DITADURA MILITAR NO BRASIL - para Estudo Dirigido
DITADURA MILITAR NO BRASIL - para Estudo Dirigido
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A ditadura militar no Brasil durou 21 anos, teve 5 mandatos militares e instituiu 16 atos
institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à constituição. Nesse período houve restrição
à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura.
Movimento estudantil
Os Estudantes, organizados pela UNE, UBEs e respectivas UEEs, eram, antes de abril de 64, um dos grupos
que mais pressionavam o governo João Goulart no sentido de fazê-lo avançar e, mesmo, radicalizar, na
realização das reformas sociais. Por isso, aos olhos dos militares que tomaram o poder, eles eram um dos
setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das formas de
desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não passassem de jovens
irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.
Logo em novembro de 1964 o governo Castelo Branco fez aprovar uma lei que ficou conhecida como lei
“Suplicy de Lacerda”, nome do ministro da Educação, que reorganizava as entidades, proibindo-as de
desenvolverem atividades políticas.
Os estudantes reagiram negando-se a participar das novas entidades oficiais e realizando manifestações
públicas (passeatas), que se tornaram cada vez mais frequentes e concorridas. Ao mesmo tempo, o movimento
estudantil procurou assegurar a existência das suas entidades legítimas, agora na clandestinidade.
Em 1968 – ano marcado mundialmente pela ação política estudantil – o movimento estudantil cresceu em
resposta, não só a repressão, mas também em virtude da política educacional do governo, que já revelava a
tendência que iria se acentuar cada vez mais, no sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos
até hoje.
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente no
nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas diretrizes
correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid (agência americana
que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento educacional) que atuavam junto ao
MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam orientar a política
educacional brasileira.
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a subordinação
brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil não parava de
crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a má qualidade do ensino,
realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi violentamente reprimida pela polícia,
resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.
A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um dos
maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as capitais do
país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.
Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade de Ibiúna,
no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.
Movimentos sindicais
A greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo, e de Contagem, Minas Gerais, ambas em 1968, foram as
últimas manifestações operárias da década de 60. Em 12 de maio de 1978, a greve de 1.600 trabalhadores, no
ABC paulista, marcou a volta do movimento operário à cena política. Em junho, movimento se espalhou por
São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos,
beneficiando cerca de 280 mil trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva, o Lula.
Em 29 de outubro de 1979, metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho. No dia seguinte
morreu o operário Santos Dias da Silva em confronto com a polícia, durante um piquete na frente uma fábrica
no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo o país.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC paulista e de
mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo Macedo,
determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo 13 líderes
sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.
Ligas Camponesas
A resistência aconteceu também no campo. Além da sindicalização, registrou-se a formação de Ligas
Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram importantes
instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca de 5 mil cortadores
de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores salários e condições de
trabalho. No dia seguinte invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um canavial foi incendiado. O
movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalhadores se espalharam por várias regiões do país,
principalmente no Nordeste.
A luta armada
Parte da Esquerda brasileira optou pela luta armada como forma de resistir ao Regime Militar e abrir caminho
para uma revolução. Destacaram-se: Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella, ex-
deputado e ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 69; Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), comandada pelo ex- capitão do Exército Carlos Lamarca, morto na Bahia, em 17 de
setembro de 1971; e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), uma dissidência do PCB. As organizações
armadas, conhecidas também como guerrilha, fizeram assaltos a bancos e sequestros de diplomatas para trocá-
los por presos políticos e colaboradores do regime.
A Ação Popular foi, na década de 60, um dos mais importantes movimentos de resistência ao regime militar.
Teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no movimento estudantil. De 62
até 1972 a Ação Popular fez todos os presidentes da UNE. De inicialmente moderada a AP passou a discutir
a necessidade da luta armada, devido à radicalização dos órgãos de repressão. A AP lançou o movimento
Contra a Ditadura e em 67 mudou sua sigla para APML (Ação Popular Marxista-Lenista) buscando aliar-se
aos movimentos camponeses e de bóias-frias. Vários líderes da AP foram assassinados. A AP terminou com
sua incorporação ao PC do Brasil.
O MR-8 surgiu a partir de um grupo anterior, chamado Dissidência do Rio de Janeiro, no ano de 1964. A
mudança de nome ocorreu em 1967, quando Che Guevara foi capturado na Bolívia, em 8 de outubro daquele
ano. O movimento foi perseguido pelos militares, o que levou a sua desarticulação. Em 1969, entretanto,
alguns integrantes que ainda resistiam uniram-se à Dissidência Universitária da Guanabara (DI-GB), que
existia desde 1966, formando assim o grupo que seria divulgado, em 1969, como MR-8. A divulgação do
nome de um grupo já anunciado como encerrado teve o objetivo de confundir os militares e gerar descrédito
na população, uma vez que havia sido amplamente divulgado pela mídia que o movimento havia sido
exterminado.