Tratado Fundamental de Cirugia Do TGI - UFRGS

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PRINCíPIOS FUNDAMENTAIS DE TÉCNICA

OPERATóRIA NA CIRURGIA GÁSTRICA

Alaor Teixeira *
Teresinha M. C. Teixeira **

Pretendemos, nesta publicação, efe- trica E (ramo direto do tronco celíaco);


tuar uma análise sumária dos principais na grande, pela ana~tomose entre a ar-
tipos de intervenções que se podem efe- téria gastro-epiplóica D (ramo terminal
tuar no estômago. Visando sistematizar do tronco gastro-duodenal) com a arté-
a no~sa exposição, abordaremos o assun- ria gastro-epiplóica E (ramo colateral
to segundo a sistematização seguinte: da artéria esplênica- (Fig. 1). As ar-
térias frenicas caudais colaboram tam-
GENERALIDADES bém na vascularização gástrica
GASTRORRAFIA ( 10-20 ';i ) . A inervação é efetuada pelo
GASTROTOMIA sistema nervoso autônomo: parassimpá-
GASTROSTOTOMIA tico pelos dois troncos vagaí.s (vago an-
PILOROPLASTIA terior - esquerdo; vago posterior - di-
GASTROENTERDNASTOMOSE reito1 que chegam ao estômago ao nível
GASTRECTOMIA das paredes anterior e posterior do mes-
VAGOTOMIA mo; simpático, do plexo solar, através
das artérias (adventícia) ao nível das
Generalidades duas curvaturas. Na sintopia gástrica
chamamos a atenção para o fígado (pe-
I -ANATOMIA dículo hepático) e para o baço. Os vasos
nutritivos do estômago chegam ao mes-
O estômago é uma víscera ôca situa- mo através de três formações principais:
da ao nível do andar supramesocólico da o cpíplon (omento) menor - gastro-he-
cavidade abdominal. Reveste a forma pático, que relaciona o estômago com o
aproximada de um J e é muito móvel. fígado ao nível da pequena curvatura;
Inicia ao nível do m. diafragma e se o epíplon maior - gastro-cólico, que co-
continua com o pilara gastro-duodenal. necta o estômago com o colcn transverso
Apresenta, ao estudo, duas par•:des (ant: ao nível da grande curvatura; e, final-
riur e posterior) e duas curvaturas (pe- mente, o epíplon gastro-csplênico, que
quena - a D e grande a E). A sua vas- relaciona a grande curvatura com o ba-
cularização é representada por dois ar- ço (Figura N" 2). Interessante ainda é
cos vasculares que chegam ao estômago salientar, com relação à anatomia gás-
ao nível das duas curvaturas: na peque- trica, que apenas a p:ll'ede anterior do
na, verificamos o arco formado pelas ar- estômago é visível. A sua pJ.rede poste-
térias gástricas D (pilórica - ramo cola- rior está situada ao nível de um diver-
teral da artéria hepática própria) e gás- tículo do saco peritonial denominado re-

• Titular da Dl'clpllna de Téenktl CJl'úrgka - F'MPA;UFHG'3. C.:hefl' rlo Deparla,llenlo de Ci-


rurgia --- Jo'MPA/U~'HGS.
•• Auxlllar de En,luo da Dlsclpllna d< Téenlc1 Cirúrgica FMPA/UF'RGS.
56 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

tro-cavidade dos epíplons. Para que po.s- ração histológica varia de acordo com
samos ver a parede posterior do saco a parte do mesmo considerada. Assim,
gástrico é necessário, portanto, entrar- temos: epitélio colunar simples e glându-
mos na mencionada retro-cavidade. A las cardíacas ao nível da Parte Cardíaca;
Figura n? 2 documenta a forma anatô- epitélio colunar simples e glândulas car-
mica (Hiato de Winslow) e cirúrgica de díacas ao nível da Parte Cardíaca; epi-
se alcançar o objetivo em análise. Con- télio colunar simples e glândulas gástri-
cluindo, podemos dividir o estômago em cas propriamente ditas no Fundus e no
cinco partes (Figura n? 3): Parte Car- Corpo; epitélio colunar simples e glându-
díaca (1) , Fundus C2) , Corpo (3l, e Parte las pilóricas na Parte Pilórica. Submu-
Pilórico - Ant ro Pilórico (4) e Canal cosa: que normalmente não apresenta
Pilórico (5) . glândulas a não ser ao nível da Parte Pi-
lórica. Muscular: com três camadas -
II - HISTOLOGIA circular interna, longitudinal externa e
oblíqua Serosa: revestindo o Corpo, o
A parede do estômago é constituída Fundos e a Parte Pilórica. Na intimidade
de quatro camadas perfeitamente bem da camada muscular identificamos os
delimitadas. São elas: Mucosa, que ata- Plexos de Auerbach e na mucosa, os de
peta a luz do estômago e cuja configu- Meissner.

F UW R \ :so 1: n or·umenlação gráiica esrtnrmáticn iln anntomin elo Andnr Suprt~­


Ob-.HHuu ns : A - Anrt.a ahdominal; ll - llaço; D - Duodeno; E - E stômago;
I·' - ríq111fll : P Pü ncr ca s ; rn Ycsícula Uiliar; 1 - i 'ronco celínco; 2 - A
g-á~tri ea : l~ (Coromiria Ct>tom{HJUir n) ; 3/:1' - A, J~S JJII\ni<"n; 4 - A gástrics~ D (Pilórl-
ea); ;; - (;ano I (;oléil llco ; G - Y. l'ortn; 7 - 'f ron co Gnstro-duotlrnnl; 8 - A. Gns-
trOJl<'Jlilóica I>; 9 - A. GnstroepiJ>Ióica E; 10 - Tronco ilo N. Vago E (Ventral);
11 - Tronco rlo X. Yago D (Dorsal; 12 - A. Meseutérica Superior.

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ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 57

III - FISIOLOGIA berado pela porção proximal do intestino


delgado. 2 - Função Secretora, repre-
Identificamos ao nível do estômago sentada pela liberação na luz gástrica
duas funções que representam a sua par- dos líquidos digestivos das glândulas da
ticipação no mecanismo da dige.stão: 1 parede gástrica - suco gástrico. Este,
- Função Motora, representada pelo pe- como sabemos, é composto, basicamen-
ristaltismo gástrico induzido pela con- te, de duas partes: a) inorgânica, repre-
tração da musculatura de sua parede. sentada fundamentalmente pelo ácido
Como conseqüência desta ação motora, clorídrico (HCL) oriundo das células pa-
o estômago lança três vezes ao dia no rietais do Corpo Gástrico; b) orgânica,
duodeno 500 a 1.000 ml de quimo (mis- representada pelo muco gástrico, secreta-
tura de suco gástrico + alimentos sub- do, predominantemente, pelas glândulas
metidos ao e.stômago). Quando vazio, o do antro gástrico, de estrutura molecu-
estômago pode apresentar 50 ml de lí- lar na qual se pode identificar glicopro-
quido ou menos; quando cheio, pode ir teínas de peso molecular alto, o qual, de-
até um litro e meio, graças ao fenôme- vido às suas propriedades de adesão, coe-
no que denominamos relaxamento re- são e viscosidade, produz uma camada
ceptivo de suas paredes. Sabemos que protetora para a mucosa gástrica. Iden-
fatos como variação excessiva de tempe- tificamos ainda no suco gástrico - parte
ratura, hiper ou hipotonicidade parietal crgânica - a pepsina, enzima proteolí-
e pH abaixo de 3,5 podem determinar tica secretada pelas células gástricas do
redução da motilidade gástrica. Interes- Fundus, na sua forma inativa (pepsino-
sante ainda é salientar a grande dimi- gênio1, a qual é ativada quando o pH
nuição da motilidade gástrica condicio- chega abaixo de 5,0; fator intrínseco, uma
nada pela entrada de determinada quan- mucoproteína que se liga a Vitamina
tidade de gordura no duodeno. Entre as B12; substâncias relacionadas com gru-
explicações para o fato acima mencio- po sanguíneo, representado pelos antíge-
nado existe aquela que responsabiliza nos A, B e H cgrupo sanguíneo O), gran-
um hormonio - a enterogastrona - li- de molécula de mucopolisacárides con-

1-'IGURA N° 2: nocnm(•ntl~ as vias tle fl('(•sso à


l'<>trocnvhlrulc tlos CJlÍ]Jlons (fa<•c JIO~tl·rior elo <·s· FIGI H\ ~" !1: Hhlsão lo e~tômugo. 1 - Parte
tômago). Vcrifh·amos: A Jllato ch• Win'ilcm ( 'a rtlía!'n (<'Jtiti·lio eolunar sinrplPs, glfmtlulas car-
(Via llllfltôllliCa), ]l trllll~llll'SOgllstro -li!')IIÍtil'll; clíal'as); :! - J'urHlo (~lúnclrrlas ~ástril'llS Jll'O-
C - Jni<>r<'olonogástri<'l~ trnns<•piJJloien; ]) ln- JirialtiC'Illt• clitns); 3 -- Corpo (idem); 4 -- An-
tcrcolonogástricn lntcrcolonocpii>lólcn; J~ - In- tro l'ilóril'o (glânclulns l'ilóricas); .) - Canal
frmucscocolônlcu. l'ilórico (idt•m).

em
58 ANAIS DA FACUlDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

tendo galactose, glucosamina, alactosa- quer porção do tubo. digestivo, uma su-
mina e L-Frutose. Finalizando, devemos tura procura colimar dois objetivos per-
dizer ainda que a regulação da secreção feitamente bem definidos: reconstituição
gástrica se processa - tanto na inibição e hemostasia dos planos da parede e im-
como na estimulação em o.uas fases: a permeabilização da mesma. A sutura de
vago/antral e a intestinal. uma solução de continuidade da parede
deve, portanto, ser executada segundo a
Gastrorrafia sistematização seguinte: a) regulariza-
ção das margens do ferimento (num ca-
so de úlcera gástrica, é conveniente a
A Gastrorrafia é o procedimento téc- exérese da porção de tecido limitante da
nico por intermédio do qual se procu- perfuração, pois a infiltração de que o
ra corrigir uma solução de continuidade mesmo apresenta dificulta a sutura); b 1
ao nível da parede gástrica. síntese dos planos através de um primei-
1 - Indicações: A sutura gástrica ro plano de sutura total interessando to-
pode ser uma intervenção principal, dos os planos da parede e depois uma
quando pretende corrigir uma solução sero-muscular complementar. Indicamos
de continuidade da parede condiciona- o emprego do categute cromado enfiado
da por um traumatismo, ferimentos (Fi- 00 para a sutura dos dois planos, contí-
gura n •• 4), rupturas gástricas (Figura nua, e a técnica a ser empregada pode
n • 5), complicações de patologia do es- ser uma das documentadas na Figura
tômago, como a perfuração de uma úl- n·· 8. Nos casos de ferimentos da parede
cera gástrica (Figura n~ 6 B e Figura gástrica é necessário sempre verificar se
n• 7), ou ainda, perfurações condiciona- a parede posterior não foi também atin-
das por defeitos congênitos de formação gida. Para isso se torna necessário abrir
da parede gástrica (Figura n '' 6 A). Pode a retro-cavidade dos epíplons ccuja pa-
ainda a Gastrorrafia ser uma interven· rede anterior é, como sabemos, consti-
ção secundária a uma abertura cirúrgi- tuída pela parede posterior do estôma-
ca do saco gástrico (Gastrotomia), vi- go). A Figura n" 2 divulga as vias ci-
sando a retirada de problema patológico rúrgicas para atingir a parede gástrica
intra-luminar. posterior. A que melhor condições ofe-
2 - Procedimento Técnico - Na rece é a intercolonogástrica trans-epi-
parede gástrica, como de resto em qual- plóica (Figura n" 2 C).

FJGl'Jt\ !\ " I: l•'c•rimc•nfo JH'II('fmntc• COIIIJIIi<'a-


do ao níH•I da rc•g-iiio I'Jiig-ústri<'n, eouclidoruuulo
l('siio da~ pHrc·dc nufprior do t•stômHg-o l' comuni-
ca~iio tln luz do mesmo com n crn idaclc t>crito-
nal.

em 10 11 12 13 14 15 16 17
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 59

l"IGURA N• G: J>ocumeufação transoperntória tle grau de ruptura tlo estômago ao


uivei (]a. Jlllrede nuu•rior securulária n umn tlilatuçíio gástrica aguda por injestão de
refrigerautc.

I•'IGUUA ?\r> G: DocuHH·rrtaf:íiO rndiográfica correspondente a )Jaeientes portadores


tle ruptum do estúmngo. Yerlfkamos: A - recrm -nuscido com ruptura gástrica por
defeito eongí·nito de estruturaf:íiO du. 1111rede. Obserlllr o grande ]llleumoperitônio e
n hnngt•m ct•ntrnl tlo fígndo; H - aclulto, com perfuração de úlcera gástrica. Veri-
ficar o ]meumoperitúuio, com n lot•nliznção cnructerística do nr abaixo dns cúpulus
diufrngm{tticns (siuul semiótico/ rntliogrático de Joubert).

em
60 ANAIS DA ~'ACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

FIGI"RA N• 7: nocnmentnção transoperutória


th• JWrí"urnção (]p uma IÍIPera gástrica 1le paretle
anterior juxta-pilóricu. Yerifica-sc nitidumente
a solução dl' eontinnhl111le da J>aretle e o seu cx-
JH')<SIIIIH'nto Pm torno tio ponto de }>erfuraçlio.

FHH.:R\ ~!' S: Docum1•nta do forma t'SIJUCmátl-


ca os llhersos tipos de sutnrns 11ne se podem la-
zer no nh el da parede 110 tubo digestivo. Yc-
rificamos: A - Chuleio Simt>les; B - 'l'écnica
de SCHJIJEDEK; C- Técnica de CUNEO; D -
'récnica de CO~N}~LL; E - Tratamento do ân-
gulo da sutura; }' - Sutura com laçada.
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 61

Gastrotomia gico visado. Concluída a retirada da pa-


tologia intra-luminar, procede-se a re-
A Gastrotomia é uma intervenção constituição da parede dentro do esque-
que consiste na abertura da luz do es- ma técnico divulgado no capítulo ante-
tômago, com vistas a obviar a existên- rior (Gastrorrafia).
cia de uma patologia localizada ao nível
da cavidade gástrica. Gastrostomia
1 - Indicações: Basicamente a Gas-
trotomia estava indicada nos casos de Consiste a intervenção em análise
corpos estranhos intra-gástricos - de- na comunicação da luz gástrica com o
glutidos pelos pacientes e sem condições plano cutâneo da parede abdominal an-
de transpor a barreira pilórica. Presente- terior.
mente, no entanto, a abordagem endos· 1 - Indicações: A Gastrostomia é
cópica da cavidade gástrica tem permiti- indicada principalmente naqueles casos
do a extração da maioria dos corpos es- de alterações mecânicas do trânsito ao
tranhos deglutidos. Uma das indicações nível do esôfago (Figura n'' 10): atresias
que persistem, no entanto, relaciona-se congênitas, estenoses cáusticas, tumo-
com os Bezoares - concreções retidas res, etc.; também indicamos a feitura de
na cavidade gástrica - e que podem ser gastrostomias naqueles casos de pacien-
de duas naturezas: a) formados pela de- tes em coma por traumatismos crânio-
glutição de cabelos, formando grandes encefálicos, e como manobra descom-
conglomerados ocupando muitas vezes a pressiva na cirurgia da úlcera péptica.
quase totalidade da cavidade gástrica A Gastrostomia pode ser temporária -
(Figura n" 9) - Tricobezoar; b) forma- quando o problema patológico pode ser
dos por fibras vegetais - Fitobezoar. resolvido, ou definitiva - quando o com-
2 - Procedimento Técnico: Consis- prometimento da luz esofágica não pode
te na abertura do saco gástrico ao nível 2er afastado.
de sua parede anterior - incisão trans- 2 - Procedimento Técnico: Na fei-
versal interessando todos os planos da tura de uma Gastrostomia, devemos ter
mesma - com dimensões compatíveis em mente que a sua execução técnica
com a magnitude do problema patoló- deve estar subordinada a três itens a sa-

l•' ff11TUA NP 9: Onstronomln pfctuuda para n r1•tirn1ln tlc volumoso Tricobezoar. A


liHISSR tlo Jwzonr 1'111 estudo OCIIJILnll como ~~· potlt• Hrlficnr na FIGURA - n
llUILSO totnlill1ulc 1la luz do cstômngo.

em
62 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICIKA DE PORTO ALEGRE

ber: a> Localização: deve ser efetuada ao


nível da parede anterior do estômago -
o mais alto possível - e nas proximi-
dades do cárdias (justa-cardíaca). A lo-
calização em questão permite a obten-
ção da estase gástrica necessária para o
funcionamento normal do tubo digesti-
vo e, ao mesmo tempo, permite e facili-
ta a introdução das sondas dilatadoras
naqueles casos de estenoses cáusticas
(função terapêutica da gastrostomia);
b) Mecanismo Valvular: deve ser feito
a fim de evitar o refluxo do conteúdo
gástrico para o plano cutâneo da pare-
de. Existem diversos procedimentos téc-
nicos de feitura de mecanismo valvular
caracterizando técnicas de Gastrosto-
mias: KADERI STAMM <Figura nQ 1),
WITZEL, SSABAN AJEW I FRANK I KO-
CHER, DÉPAGE I JANEWAY IFONTAN,
GLASSMAN, etc.; c) Fixação do Estôma-
go à Parede Abdominal: o estômago, co-
mo já vimos na revisão anatômica, é
uma víscera muito móvel. Esta mobili-
dade deve ser neutralizada quando da
feitura de uma Gastrostomia. Respeita-
dos os três itens acima analisados, obte-
remos uma Gastrostomia eficiente para
o nosso paciente.
A Figura n" 11 divulga o procedi-
mento técnico idealizado por STAMM o
qual passamos a descrever: a) Laparoto-
mia transretal à E, próxima ao processo
xlfoideo esternal; b) Identificação da
porção do estômago aonde será efetuada
a Gastrostomia (Figura n 9 11 B) ; c> Exe-
cução do mecanismo valvular, através
da feitura de três bôlsas concêntricas se-
ro-musculares com categute cromado en-
fiado 00, iniciando em pontos diferentes
FIGURA :S9 10: Paeiente eom t•stenosc eáustien
de esôfago. Xotnr n grnndc tlilntllção proximal e separadas aproximadamente 1 em uma
e o grnu de comJ)rometimento tln luz csof(lglca. . da outra (Figura n '' 11 C); d) Concluídas
as bolsas, abertura do estômago e colo-
cação de uma sonda de Pezzer. Fixação
da sonda por intermédio das bolsas efe-
tuadas, invaginando sucessivamente uma
sobre a outra, de forma a se ter uma
imagem de projeção intra-gástrica se-
melhante à ilustrada no item D da Fi-
gura n\1 11; e) concluídas as bolsas, fe-
chamento da laparotomia, suturando o
estômago na parede anterior. Quando o
fechamento da parede chegar ao plano
subcutâneo, passar a sonda de Pezzer
por uma contra-abertura e concluir o fe-
chamento da incisão principal.
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 63
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I"WUU -'~' 11: ldPnfilku us IPIIIIWs ituHhllnPntuis du f••iturn 111' unut (aSTROSTO-
_lfl.\ .\ S'l'.UDI. \"..riii•·unws: .\ inds:iu IHJIUrulitmil·n (transr•·tal); n -- Jo.-aliza-
(:iiu do I~SfOIIIIL (JIUrt•flp llllfl'riur du I'SfÚIIIIIg"U, Jlllrfp lllfll, ,iUXÍ8-J~riea); (; - feitura
dus holsus (nu••·nnisnw llthulnr), guslrutumiu •· iufl·mla•:ãu tln -~tuln tle J•t·zzt•r; }) --
' istn •·m l'url•· du Jlrn.i•·•:;iu du 1llhula no inh•rior •In luz gíts~h!a; }; - fechamento
du llt)lltrutumin P •·xtPriuriziH:iiu da sundu )mr eoutrn-nlH~rtur~

/;
64 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

da parede do canal pilórico. A interven-


Piloroplastia ção está concluída quando houver a pro-
tusão completa da mucosa ao nível da
Como o nome está dizendo, a Pilo- incisão. Efetuamos uma modificação à
roplastia é uma intervenção que consis técnica original de WEBER/RAMSTEDT
te na execução de uma plástica ao ní- /FRÉDET e que é claramente documen-
vel da parede do canal pilórico. tada na Figura no 14: consiste na exé-
rese da parede anterior do canal pilóri-
1 - Indicações: Basicamente, a pi- co, ao invés da simples secção longitudi-
loroplastia está indicada em duas even- nal do mesmo. Devemos ter bastante cui-
tualidades: a) correcão de distúrbio do dado a fim de não provocarmos uma le-
trânsito gastroduodénal por patologia são da mucosa, fato este que condicio-
assestada ao nível da parede do canal nará a comunicação da luz gástrica com
pilórico (e o exemplo típico é a Hiper- a cavidade peritonial. Costumamos com-
trofia Congênita de Piloro - Figura n" plc::mentar a intervenção efetuando uma
12 - identificável no recém-nascido e re- omentoplastia, fixando o omento maior
presentada por um espessamento da ca- às margens da incisão da parede pilóri-
mada muscular da parede); b) aceleran- ca. A Figura n·· 15 documenta o estudo
do o trânsito gastro-duodenal, como ma- histopatológico da parede do canal pilá-
nobra cirúrgica complementar a inter- rico retirada no decorrer da intervenção.
venções visando a cura da úlcera péptica
gástrica. b) Piloroplastia a HEINEKE/MI-
KULICZ (Figura n" 16): o seu procedi-
2 - Procedimento Técnico: Várias mento técnico é representado pela sec-
técnicas são divulgadas pela literatura. ção longitudinal do piloro e a sutura
Analisaremos nesta publicação as mais transversal, aumentando destarte a luz
conhecidas. do mesmo.
a) Piloroplastia a WEBER/RAMS- c) Piloroplastia a FINNEY (Figu-
Tl:DT 1FRtDET (Figura n. 0 13). É indi- ra n· 17): Pelo procedimento idealizado
cada na Hipertrofia Congênita de Pilo- por FINNEY, a secção longitudinal é
ro, e consiste numa piloromiotomia mais ampla do que na técnica anterior-
transversa extra-mucosa, na qual se pro- mente analisada, interessando também a
cura seccionar toda a camada muscular parcele duodenal.
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 65

FIGUUA Nr 12: F.~tudo rndiográfico simples de tlois pacientes recém-nascidos, por-


tadores de llii>ertrofht Congênita tlc Piloro. Observnr em ambos a grande dilatação
do estômago, o significativo aumento da espessnrn tln parede gástrica e a presença
1l1' oullns IH•risfiilicns risnntlo ' 't'ncer a resistfoncln pilórica.

FHWRA Nr 13: Esftnema grMlco da Piloromlo-


tomin J,ongitudinal Extramucosa ( WEBER/
JtA.llS'I'EJ>'I '/ .f'RtDET) com a modificação
f(ot·nit·u ttne Introduzimos (retirada da parede nn-
IPr:or ao t·anal pilórico) - Indicada naqueles
t•nsns tle Hipertrofia Congênila de Piloro. Obser-
'umos: A - a delimitação cuneiforme da pare-
tio nnh•rior do canal pllórico a ser excisada; B -
o <'Orlt• es('juemátlco documentando a secção das
flhnts musculares e a. protusão da mucosa; C -
coneluída a Intervenção, vendo-se a parede ante-
rior do plloro formada apenas pelo revestimen-
to IIIU<'OSO,
66 ANAIS DA FACULDADE DJC MEDICINA DE PORTO ALEGRE

f' lGrRA X" 11: Ho<·umrntac;iiu t:an sOJH•ratúrin do Jlrcwt'climf'nlo lr<'ni<'o tlc• J'l LO-
ROPL\STL\ icl Paliznclo JH'Ios .\.\ . ( nHHiili<-nc;iio ela trC'nic·n clP WEBER/ JLUIS'I'EU'r /
f'R};J)}:T) , nos caso!> •lP Jlipc• tmfin ( 'o n~i·nitu ch• I' i Ioro (11( ' 1'). Ohsl'r\IIIIIOS: ]<;,u
(' rU.\ a incisão 11 IICifUl'lll!' cb JHI rc•fh• 11 nl t' rior 110 I'U.Illll JliJÚric-o ( fld Ílll itanflO ll ]Hlr-
c;"iiO da parede e a c·oionH:·io mu·ara<ln típil'n fio piloro q:H• sc• ·><• rii'i<'ll nos <·nsos <lt'
JH' l'; E)[ lUJ.X f1 - <'On<'l!lícln n intt•npnc;iio, iclPnlii'<'H -S<' nltid :t iiiPIIIt• a protusiio
curnctcrí~tica dnunJ(' O~n, P l itlt>n :innclo n sP~iio eompiPin cio PII\Oitúrio museu lar nn cln
purpdp,

em 10 11 12 13 14 15 16 17
ANAIS DA F ACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
67

FWrJL\ .V J;j: J·: ~tutlu hbluJiatoltít.;-i<·o tia pan•d1• 1lj1 <'aual (lilúri<:o de JIUci<· nte~ JIOr-
hui()J'P S 1ll• lliJH'I'Irofia ('mlgoí•uita jJp l'ilurn. \'Hifi!·nm - ~1· ll· ~ii<•s ll<•gt'n<•rathns ao nhel
tios 1•h••neutos tl·lulaJ'I'S dos Jllt•xiJ~ tlt• .\lu·rlml'h trtulnzitlu~ por nenrüniofagia
com iutcusa ln\nsão auflcitiirla.

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9 10 11 12
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13 14 15 16 17
68 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
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lmtgihulinlll 110 uín·l th parede antt•rior do t'lllllll
pW.rit·n, iult•rt•ssautdo todos os t•ompont•nt.•s dn
IIII'Sl!lll; ll indsào 1'111 flllf'S~io SI' t•xtt•rlflf• H llllrl'-
dl' •h••>•!enal; n - - sutunL trnns rers11l da r•iloro-
dtwtlt'lwtomin; t: - rl'sultado final,
1\NAI S DA F ACULD ADE DE MEDICINA DE PORfO ALEGRE 69

Gastroen teroanastomose lização do intestino primitivo ao nível


da 2 ' porção do duodeno. A atresia Pilá-
Consiste a Gastroenteroanastomose rica (Figura n 9 19) também se consti-
numa intervenção cirúrgica pela qual o tue em indicação formal para uma gas-
estômago é conectado morto-funcional- trcenteroanastomose. Entre as indicações
mente ao jejuno ileo, excluindo o duo- na patologia adquirida, chamamos a
deno do trânsito. atenção para as neoplasias ao nível da
ccnj unção pancreático-duodenaL
1 - Indicações: A Gastroenteroa-
nastomose é indicada naqueles casos de 2 - Procedimento Técnico: A feitu-
obstrução mecânica do tubo digestivo a o ra de uma gastroenteroanastomose varia
nível da ferradura duodenaL Secunda- no transoperatório, segundo o segmento
riamente pode se constituir numa inter- de alça intestinal a ser escolhido para
venção complementar nos casos de ci- anastomose com o estômago (se jejuno
1 urgia de úlcera péptica. Entre os ca- - alça curta, ou íleo - alça longa);
sos de obstrucão mecânica ao nível do conforme seja ela efetuada ao nível da
duodeno, chamamos a atencão a atresia parede anterior ou da parede posterior
duodenal 1Figura n•• 18), dis-embrioplasia do saco gástrico (por diante do colon
que se caracteriza pela falta de recana- transverso - pré-cólica, ou através do

J.'l(irJt \. :1\ ' Jl'l: ]t(•t•(•JII -IIlhi'Ítlo, )Htrtntlor til• Ulllll ntn·~iu tll' tluotll•tw (:!" IH~r<;ii o iu -
Jrll-lllllllUIIII'). A tlocuurt•JIIa~,:iio ratliogrítii<'a <·outra~tlula ( ÍI~un IJUritatla) Jll'rlllitt· itlt• n-
tifkar 1'111 A a gr·nutlt• tlila!lll'iio tio t•sti1111ago P a llllsí•ut•ia <'OIIIJilt•fa de trú11~ito:
1'111 Jl a uot'lllali:r.nção tio triausito, ol,tilla por uuaa ga.,torl'lltl'ruana.,ttiiiiO.,t• (~a!>­
tro- h·lo~>tolllia Jatcro-lakral Jlré-{'úlit·a alça longa lo"o)Jcristúltiea ) .
70 ANAIS DA FACULDAuE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

F'IGURA X9 19: ])ocumentação radlográfi<'n contrastada (água huritutln) <"orrespon-


tlPnte a um JHICit•ntc red'm -nas<'ido Jlortatlor tlc umn atres in tk Jliloro. Ohsnmmos ('111
A - a grande dilatação gástrka <•, t'lll n - n reconstituição do tritnsito gnstro-tluo-
dNml, obtida IJOr u111n gn~torenteronnastomose.
ANAIS DA FACULDA!)E DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 71

f'!~;nu '"• :W: RI'JlrPst•ntlt~ão gráiiea tios eon-


('Pitos dP ISO l' .\:\'JS(H'ERIS'I'-'.LTH'O: ,\ -
gast roPntt•nmnasromosP ISOI'};RJS'l'.\J!l'H :A ( sen-
ti•lo ''" trúnsit11 nn al~:a anastmuosada igual 11 ·
tio Ps•_úmngo): B -- gastro!'IIÍProanostomosP AXI-
SOJ'ERIS'J'_\I/I'H'.\ (sf'ntitln tio tritnsito na al~a
upo~tu ao tio t•stúmago).

gastroenteroanastomose pré-cólica exe-


mesocolon transverso - transmesocóli- cutada ao nível da parede anterior do
ca); finalmente, se houver ou não sin- estômago. Qualquer que seja o procedi-
tonia entre o sentido do peristaltismo do mé.nto técnico escolhido, a manipulação
estômago com àquele da alça ao nível vLceral será sempre subordinada aos
da boca anastomótica (iso ou anisope- tempos fundamentai~ seguintes: a) Iden-
ristáltica - Figura n" 20'. Qualquer que tificação do segmento de alça que será
seja o procedimento técnico escolhido, anastcmosado 2.0 saco gástrico; b' De-
deve ele submeter-se às exigéncias morfo- te! minação, ao nível da parede gástri-
funcionais seguintes: a) Que a sede da ca, do ponto no qual será estabelecida a
anastomose seja o mais baixo possível, cstomia; c) Fixação do segmento de alça
ao nível aproximado da grande curva- cçcr~lhido ao nível de ponto de abertura
tura e com trajeto paralelo à pequena gástrka, por uma sutura contínua sero-
curvatura (Figura n" 21 A); b) Que a mu~cular (plano posterior d::t anastomo-
boca efetuada seja continente, evitando sc) ; d J Co prostasia gástrica e da alça
o refluxo para dentro da cavidade gás- com c13mps intestinais; e) Ileotomia e
trica 'o esvasiamento do estômago se gastrotomia (com extensão não inferior
produz nos intervalos das contrações a 5 em); f) Sutura total posterior, unin-
gastro-intestinais, pois os mesmos, fe- do o estômago à al<.;a escolhida; g) Su-
cham a anastomose ao se contrair); c) tura total anterior; h) Retirada dos
Que, finalmente, as dimensões da boca elamps e sutura sero-mu-:cular anterior.
anastomótica não seja inferior a 5 em, Se o prcc?dimcnto técnico escolhido for
a fim de que não haja problemas na sua o trano;;mesccólico, devemos proceder ao
permeabilidade. A Figura n 21 do- fechamento da brecha do mesocolon, fi-
cumenta em B uma gastroenteroanasto- xando o mesmo à parede gástrica. Em-
mose pré-cólica típica (Tipo WOLFFLER) prq.!ürucs na sutura, em tudos os pla-
e em C uma transmesocólin (Tipo Von nos. catcgute crom::1do enfiado 00. Os
HACKER). Na Figura n· 22 são identi- planos de sutura acima descritos são do-
ficados os tempos fundamentais de uma cumentados na Figura n 23.
72 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

FIGUU :\'' :?1: G.\STROJ;yn;ROA:\ASTOMOSE. Yerlflcamos: A - loealizaçiio dn


l:'astrotomin (lmrt•de anh•rior, mais distalmente possíwl tl paralela a JHltltWnn eurnt-
t.ura. As •limensües dn mPsma dPpeJulem do caso clínico em tratamento; H - - {instro-
•·ntProannstmnost•, ntrnlÍ's dt• 1111111 J.,'ltstro-llt•ostomin lntt•ro-latt•ral pré-t•úih•n (nlt:a
longa), isopPristáltil'a; f - gnstroPnteroanastomose por gastro-jcjunostomin latero-
httPrnl trnnsmPsol·ólica (nlça curta) isoperlstáltlca; D - gastroenttlroannstomose por
gastro-ih•ostom ia termino-lateral transmesocóllca, com jejuno-lleostomla termino-late-
ral complpmentr (tipo Y de Roux).
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 73

~----

FH~t:IL\ :\!' :!:!: 'fi'IIIJWS prilii'IJIIS de uma gustroentl~roanastomose (gastro-ileostomia


hwro-htt1•rul pré-.. óliea isopHistitltiea alr:a longa) efetuada ao níYel da parede poste-
rior do Pstúmngo. Yerifil'nmos: A --- ressecar:iio parcial do omento maior e aborda-
gPm da pam~de JIOsú•rior do saco gástrico Jlela abertura da retrocayidade dos epi-
I•Ions; B -- feitura da gastroenteroanastomose; C - resultado final da intervenção.
74 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
~-- --------

FIGUR.\ :Sr 23: Demonstração I'SIJUI'IIIÍttif•n da feitura tltl nnastomostl PntrP o ••stú-
mago e uma alça Intestinal. Observamos: A -- }Jontos dll rf'{lllro e dtl llmltlu;üo da
anastomose; ll - suturn srro-muscular postHior; e -- nhPrturn tia luz do lntesthw
e do estômago (neste temJJO o excesso de mucosa tio estiimngo dere ser retlr1ulo);
D - sutura total posterior; J~ - !lnturn total anterior; F sutura sero-museular
anterior.
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 15

Gastrectomia tal também tem indicações em casos de


tumores gástricos e pancreato-duodenais
Entendemos a Gastrectomia como (Figura n\' 25).
sendo a excisão do estômago. Dependen- 2 - Procedimento Técnico: Anali-
do do quantum incluído na excisão, po- saremos primeiro os princípios técnicos
demos ter: Gastrectomia Total (retira- e a manipulação visceral nas gastrecto-
da de todo o estômago 1 ; Gastrectomia mias Subtotais e depois nos ateremos a
Subtotal (incluindo a maior parte do análise das gastrectomias Totais.
corpo gástrico, do antro e do· canal pi-
lórico - Figura n•• 24 A); e, finalmen- I - GASTRECTOMIA SUBTOTAL:
te, Gastrectomias Segmentares (antro Como já fizemos menção anteriormente,
pilórico -j- corpo gástrico - Figura n'1 a gastrectomia subtotal é indicada nos
24 B; corpo do estômago - Figura n• casos de úlcera gástrica (Figura n'! 26)
24 C; Ressecção tubular - Figura n•1 com maior freqüência. Visa ela a reti-
24D). rada da parte secretora ácido/péptica
1 - Indicações: A gastrectomia to- do estômago e o seu estudo se divide em
tal está indicada em tumores; as subto- dois Capítulos: 1) ressecção gástrica; 2)
tais e segmentares, principalmente no reconstituição do trânsito. Analisemos
tratamento da úlcera gástrica. A subto- separadamente os mesmos:

"'IGl:IU ~' 21: Eshulo 4'SitiWIIIÍltieo dos dln•rsos tiJIOs de resst!e1;4it•.s gástrica!!: A
+
- . Gnstrl'etomlu Snbtutul (4'1111111 flllúri4'U i ant.ro Jlllórlc~o (~OrJJO giistrleo); n --
resS4WÇiiH tio nutro Jlilórh~o ! eorJlo gástrit~o ()HKlJJ,feZ/I•AYR --·- 1898/1910); C -
rer;secçiio do corJIO do estflmugo (f;O~N ..:J,J, -- 192D); D GaHtrectomia suhtotal '.rulm-
lur (WAN(lR~'Sl~.n:X --· liHO).
76 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

ru;rn.\ \•• :!:.: ESIJIII'IIIIIS grutH·os dl' rN·onstit.niçiio .,., trilnsito gastro-intpstinnl
apús l'irnrgia rPsst•t•;·iona Jllllnl'r•·ílth·o-•lutHh•twl. _\ 1'.\ \('HE,\'1'0 .uro ll E\ Et ''1'0-
_lll.\ ('t:F.\1,1('.\. RPI'tlllstituiçiio por gnstro-ilt•ostomia tPrmino-tt•rminul Jllllll'rPIIÍU-
ilt•ostmnia término tPrminal · ('ol(•dot•o-ileostomln ti•rmitw-Iatt•rnl I íll'io-ilt,ostomin
lat..ro-Iatt•ral I'Hl::.f'úi.IL\ (('.\'l"I'EJ.J, -·· 1llr.ll); H -- 1'.\\tHE.\'l'Ef"I'IHII.\ 'l'()'J',\1.,
Rl'l'llstituit:iio pur gastro-,i!'jutwstomia tPrmitw-httl'rnl ; eolt•dm·o-dnotlt•nostmnia tí·r-
mino-terminal 'I'H.\\SJJESflt'úUL\ (\L\l'GH).
ANAIS DA FACULDADE DF MEDICINA DE PORTO ALEGRE 77

JIWl'H \ X" ~W: Est1ulo raclinlú~i1·o c·oulraslndo


(1í~ua harifu•la) cio ('stúmago 1IP 11111 IIII<'ÍI'Itll•, llo-
c11H'I111H'llfaruln llltrc•sPn('a clP 1111111 1Íi<'<•ra assesbtcln
nn ní11•l cla lli'IJUI'llll cunnturn.

em
78 AN.~IS Do\ FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

1) Ressecção gástrica: Consiste na tro I duodenostomia Término-terminal);


retirada de aproximadamente 2/3 ou ou B - com o jejuno/ileo (Gastro-jejú-
4/5 do estômago. Os tempos fundamen- no/ileostomia Término-lateral). O pri-
tais transoperatórios são: a) Liberação meiro tipo é conhecido como BILL-
da grande e pequena curvaturas do es- ROTH I, e segundo, BILLROTH II. Ca-
tômago, com a laqueadura dos vasos da um dos procedimentos em questão
(Figura n'' 27 A'; b) Secção ao nível da tem a sua indicação de acordo com
1'' porção do duodeno, após clampagem o quadro clínico apresentado pelo pa-
do estômago e duodeno (Figura n" 27 A); ciente e a localização do processo ulce-
c) Ressecção do estômago. i.·ativo. Não vamos nos ater na análise
2) Reconstituição do Trânsito: das indicações específicas de um ou de
Concluída a ressecção gástrica, o resta- outro, mas apenas indicaremos os prin-
belecimento do trânsito pode ser feito de cipais tempos que caracterizam a feitu-
duas formas: A - Com o duodeno (Gas- ra do B I e do B II.

F H;(' I{,\ \" :!i: (;a~trt•t·lmnia ~uhtutal t'tllll rl't'unstitnlt:iin tlt• tritnsito 11 Hl LLJ{O'l'JI
11 ((;ustro-.it·Junosturnia tt·rminu-lalt·rul nni'fOIH'ristírltit·u, alt;u t•urta, trunsml'sot•úll-
t•n). rl'rÍ(Ít'liiiiOS; .\ fifH'rllt:<iu tia pPtlllt'IUI I' tlll ~:"rUIItlt' I'Urmfnrus tiO t•sf.úmugo I'
eolnt•açàtJ tios damJ"' (('urposlusiuj tiPiimituntlu 11 Ílrt•u tiP ~Wt't;liu tluotiPIIUI; B
St't't:lin tltJ tluotlt·rw, ft•('humt•ntu tio ('ÚÍo tlrwtlt•uul st'l:'lllltlo a sislt•nurtiznt:iio tí-l'niea
tlhnlgutla na FJ(;('Jt.\ \" :w, trat,:lio tia alt,:a Jt'jnnul atrn\Í's tio mPsm•olmr trurnl'r-
so, ('hrrnpni:'PIII tia mt·~ma, iPitura tia ~Pru-spru~a fwstPrior (t•stúmago/Jt•juno) ~~ nlu~r­
tum tia luz tio t·~túmagu t' tia alt;a .il'.innul (t•ouw a rnut·osn I:'Íistrlt·a {• t•xuht>runte I'
inz prutusãu ao nhPI tln nlll'rturn tio t•stúmugu into lfllt' tliiieultu n annstornosP,
rPtiru-st~ <·orn tesoura o ext•t•sso da mesma lllltt•s do iníeio 1111 sutura total). l'ontinua.
ANAis· DA F.\CULDADE DE MEDICINA DE POHTO ALEGRE

bra de KOCHER/VAUTRIN - Figura


A - Gastro/duodenostomia Térmi- n'' 29). Ao realizar dita manobra, deve-
no-terminal (BILLROTH I): é repre- mos ter cuidado com a nova posição do
sentada pela anastomose entre o côto pedículo hepático, evitando que uma
duodenal e o côto gástrico. A Figura n" tração muito exagerada condicione uma
28 documenta as diversas eventualida- torção ao nível do mesmo.
des técnicas possíveis. Em muitos casos, B - Gastrojjejuno-ileostomia Tér-
a distância en~;re o coto gástrico e duo- mino-lateral (BILLROTH II): Os tem-
denal fica muito grande. Neste caso so- pos que a caracterizam são os seguintes:
mos obrigados a mobilizar o côto duo- a' concluída a liberação gástrica e a sec-
denal, o que fazemos através do desco- ção ao nível do duodeno, procede-se ao
lamento pancreático/duodenal (Mano- fechamento do côto duodenal, conforme

FWI'IU '" :!,.,: 1-:sltliPIIIIl grúfko dos tltws dP r•·•·nnstitulçíio de trânMIW a HILLROTH
[ (gnstru-duudPnustmniu ti-rminn.tt•rminal). A - HIJ,LROTH (1881); B - SCHOE-
M.\1\1-:H (11!1 I): f' rll\ 11.\HIIt:R ..:R; ..·I~~-E\' (19:!:!/19'!3); D - HORSI,Ef (19'!6).
80 1\.NAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

ilustra a Figura n• 30 (Processo de mo o nome está dizendo, consiste esta


MAYO); b) em prosseguimento escolhe- intervenção na retirada total do saco
se a alça a ser anastomosada (jejunal/ gástrico. A sua execução pode ser siste-
curta transmesocólica ou ileal/longa pré- matizada em três fases: 1) Liberação do
cólica); c) usando-se a porção do estô- estômago, secção ao nível do duodeno (e
' mago a ser excisada para fazer tração tratamento do côto duodenal semelhan-
(Figura n• 27 B), efetua-se a sutura se- te ao verificado na técnica de B II -
ro-muscular posterior; d) concluída es- Figura n• 30 A e Bl e ao nível do esôfa-
ta, faz-se a coprostasia ao nível da alça go - porção abdominal; 2) Feitura de
e do estômago, efetua-se a abertura gás- um novo saco gástrico, obtido através de
trica e da alça e procede-se a feitura uma ampla anastomose jejuno/ileal la-
das suturas total posterior, total ante- tero-lateral (Figura n• 33 A); 3) Recons-
rior e sero-muscular anterior, conforme tituição do trânsito através de um esô-
ilustra a Figura n• 31). Podemos obser- fago - jejunoj ileostomia término-late-
var na Figura n• 32 alguns tipos técni- ral, podendo localizar-se o neoestômago
cos de reconstituição do trânsito a B II. transmesocólico (Figura n• 33 B) ou pré-
I I - GASTRECTOMIA TOTAL: Co- eólico.

FWCHA K~ 29: Estudo rsqu<'mátlco <lo deslocumcnto pancrcátlco.flnodcnal (mano-


bra de Kocher/ Yautrln). A slntopln. das estruturas nnaWmlcas ldentlflc(~vels na re-
gião e incisão do peritônio JlOsterior ao uivei tla goteira parleto-c6llra D; n - con-
cluída a mobilização puncreático-duodenul por deslocamento do conetlvo frouxo da
fascia de Told, verificamos a ampola de Vater e a porção terminal <los dois canais
<Jue nela desaguam (Colédoco e Virsung).

1i i i i 1 irr11ill l"[ ri 11 11 m i ttlrl l l t1i r1 111 rrn 1111 i j tm rr1 1tfl 1~~ ~ 11 11i1 ~ 11 i~ 11 !ir! 11 111 m i 111TI 1il"ri 1Tii1 r1 1~ n rr rm i ir! 11 [i1 r11 i 11 ~ 1111i t it ~mrrt ~nrr~ !Tf"i ~ l ~
em 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
P.NAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 81

FH~rR.\ :\" :10 'J'rat~tntt•nto tio t•Mn tltHHIPnal IIPio pro('t•tlinwnto de MAYO: A -
sutura total in1a~o:inantP sohrP o ;·lamp ( Jlmwnylon 0000 e/agulha); n - sero-mus-
I'Uhu· I'OIII)Ifl'funtlo ll ÍIIIIH'riiiPIIhifi~IH.:ão.

FWliiU .\" :11 :(;usfrpl'fmnin suhtohtl I'OIII ri'I'IHistitnição do trllnsito a IIJJ,J,ROTH 11


(Continuução). (: - - sutura total posterior; J) -- rt•ssecçãlt gústrica e sutura ~1tal
antPrior; E - sutura sPro-mus1·ulnr unt..rior (twstt• tt•mpo podemos dispensar o em-
prP~o:o dos l'hiiiiJIS); F l'llllduída ll inter~t·•u:ão, t•om feeluunento do mesocolon
trHIIS\I'rso IWr nxnçüo ao (•stúmngo.
82 ANAIS DA F'\.CULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

pazes de induzir o aparecimento de uma


Vagotomia úlcera: Fatores LOCAIS - Fator Áci-
do/péptico; Fator Resistência da Parede
Embora a úlcera gástrica represente Gástrica (HOLLANDER); Fator Vascu-
juntamente com as suas complica- lar (VIRCHOW, COLE, HAUSER, BERG-
ções - a ocorrência mais freqüente- MANN, MUELLER / HEIMBERGER,
mente identificada na patologia cirúrgi- BARCLAY /BENTLEY); Fator Inflama-
ca do estômago, o mecanismo etiopato- tório Gástrico (KONJETZNY, FABER,
gênico responsável pela gênese da mes- GRUVEILHIER); etc.; Fatores Gerais-
ma não está, até o presente, esclareci- Fator Herança e Constituição 'BAUER,
do. Dois tipos fundamentais de fatores ARSCHNER); Fator Nervoso (JAGER,
são divulgados pela literatura como n- IMLACH ROKITANSKI. CUSHING';

FW(.R.\ x~· :J:?: rarill(,'fil's tí·l'llii'IIS flll rf'f'UIIStituir:iio fiO trilnsito n BII.J.JWTII 11
( l('llSÍrO-jf•ju IIOjiiPOSÍOIII in tÍ'rlll i110· hl fPrlll), \' Pri lif'lllll OS: .\ ~~~si ro-iiPosfOIII in prÍ'-
·<"úli!'ll1 nl(,'a longa, lw<"n par!'ial, anisopt·ristítlti<"n ( \'on Eist·ll~t·rg ISS!I); B - a
ml'sma t.:'•·ni••a antPrinr, •·om ho••a totnl f' isoJIPristálth•n Oloynihnm 111:?:1); (~ --
gastro.jPjunostmniu trunsmf'sm·úlkn, alr:a t•urta, htH'Il total, anisopf'ristítltif·n (l'olyn
- 1911); J) -- a mesma tí·<"nka, <·um ho!'n pardal (llot'mPistPr/Finst••rf•r - llHIS/I!lt:l).
ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 83
- - - ---------------

Fator Psíquico (ALEXANDER, DUM- que associam a vagotomia (seletiva ou


BAR, WEISS); Fator Hormonal (GRAY, troncular) a intervenções complementa-
DROUET); Fator Alérgico (GRAY / res que visam o esvasiamento gástrico
WALZER); Fator Carencial (Vit. A, B, mais rápido. As variações mais freqüen-
C, etc.); Fator Infeccioso (LOFORTE tes são: Vagotomia -; Antrectomia (CRI-
GONÇALVES); etc. A quantidade de LE Jr., LAHEY, ORR, WINKELSTEIN,
teorias acima apresentadas demonstra- etc. 1 ; Vagotomia -~ Piloroplastia (GRIM-
ram que, até o presente, ainda existem SON, POLLOK, DORTON, etc.); Vagoto-
controvérsias sobre o assunto. LATAR- mia Gastroenteroanastomose (DRA-
GET e DRAGSTEDT, estudando o pa- GSTEDT, COLP, CASTEN, etc.); Vago-
pel do vago ao nível do estômago, ima- tomia Gastrectomia Subtotal (COLP,
ginaram a possibilidade de que a sua WINKELSTEIN, etc.). Como vemos, o
neutralização cirúrgica poderia curar a assunto ainda é controvertido e, en-
úlcera péptica gástrica. As primeiras in- quanto o mecanismo primário indutor
tervenções consistiram na secção vagai da ulcera não for identificado não se
'troncular). Posteriormente, procurou- poderá estabelecer - de forma correta
se seccionar apenas a porção do vago que - um es·quema terapêutico clínico e/ou
se destinava ao estômago (vagotomia se- cirúrgico satisfatório para a doença em
letiva). Ultimamente, existem Lécnicas :málise.

Flla·H.\ 'i" :1:1. H•·•·onsfífni•:<iu •lu trúnsitu npt'1s 1111111 ,::'HstrPI'ÍIIInla tot111. A -- fei-
tura tle uma Hll\11 huba ,::'Ústrit-a, utra\{•s flp 1111111 jPjuno-ilt•ustumia luL•ro-lnteral; H
- rwrmnlizlH:liu 1lo fr:tnsifo por 11111 t•sufu,::'u-jl',innujiiPostomia tÍ'rrnino-lat~·rul trun-
JIH•so.·úlka.

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