DITADURA MILITAR NO BRASIL - para Estudo Dirigido

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

COLÉGIO ESTADUAL SINÉSIO COSTA

Rua Manoel Guimarães Prates, Centro, Riacho de Santana - Bahia.


Professor (a):Maria Aparecida Disciplina: História
Ano/turma: _________ Turno: Mat.( ) Vesp ( ) Modalidade: Integral ( ) NEM ( )
Aluno (a): _____________________________________________________________

Ditadura Militar no Brasil

A ditadura militar no Brasil durou 21 anos, teve 5 mandatos militares e instituiu 16 atos
institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à constituição. Nesse período houve restrição
à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura.

O que estava acontecendo no Brasil antes da Ditadura Militar?


Antes de entender o período militar brasileiro, é preciso compreender os eventos que levaram até ele
– os antecedentes do golpe militar de 1964.
O primeiro momento é marcado por Jânio Quadros – que assumiu a presidência em 1961 e nesse
mesmo ano renunciou ao cargo. A partir disso, seu vice – João Goulart – foi quem assumiu seu
lugar. A questão é que Jânio Quadros e João Goulart eram de partidos políticos diferentes e
tinham projetos opostos para o país. O projeto de Jango – apelido por qual era conhecido o novo
presidente – estava apoiado em “reformas de base” – como fiscal, administrativa, universitária e,
principalmente, agrária. Além disso, o presidente era um representante trabalhista, do legado
de Getúlio Vargas.
Assim, como mencionado, a reforma agrária era uma das principais propostas do governo Jango e
também a que mais gerava polêmica. Afinal, era combatida pelos grandes latifundiários e por grande
parte dos parlamentares no Congresso Nacional.
Assim, esse foi um momento de bastante efervescência e polarização política entre a população.
Houve apoio de parte da população para a derrubada do governo – principalmente dos setores
mais conservadores da sociedade e de partes da classe média. É por esse motivo, inclusive, que muitas
vezes o termo ditadura civil-militar é utilizado.
E o envolvimento dos Estados Unidos?
Vale lembrar ainda que eram tempos de Guerra Fria e havia medo de um suposto “perigo comunista”.
Assim, no conflito que começou logo após o final da Segunda Guerra Mundial e foi responsável pela
bipolarização ideológica – em que os Estados Unidos – defensores do capitalismo – e a União
Soviética – defensora do socialismo – disputavam hegemonia econômica, política e militar no mundo.
Nesse cenário, os Estados Unidos, com medo da expansão socialista – principalmente depois da
Revolução Cubana – passou a intervir ativamente nos países da América Latina para impedir o
crescimento das ideias consideradas comunistas. As ditaduras militares na região foram então
mecanismos para frear esses movimentos e tanto no Brasil, quanto em outros países latino americanos,
foram apoiadas pelos Estados Unidos.
Em 2014, documentos liberados pelos Estados Unidos – e investigados pela Comissão Nacional da
Verdade – revelaram que mais de 300 militares passaram uma temporada na Escola das Américas (o
instituto de guerra dos Estados Unidos no Panamá). Lá, entre 1954 e 1996, os militares brasileiros
tiveram aulas teóricas e práticas sobre tortura.
Além disso, gravações liberadas pela Casa Branca das conversas entre o ex-presidente John Kennedy
e o embaixador do Brasil no momento – Lincoln Gordon – comprovam o envolvimento estadunidense
na ditadura militar brasileira.
O golpe: o início da ditadura militar no Brasil
No dia 31 de março de 1964, tanques do exército foram enviados ao Rio de Janeiro, onde estava
o presidente Jango. Três dias depois, João Goulart partiu para o exílio no Uruguai e uma junta militar
assumiu o poder do Brasil.
No dia 15 de abril, o general Castello Branco toma posse, tornando-se o primeiro de cinco militares a
governar o país durante esse período. Assim se inicia a ditadura militar no Brasil, que vai durar até
1985.
Para te ajudar a entender os acontecimentos mais importantes desses 21 anos de Ditadura Militar
no Brasil, vamos dividir a história de acordo com os mandatos de cada presidente.
Vale lembrar: as eleições para presidente nesse período foram indiretas e serviam de fachada.
Eram processos antidemocráticos, pois o partido que estava no governo – ARENA – possuía o
controle tanto da Câmara dos Deputados, quanto do Senado Federal.

Castello Branco e os atos institucionais


No governo de Castello Branco (1964-67) foi declarado o primeiro ato institucional da Ditadura
Militar no Brasil – conhecido como AI 1!
Atos institucionais eram decretos e normas, muito utilizados durante a ditadura – eles davam plenos
poderes aos militares e garantiam a sua permanência no poder. Dentre as principais medidas
asseguradas pelo AI 1 estava o fim das eleições diretas, isto é, a partir desse momento, as eleições
para presidente seriam feitas pelo Congresso Nacional e não pela população. Nesse mesmo governo,
as eleições diretas estaduais também foram suspensas e em 1967 uma nova Constituição entrou em
vigor.
Em 1965 – por meio do Ato Institucional nº 2 – todos os partidos políticos foram fechados e foi
adotado o bipartidarismo, ou seja, a partir desse momento passaram a existir apenas dois partidos: a
Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Enquanto o primeiro apoiava o governo, o segundo partido representava a oposição consentida (mas
atenção: havia várias restrições à sua atuação!). Essa medida, ao mesmo tempo em que fortalecia o
Poder Executivo, proporcionava uma imagem de legalidade à ditadura, pois mantinha o Congresso
Nacional em funcionamento (apesar de ter sido fechado em alguns momentos). Além disso, unir todos
os partidos de oposição em apenas um partido – o MDB – também foi uma estratégia dos militares de
facilitar a repressão aos opositores do regime.
O AI-2 mudou ainda dispositivos constitucionais, alterando o funcionamento do Poder Judiciário e
concentrando cada vez mais poder no Executivo.
Costa e Silva e o AI-5
O governo de Costa e Silva (1967-69) foi marcado por muita repressão, violência, tortura aos
opositores do regime e restrição aos direitos políticos e à liberdade de expressão.
A insatisfação de parcelas da população com as medidas antidemocráticas fez crescer o número de
manifestações, sendo uma das maiores a Passeata dos 100 mil. Nessa ocasião, o estudante Edson
Luís foi morto em confronto com a polícia, o que gerou grande comoção e fortaleceu a oposição ao
regime.
Em resposta, Costa e Silva promulgou o AI 5, que fechou o Congresso por tempo indeterminado;
decretou estado de sítio; cassou mandatos de prefeitos e governadores e proibiu a realização de
reuniões.
Como esse decreto dava o direito ao governo de punir arbitrariamente os inimigos do regime, é
considerado o golpe mais duro da Ditadura Militar no Brasil. Nesse período, também conhecido
como “anos de chumbo”, em resposta ao regime repressivo, começaram a surgir grupos armados,
contra os quais houve forte repressão por parte dos militares.
Confira também este vídeo feito em parceria com o Professor Fábio Monteiro, sobre os 50 anos
do AI 5:
Médici e o “milagre econômico”
O Governo de Médici (1969-74) é considerado o período de maior repressão da Ditadura Militar no
Brasil. A censura dos meios de comunicação se intensificou e muitos prisioneiros políticos
foram torturados. Afinal, os movimentos de oposição ao regime eram reprimidos por diversas frentes
do governo militar.
Além disso, o período também ficou conhecido como o “milagre econômico”. Isso porque algumas
medidas econômicas adotadas pelo governo como a restrição ao crédito, o aumento das tarifas do setor
público, a contenção dos salários e direitos trabalhistas, e a redução da inflação resultaram em taxas
de crescimento do PIB acima de 10% e grandes investimentos em infraestrutura.
Ainda, nesse momento foram construídas mais de 1 milhão de casas, financiadas pelo Banco Nacional
de Habitação (BNH) e o setor de bens duráveis e eletrodomésticos cresceu. Por isso, a impressão que
se passava a partir dos resultados dessas medidas era a de crescimento econômico, ou como se costuma
chamar: “milagre econômico”.
O crescimento da economia somado à euforia após a conquista do tricampeonato mundial
de futebol levou o governo militar a adotar campanhas publicitárias ufanistas, como “Brasil, ame-o
ou deixe-o” ou “Ninguém mais segura esse país”. Você talvez já tenha ouvido falar delas, não é
mesmo?
Esse “milagre”, no entanto, deixou uma dívida externa muito grande para o país – equivalente hoje a
uma dívida no valor de US$ 1,2 trilhão, muito maior que a atual, cujo valor registrado em 2017 foi de
US$ 37,36 bilhões. Isso significa que o “milagre econômico” gerou na realidade a dependência
brasileira por empréstimos externos nos anos que seguiram.
Além disso, o milagre foi acompanhado de maior desigualdade de renda. Ou seja, a riqueza
se concentrou ainda mais nas mãos dos ricos e a camada de pobres da população teve sua situação
econômica e social ainda mais precarizada. O Índice de Gini – que mede a concentração de renda de
um país – alcançou em 1977 o pior nível da história, com o número de 0,62. Isso significa uma
concentração de renda maior do que a registrada atualmente em países como Namíbia e Haiti!
Em 1973, houve a crise do petróleo no mercado internacional. Com o aumento do preço do
combustível, a inflação no país continuou a subir e em 1974 a inflação era de quase 30% ao ano –
chegando a taxa de 242,24% ao final da ditadura. Além disso, os investimentos na economia
brasileira caíram, reduzindo o consumo e a geração de empregos. Diante dessas dificuldades, o
governo militar passa a perder apoio.
Em 1971, foi promulgado um decreto-lei que tornava ainda mais rígida a censura à imprensa, os
grupos de esquerda sofriam fortes repressões e foram criadas instituições para lutar contra eles, como
o Departamento de Operações Internas (DOI) e o Centro de Operação da Defesa
Interna (CODI). Estes órgãos eram utilizados como centros de aprisionamento e tortura e estavam
localizados nas principais cidades do Brasil.
Geisel e o início da abertura política
Geisel (1974-79) iniciou seu governo com uma abertura política lenta, gradual e segura. Na
prática, isso significava a transição para um regime democrático, mantendo os grupos de oposição
e movimentos populares excluídos dos processos de decisão política. Essa transição também tinha
como razão o desgaste das Forças Armadas após anos de repressão, violência e restrição à liberdade.
As violações aos direitos humanos e repressões violentas continuaram apesar do início da abertura. O
caso mais grave ocorrido durante o governo de Geisel, como já mencionamos, foi a tortura e morte
do jornalista Vladimir Herzog, em 1975. Esse episódio gerou grande comoção popular, mas Geisel
não tomou providências para punir os responsáveis.
A crise econômica também se agravou e em 1978 operários metalúrg icos do ABC iniciaram o maior
ciclo de greves da história do Brasil.
Diversos setores da sociedade começaram a se mobilizar e denunciar as atrocidades cometidas
pelo governo, a situação ficava ainda mais insustentável para a manutenção da Ditadura Militar no
Brasil. Diante da pressão da população e do surgimento de movimentos contrários ao regime, em
1978, o presidente revogou diversos decretos-lei, inclusive o AI 5.
Em termos de investimento, no governo do Geisel, foram registradas os mais altos aportes em
infraestrutura e industrialização desde o início da ditadura militar, atingindo 23,3% do PIB. Esse é
um valor alto se considerado o investimento no início do regime – de 15%. Alguns dos exemplos
desses investimentos foram a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, as Usinas Nucleares de Angra e
a hidrelétrica de Itaipu.
Figueiredo e a Lei da Anistia
O Governo de Figueiredo (1979-85) durou 6 anos e colocou fim ao período ditatorial. Em 1979, foi
promulgada a Lei de Anistia. Aos poucos, presos políticos foram sendo libertados e os exilados
voltaram ao país.
Uma polêmica sobre a Lei de Anistia é que ela excluía os guerrilheiros condenados por atos
terroristas, mas incluía os agentes de repressão policial e militar, responsáveis por violaçõ es aos
direitos humanos, como torturas e mortes.
A partir desse momento, tornou-se possível a criação de novos partidos políticos, muitos desses
existem até hoje. Mas essa abertura do final do regime não era aceita por todos os militares, algumas
alas desejavam manter a ordem vigente. Considerado um ato de terrorismo, militares contrários à
abertura explodiram uma bomba num centro de convenções no Rio de Janeiro durante uma
comemoração ao dia do trabalho, em 1981. Neste caso também não houve investigações ou punições.
Ao final do mandato de Figueiredo, a população mobilizou-se pela realização das eleições diretas,
pois segundo a Constituição, o sucessor seria eleito pelo Congresso. As demandas, no entanto, não
foram atendidas. Tancredo Neves foi eleito por voto indireto e somente em 1989 a população
brasileira teve o direito de votar diretamente para a presidência.

Brasil - Ditadura Militar – Formas de resistência

Movimento estudantil

Os Estudantes, organizados pela UNE, UBEs e respectivas UEEs, eram, antes de abril de 64, um dos grupos
que mais pressionavam o governo João Goulart no sentido de fazê-lo avançar e, mesmo, radicalizar, na
realização das reformas sociais. Por isso, aos olhos dos militares que tomaram o poder, eles eram um dos
setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das formas de
desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não passassem de jovens
irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.

Logo em novembro de 1964 o governo Castelo Branco fez aprovar uma lei que ficou conhecida como lei
“Suplicy de Lacerda”, nome do ministro da Educação, que reorganizava as entidades, proibindo-as de
desenvolverem atividades políticas.

Os estudantes reagiram negando-se a participar das novas entidades oficiais e realizando manifestações
públicas (passeatas), que se tornaram cada vez mais frequentes e concorridas. Ao mesmo tempo, o movimento
estudantil procurou assegurar a existência das suas entidades legítimas, agora na clandestinidade.

Em 1968 – ano marcado mundialmente pela ação política estudantil – o movimento estudantil cresceu em
resposta, não só a repressão, mas também em virtude da política educacional do governo, que já revelava a
tendência que iria se acentuar cada vez mais, no sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos
até hoje.

A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente no
nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas diretrizes
correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid (agência americana
que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento educacional) que atuavam junto ao
MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam orientar a política
educacional brasileira.

As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a subordinação
brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil não parava de
crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a má qualidade do ensino,
realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimida pela polícia,
resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.

A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um dos
maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as capitais do
país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.

Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade de Ibiúna,
no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.

Movimentos sindicais
A greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo, e de Contagem, Minas Gerais, ambas em 1968, foram as
últimas manifestações operárias da década de 60. Em 12 de maio de 1978, a greve de 1.600 trabalhadores, no
ABC paulista, marcou a volta do movimento operário à cena política. Em junho, movimento se espalhou por
São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos,
beneficiando cerca de 280 mil trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva, o Lula.
Em 29 de outubro de 1979, metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho. No dia seguinte
morreu o operário Santos Dias da Silva em confronto com a polícia, durante um piquete na frente uma fábrica
no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo o país.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de
mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo Macedo,
determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo 13 líderes
sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.

Ligas Camponesas
A resistência aconteceu também no campo. Além da sindicalização, registrou-se a formação de Ligas
Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram importantes
instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores
de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores salários e condições de
trabalho. No dia seguinte invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um canavial foi incendiado. O
movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalhadores se espalharam por várias regiões do país,
principalmente no Nordeste.

A Resistência armada na Ditadura Militar Brasileira


Durante a ditadura militar, motivados por ideais socialistas, foram criados grupos armados de
esquerda que acreditavam que outro sistema poderia resolver as injustiças sociais geradas pelo
capitalismo. Esse não foi um movimento exclusivo do Brasil, as revoluções armadas aconteceram ao
longo da história, especialmente quando “pegar em armas” se mostrava como o único caminho
possível para lutar contra o autoritarismo do regime militar.
Esses grupos agiam na clandestinidade e muitos guerrilheiros afastaram-se da vida civil para planejar
e executar suas ações. Para combater a luta armada, os militares utilizaram inúmeros recursos
jurídicos, políticos e militares. A tortura foi uma das formas que o Estado utilizou para conseguir
informações sobre esses grupos e suas estratégias e enfraquecer sua atuação.

A luta armada
Parte da Esquerda brasileira optou pela luta armada como forma de resistir ao Regime Militar e abrir caminho
para uma revolução. Destacaram-se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella, ex-
deputado e ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 69; Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), comandada pelo ex- capitão do Exército Carlos Lamarca, morto na Bahia, em 17 de
setembro de 1971; e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), uma dissidência do PCB. As organizações
armadas, conhecidas também como guerrilha, fizeram assaltos a bancos e sequestros de diplomatas para trocá-
los por presos políticos e colaboradores do regime.

A Ação Popular foi, na década de 60, um dos mais importantes movimentos de resistência ao regime militar.
Teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no movimento estudantil. De 62
até 1972 a Ação Popular fez todos os presidentes da UNE. De inicialmente moderada a AP passou a discutir
a necessidade da luta armada, devido à radicalização dos órgãos de repressão. A AP lançou o movimento
Contra a Ditadura e em 67 mudou sua sigla para APML (Ação Popular Marxista-Lenista) buscando aliar-se
aos movimentos camponeses e de bóias-frias. Vários líderes da AP foram assassinados. A AP terminou com
sua incorporação ao PC do Brasil.

O Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8)


Foi um dos principais grupos de luta armada durante o período militar no Brasil. Formado por ex-membros
do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e por estudantes universitários, o MR-8 ficou conhecido por
empreender expropriações em bancos e o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Após a edição do Ato Institucional nº5 (AI-5), grupos de resistência ao regime militar passaram a investir na
estratégia de guerrilha, tanto urbana quanto rural. O MR-8 foi um dos maiores grupos de guerrilha urbana que
lutaram contra o poder dos militares e, rompendo a censura, conseguiram levar seu protesto através do rádio
e da televisão.

O MR-8 surgiu a partir de um grupo anterior, chamado Dissidência do Rio de Janeiro, no ano de 1964. A
mudança de nome ocorreu em 1967, quando Che Guevara foi capturado na Bolívia, em 8 de outubro daquele
ano. O movimento foi perseguido pelos militares, o que levou a sua desarticulação. Em 1969, entretanto,
alguns integrantes que ainda resistiam uniram-se à Dissidência Universitária da Guanabara (DI-GB), que
existia desde 1966, formando assim o grupo que seria divulgado, em 1969, como MR-8. A divulgação do
nome de um grupo já anunciado como encerrado teve o objetivo de confundir os militares e gerar descrédito
na população, uma vez que havia sido amplamente divulgado pela mídia que o movimento havia sido
exterminado.

A cultura como resistência à ditadura militar


Nós já falamos sobre os grupos armados que lutavam contra a Ditadura Militar no Brasil e da Passeata
dos 100 mil, uma mobilização que contou com apoio de diversos setores da sociedade. Mas não
podemos deixar de lado que o período da ditadura foi de grande importância cultural e artística no
país.
Apesar das restrições à liberdade de imprensa e de expressão – impostas pela censura – muitos
artistas, músicos e cineastas manifestavam seu posicionamento contrário ao regime, ainda que de
maneira metafórica – para não serem condenados como opositores ao regime.
Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Gilberto Gil e Veloso são exemplos de cantores
e compositores que utilizaram a música para manifestar sua opinião. O Tropicalismo, por exemplo,
foi um movimento forte de oposição à ditadura e de construção da identidade cultural brasileira.
Diversos artistas, músicos e escritores foram exilados durante o período ditatorial.
Um dos exemplos de música que se referia (contra) a ditadura era “Apesar de você” de Chico
Buarque. No princípio, os militares não perceberam que a letra era uma mensagem a eles e liberaram
a canção, mas a população entendeu o recado e logo em seguida o governo militar proibiu a execução
da música e destruiu os discos.

A música contra a Ditadura Militar: Canções de protesto


As décadas de 1960 e 1970 ficaram marcadas pela chamada “canção de protesto”, escrita por dezenas de
compositores, com diferentes tendências estético-políticas, mas tendo em comum os anseios de liberdade e
democracia e uma feroz oposição à ditadura militar. Dentre as canções de protesto produzidas na década de
1960 teve a mais ousada de todas “Caminhando e cantando“, de Geraldo Vandré (1968). As canções de
protesto contra a ditadura militar eram canções de combate social e, ao mesmo tempo, de forte apelo emotivo-
romântico. Suas letras criticavam a situação miserável e a exploração sofrida pelos excluídos do campo e da
cidade: sertanejos, pescadores, vaqueiros, operários e favelados. Denunciavam as estruturas fundiárias e o
cotidiano dos pobres dos centros urbanos. A canção de protesto foi, também, um marco na história musical
do país consolidando um estilo chamado MPB. Entre seus maiores compositores estão: Carlos Lyra, Edu
Lobo, Sérgio Ricardo, Geraldo Vandré e Chico Buarque de Holanda. A inspiração vinha das ideias divulgadas
pelos Centros Populares de Cultura (CPC), pelo Teatro de Arena e pelos debates promovidos pela União
Nacional dos Estudantes (UNE) nas universidades. Os temas das canções pretendiam ser revolucionários pois
tinham a intenção de provocar o ouvinte, despertando-o para a resistência contra a ditadura militar e a luta
pela liberdade. Buscavam, ainda, sensibilizar ou conscientizar o público, setores das classes médias, sobre a
pobreza e a miséria reinantes no Brasil. Para isso, seus intérpretes usavam de gestos, canto grandiloquente e
até trechos recitados de forte impacto teatral.

Você também pode gostar