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Acupuntura Auricular
1. INTRODUÇÃO
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A teoria do Yin Yang considera o mundo como um todo e que esse todo é o
resultado das unidades opostas desses dois princípios, sendo que a reunião dessas
duas partes existe em todos os fenômenos e objetos no meio natural, “não havendo
Yin sem Yang, nem Yang sem Yin” (AUTEROCHE, 1992). Da mesma forma, Zhao
(2009) lembra que o ser humano também é uma combinação de Yin e Yang, ou
seja, cada parte do corpo é descrita como predominantemente Yin ou Yang, e a
saúde como a capacidade de manter um equilíbrio entre estas duas energias e a
doença como um desequilíbrio entre elas. Vale ressaltar que os estados Yin e Yang
não são estáticos, mas sim dinâmicos, podendo ser mudados a depender das
condições em que se encontram na relação com o meio.
A teoria dos Cinco Elementos constitui o segundo pilar da MTC e sustenta que a
natureza está constituída por cinco substâncias que representam simbolicamente os
elementos Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Considera que o universo é formado
pelo movimento contínuo e transformação desses cinco elementos, sendo que entre
eles, há relações constantes de geração e dominância recíprocas (AUTEROCHE,
1992). Essa teoria explica as características fisiopatológicas dos órgãos internos e
dos tecidos do corpo humano, as relações entre eles e as relações entre o corpo e o
meio ambiente que são sempre mutantes (Figura 1 e Quadro 1).
Figura 1 – Pentagrama dos Cinco Elementos na MTC com ciclo de geração e dominação.
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Quadro 1 – Relação da Teoria dos Cinco Elementos com a natureza e o corpo humano.
ELEMENTOS MADEIRA FOGO TERRA METAL ÁGUA
YIN FÍGADO CORAÇÃO/CS BAÇO/PÂNCREAS PULMÃO RIM
YANG VESÍCULA B INT. DELG/ T.A ESTÔMAGO INT. BEXIGA
GROSSO
SENTIDO VISÃO FALA PALADAR OLFATO AUDIÇÃO
NUTRIÇÃO TENDÃO VASO MÚSCULO PELE OSSOS
MANIFESTAÇÃO UNHAS FACES LÁBIOS PÊLOS CABELOS
LÍQUIDOS LÁGRIMAS SUOR SALIVA MUCO URINA
TEMPERAMENTOS RAIVA ALEGRIA PREOCUPAÇÃO TRISTEZA MEDO
SABORES AZEDO AMARGO DOCE PICANTE SALGADO
SONS GRITO RISO CANTO CHORO GEMIDO
CLIMA VENTO CALOR UMIDADE SECO FRIO
ESTAÇÕES PRIMAVERA VERÃO INTER OUTONO INVERNO
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Assim temos:
⮚ os pontos na área do lóbulo da orelha estão relacionados à cabeça e a face;
⮚ os pontos na área da escafa estão relacionados aos membros superiores;
⮚ os pontos na área da anti-hélice representam o sistema musculoesquelético;
no ramo superior da anti-hélice os membros inferiores, e no ramo inferior a
região glútea e o ciático;
⮚ os pontos na região da concha representam os órgãos internos sendo que na
área da cimba estão os órgãos da região abdominal e na cavidade da cava os
órgãos da região torácica;
⮚ os pontos da região da fossa triangular estão relacionados aos órgãos da
pelve e genitais internos.
Ambos os mapas, formulados por Nogier e os desenvolvidos na China, foram
baseados em achados experimentais, não só em postulações teóricas. Pesquisas
posteriores conduzidas na Universidade da Califórnia proveram apoio e controle
científico às técnicas usadas nos diagnósticos auriculares. Estes métodos são
baseados na observação de que quando há deficiência orgânica ou desconforto em
certa parte do corpo há um aumento na sensibilidade para palpação e uma
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Fonte: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/42176/1/GustavoEVilares.pdf
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Possível enfermidade
Cinza
oncológica
Castanha escura Condição crônica
Processos crônicos.
Cordões/proeminências (nódulos
Obstruções dolorosas e
Ou elevações)
algias
Afecções dermatológicas
Mudanças morfológicas
Descamação e
Condição aguda
Lesões
Depressões
ulcerativas/cirurgia
Angiectasias (dilatação dos vasos
Sanguíneos) e Telangiectasias Processos inflamatórios
(vasos dilatados – “aranhas Algias
Mudanças vasculares Vasculares”) Disfunções circulatórias
vermelho brilhante
Angiectasias e telangiectasias
Processos crônicos
Vasos azulados
Fonte: Apostila módulo II - Formação em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção
Básica, 2016.
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CAVALCANTE et al., 2021); dor pós operatória (HE et al., 2013; MORA et al., 2007)
dor relacionada à fratura do quadril (BARKER et al., 2006), lombalgia, (VAS et al.,
2014), e dor relacionada ao câncer (YEH et al., 2015).
Em um estudo multicêntrico conduzido no contexto da atenção primária à
saúde, VAS e col. (2014) avaliaram 265 pacientes com lombalgia ou cervicalgia
crônica inespecífica, distribuídos em dois grupos: auriculoterapia verdadeira e
auriculoterapia placebo (VAS et al., 2014). Os pacientes do grupo intervenção
obtiveram redução da intensidade da dor logo após o término das sessões e 6
meses após a terapia. Além disso, houve melhora no componente físico da
qualidade de vida após 6 meses de seguimento. Outros estudos em pacientes com
dor lombar crônica mostram resultados promissores na melhora da funcionalidade
em paciente idosos (VAS et al., 2014b).
Também foi observada que o uso da auriculoterapia tem efeitos positivos no
tratamento da dismenorreia (WANG et al., 2009; YEH et al., 2013). YEH e col.
(2013) investigaram o efeito da auriculoterapia por acupressão em 113 adolescentes
com dismenorreia. Houve uma redução de cerca de 5 pontos na escala visual
análoga de dor (VAS) após o tratamento. Já no estudo de WANG e col. (2009), os
sintomas menstruais sofreram uma maior redução no grupo que utilizou as
sementes de estimulação (WANG et al., 2009).
Também foram verificados resultados positivos no uso da auriculoterapia para
crianças e adolescentes com obesidade, miopia e transtorno de atenção e
hiperatividade (TDAH) (CHA e PARK, 2019; NIELSEN e GEREAU, 2020; GAO et al.,
2020; BINESH et al., 2020).
A acupressão sobre pontos auriculares e outras formas de auriculoterapia têm
sido utilizadas há um longo tempo no tratamento de transtornos relacionados ao
abuso de substâncias (DI et al., 2014; MCLELLAN et al., 1993). Em uma revisão
sistemática com 7 publicações que avaliaram o uso desta técnica para a cessação
do tabagismo, os autores encontraram uma taxa entre 22-30% de cessação do
tabagismo ao final do tratamento (DI et al., 2014).
Resultados favoráveis também são vistos em publicações de estudos sobre
ansiedade (KUREBAYASHI et al., 2017; LIN et al., 2019; PINTO, 2015); tratamento
da obesidade (BONIZOL et al., 2016; SCHUKRO, 2014), sintomas de estresse
(FIGUEIREDO, 2017; KUREBAYASHI et al., 2014); insônia (LAN et al., 2015; ZHAO
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et al., 2019a; ZHAO et al., 2019b); depressão (SOUZA, 2019), bournout (OLSHAN,
2019), cefaleia crônica (BAXTER, 2019; KRAINSKI, 2021; VERCELINO, 2010), dor
por procedimentos odontológicos (DELLOVO, 2019; IUNES, 2015; SILVA, 2018);
entre outros.
Não se pretende esgotar o assunto, mas sim trazer um panorama geral sobre
o tema, bem como as diversas oportunidades terapêuticas para o uso da técnica em
diferentes contextos.
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