AB2 - Teoria Do Conhecimento - Laelson Batista

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LICENCIATURA EM FILOSOFIA

TEORIA DO CONHECIMENTO
LAELSON BATISTA VILELA

RESUMO
II - A ORIGEM DO CONHECIMENTO
Racionalismo, Empirismo e as Mediações Epistemológicas

Introdução

O debate filosófico sobre a origem e validade do conhecimento humano tem sido


historicamente polarizado entre duas correntes principais: o racionalismo e o empirismo. Enquanto
o racionalismo enfatiza o papel do pensamento e da razão na aquisição do conhecimento, o
empirismo destaca a experiência sensorial como fonte primária do saber. No entanto, tentativas de
mediação entre essas perspectivas opostas surgiram ao longo da história da filosofia, visando
harmonizar suas visões e abordar suas limitações. Neste contexto, surge o intelectualismo e o
apriorismo como tentativas de reconciliação entre racionalismo e empirismo.

O Intelectualismo

O intelectualismo, como uma tentativa de mediação entre racionalismo e empirismo,


reconhece a importância tanto do pensamento quanto da experiência na formação do conhecimento.
Ao contrário do racionalismo, que considera os conceitos como inatos e independentes da
experiência, o intelectualismo sustenta que os conceitos são derivados da experiência sensorial.
Aristóteles é frequentemente citado como um precursor do intelectualismo, pois ele buscava uma
síntese entre as influências racionalistas e empiristas em sua filosofia. Ele argumentava que as
ideias essenciais não estão separadas do mundo empírico, mas sim imanentes aos objetos concretos.
Assim, a experiência sensorial é fundamental para a formação do conhecimento, pois é através dela
que obtemos imagens perceptivas dos objetos, das quais extraímos as ideias essenciais universais.

O intelectualismo, como uma tentativa de reconciliação entre racionalismo e empirismo,


oferece uma visão complexa sobre a formação do conhecimento humano. Ao reconhecer a
importância tanto do pensamento quanto da experiência, o intelectualismo destaca a
interdependência entre esses dois aspectos na construção do saber. Aristóteles, frequentemente
citado como um precursor dessa abordagem, busca uma síntese entre as influências racionalistas e
empiristas em sua filosofia.

Uma característica essencial do intelectualismo é sua ênfase na experiência como fonte de


formação dos conceitos. Contrariamente ao racionalismo, que defende a existência de conceitos
inatos e independentes da experiência, o intelectualismo sustenta que os conceitos são derivados da
interação com o mundo sensorial. Nesse sentido, a experiência sensorial é vista como o fundamento
sobre o qual o conhecimento humano é construído. É por meio da percepção dos objetos concretos
que nossa mente extrai as ideias essenciais universais, as quais formam a base do nosso
entendimento do mundo.

Além disso, o intelectualismo reconhece a complexidade da relação entre experiência e


pensamento. Embora os conceitos sejam derivados da experiência, eles não são simplesmente
cópias diretas dos objetos sensoriais. Em vez disso, eles representam uma síntese entre a percepção
sensorial e a atividade intelectual. Essa perspectiva implica que o conhecimento humano não é
meramente passivo, mas envolve uma atuação ativa da mente na interpretação e organização das
experiências sensoriais.

Por fim, o intelectualismo destaca a importância da razão na interpretação e elaboração do


conhecimento. Embora os conceitos sejam obtidos da experiência, sua elaboração e organização são
guiadas pela razão humana. Nesse sentido, a mente não é apenas receptiva às impressões sensoriais,
mas também desempenha um papel ativo na estruturação do conhecimento. Essa visão ressalta a
capacidade humana de ir além da mera observação dos fenômenos e de buscar padrões e
regularidades que subjazem à diversidade das experiências sensoriais.

O Apriorismo

Por outro lado, o apriorismo, como outra tentativa de mediação entre racionalismo e
empirismo, reconhece a existência de elementos a priori no conhecimento humano, independentes
da experiência. No entanto, ao contrário do racionalismo, que considera esses elementos como
conteúdos completos e inatos, o apriorismo os vê como formas formais do conhecimento, que
recebem seu conteúdo da experiência. Kant é frequentemente associado ao apriorismo, pois ele
argumentava que o conhecimento humano é uma síntese entre intuição sensível e conceitos a priori.
Para Kant, o espaço e o tempo são formas a priori da intuição, enquanto as categorias do
entendimento são formas a priori do pensamento. Assim, embora o material do conhecimento seja
derivado da experiência, sua forma é determinada pela razão humana.

O apriorismo, como outra tentativa de mediação entre racionalismo e empirismo, oferece


uma perspectiva intrigante sobre a origem e a validade do conhecimento humano. Ao reconhecer a
existência de elementos a priori no conhecimento, independentes da experiência sensorial, o
apriorismo destaca a importância das formas do pensamento na estruturação do saber. Kant é
frequentemente associado a essa abordagem, pois desenvolveu uma teoria abrangente sobre as
formas a priori do conhecimento humano.

Uma característica fundamental do apriorismo é sua distinção entre conteúdo e forma no


conhecimento. Enquanto o conteúdo do conhecimento é derivado da experiência sensorial, a forma
é determinada pela estrutura inata da mente humana. Nesse sentido, as formas a priori do
pensamento, como o espaço e o tempo na intuição sensível e as categorias do entendimento,
fornecem o quadro conceitual dentro do qual as experiências são organizadas e compreendidas.
Essa perspectiva implica que o conhecimento humano não é apenas uma reflexão passiva da
realidade, mas também uma construção ativa da mente.

Além disso, o apriorismo destaca a universalidade e necessidade das formas a priori do


pensamento. Ao contrário dos conteúdos empíricos do conhecimento, que podem variar de acordo
com as circunstâncias individuais, as formas a priori são consideradas invariantes e universais para
todos os seres humanos. Isso sugere que, embora as experiências possam ser diversas e
contingentes, as estruturas fundamentais do pensamento humano são comuns a todos os indivíduos.

Por fim, o apriorismo ressalta a capacidade da razão humana de transcender os limites da


experiência sensorial. Ao postular formas a priori do pensamento que não dependem diretamente da
experiência, o apriorismo sugere que o conhecimento humano não está restrito aos dados sensoriais
imediatos, mas pode alcançar verdades universais e necessárias que transcendem o domínio da
experiência empírica. Essa visão enfatiza a capacidade humana de abstrair e generalizar a partir das
experiências sensoriais, permitindo-nos acessar um domínio de conhecimento mais amplo e
abstrato.
Posicionamento Crítico

Ao considerar criticamente essas diferentes perspectivas, é importante separar o problema


psicológico do problema lógico. Do ponto de vista psicológico, tanto o racionalismo quanto o
empirismo são inadequados, pois a psicologia do pensamento moderna mostra que o conhecimento
humano envolve tanto conteúdos intuitivos quanto não-intuitivos, derivados tanto da experiência
quanto do pensamento. No entanto, do ponto de vista lógico, ambas as perspectivas também
apresentam limitações. Enquanto o racionalismo é incapaz de fundamentar a validade dos juízos
sobre objetos reais sem apelar para uma harmonia preestabelecida entre a realidade e as ideias
inatas, o intelectualismo e o apriorismo oferecem abordagens alternativas. O intelectualismo, ao
reconhecer a importância da experiência na formação dos conceitos, apresenta uma solução mais
próxima ao empirismo. Por outro lado, o apriorismo, ao postular formas a priori do conhecimento
que não dependem diretamente da experiência, oferece uma alternativa mais próxima ao
racionalismo.

Racionalismo

O racionalismo defende que o pensamento e a razão são as principais fontes do


conhecimento humano. De acordo com essa visão, o conhecimento verdadeiro é aquele que é
necessário e universalmente válido, ou seja, que possui necessidade lógica e validade universal.
Esse tipo de conhecimento é exemplificado pela matemática, onde os juízos são derivados
puramente da razão, sem depender da experiência sensorial. Para os racionalistas, os juízos
baseados no pensamento possuem validade universal, enquanto os baseados na experiência são
limitados a contextos específicos. Platão é considerado um dos primeiros racionalistas, que
acreditava na existência de um mundo supra-sensível das ideias, onde o conhecimento verdadeiro
reside. Posteriormente, essa visão foi desenvolvida por filósofos como Plotino e Agostinho, que
introduziram elementos teológicos, como a iluminação divina, como fonte do conhecimento.

Empirismo

Por outro lado, o empirismo defende que a experiência sensorial é a única fonte do
conhecimento humano. Segundo essa visão, a mente humana nasce como uma "folha em branco", e
todas as ideias e conceitos são adquiridos através da experiência. Filósofos empiristas, como John
Locke e David Hume, argumentam que todas as nossas ideias têm origem nas percepções
sensoriais, sejam elas externas (sensações) ou internas (reflexões). Para eles, mesmo os conceitos
mais abstratos derivam da experiência sensorial. No entanto, tanto Locke quanto Hume reconhecem
a existência de conhecimentos independentes da experiência, especialmente na matemática, que são
universalmente válidos.

Conclusão

As perspectivas, do racionalismo e empirismo destacam aspectos importantes do


conhecimento humano, mas cada uma enfatiza uma fonte primária diferente: o racionalismo
enfatiza o pensamento e a razão, enquanto o empirismo enfatiza a experiência sensorial.
Em suma, o debate entre racionalismo e empirismo tem sido enriquecido por tentativas de
mediação, como o intelectualismo e o apriorismo. Enquanto o intelectualismo enfatiza a
importância da experiência na formação do conhecimento, o apriorismo destaca formas a priori do
pensamento que transcendem a experiência sensorial. Ambas as perspectivas oferecem insights
valiosos sobre a natureza complexa do conhecimento humano, mostrando que este envolve uma
interação complexa entre pensamento e experiência.

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