Physical Exercise and Gestation: A Review Study About Physiological Changes, Recommendations, and Benefits of Practice
Physical Exercise and Gestation: A Review Study About Physiological Changes, Recommendations, and Benefits of Practice
Physical Exercise and Gestation: A Review Study About Physiological Changes, Recommendations, and Benefits of Practice
0003
Fernanda Neves de Jesus¹*, Camila Cristina Pinheiro Lemes², Nilo Massaru Okuno³
¹Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais - HU-UEPG, ²Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG,
Ponta Grossa, Paraná, Brasil, ³Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de
Ponta Grossa- UEPG, Ponta Grossa, Paraná, Brasil.
*Autor correspondente: Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais - HU-UEPG, R. Dr. Alves Maciel,
1321, Oficinas, Ponta Grossa, Paraná, Brasil, (42) 99992-5059,
e-mail: [email protected]
RESUMO
A influência do exercício físico durante o período gestacional é bastante positiva, mas, para
que ocorra de forma segura, é necessário ter o conhecimento de quais são os exercícios mais
indicados, de quais são os cuidados a serem tomados além de ser preciso seguir as orientações
para a prática. Vários ajustes fisiológicos no corpo da gestante são necessários para que se
tenha um ambiente favorável ao crescimento saudável do feto e esses ajustes envolvem todos
os sistemas. As gestantes devem ser incentivadas a realizar atividades aeróbias, de resistência
muscular e alongamento, porém devem evitar atividades que ofereçam risco de perda de
equilíbrio e traumas. Outra prática recomendada está relacionada aos exercícios que facilitam
o parto, principalmente os que fortalecem o assoalho pélvico, visto que essa musculatura é de
grande importância durante esse processo. Por outro lado, deve-se levar em consideração a
existência de contraindicações para a prática de exercícios físicos, dando atenção a possíveis
sintomas que a gestante pode apresentar. Apesar dos riscos, por meio de adequada prescrição,
hidratação, nutrição, temperatura, entre outros, a prática de exercícios físicos não só pode
como deve ser realizada pelas gestantes durante todo o período gestacional.
Palavras-chave: gravidez; adaptações fisiológicas; recém-nascido; exercício físico.
ABSTRACT
The influence of physical exercise during the gestational period is quite positive, yet, for that to
occur safely, it is necessary to have the knowledge of which are the most suitable exercises and
what are the precautions that should be taken, besides following the guidelines for practice.
Several physiological adjustments to the pregnant woman’s body are necessary for a favorable
environment to a healthy growth of the fetus and these adjustments involve all systems. As
pregnant women should be encouraged to performing aerobic activities, muscular endurance
and stretching, should avoid activities that offer risk of loss of balance and trauma. Another
recommended practice is related to exercises that facilitate childbirth, especially those that
strengthen the pelvic floor, whereas this musculature is of great importance during that process.
On the other hand, it has to be taken into account the presence of contraindications to physical
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exercise, paying attention to possible symptoms that pregnant woman may present. Despite the
risks, through proper prescription, hydration, nutrition, temperature, among others, the practice
of physical exercises is allowed and should be performed by pregnant women throughout the
gestational period.
Keywords: pregnancy; physiological adaptations; neonate; physical exercise.
INTRODUÇÃO
A gestação é um período muito delicado na vida das mulheres, pois o corpo passa por diversas
mudanças fisiológicas e, inicialmente, há uma alteração no sistema endócrino. O aumento nos níveis
séricos dos principais hormônios atuantes na gestação é capaz de modificar outros sistemas como
o cardiovascular e o respiratório e isso requer um cuidado maior na escolha das atividades, pois o
coração da gestante apresenta-se hipertrofiado e os pulmões estão consumindo mais oxigênio para
atender às novas demandas metabólicas e manter o bem-estar fetal (BALLEM, 1988; BURTI et al.,
2006; REIS et al., 1993; SOMA-PILLAY et al., 2016). Considerando essas alterações, alguns tipos de
exercícios físicos acabam sendo desinteressantes ao programa de treinamento das gestantes, uma
vez que podem acarretar complicações para a mãe e para o feto (BATISTA, 1993; BURTI et al., 2006;
REIS et al., 2003).
A prática de exercício físico traz inúmeros benefícios à saúde dos que a praticam (GUEDES
et al., 2012). Na gestação, não é diferente, pois, quando os exercícios são bem selecionados, a sua
realização é capaz de diminuir a probabilidade do desenvolvimento da diabetes gestacional e evitar
o ganho de peso excessivo. Além disso, pode trazer benefícios para o feto, como auxiliar de forma
positiva no seu desenvolvimento neural. Sendo assim, as gestantes devem ser encorajadas à prática
de exercícios físicos até os últimos momentos de gestação, uma vez que exercícios pré-parto auxiliam
na redução da tensão e atuam na diminuição das dores, promovendo assim um parto bem-sucedido
(BERGHELLA et al., 2017; GREGG et al., 2017, SURITA et al., 2014).
A maioria dos estudos apresenta assuntos isolados em relação à prescrição do exercício, sem,
no entanto, detalhar quais os exercícios adequados. Sendo assim, este trabalho pretende abordar, de
forma ampla e generalizada, o exercício físico agregado à gestação, mostrando desde as alterações
que ocorrem com a mulher, a principal delas sendo a fisiológica, até quais exercícios devem ser apli-
cados, pois as gestantes são consideradas um grupo especial e estão inseridas em diversos ambientes
de prática de exercício físico. Portanto, a busca por estudos que tratem do exercício físico e de sua
influência na gestação tem aumentado a partir da contribuição tanto de profissionais de Educação
Física como de outros profissionais da área da saúde. Diante disso, torna-se necessário um estudo
que aborde todos esses assuntos.
MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo fundamenta-se a partir de revisão de literatura sobre o exercício físico e
suas alterações e benefícios no período gestacional. Foi realizada busca ativa nas bases de dados
Pubmed, Scielo, Google acadêmico e em livros variados. As palavra-chaves utilizadas foram gravidez,
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ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS
Vários ajustes fisiológicos no corpo da gestante são necessários para que se tenha um ambiente
favorável ao crescimento saudável do feto. Essas mudanças podem dificultar a prática de atividade
física durante este período, fazendo com que, muitas vezes, a gestante sinta-se insegura e desmotivada
à realização de exercícios físicos. Por este motivo, torna-se essencial o entendimento das alterações
fisiológicas normais, para diferenciá-las das patológicas. Normalmente, as alterações que ocorrem são
de natureza: cardiovasculares, respiratórias, endócrinas, digestórias, renais e musculoesqueléticas.
ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES
Durante a gravidez, o volume de sangue circulante da gestante aumenta. Esse maior volume
serve como um acréscimo do fluxo de sangue, o qual é desviado para suprir as maiores necessidades
do útero, dos rins e da placenta. O maior volume de sangue chega a ser parcialmente compensado
por uma maior capacitância vascular, que é mediada pelo decréscimo na resistência vascular sistê-
mica (RVS). O resultado é uma pressão arterial estável, podendo inclusive apresentar-se diminuída
no segundo trimestre da gestação (REIS et al., 1993). Porém, isso ocorre de maneira desigual, ou seja,
o aumento no volume plasmático é de aproximadamente 1240 ml (aumento de 40 a 50% em relação
às mulheres não grávidas), enquanto que o número de células vermelhas aumenta de 250 a 450 ml
(18 a 30%).
Essa desproporção no aumento desses componentes sanguíneos pode resultar em anemia
fisiológica durante a gravidez (BALLEM, 1988), a qual pode interferir diretamente em exercícios
que mais dependem do metabolismo aeróbio, pois a anemia fisiológica é capaz de alterar o meta-
bolismo oxidativo muscular desviando-se assim a produção de energia para a via anaeróbia com
acúmulo de lactato, além de reduzir a concentração de mioglobina e enzimas mitocondriais (MATEO
e LAÍNEZ, 2000).
Além de um maior volume sanguíneo, verifica-se também uma hipertrofia cardíaca (aumento
no volume das câmaras do coração) a qual ocasiona um aumento no débito cardíaco (DC) que pode
variar de 20% a 40%. Uma situação que deve ser levada em consideração é a posição em que a ges-
tante deita a partir do segundo trimestre de gravidez. O DC é menor em decúbito lateral esquerdo
e maior quando a gestante assume a posição supina (decúbito dorsal), pois, nessa posição, o útero
exerce uma maior pressão sobre a artéria aorta e a veia cava inferior, causando diminuição no fluxo
sanguíneo uteroplacentário e no retorno venoso (REIS et al., 1993).
Com o aumento do volume sanguíneo e do DC, espera-se um aumento significativo na pressão
arterial, no entanto, isso geralmente não ocorre devido à queda da resistência vascular periférica e
da vasopressina, e também pela ação da progesterona e estradiol, mediando fatores dependentes do
endotélio (SOMA-PILLAY et al., 2016). Em relação à pressão venosa, altera-se pouco quando se trata
de membros superiores, no entanto, aumenta muito quando se trata de membros inferiores, pois há
uma dilatação e estase das paredes venosas a qual aumenta a propensão do aparecimento de varizes,
que podem se agravar em gestações posteriores (BURTI et al., 2006).
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ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS
A função respiratória sofre alterações fisiológicas importantes na gravidez, resultantes das ações
hormonais, principalmente da alta concentração de progesterona no sangue, que reduz a tensão
alveolar e arterial promovendo uma hiperventilação e o aumento do volume uterino.
O diafragma é um dos principais músculos afetados neste sistema. Há um deslocamento de
cerca de 4 cm para região superior do tronco, em consequência do crescimento uterino e do alar-
gamento das costelas inferiores. Isso faz com que haja um aumento dos diâmetros anteroposterior e
transverso do tórax da gestante em cerca de 2 cm, além de aumentar o ângulo subcostal, que passa
de 68°, no início da gravidez, para 103° (em média) ao seu final (REIS et al., 1993).
Durante a gestação, nota-se um aumento de 20% no consumo de oxigênio, a fim de atender
às novas necessidades metabólicas. A curva de saturação da hemoglobina encontra-se desviada
para a direita, o que facilita o aporte de oxigênio, exceto em casos de pré-eclâmpsia, em que há
um remodelamento vascular que impede uma resposta adequada ao aumento da demanda do fluxo
sanguíneo que ocorre durante a gestação, diminuindo a perfusão uteroplacentária, aumentando o
risco de isquemia da placenta (REIS et al., 1993; CAVALLI et al., 2009). Adicionalmente, é observado
um aumento na ventilação por minuto, principalmente devido ao aumento no volume corrente, sem
grandes alterações na frequência respiratória. Essa hiperventilação ocasiona um aumento na pO2
(pressão parcial de O2) e queda na pCO2 (pressão parcial de CO2), com uma queda compensatória
do bicarbonato sérico (SOMA-PILLAY et al., 2016).
Durante toda a gravidez, mas principalmente no último trimestre, a gestante pode ter a sensa-
ção de falta de ar, mas sem hipóxia. Essa sensação pode ocorrer em repouso ou falando, entretanto
é capaz de, paradoxalmente, melhorar durante atividade física leve (SOMA-PILLAY et al., 2016).
ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS
O sistema endócrino sofre alterações significativas a fim de proporcionar uma evolução normal
da gestação. O elemento básico que provoca tais alterações é o desenvolvimento da placenta e sua
ação de sustentação do feto. A placenta produz dois diferentes tipos de hormônios, os peptídeos e
esteroides (BURTI et al., 2006).
Dentre os hormônios peptídeos, destaca-se o hormônio gonadotropina coriônico (HCG), ca-
paz de estimular o corpo lúteo, o qual é responsável pela produção de estrógeno e progesterona e
também impede a rejeição tecidual fetal. O HCG combinado com a somatotropina placentária (outro
hormônio peptídeo) promovem o crescimento fetal, além de agir sobre o metabolismo de glicose e
de gordura da mãe, diminuindo a utilização de glicose materna e desviando-a para utilização pelo
feto. Desta forma, a utilização de ácidos graxos pela mãe aumenta, o que será utilizado como impor-
tante fonte de energia em vez da glicose (BURTI et al., 2006). Nas primeiras semanas de gestação, os
níveis séricos de HCG dobram a cada 2 ou 3 dias, por esta razão, por meio de exames laboratoriais
ultrassensíveis, a mulher consegue constatar a gestação (PINHEIRO, 2013).
Dentre os hormônios esteroides, estão a progesterona e estrógeno. A progesterona, durante
a gestação, inibe a contração excessiva da musculatura lisa, pois a produção de progesterona no
organismo da mulher grávida aumenta de 40 ng/ml para até 200 ng/ml até o término da gestação
(FRIDMAN, 2005). A alta taxa de progesterona ocorre a fim de impedir a expulsão do feto, uma vez
que se tem também altos níveis de estrógenos circulantes na corrente sanguínea, os quais têm efeito
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ALTERAÇÕES DIGESTÓRIAS
Durante o período gestacional, o útero tem seu tamanho aumentado e isso pode alterar a po-
sição do estômago. Esse fator somado à ação da progesterona tornam o esvaziamento gástrico mais
lento, podendo ocorrer aumento na pressão intragástrica. O aumento dessa pressão juntamente com
o relaxamento da cárdia (porção de transição entre o esôfago e estômago), podem levar à ocorrência
de refluxo gastroesofágico, sendo comum encontrar a presença de pirose (azia) nas grávidas. Outros
quadros que podem ser encontrados são a constipação e a dificuldade de eliminar as fezes, devido
às alterações do intestino delgado, aumento da pressão venosa abaixo do nível do útero, podendo
provocar hemorroidas e, além disso, é frequente a ocorrência de náuseas e vômitos (BURTI et al.,
2006; REIS et al., 1993).
ALTERAÇÕES RENAIS
A redução na RVS também afeta a vasculatura renal e, em razão desta vasodilatação renal, o
fluxo plasmático renal e a taxa de filtração glomerular aumentam, ocasionando maior excreção de
proteína, ácido úrico e glicose. Porém, no último trimestre de gestação, retornam gradualmente
a valores normais. A progesterona faz a mediação de algumas alterações anatômicas sendo que o
tamanho renal tem acréscimo de 1 a 1,5 cm e os rins, pelve, cálice e ureteres se dilatam nos últimos
meses (REIS et al., 1993; SOMA-PILLAY et al., 2016). O crescimento uterino comprime as estruturas
da pelve e, além disso, contribui para a dilatação, levando à diminuição do tônus, maior armazena-
mento e estase urinária, podendo ocasionar infecções no trato urinário durante a gestação (BURTI
et al., 2006; REIS et al., 1993).
ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
SOMA-PILLAY et al. (2016) citam que a gravidez e a lactação podem levar à perda óssea de
forma reversível em razão das necessidades por cálcio do feto em crescimento. O útero cresce, ab-
dômen sofre dilatação e o centro de gravidade se altera e, por este motivo, ocorre acentuação das
curvaturas torácica e lombar, sendo possível verificar algia. Outras alterações estão relacionadas à
parede abdominal que, devido ao estiramento das fibras musculares abdominais e à dilatação dos
músculos reto abdominais, pode sofrer diástase abdominal. Além disso, articulações têm sua mobi-
lidade aumentada, como por exemplo, a cintura pélvica. Também há aumento na retenção hídrica e
possibilidade de edemas na região de pés e tornozelos (BURTI et al. 2006).
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dos receptores de insulina e o aumento da utilização de glicose nesses pacientes. BATISTA et al.
(2003) relataram que o exercício apresenta resultados positivos em gestantes com diabetes, pois,
havendo um equilíbrio entre o controle dietético e o exercício físico, os níveis glicêmicos podem ser
mantidos normais.
A obesidade, segundo o Comitê de Assuntos Públicos de Teratologia (SCIALLI, 2006), é um fator
de risco na gestação, pois traz consigo vários distúrbios metabólicos, tais como: a diabetes melittus,
hipertensão, hipercolesterolemia, asma e artrite, o que resulta num pior estado de saúde. Além de
adquirir estas doenças, mulheres obesas têm um maior risco de se tornarem inférteis e, aquelas que
conseguem engravidar, apresentam maior probabilidade de ter que se submeter ao procedimento de
cesárea durante o processo de parto. Adicionalmente, essas pessoas apresentam maiores complicações
para o feto, bem como: malformações congênitas e macrossomia, que têm sido as mais documentadas.
BATISTA et al. (2003) afirmam que a prática regular de exercício físico é capaz de reduzir o
estresse cardiovascular, o que resulta em frequências cardíacas mais baixas, maior volume sanguíneo
em circulação, maior capacidade de oxigenação, redução da PA, prevenção de tromboses e varizes
e redução do risco de DMG. Por essa e por outras razões, grávidas saudáveis ou não devem ser in-
centivadas à prática regular de exercício físico desde que acompanhadas por um profissional. Essa
atitude pode trazer muitos benefícios a quem o pratica, não só no período gestacional, mas ao longo
da vida, tratando ou prevenindo doenças.
Os benefícios do exercício físico durante a gestação se estendem ainda, influenciando posi-
tivamente no aspecto emocional, contribuindo para que a gestante se torne mais autoconfiante e
satisfeita com a aparência. Além disso, ela vê a sua autoestima elevada, o que gera maior satisfação na
prática dos exercícios. Apresentam-se a seguir alguns benefícios em relação à prática de exercícios
físicos para as gestantes (Quadro 1).
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ARTAL e O’TOOLE (2011), em seu artigo sobre exercício físico durante a gravidez e o período
pós-parto, relatam que as gestantes devem se exercitar numa intensidade moderada equivalente a
3 - 4 METs (Equivalente Metabólico da Tarefa), numa progressão até chegar a 30 minutos diários,
pelo menos 5 vezes na semana evitando exercícios físicos de alto impacto.
As atividades consideradas de baixo risco são a caminhada, a natação, a hidroginástica e a bi-
cicleta. Já a corrida, a musculação e o ciclismo fazem parte das atividades de médio risco. Exemplos
de exercícios de alto risco são: basquete, vôlei, futsal, corrida e ciclismo de alta intensidade (SILVA
et al., 2016). Para gestantes de baixo risco, sendo mulheres com índice de massa corporal (IMC) <25
kg/m², é recomendado o exercício de intensidade moderada. O exercício de intensidade leve é re-
comendado para mulheres com IMC ≥ 25 kg/m² (ACSM, 2014).
A seguir são apresentadas as faixas de frequência cardíaca (FC) desenvolvidas e validadas com
base na idade, levando em consideração o nível de condicionamento físico (Quadro 2).
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exercícios devem ser supervisionados com o intuito de prevenir lesões. No terceiro trimestre, devido
ao peso do corpo e aumento do útero, ocorre redução funcional dos exercícios e a continuidade dos
treinos leves é indicada (SILVA et al., 2016).
O treino de resistência muscular é indicado para a manutenção do condicionamento muscu-
lar ou o aumento de força muscular global, permitindo melhor adaptação do organismo materno às
alterações posturais decorrentes da gestação, além de contribuir na prevenção de traumas e quedas
(GIACOPINI et al., 2015).
Os exercícios devem envolver grandes grupos musculares e priorizar a musculatura lombar e
cintura escapular, pois, na mulher grávida, há alteração do centro de gravidade devido ao crescimen-
to uterino-abdominal e ao aumento das mamas, forçando a coluna vertebral para frente, havendo
acentuação das curvaturas fisiológicas normais da coluna, podendo gerar dores (SANTOS, 2014).
É indicado dar preferência à utilização do peso do próprio corpo e faixas elásticas para inician-
tes em substituição a aparelhos de musculação ou pesos livres. Além disso, é preciso evitar cargas
elevadas e exercícios isométricos intensos repetidos, o que pode aumentar a pós-carga cardíaca e
elevação demasiada da PA, assim como posturas que coloquem a gestante em situação de risco. Os
exercícios de resistência muscular devem ser adaptados com muita cautela a cada período gestacional
(NASCIMENTO et al., 2014). A seguir está apresentada um quadro sobre recomendações à realização
de exercícios resistidos para gestantes durante todo o período gestacional (Quadro 3).
O exercício resistido previne e reduz lombalgias, reduz o estresse cardiovascular, FC, PA, pre-
vine trombose e varizes, ajuda a evitar crises de insônia e de ansiedade, além de auxiliar no controle
do peso, visto que é comum esse aumentar na gestação, também ajuda a conter a perda de massa
muscular. Torna-se importante salientar que o objetivo não é o condicionamento físico ou realizar
exercícios que levem à fadiga muscular, mas sim direcionar para uma prática saudável para mãe e
feto (SILVA et al., 2017; ACSM, 2010).
Em um estudo realizado por O’CONNOR et al. (2012), foram analisadas a segurança e eficácia do
treinamento resistido em 32 gestantes com histórico de lombalgia em sessões de treino executadas
duas vezes por semana durante 12 semanas. Os resultados trouxeram aumento de 14% na resistência
lombar e nenhuma lesão musculoesquelética, demonstrando assim que a realização do exercício
resistido de intensidade leve a moderada pode ser seguro e eficaz se não existirem complicações e
se praticado com a supervisão profissional.
Durante todo o período gestacional, a gestante deve ser incentivada a exercitar o músculo
do assoalho pélvico, visto que essa musculatura é de essencial importância no momento do parto
e também para diminuir o risco de incontinência urinária no pós-parto (NASCIMENTO et al., 2014).
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AZEVEDO et al. (2011) citam que outras atividades interessantes para serem realizadas pela ges-
tante são a hidroginástica e a caminhada. A hidroginástica, por sua característica de flutuabilidade,
auxilia na diminuição do estresse articular e na sensação de corpo pesado, controle da FC, aumento
da resistência muscular, melhoria da postura e da autoimagem. Já a caminhada, como é um exercício
aeróbio, contribui para o controle de peso, manutenção do condicionamento, além de possuir efeito
relaxante e melhorar a consciência corporal.
A seguir apresenta-se um possível programa de exercício seguro e eficaz para ser realizado
durante a gravidez (Quadro 4).
Contraindicações relativas são aquelas em que as gestantes podem praticar exercício físico,
mas com devida cautela e, ao sinal de qualquer sintoma adverso, deve-se interromper o exercício
imediatamente e procurar auxílio médico. Sendo assim, gestantes que apresentam contraindicações
relativas podem se exercitar normalmente com os mesmos cuidados que se devem tomar em uma
gestação saudável, no entanto a atenção deve ser redobrada. Se a gestante apresentar contraindicações
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absolutas, o repouso é recomendado e nenhum exercício físico deve ser realizado devido ao risco
para a gestante e para o bebê.
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EXERCÍCIOS PRÉ-PARTO
Durante os minutos que antecedem o parto, podem ser realizadas algumas práticas não far-
macológicas para aliviar a tensão da gestante, como por exemplo, a adoção da postura vertical e
movimentações que podem diminuir a dor materna, facilitar a circulação materno-fetal e a descida
do feto na pelve materna, melhorar as contrações uterinas e diminuir o trauma perineal. A bola suíça,
objeto de borracha, inflável sob pressão, é uma dessas estratégias por estimular a posição vertical,
possibilitar liberdade de diferentes posições, permitir o exercício de balanceio pélvico, sendo inte-
ressante para correção postural, relaxamento, alongamento e fortalecimento da musculatura, em
especial o levantador do ânus e o pubococcígeo, além da fáscia da pelve (BARBIERI et al., 2013; SILVA
et al., 2011). É de essencial importância que esses exercícios sejam realizados com acompanhamento
do profissional de Educação Física, pois este encontra-se preparado também para atuar no âmbito
da saúde, auxiliando as gestantes a sentirem-se mais seguras e confortáveis. No quadro abaixo, ve-
rificam-se alguns exercícios que podem ser executados no momento pré-parto (Quadro 7).
Além disso, destacam-se os seguintes fatores que precisam ser considerados para a prática de
exercícios físicos: a temperatura, a hidratação e a nutrição da gestante.
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TEMPERATURA
Calor no corpo é produzido pelo exercício muscular, digestão dos alimentos e todos os outros
processos que contribuem para a formação da taxa metabólica basal (SOULTANAKIS-ALIGIANNI,
2003). A temperatura corporal humana normal é de 37°C podendo variar entre 36,3°C e 37,1°C no
início da manhã. O aumento da temperatura pode gerar um quadro denominado de hipertermia o
que ocasiona uma situação desfavorável para mãe e para o feto e, se não for tratada, pode afetar a
integridade de todos os sistemas fisiológicos, incluindo a reprodutiva.
A exposição da gestante ao calor, com ou sem exercício físico, tem mostrado efeitos prejudiciais
ao bem-estar fetal, uma vez que ultrapasse 1,5ºC da temperatura corporal basal, expondo o feto a
malformações adquiridas ainda no seu desenvolvimento.
SOULTANAKIS-ALIGIANNI (2003) apresentou estudos em animais que demonstraram o efeito
teratogênico da exposição ao calor. Eis as anomalias reportadas:
• Microcefalia;
• Amioplasia;
• Artogripose;
• Microftalmia e anoftalmia;
• Encefalocele;
• Hipoplasiamandobular;
• Hipoplasia maxilar;
Em estudos feitos em humanos, foram também observados efeitos teratogênicos da exposição
ao calor, porém, as tensões térmicas relatadas foram produzidas por outros fatores, como: febre
secundária, infecção ou doenças. A partir disso, na maioria dos casos em que foi causado anomalia,
a temperatura relatada foi de 38,9ºC (SOULTANAKIS-ALIGIANNI, 2003). As anomalias identificadas
foram as seguintes:
• Anencefalia, em mães expostas ao calor, entre 24 a 27 dias após a concepção;
• Microftalmia;
• Um aumento de nascimentos com crises;
• Eletroencefalografias anormais do feto;
• Hipotonia do feto;
• Encefalocele, em mães expostas ao calor, entre 18 a 28 dias após a concepção;
• Defeitos no sistema nervoso central do feto, se a temperatura aumentou acima de 38,9°C
entre as semanas 4 e 14 da gestação;
Os estudos em humanos têm indicado que o calor do corpo induzido pelo exercício durante a
gravidez não tem sido capaz de aumentar a temperatura por mais de 1,1ºC ou para níveis mais exa-
cerbados e apesar da temperatura ser alterada durante o exercício, esta não é a causa dos defeitos de
nascimento, desde que se tomem as devidas precauções, como manter a gestante sempre hidratada,
escolher um período do dia favorável à prática de exercícios físicos e indicar roupas apropriadas à
prática pela gestante.
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EXERCÍCIO FÍSICO E GESTAÇÃO: UM ESTUDO DE REVISÃO ACERCA DAS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS, RECOMENDAÇÕES E BENEFÍCIOS...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gravidez é um período da vida reprodutiva da mulher em que ocorrem diversas mudanças
fisiológicas. Essas alterações são capazes de modificar fisiológica e anatomicamente o coração e os
pulmões. O coração encontra-se hipertrofiado e ejetando uma quantidade maior de sangue para
suprir as novas demandas, já os pulmões necessitam de um maior aporte de oxigênio para atender às
novas demandas metabólicas. Por isso, a gestante apresenta um aumento no consumo de oxigênio,
mas, no último trimestre da gestação, a grávida pode apresentar falta de ar, a qual pode ser melho-
rada através do exercício físico.
Os benefícios agregados à prática regular de exercício físico durante a gravidez são múltiplos,
desde os físicos, como a diminuição da probabilidade de desenvolver a diabetes gestacional e evitar
o aumento excessivo de peso por exemplo. Apesar de todos os benefícios, o profissional de Educação
Física deve se ater às contraindicações relativas e absolutas para a prática de exercício físico, bem
como aos sinais de alerta diante dos quais deve ser interrompida qualquer atividade.
Quanto à prescrição de um programa de treinamento para a gestante, devem-se levar em
consideração os exercícios mais indicados para determinado período e também os não indicados,
como não realizar exercícios em posição supina. No geral, a intensidade deve ser moderada para
qualquer exercício físico. Paralelamente, a gestante deve se manter hidratada e apresentar uma
nutrição adequada à prática esportiva, mantendo assim, o bem-estar materno e fetal. Destaca-se a
importância dos exercícios pré-parto, capazes de amenizar as dores e desconfortos na região lombar,
favorecendo a preparação psicológica através do alongamento muscular e articular, o que beneficia
a gestante para o momento do parto.
Apesar de todas as alterações que ocorrem com a mulher no período gestacional e de todos os
cuidados que devem ser tomados no planejamento e na prática do exercício físico, grávidas saudáveis
ou não devem ser incentivadas a realizá-lo por todos os profissionais da saúde, pois, para a maioria
das gestantes, apresenta poucos riscos e inúmeros benefícios. Mesmo a literatura apresentando-se
escassa quando se trata de exercício físico e contraindicações relativas à gestação e ainda faltarem
recomendações de exercícios específicos a cada período da gestação, a atividade física não pode ser
esquecida nesse período. Adicionalmente, necessita-se de mais estudos relacionados às gestantes
em diversos contextos da prática esportiva e a influência do exercício físico para o feto para que se
amplie o seu alcance, uma vez que a prática regular de exercícios poderá trazer vários ganhos, como
auxiliar no desenvolvimento neural, na memória e na inteligência.
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