4 .3 4

( 2 .7 0 ,1 .1 7 )
1

0
0 2 4 6 8 10
X

3
10

2
10

1 2.71828
Y

2 7.38906
3 20.08554
4 54.59815
1 5 148.41316
10 6 403.42879
7 1096.63316
8 2980.95799
9 8103.08393
10 22026.46579

0
10
0 2 4 6 X 8 10 12

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Uso do Papel Mono-log
Quando trabalhamos com tabelas de dados muito extensas é muito trabalhoso transformar todos
os valores de y em log(y) para graficar em papel milimetrado. Nesse caso é muito mais pratico
graficar num papel cuja escala já está na forma logarítmica. Na Figura 5 mostramos os dados
da tabela utilizada na Figura 3 graficados em papel mono-log. Nele somente o eixo das
ordenadas (y) esta na escala logarítmica. No eixo das ordenadas (x) usamos uma escala linear.

3
10 Ampliação da imagem

2
10
10 9
8
7
x y
Y

1 2.71828 6
2 7.38906
3 20.08554
5
1 4 54.59815
10 5 148.41316 4
6 403.42879

Y
7 1096.63316
8 2980.95799
3
9 8103.08393
10 22026.46579
0
10
2
0 2 4 6 X 8 10 12

1
0 1 X 2

Figura 7: Dados da Figura 3 graficados em papel mono-log

Notar que:

• O papel mono-log possui o eixo das ordenadas (y) em escala logarítmica, e os dados que são
representados nesse eixo são os valores de y e não os de log(y). Este procedimento é diferente
daquele da Figura 4. Na Figura 4 o eixo estava na escala decimal e os dados graficados
correspondiam a log(y).
• O eixo y está dividido em potências de 10 e, como mostra a ampliação da imagem, as divisões
entre uma potência e outra, estão desigualmente espaçadas.
• Quando usamos este tipo de papel, os valores de y contidos na Tabela, ficam automaticamente
linearizados, sem termos que calcular log(y), como na Figura 4.

Como obter os parâmetros nesse caso?

O procedimento é o mesmo seguido após a Figura 4. Entretanto, quando formos calcular o


coeficiente angular, como os dados representados no papel mono-log correspondem a y e não a
log(y), devemos tomar cuidado de calcular o logaritmo das coordenadas y (y1 e y2) dos pontos
escolhidos.

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Gráficos de Funções de Potência

As funções de potência são representadas por uma equação do tipo:

y = k xn (10)

120
log(x) log(y)
2.0
x y
100 0 0
1 1 0.30 0.60
(0.88,1.76)
2 4 0.48 0.95
80 3 9 1.5 0.60 1.20

log(Y)
4 16 0.70 1.40
Y

5 25 0.78 1.56
60 6 36 0.85 1.69
7 49 1.0 0.90 1.81
8 64 0.95 1.91
40 9 81 1.00 2.00
10 100 (0.36,0.73)
0.5
20

0 0.0
0 2 4 6 X 8 10 0.0 0.2 0.4 0.6 log(X) 0.8 1.0

Fig. 8: y vs x Fig. 9: Log(y) vs log(x)

Na Figura 6 representamos uma função de potência como a descrita na equação (9) e na Figura
7 graficamos log(y) vs log(x). Notemos que em ambos os casos usamos uma escala decimal,
equivalente a utilizada no papel milimetrado. Obtermos os parâmetros k e n, a partir do gráfico
da Figura 6, que é uma curva, é difícil, entretanto, do gráfico da Figura 7 é fácil, já que é uma
reta. Como fazer para extrair os coeficientes a partir do gráfico da Figura 7?
O procedimento é semelhante ao utilizado no caso de funções exponenciais, ou seja, aplicamos
logaritmos a ambos os lados da equação (9):

y = k xn
log(y) = log(k x n )
(11)
log(y) = log(k) + n log(x)
Usando as definições y’=log(y), x’=log(x) e b=log(k2) podemos reescrever a equação anterior
como:

y' = n ⋅ x' + b' (12)

Que corresponde a equação de uma reta. notemos que, diferente do caso das funções
exponenciais, neste caso, ambas as variáveis (x e y), estão na forma logarítmica.
Assim, usando os pontos indicados na Figura 7, o coeficiente angular, n, deverá ser
calculado como:
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y '2 − y '1 log( y2 ) − log( y1 ) 1.76 − 0.71
n= = = = 2 .0
x'2 − x'1 log( x2 ) − log( x1 ) 0.88 − 0.36
Para achar o coeficiente angular b, podemos pegar qualquer ponto da reta média da Figura 7,
por exemplo (0.36, 0.71) e substituir na equação (11):

0.73 = 2.0 ⋅ 0.36 + b


Isto significa que:

b = 0.1
Como b’ = log(k), podemos obter k como:

k = 10b ' = 10 0.01


Portanto:
k = 1 .0

Com que obtemos a forma final da equação correspondente à Figura 3:

y = x2

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Uso do papel di-log
Da mesma maneira que para funções exponenciais, quando o volume de dados é muito
grande é mais pratico usar um tipo de papel para gráficos que linearize os dados sem termos
que calcular logaritmos das variáveis envolvidas. No caso de funções de potência, como vimos
na Figura 7 e nas equações (10) e (11), para a linearização é necessário expressar tanto as
variáveis x como y na forma logarítmica, portanto, o nosso papel de gráfico terá de possuir
escalas logarítmicas tanto no eixo das ordenadas como das abscissas.

100

x y

1 1
2 4
3 9
4 16
5 25
Y

10 6 36
7 49
8 64
9 81
10 100

1
1 10 X 100 1000

Figura 10: Dados representados em papel di-log.

Como obter os parâmetros nesse caso?

O procedimento é o mesmo seguido após a Figura 7. Entretanto, quando formos calcular o


coeficiente angular, como os dados representados no papel di-log correspondem a x e y e não a
log(x) e log(y), devemos tomar cuidado de calcular o logaritmo das coordenadas dos dois
pontos (x1, y1) e (x2, y2) escolhidos.

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Outra Maneira de Linearizar Funções de Potência
Quando fazemos experiências em que sabemos de antemão qual a potência da variável
independente que está envolvida a linearização é feita facilmente graficando a variável
dependente vs. a variável independente elevada à potência correspondente. Por exemplo, se
estamos estudando o movimento de um oscilador harmônico tal como um pêndulo, no qual

l
T= (13)
g
l = gT 2
Se graficarmos l vs T2, obteremos um gráfico linear do qual facilmente obtemos o valor de g.

Barras de Erro

Quando várias medidas são feitas de uma certa variável, e é calculado o desvio padrão, ele pode
ser representado no gráfico através do que chamamos de barras de erro. Se tivermos uma
Tabela como a mostrada na Figura 11, por exemplo, podemos ver que nela são apresentados os
valores da posição, do tempo e na terceira coluna o desvio padrão da posição. Nesse caso as
barras de erro são graficadas na vertical, já que correspondem ao desvio da posição, e o
tamanho segue o valor do desvio padrão. Ou seja, se escolhermos um determinado ponto, por
exemplo, (t , x) = (t , x ± S ) = (8.0,83.0 ± 4.15) , o ponto a ser graficado será formado pelos
x

valores médios de x e t (8.0,83.0) e o tamanho da barra de erro será de 4.15m para acima e para
abaixo do valor médio de x.
x(m)

t(s) x(m) Sx
0.0 2.0 0.10
80 1.0 11.0 0.55
2.0 22.0 1.10
3.0 30.0 1.50
4.0 37.0 1.85
5.0 54.0 2.70
60 6.0 60.0 3.00
7.0 72.0 3.60
8.0 83.0 4.15

40

20

0 2 4 6 8
t(seg.)

Figura 11:Representação das barras de erro

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