Apelação Erro Médico
Apelação Erro Médico
Apelação Erro Médico
URGENTE!
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO – IDOSO!
Processo nº 0049689-43.2010.8.16.0001
Nestes termos,
Pede deferimento
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA.
Introito
"A relação entre paciente e hospital é contratual. Escrita ou verbal, expressa ou tácita,
onerosa ou gratuita, é indiferente. De forma geral, os danos sofridos por pacientes
internados sempre foram apurados com base na verificação da culpa, porque
decorrentes da má atuação médica isolada ou conjunta. Entretanto, após o advento do
CDC, instalaram-se critérios distintos para aferimento da conduta médica e do
procedimento hospitalar. Em relação ao médico, isoladamente, permanece o critério de
apuração da culpa. Em relação ao hospital passou-se a adotar, cada vez mais, o critério
de desprezo ou irrelevância da culpa. Assim, os conflitos paciente/hospital estão sendo
examinados e interpretados pelos Tribunais, em boa parte, com base no princípio da
responsabilidade objetiva, ora de natureza absoluta (afastamento da culpa), como se
fosse autêntico contrato de risco (seguro), ora mitigada ou relativa, procurando detectar
o nexo de causalidade, a conduta censurável (culpa presumida). Modestamente,
aderimos a esta segunda posição. Por isso, em caso de dano ao paciente por
decorrência do internamento, pela incorreta ação ou omissão da direção do hospital (a
exemplo de infecção hospitalar, de falta de oxigênio, de medicamentos vencidos, de
alimentos perecidos ou contaminados, de transfusão de sangue coletado de pessoa
portadora de doença contagiosa, de exame laboratorial incorreto, etc), o
estabelecimento de saúde pode ser responsabilizado isolado ou conjuntamente com o
médico ou médicos (se em equipe), se não provar a sua culpa. O critério de apuração
da responsabilidade, ao nosso ver, se estabelece pelo critério de presunção da culpa,
como subespécie da culpa objetiva - já que, salvo rara exceção, é impossível falar em
relação paciente/hospital sem participação médica. Para se esquivar da
responsabilidade, cumpre ao estabelecimento de saúde comprovar culpa própria do
paciente, fato de terceiro, caso fortuito externo ou força maior invencível e/ou, também,
cumprimento de ordem legal. É que, em regra, o paciente em nada pode fazer, exceto
cumprir as ordens do médico e o regulamento do estabelecimento de saúde" (Jurandir
Sebastião, A Responsabilidade Civil, A Singularidade da Medicina e Aplicação do
Direito, in Erro Médico: Responsabilidade Civil Médico-Hospitalar, vol. III, Rio de
Janeiro: ADV/COAD, 2004 -Suplemento Seleções Jurídicas, p. 59).
“O senhor Jamir Vieira dos Santos descreve que em 2007 fez cirurgia na coluna cervical
no Hospital Cajuru com Dr. Ricardo Munhoz da Rocha Guimarães. Refere que 3 meses
antes da cirurgia teve fraqueza no braço esquerdo com queda do mesmo, o que o levou
a procurar aquele serviço médico.
Alega que desde a cirurgia o braço esquerdo recuperou parcialmente a força muscular,
porém o braço direito passou a cair devido a fraqueza. Acrescenta que desde então
sente fraqueza e tremedeira no corpo todo e que necessita de ajuda para higiene e para
tudo.
Acompanhou com médico neurocirurgião por algum tempo, até 2013 e depois passou a
frequentar médicos nas cidades mais próximas. Refere que atualmente não acompanha
nenhum médico para o problema de coluna com periodicidade, tendo realizado uma
consulta apenas recentemente para realizar a nova ressonância trazida a esta avaliação
pericial”.
“No prontuário médico acostado consta que na admissão hospitalar (Pg. 48), o Senhor
Jamir Vieira dos Santos apresentava uma hemiparesia esquerda (redução da força
muscular dimídio esquerdo - braço e perna, sendo pior na perna), porém com
preservação da força muscular dos membros a direita. Na alta hospitalar em 30/08/07
(Pgs. 69 a 72), o exame físico realizado pela equipe de neurocirurgia (Dra. Tatiana),
demonstrava uma monoparesia braquial a direita de predomínio proximal, ou seja, uma
redução da força muscular do membro superior direito, além de uma discreta redução
da força muscular do membro superior esquerdo, membro inferior direito e do membro
inferior esquerdo. A redução da força muscular dos membros a esquerda se manteve
praticamente a mesma, se compararmos o exame físico da admissão com exame físico
da alta, havendo o surgimento de um novo déficit motor no membro superior direito”.
Dos danos
Conforme anteriormente explanado, a relação jurídica
existente entre o apelante e a apelada caracteriza-se como prestação de serviços
hospitalares, regulada, portanto, pelas normas do Código de Defesa do
Consumidor. Ou seja, no presente caso deve ser aplicado o art. 14 do
supracitado codex, o qual dispõe que a responsabilidade civil do fornecedor de
serviços é objetiva, independe da existência de culpa.
Assim, em se tratando da responsabilidade civil na sua
modalidade objetiva, caberá ao lesado comprovar a existência do dano e do nexo
de causalidade entre este e a conduta da ré. Ao fornecedor de serviços, por sua
vez, incumbe provar a ocorrência de alguma das excludentes de responsabilidade,
tais como o caso fortuito e a força maior.
Ademais, quanto ao médico apelado restou demonstrado
o patente erro médico, devendo, portanto, reparar os danos daí decorrentes.
Ora Excelência, o nexo de causalidade, conforme
outrora exaustivamente analisado, restou devidamente comprovado. Passa-se,
então, à análise da ocorrência de dano ao apelante. In casu, o recorrente foi
internado no Hospital Cajuru, a fim de submeter-se a uma cirurgia. Ocorre que
nos dias subseqüentes, nos quais o apelante recuperava-se da intervenção
cirúrgica, foi constatado que sua medula havia inchado (fato não esperado em
razão do procedimento realizado), bem como o apelante teve alta em cadeira de
rodas e não mais recuperou sua mobilidade e boa condição de saúde que possuía
antes do procedimento cirúrgico.
Em primeiro lugar, não há dúvidas Excelência, diante de
tais fatos, de que o recorrente sofreu dano moral. Aliás, para o Professor Yussef
Said Cahali, dano moral "é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um
valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a
liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte
social do patrimônio moral(honra, reputação, etc.) e dano que molesta a parte
afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que
provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.)
e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)" (CAHALI, Yussef Said. Dano Moral,
Editora Revista dos Tribunais, SP, 1998, 2ª edição, p. 20).
Do conceito trazido, tem-se que o apelante sofreu lesão
da sua paz, tranqüilidade, integridade física e individual.
Assim sendo, não há dúvidas de que o apelante teve de
suportar intenso abalo psíquico devido à conduta do apelado, configurando,
portanto, o dever deste de indenizar o recorrente por danos morais. Tanto é
verdade e indubitável a ocorrência do dano que o recorrido sequer impugnou a
existência deste, limitando-se a alegar a ausência de nexo.
No tocante a quantum que deve ser arbitrado para a
verba indenizatória, repisa-se o que foi defendido na exordial de que o valor da
indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo juiz a fim de, por um lado,
mitigar dor psíquica sofrida pelo lesado, e, por outro, deve desempenhar uma
função pedagógica e uma séria reprimenda ao ofensor. No caso dos autos, a
indenização deve ser fixada no montante de cem salários mínimos, valor este que
corresponde satisfatoriamente à função reparatória e pedagógica da condenação.
Deve, ainda, ser o autor ressarcido dos gastos que teve
com medicação e tratamento médico e fisioterápico para tentar recuperar
parcialmente sua saúde. Assim, provada a responsabilidade do recorrido e a
existência do dano sofrido pelo apelante, deve aquele ser condenado a pagar o
valor de 5 mil reais a título de danos materiais.
Nestes termos,
Pede deferimento.