Dos Processos Nos Tribunais

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 14

DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS

1 – CONCEITO
Trata-se de sucedâneo recursal externo, ou seja, é uma ação autônoma que tem por
objetivo atacar uma decisão, em regra de mérito, rescindenda, que por sua vez é aquela
maculada por algum vício (ex.: sentença proferida por juiz que foi subornada por uma das
partes para decidir em favor dela.)
A ação rescisória deve ser, obrigatoriamente proposta perante tribunal, sendo assim,
não é julgada pela justiça comum de primeiro grau.
A sentença que se pretende rescindir deve ter o trânsito em julgado.
INFO 283 STJ “o termo para a propositura da ação rescisória é o trânsito em julgado da
última decisão do processo.”
SUM 514 STF “admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda
que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.”
O prazo é, em regra, decadencial de 2 (dois) anos.

2 – PROCEDIMENTO
Possui duas fases.

a) Juízo rescindente: analisa-se se a ação rescisória proposta tem legitimidade,


nessa fase, é analisado se a decisão em questão realmente possui vício para ser
cassada ou anulada.

b) Juízo rescisório: ocorre a análise do mérito, do pedido de fato da ação.

3 – DECISÕES QUE ADMITEM AÇÃO RESCISÓRIA


Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do


juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou,
ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;


VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando


considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os
casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se
pronunciado.

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em
julgado que, embora não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.

§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes


do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no
curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra
decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos
repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida
no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.

§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor,


sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor
outra solução jurídica.

O rol do art. 966 do NCPC é taxativo, conforme entendimento de Daniel Assumpção.


Entretanto, para Freddie Didier, embora o rol seja, de fato, taxativo, a lei traz algumas
exceções presentes nos art. 525, 535 e 658 do NCPC.
Assim:
a) Rol taxativo – Daniel Assumpção

b) Rol taxativo, porém, com exceções previstas nos art. 525, 535 e 658 – Freddie
Didier
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-
se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão


exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (§ 12. Para efeito do disposto no inciso
III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.)

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:

§ 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão


exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (§ 5º Para efeito do disposto no inciso
III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em
título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do
ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.)

Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença:

I - nos casos mencionados no art. 657;

II - se feita com preterição de formalidades legais;

III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.

3. 1 – DECISÕES

Admite-se, portanto, a propositura da ação rescisória nas hipóteses de:

a) Decisão de mérito

a.1) quando o juiz praticar crime de corrupção, concussão ou prevaricação


previstos no Código Penal;

a.2) quando a sentença for proferida por juiz impedido por alguma das hipóteses
do art. 144 do NCPC ou quando for absolutamente incompetente;

a.3) quando houver vício de consentimento (dolo ou coação) ou simulação;

a.4) quando houver coisa julgada;


a.5) quando for violada norma jurídica;

a.6) quando houver prova falsa que motivou o juiz da sua decisão;

a.7) quando, no prazo de até 5 (cinco) anos a parte obtiver prova nova capaz de
mudar o convencimento do juiz; e

a.8) quando o juiz incidir em erro.

b) Decisão terminativa (novidade do NCPC)

b.1) que impeça a repropositura da ação (art. 485, I, IV, VI e VII; art. 486 § 1º)

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de


desenvolvimento válido e regular do processo;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando


o juízo arbitral reconhecer sua competência;

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que
a parte proponha de novo a ação.

§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I,


IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que
levou à sentença sem resolução do mérito.

b.2) que inadmita a recusa e impossibilite recurso

OBS: DECISÕES QUE NÃO ADMITEM AÇÃO RESCISÓRIA

a) Súmula

Súmula 343/STF: Não cabe ação rescisória por ofensa à literal disposição de lei
quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação
controvertida nos tribunais.

b) Decisões proferidas por Juizado Especial

Art. 59, Lei 9099/95: Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao
procedimento instituído por esta Lei.
c) Decisões em ADI, ADC e ADPF (ação de declaração de inconstitucionalidade,
ação de declaração de constitucionalidade e arguição de descumprimento de
preceito fundamental):

Art. 26, Lei nº. 9.868/99: A decisão que declara a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação
declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios,
não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Art. 12, Lei nº. 9.882/99: A decisão que julgar procedente ou improcedente o
pedido em arguição de descumprimento de preceito fundamental é irrecorrível,
não podendo ser objeto de ação rescisória.

OBS.S: AÇÃO RESCISÓRIA E AÇÃO ANULATÓRIA

Art. 966

§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes


do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no
curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.

Um exemplo que acarreta a ação anulatória é a confissão viciada, conforme disposto em


lei. Assim, percebe-se que a diferença da ação anulatória para a rescisória está no fato de
ser ou não um ato do juiz. (ex: contra sentença transitada em julgado que resolve partilha,
ainda que homologatória, cabe ação rescisória; em divórcio extrajudicial, se a parte for
coagida a aceitar a partilha, haverá anulação desta, por vício de consentimento; se o
acordo for no processo e homologado pelo juiz, caberá ação rescisória).
Exemplos de atos que cabem anulação: confissão viciada, confissão sob falsa percepção,
divorcio extrajudicial onde uma das partes aceita a meação sob coação.

Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato
ou de coação.

Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é exclusiva do confitente


e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura.

4 – DA RESPOSTA DO RÉU

Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15
(quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim
do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum.

O prazo para o réu apresentar resposta é de 15 a 30 dias.

Não admite audiência de conciliação ou mediação, o réu já é citado para, se quiser,


apresentar resposta.

INFO 283 STJ “O termo "a quo" para o ajuizamento da ação rescisória coincide com
a data do trânsito em julgado da decisão rescindenda. O trânsito em julgado, por sua
vez, se dá no dia imediatamente subsequente ao último dia do prazo para o recurso em
tese cabível.”

SÚMULA 514 STF “Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado,
ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.”

OBS.: O prazo decadencial é, em regra, de dois anos. Para a fazenda pública, o prazo é
em dobro. O prazo decadencial não corre contra o absolutamente incapaz.

OBS.S.: RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA – em ações de investigação de


paternidade, a negação do suposto pai gera relativização da coisa julgada.

Lei 14.138/2021: Acrescenta § 2º ao art. 2º-A da Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de


1992, para permitir, em sede de ação de investigação de paternidade, a realização do
exame de pareamento do código genético (DNA) em parentes do suposto pai, nos casos
em que especifica.

5 – LEGITIMADOS

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a


fim de fraudar a lei;

c) em outros casos em que se imponha sua atuação;

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para
intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.

O ministério público poderá ser o autor ou o fiscal da ordem jurídica.

6 – PETIÇÃO INICIAL

A petição deve atender aos requisitos do art. 319 do NCPC, além disso, deverá trazer o
pedido de rescisão + análise do mérito.

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;


II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II
deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente
oneroso o acesso à justiça.

Além disso, a petição deve atender ao art. 968 subsequente:

Deverá o autor apresentar o pedido e depósito no valor de 5% do valor da causa (com


limite de 1000 salários mínimos), sendo esse dispensável à fazenda pública e
hipossuficientes; caso não seja feito o depósito, a petição será INDEFERIDA.

São documentos indispensáveis a GRERJ, a cópia da decisão rescindenda e o trânsito em


julgado.

Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do
art. 319, devendo o autor:

I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;

II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá
em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou
improcedente.

§ 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério
Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da
justiça.

§ 2º O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil)
salários-mínimos.
§ 3º Além dos casos previstos no art. 330, a petição inicial será indeferida quando não
efetuado o depósito exigido pelo inciso II do caput deste artigo.

§ 4º Aplica-se à ação rescisória o disposto no art. 332 .

§ 5º Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será


intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória,
quando a decisão apontada como rescindenda:

I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966
;
II - tiver sido substituída por decisão posterior.

§ 6º Na hipótese do § 5º, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu


complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao
tribunal competente.

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;

IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .

§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o


pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,
de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar
na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
além de quantificar o valor incontroverso do débito.

§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e


modo contratados.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de


Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de


assunção de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde


logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença,


nos termos do art. 241 .

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação


do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar
contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. (ex. de descumprimento do art 332:
transcorrido prazo decadencial, violação de súmula, etc)

OBS.: a ação rescisória não tem efeito suspensivo, portanto, não impede o cumprimento
da decisão rescindenda, para isso é necessário um pedido em tutela provisória, para
suspender os efeitos.

7 – DA TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DE JULGAMENTO

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá
prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão
convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às
partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.

§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão,


colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado.

§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.

§ 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento


não unânime proferido em:

I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse


caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no
regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o
mérito.

§ 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas;

II - da remessa necessária;

III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

Cada tribunal é formado por câmaras, que contemplam 5 desembargadores cada. Em cada
processo, 3 desembargadores atuam. O TJRJ possui 27 câmaras.

O julgamento por unanimidade da ação rescisória pode ser procedente, onde o valor do
depósito é levantado; ou improcedente e, nesse caso, o depósito é convertido em multa
a favor do réu.

Se a decisão proferida não for unânime, aos moldes do art 942 supracitado, os 2
desembargadores da câmara que não atuaram no processo são convocados, totalizando 5
desembargadores a atuarem no processo.

7.1 – DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar
a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3
(três) meses para a devolução dos autos.

O relator pode determinar que a prova seja produzida, no prazo de 1 a 3 meses no primeiro
grau de jurisdição, ou seja, na justiça comum onde foi proferida a decisão viciosa.

7. 2 – RAZÕES FINAIS

Art. 973. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais,
sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao


julgamento pelo órgão competente.

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.


SÚMULAS

1 – PRECEDENTES

Razão de decidir anterior, stare decisis et non quieta more. (ex.: ADIN e ADPF).

a) Civil law: adotado no Brasil e em países de influência romano-germânica, o poder


legislativo elabora as leis que formam o direito.

b) Commom law: adotado em países anglo-saxônicos, o direito é formado através


dos costumes e dos julgados em tribunais.

Com a adoção do Novo Código de Processo Civil, busca-se a isonomia (igualdade nos
julgamentos, não podendo apresentar decisão diversa em matéria de mesmo teor) e
segurança jurídica nos julgados.

Precedentes são a razão de decidir anterior, sua repetição forma a matéria da


jurisprudência, que por sua vez cria a base para as súmulas.

Precedentes > jurisprudências > súmulas

2 – JURISPRUDÊNCIAS

Devem ser:

a) Estáveis: é dever dos tribunais observarem regra do alto respeito, ou seja, seus
precedentes.

b) Integras: construída levando em conta o histórico das decisões, tanto rejeitadas,


quanto acolhidas.

c) Coerentes: aplicação isonômica em casos semelhantes.

3 – SÚMULAS

É a materialização da jurisprudência, se o tribunal formou entendimento majoritário, ele


tem o dever de editar súmula sobre tal.

Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra
e coerente.

§ 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os


tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.

§ 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas


dos precedentes que motivaram sua criação.
4 – DOS PROCEDIMENTOS VINCULANTES

Tem por objetivo evitar a flutuação de entendimento, (ex.: legalidade da tarifa bancária.)

EN 316 FPPC “A estabilidade da jurisprudência do tribunal depende também da


observância de seus próprios precedentes, inclusive por seus órgãos fracionários.”

Há também, a possibilidade de alteração de entendimento, como por exemplo sobre


abandono afetivo.

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de


demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial
repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional


e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (ex.:


teoria da taxatividade mitigada)

§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando


decidirem com fundamento neste artigo.

§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de


casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas,
órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.

§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal


e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode
haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese


adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação
adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da
confiança e da isonomia.

§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão


jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores.
5 – RECLAMAÇÃO

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III - garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle


concentrado de constitucionalidade;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo


Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

IV - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido


em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência.

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução


de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;

§ 1º A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete
ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda
garantir.

§ 2º A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do


tribunal.

§ 3º Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo


principal, sempre que possível.

§ 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese jurídica


e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam.

§ 5º É inadmissível a reclamação:

I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;

II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com


repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

§ 6º A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida


pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação.

6 – INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Trata-se de mecanismo a ser usado para assegurar solução uniforme a demandas repetitivas,

Você também pode gostar